Capítulo Livro 2
Capítulo Livro 2
Capítulo Livro 2
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~ · utoriz~ão por rscríto dos ~ itOn!s e autorrs. APRESENTAÇÃO ...............................................................................9
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. . de Cataiogaç.\o na Publiuçjo (CIP).
lrte"NCJ0~1S
comunicação e saúde ........................................................... _......... 11
Igor Sacramento e Julio Cesar Sanches
S!l:ld
sxnmento, lgor
Qisposidvcs de subjetlvaçJo: saúde. rultur a e m fdi.t/ org,mfzaç.:io de
lgOt sw-.imentoe Jullo (Mar 5.Jnches. - Rio de JaMiro : M ult i foco, 2019
PARTE 1: Tramformações nu noções de aaúde e doença
4 22 p. . 23cm. • (Comunicação. Cult\Jra e Saúde: 2).
1ndu1blblioar.ifla
Saúde e doença por um prisma significacional ....... ....... ... ..... .... ..... ... 43
tSBN 978•85·8273·828·3 José Carlos Rodrigues
lorl:. Cme~on Hall. 1<n2 sab ,~ de c:in e mi\ n o inu:,-, do sk-"uJo ~"X
\ fG.-\RELLO l,,(-org~. u- proprc ele ~lt'. Paris. ~<'uil. 1985. Com O advento d o ti.-~grafo C'lt'trlro. a lmprc:n.<.a pas.,;ou a dcsempc-
nh,ir mais tHive memt- a robc-rturn mtemad on..1 Cllls noúclas dJvulgadas
pelas c-omurudaJes nqn t{fü:-3 .s, !':o c-:nt.mt0 , ap<"sar do fervor denttficisla
d,1 r po,:-a, J cl',"í\bcrtas e no , ...u tt>ntl'lí.\S não e ram Jtarontla de e spaço n o-
bre no11 jornais Era llN'<'<S..\ 1'1 0 ruusar frn_pacto o u ~uscltnr alguma cor -
rt5po ndenc rn rorn fato~ ruldo,<tO..'- Quando L0 uls Pasteur anu n cio u a va-
n na anltnábica t>nl julho tle 188$. po, cx.cmplo . u n oticm não ganh o u a
ntl'n,õo du ímpren:..1 do« EUA, onde os casos de rnl va t-ra.m raros. Em
di:-zt"ll'lb·ro do m.-s.rno ano, pon:m. quatro cnaoças for am atacadas por um .fi
·Lachorro lnuco~ cm Nt'wark. Nova jt'rsey. A comoç.ão provocada pelo in- !
agora. a vaci na de Pasteur
d rlt>nh· rca1"rnd~u o lntcres..~ dos jo rnais e,
Pn 1p:na ,is pnmetru.'l 1>agtnas, A disputa por ootorit-dade já mobilizava
l.abornto nos rivais tncluslve ero termos nacionaJistas. c:om o o s de Pasteur
e Robe n Koch. Por sua \'CZ, as notícias cientLficas competiam com O sen -
saciNmh.11no d..1 imprensa (Wamer. 2009. p. t 6). Corno as pnmeims radio-
f.U'M<\5. rcprodw;idas copiosamente J)t'los jornais britânicos e norte-ame-
ricanos após o .tnunclo da descoberta dos raios-X em 1895 (CartwTight.
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rlo~ ac..adtm1co-s, Em JQIO, durnttt<" a CClnv-e,içno P:. ·1, ,i <'fre..J.a a~orntrr1ÇÕN humana► eausu1L110 111fe«M,; e c,:nd<-tn1ab
no., m . '-4UJ,ift l"a F
t:t 'ih u·alaad..a em H-ru;,,.f"la., . emJlc ~lanchai d, lllll do.s precur llQrci d,. r11.-.
