Módulo 2 - Sobre Espaços Humanos, Deficiências e Atividades
Módulo 2 - Sobre Espaços Humanos, Deficiências e Atividades
Módulo 2 - Sobre Espaços Humanos, Deficiências e Atividades
espaços de uso
público no Brasil
Módulo
Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa
Coordenadora de Desenvolvimento
Marcela Coimbra de Albuquerque
Supervisores Técnicos:
Coordenação-Geral de Acessibilidade e Tecnologia Assistiva, da Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas
com Deficiência, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Rodrigo Abreu de Freitas Machado – Coordenador-Geral
Rafaele Dib Ubaldino de Freitas
Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB / CDT / Labo-
ratório Latitude e Enap.
Enap, 2019
2.6. Conclusão................................................................................. 30
Referências ..................................................................................... 32
Saiba mais
No módulo 1 do “Curso de Acessibilidade em Espaços de Uso Público no Brasil –
Conceitos Básicos” você pode ler mais informações sobre as lutas por inclusão
de pessoas com deficiência no século XX.
É também a partir desta época que começam a se estabelecer mudanças culturais e de atitude
em relação à deficiência, com alterações profundas de seu significado. Um longo caminho
foi percorrido, desde a situação enfrentada na antiguidade, onde muitas vezes as pessoas
eram estigmatizadas, passando pela fase assistencialista e de segregação, até a abordagem
essencialmente médica de “cura” e de tratamento especializado. É apenas a partir do final do
século XX que o atual modelo de concepção social da deficiência se estabelece.
É importante destacar que no modelo social da deficiência o foco está centrado nas condições do
ambiente necessárias para sua inclusão e não no indivíduo. A deficiência é vista como resultado
da interação entre pessoas com impedimentos, isto é, suas características de ordem físico-
funcional, tal como a paralisia das pernas devido a um acidente, e as barreiras existentes devidas
às atitudes e em seus diversos ambientes vivenciados, tais como um acesso a um prédio público
unicamente por escada. São estas barreiras que causam diversos tipos de limitações para a
realização de atividades e desta forma restringem sua plena e efetiva participação em condições
de igualdade.
Por este ponto de vista, introduzido pela Convenção, pessoas com deficiência são, antes de
mais nada, PESSOAS. Pessoas como quaisquer outras, com protagonismos, peculiaridades,
contradições e singularidades. Pessoas que lutam por seus direitos, que valorizam o respeito pela
dignidade, pela autonomia individual, pela plena e efetiva participação e inclusão na sociedade e
pela igualdade de oportunidades, evidenciando, portanto, que a deficiência é apenas mais uma
característica da condição humana.
Dica
Veja o texto completo da Convenção em conteúdos de expansão ou no link:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.
htm
Apesar das mudanças de concepção e conquistas legais por direitos, adquiridas nas últimas
décadas, e da crescente participação de pessoas com deficiência em todos os âmbitos da vida
social, especialmente nas escolas e ambientes de trabalho, a visão da pessoa com deficiência
como "diferente", “especial”, “limitada” ou “incapaz”, infelizmente, ainda perdura. Isso se deve,
em grande parte, à uma herança de exclusão social, onde as pessoas com deficiência eram
mantidas em casa, superprotegidas por suas famílias, frequentavam escolas ou instituições
exclusivas, não trabalhavam, e frequentavam muito pouco, ou nunca, ambientes de recreação,
cultura ou lazer.
Importante
Assim devem-se evitar termos ainda utilizados erroneamente, tais como:
pessoa deficiente, pessoa portadora de necessidades especiais, pessoa
portadora de deficiência, ou pessoas especiais. Em especial o termo “portadora
de” possui significado que pode ser interpretado como: a pessoa “carrega”
uma deficiência, ou necessidades que são diferentes de outras pessoas,
salientando a diferença. Atualmente o termo correto a utilizar é: pessoa(s) com
deficiência, que coloca a pessoa em primeiro lugar, e não utiliza “eufemismos”
para reconhecer a presença de uma deficiência.
