Constituição Material

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Constituição material

São aquelas normas cujo o conteúdo normativo, substancia, essência é naturalmente


constitucional. São aquelas normas jurídicas que em decorrência da sua importância
para o estado, naquele momento, precisam estar previstas na constituição.Ex:
separação de poderes, formação do Estado, direitos e garantias fundamentais.

Constituição formal
São aquelas que são formalizadas na constituição, independentemente de seu
conteúdo ou substancia. São normas que tem forma constitucional. É aquele conjunto
de normas constantes de um documento solene que experimentou um processo
específico, qualificado, para sua elaboração. Ainda, exige um equivalente processo
qualificado para sua modificação. Essas normas, muito embora não trate dos temas
valorativamente mais importantes (garantias fundamentais, direitos humanos), mas
estão formalmente consignados na constituição

Conforme classificação elaborada por José Afonso da Silva, as normas constitucionais


podem ser diferenciadas ou separadas em diversas categorias levando-se em conta a
sua estrutura normativa e conteúdo, sendo que essas "categorias" são denominadas
de "elementos". São eles:

a) elementos orgânicos: que contêm normas que regulam a estrutura do Estado e do


Poder, que se concentram, predominantemente, nos Títulos II (Da organização do
Estado), IV (Da organização dos Poderes e Sistemas de Governo), Capítulos II e III, do
Título V (Das Forças Armadas e da Segurança Pública) e VI (Da Tributação e do
Orçamento).
b) elementos limitativos: que se manifestam nas normas que consagram o elenco
dos direitos e garantias fundamentais (do Título II da Constituição - Dos Direitos e
Garantias Fundamentais), excetuando-se os Direitos Sociais, que entram na categoria
seguinte.
c) elementos sócio-ideológicos: consubstanciados nas normas que revelam o caráter
de compromisso das Constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado
Social, intervencionista, como as do Capítulo II do Título II (Direitos Sociais) e as dos
Títulos VII (Da Ordem Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem Social).
d) elementos de estabilização constitucional: consagrados nas normas destinadas a
assegurar a solução de conflitos constitucionais, a defesa da Constituição , do Estado e
das instituições democráticas, como os encontrados nos arts. 34 a 36 , CF , os arts. 59,
I e 60 (processo de emendas à Constituição), art. 102 , I . a (controle de
constitucionalidade).
Ex: Estado de defesa, estado de sítio.
e) elementos formais de aplicabilidade: que são os que se acham consubstanciados
nas normas que estabelecem regras de aplicação das normas constitucionais, assim, o
preâmbulo, o dispositivo que contém as cláusulas de promulgação, as disposições
constitucionais transitórias e o § 1º, art. 5º, que determina que as normas definidoras
dos direitos e garantias fundamentais têm aplicabilidade imediata.

Quanto a forma
1 - Escrita: é constituição consistente num código, num documento único
sistematizado. É o sistema usual no continente europeu e, consequentemente, em toda
a América Latina.

2 - Costumeira\não escrita\consuetudinária: é a constituição consistente em normas


esparsas, não aglutinadas em um texto solene, centrada nos usos e costumes, na
prática política e judicial. Seu grande exemplo é a constituição inglesa que não tem um
documento escrito, um código. Ao contrário o seu direito constitucional decorre da
identificação dos chamados direitos imemoriais do povo inglês

Quanto ao modo de elaboração:


1 - Dogmáticas: são as constituições escritas, elaboradas por um órgão especialmente
designado para esse fim, normalmente designado Assembleia Nacional Constituinte.
Adota expressamente a ideia de direito prevalente num momento dado.

2 - Históricas: são as constituições consuetudinárias, fruto de uma lenta e contínua


síntese da história e da tradição de um povo.

Quanto a ideologia
1 - Ecléticas (Pragmáticas):
Também chamadas de compromissórias, são Constituições dogmáticas que se fundam
em várias ideologias.

2 - Ortodoxas:
São fundadas em uma só ideologia.

Quanto a finalidade:
1 - Constituição-Garantia:
De texto reduzido (sintética), busca precipuamente garantir a limitação dos poderes
estatais frente aos indivíduos.

2 - Constituição Dirigente:
Caracterizada pela existência, em seu texto, de normas programáticas (de cunho
eminentemente social), dirigindo a atuação futura dos órgãos governamentais.

3 - Constituição-Balanço:
Destinada a registrar um dado estágio das relações de poder no Estado. Sua
preocupação é disciplinar a realidade do Estado num determinado período, retratando
o arranjo das forças sociais que estruturam o Poder. Faz um “balanço” entre um
período e outro.

