Trabalho de Filosofia Da Mente

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ –


UNIOESTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
TRABALHO DISCIPLINA DE FILOSOFIA DA MENTE
PROFESSOR: PEDRO FALCÃO

DISCENTE: LUCAS SARTORETTO

Comente e explique as seguintes passagens:

Como é ser um Morcego? (1974)


“Eu disse que a essência da crença de que morcegos têm experiência está em que
haja algo que é ser como um morcego [that there is something that it is like to be a bat].
Atualmente, sabemos que a maior parte dos morcegos (microchiroptera, para ser
preciso) percebem o mundo externo primariamente por um sonar, localizando-se pelo
eco, detectando as reflexões dos seus próprios gritos rápidos, sutilmente modulados e de
alta freqüência, nos objetos ao seu alcance. Seus cérebros são projetados [designed] para
correlacionar os impulsos enviados com os ecos subseqüentes, e as informações assim
adquiridas permitem aos morcegos discriminações precisas acerca da distância,
tamanho, forma, movimento e textura, comparáveis às que fazemos pela visão. Mas o
sonar dos morcegos, embora seja claramente uma forma de percepção, não é similar a
nenhum sentido que possuímos, quanto à forma das suas operações. E não há razão para
se supor que ele seja, subjetivamente, parecido com algo que nós possamos
experimentar ou imaginar. Isso parece criar dificuldades para a noção de como é ser um
morcego [what is it like to be a bat]. Devemos considerar se algum método nos
permitirá extrapolar o nosso próprio caso à vida interior do morcego, e, em caso
negativo, se pode haver algum método alternativo para o entendimento desta noção”.
(Nagel 2005, p. 249)

Questões guia:
Quais são as características centrais da consciência para Nagel?
Por que a questão ‘Como é ser um morcego?’ expressa as dificuldades em
termos uma teoria da natureza da consciência ao passo que a perspectiva subjetiva
parece ser inegociável?
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1 – No seu texto Nagel problematiza as opiniões acerca do modo de conceber a


relação mente-corpo dos reducionistas e afirma que o problema da consciência torna
estes intratáveis. Para Nagel, a consciência é um problema que as abordagens
reducionistas, entendendo o reducionismo como as concepções fisicalistas, não abordam
ou mesmo não problematizam o que torna o problema da relação mente-corpo
praticamente intratável.
Na filosofia da mente existe um consenso do que seria a consciência, para ela a
consciência seria a autopercepção de si. Isto significa que a partir deste pressuposto a
consciência passa a ser aceita como esta noção pela a maioria das abordagens. Talvez
isso seja um problema, pois existe inúmeras definições do que seriam a consciência nas
diversas abordagens em psicologia e cada uma concebe essa experiência de determinada
forma.
No entanto, para Nagel a consciência está presente em vários organismos vivos,
mais necessariamente nos mamíferos, que são os exemplos que Nagel nos dá. Para ele a
consciência a experiência consciente é algo como ser como aquele organismo. O
exemplo no Nagel constrói sua argumentação é o caso de um mamífero, ou melhor o
morcego.
Podemos problematizar esta concepção de consciência defendida por Nagel, pois
até mesmo essa compreensão é escassa. Como poderíamos ter uma experiência de outro
organismo? Os métodos de análise clínica da psicologia podem nos ajudar a descrever o
que seria essa consciência, mas parecem que não são utilizados na discussão.
E é em parte o que Nagel argumenta. Ele argumenta na impossibilidade de
termos essas experiências subjetivas de outras pessoas e outros organismos. Por isso, se
torna um problema que ainda está longe de ser resolvido e sua crítica ao que ele chama
de reducionismo, é que essas teorias não levam ou não conseguem explicar a
complexidade desse fenômeno.
Nagel nos exemplifica a dificuldade mostrando exemplos de como seria a
experiência de ser como um morcego. É uma argumentação um tanto que exagerada,
pois a experiência de um mamífero tão diferente da estrutura do ser humano dificulta
ainda mais a compreensão da consciência.
Certamente esse é o propósito de Nagel, fazer com que essa diferença de
organismos no qual cada organismo tem suas peculiaridades biológicas seja levada o
tornar explícita as dificuldades do problema. No entanto, acho que não é a melhor
maneira de enfrentar o problema, pois acabamos caindo em inúmeros outros problemas.
Sua estratégia que pretende tornar explícita a dificuldade do problema da
consciência pode em um primeiro momento nos auxiliar para compreendermos essa
dificuldade, mas pode cair em um outro reducionismo que é o oposto do fisicalismo,
que seria o dualismo.
O dualismo apresenta assim como o fisicalismo inúmeros problemas, até mesmo
problemas mais sérios do que o fisicalismo, como a existência ontológica de duas
substâncias como a mente e o corpo. Sem entrar na discussão de qual concepção é a
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mais correta, devemos encontrar um ponto médio para tentarmos criar uma descrição
mais apropriada deste problema.
No seu texto, Nagel deixa claro a sua intenção de não resolver esse problema,
mas apenas de elaborar sugestões para que possamos enfrentar de maneira não
dogmática esse problema caro a filosofia da mente.
O Mito de Descartes, Cap. 1 de Conceito de Mente (1949)

“(2) O Absurdo da Doutrina Oficial


É esta, em linhas gerais, a teoria oficial. Falarei muitas vezes dela, com exagero
deliberado, como o “dogma do Fantasma na Máquina” [Ghost in the Machine]. Espero
provar que ela é inteiramente falsa, não em pormenor, mas em princípio. Não é uma
mera reunião de erros particulares. É um grande erro e um erro de gênero especial. É,
designadamente, um erro de categoria [category-mistake]. Representa os fatos da vida
mental como se pertencessem a um tipo ou categoria lógicos (ou domínio de tipos ou
categorias), quando efetivamente pertencem a outra categoria. O dogma é portanto um
mito do filósofo. Ao tentar destruir o mito, dir-se-á provavelmente que nego fatos bem
conhecidos da vida mental dos seres humanos, e a minha alegação de que apenas aspiro
a retificar a lógica dos conceitos de conduta mental será provavelmente criticada como
um mero subterfúgio”. (Ryle 2011, p. 17)

Questões guia:
Por que a doutrina oficial pode ser interpretada como ‘dogma do fantasma na
máquina’?

O que seria um erro categorial e como Ryle afirma que a doutrina oficial
comete-o?

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