Contribuição Da Educação Fisica Escolar No Processo de Ensino e Aprendizagem em Outras Disciplinas.

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 37

1

FACULDADE CALAFIORI

GUILHERME BOTELHO ALVAREZ


JOAQUIM MATEUS DE LIMA CHOCAIR FELÍCIO

CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FISICA


ESCOLAR NO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM EM OUTRAS DISCIPLINAS.

SÃO SEBASTIÃO DO PARAISO- MG


2013
1

GUILHERME BOTELHO ALVAREZ


JOAQUIM MATEUS DE LIMA CHOCAIR FELÍCIO

CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FISICA


ESCOLAR NO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM EM OUTRAS DISCIPLINAS.

Monografia apresentada à Faculdade Calafiori- Calafiori


como parte dos requisitos para obtenção do título de
Licenciatura em Educação Física.
Linha de Pesquisa: Ensino e Aprendizagem em Educação
Física.

ORIENTADORA: Prof.ª Mta ALESSANDRA MARCIA


MONTANHINI
COORIENTADORA: Prof.ª Dra GISMAR MONTEIRO CASTRO
RODRIGUES

SÃO SEBASTIÃO DO PARAISO


2013
1

DEDICATÓRIA

À Pietra Alves Alvarez, Maria Emília Botelho Alvarez, José Nilton Alvarez, Maria
Cecília de Lima Chocair Felício por nos dar todo suporte e apoio necessário aos estudos.
1

AGRADECIMENTOS

À Professora Mestranda Alessandra Márcia Montanhini, por nos orientar neste


trabalho. A Professora Doutora Gismar Monteiro Castro Rodrigues, por nos dar todo suporte
necessário na coorientação, e a todo corpo docente da Faculdade Calafiori.
À nossa família por nos incentivar e nos dar força para os nossos estudos, a todos os
setores de administração e direção da Faculdade Calafiori devido ao esforço e dedicação a
nosso aprendizado de qualidade, aos colegas de sala e do cotidiano por compreenderem todo
nosso esforço. Ao Professor Ronei Magalhães por nos ajudar na entrada a faculdade.
1

“Não nos importa o movimento, o gesto apenas por objetivos físicos”.


“Nos importa o movimento integrado com a participação da alma: um
corpo liberto, expresso em gestos, desenhando emoções no espaço,
esculpindo o ar de prazer.”

José de Anchieta (apud Bregolatto, p.5, 2000)


1

RESUMO

Desde o final do século XX e início do século XXI, a Educação Física tem passado por
transformações relevantes e significativas, ora passando por crises, ora se validando no
contexto escolar. No século XIX e, principalmente, no século XX, o objetivo da Educação
Física era o aprimoramento físico dos indivíduos para formarem uma população para fins
militares, eugênicos, e, também, apta a trabalhar. Nessa perspectiva, a Educação Física se
fundamentava em um modelo ginástico militarista, no qual o cerne era o fortalecimento do
corpo, a produção de um corpo saudável e o condicionamento físico de um modo geral.
Devido a essas relevâncias nos vimos vinculados a necessidade de trazer conhecimento de
modo a melhor expor a Educação Física Escolar e seus benefícios. Segundo as novas
concepções propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais, fruto da ação de movimentos
como a Pedagogia Crítica e Pós-Crítica, a Educação Física fundamenta-se em ações que
promovam o respeito „à personalidade da criança, visando o desenvolvimento integral‟ e com
o intuito do aprender fazendo, a partir da idéia de que o aprendizado ocorre a partir do
movimento para o pensamento a Educação Física Escolar torna-se indispensável no processo
de ensino- aprendizagem. Neste contexto, o presente trabalho tem como o principal objetivo
apontar a contribuição da Educação Física escolar para o processo de ensino e aprendizagem
das outras disciplinas escolares. A metodologia utilizada para condução do trabalho é por
meio de uma Revisão de Literatura utilizando, para tanto, livros, artigos, teses, dissertações e
demais produções reconhecidas no meio acadêmico científico.

PALAVRAS CHAVE: Educação Física, processo ensino aprendizagem, atividade física e


cognição.
1

ABSTRACT

Since the late twentieth and early twenty-first century, physical education has undergone
significant changes and relevant, now undergoing crises, now is validating the school context.
In the nineteenth century, and especially in the twentieth century, the goal of physical
education was the physical improvement of individuals to form a population for military,
eugenic purposes, and also able to work. From this perspective, physical education was based
on a militaristic gymnastic model, in which the heart was the strengthening of the body,
producing a healthy body and fitness in general. Due to those seen in relevance linked the
need to bring knowledge to better expose the Physical Education and its benefits. Under the
new concepts proposed in the National Curriculum Parameters, fruit of action movements like
Critical Pedagogy and Post - Critical Physical Education is based on actions that promote
respect ' to the child's personality, aimed at comprehensive development ' and the purpose of
learning by doing, from the idea that learning occurs from the movement for Thought school
Physical Education is indispensable in the teaching- learning process . In this context, the
present work has as main objective to point the Contribution of Physical Education to the
process of teaching and learning other school subjects. The methodology used to conduct the
work is by a Review of the Literature using for such books, articles, theses, dissertations and
other productions recognized in scientific academia.

KEY WORDS: Physical Education, learning process, physical activity and cognition.
1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 10

2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 10

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................... 10

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 11

4 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................................... 12

4.1 A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA OS ALUNOS EM


RELAÇÃO AOS ASPECTOS FÍSICO E SÓCIO AFETIVO. ............................................ 12

4.1.1 Educação Física Escolar x Aspectos Físicos ............................................................ 14

4.1.2 Educação Física Escolar x Sócio Afetivo ................................................................ 16

4.2 BENEFÍCIOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR FRENTE AO


DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE OUTRAS DISCIPLINAS. .............................. 22

4.3 MEIOS E DIRETRIZES EXISTENTES ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E AS


OUTRAS DISCIPLINAS. .................................................................................................... 25

4.3.1 Educação Física Escolar: um instrumento valioso para o processo de ensino


aprendizagem, exemplos no conteúdo da matemática. ..................................................... 28

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 33

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 34


8

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho insere-se na Linha de Pesquisa relacionada ao Ensino e


Aprendizagem em Educação Física e visa avaliar a contribuição da Educação Física Escolar
no processo de ensino e de aprendizagem em outras disciplinas. Diversas pesquisas apontam
que a prática regular de atividade física contribui e melhora significativamente para o
desenvolvimento cognitivo do aluno, uma vez que a evolução de um simples movimento pode
contribuir e muito no cognitivo, seja na sua memória, coordenação, social, o convívio em
grupo, afetividade, descontração, atenção, estratégias, concentração, na saúde, higiene,
disciplina, consciência do corpo, alegria, satisfação pessoal, entre outros. Além disso, serão
apresentadas evidências de suas contribuições para a qualidade de vida na escola e na
sociedade.
Esta pesquisa aponta que a Educação Física Escolar assim como outras disciplinas
contempla para a aquisição de informações e saberes cognitivos (teóricos) fundamentais para
a formação do cidadão.
No que este estudo nos mostrará as atividades físicas e seus benefícios como
conseqüência, é levar os alunos através do lúdico, com brincadeiras e acima de tudo com o
prazer na realização onde seu aprendizado cognitivo fluirá consideravelmente, trazendo assim
o conhecimento para mais próximo de si. Assim como o xadrez contribui no raciocínio,
estratégias, paciência, a amarelinha: na coordenação, manipulação, mira, entre outros tantos
aspectos, futsal: companheirismo, estratégias, deslocamento, pensamentos rápidos, tudo ou
toda atividade desenvolvida na Educação Física Escolar com planejamento, irá contribuir de
alguma maneira no aluno, este estímulo dado pela atividade é bem vindo ao aluno, que de
forma consistente aprenderá melhor, não se limitará na memorização e mecanização nas aulas
em sala.
Os resultados deste estudo poderão contribuir para a ampliação dos conhecimentos
adquirida no curso de Licenciatura em Educação Física, por se tratar de diversas maneiras da
realização de atividades físicas visando à formação integral do aluno.
Contudo, essa pesquisa é socialmente relevante, uma vez que contribui
significativamente em relação às diversas formas de trabalho na Educação Física Escolar
perante uma visão de formação do cidadão sob um ponto de vista interdisciplinar, que
segundo Ivani Fazenda (2005) esse olhar interdisciplinar atento “recupera a magia das
práticas, a essência de seus movimentos, mas, sobretudo, induz- nos a outras superações, ou
9

mesmo reformulações”, ou seja, esse tipo de ensino diante da prática se encaixa e traz o
conhecimento na teoria com aspectos pluridisciplinares, transdisciplinares e multidisciplinares
permitindo várias formas de conhecimentos simultâneos a partir de um ensino, sob a ótica de
compreensão da relação e contribuição que a Educação Física Escolar proporciona para o
sucesso do processo ensino aprendizagem de outras disciplinas.
Os meios, formas, estratégias, de se chegar a uma escola onde as disciplinas se
ajudem, e contribuam umas as outras, no processo de aprendizagem, isso dependerá
principalmente da ligação das disciplinas, e dos professores aos conteúdos propostos visando
um conhecimento mais amplo relacionando a prática como uma das melhores formas para a
aquisição do conhecimento, é o que este estudo visa.
O primeiro capítulo versará sobre a contribuição da Educação Física Escolar para os
alunos em relação aos aspectos físico, psíquico e social.
O segundo capítulo discutirá os benefícios da cultura física frente ao desenvolvimento
cognitivo de outras disciplinas e por fim o terceiro capítulo apontará meios para o
estabelecimento da interdisciplinaridade entre a Educação Física e as outras disciplinas, de
forma a que os conteúdos da Educação Física são grandes responsáveis para a aquisição do
conhecimento de modo geral.
10

