AGLEAN MARQUES DA SILVA TCC
AGLEAN MARQUES DA SILVA TCC
AGLEAN MARQUES DA SILVA TCC
JOÃO PESSOA - PB
2020
AGLEAN MARQUES DA SILVA
APROVADA EM:_______________/__________/_____________.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Maria de Nazaré Tavares Zenaide (Orientadora)
_________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Maria das Graças Miranda Ferreira da Silva (Avaliadora
Interna)
_________________________________________________________________
Prof.ª Dra. Valeria Costa Aldeci de Oliveira (Avaliadora Interna)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me deu força e coragem para vencer todos os obstáculos e
dificuldades enfrentadas durante o curso, dando-me serenidade e direcionamento para
continuar e alcançar o meu objetivo.
Aos professores, a minha orientadora Nazaré Zenaide, por ter acreditado na
possibilidade da realização deste trabalho, pelo seu incansável e permanente encorajamento,
pela disponibilidade dispensada e sugestões que foram preciosas para a concretização deste
trabalho, meus colegas que compartilharam suas experiências e inteligência, e em especial a
minha amiga Alzeny Vieira a quem devo a minha realização acadêmica, a qual tem grande
parcela de contribuição na minha graduação e sempre serei muito grata por isso.
E, finalmente, agradeço a todas as pessoas que estiveram ao meu lado durante toda
essa jornada e que sei que torcem pelo meu sucesso, incentivando-me a seguir em frente.
DEDICATÓRIA
4. CONSIDERAÇÕES GERAIS....................................................................................... 44
5. REFERENCIAS ........................................................................................................... 46
INTRODUÇÃO
A reprodução sexual é um fato relevante na nova etapa da vida das adolescentes, ao
mesmo tempo em que pode constituir numa questão preocupante, tendo em vista que os
estudos no tema consideram que a gravidez precoce está ocorrendo cada vez mais cedo na
sociedade brasileira, podendo alterando o percurso escolar e profissional das adolescentes.
Segundo Rios, Williams e Aiello (2007, p.7)
Além do aumento da taxa de gravidez na adolescência, há diminuição na idade de
ocorrência da gravidez, visto que ela está acontecendo cada vez mais cedo, fora de
uma relação conjugal estável, e interferindo no desenvolvimento normal dessa fase
que cada vez mais atinge características diferentes em relação ao passado.
Dentre as causas da gravidez precoce referem-se Rios, Williams e Aiello (2007, p.7)
―[...] ausência de informação, relações familiares fragilizadas, escassez de projetos sociais na
área de prevenção e os efeitos dos meios de comunicação, que seriam responsáveis por
colocar crianças em contato com conteúdos relacionados com sexualidade de forma precoce‖.
Podemos perceber nos casos de gravidez precoce por que razão os métodos
contraceptivos não foram utilizados a contento previamente, talvez por falta de ação e
informação e conhecimento sobre sexualidade com a família e escola, ou mesmo, pela razão
das relações de gênero, considerando que a desinformação da vida sexual sobrecarrega a
mulher com o cuidado dos filhos.
As relações de gênero são frutos de um processo cultural onde homens e mulheres se
relacionam de forma desigual em face das diferenças sexuais e papeis socialmente construídos
―em torno a quatro eixos: a sexualidade, a reprodução, a divisão sexual do trabalho e o âmbito
público/cidadania‖ (DÍAZ e CABRAL, s/d).
Se as relações de gênero estruturadas a partir da diferença sexual são um dos
mecanismos que tem sido usado para determinar condições desiguais entre homens e
mulheres, então é a partir da educação e reeducação nesse campo que poderemos
conseguir um nível de relações mais justas. E nesse caso, a educação sexual é um
dos espaços mais importantes para trabalhar essa questão, tão estreitamente ligada
ao contexto da sexualidade
1
[...] qualquer ato sexual, tentativa de obter um ato sexual, comentários ou investidas
sexuais indesejados, ou atos direcionados ao tráfico sexual ou, de alguma forma,
voltados contra a sexualidade de uma pessoa usando a coação, praticados por
qualquer pessoa independentemente de sua relação com a vítima, em qualquer
cenário, inclusive em casa e no trabalho, mas não limitado a eles (OMS, 2002, p.
147).
2
adolescência pode ter um efeito profundo na saúde das meninas durante a vida.
(ONU, 2018)
Devido à relevância social dessa problemática, o tema tem sido alvo de debates e
objetos de políticas públicas, segundo o Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos
(Sinasc), do Ministério da Saúde, a região do Brasil com maior número de mães adolescentes
é o Nordeste, embora em pesquisa feita em adolescentes entre 10 e 19 anos em 2015 tenha
havido uma queda de 17% no Brasil. Apesar de encontrarmos essa relutância por parte da
escola, esta queda se deu pelas mudanças de padrões da gravidez na adolescência pode ter
recebido influência de criação de programas educativos e de saúde como o programa Saúde
da Família, que tem oportunizado maior acesso aos métodos contraceptivos e ao Programa
Saúde na Escola que tem oferecido informação de educação em saúde, levando aos próprios
adolescentes condições para saber fazer escolhas e determinar seu destino de vida.
O Ministério da Saúde vem desenvolvendo o Programa de Educação em Saúde nas
escolas tratando do assunto sobre o direito sexual e reprodutivo com os(as) adolescentes,
conscientizando essa população sobre o tempo propício para engravidar, haja vista que 66%
de gravidez em adolescentes são consideradas indesejadas. Por isso, o Ministério da Saúde
vem desenvolvendo trabalhos com vistas à promoção, proteção e recuperação da saúde de
adolescentes e jovens, buscando mobilizar sociedade e governantes para uma percepção
plena do ser humano e para um tratamento geral das necessidades dessa população.
A distribuição das Cadernetas de Saúde de Adolescentes (CSA), com as versões
masculina e feminina é uma das ações em saúde a ser utilizada para promover uma
conscientização dos direitos reprodutivos. A mesma disponibiliza a orientação para o
atendimento integral aos adolescentes, com linguagem clara, possibilitando aos mesmos ter
o seu próprio ponto de vista e assim tomar suas próprias decisões. Outra opção
disponibilizada através do Sistema Único de Saúde (SUS) inclui a distribuição de vários
métodos contraceptivos nos diversos serviços de atendimento à população.
O Programa de Saúde na Escola (PSE) é um programa de integração entre a saúde e a
educação que foi desenvolvido para a ampliação da cidadania e da prática das políticas
públicas. No entanto, podemos ver certa resistência por parte da direção escolar, quando se
trata do assunto ―sexualidade‖. Existe ainda um tabu quanto a esse tema, pois é visto como se
fosse um incentivo para que os adolescentes ingressem na vida sexual mais cedo, quando na
verdade, os profissionais da saúde estão tentando alertá-los dos riscos e impactos que uma
gravidez indesejada e precoce pode afetar no processo de iniciação da sexual e afetiva. Sendo
assim, os profissionais de saúde vão a escola e fazem a prevenção na saúde bucal,
3
antropometria, verificação de cartões de vacina, vacinação contra a HPV, mas não conseguem
desenvolver atividades de orientação sexual junto a esses adolescentes para discutir e
esclarecer o que é a sexualidade.
A orientação Sexual na escola é um dos fatores que contribui para o conhecimento e
valorização dos direitos sexuais e reprodutivos. Estes dizem respeito à possibilidade
de que homens e mulheres tomem decisões sobre sua fertilidade, saúde reprodutiva e
criação de filhos, tendo acesso às informações e aos recursos necessários para
implementar suas decisões. Esse exercício depende da vigência de políticas públicas
que atendam a estes direitos. (BRASIL, 2018, apud SOUZA e CINTRA, 2018 p. 5).
