O Ensino de Geografia e o Desafio Da Interdisciplinaridade Na Educação Básica

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qualitativo, recorrendo à literatura

O ENSINO DE  especializada especialmente em textos de


ensino de geografia e de práticas
interdisciplinares na escola. Como resultado
GEOGRAFIA E  principal travou-se um debate centrado nas
diferentes práticas pedagógicas abordadas
numa perspectiva reflexiva e contextuali zada
OS DESAFIOS E  na relação teoria-prática na sala de aula.

DIÁLOGOS  Palavras-chave  
Ensino de Geografia; interdisciplinaridade;
escola pública.

COM AS  ABSTRACT  


The research was supported by Fundação de
PRÁTICAS    Apoio à Pesquisa Carlos Cha gas (FAPERJ),
whose focus emphasizes the different
pedagogical practices of teachers of
INTERDISCIPLI geography, aimed at improving the
teaching-learning pro cess of geography at
public school in Baixada Fluminense. We live
NARES NA  in a globalized society and bombarded by
information that reach us every mo ment by
many media. This dynamism, requires the
ESCOLA  school and the teacher new conceptions
regarding the different pedagogical practices
practiced in class and among them we point
BÁSICA   out the relevance of interdisciplinary
practices. The goal of this research is to
analyse and contextualize the chal lenges of
geography education in the elementary school
on
CléZio dos Santos*  

RESUMO  
A pesquisa teve apoio da Fundação de Apoio
à Pesquisa Carlos Chagas (FAPERJ), cujo
foco enfatiza as diferentes práticas
pedagógicas dos profes sores de Geografia,
visando à melhoria do processo de
ensino-aprendiza gem da Geografia na escola
pública na Baixada Fluminense. Vivemos hoje
numa sociedade globalizada e bombardeada
por inúmeras informações que nos chegam a
todo instante pelas várias mídias existentes. * Professor Adjunto III de Geografia do
Esse dina mismo exige da escola e do Departamento de Educação e Sociedade do
professor novas concepções a respeito das Instituto Multidisciplinar da Universidade Federal
dife rentes práticas pedagógicas praticadas Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), professor do
em sala e dentre elas ressaltamos a Programa de P ó s - G r a d u a ç ã o em
relevância das práticas interdisciplinares. O Geografia (PPGGEO-UFRRJ), pesquisado da
FAPERJ, Pós-Doutor pela Universidad de Buenos
objetivo da pesquisa é analisar e Aires (UBA), Doutor em Ciências pela
contextualizar os desafios do ensino de Universidade Estadual de C a m p i n a s ( U N I
geografia na escola básica diante da C A M P ) , Mestre, Bacharel e Licenciado em
necessidade cada vez maior das práticas Geografia pela Universidade de São Paulo (USP).
interdisciplinares. A pesquisa é de cunho cleziogeo@yahoo. com.br.
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the increasing need of interdisciplinary practices. The research
is of a qua litative nature, using specialized literature especially
in geography educa tion texts and of interdisciplinary practices
in school. As a result main waged a debate centered on the
different pedagogical practices addressed in a reflective
perspective and contextualized in relation theory-practice in the
classroom.

Key-words  
Geography education; interdisciplinarity; public school.

