Família e Saúde Mental - Do Sofrimento Infantil Às Agruras Da Vida Adulta
Família e Saúde Mental - Do Sofrimento Infantil Às Agruras Da Vida Adulta
Família e Saúde Mental - Do Sofrimento Infantil Às Agruras Da Vida Adulta
Conceição do Coité – BA
2022
CAROLINE DA SILVA CARNEIRO
Conceição do Coité – BA
2022
Ficha Catalográfica elaborada por:
Joselia Grácia de Cerqueira Souza – CRB-Ba. 1837
Referências: f. 32 – 35
CDD: 362.2
FAMÍLIA E SAÚDE MENTAL: DO SOFRIMENTO INFANTIL ÀS AGRURAS DA
VIDA ADULTA
Caroline da Silva Carneiro1
Rafael Lima Bispo2
RESUMO
ABSTRACT
[email protected]
2 Professor Orientador e Docente Rafael Lima Bispo da Faculdade da Região Sisaleira –
FARESI. [email protected]
concludes the veracity of how the contribution of a dysfunctional family generates
suffering in childhood, in the development of adolescence to adulthood in interpersonal
relationships. The most important influences of the family environment on children's
development come from the home in which they live. The great contribution to child
development is whether this family lives in a loving home or dominated by conflict
situations. The present study carried out a qualitative and exploratory field research
with individuals who have already gone through or are going through conflicting
situations in their family relationships and who have already suffered impacts on their
mental health due to some suffering experienced.
1 INTRODUÇÃO
Machado (2020) afirma que os seres humanos são os únicos que tendem a
apresentar características específicas e habilidades distintas, que acabam se
diferenciando umas das outras. São seres que constroem relações, que necessitam
do contato com outros indivíduos para manter a sua sobrevivência.
Segundo D'ávila et.al. (2020) pode-se observar que o transtorno de ansiedade
tende a englobar diversos aspectos da personalidade psíquica e emocional de um
indivíduo, considerando ainda suas possibilidades de diagnóstico que envolvem
outros diversos transtornos, portanto, torna-se essencial que profissionais da área da
saúde se prepararem apropriadamente para a compreensão e o auxílio dessas
pessoas, pois é um trabalho que tem grandes dificuldades pelo caminho. A
perspectiva de trabalho com uma equipe multidisciplinar se torna algo essencial, pois
faz com que profissionais envolvidos na saúde mental, principalmente, tenham o
compromisso de estarem devidamente capacitados para a eficaz compreensão e
auxílio a seus pacientes, fator que é essencial para o tratamento concreto e
acompanhamento eficaz.
A saúde mental de jovens e adultos tende a ter um impacto importante e
preocupante, muitos jovens tendem a adoecer, e esse adoecimento na maioria dos
casos é com o desenvolvimento de transtornos mentais, a ansiedade e a depressão
são uns dos adoecimentos mentais mais recorrentes dos últimos tempos,
principalmente na etapa do fim da adolescência e início da vida adulta (BARBOSA;
ASFORA & MOURA, 2020).
Segundo Bahls & Bahls (2002, apud BARBOSA; ASFORA e MOURA, 2020, p.
3): “de 15 a 25% das pessoas podem apresentar crise depressiva pelo menos uma
vez na vida, sendo que o primeiro episódio depressivo ocorre, mais frequentemente,
antes dos dezoito anos de idade”. Contudo, os transtornos de ansiedade simbolizam
um dos mais frequentes casos de transtorno mental psicopatológico entre a infância
e adolescência. A depressão é popularmente conhecida como o mal do século, ela é
um transtorno psíquico de humor que atinge cada dia mais a população.
O modo como cada indivíduo se relaciona é resultado de diversos fatores que
são considerados na atualidade pontos negativos de alta complexidade. Os padrões
familiares adquiridos durante a infância irão influenciar na vida adulta e nos
relacionamentos seguintes, como relações amorosas, sociais, de trabalho e etc.
Contudo, é nítido a importância de se desenvolver um ambiente familiar seguro, que
possibilite uma boa comunicação e consequentemente uma boa exposição de
sentimentos, para permitir assim com que o indivíduo possa obter no futuro confiança
e autenticidade nos vínculos das relações interpessoais que o mesmo venha a
estabelecer (MACHADO, 2020).