A p1 óprta baett'rlr,logia rett.eTou O) prínd p).()1 higtêníro~. { cmw •m
'"" ,....n4r.il e da vara.sHolog1a, ullllzou flJrnagen.i tn1CT,..,......,, ~ da nl'io h.avl.a cura para a tullt'f"culose, a tt-r;,j>é!uliflt dtmM~ do, s.r.-!L,
~~H~- -~~~ ~ rim não foi c01tiatada até :t chcpc.la do$ antibiótico• oo.s éinJJ'$ t<;4{1 Koch
paa rowprovar&e<1s1rncta rfa doença do oono. Até então, Pt<'ViJJe<:1a ~fi
lndícou qu~ o bacilo l'rn transmissível pt'la5 11ecteç~s do, f'nfttmrJ.S ~pie
~iu p;iri's O pr('rollCl.'110 de que o lt'laJ~ia era urn çomportam~I.Q lnerf'lltrr pcrmanttt"rlnm no ar ou sob a podrn, Consequenr.crnetite. a ~ari.a e ,.
am natlvos d;,s i:olóma, fT1nusas na Africa. Blaud1ard se torní\r'~ rn1t desinfecção de pertences ~soa i!J se t.r.,maram r<",g,,~ ck HJ&em- Pút,!tt:.i
ta ÚTfl dr-<
ptln.iettris coru&Jast.u do doema como meio para disserninar inf<tr . · (~rtofh. 2001. p.39). Dif~ente da Imagem do poeta boroilo e acfütk-ado,
de saúde ptíbL,cn. Qyafro anos dcpoiB. fundou a Liga Sanitáría r~ a tubcrculo~ começou a ser vístu como uma doença d0$ opc-t á11o:J qu(' -.e
dll«!a
Conlra a Mosca e o Rato (ligru: Sanítaire Françaibc contre lc M1iuchrt1k · amontoavam em fábricas abafadàs e corHços hualubres.
Rol} t produziu filmo sobre as precauções contra ~~s J.lustres prota_go- A.5s11n. quando não sob .i forma explícita das gra~ rcfonn.&, tu ·
banas que previam o atnra1nt'Tlto de charcos ou a abertwa ~ -,verurun
m5ta.s do ,·,nerna sawtário. aos quais M! uniria um g:ra11dtt elen.co de ,n,,
para arejar as cidades. o hlglenísmo persistiu na assodaçio entre dotnca r-
rey intfrnJIC'ion.ats como o mosquito da ft"bre amare.la e os élJ1cilÔ'i!o~
ckgradaçáo moral que ganharia novos contornos com o advento d.t ntitro
Aw rank ar. filmt>s de Blaoch.a.rd pas:sanaru a preconizar a mwLlnça ét bio logia, Mais tardt', já sob a tuteJa do neollbt-r.a!ísmo. C3sa ~por.dên~
háhtt<t, oo comportamentos como o alcoolismo por meio de rwrativi: era fol ck"Slocada para o campo dn responsab11idade !ndividu.d. :~ t . ~
mora.liuntes (BJoo.rn. 2008. p.106). Como veremos adiao.te, a tt:ndtr-.aà chama<io.s "comportamentos de risco·
moraluante do, filmo educativos em saúde foi acentuada pelos~-i- Para comprttndeT as traruform~ões dos conceitos dt' ~iii:k e d~
mentos da próptta t.rufústri.a cinematográfica quando, a part1t da I C-JJCr.a no sic-ulo XX. pori.1nto, este capitulo apresmta uma anáJist: d.as narraev.u
Mundial, o mrludrama. de origem norte •am.e ricana passou a- dofDJiili, ~ sanitaristas à luz dos melodramas sobre a prevmção t' o tratamc'nto <ÍJ
tubercui~ e dos /iJmrs educativos !iQbre as endemla.& rur.i~ Respen.tva•
s.a1a8 de robícao.
tn('nle, Hope: A Red Crcm Seal Story (fapeTall(a· uma histórta do 5do da
,...;o inicio ,lo século XX, portanto. confiantes no fasci.oiO do ór.n=a
Cruz Vermelha, 1912}. reafü.do pelo!! estádios de 'Jhomas EA:fü,cm pat3 li
31;~" pub.li<..'O. médicos e cient~ decidiram cxpJo~ a nova mid.lil ~ NationaJ Assoc1.atíon for Thc Study and Pr<!Vmlion o f T ~ t s {A3sc-
dlvwg.a.r infurmaçõcs tm larga escala Todavia. com as suas .s.a}as ~ d.açio NaclonaJ de Estudo e Prevenção d.t Tuberculose. ~AS-PTI e a Cr.r.:
mal . ,~;,,:
e vffl111adas. onde 5<' amontoavam plateias nutnt>W~ · if'OW Vermelha. e Lo límpte=a trae lnleno s.alud m.1 Cfnm~ i'irtnl? ~'th
'
0 Cln.tma ' · · ,l<fa~ ~ 1A hmpn4 a.trai sal.Ide, 1944). U4l d~ rul°bU"mettaft!Tl.'S ~ .trut:'...a\-"'10 it
- ~ítnboio do aY..mço ci<mtlfico (! dos 1df!:a1.s da \ ·
. . tnâJ ~11fr.lC> Wa!t D1snt•y Pkturd p;1ra .1 dn1s.ãt> mttmaciar:aJ Ja f und~çà.o , ocldr-i!~
uunbem ~TS-OUitka~•a a antíte~ <los precCJtos h igietustas ª . ..,e:
.11 ......
