Privacidade e Protecao de Dados de Criancas e Adolescentes Its
Privacidade e Protecao de Dados de Criancas e Adolescentes Its
Privacidade e Protecao de Dados de Criancas e Adolescentes Its
PRIVACIDADE
E PROTEÇÃO
DE DADOS DE
CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
Privacidade e Proteção de Dados de Crianças e Adolescentes by ITS Rio is
licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDeriva-
tives 4.0 International License, except where otherwise noted.
Produção editorial
Obliq Livros
Capa
Obliq Livros
eISBN: 978-85-65404-35-8
Para citação:
LATERÇA, Priscilla Silva; FERNANDES, Elora; TEFFÉ, Chiara Spadaccini
de; BRANCO, Sérgio (Coords.). Privacidade e Proteção de Dados de Crianças
e Adolescentes. Rio de Janeiro: Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de
Janeiro; Obliq, 2021. E-book.
SUMÁRIO
Apresentação...........................................................................8
Prefácio...................................................................................... 11
Apresentação
8
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
9
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
1
Chiara Spadaccini de Teffé é doutoranda e mestre em Direito Civil pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente, é professora
de Direito Civil e de Direito e Tecnologia na Faculdade de Direito do IBMEC.
Leciona em cursos de pós-graduação do CEPED-UERJ, na Pós-graduação da
PUC-Rio, na Pós-graduação do Instituto New Law e na Pós-graduação da
EBRADI. É também professora da Escola da Magistratura do Estado do Rio
de Janeiro (EMERJ) e do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio).
Membro da Comissão de Proteção de Dados e Privacidade da OABRJ. Membro
do conselho executivo da revista eletrônica civilistica.com. Membro do Fórum
permanente de mídia e liberdade de expressão da EMERJ. Foi professora de
Direito Civil na UFRJ e pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Sociedade do
Rio (ITS Rio). Associada ao Instituto Brasileiro de Estudos em Responsabilidade
Civil (IBERC). Advogada e consultora em proteção de dados pessoais. E-mail:
[email protected].
Elora Fernandes é doutoranda em Direito Civil pela Universidade do Esta-
do do Rio de Janeiro (UERJ). Mestra em Direito e Inovação pela Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF) e graduada em Direito pela mesma instituição,
com período de intercâmbio acadêmico na Universidad de Salamanca (Es-
panha). É alumna do Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD) e faz
parte do corpo editorial da Revista de Estudos Empíricos em Direito (REED).
E-mail: [email protected].
Priscilla Silva Laterça é doutoranda e Mestre em Direito Constitucional
e Teoria do Estado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Writing Fellow em Estudos de Direitos e Religião pelo Programa ICLRS na
Universidade de Oxford. Consultora, pesquisadora e professora em direitos
e novas tecnologias.
10
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Prefácio
2
Disponível em https://cetic.br/pt/publicacao/resumo-executivo-pesquisa-
-sobre-o-uso-da-internet-por-criancas-e-adolescentes-no-brasil-tic-kids-on-
line-brasil-2019/. Acesso em 20 de junho de 2021.
11
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
12
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Boa leitura!
Rio de Janeiro, 19 de julho de 2021.
Sérgio Branco
Cofundador e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade
do Rio de Janeiro (ITS Rio). Doutor e Mestre em Direito
Civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Professor do Ibmec. Professor convidado da Universidade
de Montreal. Especialista em propriedade intelectual pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio.
Pós-graduado em cinema documentário pela FGV. Advogado.
13
I. Desafios para a privacidade
e para a proteção de dados
de crianças e adolescentes
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Kelli Angelini3
Alexandre Barbosa4
Fabio Senne5
Luísa Adib Dino6
3
Mestre em Direito Civil pela PUC-SP. Gerente de Assessoria Jurídica do
Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e do Comitê
Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Idealizadora do Projeto Internet com
Responsa - cuidados e responsabilidades no uso da Internet para jovens, pais
e educadores.
4
Doutor em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV),
pós-doutorado pela HEC Montreal (Canadá), mestrado em Administração de
Empresas pela Universidade de Bradford (Reino Unido) e em Ciência da Com-
putação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e graduado em
Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC
Minas). Gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da
Sociedade da Informação (Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação
e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no
Brasil (CGI.br).
