Mecânica Profa.

Maria Luiza

Aula 03
1 Cinemática

1.1 Velocidade média

Consideremos uma partı́cula percorrendo uma trajetória que pode ser retilı́nea ou cheia de
curvas. Durante o seu movimento, a partı́cula poderá percorrer alguns trechos com maior rapidez
e outros com menor rapidez. Poderá, inclusive, dar uma paradinha temporária em algum ponto
da trajetória.

Figura 1: Exemplo inicial.

Consideremos o trecho compreendido entre A e B da figura 1 e tomemos as seguintes medidas:

• ∆t: intervalo de tempo decorrido para que a partı́cula P vá de A até B.

• d: distância percorrida pela partı́cula desde A até B. Devem-se levar em conta as possı́veis
curvas existentes na trajetória. Trata-se, portanto, da medida efetiva da distância percorrida
pela partı́cula móvel.

Definimos velocidade média como o quociente entre a distância percorrida d e o intervalo de

tempo ∆t.

d
v= (1)
∆t
A velocidade média corresponde à velocidade a ser mantida constante durante todo
o trajeto AB para que o móvel o percorra no mesmo intervalo de tempo ∆t.

Exemplo: Vamos supor que o percurso AB da figura 1 tivesse comprimento de 120 km e que um
carro o tivesse percorrido em 2 horas. Durante a viagem houve trechos de alta e trechos de baixa
velocidade. Por definição, a velocidade média é:

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d 120km
v= = ⇒ v = 60 km/h (2)
∆t 2h
Interpretação do resultado: Se o carro tivesse feito todo o percurso AB com uma velocidade escalar
constante de 60 km/h, teria percorrido todo o trecho nas mesmas 2 horas.

1.1.1 Equação dimensional da velocidade e unidades

• A distância percorrida tem a dimensão de um comprimento, L.

• O intervalo de tempo e o tempo têm a mesma dimensão: T.

Usando-se a definição de velocidade, a equação dimensional fica:

L
[v] = ⇒ [v] = LT−1 (3)
T
Assim, no SI a unidade de velocidade é:

m
[v] = (4)
s
No cotidiano, no entanto, o uso do m/s não é tão comum, mas sim o do km/h. Vamos deduzir
um modo de conversão entre ambas as unidades:

km 1000 m 1
1 = = m/s (5)
h 3600 s 3, 6
Concluindo, para se converter km/h em m/s basta dividir o valor original por 3, 6; para fazer
a conversão inversa, basta multiplicar o valor original em m/s por 3, 6.

1.2 Velocidade instantânea

A velocidade instantânea, como o nome indica, é a velocidade do móvel num dado instante. No
caso de um automóvel, por exemplo, a velocidade instantânea é lida diretamente no velocı́metro,
em um dado instante.

1.3 A abscissa na trajetória

Para localizarmos um ponto material em sua trajetória, atribuı́mos a ela um sentido positivo
e demarcamos as abscissas, do mesmo modo que se procede com os eixos cartesianos. Assim, a
posição do ponto ficará determinada pela sua abscissa.

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Figura 2: A abscissa na trajetória.

Estando um ponto P em movimento nessa trajetória conhecida, para cada instante haverá uma
nova posição e, portanto, uma nova abscissa. Na figura 2 o ponto P , nesse instante, tem a sua
posição dada pela abscissa +3 m.

1.3.1 Deslocamento escalar

A variação de abscissas, ∆s, denomina-se deslocamento escalar. Por definição, ela é a diferença
entre a abscissa final e a inicial. Na figura 3, em que o ponto P percorre o trecho AB, temos:

∆s = sfinal − sinicial ⇒ ∆s = sB − sA (6)

Figura 3: Deslocamento escalar.

1.3.2 Distância percorrida entre dois pontos na trajetória

Podemos usar as abscissas para medir a distância percorrida por um móvel, desde que ele esteja
percorrendo a trajetória num único sentido. Desse modo, se o ponto P da figura 3 não inverter o
sentido de movimento, a distância percorrida d será igual ao módulo do deslocamento escalar.

d = |∆s| = |sB − sA | (7)

Havendo inversão de sentido no movimento do ponto P , ele percorrerá uma distância maior
que o deslocamento escalar. Nesse caso, escrevemos:

d > |∆s| (8)

Exemplifiquemos: Na figura 4, o ponto material P vai realizar um movimento com inversão de
sentido ao atingir a posição C. Partindo de A, no instante t0 , vai até C, para instantaneamente e
inverte o sentido, voltando para a posição B, onde chegou no instante t1 .

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Figura 4: Exemplo.

• O deslocamento escalar é:

∆s = 6m − 2m ⇒ ∆s = 4m (9)

• A distância total percorrida é:

d = (9m − 2m) + (9m − 6m) ⇒ d = 7m + 3m ⇒ d = 10m (10)

1.4 Velocidade escalar média

Figura 5: Velocidade escalar média.