5 METODOLOGIA
6.1 Instrumento
Ao se referir a questão de idade pode ser observado que uma faixa etária mais
jovem abrange o maior número de participantes da pesquisa, sendo um público entre
18 à 24 anos a ocupar 31,7%, seguido logo por um público de 25 à 30 anos que possui
23,8% dos dados obtidos, e logo em seguida 14,9% entre 41 à 50 anos, prosseguindo
com a faixa etária de 31 à 35 anos com 11,9%, de 36 à 40 anos com 10,9% e apenas
uma porcentagem de 6,9% apresenta ter mais de 51 anos.
Por meio de pesquisa bibliográfica pode se observar que jovens com faixa
etária entre de 18 à 30 anos tendem a ser mais ativos em redes sociais do que
pessoas acima de 55 anos (OLIVEIRA, 2019).
Gráfico 2: Gênero, 2022
A população vem interagindo mais nos últimos tempos em assuntos que não
tem muito conhecimento, para afins de aprender mais sobre o tema, ou apenas por
curiosidade. Porém, quando falamos em questão participativa voltada a gênero pode
se perceber no gráfico acima a grande diferença na participação de pessoas do
gênero masculino, onde 74,3% da população participante desta pesquisa foram
mulheres e apenas 25,7% homens. Observa-se que pessoas do gênero feminino
tendem a ter menos tempo livre, mas que mesmo assim são mais participativas em
assuntos que podem até não obter tanto domínio, e como os homens possuem mais
tempo livre, e tendem a ser mais introvertidos e a serem participativos apenas em
questões que lhe despertem curiosidade ou interesse (OLIVEIRA, 2019).
No campo relacionado a profissão foi feito uma diversificação, mas foi possível
também se observar que as minorias exibidas se encaixam nas opções fornecidas e
que possuem porcentagens de 4% e 1% ao rever com as que já estão no gráfico.
Obteve-se 23,8% de profissionais que trabalham em empresa privada, 14,9% são
autônomos, 11,9% trabalham em empresa pública, 16,8% são estudantes, 5,9% estão
desempregados, 3% são aposentados e 3% são empresários.
Sobre a localização da casa dos entrevistados foi vista que em sua maioria com
76,2% moram em zona urbana e apenas 23,8% em zona rural. Informação essa válida
para ser trabalhada com as respostas que foram dadas para as perguntas seguintes.
7 DEFINIÇÃO DE CATEGORIAS
“Minha infância foi marcada por alguns acontecimentos pesados, porém eu tive uma
pessoa em minha vida que sempre esteve comigo e me deu tudo que eu precisava
pra suprir qualquer tipo de falta, principalmente o amor, carinho, confiança e respeito
dela, me fizeram passar por essas coisas! Lembro de todas elas, porém lembro
também do tipo de coisa que não quero na minha vida e quem não quero ser…”
“Sempre fui cobrada a ser muito boa, muito gentil e sempre tirar notas altas, vi a minha
mãe passar por um relacionamento abusivo e violento, e estive em um relacionamento
igual. Me tornei uma adulta que está em constante combrança, sempre querendo ser
boa em tudo e ser boa para todos”.
“Exigências da minha mãe gerou em mim perfeccionismo (ela sempre quis tudo
certinho e do jeito dela). Embora perceba algumas dessas características em mim,
aprendo cada dia mais a modificá-las, pois percebo que não é saudável para mim”.
“O relacionamento abusivo dos meus pais enquanto eu era criança, hoje carrego
alguns traumas que dificulta minha vida amorosa”.
Diante das respotas obtidas e expostas acima pode-se observar que o trauma
é toda ferida, lesão, lamentação que se provoca em um indivíduo seja ele fisicamente,
moralmente, emotivamenrte ou psicologicamente, o que causa alteração no seu
desenvolvimento tanto cognitivo, como social (FONTE, 2017). A pergunta realizada
para essa discussão foi: “Fale sobre algo que aconteceu em sua infância que afeta
alguns de seus comportamentos agora na vida adulta.”, observa-se que ao se falar
sobre memórias da infância as questões traumáticas tendem sempre a vim à tona.
Quando o sujeito passa por uma situação que gera impacto emocional, seja em seu
contexto familiar, social ou econômico acabam o tornando mais ansioso, infeliz e
pouco produtivo (FONTE, 2017).
Ao se tratar de contexto familiar conturbado muitos pais ou cuidadores exercem
uma função de autoridade e controle para com o seus filhos, e se tornam indisponíveis
para as outras necessidades do cuidado com a criança, assim elas crescem contando
com os pais em alguns momentos, e em outros não. No caso de ausência de algum
dos pais ou cuidadores, alguns filhos tendem à tomar a frentre das responsabilidades
cotidianas, iniciativa essa que pode acontecer de maneira consciente ou inconsciente
(MELLO, 2020).
