Manual de Propaganda Eleitoral e Poder de Policia Eleicoes 2022
Manual de Propaganda Eleitoral e Poder de Policia Eleicoes 2022
Manual de Propaganda Eleitoral e Poder de Policia Eleicoes 2022
MANUAL DE
PROPAGANDA ELEITORAL
E PODER DE POLÍCIA
Corregedor Regional Eleitoral
Des. Raimundo Nonato Silva Santos
Secretário da Corregedoria
Pedro Bruno Trigueiro
Equipe responsável
Elaboração
Caio Silva Guimarães
Revisão
Secretaria da Corregedoria Regional Eleitoral - SCR
Diagramação
Seção de Editorações e Publicações - SEDIT
Manual de propaganda eleitoral e poder de polícia [recurso eletrônico] / Tribunal Regional Eleitoral do Ceará.
Secretaria da Corregedoria Regional Eleitoral. - Dados eletrônicos (1 arquivo : 135 p.). - Fortaleza: TRE-CE, 2022.
1. Propaganda Eleitoral – Brasil 2. Justiça Eleitoral – poder de polícia – propaganda eleitoral. 3. Justiça Eleitoral –
Ceará. 4. Eleições – Brasil – 2022. I. Brasil – Tribunal Regional Eleitoral (CE) – Secretaria da Corregedoria Regional
Eleitoral.
CDU: 342.849.2
SUMÁRIO
1 PROPAGANDA POLÍTICA_________________________________________________ 8
1.1 Conceito__________________________________________________________________ 8
1.2 Espécies de propaganda política____________________________________________ 8
1.2.1 Propaganda partidária______________________________________________________ 8
1.2.2 Propaganda intrapartidária__________________________________________________ 9
1.2.2.1 Prévias partidárias________________________________________________________ 12
2 PROPAGANDA ELEITORAL_______________________________________________ 13
2.1 Conceito__________________________________________________________________ 13
2.2 Princípios_________________________________________________________________ 13
2.2.1 Princípio da liberdade______________________________________________________ 13
2.2.2 Princípio da legalidade_____________________________________________________ 13
2.2.3 Princípio da responsabilidade_______________________________________________ 14
2.2.4 Princípio da igualdade formal_______________________________________________ 14
2.2.5 Princípio do controle judicial sobre a propaganda______________________________ 14
2.2.6 Princípio da veracidade____________________________________________________ 14
2.3 Classificação______________________________________________________________ 14
2.3.1 Quanto ao modo de veiculação da mensagem________________________________ 14
2.3.2 Quanto ao conteúdo da mensagem_________________________________________ 14
2.3.3 Quanto à conformidade legal_______________________________________________ 14
2.4 Propaganda eleitoral irregular______________________________________________ 15
2.4.1 Em razão da forma________________________________________________________ 15
2.4.2 Em razão do conteúdo____________________________________________________ 15
2.4.3 Em razão do tempo_______________________________________________________ 15
2.4.4 Em razão do local_________________________________________________________ 15
2.5 Formas de controle da propaganda_________________________________________ 15
2.5.1 Controle jurisdicional_______________________________________________________ 15
2.5.2 Controle administrativo_____________________________________________________ 15
2.6 Competência_____________________________________________________________ 15
2.7 Período da propaganda eleitoral____________________________________________ 16
2.7.1 Propaganda eleitoral em geral_______________________________________________ 16
2.7.2 Propaganda eleitoral no rádio e na TV________________________________________ 16
7 DIREITO DE RESPOSTA__________________________________________________ 84
8 DISPOSIÇÕES PENAIS NA PROPAGANDA ELEITORAL___________________ 89
8.1 Crimes em espécie________________________________________________________ 89
8.1.1 Propaganda no dia da eleição e boca de urna_________________________________ 89
8.1.2 Uso de símbolos e imagens associadas a órgão do governo____________________ 90
8.1.3 Divulgação de fatos inverídicos______________________________________________ 90
8.1.4 Calúnia na propaganda eleitoral_____________________________________________ 90
8.1.5 Difamação na propaganda eleitoral__________________________________________ 90
8.1.6 Injúria na propaganda eleitoral______________________________________________ 90
8.1.7 Inutilizar meio de propaganda devidamente empregado_______________________ 91
8.1.8 Impedir o exercício da propaganda__________________________________________ 91
8.1.9 Utilizar organização comercial para aliciamento de eleitores_____________________ 91
8.1.10 Corrupção eleitoral_______________________________________________________ 91
8.1.11 Denunciação caluniosa eleitoral_____________________________________________ 92
11 RECOMENDAÇÕES_____________________________________________________ 115
11.1 Realização de reunião com a equipe de fiscalização de propaganda___________ 115
11.2 Realização de reunião com envolvidos na propaganda eleitoral_______________ 115
11.3 Distribuição de espaços para eventos eleitorais_____________________________ 115
11.4 Convênios para retirada de propaganda irregular____________________________ 115
11.5 Consulta aos ementários temáticos_________________________________________ 115
1.1 Conceito
Propaganda política é a propaganda dirigida à sociedade – em sua parcela detentora de direitos
políticos – com finalidades públicas diversas.
Para o TSE, a propaganda política deve ser considerada como toda a forma de realização de
meios publicitários que têm por objetivo conquistar simpatizantes ao conjunto de ideias de um
partido e garantir votos.
Interessante conceito de propaganda política possui Wolney Ramos, em sua obra Propaganda
Política, que a exprime como “instrumento para a sustentação ou conquista do poder com a con-
sequente manutenção dele por uma pessoa, grupos ou entidades, ou também para a divulgação
e adoção de um sistema ou ideologia política”.
A propaganda institucional, que visa difundir os atos e os programas do Poder Público, é a mo-
dalidade por meio da qual os entes da Administração Pública publicam seus atos de gestão, pro-
gramas governamentais e obras públicas, objetivando levar ao conhecimento do cidadão os atos
e decisões que a lei obriga à publicidade oficial, e por isso, a maioria da doutrina não a considera
espécie de propaganda política.
A propaganda partidária, anteriormente extinta pela Lei nº 13.488/2017, retornou à vigência com
a promulgação da Lei nº 14.291/2022, agora apenas sob a forma de inserções em rádio e TV,
sem o uso do formato de transmissão em rede, nos termos regulamentados pela Resolução TSE
nº 23.679/2022.
A divisão do tempo entre os partidos é feita de acordo com o desempenho de cada legenda nas
últimas eleições gerais, realizadas em 2018.
Os partidos que elegeram mais de 20 (vinte) deputados federais terão direito a 20 (vinte) minutos
semestrais, para inserções de 30 (trinta) segundos nas emissoras de redes nacionais, e a igual
tempo, nas estaduais.
ELEIÇÕES 2022 MANUAL DE PROPAGANDA ELEITORAL E PODER DE POLÍCIA 8
Aqueles partidos que têm entre 10 (dez) e 20 (vinte) deputados eleitos poderão utilizar 10 (dez)
minutos por semestre para inserções de 30 (trinta) segundos, tanto nas emissoras nacionais
quanto nas estaduais. Já as bancadas compostas por até 9 (nove) parlamentares terão 5 (cinco)
minutos semestrais para a exibição federal e estadual do conteúdo partidário.
Prevista no art. 36, § 1º, da Lei nº 9.504/1997 e na Resolução TSE nº 23.457/2015, trata-se da
propaganda permitida ao postulante à candidatura a cargo eletivo, na quinzena anterior à esco-
lha pelo partido, com vistas à indicação de seu nome. Após a inovação trazida pela Resolução
TSE nº 23.551/2017, também poderá ser realizada durante as prévias partidárias.
É aquela realizada pelo filiado de um Partido Político, no período para isso indicado pela
lei, visando a convencer os correligionários do partido, participantes da convenção para
escolha dos candidatos, a escolher o seu nome para concorrer a um cargo eletivo, numa
determinada eleição. (GOMES. José Jairo. Direito Eleitoral. 9ª edição. São Paulo: Atlas,
2013, p. 370).
Essa propaganda pode ser realizada mediante afixação de faixas e cartazes em local próximo
à convenção, com mensagem aos convencionais, sendo vedado o uso de rádio, televisão e
outdoor, devendo ser retirados logo após a respectiva convenção (art. 36, § 1º, da Lei
nº 9.504/1997).
Há decisões de cortes eleitorais permitindo o envio de e-mails para a divulgação de propaganda
intrapartidária, desde que as mensagens sejam enviadas apenas aos filiados do partido político.
Caso algum pré-candidato faça uso do envio de mensagens eletrônicas em massa (spam), dire-
cionando-as também a eleitores não filiados ao partido, poderá ser configurada a realização de
propaganda eleitoral extemporânea.
[…] O trecho acima transcrito revela que a mensagem divulgada foi além de um convite
para a convenção municipal, sequer havia candidato a prefeito a ser escolhido na refe-
rida convenção, pois o recorrente já figurava como candidato à reeleição para o cargo,
inclusive seu jingle foi veiculado na mensagem, motivo pelo qual não se pode falar em
mero convite para convenção.
Com efeito, a mensagem divulgada via carro som favoreceu a legenda e o já pré-candi-
dato ao cargo de prefeito, ora recorrente, visto que seu número e seu jingle foram divul-
gados antecipadamente, gerando desequilíbrio na corrida eleitoral.
Nesse compasso, não há razões para alterar a conclusão da sentença do Juízo a quo. O
conjunto probatório constante nos autos demonstra que o recorrente descumpriu norma
eleitoral relativa à propaganda, especificamente os artigos 36 e 36-A da Lei nº 9.504/1997.
[…]
No caso dos autos, a mídia acostada aos autos (fl. 12) comprova que o representado
claramente extrapolou os limites legais para divulgação da convenção municipal partidá-
ria. Evidentemente, o carro-som já propicia ampla divulgação do evento para escolhas
dos candidatos, contudo, não foi realizado apenas o convite para a convenção, mas sim
verdadeira propaganda eleitoral, visto que foi massivamente divulgado o número com o
qual o recorrente concorreria ao cargo de prefeito.
Desta feita, considerando que o objetivo do convite direcionado à população não é so-
mente divulgar a convenção para escolha dos candidatos, mas converteu-se em ver-
dadeira propaganda do recorrente, esta Relatoria entende ser correta e necessária a
aplicação da sanção cabível, qual seja a reprimenda prevista no art. 36, § 3º, da Lei nº
9.504/1997.
Tendo em vista a existência de provas contundentes que conduzam à certeza do come
timento do ilícito, constata-se que restou devidamente configurada a prática de conduta
vedada capaz de beneficiar um candidato em detrimento de outros, violando o equilíbrio
da disputa.
A finalidade da proibição da propaganda extemporânea é evitar o desequilíbrio e falta
de isonomia nas campanhas eleitorais. Os candidatos devem ser tratados igualmente.
Portanto, perante a legislação eleitoral, não é aceitável que alguns possam divulgar suas
propagandas antes mesmo que outros tenham se registrado como candidatos.
Assim, havendo provas suficientes acerca da realização de propaganda eleitoral ante-
cipada pelo recorrente, consubstanciada na veiculação do seu jingle com ostensiva di-
vulgação do seu número, entendo que o julgamento proferido pelo juízo de primeira
instância está correto, não merecendo reforma.
No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral, por meio de uma decisão monocrática do Ministro Tar-
císio Vieira de Carvalho Neto, assentou que não restou configurada propaganda eleitoral anteci-
pada na situação acima descrita nos seguintes termos:
[…] Com efeito, da leitura dos dizeres descritos no acórdão regional, extrai-se que a
mensagem e o jingle divulgados por meio de carro de som, a despeito da menção à
pretensa candidatura e ao número do candidato, não contêm pedido explícito de voto.
Em julgado recente, este Tribunal Superior assentou que “desde que inexistente pedido
expresso de votos, a menção à possível candidatura, acompanhada da divulgação do
número com o qual pretende concorrer o pré-candidato em rede social (Facebook), não
A realização das prévias partidárias, após a inovação trazida pela legislação de 2015, permane-
ce em 2022 como uma opção de propaganda antecipada lícita, com a possibilidade de apresen-
tação da plataforma e dos projetos políticos do postulante a cargo eletivo, sendo vedada apenas
sua exibição ao vivo em rádio e TV.
