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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

TÉCNICAS DE REDAÇÃO

SUMÁRIO

1- TIPOS DE TEXTO 3

2- PRODUÇÃO TEXTUAL 10

3- INTRODUÇÃO DE UMA REDAÇÃO 14

4- DESENVOLVIMENTO DE UMA REDAÇÃO 18

5- CONCLUSÃO DE UMA REDAÇÃO 20

6- DISSERTAÇÃO 26

7- NARRAÇÃO LITERÁRIA 28

8- GÊNERO JORNALÍSTICO 33

9- TÓPICOS DE LINGUAGEM 38

10- COESÃO TEXTUAL 47

REFERÊNCIAS

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1- TIPOS DE TEXTO

Os tipos de textos, são classificados de acordo com sua estrutura, objetivo e


finalidade.
De maneira geral, a tipologia textual é dividida em: texto narrativo, descritivo,
dissertativo, expositivo e injuntivo.

Texto Narrativo
A marca fundamental do Texto Narrativo é a existência de um enredo, do qual se
desenvolvem as ações das personagens, marcadas pelo tempo e pelo espaço.

Assim, a narração possui um narrador (quem apresenta a trama), as personagens


(principais e secundárias), o tempo (cronológico ou psicológico) e o espaço (local
que se desenvolve a história).

Sua estrutura básica é: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.

Texto Descritivo
O Texto Descritivo expõe apreciações e observações, de modo que indica aspectos,
características, detalhes singulares e pormenores, seja de um objeto, lugar, pessoa
ou fato.

Dessa maneira, alguns recursos linguísticos relevantes na estruturação dos textos


descritivos são: a utilização de adjetivos, verbos de ligações, metáforas e
comparações.

Texto Dissertativo
O Texto Dissertativo busca defender uma ideia e, logo, é baseado na argumentação
e no desenvolvimento de um tema.

Para tanto, sua estrutura é dividida em três partes fundamentais:

 tese (introdução): define o modelo básico para apresentar uma ideia, tema, assunto.
 antítese (desenvolvimento): explora argumentos contra e a favor.

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 nova tese (conclusão): sugere uma nova tese, ou seja, uma nova ideia para concluir
sua fundamentação.

Os textos dissertativos-argumentativos, além de ser um texto opinativo, buscam


persuadir o leitor.

Texto Expositivo
O Texto Expositivo pretende apresentar um tema, a partir de recursos como a
conceituação, a definição, a descrição, a comparação, a informação e enumeração.

Dessa forma, uma palestra, seminário ou entrevista são consideradas textos


expositivos, cujo objetivo central do emissor é explanar, discutir, explicar sobre um
assunto.

São classificados em: texto informativo-expositivo (transmissão de informações) ou


texto expositivo-argumentativo (defesa de opinião sobre um tema). Outros exemplos
de textos expositivos são os verbetes de dicionários e as enciclopédias.

Texto Injuntivo
O Texto Injuntivo ou instrucional está pautado na explicação e no método para a
realização de algo. Temos como exemplos: uma receita de bolo, bula de remédio,
manual de instruções e propagandas.

Dessa forma, um dos recursos linguísticos marcantes desse tipo de texto, é a


utilização dos verbos no imperativo, de modo a indicar uma "ordem".

Como exemplo temos: receita de bolo ―misture todos os ingredientes‖; bula de


remédio ―tome duas cápsulas por dia‖; manual de instruções ―aperte a tecla
amarela‖; propagandas ―vista essa camisa‖.

Texto Informativo
O texto informativo é um texto em que o escritor expõe brevemente um tema, fato
ou circunstância ao leitor.
Trata-se de uma produção textual objetiva, normalmente em prosa, com linguagem
clara e direta.

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Tem como objetivo principal transmitir informação sobre algo, estando isento de
duplas interpretações.

Ao contrário dos textos poéticos ou literários, que utilizam a linguagem conotativa, o


texto informativo utiliza linguagem denotativa.

Além de apresentar dados e referências, não há interferência de subjetividade, ou


seja, o texto é isento de sentimentos, sensações, apreciações do autor ou opiniões.

Características
O autor dos textos informativos é um transmissor que se preocupa em relatar
informações da maneira mais objetiva e verossímil.

No caso das notícias, por exemplo, o escritor está encarregado de transmitir a


informação para os receptores leitores da maneira objetiva e alheia a ele.

Escrito em prosa, o texto informativo apresenta dados que o tornam mais credível.

Estrutura
Tal como outros Gêneros Textuais, o texto informativo é constituído por:

 Introdução (tese): momento de exposição das informações necessárias para


informar o tema que será explorado pelo emissor (autor).
 Desenvolvimento (antítese): parte fundamental que contém as informações
completas sobre o tema, desde dados mais relevantes, ou melhor, todos os dados
que se pode reunir para apresentação do tema.
 Conclusão (nova tese): encerramento do texto com exposição da ideia central.
Exemplos
Veículos de informação tais como jornais, revistas e entrevistas são os exemplos
mais notórios de textos informativos.

Além deles, os livros didáticos, as enciclopédias e os verbetes de dicionários são


outros exemplos.

Os artigos científicos e técnicos também podem ser considerados textos


informativos, embora esse gênero textual é mais identificado com os textos
expositivos-argumentativos.
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Confira exemplos de textos informativos:

Notícia de Jornal
Combate à Dengue
A picada do mosquito Aedes Aegypti tem demonstrado grande preocupação. Isso
porque o aumento de mortes no país por motivo de dengue tem crescido de forma
considerável nos últimos meses.

A melhor maneira de combater a doença é explorar a única arma: a prevenção.

Projetos de conscientização têm alertado a população para os perigos da


proliferação do mosquito.

O foco está nos métodos necessários para acabar com os acúmulos de água nas
casas. Isso porque são os ambientes mais propícios para a reprodução do
transmissor da doença.

Verbete de Dicionário
Significado de Alienação
s.f. Ação ou efeito de alienar: alienação de uma propriedade.

Jurídico. Ato de transferir para alguém uma propriedade ou um direito: alienação de


um apartamento.

Resultado de algum tipo de abandono ou efeito da ausência de um direito comum:


alienação da segurança.

Filosofia. Hegelianismo. Quando a consciência se torna desconhecida a si própria ou


a sua própria essência.

Informal. Desinteresse por questões políticas ou sociais.

Psicologia. Estado da pessoa que, tendo sido educada em condições sociais


determinadas, se submete cegamente aos valores e instituições dadas, perdendo
assim a consciência de seus verdadeiros problemas.

Psicopatologia. Perda da razão, loucura: alienação mental.

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Psiquiatria. No desenvolvimento de um sintoma clínico algumas pessoas ou


situações comuns tornam-se estranhas ou perdem sua natureza familiar.

Alienação a título gratuito, doação.

pl. alienações.

(Etm. do latim: alienatione.m)

Texto Informativo e Texto Expositivo


Em muitos casos não existe diferença entre um texto informativo e
um texto expositivo.
Isso porque a informação também é um dos seus principais recursos linguísticos de
um texto expositivo. À informação se juntam, ainda, conceituação, definição,
descrição, comparação e enumeração.

Apesar da semelhança entre ambos, segundo o objetivo pretendido, os textos


expositivos podem ser classificados em Texto Expositivo-argumentativo e Texto
Expositivo-informativo.
Importante notar que o gênero de textos informativos pode conter outros tipos de
textos: descritivos, narrativos ou expositivos.

Texto Dissertativo-Argumentativo

O Texto Dissertativo-Argumentativo é um dos tipos de gêneros textuais. Outros


tipos são texto narrativo, texto descritivo, texto expositivo e texto injuntivo.
Este tipo de texto consiste na defesa de uma ideia por meio de argumentos e
explicações, à medida que é dissertativo; bem como seu objetivo central reside na
formação de opinião do leitor, ou seja, caracteriza-se por tentar convencer ou
persuadir o interlocutor da mensagem, sendo nesse sentido argumentativo.

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) esse é o tipo de texto solicitado aos
alunos, cujo tema ronda questões de ordem social, científica, cultural ou política.

Planejamento

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A produção textual requer planejamento. Assim, antes de começar a escrever,


convém elaborar um plano daquilo que será abordado e de que forma (estratégia).