· 't'' "ar 00 t'Jltusia.;mc. o cmem..i também foi durrunente C()
mJr.i.tido •
..
J P ' IVAÇÁO ,. .~AúD1>, c; u r. rU HA e Mf o r"
5 oi sv s
o1sro~1r1v.i
º
19 6• apresenta intertítulos em francês, além dos logotipos da produtora ~.Disponívtl em: http://t1nemotl'Cll.gov.br!cgi-b111J wxls.exe:iahf?ls.s.Scr1pt•1ahí iah.>.u;&
basr • fl L\ IOGRAflA& lang -P&nextActlon•seard1& exprScarch- 1D• OOO 12 7&form al • de-
tailcd.pft Acesso: ngosto.' 2016.
: Diretor df Os Estranguladores. pnmt'iro filme ficcional bras.ile1ro de suCCWJ·
60 ól
f'.'.j::;r~--,,;,,11,.,_.... O SA UOK, <, U 1, TU li A I'; MI 0 1A
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º'''º I OOR S A(.íl lo/oH N TO M J UL l O <'. E!IAII SAl>ICHl!S (<1H r.S . )
thías fra111:t•sa.s. Duranf(' o guerra I ,
111 d,u compar . , lorern i
/fC$t11lílO • J_1,.,,te 0 ~ seus proprlos filmes, grand · llli)n4
. . . de /erar a ,... . t',5 r
srbilfrodi» . G· urnont viram-se forçadas a substituir 0 P !l(lutl). termo adquiriu na c-uhura contemporânea, ~gundo Ben Singcr, m~elotlra-
Porlre e 'ª seu rna é um estilo qut' apresenta quatro cllracterfstlcas fundamentais ; palha~
rJJ como td dr pela distribulçilo d(' produções norte- Ptinci.
de aúv a . arner·1 lnlenso, emotividade acentuada, polarização moml e efeitos espetaculares
pJJ ramo . odJano se tornaría predominante no tnu . d Cllna,_
dtlo !Jolfywo li o, csp , .
() rno d d 19:io com a lntroduçflo do cint•ma falad ccí.JJ. {20 JJ, p.7).
itnlt "ª déca a e d . fll
n ii.iiadOJ Uru dos rnroduziu a·rca e J.300 mes silencioso~.
. o. Até 19
b 27,
Não necessariamente presentes ou dístribuídas de fonna equilibrada
' ,,o re s· . e cun 5 tantc em um único filme, estas quatro caracterísHcas podem ser
os de doeuças. alcançando milhões de espectadores âa v ,' <l\!de e
pr<'"tnçâo ) E d I C«-s co compreendidas como rnodulaçõa emocionais da narratíva mdodramáti·
, ú uJ (Pemlck, 2008. p.19 . sse es ocamento do ,· tn
um urmo t o . - • eixo da f ca. Mesmo s<1parados, esst's clemenlos estão presentes ern muílos dos pn·
· tognílka afetaria nao apenas a fortnQ., mas as p . , rr-
dustua Clf)etna . ratrca3 dt melros filmei; flcdonais desenvolvidos por associações sanitárias. Assim,
.A illcance dos filmes de saude.
dmrfbui,-.,o e O . . pode-se afirmar que grande parte dessa produção se enquadra na fónnula
NOS.pw . ;,... envolvidos, a guerra deixou um cenarlo desolador \ do 111elodrama (Pemidc., 2008; Posner, 2012).