Sabemos que os adultos, pais ou cuidadores e até mesmo os professores que convivem
com o público jovem e que não conseguem abordar esse tema, em face do receio, e até do
constrangimento em expor esse assunto fazendo com que os adolescentes busquem orientação
em locais ou com pessoas externas ao grupo de convivência. Portanto, existe a necessidade do
conhecimento e da discussão do assunto, do esclarecimento urgente sobre essa temática para
que esses adolescentes consigam entender o que está acontecendo com o seu corpo, pois eles
precisam compreender a expressão dessa transformação que faz com que a sexualidade se
manifeste.
Segundo Meirelles (1997) há uma necessidade urgente da presença da família no
âmbito escolar para que as discussões acadêmicas e sócio-culturais sejam viabilizadas,
assegurando o respeito à diversidade. A escola deve trazer a família para tratar do tema da
sexualidade, por ser um assunto que diz respeito ao processo de desenvolvimento pessoal do
estudante. A escola tem a função social de levar ao conhecimento esse tema que ainda é um
tabu em nosso país, mas que também é uma realidade bastante frequente.
De acordo com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a cada cinco
bebês que nascem no Brasil um é filho de mãe adolescente. Em cada cinco dessas mães
adolescentes, três não trabalham e nem estudam, de sete em cada 10 pessoas são
afrodescendentes e aproximadamente a metade mora na região Nordeste. O Brasil tem a
sétima maior taxa de gravidez adolescente da América do Sul, portanto falar sobre educação
sexual não deveria ser um problema.
De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), entre 2006 e
2015, foram registradas 65 gestões a cada mil meninas com idade entre 15 a 19 anos. A
adolescência é uma etapa da vida na qual a personalidade está em fase final de estruturação e
a sexualidade se insere nesse processo, sobretudo como um elemento estruturador da
identidade do adolescente. (OSÓRIO, 1992).
A lei nº 13.798 de 03 de janeiro de 2019, art. 8º afirma:
4
Art. 8º.Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na
adolescência, a ser realizada anualmente na semana que incluir o dia 1º de fevereiro,
com o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas
que contribuam para a redução de incidência da gravidez na adolescência.
5
observação participante das atividades educativas em saúde, sexualidade e gravidez na
adolescência.
O Trabalho de Conclusão de Curso será estruturado em dois capítulos. O capitulo um
apresenta o fenômeno da gravidez precoce, seus múltiplos determinantes e os impactos na
saúde, educação e a convivência social do adolescente. O capitulo abrange a discussão teórica
da relação saúde e sexualidade na adolescência. O segundo capítulo apresenta uma inserção
do tema da gravidez na adolescência na política pública de saúde implementada no Sistema
Único de Saúde (SUS), contextualizando o programa Saúde na Escola, objetivos e diretrizes,
assim como as ações implementadas pelo SUS e Sistema de Educação. O terceiro capítulo
apresenta o resultado de uma intervenção de educação em saúde realizada numa Unidade de
Saúde da Família na cidade de João Pessoa-PB. Analisar uma experiência de educação em
saúde com adolescentes numa Unidade de Saúde da Família de Cruz das Armas, em João
Pessoa- PB com familiares e/u responsáveis e adolescentes.
6
1. GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA: FATORES DETERMINANTES E
REALIDADE
O capitulo um pretende apresentar uma contextualização nacional do fenômeno da
gravidez precoce, seus múltiplos determinantes e os impactos na saúde, educação e
convivência social da adolescente. Nesse sentido, o capítulo abrange a discussão teórica da
relação saúde e sexualidade na adolescência para então em seguida, contextualizar as ações
públicas que intervém na gravidez precoce.
Como Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social procuramos inserir a
temática a partir de estudos sobre sexualidade, adolescência e gravidez precoce aproximando
dos campos da saúde, educação e assistência social.
1.1 O CENÁRIO ATUAL E OS DETERMINANTES DA GRAVIDEZ NA
ADOLESCENCIA NO AMBITO NACIONAL
A adolescência vem ganhando destaque pelos problemas sociais relacionados a este
período da vida. Um grupo de ações consideradas como comportamentos de risco tais como,
sexo sem proteção, consumo de álcool e outras drogas e exposição a violências, dentre outros;
requerem políticas públicas específicas. A adolescência que era invisível até meados da
década de 1970, passou a ser vista e encarada como um problema social, em face da violência
social.
A Constituição Federativa do Brasil de 1988 reconhece crianças e adolescentes como
sujeitos de direitos, em fase de desenvolvimento que requer medidas de proteção social, da
família, da sociedade e d Estado, tratamento também reforçado pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (1990) e no aso do jovem, do Estatuto da Juventude (2013).
Por tais motivos, para além de uma faixa etária, a adolescência passou a ser
compreendida segundo seu processo de desenvolvimento humano, fortemente fundamentado
em fatores biológicos, psicossociais e culturais. As políticas de saúde do Estado brasileiro,
que tinham poucas perspectivas nesse público, programaram estratégias para proteger os
adolescentes, também passando a regular tais comportamentos de riscos e vulnerabilidades
associadas a eles ou às condições de vida do adolescente e de seus familiares.
O Art. 8º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no que diz respeito ao
Direito à Vida e à Saúde afirma:
É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde
da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada,
atenção humanizada à gravidez, ao e ao puerpério e atendimento pré-natal,
perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação
dada pela Lei nº 13.257, de 2016).
7
A Lei Orgânica da Assistência Social (Lei Nº 8.742, de 07/12/93)
Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais aqueles que visam ao
pagamento de auxílio por natalidade ou morte às famílias cuja renda
mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo.
§ 1º A concessão e o valor dos benefícios de que trata este artigo serão
regulamentados pelos Conselhos de Assistência Social dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, mediante critérios e prazos
definidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS.
§ 2º Poderão ser estabelecidos outros benefícios eventuais para
atender necessidades advindas de situações de vulnerabilidade
temporária, com prioridade para a criança, a família, o idoso, a pessoa
portadora de deficiência, a gestante, a nutriz e nos casos de
calamidade pública.
São vários os fatores que ocasionam uma gravidez na adolescência, dentre eles está a
falta de informação sobre a sexualidade, direitos sexuais e reprodutivos. Problemas
emocionais, psicossociais também contribuem para a falta de acesso à proteção social e ao
sistema de saúde, inclusive o uso indevido de contraceptivos, como método de barreira e
preservativos. A falta de um propósito e perspectiva na vida, educação, pobreza, famílias
desestruturadas, abuso de álcool e outras drogas, além de situações de abandono, violência e a
falta de proteção efetiva às crianças e aos adolescentes também contribuem para esse cenário.
A maternidade e a paternidade fazem parte do ciclo de vida familiar que requer
responsabilidades legais e socioeconômicas diante do filho gerado. Algumas vezes, isso não
acontece ou é dificultado, seja por imaturidade da própria adolescência ou por sua
dependência, o fato é que isso causa maiores riscos sucedendo no abandono de RN indesejado
e não programado ou pelas realizações de numerosos casos de abortos e dessa forma, a
continuação da exclusão social.
Algumas complicações durante a gestação têm correlação à idade da adolescente
(maiores riscos para meninas com menos de 16 anos, especialmente menores de 14 anos, ou
com menos de dois anos da menarca/primeira menstruação), paridade, início do pré-natal,
ganho de peso e questões nutricionais, assim como os fatores psicossociais como apoio
familiar, apoio do companheiro e também fatores ambientais como o acesso aos cuidados
básicos de saúde.