INTRODUÇÃO  

A​pesquisa integra o projeto ​O Ensino-Aprendizagem da Geogra ​

Práticas disciplinares, interdisciplinares e transversais


fia e as

na Escola Básica ​e conta com o apoio da Fundação de


Apoio à Pesquisa Carlos Chagas (FAPERJ) via Edital de Apoio as
Escolas Públicas no Estado do Rio de Janeiro em parceria com o
Instituto Multi disciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro e do Colégio Estadual Engenheiro Arêa Leão no
Município de Nova Iguaçu, localizado na Região Metropolitana do
Rio de Janeiro.
O projeto surge da necessidade de reflexão das práticas
pedagógicas dos professores de Geografia das escolas públicas
da Região Metropolitana do Rio de Janeiro em especial a área
denominada de Baixada Fluminense, bem como fomentar as
possibilidades dos diálogos disciplinares, interdisciplina
res e transversais no espaço escolar tendo a Geografia como carro
chefe. A pesquisa tem como objetivo principal discutir as
diferentes práticas pe dagógicas dos professores do Ensino Médio
da Escola Pública e em especial dos professores de Geografia,
visando à melhoria na efetivação do processo de
ensino-aprendizagem e ampliação da relação Universidade e
Escola Pú blica.
A metodologia utilizada é embasada no referencial teórico da
área de Educação e do Ensino de Geografia, especialmente em
trabalhos focados nas práticas docentes e na análise dos
questionários aplicados aos professo res do Ensino Médio da
escola envolvida na pesquisa. Dentre os referencias destacam-se:
Capel (1988), Libâneo (2000), Cavalcanti (2005, 2011), Morin
(1990, 2002), Fazenda (2005, 2008); Pontuschka, Paganelli e
Cacete (2007) e Santos (2013).
Como resultado principal, apresentamos uma análise centrada
nas di ferentes práticas pedagógicas abordadas por meio do
referencial teórico e dos questionários aplicados aos professores
de Ensino Médio do Colégio Estadual Engenheiro Arêa Leão
numa perspectiva reflexiva e contextuali zada. Evidenciamos a
relação teoria-prática com suas práticas disciplinares,
interdisciplinares e transversais no cotidiano escolar.

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A ideia do trabalho interdisciplinar no ensino regular continua sendo


uma prática desafiadora. Propostas para sua efetivação vêm
encontrando resistências nas salas de aula, sejam elas
conscientes ou não, com reflexos diretos no trabalho dos
professores e na rotina dos estudantes, assim como no processo
de ensino-aprendizagem.

As práticas Interdisciplinares dos professores da escola bá- ​


sica  
A interdisciplinaridade surge no século XX como um esforço de superar
a especialização da ciência, além de superar a fragmentação do
conhecimen to em diversas áreas do estudo e pesquisa. Em
síntese, podemos dizer que a interdisciplinaridade é a integração
de duas ou mais áreas curriculares com o objetivo de gerar
conhecimento, formulando assim um saber crítico-refle xivo no
processo de ensino-aprendizagem.
No Brasil, a difusão da desta metodologia deu-se a partir da Lei de Dire
trizes e Bases, nº 5.692/71. Sendo posteriormente reforçada pela
nova LDB nº 9.394/96 e com os PCNs.
No ensino da Geografia, a interdisciplinaridade pode se materializar em
diversos ramos do conhecimento como a arte, a música, o cinema
e a lite ratura. Neste último, ocorre uma sinergia com textos
literários de grandes autores brasileiros, como Machado de Assis,
Jorge Amado, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Guimarães
Rosa, entre outros. Esses autores citam, em algumas de suas
obras, paisagens do Brasil, aspectos culturais e sociais da so
ciedade brasileira, podendo assim correlacionar com o conteúdo
geográfico ministrado em sala.
De acordo com Frederico e Teixeira (2009, p. 2):
[...] a interdisciplinaridade deveria ser uma proposta
curricular elaborada em conjunto com todo o corpo
escolar objetivando algo único que venha a oferecer
perspectivas positivas na vida do aluno e melhorias
no ensino e em sua qualidade de vida refletindo-se
na comunidade em que este está inserido, sendo uma
constante no cotidiano educacional. Dessa forma acre
ditamos que a utilização de recursos como os textos li
terários e as composições musicais em suas diferentes
expressões são importantes instrumentos para a aproxi
mação do conteúdo geográfico do cotidiano do aluno e
que o mesmo pode ser oferecido com uma abordagem
interdisciplinar.
Ao se apropriar de conhecimentos de outras áreas que não são do do
mínio do professor, ele tende a encontrar dificuldades para a
elucidação do caso em questão. Porém, na busca pelas
respostas, o professor pode sanar esse déficit de conhecimento
com seus colegas, fato este que pode estimular ainda mais o
processo.
Na busca pela prática interdisciplinar, o professor acaba por se tornar
pesquisador, sendo a pesquisa interdisciplinar diferente das
demais, pois, segundo Fazenda (2005, p.5):

