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Abstract: This scientific article aims to demonstrate the importance of analyzing the use of
Legal Design and Visual Law as emerging tools in the revolutionary digital legal process. The
topic is current and extremely relevant, since design resources are being increasingly explored
by legal professionals, without them being sure of the effects of their use. Therefore, it is
expected through this study that the application of Legal Design and Visual Law technologies
will be demystified by pointing out their benefits inside and outside the courts.
1 INTRODUÇÃO
1 Acadêmica do curso de Direito do Centro Universitário UNA, campus Bom Despacho, da rede Ânima Educação.
E-mail: [email protected]
2 Acadêmica do curso de Direito do Centro Universitário UNA, campus Bom Despacho da rede Ânima Educação.
E-mail: [email protected]
Artigo apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Graduação em Direito do Centro
Universitário UNA, campus Bom Despacho, 2022. Orientadora: Pauliana Maria Dias. Mestre em Direito
Processual Civil. Especialista em Direito Processual Civil. Especialista em Direito do Trabalho e Processual do
Trabalho. Advogada.
Para tanto, é imprescindível tratar da 4ª Revolução Industrial, que solidifica a onda
massiva de avanços tecnológicos que impactam o mundo, sobretudo após a década passada. É
notória a ruptura na forma de viver, trabalhar e relacionar; e não seria diferente na área jurídica,
sendo importantíssimo desenvolver estudos que tratem dos impactos tecnológicos no Direito.
Busca-se analisar como o direito digital vem avançando e conquistando espaço nos
tribunais e demais instituições jurídicas, a exemplo da criação da Lei Geral de Proteção de
Dados, a implantação do sistema PJE, a utilização de audiências virtuais e as intimações via
WhatsApp.
Pretende-se então entender os mecanismos Legal Design e Visual Law, como
tecnologias disruptivas que promovem a reformulação do direito, ou seja, uma mudança no
padrão jurídico. Desse modo, espera-se compreender os conceitos de cada ferramenta, pois,
embora sejam tecnologias que se complementam, possuem significados diferentes.
Interessa compreender o Legal Design para além da estética, como técnica inovadora na
reformulação dos serviços jurídicos, com foco na resolução efetiva dos problemas e que
promovem uma mudança de perspectiva e um direcionamento focado nos usuários do sistema
legal – os profissionais jurídicos e demais cidadãos. Ainda, examinar o Visual Law como um
desdobramento do Legal Design, que emprega técnicas visuais e de linguagem para facilitar a
comunicação dos documentos jurídicos, em vez de palavras rebuscadas, expressões em latim e
textos extensos e prolixos.
Ademais, deseja-se interpretar a aplicação de tais mecanismos no processo de garantia
e efetivação dos princípios constitucionais. No cenário atual, fica mais evidente a dificuldade
dos cidadãos em reconhecer seus direitos. Em decorrência, a análise desses mecanismos pode
demonstrar a celeridade e eficiência processual, bem como sugerir a efetiva participação da
população no processo jurídico, através do acesso à justiça, da garantia da ampla defesa e
contraditório.
É preciso falar que ainda há resistência na utilização destes mecanismos, pois o âmbito
jurídico possui uma reputação de grande prestígio que perpetua há séculos, e alguns críticos
acreditam que substituir o vocabulário complexo por algo mais simples e direto, empobrece e
banaliza o saber jurídico, tornando superficial a comunicação que dá suporte ao direito e à sua
prática jurídica. O estudo aponta a visão dos magistrados frente as práticas de Legal Design e
Visual Law e deve apresentar um contraponto, ao referenciar aplicação conjunta de tais
mecanismos como possíveis beneficiadores frente aos maiores interessados nas questões
jurídicas: a população que busca amparo judicial, mas que não detém conhecimento jurídico; e
os próprios cientistas do direito.
2
Outro ponto que será suscitado é a integração da inteligência artificial com o Legal
Design e Visual Law. Todavia, é uma área ainda inexplorada e que carece de dados concretos.
