TCC 2014.1 Catherine Diniz Dos Santos
TCC 2014.1 Catherine Diniz Dos Santos
TCC 2014.1 Catherine Diniz Dos Santos
2014/1
Muito Obrigada!
“Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce
pronto. A vida é pra quem é corajoso o suficiente para se arriscar e
humilde o bastante para aprender” Clarice Lispector.
v
vi
RESUMO
vii
viii
ABSTRACT
ix
x
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 1
2 HIPÓTESES .................................................................................. 2
3 OBJETIVOS.................................................................................. 2
3.1 Objetivo geral ......................................................................... 2
3.2 Objetivos específicos .............................................................. 2
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................... 3
4.1 Esgoto Sanitário...................................................................... 3
4.1.1 Histórico do Saneamento ............................................... 6
4.2 Saúde x Saneamento ............................................................... 9
4.3 Tratamento de Esgotos ......................................................... 11
4.3.1 Sistemas de Tratamento de Esgotos ............................. 12
4.4 Agentes Patogênicos e Organismos Indicadores .................. 16
4.5 Desinfecção .......................................................................... 18
4.5.1 A importância da Desinfecção ..................................... 18
4.5.2 Alternativas de Desinfecção ......................................... 21
4.6 Cloro ..................................................................................... 23
4.6.1 Histórico ....................................................................... 23
4.6.2 Características do Cloro ............................................... 23
4.6.3 Principais Compostos ................................................... 26
4.6.4 Cloro Gasoso ................................................................ 26
4.6.5 Cloro Livre disponível ................................................. 27
4.6.6 Cloro Combinado disponível ....................................... 27
4.6.7 Demanda de Cloro........................................................ 28
4.6.8 Cloro Residual.............................................................. 28
4.6.9 Princípios da Desinfecção por Cloro ............................ 29
4.6.10 Fator CT ....................................................................... 30
4.6.11 Escolha da Dosagem ideal............................................ 31
xi
4.6.12 Sistema de Cloração ..................................................... 33
4.6.13 Descloração .................................................................. 37
4.6.14 Custo da Desinfecção por Cloração ............................. 38
4.6.15 Formação de trihalometanos (THMs) .......................... 38
4.7 Toxicidade ............................................................................ 41
4.8 Legislação ............................................................................ 42
4.8.1 Exemplos de Legislação Nacional e Internacional ...... 45
5 ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE DESINFECÇÃO JÁ
AVALIADAS PARA A ETE INSULAR ........................................... 46
6 METODOLOGIA ....................................................................... 51
6.1 Caracterização da área .......................................................... 52
6.2 Dosagem de Cloro ................................................................ 54
6.3 Decantadores ........................................................................ 59
6.4 Tanque de Água de Serviço.................................................. 60
6.5 Análises em laboratório ........................................................ 62
6.5.1 Coliformes ................................................................... 62
6.5.2 pH e Turbidez .............................................................. 63
6.6 Tempo de Contato ................................................................ 64
6.7 Teste de Toxicidade ............................................................. 66
7 ANÁLISES E RESULTADOS................................................... 68
7.1 Teste de Toxicidade ............................................................. 75
8 ANÁLISE DE CUSTO X BENEFÍCIO .................................... 76
9 ALTERNATIVAS PROPOSTAS.............................................. 79
10 CONCLUSÃO ........................................................................ 81
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................. 82
xii
1 INTRODUÇÃO
2 HIPÓTESES
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
8
esgotos gerados, apenas 38,7% era tratado e 69,4% do esgoto coletado
era tratado. A Tabela 2 apresenta os quantitativos citados:
9
Leme (1982) menciona que o saneamento está diretamente
relacionado à defesa da saúde pública, pois o mesmo possui como
objetivo a proteção da saúde humana através de meios os quais
controlem o manejo dos recursos ambientais. A Organização Mundial
da Saúde define saúde pública como sendo a ciência e a arte de evitar
doenças, e consequentemente prolongando assim a vida e promovendo a
saúde e a eficiência através dos esforços advindos das comunidades.
A promoção do saneamento segundo Barros et al. (1995), se dá
através de um conjunto de fatores, os quais são compostos pelas infra-
estruturas físicas – obras e equipamentos – e pela estrutura educacional,
legal e institucional, os quais contemplam:
Os serviços de abastecimento de água com qualidade e
quantidade que garantam a saúde e o conforto da população;
Coleta, tratamento e disposição adequada dos esgotos sanitários
provenientes das atividades doméstica, comercial e de serviços,
industrial e pública;
Coleta, tratamento e disposição adequada dos resíduos sólidos;
Drenagem urbana, controlando os empoçamentos e inundações;
Controle de vetores de doenças transmissíveis;
O Saneamento está diretamente ligado à saúde. São inúmeras as
doenças infecciosas e parasitárias que possuem no meio ambiente uma
fase de seu ciclo de transmissão, como, por exemplo, uma doença de
veiculação hídrica, com transmissão feco-oral. Portanto a intervenção no
meio ambiente, através da implantação de um sistema de saneamento,
poderia impedir o ciclo de transmissão de determinada doença. O
controle da transmissão de doenças vai além dos serviços médicos e de
saneamento, é preciso que haja uma campanha promovendo a educação
sanitária, adotando-se hábitos higiênicos como a utilização e
manutenção adequadas das instalações sanitárias e a melhoria da higiene
pessoal, doméstica e dos alimentos (BARROS et al., 1995).
De acordo com o Manual de Saneamento da FUNASA (2006),
doenças como a cólera, leptospirose e a dengue têm agravado o quadro
epidemiológico do Brasil, ocasionadas pela falta de saneamento
adequado. Os déficits de saneamento são centralizados, principalmente
nos bolsões de pobreza. Investir em saneamento é sinônimo de
economia na saúde, pois através de dados divulgados pelo Ministério da
Saúde, pode-se afirmar que para cada R$1,00 investido no setor de
saneamento, economiza-se R$4,00 na área de medicina curativa. As
doenças parasitárias e infecciosas, provocadas pelo saneamento
10
inadequado podem incorrer na inatividade do homem ou diminuir sua
potencialidade para o trabalho.
