Tutela Processual Coletiva No Codigo de Defesa Do Consumidor

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DIREITOS

DIFUSOS,
COLETIVOS E
INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS
E DIREITO
PROCESSUAL
COLETIVO
Tutela Processual Coletiva no Código de
Defesa do Consumidor

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS E
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Tutela Processual Coletiva no Código de Defesa do Consumidor
Diogo Surdi

Sumário
Tutela Processual Coletiva no Código de Defesa do Consumidor........................................................4
1. O Microssistema do Processo Coletivo. ..........................................................................................................4
2. Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos. ..................................................................6
3. A Defesa Judicial dos Interesses Transindividuais.................................................................................7
3.1. Legitimados Ativos.. ................................................................................................................................................8
3.2. Rito Processual.......................................................................................................................................................11
3.3. Custas e Emolumentos e Denunciação à Lide......................................................................................17
3.4. Liquidação e Execução das Sentenças......................................................................................................19
3.5. Ônus da Prova. . .......................................................................................................................................................22
3.6. Coisa Julgada.......................................................................................................................................................... 24
Questões de Concurso................................................................................................................................................27
Gabarito...............................................................................................................................................................................34
Gabarito Comentado....................................................................................................................................................35

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Olá, pessoal, tudo bem? Espero que sim!


Na aula de hoje, conheceremos o rito processual a ser observado no curso das ações co-
letivas estabelecidas no Código de Defesa do Consumidor.
Considerando que tais ações fazem parte do microssistema do processo coletivo, ire-
mos analisar também, de forma comparativa, as disposições da Lei n. 7.347/1985 (Ação Ci-
vil Pública).
Com isso, teremos um paralelo importante para diferenciarmos o fluxo de cada uma das
ações, bem como sedimentarmos o aprendizado de uma melhor forma.
Grande Abraço a todos e boa aula!
Diogo

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Tutela Processual Coletiva no Código de Defesa do Consumidor
Diogo Surdi

TUTELA PROCESSUAL COLETIVA NO CÓDIGO DE


DEFESA DO CONSUMIDOR
1. O Microssistema do Processo Coletivo
É possível afirmar que foi a partir da terceira geração de direitos fundamentais (com os
direitos transindividuais) que o processo coletivo ganhou força.
Antes disso, o direito se preocupava em regular, preponderantemente, as relações indivi-
duais. Neste sentido, é importante destacar que foi com a Revolução Industrial, ocorrida na
Inglaterra no século XVIII, que tivemos o início da produção em massa.
E como consequência da Revolução Industrial, tivemos um aumento massivo no consumo
e na utilização dos meios de comunicação, gerando, inevitavelmente, a existência de conflitos
que se sobressaiam ao indivíduo em particular.
Em outros termos, como inúmeros eram os conflitos que violavam mais de uma pessoa
(quando não a coletividade como um todo), teve o direito que acompanhar essa evolução na
proteção da sociedade.
Contudo, ao contrário do que muitos podem imaginar, não foi com a Constituição Federal
de 1988 que tivemos o “marco inicial” da proteção aos interesses e direitos da coletividade.
Ainda que normas esparsas já tivessem sido editadas anteriormente, a doutrina defende
que foi com a edição da Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública) e da Lei n. 8.078/1990
(Código de Defesa do Consumidor) que passamos a contar com um microssistema de pro-
cesso coletivo, ou seja, um conjunto de regras especificamente destinadas à tutela coletiva
dos direitos transindividuais (difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos).
Atualmente, o mencionado microssistema é composto, também, por outras importantes nor-
mas jurídicas, tais como a Lei de Ação Popular (Lei n. 4.717/1965), a Lei da Política Nacional
do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/1981) e a Lei do Mandado de Segurança (Coletivo) (Lei n.
12.016/2009).
O microssistema do processo coletivo pode ser definido como o conjunto de normas jurí-
dicas que apresentam regras especificamente destinadas a tutelar os direitos transindividuais
(direitos difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos.
Mencionamos várias vezes o termo “processo coletivo”. Neste sentido, é importante que
saibamos a definição deste importante conceito. De acordo com Fredie Didier Jr., temos a se-
guinte definição acerca do processo coletivo e da ação coletiva.

Conceitua-se processo coletivo como aquele instaurado por ou em face de um legitimado autôno-
mo, em que se postula um direito coletivo lato sensu ou se postula um direito em face de um titular
de um direito coletivo lato sensu, com o fito de obter uma providência jurisdicional que atingirá uma
coletividade ou um número determinado de pessoas.

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Ação coletiva é, pois, a demanda que dá origem a um processo coletivo, pela qual se afirma a exis-
tência de uma situação jurídica coletiva ativa ou passiva. Tutela jurisdicional coletiva é a proteção
que se confere a uma situação jurídica coletiva ativa (direitos coletivos lato sensu) ou a efetivação
de situações jurídicas (individuais ou coletivas) em face de uma coletividade, que seja titular de uma
situação jurídica coletiva passiva (deveres ou estados de sujeição coletivos)

Observa-se assim que a ação coletiva é o instrumento por meio do qual temos o início do
processo coletivo, cujo objeto é a tutela jurisdicional coletiva.

Já na definição apresentada por Elpídio Donizetti, conseguimos encontrar importantes ca-


racterísticas que diferenciam o processo coletivo do processo individual.

No caso de processo instaurado para a defesa de direitos coletivos em sentido amplo, são tama-
nhas as diferenças em relação ao processo tradicional-individualista que se convencionou identifi-
cá-lo como processo coletivo. A par de inúmeras peculiaridades, pode-se elencar três característi-
cas principais do processo coletivo: a) objeto; b) legitimidade para agir; c) coisa julgada.

Desta forma, podemos memorizar que três são as principais peculiaridades do processo
coletivo em relação ao processo individual, sendo elas:
• O objeto: direitos difusos, direitos coletivos em sentido estrito ou direitos individuais
homogêneos.
• A legitimidade para agir: legitimação extraordinária ou legitimação autônoma, que é
aquela distinta da parte que está eventualmente sofrendo a lesão.
• A coisa julgada: efeitos erga omnes no caso de direitos difusos e direitos individuais
homogêneos e efeitos ultra partes no caso de direitos coletivos em sentido estrito.

Neste ponto da matéria, apenas é necessário que tenhamos conhecimento destas ca-
racterísticas. Ao longo da aula, nos aprofundaremos, quando necessário, nas peculiaridades
mencionadas.
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2. Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos


É importante, antes de conhecermos o rito processual a ser observado nas ações coletivas,
que tenhamos contato com as principais similaridades e diferenças existentes entre os direi-
tos ou interesses difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos.
Antes disso, é importante mencionar que todos estes direitos ou interesses formam, em
conjunto, os direitos transindividuais.

Os direitos ou interesses difusos são aqueles que são compartilhados por um grupo inde-
terminável de pessoas e possuem natureza indivisível. Como exemplo, pode-se citar as ações
relacionadas com a defesa do meio-ambiente.
Os direitos ou interesses coletivos também são compartilhados por um grupo de pessoas.
Contudo, ao contrário do que acontece com os direitos difusos, tal grupo é determinável, ou
seja, é possível identificar todas as pessoas que estão usufruindo daquele direito.
Um exemplo seria uma ação civil pública coletiva com a finalidade de anular cláusula de-
corrente de um contrato celebrado com a finalidade de repassar valores públicos para a cons-
trução de casas populares. Nesta hipótese, sabe-se quais são as pessoas que beneficiadas
com a construção das casas populares, sendo elas, portando, determináveis e decorrentes de
uma relação jurídica.
Os direitos ou interesses individuais homogêneos também reúnem um grupo determi-
nável de pessoas, mas, ao contrário do que ocorre com os direitos coletivos, os interesses
são divisíveis, ou seja, possuem uma origem comum. Como exemplo, temos uma ação
coletiva com o propósito de obter indenização decorrente da não prestação de serviço
público federal.
Neste caso, a ação coletiva apenas reúne as pessoas que foram lesadas em virtude de
uma mesma prestação de serviços. Contudo, a indenização pode ser diferente de uma para
outra pessoa, a depender da gravidade do dano causado.

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Direitos ou Grupo Decorrem de uma


Objeto
Interesses indeterminável de situação que une todas
indivisível as pessoas envolvidas
Difusos pessoas

Decorrem de uma
Direitos ou
Grupo determinável Objeto relação jurídica, como
Interesses
de pessoas indivisível a celebração de um
Coletivos contrato

Direitos ou Apenas possuem


Interesses Grupo determinável origem comum,
Objeto divisível
Individuais de pessoas ensejando diferentes
Homogêneos resultados
Em sintonia com as definições apresentadas é o teor do Parágrafo Único do artigo 81 do
Código de Defesa do Consumidor, que apresenta a seguinte redação:

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividu-
ais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si
ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.

3. A Defesa Judicial dos Interesses Transindividuais


Conforme anteriormente estudado, o processo destinado a proteger os interesses transin-
dividuais está estruturado em um microssistema de tutela coletiva. Diversas são as normas
que fazem parte de microssistema, dentre as quais merecem ser destacadas a Lei da Ação
Civil Pública, a Lei da Ação Popular, o Código de Defesa do Consumidor, a Constituição Federal
e até mesmo algumas disposições do Código de Processo Civil.
Ainda que algumas ações destinadas a tutelar os interesses da coletividade tenham parti-
cularidades específicas (como, por exemplo, a Ação de Improbidade Administrativa), o rito pro-
cessual que iremos estudar é o que é comumente utilizado nas ações coletivas. Sendo assim,
faremos uso, preponderantemente, das regras da Ação Civil Pública e do Código de Defesa do
Consumidor.

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3.1. Legitimados Ativos


Os legitimados ativos são as pessoas que poder dar início a uma ação destinada a tutelar o
interesse coletivo. No contexto histórico, a Lei n. 7.437/1985 (Lei da ACP) foi a norma respon-
sável por duas importantes conquistas do direito processual coletivo, a saber:
a) pela ampliação dos legitimados ativos nas ações coletivas: Se antes a legitimação era
restrita a poucas pessoas, com a edição da norma, bem como após as diversas alterações
legislativas, passamos a contar com uma ampla gama de legitimados ativos, nos termos do
artigo 5º:

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V – a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais,
étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

A lista de legitimados é bem mais extensa, por exemplo, do que a prevista no Código de
Defesa do Consumidor:

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I – o Ministério Público,
II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autoriza-
ção assemblear.

A importância da ampliação da lista de legitimados é melhor visualizada por meio dos en-
sinamentos da professora Lúcia Valle Figueiredo.