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Apontar a contribuição da Educação Física Escolar no processo de ensino e


aprendizagem em outras disciplinas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Enunciar a contribuição da Educação física escolar para os alunos em relação aos


aspectos físico, cognitivo e social.
• Apontar os benefícios da atividade física frente ao desenvolvimento cognitivo de
outras disciplinas.
• Indicar meios para o estabelecimento da interdisciplinaridade entre a Educação Física
e as outras disciplinas.
11

3 METODOLOGIA

Através de uma extensa revisão expositiva e reuniões bibliográficas, com autores de


renome e com o mesmo intuito de trazer estudos vinculados ao tema e consequentemente
evidências que o levam a ser de extrema importância no período acadêmico dos professores e
estudantes, onde a ideia de trazer este conteúdo reflete-se devido a necessidade de trazer de
forma concreta de que a Educação Física Escolar contribui de fato em aspectos físicos,
psíquicos e sociais de ensino e aprendizado. Segundo Gardner (1995) a inteligência da criança
é apresentada em conjunto a outras experiências vividas e estimuladas, ela não é adquirida de
forma isolada, a partir dessa idéia é possível relacionar os diversos saberes já obtidos da
criança e incrementar, de forma sábia, outras possibilidades de aprendizado, valorizando seu
entorno e sua interação em sua volta. “Morin, Piaget (1985) citado por Freire e Lisboa (2005)
afirmou, quando escreveu uma de suas últimas obras, “O possível e o necessário que a
inteligência humana, diante de problemas, dispõe para o sujeito um leque de possibilidades”.
“Que esse leque seja amplo, diversificado e rico e aí se trata de uma questão pedagógica, e
que o sujeito saiba escolher inteligentemente a melhor opção para cada caso”. A apresentação
dessa teoria facilita a compreensão do estudo aqui apresentado, onde a atividade física
amadurece e enriquece o saber do aluno de uma forma mais concreta. Contudo o estudo se
trata de uma revisão de literatura com temas que trazem o conhecimento sobre a contribuição
e seus benefícios. Depois de feito análise e relações com temas retirados de artigos e revistas
científicas pesquisados do Google Acadêmico, de sites indexados como Scielo e Pubmed,
livros, bem como as referências como fontes de pesquisa de cunho acadêmico disponíveis no
site da Faculdade Calafiori, será apresentado atividades práticas que se enquadram e deixa um
pouco mais compreensível o nosso propósito de uma Educação Física Escolar,
transdisciplinar, multidisciplinar e interdisciplinar. Além destas fontes usaremos também, os
livros da biblioteca Tancredo Neves da Faculdade Calafiori, enriquecendo ainda mais o
presente trabalho.
12

4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA OS ALUNOS EM


RELAÇÃO AOS ASPECTOS FÍSICO E SÓCIO AFETIVO.

Na Educação Física Escolar é necessária que exista uma ligação com as outras
disciplinas, porém, mantendo sua identidade. O aprendizado que é adquirido na Educação
Física Escolar irá contribuir no aprendizado na sala de aula, uma vez que através de atividades
corporais planejadas as crianças ampliam seu conhecimento tanto cognitivos com atividades
que as fazem raciocinar, quanto, compreender no âmbito social o seu papel enquanto cidadão
(LAVORKY & VENDITTI Jr, 2008).
Em qualquer área de estudo é comum ocorrer certa dificuldade de aprendizagem,
portanto, Técnicas de aprendizagem são sempre bem vindas. É importante observar que pode
existir uma relação entre o baixo rendimento na educação física referente a algumas
atividades em relação à baixa do rendimento às outras disciplinas, sem generalização e tudo
isso leva a refletir que exista uma correlação entre a educação física escolar com outras
disciplinas levando a inteligência corporal à inteligência lógico- matemática como por
exemplo, onde algumas atividades físicas podem trazer alguns bens distintos. Através disso
nos mostra que a Educação Física Escolar influencia o desenvolvimento nas outras disciplinas
de forma positiva (SILVA, CARMO, MORALES, SILVA, 2009).
Nos primeiros anos da escola os alunos precisam e necessitam de vivenciar manipular,
materializar, desenvolver o movimento, para que assim comece a associar algo que até então
não compreendido, por exemplo, na matemática, uma atividade em que tenham que formarem
duplas, trios, ou seja, para desenvolverem um movimento qualquer na dança, designar nomes
de objetos, animais, países, para qualquer atividade ou brincadeira, ouvir o processo histórico
da atividade, e saber da importância deste, saber de seus limites, e do colega,
desenvolvimento de movimentos conseqüentemente musculatura, respiração, visão periférica,
postura, entre tantos outros aspectos. Isso faz com que os alunos já comecem a associar os
números, a astúcia, o raciocínio, interpretação, criatividade, vocabulário, manipulação dos
objetos usados na sala, noções de espaço, respeito, ordem, regras, afetividade, cooperação,
13

entre tantas outras qualidades que irão contribuir para os alunos na Educação Física Escolar e
conseqüentemente na sala de aula em demais disciplinas (LAVORKY & VENDITTI Jr,
2008).
A Educação Física Escolar tem como intuito a formação do cidadão integral, de forma
em que a cultura corporal de movimento seja uma das contribuintes para esse processo, onde
a vivência dos jogos, esportes, ginástica, dança, luta beneficie a qualidade de vida, e saúde de
modo a que promova a cidadania aos alunos, que levarão o aprendizado adquirido não
somente restrito no ambiente escolar, mas também a todos os lugares por eles freqüentados,
no seu dia a dia, em que exija em qualquer situação que seja uma postura mais exigente,
relacionado ao seu comportamento, trazendo esse conhecimento adquirido consigo (BETTI,
1992).
Por sua vez crianças que entram no universo das práticas corporais retiradas da mídia,
se apresentam de forma mecanizada na escola, onde simplesmente reproduzem o que é visto,
ou seja, uma cópia, com o decorrer do tempo isto fica monótono, e, por exemplo, programas
sem objetivos, sem progressões, sem planejamentos, sem estrutura perante o aspecto
cognitivo, geram cada vez mais o desinteresse, levando a desmotivação, ao sedentarismo, e
conseqüentemente obesidade, e outros tipos de problemas ligados à saúde, deixando de ser um
indivíduo fisicamente ativo. Cabe ao profissional de educação física não deixar que isso
aconteça, caso contrário deve diagnosticar este fato (a preferência por atividades passivas
como jogos eletrônicos e televisão) e traçar planos e estratégias para mudar este quadro
(BETTI, M. ZULIANI, L.R., 2002).
Segundo Betti (1992) “A integração que possibilitará o usufruto da cultura corporal de
movimento há de ser plena – afetiva, social, cognitiva e motora. Vale dizer, é a integração de
sua personalidade” (Betti, 1992, 1994a). Este pensamento aponta que a Educação Física não
se limita apenas a trabalhar no contexto do desenvolvimento, pois os alunos dentro das aulas
devem conseguir se organizar para realização do jogo (o que envolve o fator social) deve
saber e compreender as regras, envolvendo assim a interpretação, usada em todas as
disciplinas e na sociedade em geral, saber que sem seu companheiro não haverá o jogo,
portanto o respeito e companheirismo não devem faltar, à medida que, na maioria das vezes,
há a necessidade da participação de mais de um integrante para o jogo (BETTI, M. ZULIANI,
L.R., 2002).
Deve ser sugerida ao aluno uma visão crítica quanto ao esporte, para isso, deve ser
compreendido o esporte de maneira bem clara trabalhando aspectos físicos, sociais, afetivos,
14

conceito de regras entre outros, assim os alunos, formarão, e construirão sua opinião e
entendimento relativo a ele, essa necessidade de entendimento conseqüentemente levara para
qualquer outro assunto ou disciplina a ele levado na escola. Bracht (1992) diz que:
"Precisamos entender que as atitudes, normas e valores que o indivíduo assume através do
processo de socialização no esporte, estão relacionados com sistemas de significados e valores
mais amplos, que se estendem para além da situação imediata do esporte". A partir daí, com o
entendimento da área em questão pode-se analisar e correlacionar os fatores políticos,
estéticos, técnicos, violência, doping, economia, preparação para o esporte, convivência,
esforço pessoal, trazendo o olhar crítico ao aluno e incentivando- o a qualquer tipo de
questionamento ou duvida nele contido, trazendo o entendimento e situações amplas a partir
das aulas de Educação Física Escolar assim abrirá sua visão e o leque para o aprendizado.
Todo este trabalho permite a formação de cidadão críticos (BETTI, M. ZULIANI, L.R, 2002).