Também podemos utilizar um substantivo, mais a expressão “com deficiência”. São exemplos
desta forma: aluno com deficiência, atleta com deficiência. E podemos complementar com o
tipo de deficiência: pessoa com deficiência auditiva, visual, física, intelectual, mental. A pessoa
usuária da Língua Brasileira de Sinais (Libras) em geral prefere ser reconhecida como “pessoa
surda”, e NUNCA se deve utilizar os termos “surda-muda” ou “surdo-mudo”.
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Destaque,h
Desafio: Faça uma reflexão e tente identificar em sua vida pessoal:
A importância desta relação entre as características dos ambientes e a pessoa com deficiência
pode ser melhor compreendida através de um exemplo concreto. Uma pessoa com paralisia
nas pernas, e que se locomove em cadeira de rodas, tem uma deficiência física que afeta sua
mobilidade. Se ao utilizar um sanitário, a bancada com lavatório tiver altura inadequada e não
permitir a sua aproximação, este vai se tornar um elemento limitador da atividade de lavar
mãos. Num sanitário com acessibilidade esta situação não ocorre, pois, a bancada com altura
adequada se torna um elemento facilitador da atividade e permite seu uso por todas as pessoas.
Desafio 2 - Faça agora a mesma simulação para uma pessoa na mesma situação
para realizar atividades comuns em seu ambiente de trabalho.
Fig. 2: a) Sala de aula do ensino fundamental com carteiras normais e uma carteira adaptada para o
uso de aluno em cadeira de rodas. b) Vista aérea da área de embarque da Rodoviária de Jabaquara.
Fonte: a) https://static.wixstatic.com/media/37aca5_acf1f84fa0904c76bd63f1fc49698fba~mv2.
png b) https://www.essemundoenosso.com.br/wp-content/uploads/2017/12/
Como-chegar-na-Rodoviaria-do-Jabaquara-Destaque.jpg
Resposta
Resposta revelada para o desafio 1: se você pensou em alguma destas
dificuldades abaixo, você está no caminho certo.
- Acessar a sala. A sala de aula deve possuir porta de acesso com vão livre
mínimo de 80cm.
- Circular na sala de aula. O espaço deve ser organizado de forma que o aluno
possa circular sem barreiras.
- Abrir a janela. Os comandos para abrir ou fechar as janelas devem estar a uma
altura entre 0,60 m e 1,20 m.
Resposta revelada para o desafio 3: se você pensou sobre como uma pessoa
cega pode identificar o local de acesso ao ônibus sem solicitar auxílio, ou como
uma pessoa obesa pode utilizar as cadeiras, você está no caminho certo.
O diagrama a seguir nos ajuda a compreender esta relação entre as exigências ambientais para a
realização de atividades e as condições de habilidade das pessoas para sua realização.
Fig. 3: Diagrama de relação entre a Diminuição do grau de exigência das atividades através do
Desenho Universal e aumento da competência do indivíduo através da Educação e Reabilitação.
Fonte: Diagrama com adaptação gráfica de Fredericksen, Martin, Pereira et al (1991).
Dica
Veja agora PowerPoint sobre Tecnologias Assistivas para compreender um
pouco melhor como as características de desenho de espaços e equipamentos
podem diminuir o grau de dificuldade para a realização de atividades. Veja
também nesta apresentação as diversas funções das tecnologias assistivas
ilustradas por exemplos. Você pode conferir a apresentação em PowerPoint
na biblioteca do curso.
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Destaque,h
1. ambientes que dificultam a realização de movimentos – que afetam
principalmente as pessoas com deficiências físico-motoras;
h,
Destaque,h
Deslocar-se no espaço é um dos fatores essenciais para o uso dos espaços
humanos. No entanto, vários outros elementos de nossos ambientes exigem
a realização de atividades físico-motoras, ou seja, em que os indivíduos têm
que realizar diversos tipos de movimentos. Para pessoas com algum tipo de
deficiência físico-motora os ambientes sem acessibilidade podem limitar
atividades que exigem:
Assim a declividade acentuada de uma rua, um passeio muito estreito, ou mal pavimentado com
buracos, escadas como único meio de acesso a um edifício, portas estreitas ou muito pesadas,
maçanetas tipo bola, controles remotos com teclas muito pequenas e próximas, constituem
barreiras que podem limitar, e mesmo impedir a realização de atividades para pessoas com
deficiências físico-motoras.