5
Doutorando em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP), Mestre
em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB) e Bacharel em Ciências
Sociais pela USP. Pesquisador na área de políticas públicas e comunicação, tem
como área de interesse a relação entre a Internet e as políticas públicas sociais
e o comportamento das desigualdades. Coordenador de Pesquisas do Centro
Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação
(Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto
BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
6
Mestre e graduada em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade de
São Paulo (USP). Concluiu a escola de verão do Summer Institute do Berkman
Klein Center for Internet & Society, na Universidade Harvard, programa edu-
cacional focado em políticas inclusivas para o desenvolvimento de Inteligência
Artificial. Analista de informação e coordenadora da pesquisa TIC Kids Online
Brasil do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da
Informação (Cetic.br), departamento do Núcleo de Informação e Coordenação
do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
15
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16
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
8
LIVINGSTONE, S.; STOILOVA, M. The 4Cs: Classifying Online Risk to Children.
(CO:RE Short Report Series on Key Topics). Hamburg: Leibniz-Institut für Me-
dienforschung | Hans-Bredow-Institut (HBI); CO:RE - Children Online: Research
and Evidence, 2021. https://doi.org/10.21241/ssoar.71817
17
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
9
Os workshops conduzidos no Brasil foram parte das consultas globais com
especialistas em IA, infância e direitos digitais e com crianças, realizadas pelo
o UNICEF, com o apoio do governo da Finlândia. para a elaboração do Guia
de Política para Inteligência Artificial e Infância. Para mais informações acesse:
UNICEF - Office of Global Insight & Policy AI for children. 2021. Disponível em:
https://www.unicef.org/globalinsight/featured-projects/ai-children.
18
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BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção
de Dados Pessoais (LGPD). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm.
11
BRASIL. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,
direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Brasília. 2014. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm.
19
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
12
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da
Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] Repú-
blica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art266. Acesso em: 11 março. 2021.
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PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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A criação de uma autoridade nacional independente responsável por
regular e fiscalizar o cumprimento da (LGPD) estava prevista no texto original
da LGPD. Em julho de 2019 é sancionado o texto que prevê a criação da ANPD
(Lei nº 13.853, de 8 julho de 2019).
21
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
15
Para maiores informações, esses mecanismos estão disponíveis em FEDE-
RAL TRADE COMISSION. Children’s Online Privacy Protection Rule: A Six-Step
Compliance Plan for Your Business. Step 4: Get Parents’ Verifiable Consent
Before Collecting Personal Information from Their Kids. Disponível em: https://
www.ftc.gov/tips-advice/business-center/guidance/childrens-online-privacy-
-protection-rule-six-step-compliance#step4.
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PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
16
NIC.br. NIC.BR - NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO
BR. TIC Educação 2019: pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação
e comunicação nas escolas brasileiras. São Paulo: Comitê Gestor da Internet
no Brasil (CGI.br), 2020. Disponível em: https://www.cetic.br/pt/publicacao/
pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nas-
-escolas-brasileiras-tic-educacao-2019/.
25
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
CONCLUSÃO
Os pontos destacados neste capítulo nos possibilitam
concluir que inúmeras oportunidades surgem em decorrência
do acesso e uso da Internet por crianças e adolescentes. Em
contrapartida, o uso cada vez mais intenso da rede também
aumenta consideravelmente o volume de dados pessoais
gerados e tratados.
Apesar da responsabilidade sobre a proteção de dados de
nossos jovens aparentar estar difusa e apartada, a sociedade
e o Estado têm por obrigação cuidar e implementar melhores
ações e práticas para o tratamento de dados pessoais de
crianças e adolescentes.
A falta de cuidado com o tema da privacidade e proteção
de dados pessoais de crianças e adolescentes poderá acarretar
riscos e prejuízos concretos aos jovens, que por estarem no início
da vida e ainda em estágio de pleno desenvolvimento, podem
ter seus direitos essenciais para o seu pleno desenvolvimento
em sociedade violados, acarretando-lhes perdas efetivas e
consequências potencialmente desastrosas.