,.., · I O r"c!Stro
1 ,..,0 somaram -se graves problemas de saúde pública d Na rrança, por volta de 1800, o termo "melodrama• foi usado pela pri-
d Ir
de r5 u 1.« • • • • Clllrc os
.,,.. drmía de gripe esp,urhola e a alta mcldencla de sífilis meira vez para designar a nova forma de expressão teatraJ que surgiu com
qua jsa rw1 • . . · 0 COotro/r
do /luxo de untgmntes, produtos e matcna-pnma nas fronteiras se torn0u 0 fim da censura aos diálogos nas dramatizações populares. O melodrama
objeto de um;i ~rie de conferências das autoridades sanitárias internacto- passa, t'ntão, a ser reconhecidu como um género com estrutura e elemen-
11.'llS (Horhrnan, 199/l, p. 217). Nesse co texto, T11e End of the road (O fim tos próprios. cujos efeitos provocam intensa sobrecarga emocional (Singer,
d.t cçtrada, 1914) e Fit '" jight (Nascido para lutar, 19H) foram filmado, 2013, pp.131-132). A íntensidade das smsações era definida pela polariza·
por meio de uma parceria entre o exército norte-americano e a Assooaç.jo ção entre as personagens principais sem ambiguJdade, as forças do bem
Nacional dt: Higiene para ensinar cuidados preventivos contra a sífilis e e do mal representadas por heróis/ heroínas e vilões eram bem definidas
e o conflito entre elas invariavelmente conduziria a situações extremas,
u gonorreia aos soldados. Após o fim da guerra, porém, novas vcrsõr~ de
capazes, portanto, de estimular diferentes emoções em doses cavalares.
ambos o~ filmes e111rnram em cartaz no circuito comercial._ Essas adapta·
Os vilões deveriam ser tão odiosos quanto os heróis, inocentes. Assim, o
ções c.,iusaram tullJI polêmica· acirrada mio apenas em virtude da tcrnálira
melodrama, tanto na expressividade exagerada dos atores originários das
sexual, nras porque muitos cincr111.1s passaram a explorar exatamente t'3se pantomimas, quanto na reaçào do público, era inteiramente experimenta-
aspec10 dos filmes para atrair o público (ParascandoJa, 2008, p.73). do com o corpo.
Qyando os Estados Unidos incluíram o circuito comercial corno fina· No melodrama de origem francesa, os enredos são movidos por um
/idade dos filmes sobre a preve11ção de doenças venéreas, o discurso cien· poderoso conflito entre personagens das classes populares e da elite. Ã
tífico ~e alrnhou deJlnjtivomente à indústria da publicidade, inaugurando, luz dos eventos de 1789, o melodrama pode ser considerado uma for-
assun, uma nova corúlguraç.ão que também consolidaria a autoridade do ma narrativa inspirada nos ideais revolucionários de soberania popular
médiro (Warner, 2009. p.19). Os primeiros filmes sobre a saúde produzidos e democracia. Les victims cloitrées (As vítímas enclausuradas, 1791) de
nos EUA também rt'correram à comédia e out.ros gêneros que, na época, t Boutet de Monvel é considerada a primeira montagem de um melodrama
ptrmant'.Ciam indefinidos. Da mesma forma. na década de 1910, «melodra· , (Ledger, 2009, p.75), gênero que se consagraria na lnglaterra e nos EUA.
rm( nâo correspondia a um gênero específico. mas a um leque de subgê- , No berço da Revolução Industrial, Charles Dickens se tomou um dos seus
0 maiores representantes. Alinhado com os ideais da Revolução francesa,
llt>ros como os '>ériados de ação, por exemplo. Diferente chi acepção que
u 63
0 1sPOSl flV OS DJ! s u e J ETI VAÇ ÃO: S A U D E
• C L L1 l; íl A E M f u,1\
~5
,,1~rr •~1 r1 • 0 ~ ('S H I RJ !!fJ\'I Ç ÀO ' S.\l' l)E ' . ~Ttr
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1 1U1tt'S das pesquisas de Pasteur e l< . n L I GU!l SA C ílA MF.NTO H J lJ LIO C l, S AJ< 9 1\NCH/d (/JR n S' )
l)r modo gera , 0'-11, S.1I 1
·te bubônica eram co111aglosas e qut- os _ . i «·:.e
a \ áJIOl,1 ,,u a pts . . . • Pronno , qt,,
. . ,,01 ,neio de algum efluvio .invisível PQr n . s doe,
ª' tf!lfl"'rulfrun r- º ,
. ,.\creditava-se que as roupas, len\'Ois e os
IC10 do h
áltt
l1c,i do ar - e sociais. E~tus úhimas estavom reL1cionadru; principalmente aos
da rran.sp1raÇOO,.. . . CJccrt'.'nie 0 e~, co1ll,:os e moradias abarrotados que abrigavam os hnbítantes pobres da
, ta1ninariam os ~ãos. Os samtarlstas simplesn1 . nro~J0 rapttul do lmpério. Dessa forma., o desordenamento urbano e a higiene
enferroof nm · . entl' I 1
i
UIIW j( eia b '
~eneralizada de que as doenças .senam transniítJd
, . os Por
"Plda,a,,, .,, prcrá1ia <las aglomerações eram apontados como ameaç11s à saúde fislca e
., ·semente· Assim, medkos, engenheiros e inarr/str• d ulllii e,. moral da populoçiio. Ern necessário transformar o Rio de J:meiro cm urna
pecle ue _ o a os se u .