Portanto, com a construção de um sistema de esgotos sanitários
em uma comunidade, tem-se como consequência:
Melhoria das condições sanitárias locais;
Conservação dos recursos naturais;
A eliminação de fontes de poluição e contaminação;
Eliminação de problemas estéticos;
A melhoria do potencial produtivo do ser humano;
Diminuição de doenças relacionadas à água contaminada por
dejetos;
Diminuição dos recursos aplicados no tratamento de doenças;
Redução de custos do tratamento de água para abastecimento,
devido à poluição dos recursos hídricos (BARROS et al., 1995).
11
Sedimentação, Flutuação, Elutriação, Filtração à vácuo, Transferência
de calor, e Secagem. Os processos químicos empregados são:
Precipitação Química, Transferência de gases, Adsorção, Desinfecção e
Combustão. Os processos biológicos realizam a decomposição de
matéria orgânica através do metabolismo celular dos microrganismos,
além de promover a coagulação e a remoção de sólidos coloidais, não
sedimentáveis. (LEME,1982).
Segundo Gonçalves e Souza (1997), tratar esgoto sanitário
consiste na inserção de energia para separar os poluentes e
contaminantes das águas de abastecimento pelo uso que delas foi feito.
Além disso, de acordo com as considerações de Lapolli et al (2007), os
sistemas de tratamento de esgotos podem ser ferramentas para a
prevenção à poluição e à saúde pública e como equipamentos para
produção de água para reúso.
14
Em relação à capacidade de remoção de coliformes fecais e ovos
de helmintos, são apresentados na Tabela 4 os diversos sistemas de
tratamento de esgotos, incluindo o sistema por aeração prolongada e a
capacidade de remoção destes microrganismos. Observa-se que os
processos que envolvem lagoas de maturação, infiltração no solo e
desinfecção são as alternativas capazes de reduzir significativamente os
níveis de coliformes e ovos de helmintos. Já os sistemas convencionais
projetados para a remoção de matéria orgânica e de sólidos não atingem
uma resultado satisfatório (CHERNICHARO, 2001).
15
4.4 Agentes Patogênicos e Organismos Indicadores
4.5 Desinfecção
19
Organismo Doença Principal
Yersinia enterocolitica Gastroenterite
Campylobacter jejuni Gastroenterite
Enterovirus
Virus da pólio Poliomielite
Virus da hepatite A Hepatite infecciosa
Enterovirus (vários) Meningite, encefalite
Protozoários
Balantidium coli Desinteria
Entamoeba histolytica Desinteria amebiana
Giardia lamblia Giardíase
Helmintos
Nematóides
Ascaris lumbricoides Ascaridíase
Trichuris trichiura Tricuríase
Ancilostoma duodenale Ancilostomíase
Fonte adaptada: Jordão e Pessôa (2011)
Lagoas de Maturação
A desinfecção por lagoas de maturação se dá através da radiação
ultravioleta do sol incidindo sobre as lagoas rasas, destruindo assim os
microrganismos patogênicos. Este processo apesar de possuir baixo
custo de implantação e operação, e de não necessitar de produtos
químicos, necessita de grandes áreas (CHERNICHARO, 1997).
Infiltração no Solo
Já no processo de desinfecção por infiltração no solo a ação se dá
por meio das condições desfavoráveis do solo os quais promovem a
21
morte dos patogênicos. Como vantagem, este processo não demanda o
uso de produtos químicos, porém exige grandes áreas
(CHERNICHARO, 1997).
Ozonização
O processo de ozonização, o qual utiliza o ozônio como
desinfetante, atua na membrana citoplasmática, nos sistemas
enzimáticos e nos ácidos nucléicos dos microrganismos. Ele é eficaz
principalmente na eliminação dos cistos de protozoários e nos vírus.
Além de ser um desinfetante, ele reage com a matéria orgânica
(CHERNICHARO, 2001).
A geração de ozônio, explica Jordão e Pessoa (2009), ocorre no
local de aplicação, através da passagem de uma massa de ar filtrado,
seco, com alto teor de oxigênio, entre dois eletrodos os quais se aplica
uma corrente elétrica de alta voltagem.
Possui como vantagens a rápida ação devido ao alto potencial de
oxidação-redução, a alta eficiência na eliminação de patogênicos no
tratamento de esgotos e a baixa toxicidade produzida
(CHERNICHARO, 2001). Entretanto é um processo caro e não há
muitas experiências na sua utilização no Brasil (CHERNICHARO,
1997). Além disso, exige um esgoto de alta qualidade, não gera residual,
e há a necessidade de ozonizadores reserva (JORDÃO e PESSOA,
2009).
Radiação Ultravioleta
O processo de desinfecção por radiação ultravioleta utiliza
lâmpadas especiais, e o meio de atuação se dá através da interferência na
reprodução dos patógenos (CHERNICHARO, 1997). Geralmente é
montado um conjunto de lâmpadas em bandejas removíveis, a fim de
facilitar a manutenção, e estas são colocadas no meio líquido de tal
maneira que estejam favoráveis a fornecer a quantidade adequada de
aplicação.
Como vantagem pode-se citar que este tipo de desinfecção é um
método simples e eficiente, não demanda a utilização de produtos
químicos e não gera produtos organoclorados. Possui como
desvantagem a exigência de limpeza dos tubos das lâmpadas e não gera
residual (JORDÃO e PESSOA, 2009). Além disso, exige que o efluente
seja clarificado para que a radiação atinja os microrganismos patógenos
(CHERNICHARO, 1997).