É sabido que a inteligência artificial está presente em metade dos tribunais brasileiros, a
tecnologia facilitou o funcionamento do Judiciário durante a pandemia do Covid-19,
aumentando a produtividade. Já é possível que essas inteligências transcrevam audiências,
elaborem sugestões de minuta até a realização do juízo de admissibilidade de recursos e o
cálculo da probabilidade de reversão de decisões. Utilizar mecanismos como Visual Law e
Legal Design, junto a inteligência artificial, pode trazer resultados satisfatórios nas soluções
das demandas jurídicas.
Para melhor compreender essa temática, foi adotado o método dedutivo com fulcro na
revisão bibliográfica, através do levantamento de materiais doutrinários, legislação
constitucional e infraconstitucional, além de artigos, entrevistas, pesquisas, teses e dissertações.
De maneira esquematizada, com foco em fomentar discussões sobre o tema, ao final do
presente estudo deverá ser compreendido a dimensão do sistema tecnológico e como a
utilização das técnicas de Legal Design e Visual Law podem contribuir para um sistema jurídico
mais dinâmico, eficiente e que seja sobretudo, justo, democrático, focado na inclusão e
integração dos indivíduos.
3
a modificação das sociedades, nos seus comportamentos e relações sociais, inclusive no
que tange a resolução de conflitos e normatizações da vida social. (Ortiz, 2021, p. 13).
Nesse sentido, importa dizer que o engenheiro e economista alemão Klaus Schwab,
também fundador do Fórum Econômico Mundial, é quem formula o conceito de Quarta
Revolução Industrial. Em obra homônima, o Schwab (2015) explica os motivos determinantes
que o fazem crer estar diante de uma mudança de paradigma: o quadro atual é totalmente
diferente dos demais; a humanidade vivencia algo diferente de tudo que já experienciou, uma
era em que a partir da velocidade, amplitude, profundidade e impacto sistêmico, transformará
profundamente a forma que as pessoas vivem, trabalham e se relacionam.
Para Ortiz (2021), a modificação nas instituições sociais é nítida, e o direito como
ciência social aplicada é sujeito de modificações frente ao desenvolvimento tecnológico,
transformações socioeconômicas e questões jurídicas inéditas como inteligência artificial,
blockchain3, robóticas e outras, que estão paulatinamente sendo judicializadas.
Aplicação de novas tecnologias, ao mesmo tempo que levanta reflexões e debates sobre
as relações sociais e jurídicas, proporciona mais eficiência e interação entre o cidadão
e o Estado. [...] Na perspectiva da tecnologia da informação, o direito e o Estado
3 A tecnologia blockchain é uma rede que funciona com blocos encadeados muito seguros que sempre carregam
um conteúdo junto a uma impressão digital. Tecnoblog, O que é blockchain? São Paulo, 2017.
4
precisam se adequar e se reinventar, seja para acompanhar o avanço tecnológico, seja
para se aproximar da sociedade. (ORTIZ, 2021, p.18).
4 O Legal Design Lab é uma equipe interdisciplinar sediada na Stanford Law School & d.school, construindo uma
nova geração de produtos e serviços jurídicos. O laboratório de design jurídico, Stanford, Califórnia, 2022.
5 Design Thinking é uma abordagem que busca solução de problemas de forma coletiva e colaborativa em uma
perspectiva de máxima empatia com os interessados. Endeavor. Design Thinking: ferramenta de inovação para
empreendedoras e empreendedores. 21 de maio de 2021.
6 Law by design: “Lei por design” é uma lente de coloca o foco da lei na inovação, teste e construção de sistemas
que beneficiam as pessoas envolvidas neles. Hagan, Margaret, Law By Design, p.1, 2022.
5
aprimoramento da própria experiência do direito, através da adoção de técnicas de design
centradas no público (COMPAGNUCCI et al. 2019).