e um projeto segundo o qual condições satJs.fato· . nlr:ui, ·mcrrópolc .salubre e moderna• (Benchimol, 1990, pp. l 16·118).
em ronlo J · . . • rins de '
erJOI 11 resposta para erradicar os m1asmas. Conseq·i " >an<' a , Como instrumento estatístico de saber sobre as populações, a medi·
men1o . . . knte,u0,. dna foi intt•grada ao µrojet o de governo das massa~ para organJzar os
1 .1 ,. 5 n11ro aka11 çar esse ob1etlvo Justilkaram a interven . . 11 ~.d1
mcui= ,,,- ,;ao n1~di . corpos 110 espaço liocial. Assim, não é estranho conceber qtic a cr1rninolo-
t"spa{'O urbano e na \'ida privada. Apesi1r da teoria dos gctmes. as ca nn
gla viesse a .srllr ular todo um sistema de vigUánda e controle inspirado
Je ordem •varrer. areJar e es metitr nao smram da ordem do . rai
. d 1-~ tt • , Palav
. h t· dia. l>d no ollinr da clinica. É a partir desse entrelaçamento que podemos falar
rontráno, a ideia do.~ m1asmas se a lm ou per cltamente à teoria de f'll4t~~ de "mcdlcallzaçào". Portanto, a função de "vigilante moral'' que caberá
(fomrs, J9<18, P· J). · aos médicos no sé<'ulo XIX derivou da necessidade política de distinçHo
Na frança, a medicina social assumiu um caráter de control entre os aparatos a serviço da repressão polida! e da assístêrtcia social
e cole11
\O semdhaute ao modelo da quarentena. Os seus principais objetos dt (Poucault, 20040, p.44). Con6cquentementc, o foco das campanhas d,• hi·
a~:.io cons1St11un cm zonas de aglomeração ou risco e em provJdêocins para giene púbHca se volta para as ações individuais, sobretudo as priiticas Jmu·
melhorar a cJrculação da água e do ar. Somente a partir da epidernia de nes ao controle legislativo - os hábllos cultivados na intimidade que não
cvlera em 1832 que a população proletária se tomaria o foco de temo- podem ser modificados por medidas eot·rdtivus romo quarentenas, deten-
ções ou varfnaçõ<.>s compulsórias (Perokk, 1978, p. 21).