22
Membranas
A utilização de membranas como forma de desinfecção se dá
através da passagem do esgoto tratado por membranas as quais possuem
uma porosidade maior se comparada aos organismos patogênicos,
retendo-os. Como exemplo deste processo é a ultrafiltração e a
nanofiltração. Apesar de não utilizar produtos químicos, este método é
considerado caro (CHERNICHARO, 1997).
4.6 Cloro
4.6.1 Histórico
24
principalmente quando está no estado gasoso (NUVOLARI,
2003)
Além destas vantagens, EPA (1999), complementa:
Quando comparado aos métodos de desinfecção por ultravioleta
e ozonização, o cloro possui maior custo-benefício (porém
quando a descloração é requerida, pode não ser tão vantajoso);
O cloro oxida a matéria orgânica e inorgânica;
O método de cloração permite uma variação de dosagem;
O cloro elimina odores;
As desvantagens do cloro apresentadas por EPA (1999) são:
O cloro residual pode ser tóxico para os seres aquáticos e pode
por este fato, necessitar de descloração;
Qualquer forma de cloro é corrosiva e tóxica, portanto devem
ser tomadas medidas de segurança na estocagem, no transporte
e no manuseio;
Pode ocorrer formação de trihalometanos (THMs), na oxidação
pelo cloro da matéria orgânica;
Há um aumento no efluente tratado dos sólidos dissolvidos;
Há uma elevação na quantidade de compostos de cloreto no
efluente;
Determinadas espécies parasitas como oocistos de
Cryptosporidium parvum, cistos de Entamoeba histolytica e
Giardia lamblia, e ovos de vermes parasitas apresentam,
geralmente, resistência às baixas dosagens de cloro.
Não é conhecido o efeito dos compostos desclorados lançados
no meio ambiente.
Na Tabela 7 são apresentados os efeitos que as características do
esgoto causam com a presença do cloro:
25
Efeitos da desinfecção com o
Característica do efluente
cloro
Reduz a efetividade do cloro e
Nitrito
resulta em trihalometanos.
Afeta a distribuição entre ácido
hipocloroso e os íons hipocloritos
pH
e entre as várias espécies de
cloraminas.
Blindagem das bactérias e
Sólidos Suspensos totais
demanda de cloro.
Fonte adaptada: EPA (1999).
𝑁𝐻 + 𝐻𝑂𝐶𝑙 → 𝑁𝐻 𝐶𝑙 + 𝐻 𝑂 (𝑚𝑜𝑛𝑜𝑐𝑙𝑜𝑟𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎)
𝑁𝐻 + 𝐻𝑂𝐶𝑙 → 𝑁𝐻𝐶𝑙 + 𝐻 𝑂 (𝑑𝑖𝑐𝑙𝑜𝑟𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎)
𝑁𝐻𝐶𝑙 + 𝐻𝑂𝐶𝑙 → 𝑁𝐶𝑙 + 𝐻 𝑂 (𝑡𝑟𝑖𝑐𝑙𝑜𝑟𝑎𝑚𝑖𝑛𝑎)
27
As cloraminas apresentam cerca de 200 vezes menos poder
desinfetante se comparado ao ácido hipocloroso, porém quando somadas
com o cloro estes possuem um poder desinfetante maior do que a soma
das capacidades individuais dos dois (USEPA, 1999 apud
CHERNICHARO, 2001). Um fator considerado importante é que o uso
das cloraminas é considerado melhor, apesar de possuir um efeito
desinfetante muito inferior ao cloro, pois estas são pouco reativas aos
compostos orgânicos, produzindo consequentemente menos
subprodutos, no caso os THMs, e favorecendo assim a saúde pública
(CHERNICHARO, 2001).
28
Figura 3 - Curva de cloro residual em águas com presença de amônia. Fonte:
Chernicharo et al. (2001).
29
efeito da concentração do agente desinfetante sobre a taxa de inativação
dos microrganismos permitirá conhecer a combinação mais eficiente
entre o tempo de contato e a concentração de desinfetante que deve ser
utilizado. A equação 3 de Chick-Watson descreve o processo de
desinfecção:
𝑁
= 𝑒𝑥𝑝(1 − 𝑘 𝑥𝐶 𝑥𝑡) (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 3)
𝑁0
Onde:
No: concentração inicial de coliformes (NMP /100mL);
N: concentração final de coliformes (NMP/100mL);
Ct: concentração de cloro residual ao final do tempo de contato t
(mg/L);
t: tempo de contato (min);
k’: constante de decaimento (Lnmg-nmin-1 );
n: coeficiente.
4.6.10 Fator CT
30
são apresentados valores do fator CT de alguns desinfetantes na
remoção de 99% dos microrganismos.
4.6.11.1 Coliformes
31
Tabela 10 - Classificação da água de contato primário - Resolução CONAMA
274/2000, Padrões de Balneabilidade.
Escherichia Coliformes
Qualidade Enterococos
Coli fecais
Excelente <25/100mL <200/100mL <250/100mL
Muito Boa <50/100mL <400/100mL <500/100mL
Satisfatória <100/100mL <800/100mL <1000/100mL
Imprópria >100/100mL >800/100mL >1000/100mL
Fonte: Jordão e Pessôa (2009); Resolução CONAMA 274/2000.
32
𝑁𝑡
= (1 + 0,23 𝑥 𝐶𝑡 𝑥 𝜃ℎ)
𝑁0
33
Suprimento/armazenamento de cloro e segurança
Gonçalves (2003) explica que o cloro gasoso é fornecido em
cilindros de aço e são disponíveis nas capacidades de 54 kg, 68 kg e 900
kg. Dentro do cilindro, o cloro gasoso se apresenta parcialmente
liquefeito. Os cilindros de 900 kg, como é o caso da ETE Insular, são
armazenados na posição horizontal, apoiados sobre duas vigas com
calços, afastadas do piso, para evitar contato com a umidade. O
fechamento das bases do cilindro é feito através de calotas convexas que
formam uma reentrância, utilizada para abrigar as válvulas de segurança
e de saída do cloro.