Para compreender como criar espaços que permitam a realização de atividades físico-motoras
é importante observar que não é apenas a impossibilidade de caminhar devido à paralisia, ou
perda de membros inferiores, que é mais representativa entre as dificuldades para executar
movimentos. Dores articulares na região do pescoço podem impedir movimentos da cabeça,
afetando diretamente atividades como conduzir um veículo ou utilizar computadores, e
indiretamente a visão e audição do indivíduo; problemas nos membros e articulações inferiores
(incluindo quadris, pés e pernas) reduzem ou impedem a mobilidade e locomoção; problemas
situados nos membros e nas articulações superiores (incluindo ombros, braços, mãos e dedos)
causam redução da força, do alcance, da coordenação e da precisão nos movimentos.
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Destaque,h
DESAFIO 1 – Construa uma lista onde você relacione: a) 5 diferentes atividades
de sua vida diária (tais como preparar alimentos, vestir-se, comer, utilizar
meios de transporte, dirigir um veículo, trocar uma lâmpada, escrever no
computador, etc.); com b) qual/quais partes de seu corpo estão envolvidas
para a realização dos movimentos necessários para o seu desempenho; e
com c) quais espaços, meios, mobiliários, equipamentos ou utensílios estão
envolvidos nestas atividades.
Resposta
DESAFIO 1: a) e b) se você pensou que para preparar alimentos precisa usar
todo seu corpo para se movimentar, e principalmente os braços e mãos (para
pegar, cortar, lavar, segurar utensílios), assim como os olhos (para ver) e o nariz
e boca (para cheirar e provar) você está no caminho correto ao identificar as
partes de seu corpo e cada atividade. c) se você listou o espaço da cozinha,
balcão ou mesa de preparo, estantes, portas, botões do fogão, geladeira, pia,
torneira, facas, garfos, colheres, panelas e pratos, você está no caminho certo.
Veja nas figuras a seguir, exemplos de barreiras espaciais que aumentam as dificuldades de
pessoas com deficiência motora, causando limitações de atividades e restrições à participação.
2. Limitação à mobilidade
Fig. 7: A maçaneta do tipo bola dificulta o acesso para pessoas com artrite
ou outras condições que causem dor, ou afetem a força das mãos.
Fonte: Acervo pessoal de Marta Dischinger.
Observe agora, nas fotos seguintes, como soluções de Desenho Universal e tecnologia assistiva
podem reduzir o grau de dificuldade exigido para o desempenho de atividades e se constituírem
em facilitadores para pessoas com deficiências motoras.
1. Plataforma elevatória
Fig. 9: Escovas de dente elétricas são exemplos de produtos de tecnologia assistiva que são utilizados
por todos e que diminuem a dificuldade de movimentar as mãos, ou segurar a escova de dentes.
Fonte: Acervo Pessoal de Marta Dischinger.
Fig. 10: Carro adaptado para pessoas em cadeira de rodas possui: porta traseira que abre
para cima e permite a entrada de pessoa sentada na cadeira; e rampa retrátil.
Fonte: https://www.sjc.sp.gov.br/noticias/2019/fevereiro/20/servico-de-taxi-de-sao-
jose-ganha-primeiro-carro-acessivel-a-cadeirantes Acesso em jan. de 2020
Como as limitações ambientais para obter informações estão relacionadas principalmente com
os sentidos da audição e da visão, vamos aqui nos concentrar na compreensão das limitações a
atividade e restrições a participação colocadas pelo meio-ambiente para pessoas com deficiências
visuais e auditivas. Lembramos, no entanto, que na área do “design” de produtos de tecnologia
assistiva, numa visão de Desenho Universal, todos os sentidos e habilidades das pessoas devem
ser considerados.