Para o expert Bernardo de Azevedo e Souza (2021), o Legal Design se constitui como
uma área mãe do Visual Law, oferecendo potencialidades como a melhora dos serviços
jurídicos e a maneira como os jurisdicionados são atendidos, abrangendo tanto a experiência do
usuário no site de determinado tribunal ou empresa, como propriamente no momento de obter
as informações sobre seus direitos e deveres. Enquanto isso, o Visual Law trata propriamente
de uma nova forma de comunicação no Judiciário, na AGU, no Ministério Público e entre os
advogados e os clientes. O uso dessa técnica permite uma melhor comunicação das ideias
desenvolvidas pelos profissionais, possibilitando-os expor melhor os seus argumentos.
O uso do Visual Law envolve técnicas de recursos visuais, a exemplo: tabelas, figuras
e gráficos, inseridos em petições; visando assim uma melhoraria na comunicação dos
argumentos jurídicos e nas teses apresentadas, bem como na qualidade da comunicação entre
os atores processuais (AZEVEDO E SOUZA, 2021).
É necessário dizer que o aprimoramento da advocacia demanda novas concepções
acerca da utilização do Legal Design e do Visual Law no processo revolucionário digital. Não
obstante, deve se considerar dentro desse processo a implementação das Inteligências
Artificiais no ambiente jurídico como uma realidade que atinge mais os tribunais brasileiros e
que precisa ser encarada quando se fala da aplicabilidade do Legal Design e do Visual Law.
Outrora, delimitar os conceitos de Legal Design e Visual permite entender com maior
facilidade a aplicabilidade de cada técnica. Logo, conclui-se que o Visual Law se estabelece
como uma área pertencente ao Legal Design.
Visual Law é uma das áreas do Legal Design que não se refere apenas à aplicação de
conceitos visuais em projetos na área do Direito, mas à fase final do projeto de design
e visa melhorar a comunicação e a entrega das informações de petições, contratos,
projetos de transformação digital do ambiente jurídico, entre diversas outras
possibilidades. (COELHO E HOLTZ, [2020], p. 1)
6
Se analisarmos profundamente esse fenômeno, vamos compreender que todo esse
arcabouço de adaptação do Direito a essa nova realidade (de uso de tecnologia de
última geração para automação de tarefas e análise de dados e da aplicação de técnicas
de design para a solução de problemas) se integram pela busca de acesso à justiça, do
melhor caminho para dar a cada um o que lhe é de direito. (COELHO E HOLTZ,
[2020], p. 13)
Hagan (2022) defende a importância de se falar sobre inovação legal para além dos
termos estritamente tecnológicos, trazendo uma nova perspectiva no que concerne a aplicações
inovadoras como Legal Design, que devem sim serem reconhecidas como parte essencial no
desenvolvimento do direito 4.0.
Essas discussões são orientadas para aumentar a eficiência dos processos jurídicos,
automatizar tarefas humanas por meio de máquinas e aumentar a produtividade por
meio de um melhor gerenciamento de dados e conhecimento. Essas discussões
normalmente deixam de fora o conceito de design, apesar de sua riqueza em métodos,
processos, ferramentas e mentalidades que podem gerar inovações mais bem-
sucedidas, revolucionárias e intencionais (incluindo aquelas que usam tecnologia).
(HAGAN, 2022 p. s/n).
Destarte, o direto sofre atualmente uma disrupção, ou seja, uma quebra no padrão
estabelecido até então; em que diferentes aplicações ou tecnologias, como Visual Law,
cumprem o dever de atualizar o direito para que não se torne obsoleto, mas sim acompanhe os
tempos vigentes atendendo as necessidades imperiosas que a sociedade lhe demanda.
Segundo Raniere (2019), Estado e Direito podem ser definidos como fenômenos sociais
que objetivam a organização da vida em sociedade, e têm em comum a referência de poder.
Outrora, a concepção de democrático pode ser dada como o exercício da soberania popular.