4.1.1 Educação Física Escolar x Aspectos Físicos

Através das atividades e exercícios na Educação Física Escolar os alunos desenvolvem


mais facilmente suas inteligências múltiplas, por terem que compreender antes de executar,
onde ao ser provocado, e estimulado, é colocado diante de um desafio, (fator de estimulo)
para eles, assim o interesse pelo conteúdo e conhecimento deste, será despertado de forma em
que seu aprendizado flua consistentemente, essas atividades interdisciplinares devem conter
propostas pedagógicas, mas sem sair do conteúdo das aulas de Educação Física, e sem servir
de „bengala‟ às outras disciplinas, mantendo a prática como principal componente das aulas
(FREIRE, 1989).
As propostas do professor devem ser vinculadas às atividades e exercícios que ajudem
a influenciar direta ou indiretamente no aprendizado cognitivo, à qual o desenvolvimento de
certo conteúdo prático irá representar num conteúdo teórico em qualquer que seja a disciplina,
conseqüentemente ramificando aos aspectos sociais, emocionais, educacionais entre outros, as
aulas de Educação Física Escolar já possuem essas características, porém deve ser aplicadas
com propósitos, planejamento, para que tudo tenha sentido no desenvolvimento (LAVORKY
& VENDITTI Jr, 2008).
15

O brincar ou qualquer outra atividade lúdica, desde que se tenha um objetivo, são
grandes responsáveis pelo aprendizado das crianças, onde o interesse pela brincadeira se torna
um dos responsáveis pelo aprendizado adquirido por ela. Qualquer que seja a atividade, e que
a criança sinta prazer em executá-la, surge um novo aprendizado, daí a importância de se
traçar uma variedade de atividades com objetivos claros a serem alcançados. Vários fatores
pessoais do aluno são desenvolvidos decorrentes das aulas de EFE entre elas, o manifestar
sobre algo, expressões de opiniões, idéias, entre outros, basta o professor dar essa liberdade e
ter o conhecimento para esse estímulo. O primeiro momento da criança para entrar na
brincadeira é entendê-la para poder participar, nesse mesmo pensamento para entender deve
haver a atenção e respeito às regras impostas, esse processo, com o passar do tempo a criança
começa a entender e associar o pensamento onde o mesmo servirá para as demais disciplinas,
e também para sua vida social, onde o conhecimento faz parte de um processo, e sempre
haverá algo a se aprender basta o professor saber propor atividade e exercícios a modo de
cativar de forma inteligente o aluno para aquisição deste (FERNANDES, 2012).
O aluno deve começar a entender seu corpo perante a cultura corporal de movimento,
obtendo suas próprias idéias de movimento fazendo-o entender no que a atividade física na
escola contribui para o bem estar de seu organismo, e conseqüentemente para saúde de modo
geral, se auto- questionando se isso faz bem ou mal, e através das intervenções do professor
estes aspectos são mais bem conduzidos, para a obtenção de resultados esperados (BETTI, M.
ZULIANI, L.R., 2002).
As situações criadas pelo professor para que os alunos resolvam problemas durante a
atividade física é o que traz autonomia em realizar a resolução do problema no dia-a-dia,
tornando-as criativas e produtivas em seu processo escolar. A prática esportiva para os
iniciantes deve ser cuidadosamente orientada, para que esse aprendizado comece a
desenvolver a confiança, auto-imagem positiva, percepções (social, cognitivo, e
principalmente motora). Assim estarão “construindo seu aprendizado e estimulando seu
conhecimento e desenvolvimento” através das aulas de Educação Física Escolar (CEZÁRIO,
2008).
Crianças fisicamente ativas em sua grande maioria são as que obtêm melhores
resultados em provas em função do estímulo, segundo o estudo de Witek 2002 (Cesário 2008)
devido à melhor circulação sanguínea e maior oxigenação do sangue. Sua atenção depende
principalmente do domínio de seu corpo, assim fluindo sua concentração, as imagens obtidas
e materializadas na educação física é o que irá representar, e construir na sala de aula. .
16

Estudo este que se torna bem relativo devido à dependência de alunos comprometidos e a
relatividade da situação intelectual do aluno onde esses benefícios são de acordo com cada
indivíduo, resultados apresentados não é via de regra a todo aluno.
Cesário 2008, em um estudo com 47 crianças (3º ano do ensino fundamental) mostra
que estas têm bom desempenho físico através das aulas de educação física escolar e fora da
escola, apresentam maior facilidade no aprendizado na sala de aula. O teste aplicado foi o de
Fonseca, (1995) que é uma bateria psicomotora, com testes óculo manual, óculo pedais,
dissociação, coordenação dinâmica manual e velocidade de precisão e um questionário de dez
perguntas relacionado à prática de atividade física, esses testes são formalizados com uma
pontuação final e são comparadas as notas escolares dos alunos aonde as melhores notas vêm
de alunos que mais praticam atividades físicas. Os resultados mostram que alunos com bom
desempenho físico apresentam melhores notas não só pela melhora da inteligência, mas
também pelo maior controle de si perante as necessidades das aulas. Para que o professor de
Educação física possa melhor desenvolver esse trabalho conjunto entre mente e corpo, deve
compreender as necessidades dos alunos para assim focalizar e planejar seu trabalho, não
deixando a Educação Física Escolar como refém das outras disciplinas e sim componente
essencial ao desenvolvimento dos alunos. A relação entre atividades físicas e as notas é bem
relativa ao professor e suas estratégias de ensino, onde nem todo aluno consegue o
aprendizado através das atividades, porém ela é estimulante ao cognitivo.
Crianças estão sempre em movimento, se deslocando seja com ações corretas ou
erradas, a partir dessa idéia é possível salientar que ela traz consigo a curiosidade sobre o
mundo a partir das coisas que a rodeia com intuito de descobrir e entender o que está em sua
volta, assim conseqüentemente, com o decorrer do tempo sua inteligência são
significativamente estimulados. Movimentos esses que devem ser estimulados, no caso da
escola, pelo professor (PACHECO, 2013).

4.1.2 Educação Física Escolar x Sócio Afetivo

Estudos mostram que com a realização da atividade física os alunos apresentam


melhoras no desempenho escolar, nas habilidades sociais e até mesmo na sua auto-estima,
mesmo que esta não o leve a perca de peso. “Estamos falando de benefícios psicológicos
17

derivados de uma melhora na preparação física, resultado de uma quantidade modesta de