Na medida que a Lei da Ação Civil Pública amplia a legitimidade para agir, estendendo-a a terceiros
(art. 129, §1º da Constituição da República), e dá tal legitimidade, já de início, ao Ministério Público,
vemos que não subsiste mais a necessidade do difícil enfrentamento da questão da possibilidade
de tutela de certos direitos fundamentais arrolados na carta constitucional, tais sejam, direito do
consumidor, do meio-ambiente, do patrimônio histórico, da moralidade administrativa, etc.

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Uma das principais alterações promovidas pela Lei n. 7.437/1985 foi a inclusão da Defen-
soria Pública como legitimada para a proposição da ACP. Antes disso, contávamos com uma
lacuna em relação a esta entidade, que sequer aparecia na lista de legitimados do CDC.
Atualmente, o entendimento é de que a Defensoria Pública consta como legitimada para
dar início à ACP referente a qualquer interesse difuso ou coletivo, inclusive o relacionado à
defesa dos consumidores.
Em relação às associações, e tomando como base o conjunto de regras expressas no CDC
e na Lei da ACP, três são os requisitos que devem ser atendidos para que a propositura da ação
coletiva seja possível:
• Modo de Constituição: a associação deve ter personalidade jurídica, que será formaliza-
da por meio da inscrição do seu estatuto no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
• Tempo de Constituição: a associação deve estar constituída a pelo menos 1 ano, conta-
dos até a propositura da ação coletiva.
• Finalidade: a finalidade institucional da associação, bem como seus objetivos em rela-
ção à tutela coletiva dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêne-
os, devem estar definidos no estatuto.

Mas atenção! Os requisito da pré-constituição das associações poderá ser dispensado


pelo juiz quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica
do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
Logo, é correto afirmar que o pré-requisito da constituição há pelo menos 1 ano pode ser
relativizado diante de situações específicas. Em sintonia com este entendimento, por exemplo,
é o teor do Resp. 31.150/SP, de autoria do STJ:

JURISPRUDÊNCIA
AÇÃO COLETIVA. ASSOCIAÇÃO DE MORADORES. REQUISITOS TEMPORAIS. DISPENSA.
POSSIBILIDADE. DIREITO INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E
MATERIAIS. INTERESSE DE AGIR. EXISTÊNCIA.
1 – É dispensável o requisito temporal da associação (pré-constituição há mais de um
ano) quando presente o interesse social evidenciado pela dimensão do dano e pela rele-
vância do bem jurídico a ser protegido.

b) pela ampliação do objeto a ser tutelado: A Lei da Ação Civil Pública (Lei n. 7.437/1985)
também foi a responsável por ampliar significativamente o objeto que pode ser tutelado nas
ações coletivas. E isso ocorre na medida em que o inciso IV estabelece que a ACP pode ser
utilizada nas ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados a qualquer
outro interesse difuso ou coletivo.

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Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsa-
bilidade por danos morais e patrimoniais causados:
I – ao meio-ambiente;
II – ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V – por infração da ordem econômica;
VI – à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.

Neste mesmo sentido, a Constituição Federal atribui ao Ministério Pública a competência


para a promoção do inquérito civil público e da ação civil pública em relação à proteção do pa-
trimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

Para fins de prova, é importante conhecermos e diferenciarmos a lista de legitimados ex-


pressamente prevista na lei da ACP e no CDC. Tais relações podem ser mais bem visualizadas
por meio do gráfico a seguir:

Legitimados para a ACP Legitimados do CDC

I – o Ministério Público;
II – a Defensoria Pública;
I – o Ministério Público,
III – a União, os Estados, o Distrito
II – a União, os Estados, os Municípios
Federal e os Municípios;
e o Distrito Federal;
IV – a autarquia, empresa pública,
III – as entidades e órgãos
fundação ou sociedade de economia
da Administração Pública,
mista;
direta ou indireta, ainda que
V – a associação que,
sem personalidade jurídica,
concomitantemente:
especificamente destinados à defesa
a) esteja constituída há pelo menos 1
dos interesses e direitos protegidos
(um) ano nos termos da lei civil;
por este código;
b) inclua, entre suas finalidades
IV – as associações legalmente
institucionais, a proteção ao
constituídas há pelo menos um
patrimônio público e social, ao meio
ano e que incluam entre seus fins
ambiente, ao consumidor, à ordem
institucionais a defesa dos interesses
econômica, à livre concorrência, aos
e direitos protegidos por este
direitos de grupos raciais, étnicos
código, dispensada a autorização
ou religiosos ou ao patrimônio
assemblear.
artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico.

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Questão interessante refere-se à falta de legitimação para a proposição da ação coletiva.


Em outros termos, qual a medida que deve ser adotada quando o magistrado verificar que
a ação foi proposta por pessoa que não figura como legitimada para a respectiva medida?

Ainda que existam entendimentos em sentido contrário, a melhor doutrina afirma que a
simples falta de legitimação não é motivo para o magistrado pura e simplesmente declarar o
processo extinto sem resolução de mérito.
Caso estivéssemos diante de um processo individual, a extinção certamente seria a me-
dida a ser tomada. No entanto, como as ações coletivas são destinadas a proteger bens e
valores que afetam a coletividade como um todo, em caso de ilegitimidade o processo deve
ser aproveitado com a substituição (sucessão) da parte tida por ilegítima para a condução
da demanda.
Neste mesmo sentido é o entendimento do STJ, conforme observa-se da leitura do
Resp. 1192577:

JURISPRUDÊNCIA
(...) Diante do microssistema processual das ações coletivas, em interpretação sistemá-
tica de seus dispositivos (art. 5º, § 3º, da Lei n. 7.347/1985 e art. 9º da Lei n. 4.717/1965),
deve ser dado aproveitamento ao processo coletivo, com a substituição (sucessão) da
parte tida por ilegítima para a condução da demanda.

3.2. Rito Processual


Ainda que diversas sejam as ações coletivas que possam ser ajuizadas na defesa dos inte-
resses transindividuais, merece ser destacado, para fins de prova, os ritos processuais a serem
observados em relação às ações destinadas à defesa de interesses individuais homogêneos,
à responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços e à Ação Civil Pública (aqui tratada
de forma genérica).

3.2.1. Ações Coletivas para a Defesa de Interesses Individuais Homogêneos

Os legitimados poderão propor, em nome próprio e no interesse das vítimas ou seus suces-
sores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos individualmente sofridos.

 Obs.: Apenas para relembrarmos, são os seguintes os legitimados paras tal espécie de
ação judicial:
 a) o Ministério Público,
 b) a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;

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 Obs.: c) as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos
protegidos pelo CDC;
 d) as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre
seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos pelo CDC, dispen-
sada a autorização assemblar.

Aqui, é importante mencionar que o Ministério Público, caso não seja o responsável pelo
ajuizamento da ação, atuará sempre como fiscal da lei.
Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados pos-
sam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios
de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a responsabilida-
de do réu pelos danos causados.
Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
a) no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
b) no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional
ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência
concorrente.
Após a prolação da sentença, teremos a liquidação e a execução. Ainda que estes tópicos
sejam objeto de estudo em ponto específico da aula, relaciono aqui os artigos relacionados
com os procedimentos a serem realizados nesta etapa do processo.

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucesso-
res, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82,
abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções.
§ 1º A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da qual deverá
constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.
§ 2º É competente para a execução o juízo:
I – da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II – da ação condenatória, quando coletiva a execução.
Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei n. 7.347, de 24
de julho de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do mesmo evento dano-
so, estas terão preferência no pagamento.
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a destinação da importância recolhida ao fun-
do criado pela Lei n.7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes de decisão de
segundo grau as ações de indenização pelos danos individuais, salvo na hipótese de o patrimônio
do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das dívidas.

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Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível
com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da
indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n. 7.347, de
24 de julho de 1985.

3.2.2. Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Serviços

Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, serão observadas


as seguintes peculiaridades:
a) a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
b) o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o
segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu por litigância de má fé.
Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a existência de seguro
de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização
diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do
Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.
Importante destacar que os legitimados a agir poderão propor ação visando compelir o
Poder Público competente a proibir, em todo o território nacional, a produção, divulgação dis-
tribuição ou venda, ou a determinar a alteração na composição, estrutura, fórmula ou acon-
dicionamento de produto, cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso à saúde
pública e à incolumidade pessoal.

3.2.3. Rito Específico da Ação Civil Pública

Antes da propositura da ACP, poderá o Ministério Público instaurar inquérito civil. O inqué-
rito civil, em linhas gerais, trata-se do procedimento prévio destinado a investigar se os fatos
configuram ou não violação a direitos e interesses.

 Obs.: Importante destacar que a possibilidade de instaurar inquérito civil é uma exclusivi-
dade do Ministério Público. Consequentemente, nenhuma outra autoridade ou órgão
pode determinar que a medida seja realizada.

Merece ser destacado que o inquérito civil é um procedimento prévio, sendo uma exceção
à obrigatoriedade de observância do contraditório e da ampla defesa.
Além do inquérito, poderá o Ministério Público requisitar, de qualquer organismo público
ou particular, certidões, informações, exames ou perícias. Somente nos casos em que a lei im-
puser sigilo é que poderá ser negada certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá
ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los.

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Art. 8º, § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar,
de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo
que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.
§ 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação,
hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao
juiz requisitá-los.

Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexis-


tência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos
do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente. Nesta hipótese,
deverão ser observados os procedimentos do artigo 9º:

Art. 9º, § 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob
pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério
Público.
§ 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada
a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou
documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação.
§ 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do
Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento.
§ 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde
logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.

A ação civil pública será proposta no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá com-
petência funcional para processar e julgar a causa.
Logo, de forma semelhante ao que ocorre com a ação popular, não há que se falar, na ACP,
em foro por prerrogativa de função, uma vez que o que está em jogo não é alguma caracterís-
tica da pessoa que está causando o dano, mas sim os interesses ou direitos da coletividade.
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A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente


intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Outro ponto que merece ser destacado é que a ação civil pública poderá ter por objeto a
condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Assim, temos
que memorizar que três são os possíveis efeitos decorrentes da ACP, sendo eles:
a) condenação em dinheiro;
b) cumprimento de obrigação de fazer;
b) cumprimento de obrigação de não fazer;
Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certi-
dões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 dias.
Após o tramite processual, teremos a decisão do Poder Judiciário, materializada por meio
de uma sentença. De forma semelhante ao que ocorre com outras ações coletivas, a sentença
civil fará coisa julgada erga-omnes, ou seja, contra todos que estejam no limite de competên-
cia do órgão prolator da sentença.
A exceção fica por conta do pedido ser julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova.