O Estado de Direito iniciou-se após a Revolução Francesa, momento em que se mudou
a política das sociedades, acabando com o absolutismo. Foi um marco importante para que o
poder não se concentrasse apenas nas mãos de uma pessoa, somente a lei era soberana, mas não
atendia, necessariamente, a vontade geral do povo e o Estado era uma espécie de mediador de
conflitos (SILVEIRA, 2019).
No Estado Democrático de Direito, atender a vontade do povo é algo fundamental, o
que não significa que será a vontade da maioria ou de todos, até porque, quantidade numérica
7
não é sinônimo de bom senso. A título de exemplo, cita-se o holocausto. O Estado Democrático
de Direito deve ser pautado na dignidade da pessoa humana, respeitadas as diferenças, com
participação popular e com poderes divididos e harmônicos entre si, estabelecendo uma
sociedade justa e estável, com relações de poder mais benéficas que prejudiciais (SILVEIRA,
2019). Nesse sentido, segundo Ranieri (2019, p.336):
7 Gamificação pode ser definida como o emprego de técnicas de jogos em situações do dia a dia. FIA, Business
School, Gamificação. O que é, vantagens e como implementar. 29 de julho de 2020.
8
O devido processo legal, tem como função evitar o abuso de poder e garantir que todos
os outros princípios sejam empregados, como uma forma organizacional, que condensa todos
os outros princípios e garantias que devem ser aplicadas (MONTANS DE SÁ, 2021).
Ampla defesa e contraditório garantem que todos têm o direito de conhecer as demandas
e ter ciência de todos os atos do processo, bem como reagir da maneira que lhe for mais
benéfica, de acordo com a lei. (MONTANS DE SÁ, 2021). Ambos são tratados no mesmo
dispositivo da Constituição Federal:
Não adianta permitir que a parte simplesmente participe do processo. Apenas isso não
é o suficiente para que se efetive o princípio do contraditório. É necessário que se
permita que ela seja ouvida, é claro, mas em condições de poder influenciar a decisão
do órgão jurisdicional. Se não for conferida a possibilidade de a parte influenciar a
decisão do órgão jurisdicional- e isso é o poder de influência, de interferir com
argumentos, ideias, alegando fatos, a garantia do contraditório estará ferida. É
fundamental perceber isso: o contraditório não se efetiva apenas com a ouvida da
parte; exige-se a participação com a possibilidade, conferida à parte, de influenciar no
conteúdo da decisão.
A ampla defesa está ligada ao contraditório, pois não há contraditório sem defesa. É a
concretização do contraditório. (MONTANS DE SÁ, 2021). Sendo assim, para que haja efetiva
participação, como garantia do contraditório e ampla defesa, a parte deve compreender
claramente seus direitos. Na visão de Britto e Cruz (2021 p.6):
A revolução tecnológica alcança cada vez mais espaços e chega ao mundo jurídico,
estreitando a relação do indivíduo com princípios fundamentais, promovendo o acesso
à justiça e garantindo o devido processo legal. Nesse contexto, a Informática Jurídica
pode ser definida como o processamento e o armazenamento eletrônico das
informações jurídicas, com caráter complementar e auxiliar ao trabalho dos
operadores do Direito.
Nesse liame, peças jurídicas extensas com linguajar rebuscado e prolixo tornam-se
desnecessárias, considerando que podem ser substituídas por uma comunicação clara, simples
e visualmente melhor. Assim, para Presgrave et al. (2021), os recursos aplicáveis através do
Visual Law são diversos e não pretendem substituir termos e expressões jurídicas, mas sim
9
torná-las mais acessíveis ao público afetado, visam sobretudo, favorecer a compreensão para as
pessoas não atuantes na área jurídica.
[...] Elas abrangem tanto a utilização de recursos visuais ou audiovisuais (visual law),
quanto a busca por escrita mais direta e objetiva (voltado ao leigo), que favoreça a
compreensão, em detrimento da linguagem demasiado técnica e rebuscada, muitas
vezes incompreensível para pessoas que não atuem na área. (PRESGRAVE et al.,
2021, p. 49)
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Cisco Webex, o que facilitou muito, tanto para o Poder Judiciário, quanto para os advogados e
partes processuais.