Dica
Para uma melhor compreensão sobre os sentidos e seu funcionamento, assista
agora videoaula sobre “Os sentidos como sistemas perceptivos”.
https://cdn.evg.gov.br/cursos/275_EVG/videos/modulo03video01.mp4
Dica
Você pode revisar o conteúdo desta videoaula “Os sentidos como sistemas
perceptivos” em formato de apresentação em PowerPoint nos conteúdos de
consulta deste bloco.
Aqui se coloca um diferencial na identificação das barreiras que é muito importante. Além de
muitas barreiras sensoriais serem dinâmicas (como ruídos, ou mudanças de luz causando reflexos
ou áreas escuras), outras “barreiras” se caracterizam pela ausência de referenciais positivos, ou
a impossibilidade de obter no ambiente informações sensoriais, que permitam a realização de
atividades.
Saiba mais
Veja outras informações sobre barreiras dinâmicas no Módulo 1 do “Curso de
Acessibilidade em Espaços de Uso Público – Conceitos Básicos”.
Se é mais fácil imaginar a situação de cegueira (ao fecharmos os olhos ou estarmos em ambiente
totalmente escuro), é mais difícil compreender como pessoas com visão parcial percebem
informações visuais. Os principais efeitos na visão de pessoas com visão parcial, ou baixa visão,
originados por diferentes patologias, podem ser: perda de nitidez, perda de visão periférica ou
de visão central, manchas no campo visual, ofuscamento, incapacidade de distinção de cores,
cegueira noturna, etc.
Isso significa que pessoas com baixa visão podem ter dificuldades, tais como: não poder
reconhecer uma face, não distinguir limites e contornos de ambientes pela ausência de visão
periférica (por exemplo, enxergar o meio-fio, degraus e desníveis dos passeios), não poder focar
no objeto desejado, não distinguir objetos na ausência de contraste de cor (onde está o vaso
sanitário branco num banheiro todo branco), ou não poder ler sem auxílio de instrumentos na
falta de visão central.
Veja agora exemplos de como pessoas com diferentes deficiências visuais podem ver cenas ou
objetos de referência.
Fig. 12: As fotos ilustram como uma paisagem pode ser vista por pessoa com catarata.
Fonte: Acervo pessoal de Paty de Avila Baccin.
Fig. 13: As cores simulam alterações na visão das cores para pessoas
com diferentes problemas de percepção das cores
Fonte: Acervo Pessoal de Paty de Avila Baccin.
Fig. 14: a) Placa que combina desenhos e letras em relevo e a escrita em Braille. b) Fonte
tipográfica que combina a escrita em Braille com caracteres dos alfabetos japonês e ocidental.
Fonte: a) http://www.viakan.be/pages/fr/fr-panneaux-braille-exterieur.html b) http://brailleneue.com/
Saiba mais
Se você quer mais informações sobre este alfabeto Braille que pode ser lido
sobre caracteres de diferentes alfabetos e foi desenvolvido para as Olimpíadas
do Japão em 2020 consulte o link: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/
design/designer-cria-fontes-unem-alfabeto-braille-tradicional-olimpiada-
2020-toquio/
Dica
Veja, nos conteúdos de expansão, vídeo depoimento de pessoa cega que
explica como utiliza seus sentidos, equipamentos e técnicas para se orientar e
realizar as mais diversas atividades.
Fig. 18: Estacionamento em passeio em frente à escola possui vagas reservadas e piso tátil direcional.
Fonte: Acervo pessoal de Marta Dischinger.
Fig. 18 - Pisos táteis direcionais devem sinalizar uma área segura para o
deslocamento. Se você pensou em retirar os obstáculos do passeio e cortar a
mureta, criando área livre de circulação com 1,20 m de largura ao longo da rota,
você está no caminho certo. Observe ainda que o piso direcional é descontínuo,
esta “quebra” deveria ser eliminada através de mudança suave de direção.