Os cilindros devem ser armazenados em locais secos, ventilados e
com cobertura, livres do calor e do sol. Além disso, devem ser mantidos
longe de metais finamente divididos, da amônia ou outro material
combustível, evitando assim um possível incêndio. A movimentação dos
cilindros é realizada através de talha elétrica atrelada a uma monovia
(GONÇALVES, 2003).
Alimentação e aplicação
Retirada de cloro
O fornecimento dos cilindros de cloro para os cloradores podem
ser de cloro gasoso ou cloro líquido. Caso a retirada seja de gás, a taxa
máxima para um recipiente é de 180 kg/d à temperatura ambiente, caso
seja necessário uma taxa superior devem ser interligados dois ou mais
recipientes, com temperatura do recinto superior a 18 oC (NUVOLARI,
2003).
Evaporadores
São utilizados quando a taxa de retirada de cloro for superior à
680 kg/d. O evaporador transforma o cloro líquido na forma gasosa. Os
evaporadores devem conter um redutor de pressão, uma válvula de
fechamento automático a fim de evitar que o cloro líquido entre no
clorador (NUVOLARI, 2003).
Interruptores automáticos
Estes interruptores servem para permitir o fluxo de cloro entre um
cilindro e outro assim que um recipiente estiver vazio (NUVOLARI,
2003).
Clorador
Recebe o cloro gasoso dos cilindros ou do evaporador e faz a
regulagem do fluxo para o ejetor. Existem quatro tipos: alimentação
direta, de pressão, vácuo distante e tipo de fluxo sônico. Um clorador
34
comum possui como componentes: válvula redutora de pressão de
entrada, um rotâmetro, um orifício de controle de dosagem e uma
válvula reguladora de diferencial de vácuo (NUVOLARI, 2003).
Sistema injetor
Fornece a dosagem de cloro no ponto de aplicação. Existem dois
tipos de sistema injetor: Injeção de gás pressurizado e alimentação à
vácuo. Em sistemas de alimentação à vácuo é aplicada no injetor uma
subpressão, para evaporar e mover o cloro gasoso da fonte de
suprimento até o clorador, o gás é então misturado com a água e em
seguida é encaminhado para o ponto de aplicação. A água deve ser
suficiente para manter a concentração de cloro na solução abaixo da
saturação que é de 3500mg/L e de promover um vácuo na linha do
clorador e nos outros componentes do sistema (NUVOLARI, 2003).
O sistema ejetor possui como componentes: bomba para
fornecimento de água e tubulação para o injetor; manômetro indicador
de pressão da água no injetor; injetor; tubulação de vácuo do clorador;
vacuômetro e tubulação de vácuo do injetor (para casos de injetores
localizados em pontos distantes); tubulação de solução de cloro;
manômetro indicador de pressão da solução de cloro (localizado logo
após o injetor – usado para injetores de secção variável); interruptor de
pressão da água da solução e alarme de pressão baixa da água; medidor
de vazão de água da solução; interruptor de vácuo e alarme para vácuo
alto e baixo; manômetro indicador de pressão de retorno para descarga
de alívio do injetor (NUVOLARI, 2003).
Mistura e contato
Gonçalves (2003) explica que o tanque de contato serve para
garantir que o esgoto entre em contato com o cloro por tempo suficiente
que possibilite a desinfecção. Para um melhor desempenho, afirma EPA
(1998), o sistema de cloração deve ser projetado de forma que o esgoto
flua de forma turbulenta de maneira que o fluxo alcance toda a câmara
de contato, garantindo uma mistura completa. Esta mistura permite que
o cloro possa ter o máximo contato com as águas residuais e garanta que
não haja áreas mortas (partes não utilizadas) do tanque. Para evitar o
curto-circuito, Gonçalves (2003) recomenda que as dimensões do tanque
possuam as relações comprimento:largura de no mínimo 10:1 e,
preferencialmente, da ordem de 40:1. O volume do tanque de contato
pode ser calculado da seguinte forma:
35
𝑉 = 𝑄𝑚é𝑑 × 𝑡 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5)
Onde:
V = volume do tanque de contato (m3); Qméd = vazão média afluente ao
tanque de contato (m3/min); t = tempo de contato (min).
Sistemas de controle
Gonçalves (2003) cita que um método de controle simples da
dosagem de cloro é manual, e o próprio operador ajusta a quantidade de
cloro que atenda as concentrações de cloro residual desejadas no
efluente final. Através de testes laboratoriais determina-se a quantidade
36
de cloro residual desejado, atendendo a legislação vigente, e assim
obtém-se a dosagem requerida.
NUVOLARI (2003) menciona que existem controladores
automáticos de cloro residual. Neste caso, um sistema de controle
automático de dosagem de cloro é uma ótima alternativa para casos
onde há variações de vazões e demanda de cloro. O sistema é formado
por um dispositivo de retorno de informações, o qual monitora a vazão e
o cloro residual através de um analisador de cloro residual, clorador com
válvula automática para cloro gás, sistema de controle para receber os
sinais de vazão e cloro residual e sistema automático de alimentação de
cloro, a fim de manter o cloro residual no valor estipulado. A Figura 5
ilustra o sistema mencionado.
4.6.13 Descloração
37
A descloração é um processo de remoção do cloro residual livre e
combinado para reduzir a toxicidade residual depois da cloração e antes
da descarga no corpo receptor. Dióxido de enxofre, bissulfito de sódio e
metabissulfito de sódio são os compostos químicos geralmente
utilizados na descloração. Carvão ativado também pode ser usado. O
cloro residual total pode ser reduzido a um nível capaz de não gerar
toxicidade aos organismos aquáticos. Os sistemas de
cloração/descloração são mais complexos de operar e manter do que os
sistemas de cloração (EPA, 1999).
