Odontologia hospitalar é
mais do que
Cirurgia Bucomaxilofacial
Elaine C. Camargo*
Odontologia Hospitalar pode ser compreendida por cuidados das alterações bucais que exigem
intervenções de equipes multidisciplinares no atendimentos de alta complexidade ao paciente.
A odontologia, especialidade da área da saúde, integrada ao hospital, permite melhor
desempenho no compromisso de assistência ao paciente.
A avaliação odontológica pode determina a necessidade e o tempo apropriado de intervenções
que venham a diminuir riscos futuros, e, a adequação bucal pode alterar positivamente o
desfecho clínico, minimizando fatores que possam influenciar negativamente o tratamento
sistêmico.
A atenção odontológica tem sido tradicionalmente exercida nos consultórios de postos de saúde
pública ou de “clinicas particulares”. Aos hospitais, tem sido reservado apenas o atendimento
cirúrgico bucomaxilofacial ou aos procedimentos com indicação de anestesia geral. Entretanto, a
tecnologia e o desenvolvimento de pesquisas associados à maior longevidade da população,
utilização de novos fármacos, aparecimento/ erradicação de patologias nos impulsionam a
promover saúde bucal nos pacientes hospitalizados.
Sempre existirão pacientes que não puderam ser tratados nos níveis primários, secundários e
terciários, e sempre existirão situações que exijam intervenção de cuidados bucais
simultaneamente aos cuidados de outros profissionais de saúde.
A presença de enfermidades sistêmicas afeta a saúde bucal do indivíduo que passa a ser não
somente um item de qualidade de vida, mas também um fator decisivo na sua contínua
sobrevivência.
A condição bucal altera evolução e resposta ao tratamento médico e a saúde bucal fica
comprometida pelo estresse e interações medicamentosas, necessitando o paciente do
permanente acompanhamento do cirurgião-dentista.
A participação do cirurgião-dentista, seja como consultor da saúde bucal ou mais ativa como
prestador de serviços, feitos em nível ambulatorial ou baixa hospitalar, tem o objetivo de
colaborar, oferecer e agregar mais força ao que caracteriza a nova identidade do hospital.
A Associação Brasileira de Odontologia Hospitalar (ABRAOH) nasceu para acompanhar
tendência da área de saúde e congregar colegas nos esforços de suas metas em: promoção de
saúde; educação do paciente; alta resolutividade e valorização do nicho de mercado.
O cirurgião-dentista preparado para proceder internações, interpretar exames complementares e
controlar infecções hospitalares atua na diminuição de custos e na média de permanência
hospitalar. Conhecimento e busca do objetivo comum permite o crescimento de todos os
profissionais envolvidos no processo.
O atendimento hospitalar–ambulatorial é indicado para pacientes portadores de doenças
sistêmicas crônicas; deficientes mentais ou neuromotores com envolvimento sistêmico e
deficientes físicos ou com distúrbios de motricidade.
Ainda, a participação do serviço de odontologia permite::
atender paciente de risco cirúrgico com maior segurança;
realizar exames mais detalhados aproveitando a internação;
facilitar o paciente com impossibilidade de freqüentar o consultório por motivos
neurovegetativo
oferecer acompanhamento clínico e tratamento específico
relacionar cinegeticamente cirurgião-dentista, paciente, equipe e instituição
Para o paciente em regime de convalescença ou tratamento, a Odontologia em ambiente
hospitalar é favorecida porque conta com maior recurso para urgência e emergência;
possibilidade de vários métodos de contenção e facilidade de locomoção e acesso.
A tendência da integração de várias áreas da saúde forma profissionais mais completos e mais
preparados para a o cumprimento da missão.
A boca abriga bactérias que com facilidade ganham a corrente circulatória a qualidade,
quantidade e PH da saliva freqüentemente é modificado e expondo o paciente a maior risco de
infecção.
A incidência de periodontite aumenta significantemente o risco de várias patologias, como a
aterosclerose, enfarto cardíaco, derrame cerebral e complicações do diabetes. Na gestante, a
presença de periodontite aumenta o risco do feto nascer com baixo peso. Em certos pacientes,
a bacteremia causada por procedimentos dentais, mesmo a simples escovação dental, pode
causar endocardite bacteriana.
Diabetes, hipofosfatasia, imunodeficiências, distúrbios renais e câncer são exemplos de
enfermidades que colocam o indivíduo em alto risco de doenças bucais como a cárie dental,
gengivite, periodontites e mucosite devido a um aumento de suscetibilidade do paciente.
Pacientes portadores de deficiências físicas e mentais apresentam um maior risco de doenças
bucais causado pelas medicações, dieta, e obstáculos físicos, comportamentais e educacionais
que impedem a implementação de um programa eficiente de higiene bucal.
A partir do diagnóstico, o encaminhamento para uma avaliação odontológica passa a ser
imprescindível para que a mensuração de risco e a priorização de um programa preventivo
personalizado.
O atendimento pode ser deve educativo com ênfase na prevenção, com tratamento ambulatorial
ou hospitalar, de acompanhamento a curto ou longo prazo, ou uma combinação acompanhando
as modificações e os objetivos do tratamento médico.
*Elaine C. Camargo é presidente da Associação Brasileira de Odontologia Hospitalar (ABRAOH), administradora
hospitalar e especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais e Saúde Coletiva. E-mail:
[email protected].