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do
órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de
nova prova.

Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo


gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais, de que participarão, necessaria-
mente, o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados
à reconstituição dos bens lesados.

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Em caso de acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discri-
minação étnica, a prestação em dinheiro será utilizada para ações de promoção da igualdade
étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipó-
tese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou
locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente.
Neste sentido é a previsão do artigo 13 da norma em estudo, de seguinte redação:

Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo
gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente
o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconsti-
tuição dos bens lesados.
§ 1º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento
oficial de crédito, em conta com correção monetária.
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação
étnica nos termos do disposto no art. 1º desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente
ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, con-
forme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão
nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de
danos com extensão regional ou local, respectivamente.

Já quando estivermos diante de uma ação civil pública que tenha por objeto o cumprimento
de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade
devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de
multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.
Após a prolação da sentença, poderão as partes interpor recursos da decisão do juiz. Com
relação a estes, devemos memorizar, nos termos do artigo 14, que “O juiz poderá conferir efeito
suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte”.
Decorrido o prazo recursal, teremos o trânsito em julgado da decisão, ou seja, a impossibi-
lidade de interposição de novos recursos com o objetivo de modificar a sentença.
Neste sentido, decorridos 60 dias do trânsito em julgado da sentença condenatória sem
que a associação autora promova a execução, deverá assim o fazer o Ministério Público, facul-
tada igual iniciativa aos demais legitimados.
Considerando que a Lei n. 7.347 é silente quanto ao prazo prescricional para a propositura
da ação civil pública, o entendimento dos tribunais superiores, fazendo uso da analogia, é de que
o prazo em questão deve ser o mesmo utilizado no âmbito da ação popular, ou seja, de 5 anos.
Neste sentido é a posição do STJ, conforme se observa da decisão proferida no âmbito do
REsp 909446:

JURISPRUDÊNCIA
Assim, à míngua de previsão do prazo prescricional para a propositura da Ação Civil
Pública, inafastável a incidência da analogia legis, recomendando o prazo quinquenal
para a prescrição das Ações Civis Públicas, tal como ocorre com a prescritibilidade da
Ação Popular, porquanto ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio.

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Além disso, merecem ser destacados os seguintes entendimentos em relação à ACP:


a) A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obri-
gação de fazer ou não fazer. De acordo com o entendimento do STJ (Resp. 1.328.753), na hi-
pótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a sentença
condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de recompor o meio
ambiente degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de compensação por dano mo-
ral coletivo.
b) Uma das possibilidades das ações coletivas é de que a parte que figura no polo passivo
(órgão ou entidade do Poder Público) venha a figurar no polo ativo, executando as decisões
judiciais proferidas. No entanto, o STJ (Resp. 1391263) possui entendimento de que a mudan-
ça de pessoa jurídica de direito público do polo passivo para o ativo apenas poderá ocorrer
quando presente o interesse público, e não livremente e a critério da entidade pública.
c) Na ACP, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quais-
quer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em
honorários de advogado, custas e despesas processuais. Contudo, de acordo com o STJ (Resp.
1397499) a mencionada isenção não alcança aqueles que estejam no polo passivo da deman-
da judicial.
d) De acordo com o entendimento do STJ (Resp. 1.699.999), a ação civil pública trata-se
de instrumento que pode ser utilizado nos atos de improbidade administrativa, ainda que a
finalidade seja exclusivamente a obtenção de ressarcimento ao erário.
e) Entende o STJ (Resp. 1353801) que o ajuizamento da ACP implica na suspensão das
ações individuais até o julgamento da ação coletiva.
f) O STJ também possui entendimento consolidado no sentido de que, no âmbito do Direito
Privado, é de 5 anos o prazo prescricional para ajuizamento da execução individual em pedido
de cumprimento de sentença proferida em ação civil pública.
g) De acordo com a Súmula Vinculante 27, “Compete à Justiça Estadual julgar causas entre
consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL não seja litis-
consorte passiva necessária, assistente, nem opoente”. Caso, contudo, a ANATEL seja litiscon-
sorte passiva necessária, assistente ou opoente, a competência será da Justiça Federal.

3.3. Custas e Emolumentos e Denunciação à Lide


3.3.1. Custas e Emolumentos

Na ação civil pública, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários peri-
ciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada
má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais.
No entanto, em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsá-
veis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e
ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

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Neste mesmo sentido é o teor das disposições do Código de Defesa do Consumidor, que
apresenta a seguinte redação:

Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas, emolu-
mentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora,
salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis
pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décu-
plo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Portanto, memorize: Nas ações coletivas, não haverá adiantamento de custas e emolu-
mentos, bem como de honorários periciais ou de quaisquer outras despesas.
Também não haverá a condenação da associação autora, exceto se esta estiver litigando
com má-fé. Neste caso, a associação e os diretores serão solidariamente condenados ao pa-
gamento dos honorários advocatícios e ao décuplo do valor das custas devidas.

3.3.2. Denunciação à Lide

O instituto da denunciação à lide trata-se de uma das formas de intervenção de terceiros


admitida pelo Código de Processo Civil, mais precisamente em seu artigo 125:

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I – ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante,
a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
II – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo
de quem for vencido no processo.
§ 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indefe-
rida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
§ 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu ante-
cessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o de-
nunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será
exercido por ação autônoma.

Na denunciação à lide, o denunciado (terceiro estranho à relação processual inicial) é cha-


mado pelo autor ou pelo réu com o objetivo de garantir o cumprimento da demanda caso a sen-
tença seja desfavorável. De acordo com a doutrina, a denunciação à lide apenas deve ocorrer
quando o denunciado está obrigado, pela lei ou por contrato, a indenizar, em ação regressiva, o
prejuízo daquele que perder a demanda.
No caso das ações coletivas, existe uma grande controvérsia sobre a possibilidade de uti-
lização do instituto, sendo que a doutrina majoritária possui o firme entendimento de que a
medida não é, como regra geral, possível.

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Contudo, em um primeiro momento devemos analisar que não há um óbice específico


vedando a utilização da denunciação à lide para as ações coletivas em geral. O que existe, ape-
nas, é a previsão do artigo 88 do CDC vedando a utilização do instituto nas ações relacionadas
com a proteção do consumidor.

Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada
em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a
denunciação da lide.

Para todas as demais ações, inclusive as ACP, o entendimento que deve ser levado para
a prova é que, ainda que não haja uma vedação expressa, os tribunais e a doutrina possuem
entendimento de que a denunciação à lide não é possível.
De acordo com o STJ, por exemplo, admitir a medida seria protelar um direito da coletivida-
de em prol da exigência por parte de um terceiro interessado. Além disso, a doutrina defende
que, mesmo que o pedido de denunciação à lide seja indeferido, nada impede que o particular
ajuíze, posteriormente, uma ação autônoma de ressarcimento contra o terceiro que seria cha-
mado ao processo.

3.4. Liquidação e Execução das Sentenças


A liquidação da sentença é o momento processual em que é definido de forma objetiva o
valor a ser pago, bem como aqueles que serão os responsáveis pelo pagamento. Com a liqui-
dação, tudo aquilo que foi decidido na sentença passa a ter uma quantia financeira, passando,
a partir de então, a ser exigida daquele que foi condenado.
Neste mesmo sentido é o entendimento do autor Fredie Didier, para o qual

“O objetivo da liquidação é, portanto, o de integrar a decisão liquidanda, chegando a uma solução acerca
dos elementos que faltam para a completa definição da norma jurídica individualizada, a fim de que essa
decisão possa ser objeto de execução. Dessa forma, liquidação de sentença é atividade judicial cognitiva
pela qual se busca complementar a norma jurídica individualizada estabelecida num título judicial”.

A liquidação da sentença poderá ser realizada tanto pelo juízo (por meio de servidores pú-
blicos) quanto por terceiros (peritos nomeados para a elaboração dos cálculos).
Nas ações coletivas que tenham por obrigação fazer ou não fazer algo, não há que se falar
em liquidação, uma vez que a sentença não envolve, como regra geral, valores monetários. Em
tais situação, de acordo com a Lei n. 7.347/1985, o juiz determinará o cumprimento da pres-
tação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva. Em caso de descumprimento da
obrigação, será fixado, desde já, uma multa diária.

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz de-
terminará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob
pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível,
independentemente de requerimento do autor.

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Nas demais ações, precisamos fazer uma distinção entre aquelas que versam sobre direitos
difusos e coletivos e aquelas que são destinadas aos direitos individuais homogêneos.
Nas ações coletivas que tenham por objeto a proteção os direitos difusos e coletivos, o
autor da ação poderá (trata-se de uma faculdade) promover a liquidação. Caso a parte autora
seja o Ministério Público, e considerando que esta instituição tem a obrigação de efetivar as
medidas destinadas à proteção da coletividade, a liquidação será obrigatória, e não uma sim-
ples faculdade.
Neste sentido, inclusive, é a previsão do artigo 15 da Lei da ACP:

Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a asso-
ciação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa
aos demais legitimados.

Já na liquidação das ações relacionadas com os direitos individuais homogêneos, deve-


mos fazer uso das disposições do CDC, que afirma, em seu artigo 97, que a liquidação poderá
ser realizada pela vítima e seus sucessores ou pelos legitimados para dar início à ação.

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucesso-
res, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

Liquidação nas ações


Liquidação nas ações relacionadas com
relacionadas com os direitos
os direitos individuais homogêneos
difusos e coletivos

a) vítima e seus sucessores


b) o Ministério Público,
a) o Ministério Público c) a União, os Estados, os Municípios e o Distrito
(obrigatoriedade) Federal;
b) a Defensoria Pública (faculdade) d) as entidades e órgãos da Administração
c) a União, os Estados, o Distrito Pública, direta ou indireta, ainda que sem
Federal e os Municípios (faculdade) personalidade jurídica, especificamente
d) a autarquia, empresa pública, destinados à defesa dos interesses e direitos
fundação ou sociedade de economia protegidos por este código;
mista (faculdade) e) as associações legalmente constituídas há
e) a associação que comprove os pelo menos um ano e que incluam entre seus
requisitos legais (faculdade) fins institucionais a defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código, dispensada
a autorização assemblear.
Após a liquidação, temos o início da execução da sentença. Nesta fase, por já contar-
mos com um valor objetivamente definido, é hora da obrigação ser exigida da parte que foi
condenada.