Cabe, portanto, a todos nós – incluindo a família, as
empresas, as instituições de ensino e o Governo – adotarmos
estratégias tanto para a plena proteção de dados pessoais de
26
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
(Over)sharenting: a superexposição
da imagem e dos dados de crianças e
adolescentes na internet e os instrumentos
de tutela preventiva e repressiva
Filipe Medon17
17
Doutorando e Mestre em Direito Civil pela Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ). Professor Substituto de Direito Civil na Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) e de cursos de Pós-Graduação do Instituto New Law,
PUC-Rio, ITS-Rio, ESA-OAB/RJ, CEPED-UERJ, EMERJ, CEDIN e do Curso Trevo.
Membro da Comissão de Proteção de Dados e Privacidade da OAB-RJ e do
Instituto Brasileiro de Estudos de Responsabilidade Civil (IBERC). Pesquisador
em Gustavo Tepedino Advogados. Advogado. Instagram: @filipe.medon.
18
REZZUTTI, Paulo. D. Pedro II: a história não contada. São Paulo: LeYa,
2019, pp. 26-36.
29
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
19
WHINDERSON e Maria Lina mostram ultrassom do filho: “1ª foto em
família”. Quem. [s.l.]. 4 fev. 2021. Disponível em: https://revistaquem.globo.
com/QUEM-News/noticia/2021/02/whindersson-e-maria-lina-mostram-ul-
trassom-do-filho-1-foto-em-familia.html. Acesso em: 3 abr. 2021.
20
POSTAR foto de filhos sem autorização gera multa na Itália. ANSA Brasil.
[s.l.]. 9 jan. 2021. Disponível em: http://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/brasil/
tecnologia/2018/01/09/postar-foto-de-filhos-sem-autorizacao-gera-multa-na-
-italia_21c25b09-f5d1-417a-b994-2669ca32fd78.html. Acesso em 04 abr. 2021.
21
POSTAR foto de filhos sem autorização gera multa na Itália. ANSA Brasil, cit.
30
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
22
ECLI: NL: RBDHA: 2018: 13105. Disponível em: https://uitspraken.rechtspraak.
nl/inziendocument?id=ECLI:NL:RBDHA:2018:13105. Acesso em 10 abr. 2021.
23
LIMA, Renato. Sharenting: brasileiros expõem filhos na web sem entender
riscos. Tecmundo. [s.l.] 19 abr. 2020. Disponível em: https://www.tecmundo.com.
br/seguranca/152219-sharenting-brasileiros-expoem-filhos-web-entender-
-riscos.htm. Acesso em 30 jun. 2020.
24
LIMA, Renato. Sharenting: brasileiros expõem filhos na web sem entender
riscos, cit.
31
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
2. O QUE É O (OVER)SHARENTING?
O fenômeno tornou-se conhecido pelo neologismo
sharenting, que deriva da junção das palavras de língua
inglesa share (compartilhar) e parenting (cuidar, exercer a
autoridade parental),25 consistindo, em apertada síntese, “no
hábito de pais ou responsáveis legais postarem informações,
fotos e dados dos menores que estão sob a sua tutela em
25
EBERLIN, Fernando Büscher von Teschenhausen. SHARENTING, LIBERDADE
DE EXPRESSÃO E PRIVACIDADE DE CRIANÇAS NO AMBIENTE DIGITAL: o papel
dos provedores de aplicação no cenário jurídico brasileiro. Revista Brasileira
de Políticas Públicas, [s.l.], v. 7, n. 3, p. 256-273, 6 fev. 2018. Centro de Ensino
Unificado de Brasília. http://dx.doi.org/10.5102/rbpp.v7i3.4821, p. 258.
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PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
26
“A prática consiste no hábito de pais ou responsáveis legais postarem
informações, fotos e dados dos menores que estão sob a sua tutela em apli-
cações de internet. O compartilhamento dessas informações, normalmente,
decorre da nova forma de relacionamento via redes sociais e é realizado no
âmbito do legítimo interesse dos pais de contar, livremente, as suas próprias
histórias de vida, da qual os filhos são, naturalmente, um elemento central. O
problema jurídico decorrente do sharenting diz respeito aos dados pessoais
das crianças que são inseridos na rede mundial de computadores ao longo
dos anos e que permanecem na internet e podem ser acessados muito tempo
posteriormente à publicação, tanto pelo titular dos dados (criança à época
da divulgação) quanto por terceiros.” (EBERLIN, Fernando Büscher von Tes-
chenhausen. Sharenting, liberdade de expressão e privacidade de crianças no
ambiente digital, cit., p. 258).