Assim como a maternidade precoce, a paternidade também causa um período de
transformações para o jovem, uma vez que ele passa por uma situação significativa de
mudanças e adaptações para assumir novas responsabilidades. Isso quer dizer que não são
apenas transformações pessoais, mas também numa questão social, pois deve ter uma análise
8
e uma compreensão mais ampliada por parte dos familiares, gestores e também da sociedade,
portanto, estabelece novos planos na rotina desse jovem. Segundo alguns estudos, nem
sempre o adolescente se identifica com a paternidade, pois culturalmente, a responsabilidade
recai quase sempre sobre a mãe.
Diante dessas mudanças drásticas na vida dessas adolescentes, a interrupção escolar é
o caso mais frequente e preocupante, pois esse abandono é prejudicial não somente para a sua
educação formal, mas também resulta em menor qualificação e em impedimentos nos seus
propósitos de ter uma vida melhor. No entanto, a gravidez na adolescência depende do
contexto social no qual a garota está inserida. Quando essa realidade passa a ser nas camadas
sociais, média e alta, o fato das adolescentes engravidarem não prejudica tanto o trajeto de
escolarização e profissionalização. Por outro lado, em classe social baixa, a jovem tem maior
dificuldade em continuar e finalizar os estudos, tendo que ultrapassar obstáculos na sua
profissionalização, haja vista que, na maioria das vezes, não pode contar com o apoio familiar
e social.
A educação é um dos fatores de prevenção mais importantes para uma saúde plena,
tanto individual quanto coletiva. Nesse contexto, é importante compreender que a educação
sexual promove o bem-estar dos jovens e adolescentes, acentuando um comportamento sexual
responsável, o respeito entre as pessoas, à igualdade e equidade de gênero, a proteção da
gravidez indesejada, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis/HIV, defesa contra
violência sexual e outros abusos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo de População das Nações Unidas
(UNFPA) especificam no guia metodológico normas e procedimentos operacionais a serem
considerados:
[...] a fundamentação nos princípios e valores dos direitos humanos e
sexuais, sem distinção étnica e de gênero, nem religiosa, econômica
ou social, em mensagens de comunicação; Informações exatas e
cuidadosas cientificamente comprovadas sobre saúde sexual e
infecções que podem ser sexualmente transmitidas, contracepção,
questões de gênero e enfrentamento da violência; Ambiente de
aprendizagem seguro e saudável nas escolas; Metodologias
participativas com ênfase na comunicação e desenvolvimento do
pensamento crítico, construtivo e saudável nas tomadas de decisão,
inclusive sobre comportamentos e sexualidade; Promoção da
educação sexual como parte dos programas sobre direitos à saúde e a
proteção social às crianças e adolescentes/jovens, inclusive na questão
da gravidez precoce (ONU, 2014, p. 90).
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São aspectos que precisam ser atravessados nos campos da saúde e da educação
demandando ações e programas junto ao sistema de saúde e de educação que considerem a
Adolescente como uma pessoa em processo de desenvolvimento, a sexualidade como
uma dimensão da vida humana, a educação sobre sexualidade como parte do direito à saúde
da mulher e a prevenção em saúde da mulher no Sistema Único de Saúde.
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A adolescência fase de idade que corresponde dos doze a dezoito anos constitui o
período onde ocorrem mudanças significativas na vida da pessoa. A fase da adolescência é
caracterizada como uma etapa de desenvolvimento entre a infância e a vida adulta, ocorrendo
nesse período, mudanças físicas, biológicas, psicológicas e sociais. Por causa desse processo
de crescimento de desenvolvimento pessoal e social, a adolescente passa a ter uma dinâmica
de vida distinta da fase da infância.
A descoberta da sexualidade genital durante a puberdade, quando a reprodução passa a
ser possível biologicamente muda a aparência física da adolescente, os vínculos e a vida
socioemocional e cultural. Todas essas mudanças resultam em novos modos de ser e agir, no
entanto, as questões relacionadas à sexualidade e saúde reprodutiva podem encaminhar-se
para situações de risco e vulnerabilidade social, especialmente, quando a descoberta e o
exercício da sexualidade exigem responsabilidades e conhecimentos sem preconceitos.
Para Carmo e Guizardi (2018, p. 1) ―A concepção de vulnerabilidade denota a
multideterminação de sua gênese não estritamente condicionada à ausência ou precariedade
no acesso à renda, mas atrelada também às fragilidades de vínculos afetivo-relacionais e
desigualdade de acesso a bens e serviços públicos‖. Complementa as autoras:
A omissão e/ou o recuo do poder público em seu papel de proteção
social cria ciclos de reprodução de situações de opressão, não só no
sentido da desigualdade no acesso a políticas e serviços, mas de
cerceamento da livre expressão e lutas dos sujeitos, o que esconde a
dimensão coletiva da vivência das populações em contextos de
produção de vulnerabilidades. (CARMO e GUIZARDI, 2018, p. 6)
Essas vulnerabilidades foram criadas a partir do contexto social marcado por
desigualdades sociais nas quais determinam os direitos e oportunidades de adolescentes e
jovens brasileiros. Os adolescentes quando engravidam necessariamente, ainda não tem
estruturados os seus vínculos afetivos com o próprio parceiro, podendo a experiência sexual
ter sido uma vivencia iniciante, gerando uma situação de vulnerabilidade principalmente para
a adolescente mulher que terá impacto pessoa e na vida escolar. Ainda em processo de
escolarização, a adolescente grávida encontra-se economicamente totalmente dependente dos
pais e ou responsáveis podendo chegar, principalmente a mulher, a ter que interromper os
estudos. Essa precocidade, seja dos vínculos afetivos, seja do organismo que não se encontra
ainda preparado para a gestação coloca os mesmos em possíveis situações de exposição à
risco de saúde, seja para a mãe e para a criança.
Diante da precocidade da gravidez na adolescência expandir-se em vários países a
partir das décadas de 1980 e 1990, o adolescente passou a ser reconhecido pela sociedade da
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América Latina e Caribe como foco de estudo no campo da Saúde Pública (CARMO e
GUIZARDI, 2018). Para o campo da saúde, ―Os programas de saúde, antes mesmo de
abordarem a paternidade, deveriam promover espaços de discussão sobre como os
adolescentes e homens jovens encaram a sexualidade e o fato de serem reprodutivos ou não‖
(PROGRAMA PAPAI, 2001 apud BRASIL, 2016, p. 10).
Ressalta-se, também, a importância de ações de educação em saúde que ajudem a
desconstruir tabus e mitos que impedem seu papel mais proativo e corresponsável.
Em um país de grande heterogeneidade social e regional, esta ideia de
homogeneidade, na verdade, traduz-se em um discurso moral e
regulador que coloca as mulheres e homens jovens como vítimas da
própria ignorância ou inconsequência, resultando em políticas
voltadas ao controle da gravidez precoce (BRASIL, 2010, p. 9).
A Saúde é um campo de política pública privilegiado para a promoção e garantia dos
direitos humanos dos adolescentes em experiência em gravidez precoce. Nesse contexto, os
serviços públicos de saúde são essenciais para ampliarem a cobertura e simplificar o acesso de
adolescentes às unidades de saúde.
O debate da saúde da mulher tem sido historicamente um problema trazido pelo
movimento feminista ao poder público, temas como, aborto, saúde reprodutiva, violência
doméstica e outros, tem chegado ao campo da saúde sem que as equipes de profissionais
tenham uma formação suficiente para oferecer um olhar diferenciado a esse público. Nem
sempre a relação de mulher para mulher no campo dos direitos reprodutivos recebe a
solidariedade esperada.
A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida
psíquica das pessoas, pois independentemente da potencialidade
reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer, necessidade
fundamental dos seres humanos. Nesse sentido, a sexualidade é
entendida como algo inerente, que se manifesta desde o momento do
nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do
desenvolvimento. Além disso, sendo a sexualidade construída ao
longo da vida, encontra-se necessariamente marcada pela história,
cultura, ciência, assim como pelos afetos e sentimentos, expressando-
se então com singularidade em cada sujeito (BRASIL-PCN, 1997, p.