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[...] a pesquisa interdisciplinar distingue-se das demais


por revelar na sua forma de abordagem a marca regis
trada do pesquisador. O exercício de buscar a marca
registrada envolve uma viagem interior, um retrocesso
no tempo, em que o autor ao tentar descrever a ação
vivenciada em sua história de vida identifica-se com seu
próprio modo de ser no mundo, no qual busca o en
contro com sua metáfora interior.
Portanto, pesquisa interdisciplinar é um ato que surge de
dentro para fora, pois antes de pesquisar, o pesquisador irá
descobrir qual o seu papel na sociedade. Assim, percebe-se
pesquisador aquele que cria os instrumen tos, conhece suas
funcionalidades e sabe o propósito para o qual aquele instrumento
foi criado. Dessa forma, ao descobrir as suas particularidades, o
professor acaba transmitindo essa metodologia e também estimula
o aluno a aflorar sua real identidade, tendo como consequência o
afloramento das aptidões destes alunos.
Neste tipo de pesquisa, descobrimos que o todo é maior que a
soma das partes, descobrimos novas formas de conhecimento.
Renovamos nos sas práticas e nos tornamos mais críticos de nós
mesmos, terminamos por tornarmo-nos um professor reflexivo.
Ao longo do presente texto, discutimos a ideia de
interdisciplinaridade na pesquisa e no ensino essencialmente a
partir dos estudos de Ivani Cata rina Arantes Fazenda e Ulisses
Ferreira de Araújo. No decorrer do texto, percebemos que várias
ideias apontadas pelos autores convergem ao consi derarem a
interdisciplinaridade como um conceito que contribui em vários
aspectos para superar a fragmentação dos conhecimentos. Em
vista do que foi aqui discutido, portanto, não se pode negar que o
movimento pela in terdisciplinaridade – em curso desde a década
de 1960 – possibilitou uma importante reflexão sobre a falta de
interligação entre as disciplinas que compõem tanto o currículo
escolar quanto o universo da pesquisa científica.
Para se trabalhar em uma perspectiva interdisciplinar, por
conseguinte, os saberes já produzidos – que muitas vezes
permanecem separados uns dos outros – a interdisciplinaridade
como possibilidade de diálogo e o trabalho coletivo no campo da
pesquisa e da educação devem integrar-se. Diante dis
so, o movimento pela interdisciplinaridade pode ser visto como
uma forma de promover o diálogo entre conhecimentos, que não
mais são tomados de maneira fragmentada, e passam a colaborar
mutuamente para o enfrenta
mento dos problemas complexos que nos são colocados pela
realidade. Esse diálogo refere-se não apenas à interação entre
duas ou mais discipli nas, mas pressupõe o trabalho em conjunto,
que pode ocorrer tanto entre pesquisadores quanto entre
professores na escola. Esse trabalho coletivo é, ao mesmo tempo,
uma maneira de reconhecer as limitações dos campos
disciplinares e uma forma de buscar um conhecimento que só
pode ser pro duzido a partir da articulação.
O princípio que embasa essa concepção de
interdisciplinaridade é o de que nenhuma área do conhecimento
pode ser considerada completa por si só. Tal princípio, no entanto,
não significa que o movimento pela

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interdisciplinaridade é anti-disciplina ou que tem por objetivo