2.2 Princípios
Devemos observar, contudo, que diversas modalidades de propaganda eleitoral possuem caráter
restrito, cabendo ao autor da propaganda fazer o que a lei permite em seus estritos detalhes, um
exemplo disso é a propaganda em bens particulares.
Esse princípio possui caráter absoluto no que concerne à liberdade de expressão e pensamento,
garantidos no art. 220 da CF 1988 e na impossibilidade de censura prévia na propaganda eleito-
ral, nos termos do art. 41, § 2º, e do art. 53, ambos da Lei das Eleições.
As limitações e as restrições à propaganda eleitoral possuem previsão legal. Nem todos os meios
de propaganda eleitoral estão previstos em lei, mas toda e qualquer espécie de propaganda se
submete a uma disciplina legal.
Importante frisar que apenas o disposto no Código Eleitoral e na Lei das Eleições poderá ser
considerado para a finalidade de delimitação legal da propaganda eleitoral, haja vista a não
incidência de limitadores oriundos das demais normas federais e nem dos códigos de postura
municipais.
Ainda mais importante é a regulamentação prevista nos artigos 57-J e 105 da Lei das Eleições,
que conferem poder regulamentar ao Tribunal Superior Eleitoral, sendo comum a edição de re-
soluções, a cada eleição, criando novas figuras, restrições e impossibilidades, por aquele Órgão
Superior.
Toda propaganda eleitoral é atribuída a um responsável. Podem figurar no polo passivo de uma
representação por propaganda eleitoral irregular o responsável, o candidato, o partido político e
a coligação. Em determinadas modalidades de propaganda eleitoral irregular, empresas também
podem ser responsabilizadas.
As regras editadas após a Lei nº 13.165/2015, que ampliou as hipóteses de propaganda an-
tecipada lícita, foram ditames importantíssimos para igualar as oportunidades entre os novos
candidatos e aqueles detentores de cargo público, os quais já estariam naturalmente expostos à
publicidade política frente ao eleitorado, em virtude de tal condição.
Este princípio assevera que o conteúdo da propaganda política, seja ela direcionada a angariar
seguidores à ideologia partidária, seja nos casos em que busca diretamente o voto do eleitor,
deverá sempre ser verdadeiro e fidedigno, execrando os conteúdos falsos e tendentes a enganar
o eleitor / cidadão através de notícias inverídicas ou por meios de propaganda dispostos a falsear
mensagem direcionada ao público em geral.
2.3 Classificação
2.3.1 Quanto ao modo de veiculação da mensagem
Quanto à forma em que é veiculada, a propaganda eleitoral pode ser direta (quando a mensa-
gem se manifesta de modo expresso e inequívoco) ou indireta (quando a mensagem se mani-
festa de modo subliminar).
Quanto ao conteúdo da mensagem, a propaganda eleitoral pode ser positiva (exaltando o candi-
dato) ou negativa (desqualificando o candidato).
A forma como se apresenta a mensagem ao eleitorado é vedada por lei. Exemplos: outdoor ou
engenho que a ele se assemelhe, showmício, simulador de urna, dentre outros.
As propagandas são realizadas em momento (dia ou horário) não permitido pela lei.
Exemplos: propaganda antecipada, carros de som após as 22 horas, comício após as 24 horas.
2.6 Competência
As Representações Eleitorais serão apreciadas e julgadas pelos juízes auxiliares em segundo
grau de jurisdição.
O que tange ao poder de polícia geral e na internet deverá ser observado o disposto na Resolu-
ção TRE-CE nº 876/2022, que dispõe sobre a designação, a competência e o exercício do poder
de polícia na fiscalização da propaganda eleitoral relativa ao pleito de 2022.
Nos termos do art. 36 da Lei das Eleições, a propaganda eleitoral em geral somente é admitida
após o dia 15 de agosto do ano da eleição, ou seja, só pode ser realizada a partir de 16 de agosto
do ano eleitoral e encerrar-se-á no dia do pleito.
Do mesmo modo, o candidato com situação sub judice poderá realizar atos de propaganda elei-
toral até o momento do trânsito em julgado da AIRC.
Quanto à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, conforme a reforma eleitoral promovida
pela Lei nº 13.165/2015, ela somente terá início 35 (trinta e cinco) dias antes da antevéspera das
eleições (art. 47, caput, da Lei nº 9.504/1997), ou seja, 37 (trinta e sete) dias antes do pleito.
Essa forma de propaganda eleitoral passou a ser aceita como um método regular de conquistar
a preferência do eleitorado no período da pré-campanha eleitoral e só pode ser considerada ir-
regular nos estritos casos legais e jurisprudenciais.
O art. 36-A da Lei nº 9.504/1997, com as modificações trazidas pelas Leis nº 12.891/2013 e
nº 13.165/2015 abrandou o conceito de propaganda antecipada, declarando legais condutas
antes consideradas antijurídicas, criando a figura do pré-candidato, bem como possibilitando ao
pretenso candidato uma série de atitudes elencadas nos incisos I a VII do mencionado disposi-
tivo.
Com a reforma eleitoral trazida pela Lei nº 13.488/2017 foi acrescido o inciso VII que incluiu no
rol de possibilidades de propaganda antecipada a novel arrecadação prévia de recursos.
O art. 36-A possui um rol expresso de condutas possíveis, e suas condicionantes estão distribu-
ídas nos seus incisos e parágrafos. Sua nova roupagem, trazida pela minirreforma de 2015, já
havia ampliado o leque de possibilidades dos pré-candidatos no que se refere ao uso da propa-
ganda antecipada.
Outra novidade trazida pelo art. 36-A, com a redação dada pelas Leis nº 12.891/2013 e
nº 13.165/2015, foi a formalização das prévias partidárias, com a possibilidade de cobertura dos
meios de comunicação social, inclusive via internet, sendo vedada a transmissão ao vivo, nos
termos do § 1º do citado artigo.
Ocorre que o Tribunal Superior Eleitoral, durante o ano de 2018, passou a firmar tese ainda mais
branda no que tange às condutas possíveis na pré-campanha, bem como aos atos e gastos au-
torizados na pré-candidatura.
O Tribunal Superior Eleitoral, neste diapasão, firmou tese a partir do julgamento colegiado do
Agravo Regimental nº 9-24.2016, assim ementado:
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROPAGANDA ELEITORAL
ANTECIPADA. PLACAS DE PLÁSTICO. PEDIDO EXPLÍCITO DE VOTOS. AUSÊNCIA.
ART. 36-A DA LEI N° 9.504/97. INCIDÊNCIA. DESPROVIMENTO.
Este Tribunal Superior, em julgamento recente, assentou que, “com a regra permissiva
do art. 36-A da Lei n° 9.504, de 1997, na redação dada pela Lei n° 13.165, de 2015,
retirou-se do âmbito de caracterização de propaganda antecipada a menção à pretensa
candidatura, a exaltação das qualidades pessoais de pré-candidatos e outros atos, que
poderão ter cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet, desde
que não haja pedido expresso de voto” (Rp n° 294-87/DF, ReI. Min. Herman Benjamin,
DJe de 9.3.2017).
A veiculação de mensagens com menção a possível candidatura, sem pedido explícito
de votos, como ocorreu na espécie, não configura propaganda eleitoral extemporânea,
nos termos da redação conferida ao art. 36-A pela Lei n° 13.165/2015.
Agravo regimental desprovido.
A tese engendrada pela Egrégia Corte Eleitoral criou uma série de testes e pilares para a carac-
terização da propaganda eleitoral antecipada regular.
Sobre o aspecto explícito do pedido, confira-se o seguinte excerto do Voto Vista proferido pelo
eminente Min. Luiz Fux, no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 9-24.2016.6.26.0242,
de relatoria do Ministro Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, publicado no DJe de 22.08.2018:
(...) julgo que por ‘explícito’ deve-se entender, apenas e tão somente, o pedido formu-
lado ‘de maneira clara e não subentendida’, e, como consequência, excluo do espectro
de alcance do comando proibitivo toda a sorte de mensagens indiretas ou equívocas
dessa forma admitindo como lícito o uso dos chamados símbolos eleitorais distintivos.
Em termos mais claros, considero válida a proscrição de ‘expressões semanticamente
similares ao pedido explícito do voto’, porquanto certamente compreendidas pelo espí-
rito da norma; entretanto descarto o uso de ‘elementos extrínsecos ao conteúdo’ como
parâmetro apto à determinação da ilicitude da linguagem verificada, tendo em vista que
a noção de ‘pedido explícito’ opõe-se, conceitualmente, à lógica das insinuações, tendo
em vista que pressupõe a existência de um ato de comunicação frontal e retilíneo, o que
exclui o sugerido, o denotado, o pressuposto, o indireto, o latente, o sinuoso e o suben-
Deste modo, são requisitos para a realização de propaganda eleitoral antecipada lícita:
O Tribunal Superior Eleitoral reforçou tal tese em um caso de propaganda antecipada nas elei-
ções 2018, ao analisar o Recurso Especial Eleitoral nº 600.227-31.2018, oriundo do Tribunal
Regional Eleitoral de Pernambuco, abaixo ementado:
DECISÃO ELEIÇÕES 2018. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ATOS DE PRÉ-CAM-
PANHA. DIVULGAÇÃO DE MENSAGEM DE APOIO A CANDIDATO. AUSÊNCIA DE
PEDIDO EXPLÍCITO DE VOTO. UTILIZAÇÃO DE OUTDOORS. MEIO INIDÔNEO.
INTERPRETAÇÃO LÓGICA DO SISTEMA ELEITORAL. APLICABILIDADE DAS RES-
TRIÇÕES IMPOSTAS À PROPAGANDA ELEITORAL AOS ATOS DE PRÉ-CAMPANHA.
CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS QUE APONTAM PARA A CIÊNCIA DO CANDIDATO SO-
BRE AS PROPAGANDAS. RECURSO PROVIDO.
1. A realização de propaganda, quando desacompanhada de pedido explícito e direto de
votos, não enseja irregularidade per se.
2. A interpretação do sistema de propaganda eleitoral aponta ser incompatível a realiza-
ção de atos de pré-campanha que extrapolem os limites de forma e meio impostos aos
atos de campanha eleitoral, sob pena de se permitir desequilíbrio entre os competidores
em razão do início precoce da campanha ou em virtude de majorada exposição em razão
do uso desmedido de meios de comunicação vedados no período crítico.
3. A despeito da licitude da exaltação de qualidades próprias para o exercício de mandato
ou a divulgação de plataformas de campanha ou planos de governo, resta caracterizado
o ilícito eleitoral quando o veículo de manifestação se dá pela utilização de formas pros-
critas durante o período oficial de propaganda.
4. As circunstâncias fáticas, do caso ora examinado, de maciço uso de outdoors em
diversos Municípios e de expressa menção ao nome do candidato permitem concluir a
sua ciência dos atos de pré-campanha, conforme exigência do art. 36, § 3º da Lei das
Eleições.
5. A realização de atos de pré-campanha por meio de outdoors importa em ofensa ao
art. 39, § 8º da Lei nº 9.504/97 e desafia a imposição da multa, independentemente da
existência de pedido explícito de voto.
O julgado acima sedimentou a atual linha de entendimento do TSE, quando da análise e julga-
mento de processos referentes à propaganda eleitoral antecipada, com a fixação das seguintes
premissas:
1 - criação do termo “propaganda eleitoral antecipada lícita” que representaria a forma autori-
zada de realização da publicidade em pré-campanha nos termos do art. 36-A da LE;
2 - fixação das seguintes balizas jurisprudenciais para os casos de propaganda antecipada lícita:
2.1 - proibição de pedido explícito de voto, atinente ao uso das chamadas “palavras mágicas”,
a saber: vote em; eleja; apoie; marque sua cédula; fulano para o Congresso; vote contra;
derrote e rejeite;
3 - uso de gastos moderados na pré-campanha eleitoral;
4 - impossibilidade do uso de meios proscritos durante o período oficial da propaganda (outdoor,
brindes, showmício etc.).