81)
Mitos e preconceitos atravessam o tema da sexualidade na sociedade patriarcal como
mecanismos de controle social dos corpos da jovem mulher. Contudo, segundo os autores
Mengarda e Frizzo (2012, p.3):
[...] é importante considerar que, ao contrário da visão hegemônica da
sociedade e da saúde pública em geral, que considera gravidez na
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adolescência como indesejada, a maternidade na adolescência tem se
mostrado como uma experiência de vida que também pode trazer
significados positivos (Santos e Schor, 2003); ainda que devamos
reconhecer como legítimas muitas das preocupações da família e da
sociedade, é preciso entender que a concepção negativa e reducionista
sobre a gravidez na adolescência pode construir restrições e
implicações conceituais no desenvolvimento de pesquisas e na atuação
dos profissionais junto aos adolescentes. Por isso, um melhor
entendimento das circunstâncias possibilitará que os profissionais de
saúde planejem e executem ações de saúde mais adequadas e
eficientes para essa população (Santos e Schor, 2003).
13
equidade de gênero, devem estar presentes nas ações de educação
sexual para adolescentes, de preferencia antes que aconteça a primeira
relação sexual ( BRASIL, 2015, p.8).
14
entre as meninas com filhos, esta proporção chega a impressionantes 75,7%, sendo que 57,8%
das meninas com filhos não estudavam nem trabalhavam, o que evidencia as dificuldades
encontradas para engajar-se em alguma atividade fora de casa com um filho pequeno para
cuidar.
Devido à falta de diálogo familiar, o adolescente geralmente, procura informações
com outros adolescentes também inexperientes, dessa forma, levando a prática do sexo
arriscado. Dados revelam que, no mundo, uma em cada três adolescentes de 19 anos já é mãe
ou está grávida do primeiro filho, somente 30% dos jovens usam métodos contraceptivos e,
pelo menos, 1/3 das 30 milhões de pessoas infectadas pelo HIV têm entre 19 e 24 anos.
Os jovens não passariam por tantos problemas se o assunto sobre sexo e sexualidade
não fossem tabus no ambiente familiar, escolar e na sociedade. As crenças, os valores e os
costumes inervem no âmbito da vida das pessoas, intervindo nos seus comportamentos
perante situações de saúde/doença. Tais fatores culturais são motivados pela visão de mundo,
linguagem, religião e pelo contexto social, político, educacional, econômico, tecnológico,
etno-histórico e também ambiental de cada cultura em particular (BARROSO, 2006). Estudos
revelam que parte dos adolescentes convivendo com a gravidez precoce relataram que
―viviam uma relação boa, mas ao revelarem que estavam grávidas foram vítimas de atos
violentos, como violência física e psicológica, sendo discriminadas e culpabilizadas por parte
dos pais‖ com os quais o diálogo sobre o assunto ainda permanece distante (MONTEIRO e
COL., 2007, p. 373).
Segundo Pariz; Mengarda e FRIZZ (2012, P. 626-627)
A respeito da atenção e do respeito da família com sua adolescente, a
literatura aponta modificações com a descoberta da gravidez. No
estudo de Monteiro e colaboradores (2007), as adolescentes relataram
que ―viviam uma relação boa, mas ao revelarem que estavam grávidas
foram vítimas de atos violentos, como violência física e psicológica,
sendo discriminadas e culpabilizadas por parte dos pais‖ com os quais
o diálogo sobre o assunto ainda permanece distante (Monteiro ecol.,
2007, p. 373). As jovens também relataram que frequentemente
sofreram críticas de familiares, seja pelas pressões sociais envolvidas,
seja por problemas financeiros.
15
materna é cinco vezes maior, quando comparado com o das jovens de 15 a 19 anos (OMS,
1998).
É irracional as atitudes dos familiares diante da gravidez precoce, pois sabe as
responsabilidades que se ampliam com a nova situação.
As jovens também relataram que frequentemente sofreram críticas de
familiares, seja pelas pressões sociais envolvidas, seja por problemas
financeiros. Ademais, muitas vezes não podem contar com o apoio de
amigos ou vizinhos, sentem-se envergonhadas, culpadas e têm dúvidas
quanto ao seu futuro e ao de seu filho. Quando as adolescentes
percebem que estão grávidas, elas recorrem, primeiramente, ao
parceiro, depois a sua mãe e em seguida aos amigos, sendo que,
habitualmente, a comunicação pode ser mais bem estabelecida com a
mãe (GODINHO e COL., 2000) (PARIZ; MENGARDA E FRIZZO
(2012, p. 627)
16
perspectiva de uma vida melhor, com uma qualificação profissional, não havendo mais
vínculos com a escola, isto é, um contexto no qual as opções de uma formação profissional ou
o reconhecimento social são bastante reduzidas.
Por fim, pode-se destacar que o debate da gravidez na adolescência implica também analisar
as convenções de gênero existentes em nossa sociedade. No caso da paternidade e da
maternidade, as tradicionais convenções de gênero reforçam-se na responsabilidade atribuída
ao pai de prover seu filho, e a consequente necessidade de trabalhar e ter renda, e a
responsabilidade exclusiva da mãe pelos cuidados cotidianos.
17
2. POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ADOLESCENCIA
O segundo capítulo propõe analisar a inserção do tema da gravidez na adolescência
na política pública de saúde implementada no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente
em programas e projetos de educação e saúde, afunilando para a atenção básica em unidades
de saúde da família.
Referente à sexualidade e reprodução na juventude, existem algumas observações no
que diz respeito às ações nesse campo, tais como: os Códigos de Ética Médica e de
Enfermagem, garantem sigilo e privacidade no atendimento ao jovem a Lei do Planejamento
Familiar (1996) que regulamenta o direito ao acesso à assistência, à concepção e contracepção
(VEIGA E PEREIRA, 2017).
Os Códigos de Ética garantem o direito de toda pessoa do sigilo no atendimento
preservando a imagem e a liberdade do indivíduo. O Planejamento Familiar nas ações de
saúde tem tratado da distribuição de recursos contraceptivos e da assistência preventiva.
Durante certo tempo o tema dos direitos reprodutivos tem ocupado o movimento de mulheres,
considerando o risco da distribuição massiva de concepcionais sem a garantia do atendimento
ginecológico em rede pública.
18
medidas sanitárias dirigidas a grupos isolados, que participavam
diretamente do processo de acumulação capitalista.
Segundo Paiva e Teixeira (2014, p.17) durante o contexto ditatorial com abertura
ao capital internacional, as políticas de saúde buscaram incentivar a expansão do setor
privado em detrimento do preventivo.
[...] o país vivia sob a duplicidade de um sistema cindido entre a
medicina previdenciária e a saúde pública. O primeiro setor tinha
ações dirigidas à saúde individual dos trabalhadores formais e voltava-
se prioritariamente para as zonas urbanas, estando a cargo dos
institutos de pensão. A saúde pública, sob o comando do Ministério da
Saúde (MS), era direcionada principalmente às zonas rurais e aos
setores mais pobres da população, e tinha como alvo,
majoritariamente, atividades de caráter preventivo.
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capacidade de ação do MS. É ilustrativa desse processo a queda da
participação da pasta da saúde no orçamento total da União de 2,21%
para 1,40%, entre 1968 e 1972 (Braga, Paula, 1986). Nesse mesmo
período, o Ministério dos Transportes e as forças armadas, recebiam
12% e 18% do orçamento, respectivamente (Médici, 1987).