Essa planificação servirá de ponte para o sucesso do texto, embora o mais


importante para se alcançar esse resultado seja observar atentamente os fatores de
coesão e coerência.

Para melhor exemplificar, as etapas necessárias para produzir um texto dissertativo-


argumentativo são:

 Problema: No momento inicial busca-se o problema, ou seja, os fatos sobre o tema


pretendido e, ademais a tese (ideia central do texto).
 Opinião: A opinião pessoal sobre o tema reforçará a argumentação, por isso é
importante buscar uma verdade pessoal ou juízo de valor sobre o assunto
abordado.
 Argumentos: O mais importante de um texto dissertativo-argumentativo é a
organização, clareza e exposição dos argumentos. Para tanto, é importante
selecionar exemplos, fatos e provas a fim de assegurar a validade de sua opinião,
sem deixar de justificar.
 Conclusão: Nesse momento busca-se a solução para o problema exposto. Assim,
é interessante apresentar a síntese da discussão, a retomada da tese (ideia
principal) e além disso, a proposta de solução do tema com as observações finais.
Estrutura
O texto dissertativo-argumentativo segue o padrão dos modelos de redação, ou seja,
introdução, desenvolvimento e conclusão.

Introdução
Na introdução devem ser mencionados os temas que são abordados no texto - ou o
problema - de modo a situar o interlocutor.

Esta parte deve compreender cerca de 25% da dimensão global do texto.

Desenvolvimento

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Todas as ideias mencionadas na introdução devem ser desenvolvidas de forma


opinativa e argumentativa nessa parte do texto, cuja dimensão deve compreender
cerca de 50% do mesmo.

Conclusão
A conclusão deve ser uma síntese do problema abordado mas com considerações
que expressam o resultado do que foi pensado ao longo do texto.

A sua dimensão contempla cerca de 25% do texto.

.
Exemplo
Segue abaixo um exemplo de texto dissertativo-argumentativo:

É frequente ouvirmos falar sobre os atos violentos na escola. Não bastasse a sua
presença nas ruas, os ambientes supostamente seguros - nomeadamente as
escolas - são mais do que nunca alvo de ações de violência.

Os valores se perdem a ponto de não só entre alunos, mas entre alunos e


professores, ou vice-versa, serem inúmeros os casos de agressões noticiados
frequentemente.

A força é tomada em detrimento da razão e os conflitos são resolvidos de forma


irracional desde a infância, cujas crianças absorvem cedo esse tipo de
comportamento por influência da sociedade cada vez mais violenta em que vivemos.

A participação dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental para estabelecer
normas e restaurar valores que tem vindo a se perder. A aproximação entre pais e
escola é um dos principais propulsores para a mitigação desse problema.

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2- PRODUÇÃO TEXTUAL

A produção de textos é o ato de expor por meio de palavras as ideias sobre


determinado assunto.

Saber como escrever um texto pode ser um pré-requisito para conseguir um


emprego e uma vaga na faculdade. Isso porque pessoas que escrevem bons textos
conseguem se expressar melhor.

Vale lembrar que o hábito da leitura é essencial para se produzir um bom texto.
Enquanto estamos lendo vamos ampliamos nosso vocabulário e,
consequentemente, nosso universo interpretativo.

Ou seja, com o ato da leitura estamos aumentando nossa capacidade de entender


melhor tudo que nos rodeia.

Os 5 Tipos de Textos
Para construir um bom texto, é necessário saber qual tipo se encaixa no que
estamos pretendendo escrever. A produção textual envolve os 5 tipos de textos:

1. Texto Dissertativo: defende uma ideia, sendo um texto argumentativo e opinativo.


Exemplos: artigos, resenhas, ensaios, monografias, etc.
2. Texto narrativo: narra fatos, acontecimentos ou ações de personagens num
determinado tempo e espaço. Exemplo: crônicas, fábulas, novelas, romances, etc.
3. Texto descritivo: descreve objetos, pessoas, animais, lugares ou acontecimentos.
Exemplos: diários, relatos, biografias, currículos, etc.
4. Texto Injuntivo: textos instrucionais que explicam como realizar algo. Exemplos:
receitas, bula de remédio, manual de instruções, propagandas, etc.
5. Texto Expositivo: apresenta um tema, um conceito ou uma ideia. Exemplos:
seminários, conferências, palestras, enciclopédias, etc.

Como produzir um bom texto?


Para que um texto seja considerado bom, o importante é conhecer o tipo e o gênero
do texto.
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Além disso, é essencial não fugir do tema pedido e sobretudo, cumprir as regras
gramaticais essenciais do ―Novo Acordo Ortográfico‖ para sua compreensão.

Pesquisar sobre o tema antes de escrever o texto é muito importante para dar
consistência e mais propriedade à argumentação textual agregando maior valor ao
texto.

Lembre-se que não existe uma ―fórmula mágica‖ para produzir um bom texto, no
entanto, há estratégias interessantes para melhorar sua produção.

Cada indivíduo tem um estilo de escrita, no entanto, o que importa não é


necessariamente o estilo e sim, a coesão e a coerência apresentadas no texto.

A coerência é uma característica textual que está relacionada com o contexto. Ou


seja, ela significa a relação lógica entre as ideias expressas, de forma que não haja
contradição no texto.

A coesão, por sua vez, está relacionada com a regras gramaticais e os usos corretos
dos conectivos (conjunções, preposições, advérbios e pronomes).

Estrutura textual: etapas básicas para produção de texto


1. Tema e Título
O tema e o título são coisas diferentes na produção de textos.

 Tema: representa o assunto a ser abordado. Exemplo: Bullying


 Título: é o nome dado ao texto. Exemplo: O Bullying e suas consequências na
educação

Na maioria dos casos, o título é muito importante, sendo que algumas pessoas
preferem começar por ele. Outras, escrevem o texto primeiro e a palavra ou
expressão que o define é escolhida posteriormente.

2. Introdução
A introdução ou apresentação do texto (também chamada de tese) é de suma
importância pois são nos primeiros parágrafos que o leitor vai ficar interessado em
ler o restante do texto.
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Portanto, é o momento em que você irá instigar o leitor, sendo essencial pontuar as
principais informações que serão desenvolvidas no decorrer do texto.

Claro que nem toda a informação deve estar presente na apresentação, que deverá
ser breve (3 a 5 linhas). Porém, os principais dados e elementos que serão
abordados devem surgir neste momento do texto.

3. Desenvolvimento
Após escrever a introdução, o segundo momento da produção do texto é o
desenvolvimento (também chamado de anti-tese).

Como o próprio nome indica, nesta etapa é fundamental o desenvolvimento das


ideias. Aqui o escritor irá argumentar e oferecer os dados e/ou as informações
obtidas na pesquisa e fazer uma reflexão sobre o tema abordado.

Assim, fica claro que quanto melhor a sua argumentação, melhor será o texto.

4. Conclusão
Finalizar o texto é tão importante quanto começá-lo. Embora muitas pessoas não se
preocupam com essa parte fundamental do texto, o momento da conclusão (também
chamado de nova tese) é essencial.

Assim, não adianta fazer uma boa introdução e desenvolvimento, e deixar o texto
sem conclusão. Após a argumentação faz se necessário que o escritor chegue numa
conclusão e opine (no caso dos textos dissertativos), apresentando assim um novo
caminho.

Note que, quanto mais criativa for a conclusão, mais interessante ficará o texto.

Dicas essenciais para escrever um bom texto


 Mantenha o hábito da leitura e da escrita;
 Tenha o conhecimento das novas regras gramaticais;
 Preste atenção à grafia, pontuação, parágrafos e concordâncias;

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 Seja criativo e espontâneo;


 Não utilize palavras de baixo calão, palavrões;
 Se distancie da linguagem coloquial, informal;
 Tenha opinião e faça críticas próprias;
 Atenção à relação lógica das ideias (coerência);
 Não se afaste do tema e do tipo de texto proposto;
 Faça um rascunho para evitar rasuras;
 Se necessário, leia o texto em voz alta;
 Cuidado com as repetições de palavras e ideias;
 Não utilize palavras ou expressões que não conheça;
 Se necessário, recorra ao dicionário;
 Seja claro e conciso.