Abaixo segue mais um importante julgado do TSE acerca da licitude dos atos de propaganda na
pré-campanha:
Agravo de Instrumento nº 28511.2016
Origem: Tianguá/CE
Relator: Ministro Luís Roberto Barroso
Ementa: Direito Eleitoral. Recurso Especial Eleitoral. Eleições 2016. Propaganda elei
toral antecipada. Ausência de pedido explícito de votos ou de violação ao princípio da
igualdade de oportunidade entre os candidatos. Provimento.
1. Agravo contra decisão de inadmissão de recurso especial eleitoral interposto para
impugnar acórdão do TRE/CE que manteve sentença de parcial procedência em repre-
sentação por propaganda eleitoral antecipada.
2. O art. 36-A da Lei nº 9.504/1997, com redação dada pela Lei nº 13.165/2015, ampliou
a liberdade de expressão na pré-campanha, permitindo diversas condutas aos pré-can-
didatos para divulgação de possível candidatura, desde que ausente o pedido explícito
de votos.
3. À luz desse dispositivo, o TSE passou a reconhecer dois parâmetros para afastar a
caracterização de propaganda eleitoral antecipada: (i) a ausência de pedido explícito de
voto e (ii) a ausência de violação ao princípio da igualdade de oportunidades entre os
candidatos. Precedentes.
4. Em relação ao primeiro parâmetro, esta Corte fixou a tese de que, para a configuração
de propaganda eleitoral antecipada, o pedido de votos deve ser, de fato, explícito, veda-
da a extração desse elemento a partir de cotejo do teor da mensagem.
5. Hipótese em que o regional constatou: (i) realização de evento denominado “Esquenta
12”, em bar/restaurante da cidade, com a presença de simpatizantes vestidos com as
cores do partido; (ii) ampla divulgação do evento nas redes sociais; e (iii) deslocamento
de veículos, “em pequeno número”, promovendo “buzinaço” pela cidade e ostentando o
número e a cor do partido.
6. Consta do acórdão recorrido que não houve pedido expresso de votos para os pré-
-candidatos aos cargos de prefeito e vice-prefeito. Ademais, o julgado não traz elementos
que autorizem a concluir que as condutas em questão desequilibraram a isonomia no
Nesse contexto, na reforma trazida para 2022, o TSE inseriu os artigos 3º-A e 3º-B na Resolução
nº 23.610/2019, contemplando os ditames jurisprudenciais dos julgados supracitados (AgR-AI
9-24.2016.6.26.0242 e RESPE nº 600.227-31.2018), inclusive no que se refere ao impulsiona-
mento em pré-campanha, deixando transparente o entendimento da Corte a ser adotado para o
pleito geral de 2022.
Desse modo, conforme a nova legislação eleitoral, poderão os pré-candidatos realizar propagan-
da de seu plano de arrecadação de recursos antecipada, inclusive com todos os atos previstos
no caput do art. 36-A da Lei nº 9.504/1997.
A Lei nº 12.891/2013 incluiu, ainda, o art. 36-B na Lei nº 9.504/1997, conforme abaixo:
Art. 36-B. Será considerada propaganda eleitoral antecipada a convocação, por parte
do Presidente da República, dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal e do Supremo Tribunal Federal, de redes de radiodifusão para divulgação de
atos que denotem propaganda política ou ataques a partidos políticos e seus filiados ou
instituições. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).
Parágrafo único. Nos casos permitidos de convocação das redes de radiodifusão, é ve-
dada a utilização de símbolos ou imagens, exceto aqueles previstos no § 1º do art. 13 da
Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
Deve ser observado que as novas possibilidades de propaganda para os pré-candidatos preci-
sam encontrar limites que não as configurem como abuso de poder. Se o pré-candidato, antes
da data permitida, deliberadamente, escolher veicular mensagens de sua pretensa candidatura
de forma ostensiva, é possível, dependendo do contexto dos fatos, que ele incorra em outras ve-
dações da legislação eleitoral, tais como arrecadação e gasto ilícito de recursos (art. 30-A da Lei
nº 9.504/1997) ou mesmo abuso ou uso indevido dos meios de comunicação (art. 22 da Lei Com-
plementar nº 64/1990), cujas consequências são ainda mais graves do que a simples multa pela
veiculação de propaganda extemporânea (cassação do registro ou do diploma e inelegibilidade
por 8 anos).
Contudo, para que essas irregularidades fiquem constatadas, é imprescindível que o Juiz Elei-
toral observe o real contexto dos fatos, bem como a gravidade das circunstâncias que caracte-
rizem o abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou o uso indevido dos meios de
comunicação.
TRE-CE
TRE-GO
TRE-PE
TRE-MG
O limite entra a crítica política e a propaganda negativa capaz de trazer prejuízo ao pré-candidato
é bastante tênue.
Deste modo, o TSE tem entendido que resta caracterizada a propaganda antecipada negativa
quando o interlocutor passa a denegrir a imagem do possível candidato, de modo a interferir
Interessante ponderar que as críticas políticas, em algumas situações, ainda que ácidas e carre-
gadas de teor depreciativo, à luz da liberdade de expressão e pensamento, podem situar-se nos
limites do permissivo da propaganda eleitoral negativa, sem caracterizar ofensas ou repasse de
notícias sabidamente falsas. Nesse sentido, segue acórdão do TSE nos autos do Agravo Regi-
mental no Recurso Especial Eleitoral nº 060000194, de 13/10/2020:
A Reforma eleitoral de 2017 inseriu um artigo específico visando coibir as notícias divulgadas por
usuários falsos (robôs ou fakes), justamente os que mais disseminam esse tipo de notícia:
Art. 57-B da Lei nº 9.504/1997
(…)
§ 2º Não é admitida a veiculação de conteúdos de cunho eleitoral mediante cadastro de
usuário de aplicação de internet com a intenção de falsear identidade. (Incluído pela Lei
nº 13.488, de 2017)
A Egrégia Corte Eleitoral cearense tem se posicionado sobre o assunto, após as últimas reformas:
RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPA-
DA. INTERNET. BLOG. PROPAGANDA NEGATIVA. PEDIDO EXPLÍCITO DE VOTO.
Para 2020, e mais especificamente para 2022, o combate à desinformação ganhou contornos
ainda mais robustos através da inserção do art. 9º na Resolução TSE nº 23.610/2019, com as
modificações introduzidas pela Resolução TSE nº 23.671/2021, in verbis:
Para 2020, visando à proteção da liberdade de expressão e o livre trânsito de ideias, foi inserido
o § 1º ao art. 10 da Resolução nº 23.610/2019, senão vejamos:
Na propaganda dos candidatos a cargo majoritário, a coligação usará, obrigatoriamente, sob sua
denominação, as legendas de todos os partidos que a integram; na propaganda para eleição
proporcional, cada partido usará apenas sua legenda sob o nome da coligação (art. 6º, § 2º, da
Lei Federal nº 9.504/1997; art. 11º, caput, da Resolução TSE nº 23.610/19).
A denominação da coligação não poderá coincidir, incluir ou fazer referência a nome ou nú-
mero de candidato, nem conter pedido de voto para partido político (art. 6º, § 1º-A, da Lei
nº 9.504/1997).
Da propaganda dos candidatos a cargo majoritário, deverão constar também os nomes dos
candidatos a vice, de modo claro e legível, em tamanho não inferior a trinta por cento do nome
do titular (Lei nº 9.504/1997, art. 36, § 4º).
Outrossim, tal vedação foi mitigada pela alteração promovida pelo art. 10, § 1º, da Res. TSE
nº 23.610, abaixo explicitado:
Art. 22. Não será tolerada propaganda, respondendo a pessoa infratora pelo emprego de
processo de propaganda vedada e, se for o caso, pelo abuso de poder (Código Eleitoral,
arts. 222, 237 e 243, I a X; Lei nº 5.700/1971; e Lei Complementar nº 64/1990, art. 22):
(Redação dada pela Resolução nº 23.671/2021)
I - que veicule preconceitos de origem, etnia, raça, sexo, cor, idade, religiosidade, orien-
tação sexual, identidade de gênero e quaisquer outras formas de discriminação, inclusive
contra pessoa em razão de sua deficiência (Constituição Federal, art. 3º, IV e art. 5º, XLI
e XLII; Lei nº 13.146/2015). (Redação dada pela Resolução nº 23.671/2021)
II - de guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem política e social;
III - que provoque animosidade entre as Forças Armadas ou contra elas, ou delas contra
as classes e as instituições civis;
IV - de incitamento de atentado contra pessoa ou bens;
V - de instigação à desobediência coletiva ao cumprimento da lei de ordem pública;
VI - que implique oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio
ou vantagem de qualquer natureza;
VII - que perturbe o sossego público, com algazarra ou abuso de instrumentos sonoros
ou sinais acústicos, inclusive aqueles provocados por fogos de artifício; (Redação dada
pela Resolução nº 23.671/2021)
VIII - por meio de impressos ou de objeto que pessoa inexperiente ou rústica possa con-
fundir com moeda;
IX - que prejudique a higiene e a estética urbana;
X - que caluniar, difamar ou injuriar qualquer pessoa, bem como atingir órgãos ou entida-
des que exerçam autoridade pública;
XI - que desrespeite os símbolos nacionais.
XII - que deprecie a condição de mulher ou estimule sua discriminação em razão do sexo
feminino, ou em relação à sua cor, raça ou etnia. (Incluído pela Resolução nº 23.671/2021)
As propagandas vedadas por lei visam, especialmente, tutelar a manutenção da igualdade entre
os participantes do pleito eleitoral; preservar o patrimônio público; a veracidade e a seriedade
das mensagens veiculadas; além de garantir a ordem pública, lembrando que a modificação tra-
zida pelo TSE não afeta o rol previsto originariamente no art. 243 do Código Eleitoral.
Permanece autorizada a propaganda em vias públicas através de mesas e bandeiras, desde que
respeitada a mobilidade referida nos § 6º e § 7º do art. 37 da Lei nº 9.504/1997.
Na reforma trazida pela Resolução TSE nº 23.671/2022 restou autorizada a fixação das bandei-
ras em base ou suporte, desde que observado o intervalo entre as 6 (seis) e as 22 (vinte e duas)
horas, sem descaracterizar sua mobilidade.
Lembrando ainda que, uma bandeira, mesmo que não fixa e menor do que 4 (quatro) metros
quadrados, poderá ser irregular, caso prejudique o trânsito de pedestres e veículos.
É PERMITIDA A PROPAGANDA
Segundo o § 4º do art. 37 da Lei das Eleições, bens de uso comum, para fins eleitorais, são os
assim definidos pelo Código Civil, e também aqueles a que a população em geral tem acesso,
tais como: cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de
propriedade privada.
Assim, nesses bens, é proibida a veiculação de propaganda de qualquer natureza, sob pena de
sujeitar o responsável, após a notificação e a comprovação, à restauração do bem e, caso não
cumprida no prazo de 48 horas, à multa no valor de R$ 2.000,00 a R$ 8.000,00.
Estabelece a Resolução TSE nº 23.610/19, em seu art. 21, que a veiculação de propaganda
eleitoral em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de autorização da
Justiça Eleitoral, necessitando apenas, conforme a jurisprudência consolidada, do consentimen-
to do proprietário ou do possuidor.
A veiculação da propaganda eleitoral em bens particulares deve ser espontânea e gratuita, sendo
vedado qualquer tipo de pagamento em troca de espaço para esta finalidade (Lei nº 9.504/97,
art. 37, § 8º).
Para 2018, a propaganda em bens particulares foi praticamente extirpada, haja vista a restrição
trazida pela novel legislação, de acordo com a exegese do art. 37, § 2º, II, in verbis:
(...)
§ 2º Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em bens públicos
ou particulares, exceto de: (Redação dada pela Lei nº 13.488, de 2017)
(...)
II - adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas, motocicletas e janelas re-
sidenciais, desde que não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado). (Incluído pela Lei
nº 13.488, de 2017)
Para as eleições gerais de 2018, mais uma mudança, desta vez de modo a diminuir o raio de
incidência das penalidades em propaganda realizada em bens particulares. Ao reformular o § 2º
do art. 37 da LE, a previsão de cumulação de retirada da propaganda e multa foi excluída. Deste
modo, em tese, não mais incidirá a multa prevista no § 1º do referido artigo nos casos de propa-
ganda irregular em bens particulares.
Para as eleições de 2022, a Resolução TSE nº 23.671/2021 inseriu o § 5º ao art. 20 da Res. TSE
nº 23.610/2019, prevendo expressamente: “não incide sanção pecuniária na hipótese de propa-
ganda irregular em bens particulares”.
As restrições para a propaganda eleitoral, sob a forma de adesivos, foram mantidas para as
eleições 2022 e são as seguintes:
- Tamanho máximo de 50 x 100 cm (meio metro quadrado) para adesivos em geral e para adesivos
em veículos, com exceção daqueles fixados no vidro traseiro;
- Os veículos automotores poderão conter adesivo do tipo microperfurado por toda a extensão
do vidro traseiro, mesmo que este ultrapasse o tamanho padrão e a área máxima de cobertura
por justaposição;
- Restrições gerais à justaposição (meio metro quadrado máximo).
Em relação aos adesivos, estes deverão respeitar as regras gerais da propaganda impressa, ou
seja, devem conter o número de inscrição no CNPJ ou o número de inscrição no CPF do respon-
sável pela confecção, bem como de quem a contratou, e a respectiva tiragem.
Lembrando que a propaganda em bens particulares, como regra, é proibida, com a previsão de
liberação apenas nas janelas residenciais e nos veículos automotores.
16. Por sua vez, a Res. TSE 23.457/17, que dispõe sobre a propaganda eleitoral em
campanha eleitoral para as eleições de 2016, estabelece as seguintes restrições quanto
à realização de propaganda em bens particulares, especificamente em veículos automo-
tores, in verbis:
Art. 15. Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de au-
torização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral, desde que seja
feita em adesivo ou em papel, não exceda a meio metro quadrado e não contrarie
a legislação eleitoral, sujeitando-se o infrator às penalidades previstas no § 1o do
art. 14.
(...)
§ 3o É proibido colar propaganda eleitoral em veículos, exceto adesivos microperfu-
rados até a extensão total do para-brisa traseiro e, em outras posições, adesivos até
a dimensão máxima fixada no § 2o, do art. 16, observado o disposto no § 1o deste
artigo.
Todavia, a parte interna dos comitês de qualquer tipo, caso não visualizada externamente, não
sofre limitações de tamanho, ex vi do § 5º do art. 14 da Res. TSE nº 23.610/2019:
Abaixo segue interessante decisão do TSE acerca do tema, fixando que os artefatos colocados
em sede de comitê de campanha devem se adequar aos limites da propaganda em bens parti-
culares:
Trata-se de agravo interposto por Bruno de Freitas Siqueira, candidato ao cargo de pre-
feito de Juiz de Fora/MG nas Eleições 2016, em detrimento de decisum da Presidência
do TRE/MG em que se inadmitiu recurso especial contra aresto assim ementado (fl. 75):
A mobilidade estará caracterizada com a colocação e a retirada dos meios de propaganda entre
as 6 horas e as 22 horas (Lei nº 9.504/1997, art. 37, § 7º).
Para 2022, restou expressamente permitida a fixação em base ou suporte das bandeiras desde
que no intervalo acima destacado, nos termos do § 5º do art. 19 da Res. TSE nº 23.610/2019:
Se os artefatos publicitários forem afixados ao longo das vias públicas ou, mesmo sendo móveis,
dificultarem o trânsito de pessoas e/ou veículos, os responsáveis serão notificados para retirá-los
e restaurar o bem, sob pena de multa, no valor de R$ 2.000,00 a R$ 8.000,00, ou defender-se
(Acórdão TSE, AI nº 10.291/2010).
5.1.4 Jurisprudência
São permitidos aos partidos e às coligações, a instalação e o funcionamento, nos seus comitês,
sedes e demais dependências, de alto-falantes ou de amplificadores de som, assim como em
veículos próprios, ou à sua disposição, em território nacional, com a observância da legislação
comum, das vedações à utilização dos equipamentos em determinados locais, inclusive dos
limites do volume sonoro.
A Lei nº 13.488/2017 limitou sobremaneira o uso de carros de som e minitrios elétricos, deter-
minando que eles não poderiam circular tocando os jingles de campanha isoladamente, isto é,
permitiu sua circulação apenas em carreatas, caminhadas ou passeatas ou durante reuniões e
comícios, nos termos do disposto no § 11 do art. 39 da Lei nº 9.504/1997:
O TSE esmiuçou ainda mais o tema, quando da consolidação das normas sobre propaganda,
senão vejamos o disposto na Resolução TSE nº 23.610/2019:
Art. 15. (...)
§ 3º A utilização de carro de som ou minitrio como meio de propaganda eleitoral é per-
mitida apenas em carreatas, caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios,
Art. 16. Até as 22h (vinte e duas horas) do dia que antecede o da eleição, serão permiti-
dos distribuição de material gráfico, caminhada, carreata ou passeata, acompanhadas ou
não por carro de som ou minitrio.
Assim sendo, para as eleições deste ano, mantém-se a limitação sonora em 80 decibéis medidos
a 7 metros do equipamento.
De acordo com os incisos I a III do art. 15 da Resolução TSE nº 23.610/2019, são vedados a
instalação e o uso de alto-falantes ou amplificadores de som em distância inferior a 200 metros:
- das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios;
- das sedes dos órgãos judiciais;
- dos quartéis e de outros estabelecimentos militares;
- dos hospitais, casas de saúde, escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em fun-
cionamento.
Pode ser utilizada a aparelhagem de sonorização fixa e trio elétrico durante a realização de comí-
cios no horário compreendido entre as 8 horas e as 24 horas, ressalvada a hipótese do comício
de fechamento de campanha, que poderá ser prorrogado por mais duas horas (Resolução TSE
nº 23.610/19, art. 15, § 1º).
5.3 Comícios
Tal proibição não se estende aos candidatos profissionais da classe artística – cantores, atores e
apresentadores - que poderão exercer as atividades normais de sua profissão durante o período
eleitoral, exceto em programas de rádio e de televisão, na animação de comício ou para divulga-
ção, ainda que de forma dissimulada de sua candidatura ou de campanha eleitoral (Resolução
TSE nº 23.610/2019, art. 17, parágrafo único).
Conforme decisão na ADIN 5.970, o STF considerou possível a realização de shows visando a
arrecadação de recursos para campanha eleitoral, contanto que dissociados dos eventos políti-
cos que contem com a presença do candidato e demais figuras da classe política.
A jurisprudência tem se consolidado, nesse caso específico, no sentido de que não basta a sim-
ples apresentação do programa no período vedado, mas que deve ser analisada a potencialida-
de e a gravidade do caso concreto, senão vejamos os precedentes abaixo:
ELEIÇÕES 2016. REGISTRO. CANDIDATO A VEREADOR. CANCELAMENTO. ART. 45,
§ 1º, DA LEI 9.504/97. ALEGAÇÃO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CAN-
DIDATURA.
5.5 Outdoors
5.5.1 Vedação legal
A atual legislação dispõe quanto aos engenhos ou equipamentos publicitários, bem como quanto
ao conjunto de peças de propagandas, justapostas ou não, proibindo que estes venham a se
assemelhar ou ter efeito de outdoor. Assim, o legislador deixou de aplicar o limite anterior de
4 m², ficando a cargo da autoridade judiciária a mensuração diante do caso concreto.
A Resolução TSE n° 23.610/19 manteve a multa (R$ 5.000,00 a R$ 15.000,00), para engenhos
confeccionados por particulares e os adquiridos economicamente pelos candidatos, partidos e
coligações.
5.5.3 Jurisprudência
Trata-se de agravo interposto pela Coligação Coragem Para Mudar Dourados e Keliana
Fernandes Mangueira, candidata ao cargo de vereadora de Dourados/MS nas Eleições
de 2016, em detrimento de decisum da Presidência do TRE/MS em que se inadmitiu
recurso especial contra aresto assim ementado (fl. 88):
RECURSO ELEITORAL. REPRESENTAÇÃO. PUBLICIDADE EM COMITÊ DE
CAMPANHA. PLACAS. EQUIPARAÇÃO A OUTDOOR. VEDAÇÃO LEGAL. RESO-
LUÇÃO TSE 23.457/2015, ART. 10, § 1º. INTIMAÇÃO PARA RETIRADA. PROCE-
DÊNCIA PENALIDADE DE MULTA. SENTENÇA MANTIDA. DESPROVIMENTO.
A vedação a outdoor é justificada por seu alto custo (que desequilibra a disputa em
favor de quem detenha poderio econômico), e alto impacto visual, que favorece
desproporcionalmente a quem o utiliza.
Verificando-se, das reproduções fotográficas, que a propaganda em questão, afi-
xada na sede do comitê de campanha, tem efeito de alto impacto visual e, de fato,
equipara-se, gráfica e visualmente à publicidade de visibilidade estratégica deno-
minada outdoor, o que contraria o art. 10, § 1º, da Resolução TSE 23.457/2015,
mantém-se a sentença que impôs a penalidade de multa.
No caso de propaganda em bens particulares, a sanção pecuniária decorre dire-
tamente da lei, independentemente de eventual retirada por parte do beneficiário,
não se aplicando, à espécie, a regra segundo a qual a multa se impõe apensa após
a notificação e negativa de restauração do bem, já que prevista apenas para pro-
Consulta. Lei Federal n.º 9.504/97. Art. 26, IX. Nova redação. Lei Federal n.º 11.300/06.
Não conhecida. Não se conhece de questão fundada em redação não mais vigente. (…)
V - Outdoor. Painel eletrônico. Backlight. Similares. Propaganda irregular. Enquadra-se
no conceito de outdoor o uso de painel eletrônico, backlight ou similar, para caracte-
rização de propaganda eleitoral irregular. VI - Propaganda eleitoral. Outbus. Conduta
vedada. É vedada a veiculação de propaganda eleitoral em ônibus, afixada interna ou
externamente ao veículo.
(Resolução TSE n.º 23.084/2009, de 10/06/2009, DJe 21/09/2009, Rel. Min. Joaquim
Barbosa)
O Tribunal Superior Eleitoral, em mais uma consolidação de sua jurisprudência e primando pela
liberdade de expressão e pensamento, inseriu na Res. TSE nº 23.610/2019 a possibilidade de
que o eleitor, contanto que seja de forma livre e espontânea, manifeste durante todo o processo
eleitoral a sua escolha através de camisas, bonés, bandeiras dentre outros adornos. Tal inserção
legal impõe uma grande mudança de abordagem da fiscalização de propaganda e aumenta con-
sideravelmente o leque de possibilidade de propaganda individual e silenciosa de cada eleitor,
inclusive na pré-campanha.
Lei nº 9.504/1997
Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro
para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº
12.034, de 2009)
(...)
§ 4º As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetuadas na conta men-
cionada no art. 22 desta Lei por meio de: (Redação dada pela Lei nº 11.300, de 2006)
(...)
V - comercialização de bens e/ou serviços, ou promoção de eventos de arrecada-
ção realizados diretamente pelo candidato ou pelo partido político. (Incluído pela
Lei nº 13.488, de 2017)
5.7.3 Jurisprudência
Propaganda irregular. Artigo 39, § 6º, da Lei 9504/97. Ausência de sanção específica.
Inexistência de provas do ilícito. Impossível identificar a data em que foi realizado o único
registro fotográfico que demonstra a utilização das camisas. As demais fotos (fls. 04/10
e 14/19) não demonstram que houve distribuição de camisas como vantagem aos eleito-
res, em troca de apoio nas urnas ou tão somente utilização de camisas por cabos eleito-
rais e simpatizantes da candidatura. Precedentes do TSE. Apreciação da questão sob a
ótica da captação ilícita de sufrágio. Artigo 41-A da Lei 9504/97 c/c artigo 9º, § 3º, da Res.