exercícios – sem mudança no peso nem na gordura corporal”, afirmou Gary Goldfield (2007),
do Hospital Infantil do Leste de Ontário, autor do estudo.
“Se você conseguir aumentar sua atividade física e melhorar sua forma ainda que
minimamente, vai te ajudar a melhorar sua saúde mental”, concluiu. O estudo foi publicado
pelo “Journal of. Pediatric Psycology”.
A autoestima é compreendida como um juízo pessoal de valor, demonstrado nas
atitudes que o indivíduo tem consigo mesmo e ele mesmo avalia seu valor, e esta avaliação
que faz de si mesmo através da atividade e exercícios físicos é um importante pilar pra
construção da autoestima. Estudos mostram que esse julgamento pessoal é formado desde a
infância (ROSENBERG, 1989, MRUK, 1995).
Pessoas significativas para a criança têm um papel importantíssimo na formação da
auto-estima especialmente pais, professores e amigos mais próximos (ASSIS E AVANCI,
2004) Assim, se a relação com essas pessoas for de violência, brigas, a criança tende a
desenvolver um sentimento negativo sobre si, a baixa estima, aí entra a participação da
sociedade na escola, uma das portas de entrada é a Educação Física Escolar.
Alunos com baixa estima têm um comportamento mais difícil na escola e se colocam
muitas vezes como vítimas de violência, não se sentem bem nesse espaço, e configuram um
perfil de aluno que têm de ser e merece uma atenção especial nas práticas educativas. A auto-
estima poderá ser trabalhada e desenvolvida para que o aluno tenha uma visão melhor de si,
melhorando a convivência na escola e diminuindo conflitos na mesma e na própria família,
além disso, desenvolvem um respeito ao espaço dos outros que fazem parte de sua vida.
Porém, um grande problema encontrado, nos dias atuais, e que não deixa esse aluno a
desenvolver sua auto-estima, é o bullying. Esta é uma denominação inglesa diferenciada que
representa violência nesse âmbito escolar. Bullying nada mais é que a opressão, agressão e
tirania, de pessoas ou grupos, para com outras pessoas ou grupos. Na maioria dos casos, são
alunos que se acham valentes e brigões e, que põem apelidos pejorativos em colegas e os
aterrorizam durante a estadia naquele ambiente escolar. Há casos mais sérios de bullying,
como agressões, ofensas, furtos, humilhações, discriminações e até quebrando pertences do
colega no qual praticam tal ato (LOPES, et. AL, 2003).
A Educação Física Escolar por si mesma facilita no aprendizado em outras áreas e
disciplinas principalmente em sem tratando na escola (matemática, português, artes) mas é
sempre importante deixar claro que ela não deve ser apresentada por este fim, esse
18

desenvolvimento irá ser adquirido de forma natural e gradativa, de acordo com o aprendizado
obtido nas aulas. O jogo permite às crianças a obtenção de valores como estética, respeito,
justiça, solidariedade, motricidade, confiança, cooperação, respeito, entre outros, no qual estes
são desenvolvidos a partir das aulas (FREIRE, 1989).
As escolas ainda visam um modelo de educação visando a recompensa com
gratificações e promoções de acordo com o aprendizado dos alunos, o qual diante da
resolução dos problemas a eles impostos esse modelo é estabelecido, porém isto deve ser
repensado por partes dos docentes uma vez que alunos em algumas circunstâncias se saem
bem e em outras não, aí a visão para o aprendizado deve ser estabelecida pouco a pouco, a
partir de conhecimentos já adquiridos, “conceitos vizinhos”, o professor deve propor o
conhecimento e educar para as diversas situações da vida, na qual a inteligência já adquiridas
das crianças seja novamente mobilizadas e trabalhas a modo que o conhecimento seja
transitório de uma situação para a outra (FREIRE, LISBOA, 2005).
A Educação no contexto capitalista diante da educação somente em visão aos
interesses capitais, sem a compreensão da realidade de cada aluno que vivem, é uma vertente
estudada por FREIRE (2005), onde “o ser que se ensina sem consciência crítica é negado o
direito do homem de se humanizar”, o certo é que por meio da conscientização em direção ao
conhecimento da realidade e das relações de poder, o indivíduo possa ser capaz de
transformar e modificar aquilo que lhe é oferecido. A Educação é estabelecida e adquirida
através de relações e interações com o outro indivíduo, a separação por classes sociais,
político, econômicas e culturais, não é favorável ao desenvolvimento social dos indivíduos.
FREIRE (2005) defende a educação progressista através da consciência crítica que é
necessária para a transformação social.
Os alunos vítimas do bullying, geralmente, são adolescentes, que têm dificuldade para
reagir às agressões, e acabam se retraindo, isso contribui e muito para uma evasão escolar,
pois, na maioria das vezes não conseguem suportar esse tipo pressão a que são submetidos. O
professor de Educação Física tem de iniciar estratégias para prevenção deste problema desde a
Educação Infantil, uma vez que estudos mostram que quanto antes existe a intervenção,
melhores são os resultados quanto à redução e ao controle do bullying no ambiente escolar
(LOPES e SAAVEDRA, 2003).
Muitos alunos, que são vítimas desse tipo de violência, passam a ter um baixo
rendimento escolar, se recusam em grande parte a ir pra escola. Há jovens, vitimas de
bullying, que desenvolvem problemas com depressão, e acabam até mesmo tentando ou
19

cometendo o suicídio, além do que chegam à vida adulta com os mesmos problemas
desenvolvida nesta fase da vida, e tem dificuldades para se desenvolverem e adaptarem se ao
ambiente de trabalho, aspecto esse que deve ser trabalhado nas aulas de Educação Física
Escolar (LOPES, et. AL, 2003).
Os sintomas de depressão são basicamente os mesmos em adultos, adolescentes e
crianças, embora existam dados sugerindo que sintomas característicos podem mudar com a
idade, como sintomas comuns em crianças (retraimento social, irritação) e os menos comuns
(retardo psicomotor, hipersonia e delírios). A maioria dos autores cita que os sintomas variam
com a idade e destacam a importância da maturação das diferentes fases do desenvolvimento
nos sintomas e comportamentos depressivos, mostrando uma caracterização sintomalógica
predominante para cada faixa etária. Crianças com idade escolar (seis a sete anos, até os doze
anos), relatam com frequência, sintomas como tristeza, tédio ou irritabilidade. Apresentam
uma aparência triste, choram com certa facilidade, isolamento e queda de rendimento. O
declínio de rendimento pode ser avaliado em função da fraca concentração e interesse, que
são próprios do quadro depressivo. É comum a criança dizer também que não tem amigo, que
ninguém gosta dela e demonstrar um apego muito grande a animais. Os professores
geralmente são os primeiros a perceberem esse quadro de depressão, que deve ser levado aos
superiores e pais para ajuda no tratamento a ele cabível. Estes transtornos depressivos na
infância são comuns, e graves o suficiente para chamar a atenção de clínicos e pesquisadores.
É necessário destacar que os transtornos depressivos têm apresentação heterogênea desde a
infância, exigindo uma cuidadosa avaliação dos profissionais envolvidos com essas crianças.
É necessário que haja também uma informação conjunta de pais, professores e amigos, para
uma possível investigação clinica, pois em muitos casos não é identificado esse quadro na
criança, e não são nem encaminhados para tratamento, podendo assim apenas piorar a
situação (LOPES, NETO e SAAVEDRA, 2003).
Atualmente são conhecidos os fatores de riscos e fatores precipitantes do
comportamento suicida em crianças o que permite melhores estratégias para a abordagem do
problema, e se considerarmos que a depressão é ainda a maior causa de suicídio entre as
crianças, muito existe para ser realizado, podendo impedir e proteger, inúmeras vítimas
suicidas derivadas dessa doença. A primeira abordagem para transformar essas crianças pode
ser feita nas aulas de Educação Física Escolar com aulas que ajudem a mudar esse quadro
(GOODYER, COOPER, 1993).
20

A escola é um ambiente propício e privilegiado para as crianças/ alunos, começarem a


refletir as questões que envolvem elas próprias, os pais e os professores, e um ambiente
também onde a socialização, a promoção de saúde, a formação de atitudes, começam e ali
podem ser incrementados ou prejudicados. A instituição é responsável por discutir temas que
afligem a humanidade, como a violência, e tem de ser capaz para discutir o problema e suas
formas de prevenção na vida da criança. Essa responsabilidade social se deve em parte, ao
reconhecimento da convivência, na socialização infanto – juvenil, junto com a família, um
dos principais contribuintes do aprendizado das crianças, espaço crucial para a defesa dos
direitos humanos (NJAINE, MINAYO, 2003).
Certamente, a escola é um espaço onde a aprendizagem e os conhecimentos de
valores, são de suma importância, ultimamente também é conhecida como um ambiente de
proliferação da violência, incluindo brigas, depredações e até mortes. Esses problemas piores
acabam prejudicando a socialização na escola, interferindo e muito na relação entre as
crianças, o que permite que o aluno construa a violência como forma habitual das
experiências escolares. (CAMACHO, 2000). Pois ao mesmo tempo, estes são lapidados e
socializados pela escola e pela sociedade, e vão construindo a si próprios conceitos e valores
que contribuem ao desenvolvimento da criança.
Além disso, outro fator importante na socialização da criança é a convivência entre
meninos e meninas, que para a maioria até então é uma novidade. Dessa maneira a ênfase
dada pelo conceito de gênero à construção social, das diferenças sexuais não se propõem a
desprezar as diferenças biológicas existentes entre eles, mas considera que com base nessas
outras são construídas. Bourdieu (1995) diz que o mundo social constrói o corpo por meio de
um trabalho permanente de formação e imprime nele um programa de percepção, ação e
apreciação. Nesse processo, as diferenças sociais construídas são completamente naturais.
Portanto a educação de homens e mulheres impõe uma construção social e corporal, o que
implica no processo de ensino/aprendizagem, de valores e conhecimentos, posturas e
movimentos e que são denominadas femininas ou masculinas.
Todos nós somos classificados de acordo com nossa idade, raça, etnia, classe social,
altura, peso e isso nos ocorrem diversos espaços sociais, incluindo a escola e as aulas de
Educação Física Escolar, sejam pra alunos do mesmo sexo ou não. Assim, meninos e meninas
não mantêm claramente as divisões de gêneros, separados ou juntos nas aulas de educação
física e nem sempre ocorrem sem muitas brigas e conflitos. As meninas não são as únicas
excluídas de certos jogos e brincadeiras na educação física escolar. Os meninos também,
21

desprovidos de habilidades ou considerados mais fracos, freqüentam com certa frequência, o