integrar todos os saberes existentes em busca de um
conhecimento completo. Essas são visões dicotômicas que
frequentemente ocasionam mais confusão do que esclarecimentos
sobre o conceito de interdisciplinaridade.
Segundo Pátaro e Bovo (2012, p. 60):
Reconhecer a necessidade de integração entre os dife
rentes saberes não significa abandonar as disciplinas
tradicionais, da mesma forma que a interligação entre
disciplinas não significa almejar um conhecimento
completo e totalizante. Ao contrário disso, na concep
ção de interdisciplinaridade abordada neste texto, as
disciplinas tradicionais não perdem sua importância
e são vistas em suas relações de complementaridade e
interdependência.
Tal ideia, dos autores, está baseada no pensamento complexo proposto
por Morin (1990, 2002), que reconhece a importância do estudo
disciplinar, embora destaque sua insuficiência em explicitar a
complexidade da realida de.
No âmbito da educação, tais ideias se traduzem em propostas que al
mejam não só a integração entre as clássicas disciplinas
escolares, como também a mudança na ênfase frequentemente
dada ao ensino. Ainda que sejam apontadas limitações no alcance
da ideia de interdisciplinaridade atu almente, como destaca Araújo
(2003), podemos afirmar que o pensamento interdisciplinar na
educação proporciona as bases para um questionamento que
pode ser assim resumido: como a escola pode vir a se conectar
com a vida das pessoas e priorizar o estudo dos problemas
sociais considerados relevantes para a transformação da
sociedade?
A interdisciplinaridade, muito embora não ofereça todas as respostas a
esse questionamento, abre caminho para o trabalho coletivo, que
fornece as bases para um trabalho pedagógico cujo objetivo é a
aproximação entre as disciplinas escolares e as questões
relacionadas à vida cotidiana de alunos e alunas. É esse trabalho
coletivo que pode ajudar a conectar as disciplinas curriculares com
a vida das pessoas, mantendo a escola aberta à complexi dade e
disponível às questões transversais presentes na sociedade em
que vivemos. Embora apresente limites, a interdisciplinaridade
pode nos ajudar, portanto, a considerar uma dupla necessidade de
reorganização das práticas A interdisciplinaridade como
possibilidade de diálogo e trabalho coletivo no campo da pesquisa
e da educação escolares. Ao mesmo tempo em que é im portante
favorecer a interligação metodológica entre os saberes
disciplinares – tanto na escola quanto na pesquisa –, também é
essencial questionar quais os tipos de conhecimento que a ciência
vem produzindo em seus aspectos epistemológicos.
Para Pátaro e Bovo (2012, p. 61):
Dessa maneira, a intenção é ir além da interdisciplinari
dade como relação entre saberes e promover um debate
sobre a falta de contextualização da ciência ao deixar de
lado as temáticas e problemas que afetam a maioria das

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pessoas, o que se reflete em uma escola que acaba por


trabalhar com conhecimentos distantes da realidade de
seus estudantes. Diante disso, ao invés de se preocupar
com a transmissão de informações isoladas, a escola po
deria trabalhar com as disciplinas de modo que alunos
e alunas aprendam a articulá-las para identificar e atuar
sobre os problemas da realidade em que vivem.
Assim, compactuamos com os autores anteriores que a ideia
de interdis ciplinaridade pode auxiliar a repensar não só os
modelos científicos pauta dos na ótica disciplinar, como também os
objetivos da educação, que passa ria a se preocupar com a
formação global do ser humano, para além da mera
transmissão de conhecimentos. É importante destacar, no entanto,
que o diálogo proposto pela interdisciplinaridade deve ser
pensado enquanto uma necessidade e não enquanto modismo.
Destacamos também que não se trata de considerar o pensamento
in terdisciplinar como uma salvação para os problemas presentes
na educação, mas como uma perspectiva que oferece caminhos e
reflexões para superar certos modelos de ciência e de educação
fortemente influenciados pelo pen samento cartesiano e
simplificante, presente nas práticas disciplinares.

O curso de extensão: uma tentativa de efetivar práticas inter- 


disciplinares na escola  
Pensando no planejamento dos conteúdos disciplinares a
serem ensi nados e aprendidos – assim como as estratégias
metodológicas das aulas – elaboramos uma série e oficinas,
levando em conta o currículo referente à idade/série. Os estudos
são registrados coletiva e individualmente pelos estudantes, com
o auxílio do(a) professor(a), evidenciando a autoria dos(as)
alunos(as) no que diz respeito ao projeto desenvolvido e aos
conhecimentos construídos.
Ao longo do projeto Ensino-Aprendizagem de Geografia e suas
Práticas Disciplinares, Interdisciplinares e Transversais da Escola
Básica, as questões vão sendo respondidas e a temática
transversal vai sendo relacionada, simul taneamente, com as
vivências dos estudantes e com os conteúdos escolares.
Realizamos no segundo semestre de 2014 o curso de
Extensão denomi nado de ​A Relevância das Práticas
Interdisciplinares no Ensino de Geo grafia na Escola Básica​,
que surge da necessidade de reflexão sobre o mate rial didático
disponível nas escolas, bem como no desenvolvimento de um
material que colabore como subsídio para o processo
ensino/aprendizado, contendo estratégias metodológicas para o
ensino - a serem desenvolvidas no espaço da sala de aula - que
auxiliem educadores e educandos. O curso é uma das ações
realizadas pelo projeto FAPERJ.
O objetivo do curso foi ampliar as oportunidades de reflexão
sobre as práticas escolares desenvolvidas, proporcionando a
organização de um mate rial que possa apoiar professores e
alunos nas aulas de Geografia, utilizando uma metodologia
interdisciplinar. Está baseado no desenvolvimento de prá ticas
metodológicas capazes de auxiliar alunos e professores na
construção da aprendizagem efetiva.