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3- INTRODUÇÃO DE UMA REDAÇÃO

A introdução de uma redação integra a construção textual e a partir dela o leitor


permanece ou não texto.

Independente do gênero textual, é na introdução que o leitor é apresentado a todo o


conteúdo que será depositado no desenvolvimento e na conclusão.

É importante prever de que maneira introduzir aos elementos da redação


considerando, já na primeira frase, o tema a ser discorrido.

As redações podem ser:


 Narrativas;
 Descritivas;
 Dissertativas;
 Dissertativas-argumentativas;
 Explicativas;
 Injuntivas;
 Institucionais ou publicitários.

Introdução no Texto Narrativo


Os marcadores de tempo são os responsáveis pela exposição dos fatos nos textos
narrativos. Dessa forma, a introdução deve apontar o momento ou época em
que tais fatos ocorreram.
São marcadores de tempo:

 Verbos
 Advérbios
 Locuções adverbiais
Exemplo 1:
Era no tempo do rei. Memórias de um Sargento de Milícias - de Manuel Antônio de
Almeida.

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Entenda:
Era no tempo do rei = uso de verbo
Exemplo 2:
Minha mãe mora aqui. Ela saiu muito cedo para comprar pão e desencadeou os
acontecimentos que serão relatados.
Entenda:
Aqui = advérbio
Muito cedo = locução adverbial
Introdução no Texto Dissertativo-argumentativo
A clareza é a principal forma de introduzir um texto dissertativo-argumentativo. É a
partir dela que o leitor terá a noção do que será apresentado em seguida.
 O tema deve ser apresentado já na primeira frase
 Não há meios de fazer rodeios já na primeira frase do primeiro parágrafo
 Também é no primeiro parágrafo que está inserido a linha de raciocínio do autor
 O objetivo é convencer o leitor

Procedimentos Argumentativos
É no primeiro parágrafo que estará inserida a tese a que o autor tentará apontar ao
longo de todo o texto por meio de procedimentos argumentativos
Os procedimentos argumentativos são os principais elementos de coesão
textual na redação dissertativa-argumentativa.
São responsáveis por espelhar os métodos de raciocínio e possíveis provas do autor
para convencer o interlocutor de um determinado ponto de vista.

Diferente da narrativa, no texto dissertativo-argumentativo não há marcadores


temporais
Dicas:
 Usar palavras que nomeiam ideias e conceitos
 Não usar marcadores de tempo
 Encadear as ideias
 Usar operadores argumentativos
Exemplo:
O mosquito aedes aegypti é a causa de uma das maiores crises na saúde do Brasil.

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Vetor de ao menos três doenças graves, o ciclo de vida do mosquito é favorecido


pelo clima tropical e pela ineficiência das parcas políticas sanitárias específicas para
seu controle.
Entenda:
O mosquito Aedes aegypti é a causa de uma das maiores crises na saúde do Brasil
(ideias e conceitos).
Vetor de ao menos três doenças graves, o ciclo de vida do mosquito é favorecido
pelo clima tropical e pela ineficiência das parcas políticas sanitárias específicas para
seu controle (encadeamento de ideias e uso de operadores argumentativos).

A Introdução no Texto Explicativo


O objetivo da redação explicativa é apresentar informações específicas sobre um
determinado tema.

Nesse tipo de texto, o leitor passa a ter detalhes de um conhecimento que lhe será
apresentado pela primeira vez ou que será aperfeiçoado.
Características
 Uso de predicados organizados em torno de verbos, principalmente: ser, ter, conter,
consistir, compreender, indicar, significar, construir, denominar, designar;
 Uso de sinais de pontuação que introduzem explicações ou citações, como: dois
pontos, parênteses, aspas e travessões;
 Uso de orações coordenadas explicativas introduzidas pelas conjunções pois e
porque;
 Orações adjetivas e explicativas;
 Marcadores de reiteração como: isto é, ou seja, com objetivo de, esclarecendo,
etc...
Exemplo:
A tecnologia atual é marcada pela necessidade de facilitar o acesso, emprego e uso
de produtos que vão de aparelhos eletroeletrônicos, passando por alimentos,
vestuário e medicamentos.
O muitos anos de pesquisa nas mais diversas resultam em aplicações
multidisciplinares.
Por exemplo: diversos setores da engenharia estão a favor da busca por alimentos

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de melhor aproveitamento; medicamentos com maior poder de cura e menor


impacto no organismo; aparelhos que facilitam a comunicação, o lazer; transportes
econômicos, de reduzido impacto ambiental e elevada potência, entre outros.

Entenda:
A tecnologia atual é (uso do verbo ser) marcada pela necessidade de facilitar o
acesso, emprego e uso de produtos que vão de aparelhos eletroeletrônicos,
passando por alimentos, vestuário e medicamentos. O muitos anos de pesquisa nas
mais diversas resultam em aplicações multidisciplinares.

Por exemplo: (pontuação como marcador de reiteração) diversos setores da


engenharia estão a favor da busca por alimentos de melhor aproveitamento;
medicamentos com maior poder de cura e menor impacto no organismo; aparelhos
que facilitam a comunicação, o lazer; transportes econômicos, de reduzido impacto
ambiental e elevada potência, entre outros (uso de orações explicativas).

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4- DESENVOLVIMENTO DE UMA REDAÇÃO

O desenvolvimento é um dos três elementos principais da redação, seja ela


narrativa, descritiva, dissertativa argumentativa ou explicativa.

Em qualquer uma das formas é preciso:

 Expressar-se com eficácia


 De maneira gramaticalmente correta
 Usar de originalidade e criatividade
 Seguir o contexto do tema

A escrita exige fluidez como forma de informar e permitir ao leitor que entenda e
reflita sobre o tema proposto.

Para maior eficácia, há dicas que podem ser usadas em qualquer uma das
modalidades de redação.

Planejamento
O planejamento é elemento fundamental para o sucesso de uma boa redação.
Integra a pré-escrita e começa com a busca por informações sobre o tema a ser
desenvolvido.

Após o conhecimento substancial o suficiente para discorrer o texto, é preciso


elaborar os esquemas de encadeamento do tema.

Assim, quem escreve divide o que será e como será abordado no decorrer do tema
conforme a ordem de importância e o significado.

Exemplo:
Tema: feminismo
Esquema de planejamento: verificar quais são as bases históricas do feminismo,
autores que tratam do assunto e a evolução do tema ao longo da história. Buscar
dados da atualidade sobre o tema e situações que o envolvem.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Anotar em tópicos o que considera importante;


Fazer um conjunto ou esqueleto do que considera importante ser abordado.

Escrevendo a redação
A redação precisa gerar ideias e, para isso, é preciso ter argumentos. No
texto dissertativo-argumentativo é preciso selecionar as ideias e revelar ao leitor o
assunto por meio de subsídios que foram reunidos na pesquisa e no planejamento.

As ideias precisam ser desenvolvidas com base em um plano textual:

 Estabelecer a cronologia
 Estabelecer a hierarquia
 Articular os parágrafos - ser coeso
Importante: parágrafos articulados corretamente e bem elaborados permitem a
identificação do chamado tópico frasal, que é a sentença onde está exposta e
sintetizada a ideia mais relevante.
O leitor precisa ser apresentado a uma sequencia lógica para desta maneira
compreender e ser levado a refletir sobre o tema.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

5- CONCLUSÃO DE UMA REDAÇÃO

A conclusão de um texto, seja de um trabalho ou de uma redação, é algo muito


importante que deve ser pensado durante todo o processo de planejamento textual.
Nos textos dissertativos-argumentativos, a conclusão auxilia o leitor a compreender
o que o escritor pensa sobre o conteúdo inicial.

Geralmente, esse tipo de texto segue o padrão de estrutura básico, que está dividido
em três partes:

1. Introdução
2. Desenvolvimento
3. Conclusão

Na parte final, ou seja, na conclusão do texto, devemos fazer um apanhado geral


das ideias que foram desenvolvidas durante as duas partes iniciais do texto e
arrematá-las.

Afinal, o que é uma boa conclusão?