20
decisório, a democratização das instâncias gestoras e a questão da política integrada de
recursos humanos‖, instalando a partir desse processo as Ações Integradas de Saúde (AIS).
Com a criação do Sistema Único de Saúde a partir da Constituição Federativa de 1988,
segundo Costa (2013, p.79) o ―entendimento do Planejamento Familiar como de livre escolha
das pessoas‖, mas que é dever do Estado, disponibilizar recursos ―educacionais e científicos‖,
pois conforme o Art. 226,
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
Para regulamentar esse paragrafo foi criada a Lei n.º 9.263 de 12 de janeiro de 1996
define,
Art. 2º Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o
conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos
iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher,
pelo homem ou pelo casal.
Parágrafo único – É proibida a utilização das ações a que se refere o
caput para qualquer tipo de controle demográfico.
A saúde reprodutiva mulher vai muito mais além do controle de natalidade, pois como
mãe e muitas vezes, chefes de família, a mulher tem maior centralidade na vida do grupo
familiar. A saúde reprodutiva começa desde cedo na vida da adolescente e da mulher em
formação, desde o conhecimento do corpo e do sistema hormonal, da vida afetiva-sexual, da
prevenção à gravidez precoce, ao processo de gestação e cuidados básicos de saúde.
21
2.2 SAUDE E EDUCAÇÃO SOBRE SAUDE E GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA
Montenegro (2019) noticia alerta da Organização das Nações Unidas (ONU) para a
educação sexual nas escolas e serviços de saúde considerando a taxa brasileira ―de 62
adolescentes grávidas para cada grupo de mil jovens do sexo feminino na faixa etária entre 15
e 19 anos. O índice é maior que a taxa mundial, que corresponde a 44 adolescentes grávidas
para cada grupo de mil‖. Complementa a Sociedade Brasileira de Pediatria dos riscos para a
mãe de óbito (20%), da elevação da pressão arterial, do aparecimento de crises convulsivas
(eclampsia e préeclampsia) e dos riscos para os filhos de prematuridade e baixo peso do
recém-nascido.
Diante do fenômeno e da desinformação sobre a sexualidade os serviços de saúde
passaram a ter que terá ações especificas para as adolescentes, como as unidades de saúde
família. Experiência educativa realizada na cidade de São Paulo analisada por Jardim (2012,
p. 65) com 123 adolescentes (78 - 63,4% do sexo feminino e 45 - 34,6% do sexo masculino),
com idades entre 10 e 19 anos, tratou como temas: ―as mudanças físicas e psíquicas da
adolescência, os relacionamentos (ficar e namorar), a gravidez na adolescência, as formas de
contracepção indicadas para esta fase da vida, como evitar e tratar as DST, o uso de drogas e
as formas de violência‖.
A saúde do adolescente começa nas décadas de 1980 e 1990 a ser um dos assuntos de
importância no Sistema Único de Saúde para a realização de um atendimento integral ao
adolescente, dando ênfase a ações preventivas com educação em saúde e sexualidade. As
ações preventivas procuram responder às dificuldades da vida sexual dos adolescentes, o
autoconhecimento das mudanças do seu corpo, a gravidez, a maternidade, as diferentes
formas de abuso, a exploração e as violências sexuais, a educação em saúde e a sexualidade,
entre outras.
É sabido que a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes é motivo de grande
inquietação para os pais, educadores, profissionais de saúde e governantes, haja vista que se
não promovida, seus efeitos terão grandes impactos na vida dos adolescentes e na sociedade.
Também é fato, que a associação entre o conhecimento dos métodos contraceptivos com a
atitude de sexo seguro pode agir para prevenir a gravidez precoce e também, o possível
contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Para trabalhar o tema da saúde e educação sexual se faz necessário a participação da
sociedade organizada e de órgãos públicos do campo da saúde, educação, assistência social,
dos pais e da sociedade como um todo. A partir da vivencia em unidade de Saúde da Família é
22
possível observar o quanto é comum constatar a não preocupação dos profissionais sobre o
que a levou a jovem grávida a essa situação, constando a necessidade de se incentivar uma
postura profissional investigativa na equipe, para saber se ela recebeu orientação sobre a vida
sexual e os riscos de doenças sexualmente transmissíveis, se tomou conhecimento e se teve
acesso aos métodos contraceptivos. Partindo da compreensão de saúde como o conceito de
―completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou
enfermidade‖ definido pela Declaração de Alma-Ata, em setembro de 1978, torna importante
que o sistema de saúde tenha conhecimento do processo da gravidez, a estrutura familiar, os
vínculos afetivos, a relação afetivo-sexual e a recepção do grupo familiar.
O Programa Saúde do Adolescente (PROSAD) foi criado em 1989, após a 42ª
Assembleia Mundial de Saúde, voltado para promover atenção integral de adolescentes como
gravidez, sexualidade e saúde reprodutiva, bem como com doenças sexualmente
transmissíveis, assim como sobre o uso de álcool e outras drogas (LEÃO, 2005 apud JAGE
et.al., 2014, p. 212)
Na IV Conferência Mundial de População e Desenvolvimento, realizada na cidade do
Cairo em 1994 foi tratado da ―necessidade de se abordar a saúde sexual e reprodutiva a partir
da perspectiva dos direitos humanos‖. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)
aprovado em 1996 entendeu a orientação sexual como um dos temas transversais a ser
considerado no currículo escolar (Ministério da Educação, 1997).
A prevenção da gestação precoce pode evitar problemas biopsicossociais para as
adolescentes. A postura do profissional de saúde no processo do atendimento pré-natal e do
parto é tão importante como a postura do grupo de convivência familiar. A situação nova da
gravidez produz emoções e sentimentos diversos, da alegria e da tristeza, de medo e
insegurança. O tipo de apoio e a qualidade do vínculo com o companheiro, é também outro
fator para a construção do bem-estar da mãe adolescente.
As mães adolescentes necessitam de um acompanhamento multiprofissional e familiar,
seja no campo da saúde, seja na escola ou na rede socioassistencial. Os tabus presentes na
sociedade precisam ser abordados para que não se reproduzam atitudes de culpabilização dos
adolescentes, considerando que de modo geral sociedade, família e escola assumem atitudes
de negligencia e silencio.
A gravidez na adolescência resulta no nascimento de uma criança que vai necessitar da
proteção integral, de modo que a mãe carece, também, de apoio, atenção, orientação e
proteção não só por parte dos profissionais de saúde, mas também dos familiares. Muitas são
as transformações que se iniciam no puerpério, com a finalidade de restabelecer o organismo
23
da mulher após o parto, ocorrem não somente nos aspectos endócrino e genital, mas no seu
todo. A mulher neste momento, como em todos os outros, deve ser vista integralmente, não
esquecendo seu estado psíquico. Ao se examinar uma mulher no puerpério, deve-se
inicialmente observar, se sua situação clínica permite fazer uma breve avaliação do seu estado
psíquico, e entender o que representa para ela a chegada de uma nova criança. A abordagem
apropriada entre o profissional e a adolescente faz com que se tenha uma melhor clareza dos
sintomas e sinais apresentados. É normal que a mulher sinta-se insegura. Cabe à equipe de
saúde ter a sensibilidade para perceber a necessidade de cada mulher de ser ouvida com a
devida atenção.
A mãe adolescente também precisa ser vista como um sujeito de direitos, pois de
acordo com o Estatuto da criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), art. 4º,§ único e art. 5º)
e art. 10); ela tem prioridade no ato do atendimento por ser uma pessoa em situação peculiar
de desenvolvimento, assim como acesso de alojamento conjunto do neonato com sua mãe
adolescente e ao acompanhante de livre escolha da adolescente.