Uma partı́cula P realiza um movimento numa trajetória conhecida, passando por uma posição
A, no instante t1 , e por uma posição B, no instante t2 , figura 5. Sejam:

• deslocamento escalar: ∆s = sB − sA

• intervalo de tempo: ∆t = t2 − t1

Então, por definição, sua velocidade escalar média é:

∆s
vm = (11)
∆t

1.5 Movimento progressivo e retrógrado

Consideremos um móvel percorrendo uma trajetória orientada e na qual foram inseridas abs-
cissas. Vamos impor também que não haja inversão de sentido no seu movimento.

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1.5.1 Movimento progressivo

Quando o móvel percorre a trajetória no sentido positivo de sua orientação, o seu movimento
é denominado progressivo, figura 6.

Figura 6: Carro em movimento progressivo.

À medida que ele a percorre, as abscissas são crescentes e o deslocamento escalar ∆s é positivo
para qualquer intervalo de tempo, pois:

∆s = sfinal − sinicial (12)

sfinal > sinicial ⇒ ∆s > 0 (13)

Resulta que a velocidade escalar média é positiva, pois:

∆s
vm =
>0 (14)
∆t
Como impusemos que não haveria inversão de sentido, podemos estender a propriedade para a
velocidade escalar instantânea:

No movimento progressivo a velocidade escalar é positiva.

1.5.2 Movimento retrógrado

Quando o móvel percorre a trajetória no sentido negativo de sua orientação, o seu movimento
é denominado retrógrado, figura 7.

Figura 7: Carro em movimento retrógrado.

À medida que ele a percorre, as abscissas são decrescentes e o deslocamento escalar ∆s é

negativo, pois:

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sfinal < sinicial ⇒ ∆s < 0 (15)

Resulta que a velocidade escalar média é negativa, pois:

∆s
<0vm = (16)
∆t
Do mesmo modo, podemos estender a propriedade para a velocidade escalar instantânea:

No movimento retrógrado a velocidade escalar é negativa.

2 Questões propostas
Problema 1) Na Fórmula 1 costuma-se crono- Problema 2) Um automóvel percorre a
metrar trechos da corrida, dividindo-se a pista distância entre São Paulo e Jundiaı́ (60 km) com
em setores. A figura a seguir simula três seto- velocidade escalar média de 40 km/h; entre Jun-
res de uma famosa pista, e na tabela temos seus diaı́ e Campinas (30 km) com velocidade escalar
respectivos comprimentos e o tempo de um carro média de 60 km/h. Qual a velocidade média do
em cada setor. Determine: automóvel entre São Paulo e Campinas?

Problema 3) O segmento de reta AD da figura

mede 36 m. Um ponto material P o percorre,
sem inversão de sentido, desde A até D. No tre-
cho BC sua velocidade escalar média foi 2, 0 m/s
e, em cada um dos outros trechos, de 4, 0 m/s.
Determine a velocidade média no percurso AD.

(a) a distância total percorrida pelo carro,

Problema 4) Um automóvel percorre o seg-
bem como o tempo total decorrido na pas-
mento AB com velocidade constante de módulo
sagem pelos três setores;
v e o segmento BC, de mesmo comprimento,
(b) a velocidade média do carro ao percorrer com velocidade constante de módulo 2v. Assim,
totalmente os três setores. a velocidade média no percurso ABC foi de:

6
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também chegou ao local do encontro às 16 h.

Ambas percorreram a estrada no sentido cres-
cente das abscissas. Determine:

(a) a abscissa do local do encontro;

(a) 3v
(b) a abscissa da posição de onde partiu a se-
(b) 3v gunda pessoa.
2

v
(c) 3 Problema 7) Dois carros A e B movimentaram-

4v
se sobre uma trajetória retilı́nea. Durante o mo-
(d) 3
vimento suas velocidades escalares foram lidas
3v ao longo da trajetória e traduzidas num gráfico
(e) 4
velocidade × posição.
Problema 5) Numa competição, Fernanda na-
dou 6, 0 km e, em seguida, correu outros 6, 0 km.
Na etapa de natação, conseguiu uma velocidade
escalar média de 4, 0 km/h; na corrida, sua ve-
locidade média foi de 12, 0 km/h.

(a) Calcule o tempo gasto por Fernanda para

Figura 8: Velocidade do carro A e velocidade do
nadar os 6, 0 km.
carro B, respectivamente.
(b) Calcule a velocidade média de Fernanda no
percurso total da prova. (a) Classifique o movimento de cada um deles,
em progressivo ou retrógrado.
Problema 6) Duas pessoas combinaram de se
encontrar num determinado ponto de uma es- (b) Qual é a velocidade escalar do carro A na
trada exatamente às 16 h. A primeira saiu do posição x = 3 m?
quilômetro 20 às 14 h e, com velocidade escalar
(c) Qual é a posição do carro B quando sua
média de 80 km/h, chegou ao local do encontro
velocidade escalar foi 3 m/s?
no horário combinado. A segunda, como mo-
rava mais próximo do local, saiu de casa às 15 (d) Em que posição (abscissa) o carro B pa-
h e, com velocidade escalar média de 100 km/h, rou?