Lembre-se que uma boa finalização do texto faz com que o leitor fique satisfeito com
a leitura, e por isso, uma conclusão deve ser interessante e reunir as principais
ideias.
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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

No entanto, a conclusão de um texto deve ser sucinta, ou seja, a parte de apresentar


os argumentos é no desenvolvimento.

Aqui, você deve concluir e realizar um fechamento das ideias que foram
apresentadas ao leitor. Nesse momento, a análise crítica sobre o tema é também um
fator importante.

Para isso, pense bem antes de fazê-la! Se necessário, releia o texto, pesquise sobre
a ideia e faça um rascunho. Importante ressaltar que a conclusão não é a repetição
do que já foi dito.

Ela mostra algo novo, suscita ideias e reflexões, além de oferecer sugestões, propor
melhorias e soluções sobre o tema abordado.

Só consegue concluir bem um texto quem teve o cuidado de planejar a escrita e


seguiu uma sequência lógica de apresentação das informações em parágrafos bem
estruturados e coesos.

Caso essa sequência não seja obedecida, o texto fica confuso impedindo o leitor de
refletir sobre o tema proposto.

Uma organização lógica de ideias, permite o convencimento do leitor, principal


objetivo do texto dissertativo-argumentativo.

Mesmo na narração, a hierarquia e a lógica da apresentação de sentenças dentro do


parágrafo são fundamentais para que o leitor consiga refletir sobre a história.

Em qualquer parte do texto — introdução, desenvolvimento e conclusão —, a


clareza e obediência à gramática são fundamentais para o bom entendimento do
tema.

Dicas para fazer uma boa conclusão

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

1. Seja breve e não fique “enchendo linguiça”


Uma conclusão não deve ser muito longa. Isso porque a parte de argumentar e
apresentar dados já passou. Foque nas sugestões que serão oferecidas ao leitor,
sendo claro e objetivo. Numa redação, geralmente a conclusão é feita em 5 linhas,
ou seja, em um parágrafo.

2. Ressalte a ideia principal do texto, retomando a introdução


Na introdução, tudo o que será abordado deve ser apresentado ao leitor. Tão
importante quanto a conclusão, a introdução do texto mostra ao leitor o que ele vai
encontrar ali. Portanto, as palavras-chave devem estar presentes e serem
retomadas na conclusão. A ideia é responder ao questionamento feito na introdução.

3. Resuma tudo o que foi dito


Organizar as ideias no final do texto para resumi-las é algo muito importante. Claro
que você não deverá repetir nada, somente fazer a arremate final. Pense, portanto,
de que maneira, a partir do seu ponto de vista, você solucionaria os problemas que
apresentou?

4. Apresente soluções para o que foi abordado


Uma boa conclusão deve ter uma proposta de valor, ou seja, ela deve conter
soluções e apresentar melhorias para o tema abordado. Ofereça ao leitor
oportunidades de refletir sobre o tema.
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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

O que não deve estar na conclusão?

1. Usar clichês
Muito importante pensar nos termos que serão utilizados para finalizar seu texto.
Assim, ―em resumo‖, ―por fim‖, ―concluindo‖, não são interessantes. Conheça melhor
outros conectivos para serem usados aqui, como ―logo‖, ―por conseguinte‖,
―portanto‖, ―por isso‖, ―em virtude de‖, etc.

2. Ser prolixo
Ser prolixo, alongar a ideia e escrever demasiado é um erro muito comum cometido
pelos estudantes na finalização do trabalho. A conclusão deve ser o contrário disso,
ou seja, nessa parte o aluno deve saber resumir as ideias, encurtando o
pensamento.

3. Argumentar mais
Complementando o ponto acima, lembre-se que na conclusão não devemos
argumentar mais. A parte da argumentação em que você apresenta os prós e
contras, dados e pesquisas recentes são introduzidos na parte do ―desenvolvimento
do texto‖.
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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

4. Repetir o que já foi dito


Além de se prolongar demais, muitos estudantes repetem coisas que já foram
expressas no decorrer do texto. Isso é um erro grave, já que não acrescenta nada
de novo ao tema.

Conclusão de Monografia ou TCC


A conclusão de uma monografia ou TCC (trabalho de conclusão de curso) é
realizada nos cursos universitários.

Em alguns casos, ela é chamada de ―considerações finais‖, e, da mesma maneira,


os estudantes fazem um apanhado geral de tudo o que foi pesquisado e conclui
sugerindo algumas ideias.

Para isso, pensar na trajetória de realização do trabalho é algo que pode ajudar.
Analise bem os resultados obtidos com a pesquisa, quais soluções são viáveis e
quais pontos fortes deveriam ser destacados.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

6- DISSERTAÇÃO

Para realizar uma boa dissertação, tratando um assunto com propriedade, não basta
escrever bem: é preciso ampliar seu conhecimento de mundo para que seu
repertório seja amplo e você possa dominar os temas propostos. Nesse momento, o
mais importante é o treinamento constante.

Orientações básicas

Dissertar consiste no ato de expor de modo sistemático, oralmente ou por escrito,


algum assunto. Essa modalidade de redação costuma ser pedida em quase todos os
processos seletivos atuais.

Em geral, o texto dissertativo-argumentativo solicitado pretende avaliar, além da


competência linguística escrita do candidato, seu repertório cultural, sua visão de
mundo, exigindo, desse modo, um posicionamento consistente em relação ao tema
apresentado.

Título

Caso seja pedido nas instruções da prova, o título não pode ser esquecido. Ele deve
ser inspirado no conteúdo do texto e não no tema.

Espaços

O ideal é ―pular‖ uma linha entre o título e o início do texto. Se não houver título,
deve-se começar a escrever já na primeira linha. O tradicional espaço no início dos
parágrafos deve ser respeitado, com as linhas sendo ocupadas inteiramente.

Dimensões

O tamanho da redação poderá estar indicado nas instruções da prova e e o aluno


deve obedecer a ele, mas, se não houver instruções quanto a isso, convém que o

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

texto se estenda entre 25 e 30 linhas, já que esse tamanho é suficiente para


comportar uma boa dissertação.

A extensão dos parágrafos depende do que se quer analisar neles,


independentemente de se tratar de parágrafo introdutório, argumentativo ou
conclusivo. A diferença de tamanho de um parágrafo qualquer para outro não deve
ser tão grande, para que não haja assimetria, a fim de que o texto pareça
uniformemente estruturado. Em geral, esse tipo de texto é construído entre quatro e
seis parágrafos.

Os períodos devem ter limitação de tamanho, pois é notório que períodos muito
longos podem possibilitar erros de concordância, de pontuação e falhas de clareza.

Dicas para uma boa dissertação

Aconselha-se a evitar o uso da primeira pessoa do singular, tendo em vista o teor da


dissertação, que se assemelha ao trabalho jornalístico ou ao trabalho científico. A
primeira pessoa do plural pode ser usada, desde que não denote subjetividade, mas
em tom coletivo, em expressões como ―nossa sociedade‖, ―nosso planeta‖ etc.

Linguagem

A linguagem ideal para a dissertação é a chamada jornalística: objetiva, informativa,


aquela em que predomina a função referencial. O uso de gíria, estrangeirismo, siglas
e abreviaturas deve ser evitado, embora haja circunstâncias em que o emprego é
possível, dependendo do suporte em que o texto vai circular e o tipo de interlocutor.

Adequação ao gênero

O aluno deve estar atento ao gênero textual proposto para a execução da prova, em
que predomina o texto dissertativo-argumentativo, semelhante ao gênero artigo de
opinião.

Adequação ao tema

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Todas as ideias veiculadas no texto devem convergir para o desenvolvimento do


tema e ser pertinentes a ele, portanto é de fundamental importância compreendê-lo
antes de começar a esquematizar o projeto de texto.

Estrutura: introdução, desenvolvimento, conclusão

O texto dissertativo estrutura-se em, basicamente, três partes:

 Introdução – em que se apresenta ao leitor o tema e a posição defendida pelo


autor acerca da questão (tese);
 Desenvolvimento – em que o autor desenvolve o tema, defendendo, por meio
de argumentação sólida e raciocínio lógico, seu posicionamento (tese);
 Conclusão – o fechamento do texto, que pode sintetizar as principais ideias
discutidas, confirmando a tese, ou apresentar proposta de solução para o
tema em debate.