TSE 23370. Exigência de que o ilícito tenha ocorrido entre o registro de candidatura e o
dia da eleição, com fim específico de obtenção de voto, demonstrada ainda a autoria ou
anuência do representado. Precedente do TSE. Recurso desprovido.
(TRE-RJ, RE nº 7939, Macaé-RJ, Relator: Edson de Aguiar Vasconcelos, publicado em
17/01/2014)
A previsão do uso de tais artefatos publicitários encontra-se no art. 38, e seus parágrafos, da
Lei nº 9.504/1997, sendo a grande novidade a inserção dos adesivos:
“[...] Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a
veiculação de propaganda eleitoral pela distribuição de folhetos, adesivos, volantes e ou-
tros impressos, os quais devem ser editados sob a responsabilidade do partido político,
da coligação ou do candidato [...]”
A mudança, para as eleições 2022, advém da padronização pelo TSE do tamanho máximo de
0,5 m² (100 x 50 cm) dos adesivos, afastando o padrão anterior de 40 x 50 cm.
Destaque-se que a legislação eleitoral não define parâmetros mínimos e máximos aptos
a configurar uma manifestação coletiva dentre as definidas no art. 15, § 3º da Res. TSE nº
23.610/2019, desse modo, cabe a aplicação da razoabilidade e proporcionalidade ao caso
concreto:
Art. 15. (...)
§ 3º A utilização de carro de som ou minitrio como meio de propaganda eleitoral é per-
mitida apenas em carreatas, caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios,
e desde que observado o limite de 80dB (oitenta decibéis) de nível de pressão sonora,
medido a 7 m (sete metros) de distância do veículo (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 11).
Art. 16. Até as 22 h (vinte e duas horas) do dia que antecede o da eleição, serão permiti-
dos distribuição de material gráfico, caminhada, carreata ou passeata, acompanhadas ou
não por carro de som ou minitrio (Lei nº 9.504/1997, art. 39, §§ 9º e 11).
5.9.2 O “derrame”
O TSE manteve a figura do “derrame” no rol das proibições em matéria de propaganda eleitoral,
bem como estipulou a respectiva sanção administrativa e a cominação penal, nos termos do
art. 19, § 7º, da Resolução nº 23.610/2019:
O derrame ou a anuência com o derrame de material de propaganda no local de votação
ou nas vias próximas, ainda que realizado na véspera da eleição, configura propaganda
irregular, sujeitando-se o infrator à multa prevista no § 1º do art. 37 da Lei nº 9.504/1997,
sem prejuízo da apuração do crime previsto no inciso III do § 5º do art. 39 da Lei
nº 9.504/1997.
Do mesmo modo, a partir do primeiro dia após o final do prazo para a realização das convenções
partidárias as emissoras de rádio e TV estão impedidas de dar tratamento privilegiado a candidato,
partido ou coligação.
Durante toda a transmissão pela televisão, em bloco ou em inserções, a propaganda deverá ser
identificada pela legenda “propaganda eleitoral gratuita” e pelo município a que se refere.
É vedado aos partidos políticos e às coligações incluir no horário destinado aos candidatos às
eleições proporcionais propaganda das candidaturas a eleições majoritárias, ou vice-versa, res-
salvada a utilização, durante a exibição do programa, de legendas com referência aos candida-
tos majoritários, ou, ao fundo, de cartazes ou fotografias desses candidatos, ficando autorizada
a menção ao nome e ao número de qualquer candidato do partido ou da coligação.
Esclareça-se que, no segundo turno das eleições não será permitida, nos programas em refe-
rência, a participação de filiados a partidos que tenham formalizado o apoio a outros candidatos.
Será permitida a veiculação de entrevistas com o candidato e de cenas externas nas quais ele,
pessoalmente, exponha (Lei nº 9.504/1997, art. 54, § 2º):
ATENÇÃO!
É proibido usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de alguma forma,
degrade ou ridicularize candidato, partido político ou coligação, bem como produzir ou veicular
programa com esse efeito.
Trucagem é todo e qualquer efeito realizado em áudio ou vídeo que possa degradar ou ridicula-
rizar candidato, partido político ou coligação, ou que desvirtue a realidade e beneficie ou prejudi-
que qualquer candidato, partido ou coligação.
Montagem é toda e qualquer junção de registros de áudios ou vídeos que possa degradar ou
ridicularizar candidato, partido político ou coligação, ou desvirtue a realidade e beneficie ou pre-
judique qualquer candidato, partido ou coligação.
Para os debates que se realizarem no primeiro turno das eleições, serão consideradas aprova-
das as regras, inclusive as que definirem o número de participantes, que obtiverem a concordân-
cia de pelo menos 2/3 (dois terços) dos candidatos aptos, no caso de eleição majoritária, e de
pelo menos 2/3 (dois terços) dos partidos com candidatos aptos, no caso de eleição proporcional
(art. 46, § 5º, LE).
A Resolução TSE n° 23.610/2019, em seu art. 44, § 6º, se posiciona acerca do momento de afe-
rição do número mínimo de parlamentares para assegurar o convite aos debates:
Importante frisar que é admitida a realização de debate sem a presença de candidato de algum
partido, federação ou coligação, desde que o veículo de comunicação responsável comprove
haver enviado convite com a antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da realização
do debate (art. 46, inciso I, da Resolução TSE nº 23.610/2019).
Em relação aos debates transmitidos exclusivamente por aplicações de internet, sem participa-
ção de emissoras de rádio e TV, não se aplicam as regras próprias para os debates aqui tratadas,
devendo ser observadas as regras atinentes à propaganda eleitoral veiculada pela internet.
TRE-RJ
TRE-PR
Não se proíbe sua realização no período entre 48 horas antes até 24 horas depois da eleição,
uma vez que a vedação constante no parágrafo único do art. 240 do Código Eleitoral não se
aplica à propaganda eleitoral veiculada gratuitamente na internet.
A Reforma eleitoral de 2017, de outra banda, restringiu a propaganda realizada na internet no dia
da eleição, senão vejamos:
Art. 39 (…)
§ 5º Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um
ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e
multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR: (…)
IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas aplica-
ções de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em funciona-
mento as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente.
Deste modo, o conteúdo disponibilizado na internet no dia da eleição deve ser mera repetição de,
no máximo, o dia anterior ao pleito, vedado o pedido de impulsionamento que tenha prazo final
no dia da eleição, sob pena do responsável incorrer em crime eleitoral de realização de propa-
ganda indevida no dia da eleição.
Importante ressaltar que o provedor de aplicação de internet, segundo o conceito do marco civil
da internet, pressupõe uma empresa ou organização que forneça um conjunto de funcionalidades
e aplicações passíveis de serem acessadas por terminais remotos (computadores, notebooks,
tablets, smartphones etc.).
Ocorre que, em 2018, o impulsionamento de conteúdo de forma não contratada e não prevista
legalmente, principalmente por meio de comunicadores eletrônicos do tipo WhatsApp e Telegram,
notadamente com um conteúdo de desinformação, foi o "calcanhar de Aquiles" da Justiça Eleitoral,
revelando-se como um óbice no combate à disseminação de notícias falsas, aos ataques e aos
embates virtuais, ao largo da fiscalização partidária e da Justiça Eleitoral.
Diante de todo o debate em torno das notícias inverídicas e sua disseminação por estes comuni-
cadores, e amparado pelo art. 57-J da Lei nº 9.504/97, o Tribunal Superior Eleitoral incluiu, como
novidade na Resolução nº 23.610/2019, a proibição do uso do disparo em massa:
Art. 28. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes formas (Lei
nº 9.504/1997, art. 57-B, I a IV):
(...)
a) candidatos, partidos políticos ou coligações, desde que não contratem disparo em
massa de conteúdo (Lei nº 9.504/1997, art. 57-J); ou
b) qualquer pessoa natural, vedada a contratação de impulsionamento e de disparo em
massa de conteúdo (Lei nº 9.504/1997, art. 57-J).
Desse modo, a Res. TSE nº 23.610/2019 replicou, em seu bojo, diversas obrigações atinentes ao
uso e tratamento de dados na propaganda eleitoral na internet, senão vejamos:
Art. 10. (…)
§ 4º O tratamento de dados pessoais por qualquer controlador ou operador para fins
de propaganda eleitoral deverá respeitar a finalidade para a qual o dado foi coletado,
Assim sendo, nas modalidades de coleta e uso de dados, para fins de propaganda, respeitar-
se-á a finalidade para a qual a informação foi coletada. Caso contrário, os implicados deverão
opor sua manifestação positiva de uso e tratamento de seus dados, o que, em tese, demandará
uma complexa estrutura de propaganda pelos candidatos.
Para as eleições 2022, o TSE em parceria com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados
(ANPD) organizou o guia orientativo de aplicação da LGPD nas eleições, manual obrigatório
para o uso e aplicação da citada lei no processo eleitoral deste ano.
Oportuno ressaltar que “é proibida a venda de cadastro de endereços eletrônicos, sob pena de
multa de R$ 5.000,00 a R$ 30.000,00, aplicável ao responsável pela divulgação da propaganda
e, quando comprovado seu prévio conhecimento, ao beneficiário”. (Lei nº 9.504/1997, art. 57-E,
§§ 1º e 2º, e Res. TSE nº 23.610/2019, art. 31, §§ 1º e 2º).
Em seu art. 34, a norma supracitada manteve a expressa vedação à realização de propaganda,
via telemarketing, em qualquer horário (Constituição Federal, art. 5º, X e XI, e Código Eleitoral,
art. 243, VI).
A vedação ao telemarketing, nos termos da Consulta nº 20.535, não inclui a modalidade recepti-
va (passiva), mas apenas o telemarketing ativo.
- de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos (Lei nº 9.504/97, art. 57-C, § 1º, I);
- oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Lei nº 9.504/97, art. 57-C, § 1º, II).
No tocante à propaganda em sítios oficiais, o TSE decidiu que, para configurar a ilicitude, é sufi-
ciente apenas o link que direcione a sítio de candidato:
Propaganda eleitoral irregular. Internet. Sítio oficial. [...] A utilização de página mantida
por órgão da administração pública do município, como meio de acesso, por intermédio
de link, a sítio que promove candidato, configura violação ao art. 57-C, § 1º, II, da Lei
nº 9.504/97. [...] O fato de constar da página oficial somente o link do sítio pessoal do
candidato, e não a propaganda em si, não afasta o caráter ilícito de sua conduta, uma
vez que a página oficial foi utilizada como meio facilitador de divulgação de propaganda
eleitoral em favor do representado.
(TSE, Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 838119, de 21.6.2011, Rel.
Min. Arnaldo Versiani, DJe de 23.8.2011)
Além da regra do caput, deverá constar do anúncio, de forma visível, o valor pago pela inserção
(Lei nº 9.504/97, art. 43, § 1º).
É autorizada a reprodução virtual das páginas do jornal impresso na internet, desde que seja
feita no sítio do próprio jornal, independentemente do seu conteúdo, devendo ser respeitado inte-
gralmente o formato gráfico e o conteúdo editorial da versão impressa, atendido, nesta hipótese,
o disposto no caput do art. 42 da Res. TSE nº 23.610/2019.
Sem prejuízo das sanções civis e criminais aplicáveis ao responsável, a Justiça Eleitoral poderá
determinar, por solicitação do ofendido, a retirada de publicações que contenham agressões ou
ataques a candidatos em sítios da internet, inclusive redes sociais (Lei nº 9.504/1997, art. 57-D,
§ 3º, e Res. TSE nº 23.610/2019, art. 30, § 2º).
Importante ressaltar que o simples fato do usuário não ser identificado imediatamente (identificável)
não caracteriza o anonimato, visto que podem ser utilizados apelidos e pseudônimos na internet,
com a finalidade de replicar apoio ou propaganda eleitoral, nos termos do art. 27 e parágrafos
da Res. TSE nº 23.610/2019.
A cada reiteração de conduta, o período de suspensão será duplicado (Lei nº 9.504/97, art. 57-I, § 1º).
No período de suspensão, o responsável pelo sítio na internet informará que se encontra tempo-
rariamente inoperante por desobediência à legislação eleitoral (Lei nº 9.504/1997, art. 57-I, § 2º).