res e inter.ençào sanitária. Na Paris do U Império, o l:'Sp11ço urbano fm
No pláno JurfdJco da S<'gunda metade do século XIX, a múltipla ac<.>p-
reorgani.rodo. sepa.rando pobres e ricos por medo de contarnim1çiio (fou-
çilo <lc "doença" - distürbío fislo/ógíco, psíquico ou moral - resultou l'm
nw/t, 2004a, pp. 79·88). Doravante, é necessário desinfetnr, de1indoriwrr
l1mn sfrie de medidas arbilnírias para resguardar a salubridade das clda-
desaglornernr os oper.írios que habitam a cidade (I'errot , 2001, p.3 14). <fes.. Cofncldt"ntc1 com a rcgulamc11tação da profissão médica no lnglatc·r-
~ ,ando a.s classes operárias se tornam a fonte do medo crescente Jo ra, por exemplo, as Leis das Doenças Contagiosas de 1864, 1866 e 18<>9 fo-
cont.-lgill, os corpos passam a ser dassitkados como limpos ou sujos. Ool- ram motivadas pelo aumento dos casos de sífilis entre as tropas. Contudo,
fato, ate então habituado às secreções corporais e aos excrewentos .11imda1 au mesmo tempo, essas medidas tronsformaram a prostJtuíção no "grande
diarfamente nus ruas, adquire uma nova sensibilidade. Surge a indú~inA mal da ~ocíedade". De acordo com as novas leis, policiais e médicos po-
de P<'rfümc-s ~. com ela, a distinçiio social pelo odor (Corbin, 19137). A00 dafom dC'ler quaf~qucr mulheres suspeitas de lti.lnsmltir a sífilis durante
gero das doenças passa a ser atrJbuída ta11to ao umblcnte quanto no cspaÇll llés ou até seis meses. O próprio Jhc Lanci:t conclcunou à detenção de sus-
peitas, como já ocorria em relaçfio aos portadores dn febre Lifóldc (Mort.
waal, onde os mais pobres, inevitavelmente, se tonwríam o foco do~Jlllc·
2000, pp. s:1- 54).
res.m poltctais e sanJtários.
A intervenção crescente do estado sobre o i-orpo gerou resistências.
11Na
No Rio de Janeiro, a medicina social adtjulrlu os cQntornos de luna ·w florcnrir Nightmga.le, pioneira da enfermagem profissional, não partici-
'j " · u!lttJJ1lll
' · m.e, ira - Os foros de insruuhridade se dividiam entre caus.:JS pava abcrtomente dit Ladies Natlonnl A11sociullon for the Repeal of thc:
lim ' ·d , ciJcufaçJt'
1.. ª umc o, pantanos pestilentos, morrQs que obstruiam n
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roina rd com Singer, uma planilha do esttíd.i '- não ,o111nrniná-los. por acaso, a heroú1a cncou trn o.ç panfletos da NASPT e
!k aro o . . . o e1e tct·1 dn Cru1 Vermelha no bolso do paletó do pai. Enquanto o primeiro é um pc·
_ rodução daquele ano nas segwntes cat . son d
dasWica~a a p . . . . . . < egonae e!•. qut•no manual sobre prevenção contra a tuberculose, o scgu11do, cujo titulo
histôrico h1stona iacnmeJante (sob sto ) illcloct '·
drama. dnuna ' . . , . · ry, hist0· . 1•· t ·'cspernnça' (hope), apresenta a dramática imagem de mãos louvando
. .• omédfa pastelao e comedia leve" (20 13 _ ria 'l'lf "
;oe10log1co, c . , p.::i). lJ l.iJ, uma cruz bri lhante, acompanhada por uma citação bíblica: "Aqueles que
. tA;ristas da série. James OppenJ1e11n, era reco .. Ili dus, ..,
C1pa1s ro ..... , . 1u1erido P~.:. viviam nas 1revas avistaram uma intensa luz. E a luz raiou para aqueles
. . ocial' Oppenhrirn tambem e autor do rote · con-,o qu.: viviam nos domínios da sombra da morte" (Ma1cus 4:16).
' escntor s · . • . tro de 11ie ·,
ltrs·ness (o crime da negbgenc1a), propaganda nielod . cri·,,,., Para Miri11m Posner, a sequenC'ia de planos alternados en tre os panfle·
carr .) . . rauiár
segurar1ça P .
:ira os operários de fabnca produzida pela Ect·isou St 1"'1 1c,,,r, tos e a personagem evoca o corpo e a alma, indicando que a ciência se une
il religião pata persuadir (20 12, p. 96). Porém, podemos ampliar ainda mais
1912 (Sloan, 2010, p.37). Embora os filmes da Cniz Vermelha
.• . 1• . ~
Ud105~
P<>ssarn .