27
Ver mais em: BESSANT, Claire. Sharenting: balancing the conflicting rights
of parents and children. Communications Law, vol. 23, n. 1, 2018. Ed. Blooms-
bury Professional, pp. 7-24.
28
“This kind of activity is called sharenting and has been defined by Collins
Dictionary as ‘the practice of a parent to regularly use the social media to
communicate a lot of detailed information about their child’ (Sharenting, as
cited in: Collins Dictionary).” (BROSCH, Anna. When the child is born into the
internet: sharenting as a growing trend among parents on facebook. The New
Educational Review, [s.l.], v. 43, n. 1, p. 225-235, 31 mar. 2016. Wydawnictwo
Adam Marszalek. http://dx.doi.org/10.15804/tner.2016.43.1.19, p. 226).
33
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
media. Emory Law Journal, [s.l.], vol. 66, p 839-884, 2017, p. 866.
30
UNICEF. The State of the World’s Children 2017: children in a digital world.
[s.l.]: Unicef, 2017. Disponível em: https://www.unicef.org/reports/state-worl-
ds-children-2017. Acesso em: 20 nov. 2020.
31
EBERLIN, Fernando Büscher von Teschenhausen. Direitos da Criança na
Sociedade da Informação: ambiente digital, privacidade e dados pessoais. São
Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020, p. 130.
34
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
35
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34
STEINBERG, Stacey. Growing up shared, cit., p. 44.
35
Para mais, recomenda-se: HOLTZ, Bree; SMOCK, Andrew; REYES-GASTELUM,
David. Connected Motherhood: Social Support for Moms and Moms-to-Be on
Facebook. Telemedicine and e-Health 21, nº. 5, 2015, pp. 415-421.
36
STEINBERG, Stacey. Growing up shared, cit., p. 28.
37
BROSCH, Anna. When the Child is Born into the Internet, cit., p. 227-233.
36
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FISCHER, Max; TAUB, Amanda. Pesquisa de Harvard acusa algoritmo do
YouTube de alimentar pedofilia. Jornal O Globo, 03 jun. 2019. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/sociedade/pesquisa-de-harvard-acusa-algoritmo-
-do-youtube-de-alimentar-pedofilia-23714288. ; https://oglobo.globo.com/
economia/tecnologia/para-conter-pedofilia-youtube-remove-comentarios-
-em-videos-com-criancas-23489621. Acesso em 08 ago. 2019.
39
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; MEDON, Filipe. A hipersexualização
infanto-juvenil na internet e o papel dos pais: liberdade de expressão, auto-
ridade parental e melhor interesse da criança. No prelo.
40
IDOETA, Paula Adamo. ‘Sharenting’: quando a exposição dos filhos nas
redes sociais não é necessariamente algo ruim. BBC News Brasil, 13 jan. 2020.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-51028308. Acesso
em 30 jun. 2020.
37
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
41
IDOETA, Paula Adamo. ‘Sharenting’: quando a exposição dos filhos nas
redes sociais não é necessariamente algo ruim, cit.
42
“Parents oversharing information about their children is nothing new.
However, today’s digital lifestyle can take it to a new level, turning parents
into “potentially the distributors of information about their children to mass
audiences.” Such ‘sharenting’, which is becoming more and more common,
can harm a child’s reputation. It can create potentially serious results in an
economy where individuals’ online histories may increasingly outweigh their
credit histories in the eyes of retailers, insurers and service providers. Parents’
lack of awareness can cause damage to a child’s well-being when these digital
assets depict a child without clothing, as they can be misused by child sex
offenders. It can also harm child well-being in the longer term by interfering
with children’s ability to self-actualize, create their own identity and find em-
ployment.” (UNICEF. The State of the World’s Children, 2017, cit.).