Os pedidos de direito de resposta devem ser dirigidos ao juiz que exerce a jurisdição eleitoral
no município e, naqueles com mais de uma zona eleitoral, aos juízes eleitorais designados pe-
los respectivos tribunais regionais eleitorais até 19 de dezembro do ano anterior à eleição (Lei
nº 9.504/1997, art. 96).
Até o dia 20 de julho do ano da eleição, as emissoras de rádio e televisão e demais veículos de
comunicação, inclusive provedores de aplicações de internet, deverão, independentemente de
intimação, apresentar aos tribunais eleitorais, em meio físico ou eletrônico, a indicação de seu
representante legal e dos endereços de correspondência e e-mail, número de telefone móvel que
disponha de aplicativo de mensagens instantâneas pelos quais receberão ofícios, intimações ou
citações, e poderão, ainda, indicar procurador com ou sem poderes para receber citação, hipó-
tese em que farão juntar a procuração respectiva.
O ofendido, ou o seu representante legal, poderá pedir o exercício do direito de resposta à Jus-
tiça Eleitoral nos seguintes prazos, contados a partir da veiculação da ofensa (art. 58, § 1º, da
Lei nº 9.504/1997 e art. 32, incisos I a IV, da Resolução TSE nº 23.608/2019):
d) na internet:
- deferido o pedido, o usuário ofensor deverá divulgar a resposta do ofendido em até 2 (dois) dias
após sua entrega em mídia física e empregar nessa divulgação o mesmo impulsionamento de
conteúdo eventualmente contratado nos termos referidos no art. 57-C da Lei nº 9.504/1997 e o
mesmo veículo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elemen-
tos de realce usados na ofensa, podendo o juiz usar dos meios adequados e necessários para
garantir visibilidade à resposta de forma equivalente à ofensa (Lei n° 9.504/1997, art. 58, § 30,
IV, a);
- a resposta ficará disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet, por tempo não
inferior ao dobro em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva;
- os custos da veiculação da resposta correrão por conta do responsável pela propaganda original.
A Justiça Eleitoral deverá proferir suas decisões no prazo máximo de vinte e quatro horas, para
a restituição do tempo em caso de provimento de recurso (art. 58, § 6º, da Lei nº 9.504/1997).
A não observância do prazo previsto no parágrafo anterior sujeita a autoridade judiciária às pe-
nas previstas no art. 345 do Código Eleitoral (art. 58, § 7º, da Lei nº 9.504/1997).
O descumprimento, ainda que parcial, da decisão que reconhecer o direito de resposta sujeitará
o infrator ao pagamento de multa no valor de R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e
cinquenta centavos) a R$ 15.961,50 (quinze mil, novecentos e sessenta e um reais e cinquenta
centavos), duplicada em caso de reiteração de conduta, sem prejuízo do disposto no art. 347 do
Código Eleitoral (art. 58, § 8º, da Lei nº 9.504/1997).
O TSE decidiu que o pedido pode ser feito enquanto permanecer divulgado o material ofen-
sivo. Ocorrendo a retirada, o prazo será de três dias, por analogia ao art. 58, § 1º, III, da Lei
nº 9.504/1997:
ELEIÇÕES 2010 - DIREITO DE RESPOSTA – INTERNET.
1. Decadência - A transgressão perpetrada pela internet implica em constante e perma-
nente ofensa ao direito, a reclamar, se for o caso, a sua pronta suspensão. Enquanto o
material tido como ofensivo permanecer sendo divulgado, o interessado poderá requerer
o direito de resposta. Ocorrendo a retirada espontânea da ofensa, o direito de resposta,
por analogia ao art. 58, § 1º, III, deve ser requerido no prazo de 3 (três) dias. [...]
(TSE, Recurso em Representação nº 187987, de 2.8.2010, Rel. Min. Henrique Neves da
Silva, Publicado em sessão)
No recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da Justiça Eleito-
ral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer pro-
paganda de partido político, de coligação ou de candidato e aos fiscais partidários, nos trabalhos
de votação, só é permitido que, em seus crachás, constem o nome e a sigla do partido político
ou coligação a que sirvam, vedada a padronização do vestuário.
É possível concluir, portanto, que a prática de boca de urna, especialmente na forma de arregi-
mentação de pessoas por lideranças políticas, candidatos ou coligações, bem como qualquer
outra conduta que prejudique a tranquilidade do pleito, deverão ser coibidas pelo Juiz Eleitoral e
pelo Presidente da Mesa receptora, a quem compete a polícia dos trabalhos eleitorais.
A Resolução TSE nº 23.610/2019 repete, em seu art. 87, o rol de condutas proibidas do § 5º do
art. 39 da LE com a atualização de proibição de novos conteúdos na internet e novos impulsio-
namentos de propaganda:
Art. 87. Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção de 6 (seis) meses
a 1 (um) ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo
período, e multa no valor de R$ 5.320,50 (cinco mil, trezentos e vinte reais e cinquenta
centavos) a R$ 15.961,50 (quinze mil, novecentos e sessenta e um reais e cinquenta
centavos) (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 5º, I a IV):
I - o uso de alto-falantes e amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata;
II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna;
III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus
candidatos;
IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas aplica-
ções de internet de que trata o art. 57-B da Lei nº 9.504/1997, podendo ser mantidos em
funcionamento as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente.
§ 1º O disposto no inciso III deste artigo não inclui a manutenção da propaganda que
tenha sido divulgada na internet antes do dia da eleição.
§ 2º As circunstâncias relativas ao derrame de material impresso de propaganda no dia
da eleição ou na véspera, previstas no § 7º do art. 19 desta Resolução, poderão ser apu-
radas para efeito do estabelecimento da culpabilidade dos envolvidos diante do crime de
que trata o inciso III deste artigo.
SANÇÃO: detenção de dois meses a um ano ou pagamento de 120 a 150 dias-multa. A pena é
agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão (art. 323, parágrafo único, do
Código Eleitoral).
- difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou para fins de propaganda, imputando-lhe fato ofen-
sivo à sua reputação (art. 325 do Código Eleitoral). A exceção da verdade somente se admite
se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções (art. 325,
parágrafo único, do Código Eleitoral).
ATENÇÃO!
Na sentença que julgar ação penal pela infração dos artigos 322, 323, 324, 325, 326, 331, 332,
334 e 335 do Código Eleitoral, se o juiz verificar que diretório local do partido, por qualquer dos
seus membros, concorreu para a prática de delito, ou dele se beneficiou conscientemente, im-
porá pena de suspensão da sua atividade eleitoral pelo prazo de 6 a 12 meses, agravada até o
dobro nas reincidências (art. 336, caput e parágrafo único, do Código Eleitoral).
- dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qual-
quer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que
a oferta não seja aceita (art. 299 do Código Eleitoral).
ATENÇÃO!
Todo cidadão que tiver conhecimento de infração penal prevista na legislação eleitoral deverá
comunicá-la ao Ministério Público ou ao Juiz da Zona Eleitoral onde ela se verificou (arts. 356 e
357, ambos do Código Eleitoral).
A controvérsia da doutrina especializada é que o § 3º criou um tipo penal que se equipara, des-
proporcionalmente, ao tipo descrito no art. 324, § 1º, do Código Eleitoral, criando, em tese, duas
penalidades com dosimetrias distintas para uma mesma conduta penal.
Não obstante o veto presidencial, o disposto foi mantido pelo Congresso Nacional e o art. 326-A
do Código Eleitoral segue com eficácia plena.
Data a partir da qual as entidades ou empresas que realizarem pesquisas de opinião pública
relativas às eleições ou aos possíveis candidatos, para conhecimento público, ficam obrigadas
a registrar no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), até 5 (cinco) dias antes
da divulgação, para cada pesquisa, as informações previstas em lei e na resolução expedida
pelo Tribunal Superior Eleitoral que dispõe sobre pesquisas eleitorais (Lei nº 9.504/1997, art. 33,
caput e § 1º).
Data a partir da qual fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte
da administração pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou
de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior,
casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução finan-
ceira e administrativa (Lei nº 9.504/1997, art. 73, § 10).
Data a partir da qual fica vedada a execução de programas sociais por entidade nominalmente
vinculada a candidato ou por este mantida, ainda que autorizados em lei ou em execução orça-
mentária no exercício anterior (Lei nº 9.504/1997, art. 73, § 11).
Data a partir da qual é vedado realizar despesas com publicidade dos órgãos públicos federais,
estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam
a média dos gastos no primeiro semestre dos 3 (três) últimos anos que antecedem o pleito
(Lei nº 9.504/1997, art. 73, VII).
1º de abril de 2022
Data a partir da qual, até 30 de julho de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral promoverá, em até
5 (cinco) minutos diários, contínuos ou não, requisitados às emissoras de rádio e de televisão,
propaganda institucional destinada a incentivar a participação feminina, dos jovens e da comuni-
dade negra na política, bem como a esclarecer os cidadãos sobre as regras e o funcionamento
do sistema eleitoral brasileiro (Lei nº 9.504/1997, art. 93-A).
15 de maio de 2022
Data a partir da qual é vedado às emissoras de rádio e de televisão transmitir programa apre-
sentado ou comentado por pré-candidata ou pré-candidato (Lei nº 9.504/1997, art. 45, § 1º e
Res.-TSE nº 23.610/2019, art. 43, § 2º).
4 de julho de 2022
Data a partir da qual, desde que em curso o período de 15 (quinze) dias que antecede a data
definida pelo partido para a escolha de candidatas e candidatos em convenção, é permitido ao
postulante à candidatura a cargo eletivo realizar propaganda intrapartidária com vista à indicação
de seu nome, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor, devendo a propaganda ser removida
imediatamente após a convenção (Lei nº 9.504/1997, art. 36, § 1º e Res.-TSE nº 23.610/2019,
art. 2°, § 1°).
20 de julho de 2022
Data a partir da qual, até 5 de agosto de 2022, é permitida a realização de convenções destinadas
a deliberar sobre coligações e a escolher candidatas e candidatos a presidente e vice-presidente
da República, governador e vice-governador, senador e respectivos suplentes, deputado federal,
deputado estadual e distrital (Lei nº 9.504/1997, art. 8º, caput e Res.-TSE nº 23.609, art. 6º).
Data a ser considerada, para fins de divisão do tempo destinado à propaganda no rádio e na
televisão por meio do horário eleitoral gratuito, para o cálculo da representatividade na Câmara
dos Deputados, decorrente de eventuais novas totalizações do resultado das eleições gerais
(Lei nº 9.504/1997, art. 47, § 3º e Res.-TSE nº 23.610/2019, art. 55, § 1°).
Data a ser considerada, para fins da garantia prevista em lei para a participação em debates
transmitidos por emissoras de rádio e de televisão, para o cálculo da representatividade do Con-
gresso Nacional decorrente de eventuais novas totalizações do resultado das eleições gerais
(Lei nº 9.504/1997, art. 46, caput e Res.-TSE nº 23.610/2019, art. 44, § 6°).
30 de julho de 2022
Último dia para o Tribunal Superior Eleitoral promover, em até 5 (cinco) minutos diários, contí-
nuos ou não, requisitados às emissoras de rádio e de televisão, propaganda institucional desti-
nada a incentivar a participação feminina, dos jovens e da comunidade negra na política, bem
como a esclarecer os cidadãos sobre as regras e o funcionamento do sistema eleitoral brasileiro
(Lei nº 9.504/1997, art. 93-A).
6 de agosto de 2022
Data a partir da qual é vedado às emissoras de rádio e de televisão, em sua programação normal
e em seu noticiário (Lei nº 9.504/1997, art. 45, I e III a VI):
15 de agosto 2022
Data a partir da qual não será permitida a realização de enquetes relacionadas ao processo elei-
toral e caberá o exercício do poder de polícia contra a sua divulgação (Lei n° 9.504/1997, art. 33,
§ 5º, c.c. o art. 36 e Res. TSE nº 23.600/2019, art. 23).
Data a partir da qual será permitida a propaganda eleitoral, inclusive na internet (Lei nº 9.504/1997,
arts. 36, caput, e 57-A).