27
TÉCNICAS DE REDAÇÃO

7- NARRAÇÃO LITERÁRIA

Os elementos da narrativa, como as personagens e o enredo, dizem muito sobre o


impacto que um livro terá no leitor. Aprender quais são os elementos da narrativa
pode parecer um dever de casa do ensino fundamental para algumas pessoas, mas
é um conhecimento valioso para quem quer dominar técnicas de escrita ou aprender
a escrever bem.

Por isso, nas dicas de autopublicação de hoje, vamos explicar quais são os
elementos da narrativa, como é possível explorar esses elementos de maneira
inteligente e como funciona a estrutura narrativa.

O que é uma narrativa?

Em termos simples, a narrativa é o ato de contar uma história, principalmente ao


escrever um texto ou livro. Em geral, as narrativas são textos de ficção, isto é,
contam histórias inventadas, mas também é possível escrever uma narrativa de não
ficção, que é baseada em fatos reais. Por exemplo, as biografias são livros de não
ficção que costumam ser escritos como narrativas.

Diferentes das narrativas, os textos também podem ser informativos ou descritivos,


por exemplo. Em vez de contar uma história, esses textos simplesmente informam
ou leitor ou descrevem algo. Uma diferença simples entre um texto descritivo e uma
narrativa é o fato de que narrativas necessariamente contém ações, enquanto os
textos descritivos, em geral, apenas ilustram uma imagem com as palavras. Por
exemplo, a descrição de um cenário.

Da maneira que entendemos nos estudos brasileiros de literatura, os elementos da


narrativa são: enredo, narrador, personagens, espaço e tempo. Cada um desses
elementos contribui de maneira fundamental para a narrativa como um todo.

Os elementos da narrativa existem justamente para classificar quais textos podem


ser considerados uma narrativa completa. Logo, se você quer publicar livro de

28
TÉCNICAS DE REDAÇÃO

ficção ou não ficção criativa, deve garantir que cada um desses elementos está
presente e é bem trabalhado em sua narrativa.

Quais são os elementos da narrativa e como usá-los em um livro?

Toda história deve ter personagens, que praticam ações e fazem a história
acontecer; um enredo, que basicamente representa as ações e reações das
personagens; um narrador, a voz responsável por contar a história; o espaço, que se
refere ao lugar onde tudo está acontecendo; e o tempo, ou seja, a cronologia dos
eventos.

O tempo e o espaço, juntos, representam o contexto de uma história. As


personagens são o ponto crucial para diferenciar a narrativa da descrição, pois sem
elas não há ação. O enredo é o ―conjunto da obra‖, a história do livro. E o narrador é
a voz do seu texto, é o responsável por transmitir todas essas informações para o
leitor.

Tire qualquer um desses eventos e você não tem uma narrativa. Logo, não tem uma
história, não tem um livro de ficção, biografia ou não ficção criativa.

Agora a questão é: como explorar os elementos da narrativa da maneira mais


interessante para o seu livro? O fato de toda narrativa conter os mesmos elementos
não significa que todo texto narrativo precisa ser igual ou sequer parecido.

Diferentes tipos de narrador

O elemento com as variações mais conhecidas é o narrador. Existem pelo menos


três maneiras diferentes de se narrar uma história. O ponto crucial é o ponto de
vista, que reflete o acesso que o narrador tem à informação.

O narrador-personagem

Este narrador conta a história em 1ª pessoa e, em geral, participa dos eventos que
está narrando. Ou seja, é uma personagem na narrativa.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Esse narrador tem um conhecimento limitado. É incapaz de saber sobre os eventos


que não viveu, não ouviu falar ou não leu sobre. Em geral, narradores-personagem
são parciais e pouco confiáveis, com uma tendência a misturar opiniões pessoais e
fatos.

Ex: Dom Casmurro de Machado de Assis

O narrador-observador

Este narrador conta a história em 3ª pessoa e não participa da história, mas tem
limitações parecidas com a de uma personagem.

O nome é narrador-observador porque a narrativa é limitada ao que se pode ver, ler


e ouvir. Trata-se de um narrador imparcial, mas que não sabe de todos os fatos ou
todos os pensamentos das personagens.

Ex: 1984 de George Orwell

O narrador-onisciente

Este narrador conta a história em 3ª pessoa, não participa da história e tem acesso a
todas as informações sobre o enredo, personagens e universo do livro.

A narrativa do narrador-onisciente, em geral, revela os pensamentos e sentimentos


das personagens, mesmo que sejam segredos ou até mesmo que a personagem
ainda não tenha se dado conta desses fatos.

É possível escolher a estrutura de narrador-onisciente, mas limitá-lo a narrar os


eventos vividos por uma única personagem. Esse narrador continua não sendo uma
personagem e narra em 3ª pessoa.

Ex: Orlando de Virginia Woolf

Um tipo muito interessante de narrador-onisciente é o intruso, que apesar de não ser


uma personagem, pode ter opinião própria e acrescentar comentários à narrativa.

Ex: Um Conto de Natal de Charles Dickens


30
TÉCNICAS DE REDAÇÃO

O contexto de uma narrativa

Embora sejam as personagens que movam o enredo, muitas vezes é o contexto que
define o por quê da história acontecer da maneira que acontece. Por exemplo,
espera-se que uma história sobre racismo se passe em um mundo racista. Sem o
contexto adequado, não é possível contar certas histórias.

O contexto é responsável por explicar diversas características das personagens, por


garantir que o enredo seja verossímil e até mesmo pela imersão do leitor na história.
Se você apresentar o cenário de maneira adequada, grandes são as chances do
leitor pular de cabeça na sua narrativa.

A relação do espaço e do tempo em uma narrativa também pode fugir bastante da


mesmice. Em geral, o modelo mais comum para a passagem do tempo é o linear, no
qual os eventos são narrados em ordem cronológica.

Você pode mudar essa ordem e apresentar os eventos conforme for relevante para
a história, de modo que o leitor acredite que o contexto do livro é diferente do que
realmente é. Um exemplo bastante clichê são aquelas histórias que se passam em
um mundo fantasioso para que, no final, o leitor descubra que tudo aquilo foi
imaginado pelo narrador e/ou protagonista.

Uma maneira interessante de trabalhar com essa quebra na linearidade é fazer o


leitor acreditar que o protagonista é o mocinho e o antagonista é o vilão, para que no
fim do livro as máscaras caiam e seja revelado todo um contexto que explica porque
o protagonista não é o herói dessa história.

A estrutura narrativa do enredo

Por último, mas não menos importante, é muito útil considerar a estrutura narrativa
de um enredo ao escrever uma história. Essa estrutura se resume a quatro
elementos: apresentação, complicação, clímax e desfecho.

A apresentação é, como o nome sugere, o momento em que os elementos da


narrativa são apresentadas ao leitor. Ou seja, é aquela parte no começo do livro em

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

que o leitor conhece o protagonista, aprende mais ou menos qual o contexto e o


enredo da história e ouve a voz do narrador.

A complicação, por sua vez, é quando a história realmente começa a se


desenvolver. O nome é ―complicação‖ porque espera-se que algo dê errado em
algum nível. A complicação pode estar relacionada ao conflito da história. Isto é, um
embate entre dois lados opostos que tem grande relevância para o enredo.
Tradicionalmente, existem quatro opções de conflito:

1. Humano vs Humano (Ex.: Arqui-inimigos)


2. Humano vs Natureza (Ex.: Morte)
3. Humano vs Sociedade (Ex.: Racismo)
4. Humano vs Ele mesmo (Ex.: Autodepreciação)

O clímax é o ponto alto do seu livro, é quando os eventos da narrativa finalmente


chegam ao momento crítico. Por exemplo, pode ser o momento em que dois arqui-
inimigos batalham até a morte.

Por fim, temos o desfecho, que é a solução do conflito e/ou complicação, seja para
bem ou para mal. Se o clímax foi uma batalha entre arqui-inimigos, o desfecho é a
vitória de um deles e, possivelmente, a maneira que as personagens sobreviventes
lidam com as consequências.