38
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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“ILEGITIMIDADE DE PARTE. PROVEDOR DE CONTEÚDO. FACEBOOK. POS-
TAGEM EM REDE SOCIAL. CONFORME O MARCO CIVIL DA INTERNET, O PRO-
VEDOR DE APLICAÇÃO NÃO É RESPONSÁVEL PELO CONTEÚDO GERADO POR
TERCEIROS, SOMENTE RESPONDENDO CIVILMENTE QUANDO, APÓS ORDEM
JUDICIAL, DEIXAR DE REMOVER O CONTEÚDO. ILEGITIMIDADE RECONHECIDA.
RECURSO DESPROVIDO. DIREITO DE IMAGEM. POSTAGEM, PELA MÃE, EM REDE
SOCIAL, ACERCA DA DOENÇA DE SEU FILHO (AUTISMO). CONTRARIEDADE
DO PAI. NÃO CABIMENTO. EMBORA SE DEVA EVITAR A SUPEREXPOSIÇÃO
DOS FILHOS EM REDES SOCIAIS, PRIVILEGIANDO A PROTEÇÃO À IMAGEM E
À INTIMIDADE DO INCAPAZ, NECESSÁRIO BALIZAR TAIS DIREITOS FUNDA-
MENTAIS COM A LIBERDADE DE EXPRESSÃO DA GENITORA. POSTAGEM QUE
NÃO OFENDE OU DESMORALIZA O INFANTE. TEOR DO TEXTO PUBLICADO
QUE DEMONSTRA PREOCUPAÇÃO E AFETO COM O MENOR. SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.” (grifos no original) (TJSP; Apelação Cível
1015089-03.2019.8.26.0577; Relator (a): Vito Guglielmi; Órgão Julgador: 6ª
Câmara de Direito Privado; Foro de São José dos Campos - 6ª Vara Cível; Data
do Julgamento: 13/07/2020; Data de Registro: 13/07/2020).
40
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
47
TJSP; Apelação Cível 1015089-03.2019.8.26.0577; Relator (a): Vito Guglielmi;
Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José dos Campos -
6ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/07/2020; Data de Registro: 13/07/2020.
48
TJSP; Apelação Cível 1015089-03.2019.8.26.0577; Relator (a): Vito Guglielmi;
Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José dos Campos -
6ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/07/2020; Data de Registro: 13/07/2020.
49
TJSP; Apelação Cível 1015089-03.2019.8.26.0577; Relator (a): Vito Guglielmi;
Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José dos Campos -
6ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/07/2020; Data de Registro: 13/07/2020.
41
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
50
TJSP; Apelação Cível 1015089-03.2019.8.26.0577; Relator (a): Vito Guglielmi;
Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José dos Campos -
6ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/07/2020; Data de Registro: 13/07/2020
51
Secção Cível do Tribunal da Relação de Évora, Proc.º n.º 789/13.7TMSTB-B.
E1 (Apelação – 2ª Secção), Relator Bernardo Domingos, 25/06/2015. Disponível
em: http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/134973db04f39bf2802579bf005f080b/7c52769f-
1dfab8be80257e830052d374?OpenDocument&Highlight=0,redes,sociais.
42
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
52
Secção Cível do Tribunal da Relação de Évora, Proc.º n.º 789/13.7TMSTB-B.
E1 (Apelação – 2ª Secção), Relator Bernardo Domingos, 25/06/2015. Disponível
em: http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/134973db04f39bf2802579bf005f080b/7c52769f-
1dfab8be80257e830052d374?OpenDocument&Highlight=0,redes,sociais.
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Secção Cível do Tribunal da Relação de Évora, Proc.º n.º 789/13.7TMSTB-B.
E1 (Apelação – 2ª Secção), Relator Bernardo Domingos, 25/06/2015. Disponível
em: http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/134973db04f39bf2802579bf005f080b/7c52769f-
1dfab8be80257e830052d374?OpenDocument&Highlight=0,redes,sociais.
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Secção Cível do Tribunal da Relação de Évora, Proc.º n.º 789/13.7TMSTB-B.
E1 (Apelação – 2ª Secção), Relator Bernardo Domingos, 25/06/2015. Disponível
em: http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/134973db04f39bf2802579bf005f080b/7c52769f-
1dfab8be80257e830052d374?OpenDocument&Highlight=0,redes,sociais.
55
Disponível em: < https://www.youtube.com/c/Belparameninas/about>
Acesso em 25 jan. 2021.