40
4.7 Toxicidade
41
Abatedouros,
Laticínios,
Cerealistas,
Bebidas,
Fecularias,
Alimentos.
Esgotos
Domésticos e/ou 1 4
hospitalares
Resíduos Efluentes de
8 16
Urbanos Aterros Sanitários
Papel e Celulose 2 4
Couro, Peles e
produtos 4 6
similares
Agroquímica,
Petroquímica,
Produtos
Química 2 4
químicos não
especificados ou
não classificados
Beneficiamento
de fibras naturais
Têxtil e sintéticas, 2 2
confecção e
tinturaria
Farmacêutica 2 4
Fonte: PORTARIA Nº 017/02 – FATMA DE 18/04/2002
4.8 Legislação
42
“Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas
doces serão consideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1 [...]”
Na mesma Resolução, na seção III, Art.18:
As águas salinas de classe 1 observarão as
seguintes condições e padrões:
I – condições de qualidade de água:
a) Não verificação de efeito tóxico crônico a
organismos, de acordo com os critérios
estabelecidos pelo órgão ambiental
competente [...]
b) coliformes termo tolerantes: para o uso de
recreação de contato primário deverá ser
obedecida a Resolução CONAMA 274, de
2000.
43
É importante salientar que existe a Zona de Mistura, definida pela
Resolução CONAMA 430/2011:
Zona de mistura: região do corpo receptor,
estimada com base em modelos teóricos aceitos
pelo órgão ambiental competente, que se estende
do ponto de lançamento do efluente, e delimitada
pela superfície em que é atingido o equilíbrio de
mistura entre os parâmetros físicos e químicos,
bem como o equilíbrio biológico do efluente e os
do corpo receptor, sendo específica para cada
parâmetro.
Complementando, o artigo 13 da mesma Resolução diz:
Na zona de mistura serão admitidas concentrações
de substâncias em desacordo com os padrões de
qualidade estabelecidos para o corpo receptor,
desde que não comprometam os usos previstos
para o mesmo.
Portanto, mesmo que não haja um padrão de lançamento em
termos de coliformes fecais, o objetivo a ser alcançado na desinfecção
na ETE Insular é lançar até 800 Escherichia Coli/100mL. O fato é que
lançando no corpo receptor o limite exigido por norma, sabe-se que
ultrapassando a zona de mistura, a condição no corpo hídrico será
melhor.
Com relação ao cloro residual, de acordo com a norma da ABNT
NBR 12209/2011, que trata sobre a Elaboração de projetos hidráulico-
sanitários de estações de tratamento de esgotos sanitários, a mesma cita:
8.1.2 Como controle da ação da desinfecção, um
ou mais dos seguintes indicadores devem ser
considerados:
a) número mais provável (NMP) de coliformes
totais (CT)/100 mL;
b) número mais provável (NMP) de coliformes
fecais ou termo tolerantes (CF, CTer)/100 mL;
c) concentração de Escheríchía coli (EC)/100 mL;
d) concentração de estreptococos fecais (EsF)/100
mL;
e) concentração de enterococos fecais (EnF)/100
mL.
[...] 8.2.2 Qualquer que seja a forma da
desinfecção com composto à base de cloro, à
exceção do dióxido de cloro, a dosagem aplicada
deve ser tal que um residual total mínimo de 0,5
44
mg/L seja mantido após um tempo de contato
mínimo de 30 minutos em relação à vazão média
e de 15 minutos em relação à vazão máxima.
46
coordenado pelo Prof. Ricardo Franci Gonçalves do Departamento de
Saneamento Ambiental da UFES.
A rede foi composta por 12 instituições: UFPB, UFRN, UFPE,
Unicamp, UFMG, UFV, UFES, UNB, USP, UFSC, PUC/PR e UFRGS.
As instituições apresentaram um total de 14 subprojetos de pesquisa,
abordando temas relacionados à desinfecção de efluentes e à reutilização
dos efluentes tratados para fins produtivos.
A UFSC realizou pesquisas em escala piloto com três tipos de
desinfetantes: Dióxido de cloro, Ozônio e Ultravioleta, utilizando o
efluente da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Insular.
Dióxido de cloro
Foi realizada em escala piloto, ensaios com diferentes dosagens
de dióxido de cloro. A produção do dióxido de cloro foi feita in loco,
por gerador e dosador da marca BI-O-CHLOR, modelo A 12, com
capacidade produtiva de 12 a 120 g ClO2/h, construído pela Sodi
Scientífica S.P.A., da Itália. A reação química é feita no reator em
ambiente controlado, com os reagentes químicos clorito de sódio
(NaCl2), 25%, ácido clorídrico (HCl), 32%, e água de diluição. Esses
reagentes não podem ser utilizados em suas concentrações comerciais,
pois podem formar o desinfetante em concentração explosiva, por isso é
utilizada a água de diluição durante a produção do ClO2.
O efluente da ETE Insular foi bombeado com uma vazão média
de 3,6 m3/h para o tanque de contato, proporcionando um tempo de
contato máximo de 30 minutos. Foram coletadas amostras antes e depois
da desinfecção. No tanque de contato foram coletadas amostras em 6
pontos, permitindo a variação dos tempos em intervalos de 5 minutos.
Com as amostras foram realizadas as análises de pH, cor, DQO,
coliformes totais e E. Coli. No efluente desinfetado foi realizada a
medição do residual de dióxido de cloro. As análises de cor e residual de
cloro livre e de dióxido de cloro foram realizadas com o
espectrofotômetro da marca HACH, modelo DR/2010. O residual de
dióxido de cloro foi medido por leitura direta no espectrofotômetro. As
análises de DQO foram realizadas pelo método de refluxo fechado e as
de coliformes totais e fecais foram determinadas pela técnica do
Colilert, através do meio enzimático MUG.