Respeitar essa estrutura e entender quais são os elementos da narrativa é um


caminho seguro para garantir que o seu livro realmente pareça completo para os
leitores, com começo, meio e fim. Caso contrário, é possível que o seu leitor fique
frustrado ao ler um livro que aparentemente não tem um desfecho, por exemplo.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

8- GÊNERO JORNALÍSTICO

Os textos jornalísticos são os textos veiculados pelos jornais, revistas, rádio e


televisão, os quais possuem o intuito de comunicar e informar sobre algo.
Nos dias atuais, o texto jornalístico é provavelmente o gênero textual mais lido, pois
possui o maior alcance nos diversos setores da sociedade.

Uma característica importante dos textos jornalísticos é sua efemeridade, visto que
favorecem o conhecimento de informações atuais com o propósito de difundir o que
acontece de novo.
Estrutura do Texto Jornalístico

A composição de um texto jornalístico é dividida em:

1. Pauta: escolha do tema ou assunto.


2. Apuração: recolha das informações, dados e verificação da veracidade dos fatos.
3. Redação: transformação das informações num texto.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

4. Edição: correção e revisão dos textos.


A Linguagem Jornalística
A linguagem jornalística é em prosa e deve ser clara, simples, imparcial e objetiva de
modo a expor para o emissor as informações mais relevantes sobre o tema.

O jornalista possui a função de ―traduzir‖ e transmitir as informações para o público


em geral, utilizando um método de desenvolvimento textual baseado no critério
básico ao responder às perguntas:

 ―O quê?‖ (acontecimento, evento, fato ocorrido);


 ―Quem?‖ (qual ou quais personagens estão envolvidos no acontecimento);
 ―Quando?‖ (horário em que ocorreu o fato);
 ―Onde?‖ (local que aconteceu o episódio);
 ―Como?‖ (modo que ocorreu o evento);
 ―Por quê?‖ (qual a causa do evento).

No tocante à sua estrutura gramatical, normalmente o texto jornalístico apresenta


frases curtas e ideias sucintas, as quais favorecem a objetividade do texto.

Além disso, trabalham com o recurso das repetições que auxiliam na memorização e
assimilação das informações. O mais comum é o uso da ordem direta nas
construções frasais, ou seja: sujeito + verbo + complementos e adjuntos adverbiais.

Esses textos possuem uma linguagem denotativa, ou seja, isenta de ambiguidades e


que possui um único sentido,

Aqui, vale lembrar que o jornal é um veículo portador de diferentes gêneros textuais.
Portanto, eles podem apresentar uma linguagem conotativa (figurada), na medida
em que desenvolve os diversos tipos de textos:

 narrativo
 descritivo
 dissertativo-opinativo
 injuntivo
 expositivo

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Lide
Um recurso jornalístico muito utilizado é o ―lide‖ (forma aportuguesada) ou ―lead‖ (no
inglês), que significa ―guia‖, ―principal‖, ―liderança‖ ou ―o que vem à frente‖.

O ―lide‖ representa a primeira parte do texto jornalístico que se encarrega de


apresentar as principais informações da matéria, essenciais para destacar ―aos
olhos do leitor‖ o acesso à informação.

Assim, o ―lide‖ é um recurso jornalístico essencial e que deve ser bem elaborado,
objetivo e coerente. Isso porque favorece o interesse do leitor, sendo comum que
muitos dos leitores leiam apenas o lide de cada matéria jornalística.

Pirâmide Invertida
A Pirâmide Invertida é um dos recursos jornalísticos utilizados a fim de hierarquizar
as informações no espaço do jornal, onde prevalece a ordem decrescente de
importância.

Sendo assim, o conteúdo mais importante localizado na base da pirâmide (parte


mais larga), permanece na parte de cima da folha. Por outro lado, o conteúdo mais
superficial ou menos relevante, chamado de ―ápice‖ ou ―vértice‖, está situado
embaixo do texto.

Texto Informativo
Os textos informativos são um dos gêneros mais presentes nos textos jornalísticos.
Eles englobam as produções textuais objetivas em prosa, baseadas na linguagem
clara e direta (linguagem denotativa).

São textos que têm como objetivo principal transmitir informação sobre algo, estando
isento de duplas interpretações.

Assim, o emissor (escritor) dos textos informativos preocupa-se em expor


brevemente um tema, fatos ou circunstâncias a um, ou vários receptores (leitor).

Gêneros Jornalísticos
O jornal abriga diversos textos jornalísticos, vulgarmente chamados de ―matérias‖,
sendo divididos em seções, compostas pelos mais variados gêneros textuais:

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

 editorial
 notícia
 reportagens
 entrevistas
 textos publicitários
 classificados
 artigos
 crônicas
 resenhas
 charges
 cartas do leitor

Exemplos de Textos Jornalísticos:

Medicamentos Genéricos e Medicamentos de Marca


Diz-se que os medicamentos genéricos têm a mesma qualidade, eficácia e
segurança do medicamento original que lhe serviu de referência. Uma das
vantagens dos medicamentos genéricos encontra-se no preço inferior ao preço
praticado pela venda do medicamento de marca.

Medicamentos Genéricos
Os medicamentos genéricos estão identificados com a sigla MG nas embalagens.
Eles são aprovados pela INFARMED, que disponibiliza uma lista de medicamentos
genéricos online. A cada medicamento é atribuída uma A.I.M. (Autorização de
Introdução no Mercado) com um respetivo número de registo. Segundo a lei, estes
medicamentos podem unicamente ser comercializados depois do período de
proteção de patente do medicamento de referência ter expirado (um período
aproximado de 20 anos).

Medicamentos de Marca
Os medicamentos genéricos podem ter, no entanto, substâncias não ativas
diferentes dos medicamentos originais, como corantes, açúcares e amidos, podendo
diferir em tamanho, sabor ou forma destes. Apesar das substâncias ativas (os
chamados excipientes) distinguirem-se entre medicamentos de marca e
36
TÉCNICAS DE REDAÇÃO

medicamentos genéricos, as diferenças não acusam normalmente no efeito


terapêutico

Nem toda a medicação de marca tem um medicamento genérico equivalente.

Medicamentos Genéricos ou Medicamentos de Marca?


Ao adquirir medicamentos genéricos mais baratos, os utentes desfrutam de uma
comparticipação igual ou superior à que já tinham. Os utentes que comprarem
medicamentos mais caros, veem a sua comparticipação ser reduzida.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

9- TÓPICOS DE LINGUAGEM

Existem em nossa língua algumas palavras e expressões muito comuns, mas que,
às vezes, oferecem dúvidas quanto ao seu emprego. Observe a seguir, algumas
delas.

 ABAIXO / A BAIXO

Abaixo significa em lugar menos elevado, inferior.

Ex. As casas mais abaixo estão ameaçadas pelas enchentes.

Você foi classificado numa posição abaixo da minha.

A baixo significa para baixo.

Ex. Ela mediu-me de cima a baixo.

 ACIMA / A CIMA

Acima significa em lugar mais elevado, superior.

Ex. Veja se o seu nome não está mais acima na lista.

A cima significa para cima.

Ex. Ela mediu-me de baixo a cima.

 A CERCA DE / ACERCA DE/ CERCA DE/ HÁ CERCA DE

A cerca de ou cerca de significam aproximadamente, mais ou menos.

Ex. Estávamos a cerca de dois quarteirões do local do crime.


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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Cerca de três semanas depois recebi seu convite.

Acerca de é sinônimo de a respeito de.

Ex. Falei acerca da situação econômica do Brasil.

Há cerca de exprime tempo decorrido, significando faz aproximadamente.

Ex. Ele viajou há cerca de duas horas.

Reside aqui há cerca de cinco anos.

 A FIM / AFIM

A fim integra a locução a fim de, significando com o objetivo de.

Ex. Estou na escola a fim de aprender mais.

Estou no Emancipa a fim de passar no vestibular.

Afim é adjetivo variável, significando semelhante, que tem afinidade.

Ex. Sempre tivemos ideias afins.

 A MENOS DE/ HÁ MENOS DE

A menos de é locução prepositiva. Expressa ideia de tempo futuro ou distância


aproximada.

Ex. Estamos a menos de um mês de férias.