45
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PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
60
BBC News Brasil. Os pais que submetiam seus filhos a pegadinhas no
YouTube – e perderam a guarda de dois deles. BBC News Brasil, 3 mai. 2017.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-39790875.
Acesso em: 10 abr. 2021.
61
BELCHER, Sara. DaddyOFive’s Mike and Heather Martin Were Driven off
the Internet After Child Abuse Claims. Distractify, 06 mai. 2020. Disponível
em: https://www.distractify.com/p/daddyofive-now. Acesso em 10 abr. 2021.
47
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
48
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
66
EBERLIN, Fernando Büscher von Teschenhausen. Direitos da Criança na
Sociedade da Informação. cit., p. 131.
67
No original: “To be sure, the primary role and responsibility of parents is to
protect their children.” (SHMUELI, Benjamin; BLECHER-PRIGAT, Ayelet. Privacy
for children. Columbia Human Rights Law Review, vol. 42, p. 761).
68
STEINBERG, Stacey. Growing up shared, cit., p. xi.
49
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
69
“Contemplado pelo Código Civil de 1916 sob a designação de pátrio poder,
o instituto refletia a orientação hierarquizada e patriarcal que enxergava no pai
o chefe da família, submetendo ao seu comando e arbítrio os filhos. O pátrio
poder fincava raízes no patria potestas dos romanos, ‘dura criação de direito
despótico’, que se assemelhava a autêntico direito de propriedade sobre os
filhos”. (SCHREIBER, Anderson. Manual de Direito Civil Contemporâneo. São
Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 863).
50
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
70
TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Consentimento e prote-
ção de dados pessoais na LGPD. In: TEPEDINO, Gustavo; FRAZÃO, Ana; OLIVA,
Milena Donato (coords.). Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e suas reper-
cussões no Direito Brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 312.
71
“(...) ao não mencionar o adolescente, pessoa entre 12 e 18 anos de idade,
o §1º do art. 14 não deixou claro se o consentimento manifestado diretamente
pelo mesmo e sem assistência ou representação deveria ser considerado ple-
namente válido, como hipótese de capacidade especial, ou se simplesmente
o legislador teria optado por não tratar do tema, por já existir legislação geral
sobre a matéria no Código Civil. Ao que parece, o legislador pretendeu re-
conhecer a validade do consentimento expresso pelo adolescente. Tomando
como base a realidade da utilização da Internet e das mídias sociais, que têm
entre seus usuários legiões de adolescentes, é possível que tenha optado por
considerar jurídica hipótese fática dotada de ampla aceitação social.” (TEPE-
DINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Consentimento e proteção de
dados pessoais na LGPD. In: TEPEDINO, Gustavo; FRAZÃO, Ana; OLIVA, Milena
Donato (coords.). Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e suas repercussões
no Direito Brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 313). Ainda
tratando dessa omissão, Ana Carolina Brochado Teixeira e Anna Cristina Rettore
sustentam que, tendo em vista a importância do consentimento para o uso
de dados na vida de uma pessoa, “não é necessariamente certo que se deva
admitir que a prestação de consentimento entre 12 e 18 anos de idade receba
eficácia prescindindo totalmente da participação parental, sendo necessário
repensar os termos da legislação nessa seara.” (TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado;
RETTORE, Anna Cristina de Carvalho. A autoridade parental e o tratamento de
dados pessoais de crianças e adolescentes, cit, p. 526).
51
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
72
FERNANDES, Elora; MEDON, Filipe. Proteção de crianças e adolescentes
na LGPD: desafios interpretativos. No prelo.
