20199-Texto Do Artigo-71782-1-10-20210217
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ISSN 2317-7438
Artigo
Resumo
Este artigo descreve um estudo sobre as medidas socioeducativas e seus impactos na
ressocialização dos menores infratores, bem como os fundamentos multidisciplinares
de sua aplicação. Primeiramente, são abordados os fundamentos de aplicação dessas
medidas socioeducativas, ao passo que possuem uma natureza pedagógica-educativa
que visa a ressocialização do menor infrator à sociedade. Ao longo do estudo também
são analisados diversos fatores que psicologicamente e socialmente contribuem para
delinquência juvenil e seus diversos agentes. Por fim, foram observados os impactos
das medidas socioeducativas na ressocialização desses menores infratores, bem como
a importância de uma rede de apoio interdisciplinar envolvendo a família, o Estado
e a sociedade para a sua efetivação.
Palavras-chave: Menores infratores. Medidas socioeducativas. Ressocialização.
Abstract
This article describes a study on socio-educational measures and their impact on the
re-socialization of juvenile offenders, as well as the multidisciplinary fundamentals
of their application. First, the fundamentals of application of these socio-educational
measures are addressed, since they have a pedagogical-educational nature that aims
to re-socialize the minor offender to society. Throughout the study, several factors that
psychologically and socially contribute to juvenile delinquency and its agents are also
analyzed. In the end, the impacts of socio-educational measures on the re-
socialization of these minor offenders were observed, as well as the importance of an
interdisciplinary support network involving the family, the State and society for its
effectiveness.
Keywords: Juvenile offenders. Educational measures; Resocialization.
O
presente artigo apresenta uma pesquisa sobre as medidas
socioeducativas e seus impactos na ressocialização dos menores
infratores, bem como os fundamentos multidisciplinares de sua
aplicação. Nesse sentido, abordam-se os fundamentos biológicos e político
criminais, bem como jurídicos e sociais de aplicação dessas medidas
socioeducativas, ao passo que possuem uma natureza pedagógica-educativa,
com uma finalidade social de ressocialização do menor infrator à sociedade.
Hodiernamente, a redução da menoridade penal como forma de
combate à criminalidade é tema recorrente na sociedade moderna
(TRINDADE, 2017, p. 599). Para Laurindo (2013), a eficácia da aplicação das
medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente tem sido muito
questionada, pois, no ponto de vista da sociedade em geral, há uma grande
diferenciação no tratamento dado ao adulto que pratique um ilícito penal e ao
menor infrator que comete infração igual ou semelhante. Em decorrência
disso, a sociedade vê tal fato como impunidade, o que é reforçado pela mídia.
Em contraponto, cabe salientar que a maioridade penal aos dezoito
anos possui diversos fundamentos multidisciplinares que a justificam, bem
como destaca-se a importância da aplicação das medidas socioeducativas a
esses jovens. Entre os principais fundamentos que reforçam essa realidade,
destacam-se aqueles no âmbito biológico, atualmente utilizado pela legislação
pátria, bem como os fundamentos político criminais, sociais e jurídicos.
Ademais, frisa-se que na história brasileira a maioridade penal aos
dezoito anos é uma verdadeira conquista social, considerando que a idade
mínima para a punição penal já foi absurdamente menor. Atualmente, isso é
um preceito constitucional previsto na Constituição Federal Brasileira em seu
artigo 228, que dispõe que “são penalmente inimputáveis os menores de
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial” (BRASIL.
Constituição da República Federativa do Brasil, 2020).
pelo contrário, acaba por agravá-la. À vista disso, por fim também foram
analisados os impactos dos diferentes tipos de medidas socioeducativas na
ressocialização desses menores infratores, bem como a importância de uma
rede de apoio interdisciplinar envolvendo a família, o Estado e a sociedade
para auxiliar na sua ressocialização em conjunto com as medidas
socioeducativas.