O desenvolvimento de práticas parentais negativas nos sujeitos quando
crianças, influenciam no estilo de vida e na percepção de si próprio, além de
manifestações de condutas apreensivas, incertas e violentas (CARDOSO &
VERÍSSIMO, 2013 apud REIS, 2021, p. 75). Essas crianças tendem a se tornar
adultos socialmente retraídas, com agrugras em questões emocionais, agressivas e
com níveis baixos de competências sociais (CARDOSO & VERÍSSIMO, 2013;
PATIAS, SIQUEIRA & DIAS, 2012, apud REIS, 2021, p. 75).
Na terceira pergunta dessa categoria foram selecionadas três respostas que se
destacaram por serem mais relevantes para a pesquisa. Obteve-se também palavras
frequentes como: natal, festas e almoços. As respostas selecionadas em destaque
foram:
“O momento que enquanto ajudo meu pai, minha mãe observa nossa amizade. Isso
me lembra a infância, pois cada passo que meu pai fosse dar, eu queria tá ali pra
acompanhar. E hoje nossas obrigações acabam nos afastando mais um pouco”.
“Eu, meu irmão e um primo brincando com muita veracidade, esse é bom, mas me
recordo de uma arma encima da mesa e medo quando meu pai chegava bêbado”.
“Me lembro de sofrer, chorar muito por conta das reclamações, sentia como se tinha
algo de errado comigo”.
Para essa categoria foram realizadas três perguntas que serão discutidas com
base nos resultados obtidos. As palavras mais frequentes e que tiveram uma
relevância maior das respostas foram: poucas vezes, nunca, sempre e as vezes. As
relações familiares tem forte impacto no processo de desenvolvimento do
adolescente, questões essas que podem se estender até a vida adulta, levando esse
sujeito a ter problemas que podem o afetar diretamente em todos os campos da sua
vida. Dentro dessa visão foi possível trazer como questionamento dessa categoria a
pergunta: “Você já se sentiu pressionada por seus familiares em alguma tomada de
decisão importante da sua vida?”. Pergunta que tem por objetivo abarcar esse
elementos relaconais e familiares do desenvolvimento desses sujeitos. Pois, segundo
Rodriguez, Gomes & Oliveira (2017) se é considerado como família todo grupo social
que possua membros que são unidos por laços afetivos, que dividam o mesmo
espaço, e que exista entre si uma relação humanitária.
Na teoria do desenvolvimento emocional de Winnicott (1990) ele afirma que os
registros do que acontece na primeira infância acabam se tornando a base para o
desenvolvimento da vida emocional do sujeito, com esse pensamento pode-se
entender que as tomadas de decisões e os conflitos são mais complexos de se
resolver do que aparentam, pois os mesmos estão interligados com as experiências
da infância, como a relação do bebê com a mãe, que é a base para o desenvolvimento
da criança, a família tende a exercer um papel de grande influência nos sujeitos desde
a sua primeira infância (SILVESTRE & GONÇALVES, 2021).
Portanto, grande parte dessa influência familiar ainda é predominante durante
o desenvolvimento humano, como na fase da adolescência e da vida adulta em
tomadas de decisões importantes. (PAPALIA, 2013).
Gráfico 8: Pressão familiar em tomadas de decisões, 2022
“Relação de distância”.
“Parte de pai é péssima, muitas brigas e inseguranças. Parte de mãe é perfeita, muito
apoio”.
“Quase inexistente sai de casa muito cedo pra evitar cobranças demais”.
“Norteamento, mesmo sendo rudes em alguns momentos, me incentivaram bastante
a tornar-me quem sou hoje”.
“Me mostrou que não é em todo mundo que a gente pode confiar”.
“Não tive uma adolescência normal, não saía com amigos, não ia a nenhuma festa,
só realmente saia de casa sozinha para fzr trabalhos da escola em grupo”.
Nesta categoria foram reunidas cinco perguntas que serão debatidas com base
nas respostas obtidas e correlacionadas com a teoria da categoria acima. A saúde
mental é uma condição de bem-estar onde o indivíduo identifica suas habilidades,
onde aprende a lidar com o estresse da vida cotidiana, a trabalhar com uma rede de
produção maior e assim poder contribuir para com a comunidade em que vive
(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2022).