“banco de reserva”, da educação física escolar. Essas constatações nos mostram que a
separação de meninos e meninas das aulas de educação física desconsidera a articulação do
gênero, com outras categorias, a existência de conflitos, brigas e discussões, e impossibilita a
socialização entre crianças do mesmo sexo. Na maioria das vezes para os meninos, praticar
alguma atividade física com as meninas não é visto como um desafio e sim como uma
ameaça, pra eles, que sempre gostam de dominar e se mostrarem mais fortes que as meninas,
enquanto que para elas é encarado como uma honra. (ALTMANN, 1998).
Conforme Thorne (1993), diz que a presença de um adulto entre as crianças pode
diminuir a separação entre eles, pois incentivando a prática motora entre eles, os comentários
pejorativos, comum na vivência entre meninos e meninas, são minimizados através de
intervenções do professor se tratando da escola.
Na opinião de Serbin (1984) onde relata que é de suma importância à presença do
professor ou professora junto das crianças nas aulas de Educação Física Escolar. A professora,
por ser educada como mulher, tem interesses específicos dentro da sala de aula, faz
brincadeiras voltadas mais para elas e isso facilita um envolvimento dos meninos com essa
atividade, porém o mesmo não se pode dizer das meninas, que não gostam de brincadeiras e
jogos voltados para o grupo de meninos, relato esse que deve ser trabalhado pelos professores
de modo a que ele minimize ao máximo esse receio entre os alunos.
Nesse sentido na maioria das vezes é de suma importância, adaptar algum jogo ou
brincadeiras teoricamente voltadas para os meninos, para que as meninas possam brincar e se
interagir com todos, e conseqüentemente socializar se nas aulas, levando para o mundo fora
da escola. Mudar a regra de algum jogo pode representar a forma de ajustar a falta de
habilidade das meninas naquele jogo afirma Louro (1997). Portanto, é importante lembrar que
esse processo de socialização, de novos alunos, novas crianças não é simples e não pode ser
considerado como algo mecânico. Ele é complexo, mas nada que a escola com a ajuda de
todos possa contribuir para o futuro dessa criança.
A diferença de gênero deve ser trabalhada pelos professores desde cedo onde os
alunos devem compreender as diferenças e possibilidades de cada um de forma a entender a
necessidade de aprendizado e desenvolvimento de cada (menino e menina), o professor deve
trabalhar isso independentemente do seu gênero, proporcionar uma educação visando a
formação de cidadão críticos, livres de qualquer preconceito, visando igualdade, respeito, e
proporcionando oportunidades a ambos nos trabalhos desenvolvidos (ZUZZI, 2008).
22

4.2 BENEFÍCIOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR FRENTE AO


DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE OUTRAS DISCIPLINAS.

Levando em conta a aceitação e o gosto dos alunos relacionados ao prazer para com a
Educação Física Escolar, com ela o processo alfabetizatório, ou de aprendizagem geral em
qualquer que seja o aluno, e principalmente aos que possuem alguma dificuldade de
aprendizagem, ela serve como um atalho, e grande estimuladora do aluno para o
desenvolvimento do conhecimento, cognitivo e motor, sendo preciso atividades previamente
planejadas e com objetivos claros para se alcançar o que se é proposto (OLIVEIRA,
ODLEBRECHT; 2009).
A criança em seu processo de alfabetização (escrita) obtém aprendizado primeiro do
“motor” (manipulação), passo este que auxiliará na escrita por exemplo. Este processo deve
ser bem trabalhado pelos professores, pois nesses anos iniciais marcam o período de
desenvolvimento deste contexto, onde a falha dele levará problemas futuros. As aulas de
Educação Física Escolar podem ser consideradas uma das formas mais flexível para se
trabalhar conjuntamente, atividades vinculadas à matemática, português, entre outras
disciplinas, levando em conta que a criança quando entra na brincadeira ou atividade que seja
lúdica, provoca (desperta) seu interesse incessante do desafio, do querer mais e mais. A partir
daí a proposta de vincular as aulas de Educação Física Escolar às demais disciplinas escolares
como no caso uma simples conta, ou a busca de uma palavra para aumentar o seu vocabulário
(LAVORKY & VENDITTI Jr, 2008).
A leitura e a escrita das crianças são fundamentalmente baseadas no domínio dos
gestos, desenvolvidos principalmente nas aulas de Educação Física Escolar assim como
estruturação espacial, orientação temporal, que vão proporcionar aos alunos direções
(esquerda e direita, em cima e em baixo, frente e atrás), beneficiando-os nos sentidos das
escritas ou leituras (PACHECO, 2013).
Ao decorrer dos anos as crianças passam por uma série de acontecimentos que são
favoráveis a sua construção do conhecimento através da descoberta. O desenvolvimento da
coordenação motora nos alunos, que é de grande responsabilidade da Educação Física
Escolar, é um fator que permite ao aluno, por exemplo, a escrever em uma folha de papel sem
23

morder a língua ou escrever com uma mão e ao mesmo tempo segurar com a outra, situações
simples que sem o estímulo correto do professor levaria um tempo maior para se adequar a
essa situação. (PACHECO, 2013).
Com o desenvolvimento da coordenação motora mais aguçada, possibilita o aluno a
desenvolver certa tarefa sem tanta demanda de atenção, caso este que permite ela a executar a
tarefa com mais eficiência (PACHECO, 2013).
Dentre as disciplinas envolvidas no processo de escolarização, a educação física é
aquela que tem como objeto de estudo, o movimento, que transborda nas crianças o prazer e a
satisfação na execução das aulas assim possibilitando o desenvolvimento motor de forma
consistente (BORGES, 1992).
A Educação Física Escolar, pode se tornar um excelente meio, onde através de uma
abordagem educativa e bem estruturada pode contribuir para a formação do ser humano, indo
muito mais além do que apenas conhecimento tático e técnico conseqüentemente será
ramificado aos aspectos sociais e educacionais quando relacionados às outras disciplinas
(MACHADO e PRESOTO, 2001).
Machado e Presoto (2001) defendem a iniciação esportiva, como parte da
aprendizagem e do desenvolvimento motor, com táticas e regras básicas, sem fazer muito
exigência técnica ou física, tendo como objetivo a formação integral do aluno, na parte física,
cognitiva, afetiva – social, podendo ai sim, ser uma preparação para esportes escolares. Porem
o que se vê hoje, é o uso desta para competição entre alunos, sem uma preparação adequada
para os educandos, se apresenta ai um fator negativo quanto às aulas ministradas pelos
professores.
Todos nós temos que respeitar o universo cultural do aluno, explorando as diversas
possibilidades de atividades lúdicas espontâneas, propondo com o decorrer do aprendizado
cada vez mais atividades complexas e difíceis, para que o aluno adquira cada vez mais
conhecimento (FREIRE, 1992).
A Educação Física Escolar é privilegiada como sendo um “instrumento pedagógico”
eficiente, logo sendo a melhor maneira de ensinar. A criança brinca, e aprende e este
momento vivido por ela tem de ser em um ambiente prazeroso, propicio para isso acontecer.
A idéia de Freire (1992) é que toda situação de ensino- aprendizagem sejam interessantes para
a criança, e que o corpo e a mente, estejam “ligados” nesse processo, não apenas um ou outro
de forma individual, mas como um todo.
24

A Educação Física Escolar é entendida como sendo uma disciplina que trata de jogo,
esporte, ginástica, como sendo um conhecimento da cultura corporal de movimento. Ela tem
de buscar profundamente o ensino prático e técnico, no qual não se deve apenas repetir ou
transferir movimentos e conhecimentos, mas ter um olhar crítico, sobre a assimilação destes
conhecimentos, valorizando os fatos, acontecimentos atuais e o resgate histórico. Na
Educação Física Escolar, deve ser preconizada ao aluno, condições para que seu
comportamento motor seja desenvolvido da forma mais completa possível, através da
diversidade dos movimentos, cada vez mais complexos, oferecendo atividades adequadas com
o seu crescimento, e deixando espaço para a criação, valorizando a criatividade para que as
habilidades motoras sejam alcançadas e desenvolvidas, trazendo benefícios não somente ao
motor, mas também ao intelecto da criança (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
25

4.3 MEIOS E DIRETRIZES EXISTENTES ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E AS


OUTRAS DISCIPLINAS.

