Pessoao Analise de Poemas
Pessoao Analise de Poemas
Pessoao Analise de Poemas
Caracteristicas temáticas
Identidade perdida;
Consciência do absurdo da existência;
Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência e sonho/realidade;
Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão;
Antissentimentalismo: intelectualização da emoção;
Inquietação metafisica, dor de viver;
Autoanálise;
Caracteristicas Estilisticas
Figuras de Estilo
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Comparação
Ex.: “É como que um terraço” (Isto)
Apóstrofe
Ex.: “Ó céu! Ó campo! Ó canção” (Ela canta, pobre ceifeira)
Personificação
Ex.: “E o vento livido volve” (No entardecer da terra)
Pleonasmo – repetição do mesmo significado por dois significantes diferentes na
mesma expressão.
Ex.: “Entrai por mim a dentro” (Ela canta, pobre ceifeira)
Hipálage – transferência de uma impressão causada por um ser para outro ser, ao
qual logicamente não pertence, mas que se encontra realcionado com o primeiro.
Ex.: “No plaino abandonado” (O menino da sua mãe)
Gradação – apresentação de vários elementos segundo uma ordenação, que pode
ser ascendente ou descendente.
Ex.: “Jaz morto, e arrefece
(...)
Jaz morto, e apodrece” (O menino da sua mãe)
Sinestesia – mistura de dados sensoriais que pertencem a sentidos diferentes.
Oxímoro – consiste em relacionar dois termos metafóricos perfeitamente
antonímicos.
Ex.: “Não o sei e sei-o bem”
Quiasmo – repetição simétrica do mesmo tipo de construção simples.
As Temáticas
O fingimento artistico
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
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Na primeira estrofe: pensamento implícito no conjunto do poema. Sendo “um
fingidor”, o poeta não finge a dor que não sentiu. Finge aquela de que teve
experiência direta. Afasta a possibilidade de se interpretar o conceito de
“fingimento” como completa simulação de uma dor que não se teve. Pessoa não
considerava a poesia a passagem imediata da experiência à arte, opunha-se a
toda a espontaneidade. Exigia a criação de uma dor fingida sobre a dor
experimental.
O poeta deve procurar representar materializando-a, essa dor, não nas linhas
espontâneas em que ela se lhe desenhou na sensibilidade, mas no contorno
imaginado que lhe dá, voltando-se para si mesmo e vendo-se a si próprio como
tendo tido certa dor . A dor real, ou seja , a dor dos sentidos, transforma-se na
dor imaginária (dor em imagens).
O poeta finge a dor em imagens e fálo tão perfeitamente que o fingimento se lhe
apresenta mais real que a dor fingida. A dor fingida transforma-se em nova dor
(imaginária), cuja potencialidade de comunicação absorve todas as virtualidades
da dor inicial.
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Na segunda quadra, as formas verbais leem, escreve, sentem, teve (=sentiu) e
não têm (=não sentiu), conglobam os três tipos de dor: a dor verdadeira que o
poeta teve; a dor que ele escreve e aquelas que os leitores leem e não têm.
Na terceira estrofe, as formas verbais “gira” e “entreter” sugerem a feição lúdica
da poesia. Ao coração cabe girar em calhas e entreter, fornecer emoções, à razão
fica reservado o papel mais importante de toda a elaboração que foi apresentada
nas duas primeiras quadras.
Isto
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Três quintilhas de hexassílabos. Há várias vezes recurso à aliteração:
- Em “s”: Eu simplesmente sinto/Com a imaginação/Não uso o coração”
- Em “f”: “O que me falha ou finda”
- Em “l”: “Livre do meu enleio”
Utiliza muitas vezes o transporte
Quem pode comtemplar essa coisa coberta pelo “terraço”? Só o poeta, porque é
capaz de se libertar do enleio do mundo e escrever “em meio do que não está ao
pé”, isto é, usando a imaginação/razão em busca do que é e apenas “seguro do
que não é”
Pressentimento “do que não é” e a sugestão de que aquilo que “não é” é que,
verdadeiramente, “é”. A tarefa do poeta é, portanto, essa viagem imaginária,
esse pressentir do ser, da “coisa linda” e não sentir (“Sentir? Sinta quem lê!”)
Primeira estrofe- o poeta apresenta a sua tese: não usa o coração, sente com a
imaginação e não mente.
Terceira estrofe- “por isso” se liberta do que “está ao pé”, que é a verdade para
aqueles que dizem que finge ou mente e tudo o que escreve, em busca daquilo
que é verdadeiro e belo “a coisa linda”
Quase inesperadamente, o poeta diz: “Sentir? Sinta quem lê!”. Poderá parecer
que há uma rutura e estaremos perante uma quarta parte do poema. Mas não.
Trata-se de uma fechamento de um circulo. De um voltar ao principio: só quem
sente (quem lê e não escreve) é que pode dizer que o popeta finge ou mente tudo
o que escreve.
A nivel semântico:
- “Não uso o coração” (o inesperado de o poeta não usar o coração, como se
fosse um utensilio dispensável ou substituivel.
- “Tudo o que sonho (...) é (...) um terraço” , uma divisão, uma separação
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imaginária.
- “Essa coisa é que é linda”, “linda” aplicado a uma coisa que está sob um
terraço imaginário, e que, portanto só existe metaforicamente.
- A recuperação para a poesia de palavras prosaicas como “coisa” utilizada
em versos consecutivos, para designar algo que está muito para além do
Universo sensivel.
- A palavra “sério” no penúltimo que aparece como um vestigio da formação
anglo-saxónica do autor (tradução direta de “sure” que normalmente significa
“certo” ou “seguro”
È semanticamente importante o poeta dizer que escreve “... em meio do que não
está ao pé” , imagem paradoxal, deliberadamente perturbadora e expressiva da
imaterialidade dos dominios em que se movimenta.
A dor de Pensar
A nivel semântico:
- Adjetivação
- Antítese
- Metáfora (palavras com sentido imaginário e não objetivo)
- Apóstrofe
- Pleonasmo
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Há ainda as conotações de morte na parte final do poema. Se o céu, o campo e a
canção transformarem a alma do poeta em sombra,e, depois o levarem, entende-
se que isso implica morte.
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No Entardecer da Terra
No plaino abandonado
Que a morta brisa aquece,
De balas traspassado
- Duas, de lado a lado -,
Jaz morto, e arrefece.
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
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Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
A segunda parte do poema inicia-se com duas frases exclamativas para reforçar
a efemeridade da vida do menino. A repetição do nome “jovem” relaciona-se
com a expressividade das frases exclamativas que pretendem demosntrar a
emoção da juventude do menino quando este morreu.
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