Data a partir da qual, até 1º de outubro de 2022, os candidatos, os partidos e as coligações po-
dem fazer funcionar, das 8 (oito) horas às 22 (vinte e duas) horas, alto-falantes ou amplificadores
de som, nos termos da Resolução do Tribunal Superior Eleitoral que disciplina a propaganda
eleitoral (Lei nº 9.504/1997, art. 39, §§ 3º e 5º, I).
Data a partir da qual, até 29 de setembro de 2022, os candidatos, os partidos políticos e as coli-
gações poderão realizar comícios e utilizar aparelhagem de sonorização fixa, das 8 (oito) horas
às 24 (vinte e quatro) horas, podendo o horário ser prorrogado por mais 2 (duas) horas, quando
se tratar de comício de encerramento de campanha (Código Eleitoral, art. 240, parágrafo único,
e Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 4º).
Data a partir da qual, até as 22 (vinte e duas) horas do dia 1º de outubro de 2022, poderá haver
distribuição de material gráfico, caminhada, carreata ou passeata, acompanhadas ou não por
carro de som ou minitrio (Lei nº 9.504/1997, art. 39, §§ 9º e 11).
Data a partir da qual, até 30 de setembro de 2022, serão permitidas a divulgação paga, na im-
prensa escrita, e a reprodução na internet do jornal impresso, de até 10 (dez) anúncios de pro-
paganda eleitoral, por veículo, em datas diversas, para cada candidato, no espaço máximo, por
edição, de 1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão e de 1/4 (um quarto) de página de revista
ou tabloide (Lei nº 9.504/1997, art. 43, caput).
21 de agosto de 2022
Último dia para os tribunais eleitorais, junto com os partidos políticos e as federações e a re-
presentação das emissoras de rádio e de televisão, elaborarem plano de mídia para uso da
26 de agosto de 2020
Último dia para os juízes eleitorais responsáveis pela propaganda eleitoral elaborarem, junto
com os partidos políticos e a representação das emissoras de rádio e de televisão, plano de
mídia para uso da parcela do horário eleitoral gratuito a que tenham direito, assim como para re-
alizar os sorteios para a escolha da ordem de veiculação da propaganda em rede e de inserções
provenientes de eventuais sobras de tempo (Lei nº 9.504/1997, arts. 50 e 52).
Último dia para o grupo de emissoras e as emissoras responsáveis pela geração fornecerem à
Justiça Eleitoral, aos partidos políticos e às coligações, por meio do formulário estabelecido no
Anexo II da Resolução da propaganda eleitoral, seus telefones, endereços, inclusive eletrônico,
e nomes das pessoas responsáveis pelo recebimento de mapas e de mídias.
Data a partir da qual, até 29 de setembro de 2022, será veiculada a propaganda eleitoral gratuita
no rádio e na televisão relativa ao primeiro turno (Lei nº 9.504/1997, art. 47, caput, e art. 51 e
Res.- TSE nº 23.610/2019, art. 49)
29 de setembro de 2022
Último dia para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão relativa ao
primeiro turno (Lei nº 9.504/1997, art. 47, caput, e Código Eleitoral, art. 240, parágrafo único).
Último dia para propaganda política mediante reuniões públicas ou promoção de comícios e
utilização de aparelhagem de sonorização fixa, entre as 8 (oito) horas e as 24 (vinte e qua-
tro) horas, com exceção do comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorro-
gado por mais 2 (duas) horas (Código Eleitoral, art. 240, parágrafo único, e Lei nº 9.504/1997,
art. 39, § 4º).
Último dia para a realização de debate no rádio e na televisão, admitida sua extensão até as
7 (sete) horas do dia 2 de outubro de 2022 (Res. TSE nº 21.223/2002).
30 de setembro de 2022
Último dia para a divulgação paga, na imprensa escrita, de propaganda eleitoral e a reprodu-
ção, na internet, de jornal impresso com propaganda eleitoral relativa ao primeiro turno (Lei
nº 9.504/1997, art. 43, caput).
ELEIÇÕES 2022 MANUAL DE PROPAGANDA ELEITORAL E PODER DE POLÍCIA 96
1º de outubro de 2022
Último dia para a propaganda eleitoral mediante alto-falantes ou amplificadores de som, entre as
8 (oito) horas e as 22 (vinte e duas) horas nos termos da Resolução do Tribunal Superior Eleitoral
que disciplina a propaganda eleitoral (Lei nº 9.504/1997, art. 39, §§ 3º e 5º, I).
Último dia, até as 22 (vinte e duas) horas, para a distribuição de material gráfico, caminhada,
carreata ou passeata, acompanhados ou não por carro de som ou minitrio (Lei nº 9.504/1997,
art. 39, §§ 9º e 11).
Para fins do disposto no caput, é vedado, no dia da eleição, até o término do horário de votação,
com ou sem utilização de veículos (Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 5º, III, e art. 39-A, § 1º):
No recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da Justiça Elei-
toral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer
propaganda de partido político, de coligação ou de candidato (Lei nº 9.504/1997, art. 39-A, § 2º).
Aos fiscais partidários, nos trabalhos de votação, só é permitido que, de seus crachás, constem
o nome e a sigla do partido político ou da coligação a que sirvam, vedada a padronização do
vestuário (Lei nº 9.504/1997, art. 39-A, § 3º).
3 de outubro de 2022
Data a partir da qual, decorrido o prazo de 24 (vinte e quatro) horas do encerramento da votação
(17h – dezessete horas – do dia anterior no horário local), até 29 de outubro de 2022, os candi-
datos, os partidos e as coligações podem fazer funcionar, das 8 (oito) horas às 22 (vinte e duas)
horas, alto-falantes ou amplificadores de som, nos termos da Resolução do Tribunal Superior
Eleitoral que disciplina a propaganda eleitoral (Lei nº 9.504/1997, art. 39, §§ 3º, 9º e 11).
Data a partir da qual, decorrido o prazo de 24 (vinte e quatro) horas do encerramento da votação
(17h – dezessete horas – do dia anterior no horário local), até 27 de outubro de 2022, os candi-
datos, os partidos políticos e as coligações poderão realizar comícios e utilizar aparelhagem de
sonorização fixa, das 8 (oito) horas às 24 (vinte e quatro) horas, podendo o horário ser prorroga-
do por mais 2 (duas) horas quando se tratar de comício de encerramento de campanha (Código
Eleitoral, art. 240, parágrafo único, e Lei nº 9.504/1997, art. 39, § 4º).
Data a partir da qual, decorrido o prazo de 24 (vinte e quatro) horas do encerramento da votação
(17h – dezessete horas – do dia anterior no horário local), até 29 de outubro de 2022, poderá
ELEIÇÕES 2022 MANUAL DE PROPAGANDA ELEITORAL E PODER DE POLÍCIA 97
haver distribuição de material gráfico, caminhada, carreata ou passeata, acompanhadas ou não
por carro de som ou minitrio (Código Eleitoral, art. 240, parágrafo único, e Lei nº 9.504/1997,
art. 39, §§ 9º e 11).
Data a partir da qual, até 28 de outubro de 2022, serão permitidas a divulgação paga, na im-
prensa escrita, e a reprodução na internet do jornal impresso, de até 10 (dez) anúncios de pro-
paganda eleitoral, por veículo, em datas diversas, para cada candidato, no espaço máximo, por
edição, de 1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão e de 1/4 (um quarto) de página de revista
ou tabloide (Lei nº 9.504/1997, art. 43, caput).
7 de outubro de 2022
Data a partir da qual, até 28 de outubro de 2022, será veiculada propaganda eleitoral gratuita no
rádio e na televisão relativa ao segundo turno (Lei nº 9.504/1997, art. 49, caput, e art. 51, § 2º e
Res.-TSE nº 23.610/2019, art. 60).
27 de outubro de 2022
Último dia para propaganda política mediante reuniões públicas ou promoção de comícios e
utilização de aparelhagem de sonorização fixa, entre as 8 (oito) horas e as 24 (vinte e qua-
tro) horas, com exceção do comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorro-
gado por mais 2 (duas) horas (Código Eleitoral, art. 240, parágrafo único, e Lei nº 9.504/1997,
art. 39, § 4º).
28 de outubro de 2022
Último dia para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita do segundo turno no rádio e na
televisão (Lei nº 9.504/1997, art. 49, caput, e art. 51, § 2º).
Último dia para a divulgação paga, na imprensa escrita, de propaganda eleitoral do segundo
turno (Lei nº 9.504/1997, art. 43, caput).
Último dia para a realização de debate no rádio e na televisão, não podendo ultrapassar o horário
de meia-noite (Res.-TSE nº 22.452/2006).
29 de outubro de 2022
Último dia para a propaganda eleitoral mediante alto-falantes ou amplificadores de som, entre as
8 (oito) horas e as 22 (vinte e duas) horas, nos termos da Resolução do Tribunal Superior Eleito-
ral que disciplina a propaganda eleitoral (Lei nº 9.504/1997, art. 39, §§ 3º e 5º, I).
Último dia, até as 22 (vinte e duas) horas, para a distribuição de material gráfico, caminhada,
carreata ou passeata, acompanhados ou não por carro de som ou minitrio (Lei nº 9.504/1997,
art. 39, §§ 9º e 11).
No recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da Justiça Elei-
toral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer
propaganda de partido político, de coligação ou de candidato (Lei nº 9.504/1997, art. 39-A, § 2º).
Aos fiscais partidários, nos trabalhos de votação, só é permitido que, de seus crachás, constem
o nome e a sigla do partido político ou da coligação a que sirvam, vedada a padronização do
vestuário (Lei nº 9.504/1997, art. 39-A, § 3º).
O conceito mais abrangente de poder de polícia, e que a doutrina aponta como plenamente
aplicável à propaganda eleitoral é o previsto no Código Tributário Nacional, abaixo transcrito:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de
fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou
ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
O poder de polícia será exercido pelos juízes eleitorais e pelos juízes designados pelos Tribunais
Regionais Eleitorais e se restringe às providências necessárias para inibir práticas ilegais, veda-
da a censura prévia sobre o teor dos programas a serem exibidos na televisão, no rádio ou na
internet (Lei nº 9.504/1997, art. 41, §§ 1º e 2º).
Art. 6º. Art. 60 A propaganda exercida nos termos da legislação eleitoral não poderá ser
objeto de multa nem cerceada sob alegação do exercício do poder de polícia ou de vio-
lação de postura municipal, casos em que se deve proceder na forma prevista no art. 40
da Lei n° 9.50411997 (Lei n° 9.504/1 997, art. 41, caput).
§ 1º O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido por juízes eleitorais e
juízes designados pelos tribunais regionais eleitorais, nos termos do art. 41, § 11, da Lei
n° 9.504/1997, observado ainda, quanto à internet, o disposto no art. 80 desta Resolução.
Este normativo delimitou o poder de polícia geral e na internet, no âmbito do Estado do Ceará,
conforme abaixo:
Art. 1º O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral e as enquetes, nas Eleições Ge-
rais de 2022, será exercido por juízas e juízes eleitorais, pelas relatoras e pelos relatores
deste Tribunal e pelas juízas e pelos juízes auxiliares designados nos termos da Resolu-
ção TRE-CE nº 862/2021 (art. 54, caput, da Resolução TSE nº 23.608/2019).
Art. 2º Nos municípios de Caucaia, Maracanaú, Sobral e Juazeiro do Norte, o poder de
polícia sobre a propaganda eleitoral e as enquetes será exercido pelos Juízos Eleitorais
das respectivas circunscrições, cabendo a coordenação dos trabalhos relativos à fiscali-
zação da propaganda eleitoral aos Juízos Eleitorais a seguir relacionados:
I - Caucaia - Juízo Eleitoral da 123ª Zona;
II - Maracanaú - Juízo Eleitoral da 104ª Zona;
III - Sobral - Juízo Eleitoral da 121ª Zona;
IV - Juazeiro do Norte - Juízo Eleitoral da 28ª Zona.