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Em relação à ACP, vale a mesma regra da liquidação das ações relacionadas com os direitos
difusos e coletivos, da seguinte forma:
a) inicialmente, será dada preferência à parte autora para iniciar o processo de execução,
que possui a faculdade de realizar o procedimento. Não o fazendo, os autos serão remetidos
ao Ministério Público, que solicitará as medidas necessárias ao juízo.
b) caso a parte autora seja o Ministério Público, a execução deve obrigatoriamente ser
realizada pela instituição.
Nas demais ações coletivas, a execução será feita de acordo com as regras dos artigos 97,
98 e 100 do CDC, de seguinte redação:

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus suces-
sores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82,
abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções.
§ 1º A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da qual deverá
constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.
§ 2º É competente para a execução o juízo:
I – da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;
II – da ação condenatória, quando coletiva a execução.
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível
com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da
indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n. 7.347, de
24 de julho de 1985.

Desta forma, podemos memorizar as seguintes regras em relação à execução das ações
que versem sobre os direitos individuais homogêneos:
a) a execução pode ser realizada de forma individual ou coletiva.
b) como regra geral, a execução será realizada de forma individual, sendo competente para
dar início ao procedimento a vítima e seus sucessores ou os legitimados para dar início à ação
coletiva. Neste sentido, decorrido o prazo de 1 ano sem habilitação de interessados em núme-
ro compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados ativos promover a liquidação
e execução da indenização devida.
c) quando a execução for realizada de forma coletiva, abrangerá ela as vítimas cujas inde-
nizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de
outras execuções. Neste caso, a execução será realizada com base em certidão das senten-
ças de liquidação, da qual deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.
d) Na execução individual, será competente o juízo da liquidação da sentença ou da ação
condenatória. Na execução coletiva, será competente o juízo da ação condenatória.

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Para finalizar o tópico relacionado com a liquidação e a execução, devemos mencionar as


disposições do artigo 99 do CDC, de seguinte redação:

Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei n. 7.347, de
24 de julho de 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do mesmo evento
danoso, estas terão preferência no pagamento.
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a destinação da importância recolhida ao fun-
do criado pela Lei n.7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes de decisão de
segundo grau as ações de indenização pelos danos individuais, salvo na hipótese de o patrimônio
do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das dívidas.

Aqui, estamos diante da situação em que, em razão da sentença proferida em uma Ação
Civil Pública, há um concurso de credores. Isso ocorre, por exemplo, quando a sentença deter-
mina o pagamento de indenizações aos particulares lesados e a destinação de um valor para
o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.
Nesta situação, a preferência será sempre conferida às indenizações destinadas aos par-
ticulares. Na prática, em caso de recurso decorrente da decisão que deferiu o pagamento das
indenizações, a destinação de recursos ao mencionado fundo de defesa ficará sustada até que
a decisão de segundo grau (em nível de recurso) seja proferida.
Esta é a regra geral! Contudo, caso o condenado devedor tenha patrimônio suficiente para res-
ponder por ambas as condenações (indenizações e destinação ao fundo), não haverá necessidade
de sustação. Neste caso, ainda que reste pendente o julgamento de recurso em relação às indeniza-
ções dos particulares, a destinação ao fundo de defesa dos direitos difusos já poderá ocorrer.

3.5. Ônus da Prova


No âmbito do direito, a regra geral é a de que a parte que está propondo a ação (autora)
seja a responsável por apresentar todos os meios de prova legítimos. Ao réu, esta incumbência
apenas é exigida quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor, conforme previsão do Código de Processo Civil:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

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No entanto, devemos destacar que esta regra vigora plenamente em relação às ações indi-
viduais. Nas ações coletivas, se levarmos em conta que o bem tutelado envolve toda a coleti-
vidade, atribuir o ônus da prova ao autor poderia, em determinadas situações, fazer com este
desistisse do ajuizamento da ação.
Para evitar que isso ocorra, o CDC estabelece a possibilidade de termos, nas ações cole-
tivas, a inversão do ônus da prova. Com isso, ao invés do autor ser obrigado a apresentar as
provas comprobatórias daquilo que ele está alegando, a incumbência passa a ser da parte ré,
que passa a ter a obrigação de demonstrar que o alegado pelo autor não possui fundamento.
A inversão do ônus da prova consta expressamente como um dos direitos dos consumido-
res, conforme previsão do CDC:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hi-
possuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

É importante destacar que a inversão do ônus da prova não é uma regra absoluta. Em
sentido contrário, a medida apenas pode ser tomada quando assim decidir o juiz, que, para tal,
levará em conta a verossimilhança da alegação ou a hipossuficiência da parte autora.
Ainda que a previsão do CDC seja destinada às ações de consumo, o STJ já decidiu, no
julgamento do Resp. 1049822, que a regra em questão deve ser observada para todas as situ-
ações abrangidas pela Ação Civil Pública.

JURISPRUDÊNCIA
A inversão do ônus da prova, prevista no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumi-
dor, contém comando normativo estritamente processual, o que a põe sob o campo de
aplicação do art. 117 do mesmo estatuto, fazendo-a valer, universalmente, em todos os
domínios da Ação Civil Pública, e não só nas relações de consumo.

O próprio STJ, inclusive, entende que a inversão do ônus da prova pode ocorrer, no curso
de uma ACP, ainda que a parte autora não seja, necessariamente, hipossuficiente. No caso em
tela, estávamos diante de uma ACP proposta pelo Ministério Público, e que, ainda assim, con-
tava com a possibilidade da inversão do ônus da prova.

JURISPRUDÊNCIA
MINISTÉRIO PÚBLICO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE. 1. Não há óbice
a que seja invertido o ônus da prova em ação coletiva – providência que, em realidade,
beneficia a coletividade consumidora -, ainda que se cuide de ação civil pública ajuizada
pelo Ministério Público. 2. Deveras, “a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e
das vítimas” – a qual deverá sempre ser facilitada, por exemplo, com a inversão do ônus da
prova – “poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo” (art. 81 do CDC).

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DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
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DICA
Com base em tudo o que foi exposto, devemos memorizar
as seguintes informações em relação ao ônus da prova nas
ações coletivas:
a) Como regra geral, cabe ao autor, ao propor a ação, apresen-
tar as provas por todos os meios legítimos.
b) A critério do juiz, há a possibilidade de termos a inversão do
ônus da prova.
c) De acordo com o STJ, todas as ações coletivas, e não ape-
nas as ações destinadas à proteção do consumidor, podem
contar com a inversão do ônus da prova.
d) De acordo com o STJ, a inversão do ônus da prova pode ser
determinada pelo juiz ainda que a parte autora não seja com-
provadamente hipossuficiente.

3.6. Coisa Julgada


De acordo com o artigo 16 da Lei da ACP,

“A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prola-
tor, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”.

Sendo assim, após o tramite processual, teremos a decisão do Poder Judiciário, mate-
rializada por meio de uma sentença. De forma semelhante ao que ocorre com outras ações
coletivas, a sentença civil fará coisa julgada erga-omnes, ou seja, contra todos que estejam no
limite de competência do órgão prolator da sentença. A exceção fica por conta do pedido ser
julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado pode-
rá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

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Em relação ao CDC, a coisa julgada produzirá efeitos de acordo com as regras dos artigos
103 e 104, que apresentam a seguinte redação:

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufici-
ência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81;
III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
§ 1º Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e direitos
individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que
não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título
individual.
§ 3º Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n. 7.347, de
24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos,
propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido, bene-
ficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos
dos arts. 96 a 99.
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória.
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes
a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais,
se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajui-
zamento da ação coletiva.

Facilitando a compreensão dos efeitos apresentados no CDC, ficamos com as seguintes


situações:

Ação de Direitos
Efeitos
Difusos e Coletivos

Coisa julgada materialmente, com efeitos:


a) erga omnes (no caso de direitos difusos);
b) ultra partes (no caso de direitos coletivos).
Consequentemente, a matéria não poderá mais
Procedência ser discutida, seja pelo réu ou por qualquer outro
legitimado.
Além disso, qualquer um dos colegitimados terá
competência para executar o título executivo
judicial.

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Ação de Direitos
Efeitos
Difusos e Coletivos

Por não haver provas suficientes, a sentença não


fará coisa julgada material.
Improcedência por Consequentemente, qualquer um dos
insuficiência de provas legitimados (inclusive aquele que propôs a ação
coletiva) terá competência para propor outra
ação com o mesmo objeto.

Aqui, a improcedência ocorre com base em


fundamentos apresentados em juízo, e não por
falta de provas.
Improcedência por
Logo, a sentença fará coisa julgada material,
pretensão infundada
cujos efeitos serão:
a) erga omnes (no caso de direitos difusos);
b) ultra partes (no caso de direitos coletivos).

Ação de Direitos
Individuais Efeitos
Homogêneos

Teremos a coisa julgada material com efeitos


erga omnes (contra todos).
Consequentemente, a matéria não poderá
mais ser discutida, seja por qualquer um dos
legitimados, seja pelo réu.
Procedência Por estarmos diante de direitos individuais
homogêneos, a decisão abrange todos aqueles
que se enquadrarem na situação jurídica objeto
da decisão. Para fazerem uso da decisão,
deverão os interessados comprovar que se
enquadram no campo de abrangência da ação.

Independente do motivo, a sentença fará coisa


julgada, mas os efeitos não serão erga omnes.
Ainda que a decisão impeça a propositura
de uma nova ação civil pública com o mesmo
objeto, nada impede que ações individuais sejam
Improcedência propostas por cada uma das partes lesadas.
Aqui, um ponto merece se destacado: caso o
particular lesado tenha atuado como litisconsorte
na ACP, será ele prejudicado pelos efeitos da
coisa julgada, não podendo mais propor uma
ação indenizatória individual.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/ADV (CODEN)/CODEN/2021) Numa ação coletiva lato sensu, onde se discu-
tia a enganosidade de uma publicidade, o Juiz julgou a ação totalmente procedente. Essa tran-
sitou em julgado. Assim, é correto afirmar que a decisão
a) não forma coisa julgada, tendo em vista ser derivada de ação coletiva.
b) terá efeitos erga omnes, por se tratar de interesses difusos.
c) surtirá efeitos ultra partes, por dizer respeito a direitos individuais homogêneos.
d) conterá efeitos erga omnes, por ter analisado direitos coletivos stricto senso.
e) não terá efeitos, por ser decisão que não analisou o mérito da questão.

