Modelo: Ação de Destituição Do Poder Familiar Cumulada Com Adoção

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EXCENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO

DA _____ VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DO FORO


CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO (SP)

10 Linhas

MARIA ELISA (sobrenome), nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do


RG (número) e do CPF (número), titular do e-mail (e-mail), residente e domiciliada
(endereço), na cidade de São Paulo (SP), por seu (sua) advogado (a), que esta
subscreve (mandato incluso – doc. 1), com escritório (endereço), onde recebe
intimações (e-mail), vem, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 1.638,
II do Código Civil, e arts. 39 a 50 da Lei nº 8.069/90, Estatuto da Criança e do
Adolescente, propor
AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR CUMULADA COM
ADOÇÃO
pelo procedimento especial previsto nos arts. 155 a 163 e arts. 165 a 170 da Lei n.
8.069/90, em face de LETÍCIA (sobrenome), nacionalidade, estado civil, profissão,
portadora do RG (número) e do CPF (número) e residência ignorada, pelos motivos
de fato e de direito que passa a expor;
I - DOS FATOS
Em meados do ano de 2019, Letícia entregou seu único filho Maurício, com
aproximadamente um ano de idade a Maria Elisa, pois viajaria à Bahia a fim de relatar
aos familiares que tivera um filho de pai desconhecido e tentaria arrumar algum
emprego para o sustento de Maurício.
Ocorre que Letícia nunca deu notícias, ou mandou contribuição para assegurar o
sustento do filho. Dessa forma, Maria Elisa obteve, por decisão judicial, a guarda legal
de Maurício.
A convivência diária criou entre Maria Elisa e Maurício um forte vínculo de amor e
carinho, assumindo Maria Elisa o papel de mãe, que é como Maurício a chama.
Em face dessa realidade, ou seja, a ligação moral entre Maria Elisa e Maurício, esta
deseja adotá-lo com o escopo de poder assumir, formalmente, o que de fato já existe
há quase 4 anos.
Maria Elisa nunca mais soube de Letícia, sendo certo que Letícia nunca teve contato
com o filho Maurício. A autora não sabe informar se a Ré está viva ou morta. Na
certidão de nascimento de Maurício, só consta o nome de Letícia, sendo o pai
desconhecido.

II – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Maria Elisa, que é maior de idade, reside com Maurício nas imediações do Foro
Central da Comarca de São Paulo e não tem condições financeiras para propor a ação
e, sendo assim, requer-se o benefício da gratuidade da justiça, conforme disposto pelo
Art. 5º, LXXIV, CF1 e art. 98, CPC2.

III - DO DIREITO
III. I – DA PERDA DO PODER FAMILIAR POR ABANDONO
As hipóteses previstas para a destituição do poder familiar encontram-se enumeradas
no art. 1.638 do CC e nos arts. 22 e 24 do ECA.
Art. 22, ECA. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes,
a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.

Art. 24. ECA. A perda e a suspensão do poder familiar serão


decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos
previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o
art. 22.

Analisando o Art. 24 do ECA, é possível aplicar ao presente caso para que seja
decretada judicialmente a destituição do poder familiar da Ré em razão dos evidentes
descumprimentos como entidade materna em relação ao seu filho.

O art. 1.638, inciso II, do CC descreve que a mãe ao deixar o filho em abandono
perderá o poder familiar, in verbis:

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
(...)
II - deixar o filho em abandono;
(...)

1 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
2 Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais

e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.


IV – DA ADOÇÃO
A convivência diária entre a autora e o menor Maurício criou um forte
vínculo de amor e carinho, de tal sorte que a autora assumiu o papel de mãe e Maurício
também a chama de mãe. A autora possui o direito à adoção, tendo em vista os
requisitos previstos nos arts. 39 a 50 ECA e em especial, Art. 50, § 13, III, ECA.
A autora, além disso, obteve, por decisão judicial, a guarda legal de Maurício (art. 33,
§ 2º, ECA).
De acordo com o Professor Doutor Carlos Roberto Gonçalves, o conceito adoção é
o ato jurídico solene pelo qual alguém recebe em sua família, na qualidade de filho,
pessoa a ela estranha.
Deve ser destacada, no atual conceito de adoção, a observância do princípio do
melhor interesse da criança, uma vez que o parágrafo único do art. 100 do Estatuto
da Criança e do Adolescente assegura que:
Art. 100. Parágrafo único. São também princípios que regem a
aplicação das medidas de proteção.
IV- interesse superior da criança e do adolescente.