Art. 3º No município de Fortaleza, o poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será
exercido pela Comissão de Fiscalização da Propaganda Eleitoral, formada pelos Juízos
Eleitorais da capital, excetuadas a 3ª, a 93ª, a 94ª e a 95ª zonas Eleitorais, cabendo a
coordenação-geral ao Juízo da118ª Zona Eleitoral.
Parágrafo único. Os trabalhos da Comissão de Fiscalização da Propaganda Eleitoral em
Fortaleza serão distribuídos da seguinte forma:
I - os Juízos Eleitorais das 1ª, 2ª e 80ª zonas, sob a coordenação da 1ª Zona Eleitoral,
ficarão responsáveis pelas atribuições administrativas, compreendendo, entre outras, a
gestão de pessoal, inclusive a elaboração de escala de trabalho e controle de servi-
ço extraordinário; a gestão dos contratos de veículos; o gerenciamento das diligências
externas, inclusive a apreensão de bens e materiais; e o controle de comunicações de
carreatas, comícios, caminhadas e ventos assemelhados;
II - os Juízos Eleitorais das 82ª e 83ª zonas, sob a coordenação da 82ª Zona Eleitoral,
ficarão responsáveis pelo recebimento, triagem, autuação e distribuição das Notícias de
Irregularidade em Propaganda Eleitoral;
III - os Juízos Eleitorais das 85ª, 112ª, 113ª, 114ª, 115ª, 116ª, 117ª e 118ª zonas, sob a
coordenação da 118ª Zona Eleitoral, ficarão responsáveis pelo processamento e julga-
mento das Notícias de Irregularidade em Propaganda Eleitoral.
Art. 4º No caso de propaganda eleitoral veiculada pela Internet, o exercício do poder de
polícia no Estado do Ceará caberá à Comissão de Fiscalização da Propaganda Eleitoral
em Fortaleza, nos termos do art. 3º, inciso III, desta Resolução.
Conforme reiteradas decisões do TSE, o poder de polícia exercido pelos juízes eleitorais não
lhes confere legitimidade para instaurar, de ofício, qualquer procedimento judicial para apuração
de condutas em desacordo com a Lei Eleitoral e aplicação da correspondente sanção.
Neste sentido, a Súmula TSE nº 18: “Conquanto investido de poder de polícia, não tem legitimi-
dade o juiz eleitoral para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de impor multa pela
veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei nº 9.504/97”.
O juiz eleitoral poderá, através dos expedientes adiante elencados, a título exemplificativo, reali-
zar a prevenção de conflitos que normalmente acontecem em os anos eleitorais:
Saliente-se que o poder de polícia exercido durante a fiscalização da propaganda eleitoral é mais
uma das competências atribuídas aos juízes eleitorais, não os impedindo de julgar os feitos em
que tenham exercido tal poder, ou seja, fica assegurada a sua atuação na condução e no julga-
mento dos feitos jurisdicionais relativos ao respectivo pleito, no caso de eleições municipais.
Para as eleições 2020, tomando mais uma vez como base a Sistematização de Normas Eleito-
rais, o TSE pela primeira vez delimitou o raio de atuação do poder de polícia do juiz eleitoral, mais
especificamente na análise das propagandas na internet.
Deste modo, a partir de 2020, o juiz eleitoral passou a atuar ex officio, no exercício do poder de
polícia administrativo, somente nos casos de irregularidades quanto ao meio ou à forma da pro-
paganda eleitoral veiculada na internet.
A exemplo do que ocorre na esfera cível, com consequências patrimoniais, há também no âmbito
penal, mecanismo para compelir candidatos que venham a descumprir ordem judicial, determi-
nando que seja regularizada ou cessada a veiculação de propaganda eleitoral irregular.
Assim, tal como no instituto das astreintes, o crime de desobediência possui como finalidade
atribuir punição a candidato pela prática de propaganda, cuja legislação eleitoral não estipulou
punição específica, embora a tenha considerado irregular.
Entretanto, para a configuração do crime de desobediência, devem ser cumpridos alguns requisitos:
I - Ordem direta e individualizada: o candidato deve ser notificado para que deixe de praticar uma
conduta específica. Tome-se, por exemplo, a ordem para retirada de uma placa que se encontra
no endereço “X”, no prazo de 48 horas, sob pena de incorrer no crime de desobediência. Não
é possível, portanto, dizer a todos os candidatos registrados no município que, caso cometam
alguma irregularidade na veiculação de propaganda eleitoral (genericamente), poderão ser con-
denados pelo crime de desobediência.
II - Não cumulatividade com astreintes: uma vez aplicada a multa inibitória na esfera cível, não
se deve condenar o candidato por crime de desobediência.
Para as eleições 2020, tal entendimento restou sedimentado na Resolução TSE nº 23.608/2019,
conforme abaixo:
Art. 54. (...)
§ 2º No exercício do poder de polícia, é vedado ao magistrado aplicar sanções pecuniá-
rias, instaurar de ofício a representação por propaganda irregular ou adotar medidas co-
ercitivas tipicamente jurisdicionais, como a imposição de astreintes (Súmula n° 18/TSE).
Para as medidas coercitivas impostas no âmbito das representações e dos pedidos de direito de
resposta, permanece hígida a prerrogativa do juiz eleitoral em arbitrar multa coercitiva (astrein-
tes) nos casos de demora injustificada para cumprir a determinação judicial:
Tais disposições legais deixam claro que, nos processos judiciais, permanece a legalidade na
imposição das medidas pecuniárias coercitivas visando o adimplemento das decisões judiciais.
É necessário, contudo, fazer uma ressalva. A edição de portarias será permitida desde que
sua finalidade seja, exclusivamente, organizar ou viabilizar o acesso dos partidos e candidatos
à propaganda eleitoral.
Assim, não poderá o Juiz Eleitoral, sob o fundamento de evitar a perturbação da ordem pública
e prevenir os incidentes entre correligionários dos partidos políticos, editar portaria proibindo, por
exemplo, a realização de caminhadas, passeatas, carreatas, comícios ou qualquer outro tipo de
propaganda permitida por lei.
A despeito disso, poderá baixar portaria com vistas à divisão equitativa dos dias e dos horários
em que cada partido poderá ocupar o espaço público para realizar suas manifestações. Neste
caso, o juiz não estará cerceando o direito de promover a campanha eleitoral, mas sim, estabe-
lecendo condições necessárias para sua realização de forma harmônica e equilibrada entre os
partidos.
Assim como previsto para as astreintes e para o crime de desobediência, também não poderá o
Juiz Eleitoral editar portaria criando penalidade, além daquelas já previstas em lei.
ELEIÇÕES 2004. Recurso especial eleitoral. Incompetência da Justiça Eleitoral para pro-
cessar e julgar representação por descumprimento de termo de compromisso de ajusta-
mento de conduta. Recurso ao qual se nega provimento.
(TSE, RESPE nº 28478, de 1.3.2011, Rel. Min. Carmen Lúcia Antunes Rocha)
Deste modo, é importante uma reunião prévia ao início do período eleitoral com as autoridades
policiais locais, de modo a evitar que um candidato/agremiação partidária faça, por exemplo, a
reserva de todos os finais de semana até a véspera da eleição, para fins de carreata/comício.
Com tal atitude evita-se atritos futuros e alinha-se as políticas locais de uso do espaço público
nas eleições.
Ação penal. Conduta de afixar cartazes e faixas contendo propaganda eleitoral em resi-
dência particular, em data anterior ao dia das eleições. Atipicidade da conduta à luz do
art. 39, § 5º, III, da Lei 9.504/97. Existência de normas permissivas. […]
(TSE, RESPE nº 155903, Acórdão de 2.10.2012, Rel. Min. Nancy Andrighi)
[…]. Penal. Crime eleitoral. Art. 39, § 5º, III, da Lei nº 9.504/97. Propaganda no dia da
eleição. Dolo específico. […]. Tipicidade material. Bem jurídico tutelado. Livre exercício
do voto. […]
1. A matéria referente à suposta atipicidade por ausência do dolo específico de influen-
ciar eleitores na conduta de arremessar santinhos em via pública não foi examinada pela
Corte a quo, carecendo, assim, do indispensável prequestionamento. Incidência das Sú-
mulas nos 282 e 356 do STF.
2. O princípio da insignificância não pode ser aplicado ao crime do art. 39, § 5º, III, da Lei
nº 9.504/97, porque o bem tutelado é o livre exercício do voto e a lisura do processo de
obtenção do voto. Precedente.
3. Ademais, o Tribunal de origem asseverou que ‘no presente caso, considerado o local
em que foi praticada a conduta delituosa; a quantidade de material lançado em via públi-
ca; bem como o material que ainda se encontrava em poder do recorrente […], restam
evidentes a gravidade e o inegável dano à sociedade’ […], o que corrobora para o reco-
nhecimento da tipicidade material da conduta. […]
(TSE, AgR-AI nº 498122, Acórdão de 3.9.2014, Rel. Min. Luciana Lóssio)
DECISÃO
1. Trata-se de representação ajuizada pela Coligação O Povo Feliz de Novo (PT/PCdoB/
PROS), Fernando Haddad e Manuela Pinto Vieira D’Ávila contra (i) Facebook Serviços
Online do Brasil Ltda.; (ii) WhatsApp Inc; e (iii) Fernando Rogala e outros, objetivando
o exercício do direito de resposta, com fundamento no art. 58, § 3º, inciso IV, da Lei nº
9.504/1997, bem como a aplicação da sanção de multa aos representados, porquanto
realizadas publicações em grupo restrito de aplicativo de mensagens instantâneas com
conteúdos considerados ofensivos, difamatórios e inverídicos.
Em síntese, os representantes sustentam os seguintes pontos (ID 525952): a) o grupo no
aplicativo WhatsApp denominado “a Rede – Eleições 2018” é administrado por Fernando
Rogala, Mario Luiz Martins, entre outros, e possui 173 participantes, utilizado atualmente
para a disseminação de mensagens ofensivas e inverídicas contra os candidatos Fer-
nando Haddad e Manuela D’Ávila; b) “não podem as pessoas representadas empregar
com tamanha irresponsabilidade o aplicativo de mensagens – meios de rápida difusão
de conteúdo – para circulação de afirmações infundadas, injuriosas e difamatórias que
visam, única e exclusivamente, manipular a opinião pública por meio de ilações vazias”
(p. 14-15); c) os conteúdos divulgados afirmam que: (i) o Partido dos Trabalhadores teria
financiado performances com pessoas nuas; (ii) Manuela D’Ávila teria dito que o cristia-
nismo iria desaparecer por ser mais popular que Jesus; (iii) eventual governo de Haddad
contaria com um sistema educacional marcado por condutas inadequadas nas salas de
aula; (iv) eleitores e candidatos do Partido dos Trabalhadores seriam idiotas, mamado-
res e corruptos; e (v) Haddad anui e incentiva a hipersexualização de crianças; e d) as
manifestações compartilhadas no aplicativo atacam a Coligação e seus candidatos com
informações inverídicas, difamatórias e injuriosas, sem nenhuma legitimidade ou funda-
mento, justificando o exercício do direito de resposta e imposição de multa.
Pleiteiam, ao final, a procedência da representação para o exercício do direito de res-
posta, nos moldes do art. 58, § 3º, inciso IV, da Lei nº 9.504/1997, bem como a retirada
definitiva dos conteúdos considerados ilícitos e a aplicação da sanção de multa aos re-
presentados.
Na data de 12.10.2018, indeferi o pedido de tutela provisória, uma vez que os conteú-
dos impugnados não traduzem nenhuma transgressão comunicativa, violadora de regras
eleitorais ou ofensivas a direitos personalíssimos dos representantes, e estão agasalha-
dos pelo exercício legítimo da liberdade de expressão, nos moldes do art. 5º, inciso IV,
da Constituição Federal.
[…]
Quanto ao mérito, a empresa representada alega, em suma, que os conteúdos veicu-
lados pelo aplicativo WhatsApp não estão sujeitos à legislação eleitoral regente, pois
mensagens privadas entre usuários não caracterizam propaganda eleitoral, tratando-se
de comunicação restrita entre cidadãos.
[…]
É o relatório. Decido.