Quanto a origem
1 - Democráticas\populares\promulgadas: são as constituições elaboradas por um
órgão constituinte previamente escolhido pelo povo para o fim de elaborar a
constituição. No Brasil, foram democráticas as constituições de 1891, 1934, 1946 e
1988, porquanto resultaram do trabalho de assembleias constituintes originárias.

2 - Outorgadas: são impostas unilateralmente por quem detenha, no momento da


imposição, o poder político, a força suficiente para tanto, sem participação popular. As
constituições de 1824, 1937 , 1967 e a emenda nº 01, de 1969 foram outorgadas.
3 - Cesarista: são outorgadas mas dependem de ratificação popular através do
referendo. Um exemplo é a constituição napoleônica que, embora aparente ser
promulgada, tem núcleo de outorgada.

4 - Pactuada: decorre de um acordo entre dois grupos sociais, havendo mais de um


titular do poder constituinte. Um exemplo é a Carta Magna de 1215, que decorreu de
um acordo entre o rei e a nobreza.

Quanto a extensão
1 - Sintéticas: preveem somente princípios e normas gerais, organizando e limitando o
poder do Estado apenas com diretrizes gerais, mínimas, firmando princípios, não
detalhes. É concisa, breve, sucinta, também chamada de Constituição Federal
negativa.

2 - Analíticas: abrangem todos assuntos que entende relevantes. São amplas,


extensas, prolixas, detalhas, como a nossa Constituição de 1988, por exemplo.
Quanto a estabilidade
1 - Imutáveis: Constituições nas quais é vedada qualquer alteração. Essa
imutabilidade pode ser relativa, como nos casos em que há uma limitação temporal em
que não podem ocorrer mudanças.

2 - Rígidas: dá-se quando a própria constituição estabelece um processo mais oneroso


e solene, diferente da legislação ordinária, para a sua reforma. Toda constituição tem
pretensão de permanência, porquanto documento fundamental do sistema jurídico de
um Estado, não pode estar sujeita a mutações ao sabor das dificuldades passageiras.
Os próprios conceitos da ciência política estão sujeitos a um processo evolutivo. Tome-
se o conceito de Democracia.
3 - Flexíveis: são as constituições que não exigem, para sua atualização ou
modificação, processo distinto daquele referente à elaboração das leis. Podem ser
alteradas por procedimento legislativo ordinário, razão pela qual também são
chamadas de plásticas.

4 - Semi-rígida ou semi-flexível: algumas regras previstas na Constituição podem ser


alteradas por procedimento legislativo ordinário ao passo que outras exigem o
procedimento especial, que é mais dificultoso. Como exemplo, podemos citar a CF de
1824.

5 - Super-rígida: alguns pontos são imutáveis (núcleo intangível, petrificado, clausulas


pétreas) ao passo que outros depende de um procedimento legislativo especial.

Constituição federal de 1988


promulgada, formal, analítica, dogmática,
eclética (pragmática), dirigente, normativa (ou tendente a sê-la), rígida e escrita
codificada.

Cláusulas pétreas
Em regra as leis contidas na Constituição Federal podem ser alteradas por 3/5 dos
senadores e 3/5 dos deputados, devendo ser votada duas vezes em cada casa, no
entanto. Contudo, isso não se aplica a algumas cláusulas, que não podem jamais
serem modificadas/revogadas (abolidas), enquanto a atual Constituição estiver
imperando. Essas são as Cláusulas Pétreas. Então, de forma resumida, Cláusula
Pétrea é aquilo que não pode ser alterado (abolido) na Constituição.

Cláusulas pétreas da Constituição Federal brasileira


São cláusulas pétreas da Constituição Federal de 1988 os itens listados nos incisos de
I a IV do §4º, artigo 60.
Não podem ser alterados (abolidos) na Constituição:

a forma federativa de Estado,


a forma de voto: direto, secreto, universal e periódico,
a separação dos Poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário,
os direitos e garantias individuais que são garantidos na Constituição.

Poder constituinte
O Poder Constituinte é aquele capaz de editar uma Constituição ou alterá-la,
estabelecendo uma organização jurídica fundamental, dando forma ao Estado,
constituindo poderes e criando normas de exercício de governo, tal qual o
estabelecimento de seus órgãos fundamentais, os limites da sua ação e as bases do
ordenamento econômico
e social.
O titular desse poder é o Povo, representado por um órgão colegiado (Assembleia
Constituinte). A legitimação destes é a representação da democracia de um Estado
soberano, onde a premissa do ubi societas e ibi ius encontram-se límpidas na forma de
criação de um Estado.
O Poder Constituinte causa um rompimento com a ordem jurídica anterior, fazendo
com que o Estado precedente à que o povo estava sendo submetido seja substituído
por uma nova legitimação maior, através de sua “Carta Magna”.