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O ENSINO DE GEOGRAFIA E OS DESAFIOS E DIÁLOGOS COM AS PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES NA ESCOLA BÁSICA  

O curso de extensão oferecido constitui espaços educativos em que pes


quisas realizadas ao longo do projeto subsidiaram o registro e a
reflexão sobre vários temas.
A duração do curso foi de dois meses (de outubro a novembro de 2014),
sendo realizados 3 encontros presenciais (com 4 oficinas) e 1
estudo do meio, totalizando 24 horas de atividades. Neste texto
vamos destacar apenas o resultado da primeira oficina.
O público participante foi alunos e professores do Colégio Estadual
Arêa Leão. Em cada atividade foram oferecidas 40 vagas e não foi
necessário fazer a inscrição com antecedência.
A equipe da FAPERJ do curso de extensão foi composta pelos seguintes
membros: Clézio dos Santos, Hugo Junior Alves Moreira, Noemi
Silva Pa chu Gomes da Silva, Tiago Vinícius de Souza Nunes,
Flávia da Silva Souza, Camila Vianna de Souza e Tatiane Barros.
Equipe de apoio: Cristiano Alex da Silva e Sílvia Maria Varela de
Souza

1º Encontro (14/10/2014 - Terça-feira) - TURMA A: 09h00 às   


11h00 e TURMA B: 11h00 às 12h00.  
A primeira oficina teve como tema: ​Estudo do Meio no Ensino de Geo
grafia ​. Procurou discutir sobre as Práticas Disciplinares e
Interdisciplinares e abordar o Estudo do Meio enquanto
metodologia interdisciplinar na esco la. Atividade: Desenho dos
diferentes espaços (urbano e rural). Veja figura 01. Responsável:
Equipe da FAPERJ.

Figura 01: Oficina Estudo do Meio no Ensino de Geografia realizada no


Arêa Leão, em Nova Iguaçu - RJ ​
Colégio Estadual ​ Fonte: SANTOS, 2014.

Os desenhos do espaço urbano destacando elementos sistematizados e


ícones do espaço urbano, destacando as edificações, ruas com
muitos au tomóveis, pessoas circulando. O adensamento espacial
está presente. Estes elementos estiveram em 85% dos desenhos
feitos durante as duas oficinas

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realizadas no Colégio Estadual Arêa Leão. Podemos constatar nos


desenhos A e B. Veja figura 02.
Os outros 15% apresentam desenhos que fogem das
representações já comentadas anteriormente, como o desenho F,
onde temos uma representa ção que se difere muito das demais,
em que é representada a praia com um calçadão e uma avenida,
indicando a presença do urbano, além de elemen tos que não
apareceram em outros desenhos como o guarda-sol e a cadeira
de praia (vazia). Destaca-se também nesse desenho a presença
humana indi cada por uma pessoa nadando no mar e um barco
com outra pessoa.
Figura 02. Desenhos do espaço
urbano A e B.
Fonte: SANTOS, 2014.

Uma via de circulação muito intensa está presente na maioria


dos dese nhos. Quando indagados sobre eles, alguns alunos
indicavam a presença de avenidas e outros indicavam claramente
a Rodovia Presidente Dutra, que está bem próxima ao Colégio
Estadual Arêa Leão, cerca de 300 metros. Esta via tem uma
relação direta com o bairro e até mesmo no cotidiano dos alu nos.
Os desenhos do espaço rural se mostraram mais distantes dos
alunos, prevalecendo como podemos ver nos desenhos C e D, na
Figura 03, um espaço bucólico e até mesmo romântico,
ensolarados, com céu azul, animais e pequenas casas. Um
espaço amplo sem aglomeração e elementos.
O desenho D representa um espaço rural com plantações e
criações de animais delimitados por cercas, um exemplo de
organização espacial da pro dução do espaço rural, mesmo que a
maioria desses alunos não vivenciem isso em seu cotidiano.

Figura 03. Desenhos do espaço rural


C e D.
Fonte: SANTOS, 2014.