Nossa chácara fica a menos de oito quilômetros da cidade.

Há menos de é a locução menos de com o sentido de aproximadamente, perto


de, mais ou menos – e o há é o verbo haver empregado impessoalmente com o
sentido de fazer.

Ex. Ele saiu há menos de dez minutos.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Isso ocorreu há menos de cinco anos.

 A PRINCÍPIO/ EM PRINCÍPIO / POR PRINCÍPIO

A princípio significa inicialmente, no começo.

Ex. A princípio tudo ia bem, de repente tudo começou a dar errado.

Em princípio significa em tese, antes de tudo.

Ex. Em princípio toda criança tem direito a educação.

Por princípio significa por forte razão, por convicção, em virtude de valores morais.

Ex. Por princípio, ele não aceitava o divórcio.

 AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A

Ao encontro de significa a favor de.

Ex. A decisão do governo veio ao encontro de meus anseios.

Sua decisão vem ao encontro de meus interesses.

De encontro a exprime ideia de oposição, choque.

Ex. Os gestos do jogador foram de encontro aos princípios morais.

Dirigindo apressadamente, foi de encontro ao muro.

 AO INVÉS DE / EM VEZ DE

Ao invés de indica oposição, significando ao contrário de.

Ex. Ao invés de chorar, riu ironicamente.

Em vez de indica substituição, significando em lugar de.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Ex. Em vez de ir para o Japão, foi para a China.

OBS. Havendo dúvida, empregue em vez de, já que essa locução serve para ambas
situações.

 A PAR / AO PAR

A par significa ciente, bem informado.

Ex. Meu pai já está a par dos acontecimentos.

Ao par só deve ser empregada para indicar equivalência cambial.

Ex. O Brasil já elevou o papel-moeda, deixando o real e o dólar quase ao par.

 À TOA

À toa, empregada como locução adverbial de modo, modifica os verbos. Tem o


sentido de a esmo, em vão (andar à toa, falar à toa).

Ex. Estava à toa na vida, pois não fazia nada.

À toa, empregada como adjetivo, modifica substantivos.


Significa impensado (gesto à toa); inútil (pessoa à toa); desprezível (sujeitinho à
toa); insignificante (acontecimento à toa); de vida fácil (pessoa à toa).

Ex. Ele é incapaz de uma boa ação; é um sujeito à toa.

 DEMAIS / DE MAIS

Demais é advérbio de intensidade equivalendo


a muito, excessivamente ou pronome indefinido correspondendo a os restantes, os
outros.

Ex. Aquele homem sempre bebeu demais.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Os demais atletas deverão se apresentar na próxima semana.

De mais opõe-se a de menos.

Ex. Havia talheres de mais sobre a mesa.

 EMBAIXO / EM CIMA

Embaixo é advérbio de lugar e deve ser grafado sempre numa mesma palavra.

Ex. O apartamento embaixo do meu está à venda.

O ladrão escondeu as joias embaixo do tapete.

Em cima, antônimo de embaixo, deve ser grafado sempre em duas palavras.

Ex. Deixei a gorjeta em cima do balcão.

A bola parou em cima da risca.

 HÁ / A

Há é a forma do verbo haver, emprega-se em substituição a existe(m) ou faz.

Ex. Será que há seres vivos em outros mundos?

Mandei-lhe uma carta há duas semanas.

A é preposição, e emprega-se quando não é possível a substituição por faz;


ou artigo definido que serve para definir gênero e número e vem antes de
um substantivo.

Ex. Viajaremos daqui a pouco.

O Palmeiras empatou a dois minutos do final do jogo.

A chácara fica a três quilômetros da cidade.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

 MAS / MAIS

Mas é uma conjunção adversativa que indica oposição, contrariedade. Pode ser
substituída por porém, todavia, entretanto, contudo.

Ex. Estava chovendo, mas ela foi à praia.

Corri muito, mas não alcancei o ônibus.

Mais pode ser advérbio de intensidade ou pronome indefinido.

Ex. Ela é a mais bonita das candidatas. (Advérbio)

Você cometeu mais erros hoje que eu. (Pronome)

 MAU / MAL

Mau é adjetivo, antônimo de bom. Refere-se, portanto, a substantivos.

Ex. Escolhemos uma mau momento para viajar.

Individuo de mau caráter não merece confiança.

Mal pode ser advérbio de modo, antônimo de bem; conjunção subordinativa


temporal, sinônimo de assim que, quando; e substantivo, neste caso, deve ser
antecedido de artigo ou outro determinante.

Ex. Tudo não passou de um mal-entendido. (Advérbio)

Mal amanhece, muitos já saem para o trabalho. (Conjunção temporal)

Esse mal é difícil de curar. (Substantivo)

 NENHUM / NEM UM

Nenhum é oposto de algum.

Ex. Nenhum aluno poderá sair sem autorização.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Nem um equivale a nem um só, nem um sequer, nem um único.

Ex. Não tenho nem um centavo no bolso.

 ONDE / AONDE

Onde indica permanência, uma ideia estática, o lugar onde se encontra ou ocorre
algo. Vem normalmente acompanhados de verbos que
indicam estado ou permanência.

Ex. Onde você está?

Afinal, onde você mora?

João estava perdido, não sabia onde deixar o documento.

Aonde é a junção da preposição ―a‖ + ―onde‖ e indica ideia de deslocação. Vem


normalmente acompanhado de verbos que indicam movimento como ir, chegar,
retornar, voltar e outros. Pode trocar por a que lugar, para onde.

Ex. Aonde você está a essa hora?

Não sei aonde você quer chegar com essas atitudes.

Há lugares aonde não se deve ir só.

 SE NÃO / SENÃO

Se não é a união a conjunção "se" + o advérbio "não" e equivale a caso não.

Ex. Se não chover, iremos à praia amanhã.

Senão equivale a do contrário, mas sim, a não ser.

Ex. Parem de brigar, senão ficaram de castigo.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

 PORVENTURA / POR VENTURA

Porventura significa acaso, por acaso.

Ex. Porventura é permitido estacionar o carro nesta rua?

Por ventura significa por sorte.

Ex. Por ventura, estamos livres daqueles vizinhos impertinentes.

 TAMPOUCO / TÃO POUCO

Tampouco corresponde a também não.

Ex. ―Quem não entende um olhar, tampouco pode compreender uma explicação.‖

Tão pouco corresponde a muito pouco.

Ex. Trabalho tanto, e ganho tão pouco.

POR QUE / POR QUÊ / PORQUE / PORQUÊ.

POR QUE (Separado e sem acento): É usado quando se trata de duas


palavras – Preposição POR + Pronome QUE. Assim, temos dois casos:

1. Quando equivale a PELO QUAL e variações, que nesse caso temos a


preposição POR seguida do pronome relativo QUE.

Ex. Este é o ideal por que luto. (Este é o ideal pelo qual luto).

Essa é a profissão por que sempre ansiei. (Essa é a profissão pela qual sempre
ansiei).

2. Quando equivale a POR QUAL RAZÃO ou POR QUAL MOTIVO, que neste caso
trata-se da preposição POR seguida do pronome interrogativo QUE.

Ex. Por que seu amigo não veio à festa? (Por qual razão seu amigo não veio à
festa?).
45
TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Não sei por que ele faltou. (Não sei por qual motivo ele faltou).

POR QUÊ (Separado e com acento): É usado quando vier antes de um ponto, seja
final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir acentuado e continuará com o
significado de ―por qual motivo‖, ―por qual razão‖.

Ex. Seu amigo não veio por quê?

Ele não veio, não sei por quê.

Você reclama de tudo, por quê, meu filho.

PORQUE (Junto e sem acento): É usado quando tiver valor de conjunção causal ou
explicativa, com valor aproximado de ―pois‖, ―uma vez que‖, ―para que‖.

Ex. Não fui à escola porque estava doente.

Feche a porta porque está ventando muito.

Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova.

PORQUÊ (Junto e com acento): É usado quando tiver valor de substantivo e tem
significado de ―o motivo‖, ―a razão‖. Vem acompanhado de artigo, pronome,
adjetivo ou numeral, ou seja, um determinante.

Ex. Desconheço o porquê de tantas mentiras.

Diga-me um porquê para não fazer o que devo.