Veja agora, nas fotos a seguir, exemplos de soluções ambientais que constituem facilitadores
para pessoas cegas ou com baixa visão.
Fig. 19: Sanitário em casa acessível na Bélgica (a), e lavabo projetado pelo arquiteto Thiago
Mondini (b) possuem contraste de cor entre os equipamentos, paredes e pisos permitem a pessoas
com baixa visão perceber os limites do espaço e identificar os equipamentos para seu uso.
Fonte: a) Acervo pessoal de Marta Dischinger. b) Acervo pessoal de Thiago Mondini.
Fig. 20: Pisos táteis de alerta sinalizam perigos potenciais para pessoas cegas como a presença de
trânsito de veículos. Na foto a) marcam, em área rebaixada do passeio, a posição para travessia (solução
utilizada nos Estados Unidos). Na foto b) o piso alerta amarelo marca a borda de plataforma em estação
de metrô sinalizando a presença do trem. O local do embarque está sinalizado com piso direcional azul.
Fonte: Acervo pessoal de Marta Dischinger.
Fig. 21: a) Mapas táteis, com marcação de rotas e sinalização de atividades em Braille,
permitem a pessoas cegas compreender a posição dos lugares e suas funções para
poderem orientar-se em locais urbanos e edificados; b) Pista tátil experimental com
pisos poliméricos adesivados em feira de tecnologia assistiva apoia a orientação espacial
de pessoas cegas sinalizando áreas de circulação e a presença de estandes.
Fonte: Acervo pessoal de Marta Dischinger.
As pessoas com deficiência auditiva podem desenvolver outras habilidades como a leitura labial
e o aprendizado de distinção de vibrações sonoras. Entre as pessoas surdas, existem as que
preferem se comunicar em Libras e as que são oralizadas e comunicam-se em português.
As barreiras ambientais e sociais enfrentadas por pessoas surdas são as que impedem ou
dificultam sua comunicação e acesso à informação. A ausência de avisos de forma visual para
alarmes de emergência, como incêndios, em edificações de uso público, é um exemplo, assim
como a falta de acesso a sistemas alternativos de comunicação e informação em ambientes
como aeroportos e serviços de transporte público.
Uma solução para garantir o acesso a serviços pode ser o uso de Centrais de Intérpretes de Libras
que podem intermediar a comunicação entre surdos e ouvintes de forma presencial ou por vídeo
chamada.
Saiba mais
Saiba mais: Conheça a CIC – Central de Intermediação da Comunicação, criada
por meio da Resolução Anatel 667/2016, (arts. 14 a 24). Link: http://www.
anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/2016/905-resolucao-n-667
Outra tecnologia assistiva que pode ser utilizada são os implantes cocleares que visam
proporcionar aos seus usuários sensação auditiva próxima ao fisiológico. Nesse caso, ambientes
com detectores de metais ou fortes campos magnéticos podem constituir uma barreira.
Fig. 22: a) Telefones tipo TDD permitem a comunicação de pessoas surdas com pessoas ouvintes
através de texto e um atendente que transmite a informação para a pessoa ouvinte. b) A tendência
atual é o uso da videochamada com interpretação em Libras e do webchat em substituição aos TDDs.
Fonte:a) Acervo pessoal de Andreia Maia. b) https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/
secretarias/direitos_humanos/noticias/?p=270246 Acesso em jan. de 2020.
c) Surdocegueira
A surdocegueira ocorre quando um indivíduo possui diferentes graus de perdas auditivas e visuais
associadas, incluindo pessoas que podem ser totalmente cegas e surdas, e pessoas que podem
ter resíduo auditivo e/ou visual. Essas perdas afetam tanto sua comunicação social e aprendizado,
quanto sua orientação espacial e percepção geral de informação do meio ambiente físico. A
pessoa com surdocegueira necessita de atendimento educacional especializado para poder
desenvolver formas diferentes de comunicação através de linguagens e tecnologias assistivas
específicas. As condições ambientais que podem constituir facilitadores para pessoas surdocegas
são as mesmas apresentadas para pessoas com deficiências visuais e com deficiências auditivas.