De acordo com a Lei Federal nº 10.048, de 8 de novembro de 2000 deve ser garantido
as adolescentes:
[...] prioridade de atendimento como pessoas em situação peculiar de
desenvolvimento, atendendo ao Eca (BRASIL, 1990, art. 4º,§ único e
art. 5º), • ao alojamento conjunto do neonato com sua mãe adolescente
(BRASIL, 1990, art. 10, V) e ao acompanhante de livre escolha da
adolescente - Lei Federal 10.048, de 8 de novembro de 2000. • à
garantia de condições adequadas ao aleitamento materno quando as
adolescentes estiverem em medida privativa de liberdade (BRASIL,
1990, art. 9). • Receber com dignidade a parturiente, seus familiares e
o recém-nascido requer atitude ética e solidária por parte dos
profissionais de saúde e a organização da instituição, de modo a criar
um ambiente acolhedor e a instituir rotinas hospitalares que rompam
com o tradicional isolamento imposto à mulher adulta, jovem ou
adolescente (BRASIL, 2011a). • O ambiente em que a mulher dará a
luz deverá ser adequado para oferecer privacidade e conforto para ela
e seu acompanhante. Ela terá acesso a métodos de alívio da dor e a
possibilidade de ficar em contato pele a pele com seu bebê
imediatamente após o nascimento, prática que hoje é demonstrada
como benéfica para os dois (BRASIL, 2011a). • Os Centros de Parto
Normal deverão garantir atenção diferenciada a adolescentes, desde o
acolhimento — com apoio psicológico e social, a presença de
acompanhante de escolha da adolescente, até aos cuidados perinatais
que atendam às necessidades das adolescentes como pessoas em
desenvolvimento, e que atenuem seus medos e esclareçam suas
dúvidas para fortalecê-las no parto. Orientá-las sobre os
procedimentos a serem realizados nos cuidados com o recém-nascido
24
e na amamentação, incluindo a parceria nas ações possíveis (BRASIL,
2015, p. 34).
26
2.3 PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA- PSE
Os dados da edição de 2015 da Pesquisa Nacional Saúde do Escolar (PeNSE) mostram
que 72,1% das entrevistadas que se relacionaram sexualmente declararam ter usado algum
método para evitar gravidez e/ou infecções sexualmente transmissíveis. No entanto, o alto
índice de gravidez apresentadas apontam que o acesso à informação e a conscientização do
adolescente sobre as responsabilidades e riscos ainda são desafios a serem superados.
O Programa Saúde na Escola (PSE) é uma estratégia de integração da saúde e
Educação para o desenvolvimento da cidadania e da qualificação das políticas públicas
brasileiras. É uma política intersetorial que foi instituído em 2007. Nesse programa, as
políticas de saúde e educação voltadas às crianças, adolescentes, jovens e adultos da
educação pública brasileira se unem para promover saúde e educação integral dos
estudantes da rede pública de ensino. Foi a partir de 2013 que puderam fazer parte do PSE as
creches (incluindo as conveniadas), pré-escolas, Ensino Fundamental, Ensino Médio,
Educação de Jovens e Adultos (EJA). Todos os municípios brasileiros possuem Atenção
Básica em saúde que pode ser composta por: Equipes de Unidades Básicas de Saúde, Equipes
de Saúde da Família e Equipes de Agentes Comunitários de Saúde. Assim, cada Escola
indicada passa a ter uma Equipe de Saúde da Atenção Básica de referência para executar
conjuntamente as ações.
O PSE se dá com a interação dessas Equipes de Saúde da Atenção Básica com as
Equipes de educação, no planejamento, execução e monitoramento de ações de prevenção,
promoção e avaliação das condições de saúde dos educandos.
O programa tem como objetivo contribuir para a formação integral dos estudantes por
meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, visando o enfrentamento das
vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede
pública de ensino. Com a dimensão do Programa Saúde na Escola, esses grupos atuam nas
três esferas governamentais: federal, estadual e municipal.
O Grupo de Trabalho Intersetorial (GTI) Federal- diz da articulação dos Ministérios no
âmbito Federal. O GTI Estadual trata do apoio institucional nos territórios, prevendo a
construção de espaços coletivos, trocas e aprendizagens contínuas. O GTI Municipal
composto de gestores das secretarias de saúde e educação, de representantes das equipes de
Saúde da Família, dos educadores e das escolas, além de atores sociais das comunidades.
28
desenvolver a capacidade de interpretar o dia a dia e atuar de modo a incorporar atitudes e/ou
comportamentos adequados para a melhoria da qualidade de vida. Desse modo, profissionais
de saúde e de educação devem assumir um perfil permanente de emponderamento dos
princípios básicos de promoção da saúde por parte dos educandos, professores e funcionários
das escolas.
De acordo com o artigo2º do Decreto 6.286/07, os principais objetivos do PSE são:
I- Promover a saúde e a cultura da paz, reforçando a prevenção de
agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as redes públicas
de saúde e de educação;
II- Articular as ações do Sistema Único de Saúde – SUS às ações
das redes de educação básica pública, de forma a ampliar o alcance e o
impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias,
otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos
disponíveis;
III- Contribuir para a constituição de condições para a formação
integral de educandos;
IV- Contribuir para a construção de sistema de atenção social, com
foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos;
V- Fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no campo da
saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar;
VI- Promover a comunicação entre escolas e unidades de saúde,
assegurando a troca de informações sobre as condições de saúde dos
estudantes;
VII- Fortalecer a participação comunitária nas políticas de educação
básica e saúde, nos três níveis de governo (BRASIL, 2007, p. 3).
O PSE é um programa criado para atender a todos os municípios que tenham equipes
de Saúde da Família, conforme a Política Nacional de Atenção Básica, que é vinculada aos
Estados e ao Distrito Federal. O êxito desse programa depende da junção desses Estados e do
compromisso entre todos os setores, o da Saúde e o da Eduação. Porém, é de suma
importância a participação da comunidade escolar, dos profissionais da saúde e
principalmente, dos adolescentes e jovens na construção desse projeto.
29
construção e controle social das políticas públicas da saúde e
educação;
IV – Promover a saúde e a cultura da paz, favorecendo a prevenção de
agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as redes públicas
de saúde e de educação;
V – Articular as ações do Sistema Único de Saúde (SUS) às ações das
redes de educação pública de forma a ampliar o alcance e o impacto
de suas ações relativas aos educandos e suas famílias, otimizando a
utilização dos espaços, equipamentos e recursos disponíveis; VI –
Fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no campo da saúde,
que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar;
VII – Promover a comunicação, encaminhamento e resolutividade
entre escolas e unidades de saúde, assegurando as ações de atenção e
cuidado sobre as condições de saúde dos estudantes;
VIII– Atuar, efetivamente, na reorientação dos serviços de saúde para
além de suas responsabilidades técnicas no atendimento clínico, para
oferecer uma atenção básica e integral aos educandos e à comunidade.
(passo a passo PSE,2011, p. 7)
Os serviços de Saúde e Educação devem ser garantidos à todos, o apoio dos Estados
aos municípios tem uma grande importância para que a implementação do PSE no Brasil e a
qualidade da saúde e da educação tenham evolução em sua execução.
31
psicologicamente saudáveis e responsáveis. Este é um desafio encontrado pela saúde e atores
sociais envolvidos nesse cenário.
Podemos perceber que para podermos constituir políticas públicas para atender à
gravidez na adolescência se faz necessária uma atuação intersetorial, ou seja, considerando o
envolvimento da saúde e da educação, com o qual cada uma dessas áreas possa dispor. Os
métodos contraceptivos como as pílulas anticoncepcionais, programas de planejamento
familiar e um controle definitivo sobre o número de filhos, com a realização de esterilizações
de homens e mulheres jovens, surgem como as estratégias mais executadas, porém, apesar de
todos os esforços e discurso médico, percebe-se que o principal desafio para as políticas
públicas nesta área está em atingir um número considerável de adolescentes a cada estratégia
planejada. Diante disso, a escola torna-se um local privilegiado para expansão da educação
sexual.