Atualmente vários fatores contribuem para que as crianças tenham costumes


sedentários, preferindo ficar em frente a uma TV, a um computador, vídeo-game, do que
praticar atividade física, portanto, diminuindo a atividade motora. Com esse advento das
tecnologias lúdicas no mundo contemporâneo, é imprescindível que docentes e pais de alunos
atuem em prol do resgate das crianças e adolescentes para a promoção da cultura corporal de
movimento formando um cidadão que possa aproveitar tudo do jogo, do esporte, da dança, da
cultura e assim por diante. O aluno, além de táticas e técnicas precisa aprender a se organizar
socialmente, para que possa praticar esse esporte e respeitar o adversário, não deixando
parecer como se fosse um inimigo e, desenvolver-se no campo afetivo, motor e social
(BETTI, ZULLIANI, 2002).
Os alunos que freqüentem e praticam aulas de Educação Física Escolar apresentam um
melhor desenvolvimento de um modo total, que envolve relacionamentos sociais, afetivos,
mentais, entre tantos outros aspectos, sem deixar de expor que notas avaliativas das outras
disciplinas são também significativamente superiores em relação aos alunos sedentários,
existem exceções, mas em sua maioria é o que acontece (CEZÁRIO, 2008).
Em síntese de acordo com o processo pelo qual a criança obtém informação, é vindo
de experiências por elas vividas, de acordo com aquilo que ela em seu cotidiano vê, ouve,
sente, experimenta, ou seja, através dos sentidos, num primeiro momento ela adquire uma
memória imediata que permanece por pouco tempo em sua mente, posteriormente adquire
memória de curto prazo que dura um pouco mais que a anterior, para a partir daí, através de
tantas vivencias e ao passar do tempo, ela começa a dar sentido e significado a esses
ensinamentos proporcionando assim uma memória de longo prazo que ficará de forma mais
lógica e por mais tempo na memória da criança (CARRERA, 2009).
A partir dessa idéia é que vêm à importância da Educação Física Escolar, em que o
trabalho através dos conteúdos práticos proporciona e favorece o interesse da criança para
entender o conteúdo proposto, estimulando o raciocínio, a compreensão e desenvolvimento da
aula, assim a fixação na memória será fluente (CARRERA, 2009).
26

Através das atividades desenvolvidas na Educação Física Escolar, existem meios pelos
quais os alunos adquirem as informações a eles propostas, onde, eles coletam, avaliam,
guardam (registram), e recuperam as informações contidas em seu intelecto, o processo pelo
qual o aluno consegue, de maneira permanente e real, reter a informação em sua memória
passa por três etapas (CARRERA, 2009).
Num primeiro momento existe o registro da memória sensorial; onde a informação
nesse momento é captada por esse sentido, ou seja, o aluno necessita a passar por vivências
estruturadas pelo professor nas aulas e através dessas existem a manipulação de objetos que
estejam sendo contextualizados para a compreensão do assunto pautado. Dentro deste
momento são ainda registrados dois meios pelo qual é adquirida a informação pelo registro da
memória;

 Memória de curto prazo: é uma memória


adquirida através daquela que não é captada pelo registro sensorial, onde o aluno
apenas compreende a informação que não é por muito tempo retido;
 Memória imediata: a informação passada
ao aluno permanece por pouco tempo, tempo este que não é capaz de promover o
aprendizado posterior (permanente), somente de forma momentânea.

O desenvolvimento do sistema motor do aluno de um modo geral abrange três


dimensões, que são, quando aplicadas de maneira correta, automaticamente vividas e
desenvolvidas no âmbito escolar. Uma dessas dimensões é o Cognitivo que envolve fatores de
desenvolvimento através do esquema corporal, estruturação espacial, estruturação temporal, à
qual se deve trazer ao aluno uma percepção (consciência) e conhecimento do seu corpo no
espaço. Outra dimensão aqui abordada é o aspecto Motor envolvendo coordenação geral
dinâmica global e equilíbrio, relaxamento do movimento, eficiência motora, onde ao adianta
executar o movimento sem pensar antes. O Afetivo, outra importante dimensão age como
motivação que estimula o funcionamento das atividades cognitivas, lingüísticas e motoras.
Motivação que estimula o funcionamento das estruturas cognitivas, lingüísticas e motoras. O
professor tem papel importante, para perceber e compreender a importância da
psicomotricidade no desenvolvimento de estratégias e atividades para a aquisição do
27

conhecimento do aluno. A educação psicomotora é fundamental quando falamos de


problemas de aprendizagem, pois muitas dessas dificuldades podem ser derivadas de
transtornos de equilíbrio, da coordenação da estruturação do esquema corporal, devido às
falhas de suas intervenções. Portanto assim podendo usar essas dimensões como base para a
construção de novos saberes a partir desse conhecimento. (CARRERA, 2009).
A Educação Física trata o aluno como um manifestador da cultura de movimento, na
qual tudo que se é aprendido são manifestações naturais do corpo vivido na comunidade,
porem o que se deve ser visto é a Educação Física Escolar como um referendo na questão do
estudo em que onde irá beneficiar a aula em questão envolvendo valores teórico, práticos, de
modo científico, assim o aprendizado seria de forma mais concreta, e fluente (SILVA,
NUNES e ZOBOLI, 2011).
Educação Física Escolar é um conjunto de saberes de todas outras disciplinas, é nela
que se materializam mais facilmente atividades curriculares da sala de aula, onde o aluno
consegue compreender através do fazer (motor) aspectos que até então estavam
incompreensíveis, as outras disciplinas, na Educação Física Escolar uma maneira diferente de
abordar o assunto já pode ser o necessário a compreensão do aluno aquele conteúdo em
questão. Lembrando que o professor deve ter um domínio do que se esta sendo exposto, para
não passar informações erradas (SILVA, NUNES e ZOBOLI, 2011).
Na escola a Educação Física Escolar deve apresentar uma proposta para formar
cidadão crítico diante das situações por ele vividas não se fundamentando somente no
aprender pratico e teórico, mas também no contexto social onde o respeito às regras aos
colegas e as situações do jogo estará em foco; à compreensão do jogo acontecerá após sua
interpretação, acontecimento esse que irá contribuir nas situações vividas desses alunos uma
vez que exigido seu raciocínio, o contexto histórico de cada conteúdo, brincadeira que seja
bem fundamentada, possibilitará um maior aprendizado ao aluno, envolvendo fatores que
ultrapasse o tradicional, outro ponto é trazer também o foco político, pessoal, público, para
maior contextualização das aulas, essas são algumas das possibilidades de abordagens das
aulas de Educação Física na Escola, uma visão ampla que ultrapassa fronteiras (BETTI,
ZULLIANI, 2002).
O desenvolvimento do aluno em diversas áreas do conhecimento, e conteúdos,
dependerá em grande parte do professor que será o um dos maiores responsáveis por esse
aprendizado. Lembrando que a Educação Física Escolar não se deve fazer refém das outras
disciplinas, deve sim manter seus conteúdos, mas com visão ampla, de acordo com todo tipo
28

de possibilidades. Nos primeiros anos da escola os desenvolvimentos a serem estimulados são


os afetivos, sociais e cognitivos através de atividades motoras, por onde as crianças melhor
compreendem o que é proposto, através da vivência e experiências. De acordo com a vivência
dos alunos, as complexidades aumentam, seja em direção ao próprio conteúdo, seja em
direção a diversas possibilidades da aula, como: curiosidades gerais, contextos históricos,
religiosos, invenções de novas brincadeiras, isso que vai trazer a evolução do aluno não só na
manifestação cultural de movimento, mas também em seu conteúdo, desenvolvendo o
pessoal, social, afetivo, motor, interpretatório, despertando seu mundo critico e curioso onde o
seu universo para o conhecimento não terá limites, tudo devido a um simples estímulo e
incentivo através da Educação Física Escolar (BETTI, ZULLIANI, 2002).