As dosagens adotadas apresentaram uma boa desinfecção como
mostra a Tabela 16. Houve ótimas reduções de coliformes, mesmo em
tempos de contato pequenos como em 10 minutos. Portanto, conclui-se
47
que o dióxido de cloro apresentou-se como um método alternativo e
eficiente na inativação de microrganismos patogênicos dentro dos
padrões de lançamento no corpo receptor, conforme legislação vigente.
Ozônio
O gerador de ozônio tem capacidade de 22 g O3/h, com
concentração de 40 g O3/m a partir de oxigênio puro. A capacidade de
produção foi avaliada através da titulação com uma solução de iodeto de
potássio. Os ensaios de desinfecção foram realizados em:
Batelada (descontínuo): No processo em descontínuo (a), o
reator era formado de uma coluna em acrílico com as
dimensões: 1,80 m de altura útil e 0,06 m de diâmetro interno.
A alimentação do sistema foi feita por bombeamento, onde o
ozônio era introduzido na base da coluna através de um difusor
poroso. O efluente era recirculado em contracorrente à direção
do fluxo do gás e a variação da dosagem de ozônio era
verificada através da variação do tempo de detenção no sistema.
Nesse piloto foi determinada a melhor dosagem para a remoção
de E. Coli (concentrações testadas: 3, 5, 6 e 9 mg O3/L),
remoção de ovos de helmintos e ensaios toxicológicos.
Em contínuo (b): o ozônio era introduzido na parte superior de
um cilindro de aproximadamente 2 cm de diâmetro e 20 cm de
48
comprimento, possuindo na sua parte interna módulos de
colmeias metálicas dispostas transversalmente umas às outras
(misturador estático). O líquido, com fluxo descendente,
provocava a sucção do gás para seu interior (efeito Venturi). As
colmeias provocam a turbulência necessária a uma boa
transferência do ozônio para a fase líquida. A melhor dosagem
determinada no processo em batelada (4 mg O3/L) foi utilizada
nesse piloto para verificar a remoção de E. Coli.
Com o objetivo de estudar a eficiência da desinfecção diante dos
microrganismos: oocistos de Cryptosporidium sp. e cistos de Giardia
sp., foi utilizado um reator de duas colunas (c), em contínuo, onde na
primeira coluna ocorria a introdução do gás ozônio e a segunda era
destinada a aumentar o tempo de contato; as duas colunas possuíam as
dimensões: 1,70 m de altura e 0,10 m de diâmetro. O residual de ozônio
foi medido nas duas colunas para determinar o perfil de concentração do
reator e calcular o fator CT (concentração de O3 residual × tempo). Na
Figura 6 são apresentadas as unidades de laboratório usadas para a
desinfecção com o ozônio.
Ultravioleta
Os estudos foram realizados em escala piloto com ensaios através
de um reator em contínuo e um reator em batelada. Para realização de
ensaios em batelada utilizou- se um colimador, equipamento composto
de uma câmara contendo uma lâmpada ultravioleta e uma abertura por
onde um feixe de luz é direcionado através de um tubo reto para um
recipiente contendo a amostra a ser irradiada. Como fonte de irradiação,
lâmpadas de baixa pressão de vapor de mercúrio, 30 W de potência
nominal e 90 cm de comprimento.
Testes preliminares foram realizados utilizando dois tipos de
lâmpadas, com intuito de avaliar alguns parâmetros relevantes para o
experimento, tais como a intensidade da emissão de radiação, o tempo
que cada lâmpada leva até atingir a máxima radiação, a temperatura de
trabalho e a influência da temperatura na emissão da radiação. Como
amostras de efluentes, foram utilizados três tipos diferentes no
colimador: efluentes tratados pelo sistema aeróbio (lodo ativado),
anaeróbio (UASB) e lagoas de estabilização, provenientes de estações
de tratamentos de esgotos localizadas na grande Florianópolis. O
objetivo principal desses ensaios foi avaliar a eficiência de remoção de
E. Coli e coliformes totais das amostras de efluentes.
Foi utilizado para ensaio o efluente de lodo ativado, para se
pesquisar o processo de foto reativação. A metodologia utilizada foi a
proposta por Daniel (1993). Além do objetivo principal da pesquisa,
avaliou-se também a eficiência de desinfecção pela radiação ultravioleta
em relação aos ovos de helmintos (Ascaris lumbricoides e Trichuris
50
trichiura) e protozoários em formas incistadas (Cryptosporidium sp. e
Giardia sp.). Ensaios em contínuo foram realizados para o efluente do
sistema de lodo ativado.
Durante os ensaios, percebeu-se que a qualidade dos efluentes
tratados interferiu na eficácia da desinfecção pela luz ultravioleta. Como
regra geral, percebeu-se menores eficiências de inativação bacteriana
para amostras de efluentes com valores maiores de cor, turbidez e
sólidos em suspensão. Os testes realizados no colimador com o efluente
de lodos ativados apresentaram excelentes resultados na inativação de
microrganismos, com índice de inativação de E. Coli ultrapassando 4
casas logarítmicas e a eficiência na faixa de 99,999%, considerando-se
as dosagens médias a partir de 25 mJ/cm .
Observou-se ainda que não somente a concentração, mas também
o diâmetro das partículas influencia a eficiência da desinfecção, pois os
sólidos podem proteger os microrganismos submetidos à irradiação
(Daniel, 1993). Fato esse que vem de encontro à literatura, que
recomenda a desinfecção ultravioleta para efluentes com sólidos em
suspensão inferiores a 30 mg/L (Usepa, 1999).