. \'J·sta enqWldrar·se como soc10 og1cos ern funça- 0 d '' i>' essa compreensão se levarmos em co nta que essas imagens indicam, sobre·
metro • as quest . ·
w, abordadas e pela inspiração naturalista dos roteiros ~ il!
tudo, a solução para o enigma do contágio de Edith - a usura do paL Aqui, a
e1a.,.,. . .. , esses elern .. polarização moral do melodrama se define com clareza. Edith já não é a ví·
-
sa0 an'es mais conveiuentes aos confütos bem definidos q -er:.,
' ue contnb tima de uma fonte misteriosa de contágio. Como em tantas parábolas bíbli·
ara a fórmula emocional do melodrama. Dentre os quat l!I~
P . - ro elernen; cas. ela passa a carregar no corpo a marca (o miasma) da falta de compaixão
apontados por Singer, portanto, polanzaçao moral e emotiVidade a .0 do banqueiro para com os menos afortunados. Transformada em punição
• t I'tuJos comparad os - H ope Tlie Lo C\'
dà estão presentes nos tres , nn;..
' ne Gam1, divina. a tuberculose pode atingir qualquer um pela via do fracasso moral.
The Tt:mple ofMolodz. · Após ler os panfletos. Edi th decide se internar em um sanatório em
Dirigido por Charles]. Brabin, Hope (1912) tem o roteiro assinado·.,. Nova York, mas o pai, ao descobrir o que se passa, coopera com a Cruz
Oppenhei.JTL A história se inicia no escritório de um banqueiro que • \ Vermelha e const rói um sanatório na própria cidade. No filme. o sanatório
ese.,
citado por carta pela NASPT a comprar os selos para financiar a consti,, é re tratado como um recanto acolhedor, rodeado por uma bela paisagem.
73
72
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lhe w ne Game, filme que encerra a série, é uma adaptação do;:;- • FUNDAÇÃO ROCKFELLER
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,rebrc que Vetn "• Pors é .·
1111
Sf!ltlpre ~ni " sm1i1úrín colonia lista da RockfoUer, enfim , dá adeus à pedagogia do n~a-
certas e ,..,, h~r4
~v1r1 lf1u ito i lb mo científico - que convencia o púb/íco, mas também causava repuba
O qu e voce teni é ~110,
p.11<l adt'rir às estra tégias do cspet:frulo hollywoodíano.
0 utra
<'ti,~ É interessante comentnr outras implicações desse invcslimen lo peda-
((.obaro, 197
earudre/>
~ ·d() góglco sunít.arista na América La tina. Se nos países Jnti no-arnericanos os
-. p, i7,/ íl lrnes da Rockfeller introduziram os valores supremos da ciéncla hlgie·
. bo·lo e redimido co mo indi viduo doente Por . nista internacio nal. o efcílo que eles causaram sobre o público no rte-ame ·
Assun. ora e . . . . . ftle10 da
. ... i·--1.izada 80 uives de const1tutr a personifl,.... .. ~ ric.1110, no co11 trário, foi o de reforçar estereóti pos e preconrd tos, o que
rcsei.iw,a.i n.t-ulca ' .... çao de
P• . caus.,do por uma infeliz hereditariedade. Ele -â .- ijrn n•çu]tou numa intensificação das políticas de "boa vízín hanç·a» do governo
ddlat b101ogico • • • . 1 nao é nia
como uma entre as raças de va nado matiz fo . Hoo~evcl t, pois:
n,to por Loba
to 15
. . ' nttadorc13
·'e e metidas entre o estrangeiro rece nte e O abo .
,fa nacwna 1Idau · . . . n gene de Os fi lmes de saúde para a Amfrka Latma mnmun um fosdn io e
. 1. Lw, sem qualquer fina lidade ex1stenc1aI cna tu,.,.. "·
tabWfülÜ no 110 ,v • " , ' ' " IUcapai
uma repulsa mais amplos cm relação às rulturn.s la tino-amcrica·
0
1 <:,10•, unpenetnívd 11 0 progresso
e\ O11 . Porem, tra ta-se de ur:n corpo
1
ue nas. O especlro da doença e do con tág io retratados de for ma tão
cujo vl!lcr permanecerá negativo.
ameaçadora nesses filme s foi, parn o pú hlr co norte-america no, em ·
t:mk, l'ntre os anos J920 e 1930. a Rockfrller realizaria rnaís flJ.
.\ lati blemátiro de um pt'rigo mais generalizado que Jaz no contato c·orn
mc5 de educação sanitária. dessa vez sobre a malária e a poliomielite. Na cultura~ estrangeiras e part irularmentr 'primitivas' - uma ansieda-
década Jt 1940, Já à beira da eclosão da II Gra nde Guerra, Walt Disncv e de inlensitlcada pelo contato crescente entre os EUA e a América
uma equipe de animadores participaram de uma turnê pela América la- do Sul (... ) atra vés da expansão corpora liva (Cart wright; Go ldfarb.
tina thlanciada pelo governo norte-america no e pela .Fundação RockfeHer. 199 4, p 170).