002. (FCC/JE TJGO/TJ GO/2021) No tocante à defesa do consumidor em juízo,


a) para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz de-
terminar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas,
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
b) para a defesa dos direitos e interesses protegidos pelo Código de Defesa do Consumidor
admitem-se somente ações condenatórias e mandamentais, por serem demandas aptas a
pleitear e conceder a tutela específica da obrigação.
c) a indenização por perdas e danos poderá abranger danos materiais e morais e far-se-á com
prejuízo de multa.
d) nas ações coletivas não haverá adiantamento de despesas ou honorários periciais, mas
incidirá como regra a condenação da associação autora em honorários de advogado, custas e
despesas processuais, salvo se obtiver o benefício da gratuidade judiciária.
e) em caso de litigância de má-fé, os diretores responsáveis pela propositura de ação coletiva
serão diretamente condenados nos ônus sucumbenciais e eventuais perdas e danos, isentada
a associação autora.

003. (CEBRASPE (CESPE)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) Acerca da tutela coletiva de direitos,
julgue o item que se segue.
Nas ações coletivas previstas no Código de Defesa do Consumidor, poderá haver adiantamen-
to de despesas processuais, bem como condenação da associação autora em honorários de
advogados.

004. (CEBRASPE (CESPE)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) Acerca da tutela coletiva de direitos,
julgue o item que se segue.
Afirmar que os direitos difusos são indivisíveis significa dizer que eles podem ser satisfeitos de
maneira individual, sem necessariamente alcançar todos os demais titulares.

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005. (CEBRASPE (CESPE)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) Acerca da tutela coletiva de direitos,
julgue o item que se segue.
Nas ações coletivas previstas no Código de Defesa do Consumidor, a sentença procedente
faz coisa julgada com efeitos erga omnes em caso de tutela de direitos difusos e individuais
homogêneos.

006. (FCC/DP RR/DPE RR/2021) Considere as seguintes proposições acerca das ações cole-
tivas para a defesa de interesses individuais homogêneos:
I – Nos casos em que não for o autor da ação, o Ministério Público não atuará no processo,
salvo para a defesa do interesse de incapazes.
II – A legitimidade para requerer a liquidação e o cumprimento da sentença compete exclusi-
vamente à vítima do dano e aos seus sucessores.
III – Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica.
IV – A competência para o julgamento da ação será, em todos os casos, do foro da Capital do
Estado onde ocorreu ou deva ocorrer o dano.
V – O cumprimento da sentença poderá ser coletivo.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, está correto o que se afirma APENAS em
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) III e V.
e) IV e V.

007. (FEPESE/FIS RC (PREF ITAJAÍ)/PREF ITAJAÍ/2020) Anualmente, a Secretaria Na-


cional do Consumidor divulgará elenco complementar de cláusulas contratuais considera-
das abusivas.
Para fins de inclusão neste elenco, são legitimados:
1. as associações que incluam entre seus fins institucionais a defesa do consumidor, desde
que autorizadas por assembleia.
2. o Ministério Público.
3. a Defensoria Pública.
4. órgãos da Administração Pública, desde que contenham personalidade jurídica e sejam des-
tinados à defesa do consumidor.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.

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008. (CEBRASPE (CESPE)/PJ (MPE PI)/MPE PI/2019) De acordo com o Código de Defesa do
Consumidor, em ação coletiva que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer, há a possibilidade de conversão dessa obrigação em pagamento de indenização por
perdas e danos somente se
a) o autor optar pela conversão.
b) o réu optar pela conversão.
c) a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente for impossível.
d) o autor optar pela conversão ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resul-
tado prático correspondente.
e) o réu optar pela conversão ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resul-
tado prático correspondente.

009. (VUNESP/PJL (CM SERTÃOZINHO)/CM SERTÃOZINHO/2019) Um grupo determinável


de pessoas é cliente de um banco que colocou em seu contrato uma cláusula dita por abusiva.
Esse mesmo banco faz uma publicidade abusiva que incita pessoas superendividadas a con-
traírem empréstimos com juros extorsivos. Há duas demandas coletivas para discutir essas
questões apresentadas. Sob o aspecto da classificação dos direitos e interesses metaindivi-
duais, é correto afirmar que
a) ambos os casos descrevem a afronta a um direito difuso.
b) o primeiro caso se trata de direito difuso, e o segundo de individual homogêneo.
c) ambos são casos de afronta a um direito coletivo strictu sensu.
d) o primeiro caso se trata de direito individual homogêneo, e o segundo de direito difuso.
e) o primeiro caso refere-se à afronta a um direito coletivo strictu sensu, e o segundo de di-
reito difuso.

010. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Julgue o próximo item, acerca de direitos do
consumidor e da defesa do consumidor em juízo, segundo a legislação pertinente e o entendi-
mento dos tribunais superiores.
Defensoria Pública estadual ou a distrital não têm legitimidade para ajuizar demanda que tu-
tele direitos coletivos quando, apesar da existência de circunstâncias de fato comuns, os inte-
resses e supostos prejuízos forem heterogêneos e disponíveis para os possíveis beneficiários
da demanda coletiva.

011. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Julgue o próximo item, relativo à prevenção,
conexão, continência e litispendência no processo coletivo.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, não se vislumbra a ocorrência de litispen-
dência entre uma demanda coletiva que busque a tutela de um direito coletivo strictu sensu e
uma demanda individual.

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012. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca de legitimidade em demandas coleti-


vas, julgue o item subsequente.
Parte da doutrina entende que a natureza jurídica da legitimidade ativa para a tutela coletiva
é de legitimação autônoma para a condução do processo, categoria que se confunde com a
legitimação extraordinária.

013. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca de legitimidade em demandas coleti-


vas, julgue o item subsequente.
Segundo o STJ, o magistrado que concluir pela falta de legitimidade ativa coletiva do autor
proponente da demanda deve extinguir o feito sem exame do mérito e encaminhar as peças
do processo ao Ministério Público e à Defensoria Pública, para que tomem ciência e, caso quei-
ram, promovam a demanda coletiva.

014. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca de legitimidade em demandas coleti-


vas, julgue o item subsequente.
Tanto a vítima do dano quanto seus sucessores detêm legitimidade para promover liquidação
e execução de sentença condenatória coletiva proferida em ação coletiva para defesa de inte-
resses individuais homogêneos.

015. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca do direito coletivo, julgue o item a seguir.
Os interesses difusos, coletivos strictu sensu e individuais homogêneos possuem como carac-
terística comum a indivisibilidade do objeto.

016. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca do direito coletivo, julgue o item a seguir.
Entende o STJ que, no âmbito do direito privado, é de cinco anos o prazo prescricional para ajui-
zamento de execução individual em pedido de cumprimento de sentença proferida em ação
civil pública, contado esse prazo a partir do trânsito em julgado da sentença exequenda.

017. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) No regime jurídico da coisa julga-
da, nos processos coletivos, existe a possibilidade do aproveitamento do resultado do proces-
so na esfera jurídica individual, que se denomina transporte in utilibus.

018. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Nas ações coletivas, a sentença
de procedência, fará coisa julgada erga omnes. Assim, a liquidação e execução individual de
sentença deve ser ajuizada no foro do órgão que a proferiu e em relação aos substituídos pro-
cessuais que ali são domiciliados.

019. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Nas ações coletivas de que trata
o Código de Defesa do Consumidor, a sentença fará coisa julgada, ultra partes, em todo e qual-
quer caso, limitado ao grupo ou classe que guarde relação com o tema demandado.

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020. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Compete à Justiça Federal julgar
causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL
for litisconsorte passiva necessária, assistente, ou opoente.

021. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Nas ações coletivas de defesa do
consumidor, a sentença fará coisa julgada erga omnes, exceto se o pedido for julgado impro-
cedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra
ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese de tutela de direitos ou
interesses difusos.

022. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Nas ações coletivas e individuais
de defesa do consumidor, o Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará, obrigatoriamente,
como fiscal da lei.

023. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Na ação que tenha por objeto o
cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, baseada na defesa do consumidor, a conver-
são da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

024. (FGV/ANA (MPE RJ)/MPE RJ/PROCESSUAL/2019) A sociedade cooperativa Alfa de-


senvolveu um grande empreendimento habitacional e promoveu a sua comercialização com
os cooperativados. Apesar disso, não entregou as unidades no prazo avençado, o que resultou
no ajuizamento de uma ação coletiva pela associação dos cooperativados, ente muito respei-
tado e regularmente constituído há dois anos, sendo postulado o reconhecimento da mora e a
fixação de multa por dia de atraso.
À luz da narrativa acima, o Código de Defesa do Consumidor:
a) é aplicável ao caso e a associação tem legitimidade para ajuizar a ação coletiva;
b) não é aplicável ao caso, mas isto não obsta o ajuizamento da ação com base na Lei n.
7.347/1985;
c) não é aplicável ao caso, sendo possível o litisconsórcio passivo plúrimo, não a ação coletiva;
d) não é aplicável ao caso, mas isto não obsta o ajuizamento da ação com base na Lei n.
8.078/1990;
e) é aplicável ao caso, mas a associação não tem legitimidade para ajuizar a ação em face da
ausência de hipossuficiência.

025. (VUNESP/PROC JUR (ESEF)/ESEF/2019) Considere as vítimas dos seguintes eventos:


(I) Jair sofreu uma forte intoxicação pelo consumo de água contaminada fornecida pelo ser-
viço público de saneamento. (II) Rita foi vítima de uma propaganda enganosa veiculada na
televisão aberta. (III) Renato foi vítima de um naufrágio de um transatlântico na costa do país.
Houve, respectivamente, violação aos direitos
a) coletivos, difusos e individuais homogêneos.

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b) coletivos, individuais homogêneos e difusos.


c) individuais homogêneos, individuais homogêneos e difusos.
d) individuais homogêneos, difusos e individuais homogêneos.
e) difusos, coletivos e individuais homogêneos.

026. (CEBRASPE (CESPE)/JL (TJ BA)/TJ BA/2019) De acordo com o Código de Defesa do
Consumidor, nas ações coletivas, a sentença fará coisa julgada ultra partes quando julgado
procedente o pedido em ações de defesa de interesses e direitos
a) coletivos, não induzindo litispendência para ações individuais.
b) individuais homogêneos, não induzindo litispendência para ações individuais.
c) difusos e coletivos, induzindo litispendência para ações individuais.
d) difusos, não induzindo litispendência para ações individuais.
e) coletivos, induzindo litispendência para ações individuais.