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O ENSINO DE GEOGRAFIA E OS DESAFIOS E DIÁLOGOS COM AS PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES NA ESCOLA BÁSICA  

A segunda oficina Reserva Biológica do Tinguá (TURMA – B: 09h00


às 11h00 e TURMA – A: 11h00 às 12h00) teve como objetivo
principal despertar o sentimento de pertencimento nos estudantes
do ensino médio e também residentes na Vila de Tinguá a partir
da percepção dos próprios mo radores em relação à Rebio Tinguá,
no município de Nova Iguaçu/RJ, a par tir dos dados da pesquisa
realizada no bairro durante os anos de 2012/2014. A responsável
foi Sílvia Maria Varela de Souza.

2º Encontro (30/10/2014 - Quinta-feira) – TURMA: 14h00 às   


16:00h.   
Na oficina ​A Cidade no Ensino de Geografia: Uma Abordagem Inter
disciplinar ​discutiu-se como a concepção de cidade aparece no
ensino de geografia e contextualizou novas formas de abordar a
cidade na geografia de forma interdisciplinar. Responsável:
Equipe da FAPERJ.

3º Encontro (04/10/2004-Terça-feira) - TURMA – 9h00 às   


17h30.  
A oficina ​O Bairro da Posse: Lugar e identidade ​trabalhou o bairro
da Posse enquanto lugar e identidade dentro do município de
Nova Igua çu, destacando suas características ímpares de seu
cotidiano. Responsável: EQUIPE FAPERJ.

4º Encontro (28/11/2014 - Sexta-feira) - TURMA – A partir   


das 09h00.  
Neste quarto encontro foi realizada uma atividade denominada ​O Estu
do do Meio Integrado​, cujo objetivo foi realizar um Estudo do
Meio Integra do no Instituto Multidisciplinar da UFRRJ com
Campus de Nova Iguaçu, com alunos do Colégio Estadual Arêa
Leão, destacando práticas interdisci plinares rumo a um ensino
integrado. Responsável: Equipe da FAPERJ.

CONSIDERAÇÕES FINAIS  
Ao longo do texto foram apresentados os pressupostos teóricos da prá
tica em discussão, discorrendo-se sobre a teoria da complexidade
presentes na obra de Morin (1990, 2002), bem como a ideia de
interdisciplinaridade de Fazenda (2005, 2008), Araújo (2003) e
Pátaro e Bovo (2012); e o ensino de geografia com Cavalcanti
(2005, 2011); Pontuschka, Paganelli e Cacete (2007), Frederico e
Teixeira (2009) e Santos (2013). Por fim, apresentou-se
brevemente as atividades desenvolvidas no projeto ​O
Ensino-Aprendizagem de Geografia e suas Práticas
Disciplinares, Interdisciplinares e Transver sais da Escola
Básica​, destacando a realização de um curso de extensão no
Colégio Estadual Arêa Leão, buscando demonstrar de que forma é
possí
vel um trabalho que articule conteúdos disciplinares,
interdisciplinares e transversais, a partir de um planejamento que
– por abrir-se às incertezas – possibilita a inserção de conteúdos
não inicialmente previstos, de acordo com as necessidades
dos(as) alunos(as) e com a intencionalidade do docente.

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Destaca-se a relevância de ter professores do Colégio no grupo do


projeto da FAPERJ.
Com esse caminho buscou-se a reflexão acerca de
possibilidades de tra balho voltadas à formação para a cidadania e
ao ensino de qualidade na escola que contemple uma maior
aprendizagem dos conteúdos por parte dos estudantes da escola
básica no Brasil. Tem-se consciência de que a pro posta
apresentada não é única, e que as experiências aqui discutidas
seriam passíveis de questionamentos, a partir de novas
perspectivas. Consideramos, entretanto, que a discussão abre
novas portas para que possamos refletir o trabalho que vem
sendo desenvolvido nas escolas, em busca de novos rumos para
a educação e o ensino.
A discussão apresentada entre as diferentes práticas
disciplinares e inter disciplinares dos professores da Escola Básica
acena para um diálogo dese jado, porém ainda pouco efetivado
entre as diferentes práticas docentes em projetos comuns visando
à melhoria na efetivação do processo de ensino- -aprendizagem
na escola pública. Esse desejo gera novos desdobramentos como
novas pesquisas no campo do currículo das escolas básicas no
Estado do Rio de Janeiro.
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