4.3.1 Educação Física Escolar: um instrumento valioso para o processo de ensino


aprendizagem, exemplos no conteúdo da matemática.

Portanto, após analisar vários contextos foi possível verificar o quanto o trabalho da
Educação Física Escolar tem papel fundamental e indispensável para o aprendizado do aluno.
Então iremos apresentar um exemplo prático referente à contribuição da Educação Física
Escolar perante a disciplina de Matemática, na qual as maiorias das crianças apresentam
maior dificuldade nessa área, talvez seja mais difícil de resolver esse problema, e com ela essa
disciplina seja mais bem interpretada (CARRERA, 2009).
Para que o conteúdo de matemática seja bem desenvolvido, é necessário que o ensino
seja consistente e de forma significativa, com práticas e experiências de modo em que a
criança vivencie e materialize os conceitos. As dificuldades encontradas para o
desenvolvimento dessa disciplina estão relacionadas às:
Habilidades espaciais: envolve fatores de dificuldades na dimensão de distância,
tamanho, seqüência, interferindo em atividades de medir, estimar, resolver problemas e
conceitos geométricos;
Perseverança: dificuldade na transferência de uma tarefa para outra, onde a dúvida é o
principal responsável;
Linguagem: dificuldade de distinção de primeiro, último maior, menor;
29

Raciocínio Lógico: dificuldade do pensar abstrato, deixando de fazer fluir a


imaginação;
Memória: dificuldade de relembrar atividades para executar no momento ou numa
nova oportunidade;
Processamento Perceptivo: dificuldade na leitura, escrita, quantidades, a “sacada” do
aluno diante de uma situação problema;
Problemas Emocionais: dificuldade na matemática, pois é necessário persistência e
paciência (CARRERA, 2009).
Na verdade a criança adquire melhor seus conhecimentos a partir do processo motor,
com estímulos de objetos, onde a partir desses objetos começam a associar o conceito
matemático, onde por intervenção do professor, exista o estimulo da comparação, soma
enfim, o brincar com esses objetos traz a criança uma melhor compreensão desses conceitos
matemáticos (CARRERA, 2009).
De acordo com Piaget, a criança consegue construir, e materializar o real por meio da
vivência da ação no presente, nossa idéia vai de acordo com o pensamento em que Piaget diz
que “entender é estabelecer a razão lógica das coisas, enquanto que alcançar significa somente
empregá-las com êxito”, o processo de entender acompanha o processo de alcançar
(CARRERA, 2009).
Quando se fala em atividade em Educação Física Escolar para o benefício do
raciocínio da criança, podemos destacar a seguinte atividade que vai de encontro ao nosso
trabalho: (CARRERA, 2009).
As crianças têm a necessidade de manipular objetos materiais, para serem capazes de
contá – los, medir – los, monta – los, etc. Isso aguça a curiosidade da criança, e favorece
muito no seu aprendizado, pois é nesse manuseio que ela aprende a classificar e compreender
as diferenças e os conceitos matemáticos.
Brincadeira da areia:
Precisamos de uma mesa de areia ou um balde grande, com areia, peneira funis, pás, colheres,
xícaras para medir. A atividade consiste em colocar os contêineres ou os utensílios na mesa de
areia. Por meio de instruções ou perguntas as crianças são motivadas a explorar varias
características da areia com os utensílios:
Onde cabe a maior quantidade?
Em qual recipiente há mais?
De qual deles termina de cair mais rápido?
30

Qual é o maior? E qual é o menor?


A partir dessa brincadeira dá para se desenvolver diversas outras, um exemplo é impor uma
competição entre equipes, gincanas, ai vai de acordo com a criatividade e necessidade de cada
professor.
Outra atividade que cabe a esse tema é a seguinte:
ATIVIDADE DE AQUECIMENTO: Estas atividades servem para envolver e estimular o
estudante no pensamento matemático e na preparação antes de começar uma atividade.
Também são efetivas para reforçar e manter habilidades básicas contidas nos alunos de modo
a que evoluam num contexto motor e cognitivo.
Materiais: Potes com números
Atividade: pedir às crianças que procurem:
Um número par (ou impar).
O numero de lados de um quadrado ou de um triangulo, etc.
Um numero entre 5 e 12.
O numero antes ou depois dos 15.
Dois números que somados de 12.
O número de:
- dias da semana
- ovos numa dúzia
- pernas de um polvo
Um número par (ou impar), de dois dígitos.
Dois números cujos produtos sejam 12.
O número equivalente a uma dezena.
O número equivalente a uma centena.

No trabalho elaborado por Grillo (2012) em relação da matemática a partir do jogo, no


ambiente escolar, o autor propõe o ideal de um conhecimento, que surge a partir do processo
de resolução de problemas e investigação na sala de aula. Neste ambiente, é concebida a
matemática como uma ciência falível, refutável e em movimento. Davis e Hersh (1985,
p.388), discutem a matemática do ponto de vista de Lakatos (1978), propõem que a
matemática cresça de um problema e de uma conjectura, adquirindo forma sob nossa visão, e
com debate e discordância, a duvida cede lugar a certeza e em seguida a novas duvidas.
31

Mannouty (1947 apud Ernest, 1994) afirma que o caráter absoluto e perfeito da
matemática é pura superstição, ou seja, é um engano achar que essa ciência é uma verdade
eterna. E na mesma linha, Ernest (1998), diz que por a matemática ser uma construção falível
e em constante desenvolvimento, isto indica que tal ciência deve ser incorporada, a partir
dessa concepção, junto ao currículo escolar. E recomenda uma pedagogia matemática apoiada
em processos de investigação, já que isso favorece a produção de conhecimento a partir das
experiências sustentadas pelo falibismo matemático, que diz que a idéia do sujeito como
criador ativo do conhecimento e da natureza temporária das criações (ERNEST, 1998).
Nesse contexto o autor, defende a idéia de que a sala de aula é um local de constantes
incerteza e jamais certezas absolutas, e isso faz com que os alunos investiguem, estudem,
pesquisem, cada situação, assim não aparece apenas uma estratégia, e sim várias outras
promovendo desafios, questionamentos, e auto reflexão. Nesse caso os erros são objetos de
estudo, e não aparecem como efeitos negativo, sendo assim, passiveis de diferentes tipos de
punições.
Assim sendo, o autor propõem uma matemática que não seja rigorosa, marcada por
fórmulas, regras pré-estabelecidas, e com um conhecimento, construída. Pelo contrario, a
matemática apresentada aqui vem de um problema, visto que o problema nada mais é que o
próprio jogo e isso o torna um problema em movimento, que sugere a pratica pedagógica do
jogo como um desencadeador de situações problema.
Ora consideramos que:
Jogar não é simplesmente apropriar-se das regras. É muito mais do que isso! A
perspectiva do jogar que desenvolvemos relaciona-se com a apropriação da estrutura, das
possíveis implicações e tematizações. Logo, não é somente jogar que importa (embora seja
fundamental!), mas refletir sobre as decorrências da ação de jogar, para fazer do jogo um
recurso pedagógico que permita a aquisição de conceitos e valores essenciais à aprendizagem.
(MACEDO; PETTY; PASSOS; 2008 p. 105).
No que concerne o jogo, este é entendido como uma atividade lúdica, dinâmica e
desafiadora e que somente ajuda na aprendizagem. Tanto o jogo como a resolução de
problemas, envolve o pensar, a estruturar o cognitivo, a partir do conflito gerado a partir da
situação problema.
Esse dinamismo do jogo pode ser gerado, através da ação do aluno em executar uma
jogada e logo em seguida já receber uma resposta e isso gera uma nova situação problema, e
um novo movimento se constituirá, dando subsídios para uma nova estratégia ser criada.
32

Podemos dizer que como Emerique (1999), que existem pontos comuns entre o
raciocínio utilizado nos jogos e o raciocínio útil utilizado na matemática, além da idéia que o
aluno sempre estará criando, produzindo novas duvidas e resoluções de situações problemas,
e buscando estratégias, sempre objetivando a vitória.
Para Grando, (2008) os jogos de estratégia favorecem a construção e a verificação de
hipóteses. As possibilidades de jogo são construídas a partir dessas hipóteses que vão sendo
elaboradas pelos alunos. Quando o aluno executa uma jogada, leva em conta o universo de
possibilidades existentes para aquela jogada. (p. 39)
Isso nos diz que no jogo temos um conhecimento matemático, pelo movimento de
conjecturar diante uma situação problema do jogo, criando e recriando estratégias a todo o
momento do jogo, e sempre procurando tomar decisões.
Em uma partida de xadrez, através de toda ação do jogo em si, criando e recriando
estratégias no momento do jogo, com a idéia de que uma jogada é útil a próxima, e assim
sucessivamente o aluno estará produzindo um conhecimento matemático útil, até mesmo para
a compreensão do conhecimento matemático escolar.
Por fim, o xadrez é uma atividade favorável não apenas para a produção de um
conhecimento, no jogo diretamente dito, mas sim na educação da matemática, na amplitude
que oferece várias possibilidades no campo das resoluções dos problemas, além do que ajuda
o aluno a criar o próprio conhecimento matemático.
33