Fundamento biológico
A legislação brasileira adotou o critério biológico a fim de determinar
a maioridade penal, sendo que ao menor de dezoito anos se exclui a
culpabilidade da conduta. Dessa maneira, os menores infratores são
penalmente inimputáveis, ou seja, pela lei, são biologicamente incapazes de
culpabilidade. Nesse sentido, a principal base desse fundamento é a ideia de
que aos menores de dezoito anos falta a maturidade natural para ter plena
capacidade sob a imputação de um fato típico e ilícito. Sobre esse fundamento
disserta Rogério Grego:
Fundamento biopsicológico
Em relação ao fundamento biopsicológico, Bitencourt (2012, p. 286.)
expõe que apesar do critério biológico ser suficiente para isentar o menor
infrator de pena, o fundamento biopsicológico precisa ser analisado para
determinar se, ao adolescente, será aplicada uma medida socioeducativa.
Ocorre que, na escolha da medida socioeducativa para cada adolescente, deve-
se considerar sua capacidade, circunstâncias da conduta e gravidade da
infração.
Sendo assim, é preciso que o menor tenha capacidade de
entendimento e de autodeterminação. Por exemplo, um adolescente com
algum tipo de deficiência mental pode não possuir a mesma capacidade de
Fundamento jurídico
Apesar do seu caráter educativo, as medidas socioeducativas tratam
de uma manifestação do Estado de natureza impositiva e sancionatória.
Nesse sentido, segundo Wilson Donizeti Liberati, as medidas socioeducativas
podem ser definidas como:
Fundamento social
A multidisciplinariedade das medidas socioeducativas faz com que
diversas delas tenham um misto de características, sejam elas jurídicas e
sociais, educativas, pedagógicas, entre outras. Do ponto de vista social, as
medidas socioeducativas objetivam a reintegração do menor infrator à
sociedade, com a utilização de diversos instrumentos que auxiliam o menor
infrator na compreensão do que é certo, demonstrando as responsabilidades
pela sua conduta errônea, assim como orientando quanto sua educação,
profissionalização e cidadania.
Ocorre que o problema da criminalidade possui raízes mais profundas
envoltas na desigualdade social presente no país, e dessa maneira, não é
facilmente evitada. Porém, as medidas socioeducativas proporcionam que
adolescentes em formação permaneçam integrados à sociedade, e no mínimo,
não aumenta a criminalidade, pois não ocorre a sua exposição a condenados
de maior periculosidade.
Sobre isso, Barros explicita a importância de impedir a “contaminação
do ambiente maléfico do cárcere, que pode vir a tornar um infrator de menor
periculosidade em um indivíduo pior que venha causar outros malefícios mais
graves à sociedade” (BARROS, 2015). Portanto, através desse fundamento se
considera o menor como pessoa em desenvolvimento, que necessita de
educação e demais ferramentas de formação, ao invés de prisão e
encarceramento, que só tende a reforçar a formação que o leva a delinquir.
Nesse sentido, a seguir são abordados fatores que agravam a delinquência
juvenil, bem como seus diversos agentes.
Considerações finais
Ao final da presente pesquisa foi possível observar que a aplicação das
medidas socioeducativas aos menores infratores compõe-se de diversos
fundamentos, eludindo sua multidisciplinariedade. Os fundamentos
biológicos e político criminais elucidam a imaturidade penal dos jovens,
juntamente com a necessidade de focar na educação quanto aos menores, ao
invés de sancioná-los igualmente aos infratores adultos. Nesse sentido, cabe
aos jovens a defesa de seus direitos pelo Estado, principalmente devido à sua
situação de pessoa em desenvolvimento, que requer certas preocupações
quanto á sua devida formação.
Ademais, abordaram-se os fundamentos jurídicos e sociais de
aplicação dessas medidas socioeducativas, ao passo que possuem um caráter
social de restauração do menor infrator à sociedade, e também agem como
medidas de natureza jurídica de sanção juvenil a fim de defesa social. Assim,
atenta-se à natureza pedagógica-educativa das medidas, que propõem
sanções menos gravosas, sem deixar de responsabilizar o menor infrator por
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