Saiba mais
Para compreender um pouco mais o que é a surdocegueira, acesse o link do
Instituto Benjamin Constant http://www.ibc.gov.br/paas/308-conceituando-
a-surdocegueira.
Você também pode ler “A história da minha vida”, escrito por Helen Keller
que ficou surda e cega aos dois anos de idade e foi educada pela professora
cega Anne Sullivan, publicado pela primeira vez em 1903. O PDF do livro está
disponível em conteúdos de expansão deste bloco.
Os fatores do ambiente físico que são mais relevantes para o bem-estar de pessoas com
deficiências intelectuais são referentes à sua segurança e suas possibilidades de compreensão
dos espaços e de suas funções. Assim, deve-se evitar os ambientes de difícil compreensão, com
poluição visual e sonora. Por outro lado, ambientes muito “frios”, “limpos” ou “hospitalares”, com
excesso de luz, não permitem o acolhimento, nem fornecem elementos de estímulo e interesse.
Deve-se também evitar pisca-pisca de luzes de 10-50 Hz (causa desconforto visual e pode
desencadear convulsões) e as informações adicionais ambientais, tais como: avisos, letreiros e
sinais, devem conter suportes distintos (linguagem escrita, visual e auditiva).
Veja agora exemplos de ambientes que permitem sua compreensão e bem-estar para pessoas
com deficiência intelectual.
Por exemplo, o desenho de uma maçaneta em forma de alavanca, diminui o grau de esforço
necessário para abrir uma porta, e seu uso é mais fácil para todas as pessoas, mas representa a
eliminação de uma barreira para uma pessoa que não tiver mãos.
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Destaque,h
DESAFIO – Veja no desenho a seguir um balcão de recepção desenhado a partir
dos conceitos de Desenho Universal, e experimente imaginar seu uso sem
limitações para uma pessoa com deficiência físico-motora que utiliza cadeira
de rodas, possui baixa visão e audição reduzida.
Fig. 25: Vista geral de balcão de recepção acessível com terminal de informação digital.
Fonte: Desenho de Marta Dischinger.
Dica
Agora que você terminou a leitura deste Módulo, experimente fazer os
exercícios de avaliação.
DIREITO DE OUVIR. Telefone para deficientes auditivos: Descubra como funciona o TDD,
dispositivo de telecomunicação para surdos. Disponível em: https://www.direitodeouvir.com.
br/blog/telefones-para-deficientes-auditivos. Acesso em: 26. Nov. 2018.
DISCHINGER, Marta et al. Promovendo acessibilidade espacial nos edifícios públicos: Programa
de Acessibilidade às Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida nas Edificações de Uso
Público. 1.ed., atual. Florianópolis: MPSC, 2014. Disponível em: https://documentos.mpsc.
mp.br/portal/conteudo/cao/ccf/Manual/Manual%20Acessibilidade_2014_web.pdf. Acesso em:
26. Out. 2018.
Fredericksen, Martin, Moniz Pereira et alii (1991). Impairment, disability, and handicap, in von
Tezchner, Stephen (ed.), Issues in Telecommunication and Disability, Comission of the European
Communities. EUR 13845 - COST 219, Luxembourg. [em inglês]
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. OMS. The World Bank. Relatório Mundial sobre a
Deficiência. Trad Lexicus Serviços Linguísticos – São Paulo. SEDPcD: São Paulo, 2012, 312 p.
Disponível em: http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/usr/share/documents/RELATORIO_
MUNDIAL_COMPLETO.pdf. Acesso em: 26. out. 2018.
BRASIL. LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 26 out. 2018.
SCARANELLO, Carla Alessandra (2005). Reabilitação auditiva pós implante coclear. v. 38, n. 3/4.
[S.l.]: Medicina (Ribeirão Preto. Online). pp. 273–278. Disponível em: http://www.revistas.usp.
br/rmrp/article/view/460/460. Acesso em: 01. dez. 2018.