De forma a verificar a influência do aumento da concentração de
sólidos em suspensão, foram realizados experimentos tomando-se como
amostras diferentes proporções de mistura entre efluentes de lodo
ativado e efluentes do tanque de aeração. Os testes indicaram que,
mesmo para altas concentrações de sólidos em suspensão, foram obtidas
reduções em torno de 3 casas logarítmicas, eficiência de 99,9%.
De acordo com o estudo, perceberam-se os seguintes resultados:
Os ovos de Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura
apresentaram grande resistência à inativação por ultravioleta;
Houve a diminuição da viabilidade dos cistos de Giardia,
alcançando eficiência de 43% de inviabilidade para uma
dosagem de 80 mJ/ cm ;
Não foram encontrados oocistos de Cryptosporidium sp. nas
amostras analisadas;
Nos testes de foto reativação realizados para o efluente de lodo
ativado não foi observada a recuperação de microrganismos.
6 METODOLOGIA
53
E. Coli
N-NH4 (mg/L) P Total (mg/L) SSed (mL/L)
(NMP/100mL)
Número
Ano
Coletas
Des. Des. Des. Des.
Média Média Média Média
Pad Pad Pad Pad
54
Figura 8 – Casa de Cloro. Fonte: CASAN, 2014.
55
calhas dos três decantadores existentes na estação. A nova configuração
empregada é apresentada na Figura 12.
56
Figura 12 – Pontos de Aplicação do Cloro Gás – Configuração posterior ao
Estudo. Fonte: Elaborado pelo autor.
57
Figura 14 - Detalhe dos Cloradores. Fonte: Elaborado pelo autor.
Figura 15 – Caixas d’água de armazenamento de água de serviço. Fonte:
Elaborado pelo autor.
58
Figura 16 – Detalhe dos registros de saída da caixa d’água. Fonte: Elaborado
pelo autor.
6.3 Decantadores
60
Figura 19 – Tanque de Água de Serviço. Fonte: Elaborado pelo autor.
61
Figura 20 – Colorímetro utilizado para quantificar o cloro residual. Fonte:
Elaborado pelo autor.
6.5.1 Coliformes
62
Figura 21 – Reagente COLILERT-18. Fonte: Elaborado pelo autor.
6.5.2 pH e Turbidez
63
Figura 23 – Turbidímetro. Fonte: Elaborado pelo autor.
64
Figura 24 – Foto que ilustra o momento de saída do corante alimentício no
TAS. Fonte: Elaborado pelo autor.
65
Figura 25 – Esquema da Configuração do Sistema de Desinfecção. Fonte:
Elaborado pelo autor.
66
foi realizada no Tanque de Água de Serviço (TAS), no dia 14/01/2014,
às 13:50 e a dosagem adotada para o teste foi de 60kg/d de cloro gás.
As análises basearam-se nas Normas Técnicas ABNT NBR
15411-3:2006 e ABNT NBR 12713:2009. Os microrganismos
bioindicadores utilizados foram a bactéria marinha luminescente Vibrio
fischeri e o microcrustáceo Daphnia Magna. As análises consistiram na
exposição dos bioindicadores à amostra em diluições sucessivas sob
condições experimentais estritamente controladas e na avaliação do
efeito tóxico da mesma, a qual se manifesta através da inibição da
luminescência da bactéria e da inibição da capacidade natatória do
microcrustáceo.
Os resultados das análises ecotoxicológicas são expressos como
fatores de toxicidade (FT) da amostra testada, equivalente ao fator de
diluição, FD, definido na Portaria n°017/02 da Fundação do Meio
Ambiente do Estado de Santa Catarina – FATMA, o qual o valor indica
quantas vezes a amostra deve ser diluída (v/v) para deixar de apresentar
algum efeito tóxico que seja significativo sobre os organismos-teste.
Para um valor de FT=1, indica que a amostra pura não apresenta
toxicidade significativa para o bioindicador. Já um valor de FT=2 indica
que a amostra deve ser diluída duas vezes 1:2 (v/v) para deixar de ser
tóxica, e assim sucessivamente.
O fator de toxicidade para Daphnia Magna, FTD, representa a
menor diluição da amostra em que não se observa efeito significativo de
inibição da capacidade natatória do organismo indicador inferior ou
igual a 10% dos organismos expostos. O fator de toxicidade para Vibrio
fischeri, FTB, representa a menor diluição da amostra em que não se
observa efeito significativo de inibição da luminescência do organismo
indicador.
Os resultados de toxicidade aguda para a bactéria Vibrio fischeri
são expressos em termos da concentração CE: concentração efetiva da
amostra que causa inibições de luminescência. CE20 é a concentração
efetiva da amostra inibidora de 20% de luminescência da bactéria e CE50
é a concentração efetiva da amostra inibidora de 50% de luminescência
da bactéria. Caso a amostra pura não seja suficientemente tóxica para
apresentar inibição de luminescência de 20% e/ou 50%, o resultado é
expresso como não aplicável (n.a.).
De acordo com a Portaria n°017/02 da FATMA prevista para o
Estado de Santa Catarina, os limites máximos de toxicidade para
efluentes do tipo esgotos domésticos e/ou hospitalares são:
67
Toxicidade Aguda para Daphnia Magna (FDd): 1;
Toxicidade Aguda para Vibrio fischeri (FDbl): 4;
7 ANÁLISES E RESULTADOS
Dosagem
Hora Cloro Coliformes
de Cl Vazão pH Turbidez E. Coli
Coleta Residual Totais
(kg/d)
Data
(mg/L - NMP
(Kg/dia) (horas) (L/s) NTU NMP/100mL
ppm) /100mL
Tabela 20 – Resultados
Dosagem
Hora Cloro Coliformes
de Cl Vazão pH Turbidez E. Coli
Coleta Residual Totais
Data (kg/d)
(mg/L - NMP
(Kg/dia) (horas) (L/s) NTU NMP/100mL
ppm) /100mL
12/11 0,00 7,11 5,09 0,00 1,59E+06 4,87E+05
69
Dosagem
Hora Cloro Coliformes
de Cl Vazão pH Turbidez E. Coli
Coleta Residual Totais
Data (kg/d)
(mg/L - NMP
(Kg/dia) (horas) (L/s) NTU NMP/100mL
ppm) /100mL
28/11 60,00 14:00 270 7,22 7,96 0,77 1,00E+01 1,00E+01
71
Custo por m3 Tempo
Dosagem Custo Volume
Qmed Qmed considerando Custo mensal médio
de Cl diário diário
Data diária período vazão média Cloro de
(kg/d) Cloro* tratado
do período contato
72
Figura 26 – Gráfico E. Coli versus Cloro Residual. Fonte: Elaborado pelo autor.