O Art. 5ºdo ECA dispõe que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão,
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais. Ou seja, a adoção de Maurício é mais do que necessária, visto que na
sua criação incorreu negligência e abandono pela mãe biológica.

IV.I – DA CAPACIDADE PARA ADOTAR


Com relação à capacidade para adotar, o art. 42 do ECA dispõe que só a pessoa
maior de 18 anos pode adotar, o que independe do estado civil.
A Autora tem mais de 18 anos de idade, portanto, tem capacidade plena de obter a
guarda da criança.
V - DOS PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES À CONCESSÃO DA
MEDIDA LIMINAR

A plausibilidade do direito invocado pela Autora é completamente perceptível pelo


fato da Ré ter ido à Bahia sem o filho e sequer ter dado notícias ou tentado pegá-lo
novamente, o que justifica motivo grave para decretar a suspensão do poder familiar,
liminarmente, por V. Exa., até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança
menor confiado a pessoa idônea, ora Autora, mediante termo de responsabilidade (v.
artigo 157 do ECA).
Além disso, o Art. 28 do ECA autoriza liminarmente a obtenção da guarda à família
substituta, vemos:

Art. 28. ECA: A colocação em família substituta far-se-á mediante


guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da
criança ou adolescente, nos termos desta Lei.

VI - DOS PEDIDOS
Ante o exposto, considerando que a pretensão da autora encontra arrimo nos artigos
39 a 50 da Lei n. 8.069/1990 – ECA, requer:
a) os benefícios da justiça gratuita, uma vez que se declara pobre no sentido jurídico
do termo, conforme declaração anexa (doc. 4) e fundamento nos art. 98, CPC e art.
5º, LXXIV da CF/88;
b) A intimação pessoal do representante do Ministério Público para que acompanhe
o feito (art.204, ECA);
c) citação da ré (Letícia) por edital (art. 256, II, CPC), para que se manifeste
formalmente, nos autos, a sua concordância ou não com o pedido de adoção (art. 45,
Lei nº 8.069/90);
d) a dispensa do estágio de convivência, de acordo com o art. 46, § 1º, ECA;
e) que o processo corra em segredo de justiça, conforme art. 189, II, CPC.
d) sem prejuízo da citação editalícia, suprarrequerida, seja determinada a expedição
dos ofícios de praxe (IIRGD, Serasa, SPC), bem como acesse esse douto Juízo, via
sistema INFOJUD e o cadastro da Receita Federal, com o escopo de se tentar obter
o seu endereço atual, possibilitando a sua citação pessoal.
f) que seja decretada a destituição do poder familiar da ré em relação ao filho Maurício,
concedendo-se, em seguida, a adoção do menor Maurício á autora, expedindo-se os
competentes mandados para o Cartório de Registro Civil desta Comarca, nos termos
do art. 47, §§ 1º e 2º, da Lei n. 8.069/90, para fazer constar o nome da adotante, bem
como de seus ascendentes, constando expressamente que a averbação deve ser feita
sem custas, em razão da gratuidade da justiça.
g) que a ré seja condenada nas custas e honorários advocatícios decorrentes da
presente ação.
Quantos as provas, provará o que for necessário, usando todos os meios permitidos
em direito, em especial a juntada de documentos (anexos), oitiva de testemunhas (rol
anexo) e perícia social.
Valor para efeitos fiscais, quando não há valores a serem tratados na Petição Inicial
(R$1.000,00).

Termos em que, pede deferimento.


São Paulo, data.
Nome do advogado,
OAB/SP nº.

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