- A Teoria da Constituição de Sieyes criou uma nova imagem da comunidade política,


onde a Nação define-se como único sujeito do Poder Constituinte, que fundamenta a
sua decisão de se dar uma Lei Fundamental, criando, a partir do nada, o direito positivo
que forma o governo

Obra: o Que é o terceiro Estado?

- A doutrina moderna do Poder Constituinte de Sieyes relaciona-se, do ponto de vista


intelectual e sociológico, ao processo de secularização, segundo o qual não há mais
ordem divina do mundo a qual determine o fundamento da ordem política e social.
Assim, são os homens, graças à sua vontade e à sua decisão soberana, que assumem
o seu destino e a ordem do mundo, substituindo Deus pela Nação como a única titular
da soberania.
Assim, sob a influência do pensamento iluminista, racional, contratualista e individual,
nasceram concepções, que, sob a autoria de Sieyes, fundamentaram a Nação -
detentora de soberania nacional - como a única titular legítima do Poder Constituinte,
que se baseava no Direito Natural, a fim de embasar a renovação da ordem jurídica
francesa injusta e centrada no Absolutismo.

Poder constituinte originário


O poder constituinte originário, ou de primeiro grau, instaura-se a partir da elaboração
de uma nova Constituição, ou seja, da imposição de uma nova ordem jurídica no
Estado por meio de uma redação constitucional que substitui a anterior.
Define-se, portanto, como o poder criador e institucionalizador de uma Constituição e
não se submete a nenhuma ordem jurídica anteriormente existente. Suas
características são:

- inicial
- Ilimitado
- Autônomo
- incondicionado (permanente)

O poder constituinte originário é definido como poder inicial, pois por meio dele
instaura-se uma nova ordem constitucional; ilimitado, tendo em vista que este não sofre
limitação de nenhum outro poder anterior; autônomo, pois somente a tal poder cabe a
estruturação de uma nova Constituição; e incondicionado e permanente, ou seja, o
poder constituinte originário não se submete a nenhum processo preestabelecido para
sua elaboração e está sempre presente

Poder Constituinte derivado


O poder constituinte derivado é aquele previsto na Constituição e tem por objetivo
legitimar sua alteração caso necessário. Suas características são:

- derivado
- Condicionado
- Subordinado
Tal poder é definido como Derivado pois, diferentemente do poder constituinte
originário, ele não surge com autonomia, mas sim deriva de outro poder; Condicionado
pois para ser exercido deve obedecer às normas impostas pelo poder originário e;
Subordinado tendo em vista a limitação constitucional que a ele é inerente.

Ele subdivide-se em revisor, decorrente e reformador.


Limitações procedimentais ou formais: referem-se aos órgãos competentes e aos
procedimentos a serem observados na alteração do texto constitucional.

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do


Senado Federal;

II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,


manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos
votos dos respectivos membros.

3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos


Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

(...)

5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por


prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa

Limitações circunstanciais: são limitações consubstanciadas em normas aplicáveis


a situações excepcionais, de extrema gravidade, nas quais a livre manifestação do
poder derivado reformador possa estar ameaçada.

Art. 60, 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção


federal, de estado de defesa ou de estado de sítio

Limitações Materiais:
cioArt. 60, 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

OBS: A Carta Magna de 1988 não consagrou limitação temporal para o poder
derivado reformador. A CF apenas trouxe esta limitação para o poder derivado
revisor (art. 3º, ADCT).

O poder constituinte derivado revisor ou revisional é aquele exercido a fim de que se


realize uma inspeção, uma verificação do texto constitucional.

Tal modalidade encontra disposição no art. 3º da ADCT (Atos das Disposições


Constitucionais Transitórias), o qual prevê sobre a necessidade de o Congresso
Nacional realizar uma “revisão constitucional” após 5 anos da promulgação da
Constituição Federal.
Já o poder constituinte derivado decorrente diz respeito do poder que cada Estado-
Membro possui para criar sua própria Constituição, sem desrespeitar a Constituição
Federal, dando ensejo as Constituições Estaduais
EX: Constituição do Estado de Santa Catarina (CESC).

Por fim, o poder constituinte derivado reformador é o responsável pela ampliação ou


modificação do texto constitucional, tal atividade é desenvolvida por meio das
chamadas emendas constitunais.

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