73
Figura 28 – Gráfico Dosagem de Cloro versus E. Coli. Fonte: Elaborado pelo
autor.
Figura 29 – Gráfico Custo de Cloro versus E. Coli. Fonte: Elaborado pelo autor.
74
patogênicos. Observa-se assim a importância de manter-se um residual
de cloro para que o efeito da desinfecção seja prolongado.
Verificando o comportamento do último gráfico, o qual
correlaciona o Custo do Cloro e E. Coli percebe-se que à medida que se
investe no produto desinfetante menor será o número de organismos
patogênicos. E que para ter uma desinfecção que atenda a legislação, e
que se alcance no máximo 800NMP Escherichia Coli/100mL, é preciso
investir em média 2 centavos por m3/d.
Além disso, observando-se a Tabela 20, nota-se a ação do cloro
sobre a matéria orgânica, pois em geral onde havia um maior cloro
residual havia uma menor turbidez, o que é característico do efeito do
cloro, pois o mesmo degrada a matéria orgânica. Observa-se também
através da Tabela 20, que os valores de pH para o efluente antes de
entrar em contato com o cloro, possui em média valores iguais a 7. Isto
representa que após a aplicação do cloro, há a presença dominante do
ácido hipocloroso (HOCl), o qual possui a capacidade oxidante e
desinfetante do cloro. Condição esta que favorece a desinfecção. Sabe-
se conforme citado anteriormente, que o HOCl possui potencial
germicida maior que o íon OCl- e é ideal, portanto, que a cloração seja
realizada em pH com valores baixos.
75
e Efluente 3:2012
Fonte Adaptada: Relatório de Análises – UMWELT Biotecnologia Ambiental.
Nota: Os resultados das análises ecotoxicológicas são expressos como fatores de
Toxicidade (FT) da amostra testada, equivalente ao Fator de Diluição, FD,
definido na Portaria n°017/02 da Fundação do Meio Ambiente do Estado de
Santa Catarina – FATMA.
pH: 7,5
Incolor e Transparente
Condutividade: 0,89mS/cm.
Fonte Adaptada: Relatório de Análises – UMWELT Biotecnologia Ambiental.
76
representativos. Assim, após a constatação de que a dosagem de 60
kg/d, seria a dosagem ótima a ser escolhida, foi realizado um teste de
toxicidade para a relativa dosagem.
Avaliando os resultados de colimetria como também a análise
ecotoxicológica, concluiu-se que a dosagem de 60 kg/d pode ser
considerada como uma dosagem ótima a ser praticada na ETE Insular, a
qual garante a desinfecção em até 800 NMP de Escherichia Coli
/100mL com as vazões máximas da ETE. Esta dosagem apresentou
eficiência na maior parte dos resultados, principalmente nos dias de altas
temperaturas, pois estas favorecem a ação do cloro contra os agentes
patogênicos. As análises, em geral, foram realizadas em dias de altas
temperaturas, compreendidos entre os meses de outubro a dezembro.
A configuração anteriormente adotada na ETE Insular era de uma
dosagem de aproximadamente 80 kg/d (4,4 mg/L) e era utilizada
somente uma bomba. As análises de colimetria extrapolavam os limites
máximos de 800NMP de Escherichia Coli/100mL da Resolução
CONAMA 274/200 para água satisfatória para contato primário.
Adotando-se a dosagem de 60 kg/d, a economia mensal se
comparado à dosagem anteriormente adotada na ETE, será de
R$3126,00.
Dosagem
Hora Cloro Coliformes
de Cl Vazão pH Turbidez E. Coli
Coleta Residual Totais
(kg/d)
Data
(mg/L -
(Kg/dia) (L/s) NTU NMP/100mL NMP/100mL
ppm)
77
Fonte: Elaborado pelo autor.
78
𝐶𝑜𝑙𝑖𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑎 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑠𝑒𝑚 𝑐𝑙𝑜𝑟𝑜 − 𝐶𝑜𝑙𝑖𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑎 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑐𝑜𝑚 𝑐𝑙𝑜𝑟𝑜
𝐸(%) = × 100 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5)
𝐶𝑜𝑙𝑖𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑎 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑠𝑒𝑚 𝑐𝑙𝑜𝑟𝑜
9 ALTERNATIVAS PROPOSTAS
10 CONCLUSÃO
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
82
BASSANI, Leandro. Desinfecção de efluente sanitário por
ozônio: parâmetros operacionais e avaliação
econômica. Florianópolis, SC, 2003. 107 f. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental. Disponível em:
<http://www.tede.ufsc.br/teses/PGEA0162.pdf>. Acesso em : 16 dez.
2003.
84
GONÇALVES, Fernando Botafogo; SOUZA, Amarilio Pereira de.
Disposição oceânica de esgotos sanitários: história, teoria e pratica.
Rio de Janeiro (RJ): ABES, 1997. xxii, 325p. ISBN 8570221258
85
PAULI, Dante Ragazzi. O saneamento no Brasil – TCTP Melhores
Práticas Operacionais – Governo do Estado de São Paulo. SABESP,
2008.
86