A pergunta realizada para a presente discussão foi: “Como você avalia a sua
saúde mental atualmente?”, obteve-se como respostas frequentes palavras como:
boa, regular, péssima, ruim e excelente. A saúde mental se amplia muito mais do que
apenas ser relacionada com a presença de transtornos mentais. É um processo
complexo, em que cada indivíduo vivencia de forma diferenciada de sujeito para
sujeito. A definição de sáude mental inclui transtornos mentais e deficiências
psiciossociais, que também está associado a todo sofrimento psíquico. Indivíduos com
agruras na saúde mental possuem uma tendência de enfrentar mais situações de
baixo de nível de bem-estar mental, porém, não necesariamente isso tende a
acontecer com todos os sujeitos (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2022).
“Por conta deles, gosto de impor as coisas e não aceitar outras com tanta facilidade,
em outras palavras, não levo desaforo pra casa de ninguém”.
“Por minha mãe sofrer agressão do marido me fez ser uma criança digamos que um
pouco agressiva com as pessoas que eu achava que queriam me fazer o mal”.
“Já deixei de realizar várias atividades porque algumas pessoas da família começaram
a criticar”.
“De toda forma, seja no relacionamento, seja nos estudos, no trabalho. Me causa
muita ansiedade e sofrimento. Isso por parte da família paterna”.
Uma família é definida como funcional quando vivencia situações conflituosas
e momentos difíceis com estabilidade emocional, residindo em um lar de maneira
harmoniosa e comunicativa com seus membros, desempenhando assim um cuidado
com o outro, não sobrecarregando a vida cotidiana dos sujeitos que fazem parte do
seu eixo familiar. Portanto, todavia, uma família disfuncional é considerada quando
seus membros prezam o interesse apenas individual e não em coletividade com os
seus membros, sobrecarregando assim os mesmos e os culpando de maneira injusta
e incoerente, fazendo que os indivíduos desse ciclo familiar possam vir a desenvolver
comportamentos hostis e agressivos (ANDRADE et al. 2021). Com base nas
respostas selecionadas, torna-se perceptível como um lar disfuncional tende a gerar
sobrecargas emocionais no comportamento dos sujeitos.
As disfunções familiares surgem com identificações de relacionamentos
abusivos, problemas de comunicação entre membros da família, falta de diálogos
importantes, opiniões opostas, crenças e falta de compreensão. Familiares que
exercem autoritarismo e regras rígidas, transmitem para esse grupo familiar uma
limitação em expressões de sentimentos, características essas que tendem a gerar
os conflitos mais comuns nos eixos familiares (MOTTA, SOARES & BELMONTE,
2019).
Para quinta e última pergunta dessa categoria foi selecionado três respotas que
melhor ressaltaram sobre o questionamento realizado. Foi elaborado a pergunta:
“Qual foi a melhor fase da sua vida? Justifique.” Com o intuito de fazer com que os
entrevistados destacassem mais detalhadamente sobre a pergunta em questão.
Foram identificadas palavras frenquentes diante das respostas, como: infância, agora,
vida adulta, adolescência, não lembro, quando tive filhos e quando me tornei mãe. As
três respostas selecionadas para afins de serem discutidas como destaque foram:
“Quando completei 22 anos, fui eliminando pessoas da minha vida. Evoluir muito,
principalmente criando metas para minha vida”.
“Dos meus 19 (2020) até os dias atuais. Pois consigo elaborar melhor meus
relacionamentos, estou em um processo de compreensão do que acontecia na minha
infância, estou tentando compreender meus aspectos negativos e positivos, além
disso sinto que estou me tornando independente emocionalmente, e isso me deixa
mais leve nos relacionamentos, tanto na amizade quanto amoroso. Por fim, estou
cursando psicologia, algo que eu nunca pensei ser capaz de conseguir estudar, e hoje
me sinto uma ótima estudante e com energia para a compreensão”.
“Na fase adulta foi a melhor fase devido ao amadurecimento e ao entender que
existem sentimentos que não preciso sustentar e nem carregar as dores que não são
minhas comigo”.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. Idade?
2. Gênero?
10. Você está sendo acompanhado(a) por algum profissional de saúde mental?
11. Você já se sentiu pressionada por seus familiares em alguma tomada de decisão
importante da sua vida?
14. Fale sobre algo que aconteceu em sua infância que afeta alguns de seus
comportamentos agora na vida adulta.
15. Qual momento entre família que você mais lembra da sua infância?