O PCN trata da abordagem da inserção do tema de Orientação Sexual na escola a
partir de uma perspectiva problematizadora e dialogada.
O tema exige uma relação de confiança e diálogo entre alunos e professor, com
informações sobre a sexualidade para que o jovem possa ampliar a consciência corporal, a
prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez indesejada e situações de
violência sexual.
32
2.4 DIRETRIZES NACIONAIS PARA ATENÇÃO INTEGRAL DE ADOLESCENTES
E JOVENS NA PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DA SAÚDE
As Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na
Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde, criada em 2010 é parte do Pacto pela Saúde e
do Programa Mais Saúde: Direito de Todos.
Criança e adolescente desde o Estatuto da Criança e Adolescente passaram a ser vistos
e tratados como de prioridade absoluta. Segundo o Estatuto dos Direitos da Criança e do
Adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 a atenção em saúde deve ocorrer de forma
universal e integral no Sistema único de Saúde (SUS). A promoção de saúde de adolescentes
e de jovens requer processos de intervenção intersetoriais e interdisciplinares, de ampliação e
diversificação das práticas sanitárias, de mudanças na gestão e no trabalho das equipes de
saúde para a construção complementar e de intercâmbio entre esses dois campos da atenção à
saúde.
É importante envolver sujeitos e coletivos, para que haja o desenvolvimento da
autonomia e a participação simultânea na construção de ambientes saudáveis, que o
adoecimento possa ser diminuído e o desenvolvimento das ações de promoção, favoreçam a
sustentabilidade e a efetividade das ações intersetoriais que podem ser configuraradas, no
SUS. A garantia da atenção integral às pessoas jovens é condição primordial para a assistência
desse grupo populacional compreendendo os aspectos biológicos, psicológicos e sociais da
saúde do sujeito inseridos em contextos social, cultural e familiar e em um território.
Para a adoção de um olhar diferenciado para com a população adolescente e jovem é
necessário, segundo as Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e
jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde (2010), exige:
a) Atenção humanizada em saúde com melhoria do acolhimento e a
formação de vínculos como recurso terapêutico, com uma equipe de
saúde;
b) Melhoria do acesso e dos resultados dos serviços de saúde;
c) Consideração das diversidades individuais, sociais, étnicas e
territoriais;
d) Ter uma percepção da pessoa jovem em sua integralidade de seu
ser e de sua vida, buscando o bem-estar e a inserção em outros
serviços locais para além dos serviços de saúde;
e) Percepção da condição de vulnerabilidade de adolescentes e jovens,
principalmente daqueles privados de condições básicas de vida;
33
As Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens na
promoção, proteção e recuperação da saúde (2010) possui três eixos essenciais de modo a
promover e proporcionar atenção integral à saúde de adolescentes e jovens:
a) acompanhamento do crescimento e desenvolvimento;
b) atenção integral à saúde sexual e saúde reprodutiva e;
c) atenção integral no uso abusivo de álcool e outras drogas por
pessoas jovens.
Em relação ao percentual de partos por região, os dados revelam que ―Nas idades de
15 a 19 anos os partos aprecem com um percentual de 44,43% no Sul, 44% no Norte e
41,55% no Centro-Oeste. Para as adolescentes de 10 a 14 anos, a prevalência é de 3% no
Norte; 2,37% no Nordeste e 2,28% no Sul‖.
As Diretrizes Nacionais para Atenção Integral a Adolescentes e Jovens criada em 2010
chama atenção que a intervenção em saúde e educação do adolescente deve ser de natureza
34
intersetorial e interdisciplinar com enfoque no território sanitário ou região de saúde
articulando o setor escolar que concentra grande proporção de jovens, promovendo a
participação juvenil e a convivência comunitária. A abordagem dos temas devem considerar a
transversalidade dos recortes de raça, etnia, gênero e orientação sexual.
A equipe de Saúde da Família precisa de construir um processo de trabalho que
encontre Estratégias de Saúde da Família preventivas. A Política Nacional de Atenção Básica
para promover a atenção integral em saúde de adolescentes e jovens propõe a reorientação dos
serviços de saúde a partir dos Territórios Integrados de Atenção à Saúde (TEIAS) englobando
ações de promoção e proteção de saúde.
Define as Diretrizes um olhar diferenciado na abordagem do adolescente e jovem
considerando a necessidade de ações humanizantes e de acolhimento, bem como, a melhoria
do acesso aos serviços de saúde com sensibilidade para com as necessidades das diversidades
individuais, sociais, étnicas e territoriais e para as situações de vulnerabilidade de
adolescentes e jovens.
35
3. ATENÇÃO BASICA DE SAÚDE EM ADOLESCENTES GRÁVIDAS NA USF
CRUZ DAS ARMAS-PB
O capítulo 3 apresenta o resultado do registro da experiência realizada durante Estágio
Supervisionado em Serviço Social na Unidade da Saúde da Família localizada no bairro de
Cruz das Armas em João Pessoa.
36
3.1 A UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO BAIRRO DE CRUZ DAS
ARMAS EM JOÃO PESSOA-PB
Cruz das Armas é um bairro criado nos anos 20 na região oeste da cidade
quando a cidade expandia em direção à saída da cidade. Recebe esse nome do saber
popular a partir dos caixeiros viajantes em face do medo de almas. Recentemente é um
território com uma população de 25.000 pessoas. Tem mercado, igreja e maternidade
própria, além do quartel do exército 15º RI.
Segundo Rafael Júnior anuncia duas versões ao nome do bairro, a primeira
refere-se a uma cruz que se localizava na divisa das Capitanias de Itamaracá e Paraiba,
a segunda, o nome de Cruz das Almas, concebe que nas margens do rio Gramame
existia um núcleo de negros ―arapuás‖ que ao amedrontar os viajantes
(BERNARDINO, 2017).
O bairro de Cruz das Armas possui três Unidades de Saúde da Família (USF)
isoladas, duas integradas e uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para atender o
universo de 25.549 habitantes.
A Unidade de Saúde da Família de Cruz das armas (integrada II) é composta por
três unidades (equipes) e contém: três médicas, três enfermeiras, três técnicas de
enfermagem, três dentistas, três auxiliares de saúde bucal (ASB), duas recepcionistas,
uma atendente de farmácia, duas auxiliares de serviços gerais, um vigia, uma gerente,
uma farmacêutica e vinte e quatro agentes comunitários de saúde (ACS’s), totalizando
quarenta e sete funcionários da saúde, o prédio está localizado na Rua Tomás Gomes da
Silva, S/N no bairro de Cruz das Armas, João Pessoa-PB.
37
3.2 O PERFIL DA ADOLESCENTE NA USF CRUZ DAS ARMAS-PB
Trata-se de um estudo descritivo de abordagem quantitativa sobre a
caracterização do perfil de gestantes adolescentes e mães adolescentes com idades entre
15 e 19 anos, pertencentes a uma Unidade Básica de Saúde no bairro de Cruz das
Armas, em João pessoa-PB. O motivo da escolha da Unidade Básica de Saúde (UBS)
para o estudo foi devido ao fato de eu ter feito o meu estágio na maternidade Cândida
Vargas, pelo tema do meu TCC que é sobre a gravidez na adolescência e também por
fazer parte do quadro de multiprofissionais da citada unidade.