027. (CEBRASPE (CESPE)/JL (TJ BA)/TJ BA/2019) Diversas pessoas de determinado mu-
nicípio contrataram um pacote dos serviços de determinada televisão por assinatura. Sem
prestar qualquer informação ou esclarecimento, o serviço de TV a cabo alterou a programação
contratada, majorando, inclusive, o valor mensal do pacote contratado. Sentindo-se lesados, os
consumidores decidiram defender seus direitos em juízo.
Nessa situação hipotética, de acordo com as definições estabelecidas pelo Código de Defesa
do Consumidor, os usuários lesados poderão ajuizar ação coletiva para defesa de interesses
a) individuais homogêneos.
b) transindividuais de natureza divisível.
c) difusos.
d) transindividuais de natureza indivisível.
e) individuais de natureza divisível.

028. (FCC/PROC MUN (CARUARU)/PREF CARUARU/2018) Considere as seguintes situa-


ções hipotéticas (1, 2 e 3) elencadas abaixo.
1. Propaganda veiculada de forma abusiva ou enganosa, em rede nacional, sem identificação
dos possíveis lesados.
2. Alunos de determinada escola particular em que seus representantes legais discutem cláu-
sula contratual abusiva.
3. Acidente de avião em grande centro urbano, deixando relativo número de vítimas.
A natureza dos interesses protegidos relacionados em 1, 2 e 3 correspondem correta e respec-
tivamente a:
a) Interesse Difuso − Interesse Individual Homogêneo − Interesse Coletivo.
b) Interesse Coletivo − Interesse Individual Heterogêneo − Interesse Difuso.
c) Interesse Difuso − Interesse Coletivo − Interesse Individual Heterogêneo.
d) Interesse Difuso − Interesse Coletivo − Interesse Individual Homogêneo.
e) Interesse Coletivo − Interesse Difuso − Interesse Individual Homogêneo.

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029. (VUNESP/ASS JUR (ANDRADINA)/PREF ANDRADINA/2017) Uma ação movida pelo


Ministério Público, cujo objeto é condenar uma empresa que apresentou publicidade enganosa
a reparar os males causados aos consumidores lesados, terá sua sentença com os seguintes
efeitos de eventual coisa julgada:
a) ultra partes, por se tratar de direito coletivo stricto sensu, caso a sentença seja de improce-
dência por insuficiência de provas.
b) erga omnes, por se tratar de direito individual homogêneo, apenas se a sentença for de total
procedência.
c) erga omnes, mesmo se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, por
se tratar de direito difuso.
d) erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipóte-
se em que qualquer legitimado poderá propor outra ação, com idêntico fundamento valendo-se
de nova prova.
e) ultra partes, por se tratar de direito coletivo difuso, exceto se o pedido for julgado improce-
dente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra
ação, com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

030. (QUADRIX/PROC JUR (CFO)/CFO/JURÍDICO/2020) Com base na jurisprudência do STJ,


julgue o item acerca de recursos e ações coletivas.
As ações civis públicas que visem a tutelar direitos individuais homogêneos de grande relevân-
cia social não devem importar na suspensão de ações individuais em que se reivindiquem os
mesmos direitos, haja vista a inexistência de uma hierarquia ou de uma dependência entre elas.

031. (QUADRIX/PROC JUR (CFO)/CFO/JURÍDICO/2020) Com base na jurisprudência do STJ,


julgue o item acerca de recursos e ações coletivas.
O Ministério Público, quando sucumbente em ações coletivas, deve arcar com os honorários
advocatícios e as custas do processo.

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DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Tutela Processual Coletiva no Código de Defesa do Consumidor
Diogo Surdi

GABARITO
1. b
2. a
3. E
4. E
5. C
6. d
7. b
8. d
9. e
10. C
11. C
12. E
13. E
14. C
15. E
16. C
17. C
18. E
19. E
20. C
21. C
22. E
23. C
24. a
25. a
26. a
27. a
28. d
29. d
30. E
31. e

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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/ADV (CODEN)/CODEN/2021) Numa ação coletiva lato sensu, onde se discu-
tia a enganosidade de uma publicidade, o Juiz julgou a ação totalmente procedente. Essa tran-
sitou em julgado. Assim, é correto afirmar que a decisão
a) não forma coisa julgada, tendo em vista ser derivada de ação coletiva.
b) terá efeitos erga omnes, por se tratar de interesses difusos.
c) surtirá efeitos ultra partes, por dizer respeito a direitos individuais homogêneos.
d) conterá efeitos erga omnes, por ter analisado direitos coletivos stricto senso.
e) não terá efeitos, por ser decisão que não analisou o mérito da questão.

A enganosidade de uma publicidade insere-se na definição de direitos difusos. Consequente-


mente, a decisão (que foi julgada procedente) terá efeitos erga omnes.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
Letra b.

002. (FCC/JE TJGO/TJ GO/2021) No tocante à defesa do consumidor em juízo,


a) para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz de-
terminar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas,
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
b) para a defesa dos direitos e interesses protegidos pelo Código de Defesa do Consumidor
admitem-se somente ações condenatórias e mandamentais, por serem demandas aptas a
pleitear e conceder a tutela específica da obrigação.
c) a indenização por perdas e danos poderá abranger danos materiais e morais e far-se-á com
prejuízo de multa.
d) nas ações coletivas não haverá adiantamento de despesas ou honorários periciais, mas
incidirá como regra a condenação da associação autora em honorários de advogado, custas e
despesas processuais, salvo se obtiver o benefício da gratuidade judiciária.
e) em caso de litigância de má-fé, os diretores responsáveis pela propositura de ação coletiva
serão diretamente condenados nos ônus sucumbenciais e eventuais perdas e danos, isentada
a associação autora.

a) Certa. De acordo com o §5º do artigo 84, temos a previsão de que:

“Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determi-
nar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazi-
mento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial”.

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b) Errada. Todas as espécies de ações são possíveis, e não apenas as mandamentais ou


condenatórias.

Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as
espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

c) Errada. O que o CDC estabelece é que a indenização por perdas e danos se fará sem prejuí-
zo da multa.

Art. 84, § 2º A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Código
de Processo Civil).

d) Errada. O que o artigo 87 do CDC estabelece é que:

“Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo
comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais”.

e) Errada. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela


propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décu-
plo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Art. 87, Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores respon-
sáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao
décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
Letra a.

003. (CEBRASPE (CESPE)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) Acerca da tutela coletiva de direitos,
julgue o item que se segue.
Nas ações coletivas previstas no Código de Defesa do Consumidor, poderá haver adiantamento de
despesas processuais, bem como condenação da associação autora em honorários de advogados.

Diferente do que afirmado, nas ações coletivas do CDC não haverá adiantamento de custas, emo-
lumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação au-
tora, salvo se comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais.

Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas, emolu-
mentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora,
salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis
pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décu-
plo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
Errado.
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004. (CEBRASPE (CESPE)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) Acerca da tutela coletiva de direitos,
julgue o item que se segue.
Afirmar que os direitos difusos são indivisíveis significa dizer que eles podem ser satisfeitos de
maneira individual, sem necessariamente alcançar todos os demais titulares.

Os interesses difusos possuem natureza indivisível. Logo, não podem eles ser satisfeitos de
maneira individual

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;
Errado.

005. (CEBRASPE (CESPE)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2021) Acerca da tutela coletiva de direitos,
julgue o item que se segue.
Nas ações coletivas previstas no Código de Defesa do Consumidor, a sentença procedente
faz coisa julgada com efeitos erga omnes em caso de tutela de direitos difusos e individuais
homogêneos.

Nas ações coletivas previstas no Código de Defesa do Consumidor, a sentença, quando esti-
vermos diante de direitos difusos ou individuais homogêneos, fará coisa julgada com efeitos
erga omnes.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufici-
ência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81;
III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
Certo.

006. (FCC/DP RR/DPE RR/2021) Considere as seguintes proposições acerca das ações cole-
tivas para a defesa de interesses individuais homogêneos:
I – Nos casos em que não for o autor da ação, o Ministério Público não atuará no processo,
salvo para a defesa do interesse de incapazes.

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II – A legitimidade para requerer a liquidação e o cumprimento da sentença compete exclusi-


vamente à vítima do dano e aos seus sucessores.
III – Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica.
IV – A competência para o julgamento da ação será, em todos os casos, do foro da Capital do
Estado onde ocorreu ou deva ocorrer o dano.
V – O cumprimento da sentença poderá ser coletivo.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, está correto o que se afirma APENAS em
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) III e V.
e) IV e V.

Item I: Errado. Estabelece o artigo 92 que “O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará
sempre como fiscal da lei”.
Item II: Errado. Os legitimados para dar início às ações coletivas também são competentes
para requerer a liquidação e o cumprimento da sentença.

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucesso-
res, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

Item III: Certo. O item está de acordo com o artigo 95, que estabelece que “Em caso de procedência
do pedido, a condenação será genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados”.
Item IV: Errado. As regras relacionadas com a competência para julgar as ações coletivas es-
tão expressas no artigo 93. Como é possível observar, a competência nem sempre será do foro
da Capital do Estado onde ocorreu ou deva ocorrer o dano.

Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:
I – no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
II – no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou re-
gional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.

Item V: Certo. Estabelece o artigo 98 que a execução poderá ser coletiva, conforme afirmado
pelo item.

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82,
abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções.
Letra d.

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007. (FEPESE/FIS RC (PREF ITAJAÍ)/PREF ITAJAÍ/2020) Anualmente, a Secretaria Na-


cional do Consumidor divulgará elenco complementar de cláusulas contratuais considera-
das abusivas.
Para fins de inclusão neste elenco, são legitimados:
1. as associações que incluam entre seus fins institucionais a defesa do consumidor, desde
que autorizadas por assembleia.
2. o Ministério Público.
3. a Defensoria Pública.
4. órgãos da Administração Pública, desde que contenham personalidade jurídica e sejam des-
tinados à defesa do consumidor.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
b) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.

A questão exige o conhecimento dos legitimados para a propositura de ação coletiva destina-
da a verificar a abusividade de cláusulas contratuais. De acordo com o CDC, são os seguintes
os legitimados:

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I – o Ministério Público; (Item II)
II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalida-
de jurídica (Erro do Item IV), especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos prote-
gidos por este código; (Item III, uma vez que a Defensoria Pública integra a Administração Direta)
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autoriza-
ção assemblear. (Erro do Item I)
Letra b.

008. (CEBRASPE (CESPE)/PJ (MPE PI)/MPE PI/2019) De acordo com o Código de Defesa do
Consumidor, em ação coletiva que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer, há a possibilidade de conversão dessa obrigação em pagamento de indenização por
perdas e danos somente se
a) o autor optar pela conversão.
b) o réu optar pela conversão.
c) a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente for impossível.