5 CONCLUSÃO

Após estudo feito sobre o tema nota-se que a Educação Física Escolar, se apresenta de
forma fundamental para o aprendizado do aluno, seja ele social, afetivo, motor ou cognitivo.
As aulas bem elaboradas e bem estruturadas contribuem nesses aspetos para os alunos,
levando em consideração que cada aluno tem seu tempo para o aprendizado, que deve ser
passado de acordo com aquele conhecimento prévio já obtido pelo aluno, assim o aprendizado
fluirá mais consistente.
A vivência através da manipulação de objetos e atividades pratica trazem as crianças
um mundo novo e divertido onde o prazer na execução é um grande fator estimulante. Cabe
ao professor saber estimular e cativar os alunos para trazer com ele a curiosidade de descobrir
coisas até então desconhecidas por ele, isso aguça os sentidos dos alunos e desperta nele o
interesse pelo conteúdo.
A contribuição da Educação Física Escolar em outras disciplinas, é evidente quando
bem trabalhado perante o trabalho aqui apresentado, onde o que é aprendido sempre pode ser
mais bem desenvolvido e valorizado por outros aprendizados.
34

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTMANN, Helena. “Rompendo fronteiras de gênero: Marias (e) homens na educação


física”. Dissertação de mestrado em educação. Belo Horizonte: UFMG, 1998, 111p.

ASSIS, S. G. et al. Violência e representação social na adolescência no Brasil. Revista Pan-


americana de Saúde Pública, v.16, n.1, p.43-51, 2004.

ASSIS, S. G.; AVANCI, J. Q. Labirinto de espelhos: formação da auto-estima na infância e


na adolescência. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.

AZEVEDO, E. S; SHIGUNOV, V. Reflexões sobre as Abordagens Pedagógicas em


Educação Física. KIN EIN Revista Eletrônica de Estudo do Movimento Humano. Vol. 1
No. 1, Set - Dez de 2000.

BETTI, M. ZULIANI, L.R. Educação física escolar: Uma proposta de diretrizes pedagógicas.
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. São Paulo: Editora Mackenzie. Ano
2002.

BOURDIEU, Pierre. “A dominação masculina”. Educação e Realidade, v.20, no 2. Porto


Alegre, pp. 133-184, jul./dez. 1995.

BRACHT, V. Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992

BREGOLATTO, Roseli Aparecida. Cultura Corporal da Dança. São Paulo. Volume 1.


Editora: Ícone, Ano 2000.

CAMACHO, L. M. Y. Violência e indisciplina nas práticas escolares de adolescentes: um


estudo das realidades de duas escolas semelhantes e diferentes entre si. São Paulo. Tese
(doutorado). Universidade de São Paulo (FEUSP). Ano 2000

CARRERA, G. Dificuldades de Aprendizagem: Detecção e estratégias de ajuda. Editora:


Grupo Cultural: Ano 2009.

CEZÁRIO, A. E. DA S. Influência da atividade física no desenvolvimento motor e


rendimento escolar em crianças do Fundamental. [monografia]. Caucaia: Faculdade de
Educação Física, Universidade Estadual Vale do Acaraú; 2008.

DARIDO, S. C. Educação Física na Escola: Questões e reflexões. Rio de Janeiro. Editora


Guanabara Koogan S.A. 2003.

FREIRE, J. B., GODA, C. Fabricando as oficinas do jogo como proposta educacional nas
séries iniciais do ensino fundamental. Movimento, Porto Alegre, v.14, n.01, p.111- 134,
janeiro/abril, 2008.

FREIRE, J. B., LISBOA, A. M., A inteligência em jogo no contexto da Educação Física


Escolar, Motriz, Rio Claro, v.11, n.2, p-131- 140, maio/ago, 2005.
35

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 43° edição, 2005, In:
MARTIN, D.F, A Aprendizagem em Paulo Freire e Piaget, Bauru, 2007.

GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática 1. Ed. Porto Alegre:


Artes Médicas, 1995.

GOLDIFIELD, G. S. Efeitos da Modificação Atividade Física e do comportamento


sedentário sobre ajustamento psicossocial em sobrepeso / obesidade infantil. Ottawa,
Canadá, 2007.

GRILLO, R. M. O xadrez pedagógico na perspectiva da resolução de problemas em


matemática no ensino fundamental. Universidade São Francisco. Itatiba, 2012.

IAVORSKI, J. & VENDITTI JUNIOR, R.A Ludicidade no desenvolvimento e aprendizado


da criança na escola: reflexões sobre a Educação Física, jogo e inteligências múltiplas. In:
FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro: teoria e prática da educação física. 4ºed. São
Paulo: Scipione, 2002. Disponível em: Revista Digital- Buenos Aires- Ano 13- Nº 119- Abril
de 2008.

FAZENDA, I. C. A., Didática e interdisciplinaridade, Campinas- SP. Papirus, 2005. (1998).

KASHANI, J. H., ROSEMBERG, T, REID, J. Developmental perspectives in child and


adolescent depressive symptoms in a community sample. Am J Psychiatry v.146, p.871-5,
1989.

LOPES, N, ARAMIS, A.; SAAVEDRA, L. H. Diga não para o Bullying: programa de


redução do comportamento agressivo entre estudantes. Rio de Janeiro, 2003.

LOURO, G. L. “Uma leitura da história da educação sob a perspectiva de gênero”. Teoria e


Educação, nº 6. Porto Alegre, pp. 53-67, 1992.

MARCELLINO, N. C. (org.) Lúdico, Educação e Educação Física. 2ªed.-Ijuí: Ed. Unijuí,


2003.

MENDES, M. I. B. S; NÓBREGA, T. P; MELO, J. P., MEDEIROS, R. M. N. Reflexões


sobre o fazer pedagógico da Educação Física. Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura de
Movimento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN, Natal, 2009.

MOREIRA, W. “Revisão de Literatura e Desenvolvimento Científico: conceitos e


estratégias para confecção”. Lorena- SP, 2º semestre 2004.

MRUK, C. Self-esteem: research, theory, and practice. New York: Springer, 1995.

NETO, A.A., SAAVEDRA, L.H. Diga NÃO para o Bullying. Rio de Janeiro: ABRAPI;
2004.

NJAINE, K.; MINAYO, M. C. S. Violência na escola: identificando pistas para a prevenção.


Revista Interface: Comunicação, Saúde, Educação, v.7, n.13, p.119-134, 2003.
36

PACHECO, E. A.; SANTOS, J. C. Importância do desenvolvimento da coordenação Motora


na Aprendizagem na Educação Infantil, Revista de Ciências Sociais do Norte. Revista
Nativa v.1, n.2, 2013.

ROSENBERG, M. Society and the adolescent self-image. Princeton, NJ: Princeton


University Press, 1989.

SERBIN, L. “Teachers, peers and play preferences: An environmental approach to sex typing
in the preschool”. In: DELAMONT, Sara (org.). Reading on interaction in classroom. Grã
Bretanha: Richard Clay LTD, pp. 273-289, 1984.

SILVA, C. E. R., NUNES, C.C., ZOBOLI, F. “A interdisciplinaridade como proposta


pedagógica para inclusão nas aulas de educação física escolar. Revista Digital do Paidéia,
v.3, n.2, outubro 2011- março 2012.”

SOARES, C. L, TAFFAREL, C. N. Z, VARJAL, E, CASTELANI, L.F, ESCOBAR, M. O. &


BRACHT, V. Educação através da prática esportiva missão impossível , Metodologia do
ensino de educação física. São Paulo,1992.

THORNE, B. Gender play: Girls and boys in school. New Jersey: Rutgers University Press,
1993, 237pp.

ZUZZI, R. P., SAMPAIO, T. M. V., KNIJNIK, J. D., Não é preciso preconceito, é? Uma
análise de gênero do discurso discente na formação profissional em educação física, Revista
Mackenzie de Educação Física e Esporte , v.7, n.3, p.127-33, 2008.

Você também pode gostar