Segundo o especialista Azevedo e Souza, (2019, p.7):
Isto posto, fica cada vez mais evidente a importância dos mecanismos Legal Design e o
Visual Law, pois estão revolucionando o mundo jurídico. Quando aplicados da maneira certa,
atuam como meios de inclusão e praticidade processual: “a proposta do Legal Design e do
Visual Law é aproximar as pessoas da informação jurídica. Isso também é acesso à justiça”.
(COELHO E HOLTZ, 2020, p. 28). São métodos que chegaram para ficar, sendo assim, é uma
realidade que todos, em algum momento, vão desfrutar. O ponto importante é atender as
necessidades dos menos experientes, como forma de garantia constitucional.
Ainda paira sobre a esfera jurídica um temor causado pelas inovações tecnológicas
emergentes. Todavia, longe do que se acredita, tais mudanças não acabarão com o direito.
Existe uma demanda exponencial por profissionais aptos a esses novos desafios e a questão é
justamente a capacitação para essas novas habilidades e competências. Na realidade, o que está
mudando é a forma como os serviços jurídicos são prestados (COELHO E HOLTZ, 2020).
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No Brasil, a adoção de inteligências artificiais no Poder Judiciário é uma realidade; que
inclusive se mostra uma ferramenta essencial para auxiliar em atividades, como leitura
automatizada de documentos, bem como forma de apoio aos magistrados e servidores,
buscando reduzir o volume de demandas judiciais em tramitação. Entretanto, ainda não é
possível consentir que o poder de decisão do magistrado seja atribuído à tecnologia artificial,
ao passo que não se sabe até que ponto a IA consegue desenvolver o raciocínio lógico-jurídico
e chegar a um resultado ideal (SILVA, 2021).
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consequência, dos novos meios que estão à disposição dos operadores do Direito. A
aplicação da técnica se relaciona à busca de funcionalidade das informações, mediante
o uso com cautela de elementos gráficos que amplifiquem a potencialidade de
absorção do conteúdo, mas sempre primando pela geração de empatia, nunca da
estranheza no interlocutor/usuário. (PRESGRAVE et al., 2021, p. 36)
Sob a perspectiva de que as peças processuais são instrumentos, que objetivam persuadir
os juízes, para decidir em prol de um dado argumento, os nudges são recursos indispensáveis
na estratégia de um advogado. Assim, o uso dos instrumentos de Legal Design pode ser um
recurso decisivo na elaboração de peças processuais. A preferência pela linguagem objetiva, de
cores e recursos textuais (fonte, negrito, tamanho, ícones, linha do tempo, etc.), pode ser a chave
para convencer um juiz sobre determinado argumento (MAIA; NYBØ; CUNHA, 2020, p. 21).
Coordenado por Azevedo e Souza, o grupo de pesquisa Visual Law publicou em 2021,
o resultado do estudo denominado “Elementos visuais em petições na visão da magistratura
federal”, respondido consensualmente por 147 juízes e juízas federais de primeiro grau, de 17
estados do país. O trabalho teve início em fevereiro de 2020, motivado pela inexistência de
investigações amplas no Brasil a esse respeito, e porque os profissionais estavam adotando
recursos visuais em peças processuais, sem saber como o Poder Judiciário receberia tal
novidade (AZEVEDO E SOUZA, 2021, online).
O grupo Visual Law, demonstrou por meio do estudo supracitado, que o magistrado vê
a argumentação genérica, a redação prolixa e o número excessivo de páginas como o maior
problema das petições. Questionados sobre quais recursos visuais eram mais recebidos por eles,
o fluxograma foi o que mais se destacou (46,4%), seguido do uso de links (37,9%) e gráficos
(35,9%). Cerca de 38% dos entrevistados acreditam que a combinação de elementos textuais e
visuais tornam a leitura e análise mais agradável. Destaca-se que somente 3,3% dos magistrados
se mostraram contrários ao uso de elementos visuais em petições. Sobre isso, o uso de QR
Codes (39,2%) e vídeos (34,6%) são recursos que menos agradam os participantes, sendo que
mais de 43% são favoráveis ao uso de qualquer elemento visual. Nesse contexto, 77,12%
indicaram que o uso moderado dos recursos visuais, facilita a análise da petição (AZEVEDO;
SOUZA, 2021, online).