O perfil das adolescentes que são atendidas na USF foi estruturado a partir das
fichas do prontuário da UBS, com os seguintes indicadores quantitativos:
Tabela 01: Perfil das Adolescentes atendidas da USF de Cruz das Armas (2019)
MORA
IDENTIF DATA CIDADE IDADE GRAU FREQUE COM O
ICA DE DE NTA A COMPA
ÇÃO ENTRAD INSTRU ESCOLA NHEIRO
A ÇÃO
JOÃO FUNDA
A 15/06/20 PESSOA 15 ANOS MENTA SIM SIM
L
INCOMP.
JOÃO FUNDA
B 10/07/20 PESSOA 16 ANOS MENTA NÃO SIM
L
IMCOMP
.
JOÃO FUNDA
C 15/07/20 PESSOA 19 ANOS MENTA SIM NÃO
L
38
IMCOMP
.
JOÃO FUNDA
D 08/05/20 PESSOA 15 ANOS MENTA SIM NÃO
L
INCOMP.
JOÃO FUNDA
E 13/01/20 PESSOA 16 ANOS MENTA NÃO SIM
L
IMCOMP
.
Fonte: Prontuário USB cruz das ARMAS, 2020
Tabela 02: Perfil das Adolescentes atendidas da USF de Cruz das Armas (2019)
39
CAÇÃO ARTERIA DE
L GESTAÇÃ
O
DTA/HEP
A 73,550 120X80 25 B NÃO
SEMANAS 15/06/20-
13/07/20
DTA/HEP
B 64 KG 90X50 12 B NÃO
SEMANAS 25/07/20
DTA/HEP
C 59.950 120X70 32 B NÃO
SEMANAS 28/07/20
D 70 KG 110X70 21 - NÃO
SEMANAS
Tabela 03: Perfil das Adolescentes atendidas da USF de Cruz das Armas (2019)
40
A DO LAR 400,00 SIM
O SUS através da USF tem como público prioritário famílias nesse padrão
econômico vulnerável, exposto a condições vulneráveis de moradia, trabalho,
escolarização e saúde. Por estarmos em tempos de pandemia não podemos ampliar o
perfil a partir de entrevistas e rodas de diálogos como pretendia-se no início do TCC.
42
Diante dessa situação social critica ainda enfrentamos outros problemas no
tocante a assistências as gestantes, pois algumas adolescentes não vão à unidade de
saúde e não querem iniciar o pré-natal, mesmo sendo orientadas quanto aos riscos. A
educação em saúde da mulher é fundamental para que as adolescentes gestantes tenham
consciência com as mudanças que seu corpo e sua vida estão vivendo, de modo que
nem sempre a sensibilização e a informação não as convencem da necessidade da
assistência pré-natal.
Em alguns momentos chamamos atenção para as responsabilidades de uma
jovem gestante, durante e depois do parto, de modo a cobrir o vazio de desinformação
que não é assegurado durante a educação familiar e escolar. Algumas das vezes,
precisamos ser enérgicos e mostrar aos pais que eles podem ser responsabilizados caso
aconteça algo à adolescente em questão.
Com o quadro atual de pandemia a assistência as gestantes piora na medida em
que se interrompe um processo educativo e de assistência médica e socioassitencial. Na
USF de Cruz das Armas existem cinco adolescentes grávidas, das quais duas ainda não
iniciaram o pré-natal, motivo de preocupação constante. Não se sabe se desinformação
e ou descaso e negligencia dos pais.
43
4. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Diante do presente estudo sobre a temática da ―gravidez na adolescência‖,
pode-se perceber que apesar do avanço das discussões sobre o assunto, ainda há muitos
desafios a percorrer, desde a prevenção até a assistência integral de adolescentes em
período de gestação, além da família. A inserção de jovens nos serviços de saúde para
lidar principalmente com a temática da gravidez é um fenômeno de saúde coletiva que
deve ser abordado pela família, a escola e a rede de serviços de saúde e de proteção
social.
Existe uma necessidade de estudos e pesquisas que busquem entender como as
adolescentes estão sendo incorporadas na sociedade e quais as suas maiores angústias e
dificuldades ao lidar com a condição de estudante e gestante, já que a sociedade ainda
coloca o tema da sexualidade e da saúde reprodutiva da mulher como tabu, muitas das
vezes, espaço da violência.
Durante o Estágio Supervisionado em Serviço Social junto a Unidade de Saúde
durante a pesquisa percebi que a adolescência apresenta pouco conhecimento no
assunto da ―sexualidade‖ e os que têm, tem informações distorcidas do assunto. Esses
jovens embora possuem grandes curiosidades em relação à sexualidade e a relação com
os parceiros, não encontram espaço de respostas dos ―porquês‖ da vida. Em grande
parte as informações esparsas do assunto vem dos amigos, de vídeos pornográficos e da
mídia em geral. Não vem de revistas especializadas em saúde da mulher.
É necessário entender os motivos que levam as jovens a iniciarem a vida sexual
precocemente, sem nenhum preparo ou orientação profissional dos pais e educadores, o
porquê de não haver nenhum diálogo a esse respeito entre pais e filhos entre educandos
e educadores e entre os pares nas relações afetivas e sexuais.
No entanto, apesar desse assunto ainda ser um tabu, é necessário que os pais
entendam o seu papel como provedor e protetor de seus filhos e reconheçam que há
uma carência muito grande de diálogo entre pais e filhos. A escola e os serviços de
saúde coletiva podem aproximar-se no sentido de promover ações educativas e
preventivas de saúde. O Serviço Social na Escola e nos Serviços Públicos de Saúde
Coletiva podem fazer a diferença como educadores da cidadania, rompendo com a
ignorância e o preconceito que só afetam a vida da adolescente.
Nas ações educativas, (interrompidas pela pandemia), eram realizadas rodas de
conversas, onde eram esclarecidas algumas dúvidas, palestras com outros profissionais
44
de saúde, orientações quanto aos direitos e deveres esclarecidos pela assistente social,
assim como dinâmicas para envolvê-las na atividade.
Quanto ao perfil das adolescentes percebe-se que a maioria é beneficiária do
bolsa família, ainda estuda e convive com o pai da criança. Também pode-se perceber
que a faixa etária vai dos 15 aos 19 anos e ambas são usuárias da UBS de Cruz das
Armas, portanto, as informações médicas foram adquiridas a partir de seus prontuários.
Esse estudo foi uma importante ferramenta para o conhecimento das reais
necessidades e expectativas dos adolescentes, assim como o que eles esperam dos
familiares e sociedade.
45
5. REFERÊNCIAS
BRASIL. MDS. Informativo Gravidez na Adolescência Impacto na vida das Famílias e das
Adolescentes e Jovens Mulheres. Disponível em:
http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/informe/Informativo%20G
ravidez%20adolesc%C3%AAncia%20final.pdf. Acessado em: 12/03/2020.
46
LABOISSIÉRE, Paula. Governo lança diretrizes para reduzir procedimentos desnecessários
no parto. Agência Brasil, publicado em 08/03/2017 - 12:55.Disponivel em:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-03/governo-lanca-diretrizes-para-reduzir-
procedimentos-desnecessarios-no-parto. Acessado em: 04/12/2019.
SANTOS, Juliana Rocha dos; SOUZA, Samia Tahís Almeida de; GRAMACHO, Rita de
Cássia Calfa Vieira . Depressão pós-parto em adolescentes. Disponível em:
https://www.repositorio.bahiana.edu.br:8443/jspui/bitstream/bahiana/732/1/Tcc.pdf.
Acessado em: 12/03/2020.
SOUSA, Leilane Barbosa de; FERNANDES, Janaína Francisca Pinto; Barroso, Maria
Grasiela Teixeira. Sexualidade na adolescência: análise da influência de fatores culturais
presentes no contexto familiar. Acta Paul Enferm 2006. 19(4), p. 408-13.
47