O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

10- COESÃO TEXTUAL

A coesão textual é a conexão linguística que permite a amarração das ideias dentro
de um texto.

Bem utilizada, a coesão permite a eficiência na transmissão da mensagem ao


interlocutor e, por consequência, o entendimento.

Dentro do texto, a coesão pode ser compreendida pelas relações linguísticas, como
os advérbios, pronomes, o emprego de conectivos, sinônimos, dentre outros.

Para ser melhor empregada, a coesão necessita de recursos, como palavras e


expressões que têm como objetivo estabelecer a interligação entre os segmentos do
texto. Esses recursos são chamados de elementos de coesão.

Quando o texto é incoerente, prejudica o processo de comunicação.

Tipos de Coesão Textual


Coesão Referencial
É o vínculo que existe entre palavras, orações e as diferentes partículas do texto por
meio de um referente.

Nesse tipo de coesão, os termos conetivos ou coesivos anunciam ou retomam as


frases, sequências e palavras que indicam conceitos e fatos.

Isso pode ocorrer através da anáfora ou catáfora. A anáfora faz referência a uma
informação que já fora mencionada no texto. Ou seja, ela retoma um componente
textual, e também pode ser chamada de elemento anafórico.
A catáfora, por sua vez, antecipa um componente textual, sendo chamada de
elemento catafórico.

Os principais mecanismos da coesão referencial ocorrem por meio


da elipse e reiteração.
Exemplo de coesão referencial por elipse:
Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha?

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Entenda: neste tipo de coesão, um elemento do texto é retirado e evita a repetição.


Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha (à praia)?

Exemplo de coesão por reiteração:


Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar o conhecimento todos os dias.

Entenda: neste tipo de coesão é possível repetir o elemento lexical ou mesmo usar
sinônimos.

Coesão Sequencial
É a maneira como os fatos se organizam no tempo do texto. Para isto, são utilizadas
relações semânticas que ligam as orações e os parágrafos à medida em que o texto
é descrito.

A coesão sequencial pode ocorrer por justaposição ou conexão.


Exemplo de coesão sequencial por justaposição:
Ricardo é, com certeza, a melhor escolha. Além disso, conhece os meandros da
empresa.

Entenda: a coesão sequencial por justaposição ocorre para dar sequência ao texto
no ordenamento temporal, espacial e de assunto.

Coesão referencial

A coesão referencial é um mecanismo de coesão textual que colabora com a


textualidade através do uso de elementos coesivos. Ela conecta as diversas partes
de um texto sejam palavras, orações e períodos.
Trata-se de um recurso coesivo que ocorre quando um termo ou expressão que já
foi citado no texto é retomado por meio de outro termo que o substitui.

O que foi mencionado anteriormente é chamado de referente textual, enquanto o


termo que o remete é denominado de correferente.

48
TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Sua função é extremamente importante para a coerência textual visto que permite
que o leitor identifique os termos referidos no texto.

Exemplo: Sara saiu essa manhã de casa. Ela foi trabalhar na loja e mais tarde foi
ao curso de dança.
De acordo com o exemplo, o termo "ela" retoma o sujeito "Sara", evitando assim, a
repetição desnecessária.

Classificação
A coesão referencial pode ocorrer de diversas maneiras e os mecanismos mais
utilizados são: a anáfora, a catáfora, a elipse e a reiteração.

Anáfora
A anáfora retoma o referente por meio de um elemento coesivo que pode ser:
artigos, advérbios, pronomes e numerais. Nesse caso, o referente textual já foi
mencionado anteriormente no texto.

"De uma coisa tenho certeza: essa narrativa mexerá com uma coisa delicada: a
criação de uma pessoa inteira que na certa está tão viva quanto eu.
Cuidai dela porque meu poder é só mostrá-la para que vós a reconheçais na rua,
andando de leve por causa da esvoaçada magreza."
(A hora da estrela de Clarice Lispector)

Os termos destacados retomam o referente que foi citado anteriormente no texto:


"pessoa inteira".

Catáfora
A catáfora, diferente da anáfora, antecipa o referente, ou seja, o referente textual
surge após o elemento coesivo. Geralmente, ela é empregada por meio de
pronomes demonstrativos e indefinidos.

"Há três coisas que não podem ser escondidas por muito tempo: o sol, a lua e a
verdade". (Buda)

No exemplo acima, o correferente antecede o referente por meio da expressão "três


coisas".
49
TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Elipse
A elipse é a omissão de um ou mais termos da frase, no entanto, que são facilmente
identificáveis pelo leitor. Ela é bastante utilizada para evitar a repetição
desnecessária.

"Eu canto porque o instante existe


e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta."
(Trecho do poema Motivo de Cecília Meireles)

No exemplo acima temos a omissão do pronome ―Eu‖ na terceira linha do poema:


(Eu) Não sou alegre nem sou triste.

Reiteração
A reiteração corresponde a repetição de elementos referenciais no texto. Ela pode
ocorrer por meio repetição do mesmo item lexical, por termos sinônimos ou mesmo
por nomes genéricos (coisa, gente, negócio, etc.)

―Cada um é responsável por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o


único responsável por todos.‖ (Antoine de Saint-Exupéry)

Coesão Sequencial

A coesão sequencial é um recurso que colabora com a evolução textual apontando a


passagem do tempo.

Trata-se de um mecanismo coesivo que acontece por meio de marcadores verbais e


conectivos os quais indicam essa progressão ao longo do texto.

Dessa maneira, a coesão sequencial colabora com a estrutura textual uma vez que
auxilia na articulação das palavras e frases dentro de um texto. Por sua vez, se não
for utilizada de maneira correta, prejudicará o entendimento do texto.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

Além da coesão sequencial, temos a "coesão referencial" que acontece por meios
de elementos textuais chamados de "referentes". Estes são retomados no texto e, da
mesma forma que a sequencial, colabora com a articulação das frases e dos
parágrafos.

Exemplos
Para compreender melhor o conceito de coesão sequencial, leia o trecho abaixo
extraído da obra O Cortiço de Aluísio Azevedo.

"João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro
que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos
refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa
dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento
de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um
conto e quinhentos em dinheiro. Proprietário e estabelecido por sua conta, o
rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de
enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o
balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco
de estopa cheio de palha."
Nesse caso, essa evolução na narrativa é caracterizada por marcadores
verbais que determinam a passagem do tempo no texto.

João Romão foi... enriqueceu... economizou... ganhara... retirar-se... estava...


estabelecido... atirou-se... possuindo-se... afrontava... dormia...

Por esse motivo, a coesão sequencial é o elemento que organiza os fatos do tempo
no texto. E, como é feita por marcadores verbais, é estabelecida pelas conjugações
no pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo.

A coesão sequencial também atua com o uso de conectivos. Sem ela, o texto não é
linear e a mensagem pode não ser compreendida.

"Não obstante, ao lado dele a crioula roncava, de papo para o ar, gorda,
estrompada de serviço, tresandando a uma mistura de suor com cebola crua e
gordura podre. Mas João Romão nem dava por ela; só o que ele via e sentia era

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

todo aquele voluptuoso mundo inacessível vir descendo para a terra, chegando-se
para o seu alcance, lentamente, acentuando-se."
"Houve um silêncio, no qual o desgraçado parecia arrancar de dentro uma frase
que, no entanto, era a única idéia que o levava a dirigir-se à mulher. Afinal, depois
de coçar mais vivamente a cabeça, gaguejou com a voz estrangulada de soluços:"
Nos trechos acima, também extraídos da obra O Cortiço, notamos a presença de
diversos conectivos que permitem a sequência de ideias no texto. Essa ligação
ocorre por meio do uso mde conjunções, advérbios e pronomes.

Os termos "não obstante", "mas" e "no entanto" estabelecem uma relação


de oposição e têm o objetivo de opor ideias ou conceitos num período.
Já o "e" estabelece uma relação de adição uma vez que acrescenta algo ao texto.
Por fim, o termo "afinal" indica uma relação de temporalidade onde possui o objetivo
de situar o leitor na sucessão dos acontecimentos ou das ideias.

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TÉCNICAS DE REDAÇÃO

REFERÊNCIAS

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