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d) o autor optar pela conversão ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resul-
tado prático correspondente.
e) o réu optar pela conversão ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resul-
tado prático correspondente.

De acordo com o §1º do artigo 84 do CDC:

“A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou
se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente”.
Letra d.

009. (VUNESP/PJL (CM SERTÃOZINHO)/CM SERTÃOZINHO/2019) Um grupo determinável de


pessoas é cliente de um banco que colocou em seu contrato uma cláusula dita por abusiva. Esse
mesmo banco faz uma publicidade abusiva que incita pessoas superendividadas a contraírem em-
préstimos com juros extorsivos. Há duas demandas coletivas para discutir essas questões apresen-
tadas. Sob o aspecto da classificação dos direitos e interesses metaindividuais, é correto afirmar que
a) ambos os casos descrevem a afronta a um direito difuso.
b) o primeiro caso se trata de direito difuso, e o segundo de individual homogêneo.
c) ambos são casos de afronta a um direito coletivo strictu sensu.
d) o primeiro caso se trata de direito individual homogêneo, e o segundo de direito difuso.
e) o primeiro caso refere-se à afronta a um direito coletivo strictu sensu, e o segundo de di-
reito difuso.

Na primeira situação, estamos diante de um direito coletivo em sentido estrito, uma vez que há
uma classe de pessoas ligadas à parte ré (no caso, o banco), por meio de uma relação jurídica
específica (um contrato).

Art. 81, Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;

No segundo caso, o direito em questão é classificado como difuso, haja vista que a publicida-
de do banco alcança um grupo indeterminável de pessoas, que apenas estão ligadas por uma
situação de fato.

Art. 81, Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
Letra e.

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010. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Julgue o próximo item, acerca de direitos do
consumidor e da defesa do consumidor em juízo, segundo a legislação pertinente e o entendi-
mento dos tribunais superiores.
Defensoria Pública estadual ou a distrital não têm legitimidade para ajuizar demanda que tu-
tele direitos coletivos quando, apesar da existência de circunstâncias de fato comuns, os inte-
resses e supostos prejuízos forem heterogêneos e disponíveis para os possíveis beneficiários
da demanda coletiva.

Para que a Defensoria Pública conste como legitimada, os interesses defendidos devem ser
individuais homogêneos, e não heterogêneos, conforme afirma a questão.

Art. 81, Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.

Neste sentido, a LACP elenca expressamente a Defensoria Pública como uma das legitimadas
para a ação coletiva em questão.

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


II – a Defensoria Pública;

Além disso, a norma estabelece, em seu artigo 21, que:

“Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os
dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor”.
Certo.

011. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Julgue o próximo item, relativo à prevenção,
conexão, continência e litispendência no processo coletivo.
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, não se vislumbra a ocorrência de litispen-
dência entre uma demanda coletiva que busque a tutela de um direito coletivo strictu sensu e
uma demanda individual.

Conforme afirmado, as ações coletivas do CDC não induzem litispendência para as ações indi-
viduais, nos termos do artigo 104:

Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não indu-
zem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra
partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações in-
dividuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos
do ajuizamento da ação coletiva.
Certo.

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012. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca de legitimidade em demandas coleti-


vas, julgue o item subsequente.
Parte da doutrina entende que a natureza jurídica da legitimidade ativa para a tutela coletiva
é de legitimação autônoma para a condução do processo, categoria que se confunde com a
legitimação extraordinária.

Parte da doutrina realmente entende que a legitimação ativa para a tutela coletiva é de legiti-
mação autônoma. Contudo, esta espécie de legitimação não se confunde, para aqueles que a
defendem, com a clássica diferenciação entre legitimação ordinária e extraordinária.
Errado.

013. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca de legitimidade em demandas coleti-


vas, julgue o item subsequente.
Segundo o STJ, o magistrado que concluir pela falta de legitimidade ativa coletiva do autor
proponente da demanda deve extinguir o feito sem exame do mérito e encaminhar as peças
do processo ao Ministério Público e à Defensoria Pública, para que tomem ciência e, caso quei-
ram, promovam a demanda coletiva.

Em caso de ilegitimidade, e considerando que há interesses coletivos envolvidos na questão, o


processo não será extinto sem exame de mérito. Em sentido oposto, será dada oportunidade
para qualquer um dos demais colegitimados dar prosseguimento à demanda coletiva.
Errado.

014. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca de legitimidade em demandas coleti-


vas, julgue o item subsequente.
Tanto a vítima do dano quanto seus sucessores detêm legitimidade para promover liquidação
e execução de sentença condenatória coletiva proferida em ação coletiva para defesa de inte-
resses individuais homogêneos.

Estabelece o artigo 97 que a liquidação e a execução da sentença poderão ser promovidas


pela vítima e seus sucessores, assim como pelos legitimados para dar início às respectivas
ações coletivas.

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucesso-
res, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.
Certo.

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015. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca do direito coletivo, julgue o item a seguir.
Os interesses difusos, coletivos strictu sensu e individuais homogêneos possuem como carac-
terística comum a indivisibilidade do objeto.

Apenas os direitos difusos e os coletivos em sentido estrito é que possuem em comum a


característica da indivisibilidade. Nos direitos individuais homogêneos, em sentido oposto, o
objeto é divisível.

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias
de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Errado.

016. (CEBRASPE (CESPE)/DP DF/DP DF/2019) Acerca do direito coletivo, julgue o item a seguir.
Entende o STJ que, no âmbito do direito privado, é de cinco anos o prazo prescricional para ajui-
zamento de execução individual em pedido de cumprimento de sentença proferida em ação
civil pública, contado esse prazo a partir do trânsito em julgado da sentença exequenda.

A questão exige o conhecimento de um importante entendimento do STJ, conforme se obser-


va, por exemplo, da análise do Resp. 1.070.896:

JURISPRUDÊNCIA
No âmbito do direito privado, é de cinco anos o prazo prescricional para ajuizamento da execução individual em
pedido de cumprimento de sentença proferida em ação civil pública.

Certo.

017. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) No regime jurídico da coisa julga-
da, nos processos coletivos, existe a possibilidade do aproveitamento do resultado do proces-
so na esfera jurídica individual, que se denomina transporte in utilibus.

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Em linhas gerais, o mencionado “transporte in utilibus” trata-se da possibilidade de utilização


da coisa julgada decorrente da ação coletiva nos processos individuais.
De acordo com o CDC, temos a seguinte previsão:

Art. 103, § 3º Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n.
7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente
sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedi-
do, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à liquidação e à execução,
nos termos dos arts. 96 a 99.

Desta forma, o titular do dano sofrido poderá proceder à liquidação e execução individualizada
da coisa julgada na ação coletiva. Com isso, será ele beneficiado com a decisão, ainda que
inicialmente tomada em um processo coletivo.
Certo.

018. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Nas ações coletivas, a sentença
de procedência, fará coisa julgada erga omnes. Assim, a liquidação e execução individual de
sentença deve ser ajuizada no foro do órgão que a proferiu e em relação aos substituídos pro-
cessuais que ali são domiciliados.

Nem sempre a sentença fará coisa julgada erga omnes, ainda que procedente. Caso estejamos
diante de direitos coletivos em sentido estrito, os efeitos serão ultra partes.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufici-
ência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81;
III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
Errado.

019. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Nas ações coletivas de que trata
o Código de Defesa do Consumidor, a sentença fará coisa julgada, ultra partes, em todo e qual-
quer caso, limitado ao grupo ou classe que guarde relação com o tema demandado.

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DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS E
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Tutela Processual Coletiva no Código de Defesa do Consumidor
Diogo Surdi

A depender da espécie de direito que está sendo tutelado, os efeitos poderão ser, também,
erga omnes. Isso ocorre quando estivermos diante de direitos difusos ou individuais homogê-
neos. Em caso de direitos coletivos em sentido estrito, os efeitos serão ultra partes.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufici-
ência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81;
III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
Errado.

020. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Compete à Justiça Federal julgar
causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL
for litisconsorte passiva necessária, assistente, ou opoente.

De acordo com a Súmula Vinculante 27:

JURISPRUDÊNCIA
“Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço
público de telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva necessária, assis-
tente, nem opoente”.

Em sentido oposto, sendo a ANATEL litisconsorte passiva necessária, assistente ou opoente,


a competência será da Justiça Federal.
Certo.

021. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Nas ações coletivas de defesa do
consumidor, a sentença fará coisa julgada erga omnes, exceto se o pedido for julgado impro-
cedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra
ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese de tutela de direitos ou
interesses difusos.

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DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS E
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Tutela Processual Coletiva no Código de Defesa do Consumidor
Diogo Surdi

A questão exigiu o conhecimento das disposições do artigo 103, I, do CDC, que apresenta a
seguinte redação em relação aos direitos ou interesses difusos.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
Certo.

022. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Nas ações coletivas e individuais
de defesa do consumidor, o Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará, obrigatoriamente,
como fiscal da lei.

A previsão do enunciado consta apenas para as ações coletivas, e não também para as ações
individuais.

Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.
Errado.

023. (COM. EXAM. (MPE SC)/PJ (MPE SC)/MPE SC/2019) Na ação que tenha por objeto o
cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, baseada na defesa do consumidor, a conver-
são da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

De acordo com o §1º do artigo 84 do CDC:

“A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou
se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente”.
Certo.

024. (FGV/ANA (MPE RJ)/MPE RJ/PROCESSUAL/2019) A sociedade cooperativa Alfa de-


senvolveu um grande empreendimento habitacional e promoveu a sua comercialização com
os cooperativados. Apesar disso, não entregou as unidades no prazo avençado, o que resultou
no ajuizamento de uma ação coletiva pela associação dos cooperativados, ente muito respei-
tado e regularmente constituído há dois anos, sendo postulado o reconhecimento da mora e a
fixação de multa por dia de atraso.

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DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS E
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Tutela Processual Coletiva no Código de Defesa do Consumidor
Diogo Surdi

À luz da narrativa acima, o Código de Defesa do Consumidor:


a) é aplicável ao caso e a associação tem legitimidade para ajuizar a ação coletiva;
b) não é aplicável ao caso, mas isto não obsta o ajuizamento da ação com base na Lei n.
7.347/1985;
c) não é aplicável ao caso, sendo possível o litisconsórcio passivo plúrimo, não a ação coletiva;
d) não é aplicável ao caso, mas isto não obsta o ajuizamento da ação com base na Lei n.
8.078/1990;
e) é aplicável ao caso, mas a associação não tem legitimidade para ajuizar a ação em face da
ausência de hipossuficiência.