Já a segunda fase do estudo, publicada em março, 2022 (online), sob o título “Elementos
visuais em petições na visão da magistratura estadual”, também sob coordenação de Azevedo
e Souza; contou com a participação de 517 juízes estaduais, integrantes de unidades judiciárias
de todos os estados do país. Agregando informação, 54,30% dos juízes entrevistados
responderam que um dos maiores problemas atuais nas petições é a transcrição excessiva de
jurisprudências. E sobre o que torna a leitura e análise de petições mais aprazível, 41%
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selecionaram a combinação de elementos visuais e textuais, mas 54,1% são contrários ao uso
de ícones (pictogramas). Também, quando comparado à primeira pesquisa publicada, a
utilização de links em petições cresceu 11,2% e o uso de gráficos cresceu 6,2%, revelando que
há uma tendência dos advogados em investir na comunicação visual para reforçar seus
argumentos jurídicos.
Ainda, é importante ressaltar que 77,9% dos participantes assinalaram que o uso de
recursos visuais facilita a análise de petições desde que usado sem excessos. Por fim, concluiu-
se que a magistratura federal e estadual se mostra contrária ao uso de argumentação genérica,
bem como ao número excessivo de páginas e redação prolixa, idealizando assim, peças com
redação objetiva, que apresentem boa formatação, número de páginas reduzido e que façam uso
da combinação de elementos textuais e visuais.
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Art. 3º O uso de linguagem simples e de direito visual tem como fundamentos:
I - a crescente demanda da sociedade por comunicação com qualidade, eficiência e
transparência, de modo a facilitar seu conhecimento e acesso aos serviços do Poder
Judiciário;
II - o direito à adequada prestação de serviços, devendo os órgãos adotar linguagem
simples e compreensível a todos;
III - a capacidade de a linguagem atuar como um meio para facilitar o exercício de
direitos e o cumprimento de obrigações pela sociedade;
IV - o foco em quem usa os serviços e a geração de valor público. (MINAS GERAIS,
2022).
Pelo exposto, vê-se que a utilização do Legal Design e do Visual Law está sendo cada
vez mais utilizada no campo jurídico, mas exige o uso adequado e responsável, a fim de que
não cause estranhamento ao destinatário, e tenha um efeito diverso do pretendido.
Apesar da utilização de recursos visuais no meio jurídico ter sido bem recebida por
grande parte dos profissionais da área, ainda há aqueles mais tradicionalistas que estão receosos
quanto à prática. Por exemplo, Streck (2021) faz críticas veementes ao Visual Law. Para ele,
trata-se da desmoralização da ciência jurídica do direito; e reforça que não se deve substituir de
modo algum a reflexão humana por algoritmos ou desenhos, que o direito não precisa ser
inteligível a todas as pessoas, mas sim a quem cursou essa faculdade, pois o direito é uma
disciplina com especificidades. Por óbvio, essas críticas são contrárias aos princípios
constitucionais que resguardam o acesso à justiça.
Segundo Presgrave et al. (2021), é sabido que a inserção de Legal Design e Visual Law
gera desconforto quando não utilizados com sabedoria, como ocorre com aquelas petições que
mais se assemelham a reportagens jurídicas, devido ao uso exacerbado de recursos visuais.
Frente ao exposto, percebe-se que as técnicas de Legal Design e o Visual Law enfrentam
certa resistência, e têm ainda um grande caminho a ser percorrido, mas as conquistas que o
campo tem obtido no Brasil e no mundo, provam que o direito também tem caminhado rumo
ao futuro.
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5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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