....__ T " ,. ,- •
..
['íSf t>Sl fi YllS OE ~l t1J ET!\·AÇÃO . ,ç ,H ) !H!, Cll l, T l> RA I! Mf o
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r l'll'rsonagrns alegres e dan,a11tes como _" i t.O A SA C IC ,Hl llNT O M / U I. IO C RS AR S I\ N (.JI BS IO R GS .)
olfllf t('ni.!il d:i Po r . as , 1gu .
. . d~ Disnrv sobre os porns latmo·amerirar1os ras 1ip • •
das alc•gon.i..~ ·• · _ , • . - é c.l, ., 1r<IS
• .J ' n:l e saudávc-1. A segunda, e UJOS membros o· ílss111c,,
lun
ro1t1<' 1r11l. r-- . ca 15 1-.. "11~ : GOLDPARB. Brian. Cultural contagion on Disney's hcallh eduCa·
:bre cm rufm1s. é class1ôc11da como triste, ..,.18
1t ''<ll.Xos h
bitarn um e.~ :l , . ·~ Plia e a. fo r Lati.ri Amerira. ln: SMOODIN, Eric (org.). Dlsney dis-
11011 films
. dt' cbs nersonagens e revelada pt'lo narrador em
.
:\ intrm1aa r- · . . , oJJ- 0cnfcr 1h ,
''<I. course: producfng the magic kirigdom. Nova York: Routledge, 1994,
- •arào positivista, umtado por Zola e outros autores.. na IUr1llOdrJo pp. 169- 180.
de ObSu •, , . , .
Como a doenç-a em foro_e a chsen~r'.ª· r_etratam-se os cuidados co nlis~ CORBJN, Alain. Saberes e odores. São Paulo: Companhia das .Letrns, 1987.
nas. su~ ..., mmúcias.. indumdo o propno ntuaJ . da defecaç:ão, num d·l'Por--43
____ . Bastidores. ln: PERROT, Michelle (org.) História da Vida Privada
" lilJlO "ue vmrula claramente as ideias de pobreza e d JV Da Revolução Fra11cesa à Primeira Guerra. São Paulo:
,r.Oflv -:, • Oenc;a lScur&o
questão de •costumes• (Cartwright; Goldtarb, 1994, p. 177). a ullla Companhia das Lelras, 2001, pp.4 13-61 l.
Ao lonao da animação. fica evidente a ideia de que a cu d COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. Identificar : traços, in-
e .. ra t" det dícios, suspeitas. ln: COURTINE, Jean-Jacques. (org.). História do
o~d:is doenças ('StlÍ fortemente associada a uma mudança de háb· enn,.
' • 1tos 0 Corpo. As Mutações do Olhar: o século XX. Vol. /ll. Rio de Janeiro:
só se pode alcançar pela via do esforço e da responsabilidad . . ' <1Ue
e tndl'vid Vozes, 2008, pp.34 1-36 1.
Como a doença e a pobrt>za são resultados diretos da falta de uaJ.
. - empenho FOUCAULT, Michel. O Nascime11to da Clí11ica. Rio de Janeiro: Graal,
saúde, portanto. toma-se uma cond1çao a ser conquistada por m , . . 'ª 2004a.
ento - ullJ•
gmçi que re pode obter por meio do sacrifício e da boa vontad ª _ _ . O nascimento da medicina social. IN: FOUCAULT, Michel. Micro-
. · e. O cam-
po.oês doenlt", como outrora os habitantes das colônias im~na1· . . física do poder. São Paulo: Graal, 2004b.. pp. 79-98.
• . . r- 1stas. nao
passana ae um pregwçoso. :\sslITl, a doença passa a ser dennida de man . _ __ . História da sexualidade l: A vontade de saber. Rio de Janeiro:
muito próxima à noção contemporàuea do risco: como a conscqu , . eira Graal, 2005.
enc,a d~
sastrosa da adesão deliberada a um estilo de vida prejudicial à saú..J GO1\1ES, Pau.lo Emílio Salles. Cinema: trajetória no subdesenvolvimento.
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