Como estamos diante de uma demanda coletiva, as disposições do CDC são perfeitamente
aplicáveis. Neste sentido, inclusive, é o entendimento sumulado do STJ:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 602 – O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habi-
tacionais promovidos pelas sociedades cooperativas.

Em relação à associação, possui ela legitimidade para o ajuizamento da ação, conforme se


observa da lista de legitimados estabelecida pelo CDC:

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autoriza-
ção assemblear.
Letra a.

025. (VUNESP/PROC JUR (ESEF)/ESEF/2019) Considere as vítimas dos seguintes eventos:


(I) Jair sofreu uma forte intoxicação pelo consumo de água contaminada fornecida pelo ser-
viço público de saneamento. (II) Rita foi vítima de uma propaganda enganosa veiculada na
televisão aberta. (III) Renato foi vítima de um naufrágio de um transatlântico na costa do país.
Houve, respectivamente, violação aos direitos
a) coletivos, difusos e individuais homogêneos.
b) coletivos, individuais homogêneos e difusos.
c) individuais homogêneos, individuais homogêneos e difusos.
d) individuais homogêneos, difusos e individuais homogêneos.
e) difusos, coletivos e individuais homogêneos.

No Item I, estamos diante de um direito coletivo, uma vez que é possível quantificar as pessoas
que passaram pela mesma situação que Jair.
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Tutela Processual Coletiva no Código de Defesa do Consumidor
Diogo Surdi

No Item II, o direito é difuso, haja vista que a propaganda enganosa pode fazer coo vítima um
grupo indeterminável de pessoas.
No Item III, trata-se de um direito individual homogêneo, uma vez que apenas um grupo deter-
minável de pessoas (os que estavam no transatlântico) sofreram o dano.
O fundamento para as definições e diferenciações acerca dos direitos difusos, coletivos s indi-
viduais homogêneos consta expressamente no artigo 81 do CDC:

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais,
de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou
com a parte contrária por uma relação jurídica base;
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
Letra a.

026. (CEBRASPE (CESPE)/JL (TJ BA)/TJ BA/2019) De acordo com o Código de Defesa do
Consumidor, nas ações coletivas, a sentença fará coisa julgada ultra partes quando julgado
procedente o pedido em ações de defesa de interesses e direitos
a) coletivos, não induzindo litispendência para ações individuais.
b) individuais homogêneos, não induzindo litispendência para ações individuais.
c) difusos e coletivos, induzindo litispendência para ações individuais.
d) difusos, não induzindo litispendência para ações individuais.
e) coletivos, induzindo litispendência para ações individuais.

A coisa julgada terá efeitos ultra partes quando estivermos diante de direitos e interesses coletivos.

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insufici-
ência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do
parágrafo único do art. 81 (Direitos Coletivos);

Além disso, conforme afirmado na Letra A, a ação coletiva em questão não induz litispendên-
cia, como regra geral, para as ações individuais.

Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem litis-
pendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que alu-
dem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for reque-
rida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.
Letra a.

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DIREITO PROCESSUAL COLETIVO
Tutela Processual Coletiva no Código de Defesa do Consumidor
Diogo Surdi

027. (CEBRASPE (CESPE)/JL (TJ BA)/TJ BA/2019) Diversas pessoas de determinado mu-
nicípio contrataram um pacote dos serviços de determinada televisão por assinatura. Sem
prestar qualquer informação ou esclarecimento, o serviço de TV a cabo alterou a programação
contratada, majorando, inclusive, o valor mensal do pacote contratado. Sentindo-se lesados, os
consumidores decidiram defender seus direitos em juízo.
Nessa situação hipotética, de acordo com as definições estabelecidas pelo Código de Defesa
do Consumidor, os usuários lesados poderão ajuizar ação coletiva para defesa de interesses
a) individuais homogêneos.
b) transindividuais de natureza divisível.
c) difusos.
d) transindividuais de natureza indivisível.
e) individuais de natureza divisível.

O exemplo apresentado pela questão trata-se de clara violação aos direitos individuais homo-
gêneos. E conseguimos perceber isso na medida em que há um grupo determinável de pesso-
as que sofreram o dano (no caso, os assinantes da TV a cabo) e o interesse é divisível (cada
pessoa possui um pacote de assinatura específica).

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum.
Letra a.

028. (FCC/PROC MUN (CARUARU)/PREF CARUARU/2018) Considere as seguintes situa-


ções hipotéticas (1, 2 e 3) elencadas abaixo.
1. Propaganda veiculada de forma abusiva ou enganosa, em rede nacional, sem identificação
dos possíveis lesados.
2. Alunos de determinada escola particular em que seus representantes legais discutem cláu-
sula contratual abusiva.
3. Acidente de avião em grande centro urbano, deixando relativo número de vítimas.
A natureza dos interesses protegidos relacionados em 1, 2 e 3 correspondem correta e respec-
tivamente a:
a) Interesse Difuso − Interesse Individual Homogêneo − Interesse Coletivo.
b) Interesse Coletivo − Interesse Individual Heterogêneo − Interesse Difuso.
c) Interesse Difuso − Interesse Coletivo − Interesse Individual Heterogêneo.
d) Interesse Difuso − Interesse Coletivo − Interesse Individual Homogêneo.
e) Interesse Coletivo − Interesse Difuso − Interesse Individual Homogêneo.
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No caso da propaganda veiculada de forma abusiva ou enganosa, o dano alcança um grupo


indeterminável de pessoas, que apenas estão ligadas por uma situação de fato (a veiculação
da propaganda). Logo, trata-se de um direito ou interesse difuso.
Na cláusula contratual abusiva de alunos de uma escola, estamos diante de um grupo de pes-
soas ligadas entre si ou com a parte contrária (a escola) por uma relação jurídica base (o con-
trato). Sendo assim, trata-se de um direito ou interesse coletivo.
No acidente de avião, o dano alcança um grupo determinado de pessoas (os passageiros e respec-
tivos parentes). Por isso mesmo, estamos diante de direitos ou interesses individuais homogêneos.
Letra d.

029. (VUNESP/ASS JUR (ANDRADINA)/PREF ANDRADINA/2017) Uma ação movida pelo


Ministério Público, cujo objeto é condenar uma empresa que apresentou publicidade enganosa
a reparar os males causados aos consumidores lesados, terá sua sentença com os seguintes
efeitos de eventual coisa julgada:
a) ultra partes, por se tratar de direito coletivo stricto sensu, caso a sentença seja de improce-
dência por insuficiência de provas.
b) erga omnes, por se tratar de direito individual homogêneo, apenas se a sentença for de total
procedência.
c) erga omnes, mesmo se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, por
se tratar de direito difuso.
d) erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipóte-
se em que qualquer legitimado poderá propor outra ação, com idêntico fundamento valendo-se
de nova prova.
e) ultra partes, por se tratar de direito coletivo difuso, exceto se o pedido for julgado improce-
dente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra
ação, com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

No caso de propaganda enganosa, estamos diante de um direito difuso, ou seja, um interesse de na-
tureza indivisível em que são titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.
Neste caso, os efeitos da decisão são os presentes no artigo 103, I, do CDC, de seguinte redação:

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese
em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de
nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;

Consequentemente, o gabarito da questão é a Letra D.


Letra d.

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030. (QUADRIX/PROC JUR (CFO)/CFO/JURÍDICO/2020) Com base na jurisprudência do STJ,


julgue o item acerca de recursos e ações coletivas.
As ações civis públicas que visem a tutelar direitos individuais homogêneos de grande relevân-
cia social não devem importar na suspensão de ações individuais em que se reivindiquem os
mesmos direitos, haja vista a inexistência de uma hierarquia ou de uma dependência entre elas.

Ao contrário do que informa a questão, a jurisprudência do STJ (Resp. 1353801/RS) é no sen-


tido de que, uma vez tendo sido ajuizada ação coletiva atinente à macrolide geradora de pro-
cessos multitudinários, suspendem-se as ações individuais até o julgamento da ação coletiva.

JURISPRUDÊNCIA
REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
AÇÃO COLETIVA. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. Piso salarial profissional nacional
para os profissionais do magistério público da educação básica, nos termos da Lei n.
11.738/2008. SUSTAÇÃO DE ANDAMENTO DE AÇÕES INDIVIDUAIS. POSSIBILIDADE.
1. Segundo precedentes deste Superior Tribunal, “ajuizada ação coletiva atinente a
macrolide geradora de processos multitudinários, suspendem-se as ações individuais, no
aguardo do julgamento da ação coletiva”.

Errado.

031. (QUADRIX/PROC JUR (CFO)/CFO/JURÍDICO/2020) Com base na jurisprudência do STJ,


julgue o item acerca de recursos e ações coletivas.
O Ministério Público, quando sucumbente em ações coletivas, deve arcar com os honorários
advocatícios e as custas do processo.

A jurisprudência do STJ é justamente no sentido de que o Ministério Público não deve arcar
com o pagamento de honorários advocatícios, uma vez que atua como fiscal da lei na tutela
dos interesses coletivos. O pagamento apenas poderá ser exigido, assim como ocorre na ação
popular, em caso de comprovada má-fé.
Neste sentido é o entendimento proferido no julgamento dos ED Agr. 962.250:

JURISPRUDÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPE-
CIAL. DISSENSO CONFIGURADO ENTRE O ARESTO EMBARGADO E ARESTO PARADIGMA
ORIUNDO DA QUARTA TURMA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA INTENTADA PELA UNIÃO. CONDE-
NAÇÃO DA PARTE REQUERIDA EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ.
DESCABIMENTO. ART. 18 DA LEI N. 7.347/1985. PRINCÍPIO DA SIMETRIA. EMBARGOS
DE DIVERGÊNCIA A QUE SE NEGA PROVIMENTO
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Dessa forma, deve-se privilegiar, no âmbito desta Corte Especial, o entendimento dos
órgãos fracionários deste Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que, em razão da
simetria, descabe a condenação em honorários advocatícios da parte requerida em ação
civil pública, quando inexistente má-fé, de igual sorte como ocorre com a parte autora, por
força da aplicação do art. 18 da Lei n. 7.347/1985;

Errado.

Diogo Surdi
Diogo Surdi é formado em Administração Pública e é professor de Direito Administrativo em concursos
públicos, tendo sido aprovado para vários cargos, dentre os quais se destacam: Auditor-Fiscal da Receita
Federal do Brasil (2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil (2012) e Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-MS e MPU.

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