52
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
73
“A partir da publicação da lei, a atividade das crianças menores de 16
anos em que tiverem sua imagem divulgada nas plataformas de vídeo on-
line estarão regulamentadas pela lei. Assim, com o intuito de responder ao
fenômeno crescente das “crianças youtubers”, a nova norma traz uma nova
relação de trabalho e um novo enquadramento à atual forma de atividade
envolvida em redes como Instagram, Facebook, TikTok e outros. De acordo
com a norma, as crianças “influencers” terão sua atividade protegidas pelo
código do trabalho exatamente como as previsões dirigidas às crianças que
desempenham trabalhos nas mídias e canais de comunicação franceses, tais
como, apresentadores de televisão, estrelas de novelas e cinema e modelos
publicitários menores de 16 anos. Sendo assim, colocou-se fim, naquele país,
em relação à discussão levantada pelas plataformas de que as atividades
desenvolvidas por esses menores nas redes seriam momentos de legítimo
lazer. Dessa forma, os pais ou responsáveis deverão demandar autorização
individual perante a administração responsável do Estado para a vinculação
de vídeos e conteúdos gerados pelos filhos em meio digital. Além disso, os
responsáveis pela criança terão uma nova obrigação financeira perante a ati-
vidade dos infantes: com o advento da lei, a receita obtida pelos filhos através
de sua atividade on-line deverá ser submetida à uma espécie de poupança
federal (Caisse des Dépôts et consignations), ficando sob vigilância do Estado
até que a criança atinja a maioridade ou ainda seja emancipada pelos pais. Na
França, tais regras já são aplicadas às crianças que trabalham como atrizes e
apresentadoras em mídias e canais de telecomunicações e são submetidas
a fim de evitar que os pais usem o dinheiro da criança apenas em benefício
próprio, assegurando, assim, o empenho correto dos valores recebidos. Além
disso, com a maior vigilância do Estado sobre o desempenho dessas crianças
on-line, outras questões pertinentes ao trabalho serão supervisionadas, tais
como horários, duração de turnos, obrigações e outros aspectos das normas
trabalhistas, impondo-se limites para que não haja prejuízo da vida escolar e
de lazer da criança.” (DENSA, Roberta; DANTAS, Cecília. Regulamentação sobre
o trabalho dos youtubers mirins na França e no Brasil. Migalhas, 01 dez. 2020.
Disponível em: https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-de-responsa-
bilidade-civil/337127/regulamentacao-sobre-o-trabalho-dos-youtubers-mi-
rins-na-franca-e-no-brasil. Acesso em 03 abr. 2021).
53
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
74
“Article 4. Les services de plateforme de partage de vidéos adoptent des
chartes qui ont notamment pour objet : 1º De favoriser l’information des uti-
lisateurs sur les dispositions de nature législative ou règlementaire applicables
en matière de diffusion de l’image d’enfants de moins de seize ans par le biais
de leurs services et sur les risques, notamment psychologiques, associés à la
diffusion de cette image ; 2º De favoriser l’information et la sensibilisation, en
lien avec des associations de protection de l’enfance, des mineurs de moins de
seize ans sur les conséquences de la diffusion de leur image sur une plateforme
de partage de vidéos, sur leur vie privée et en termes de risques psychologiques
et juridiques et sur les moyens dont ils disposent pour protéger leurs droits,
leur dignité et leur intégrité morale et physique ; 3º De favoriser le signalement,
par leurs utilisateurs, de contenus audiovisuels mettant en scène des enfants de
moins de seize ans qui porteraient atteinte à la dignité ou à l’intégrité morale
ou physique de ceux-ci ; 4º De prendre toute mesure utile pour empêcher
le traitement à des fins commerciales, telles que le démarchage, le profilage
et la publicité basée sur le ciblage comportemental, des données à caractère
personnel de mineurs qui seraient collectées par leurs services à l’occasion de
la mise en ligne par un utilisateur d’un contenu audiovisuel où figure un mineur
; 5º D’améliorer, en lien avec des associations de protection de l’enfance, la
détection des situations dans lesquelles la réalisation ou la diffusion de tels
contenus porteraient atteinte à la dignité ou à l’intégrité morale ou physique
des mineurs de moins de seize ans qu’ils font figurer ; 6º De faciliter la mise
en œuvre, par les mineurs, du droit à l’effacement des données à caractère
personnel prévu à l’article 51 de la loi no 78-17 du 6 janvier 1978 relative à
l’informatique, aux fichiers et aux libertés et d’informer ceux-ci, en des termes
clairs et précis, aisément compréhensibles par eux, des modalités de mise en
œuvre de ce droit.” Disponível em: https://www.legifrance.gouv.fr/download/
pdf?id=ZH19Uvg25Lf1vvwmpeAODXB0La5rYk6ys5dm_FwTPZs=. Acesso em
04 abr. 2021.
54
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
75
STEINBERG, Stacey. Growing up shared, cit., p. 125-137.
55
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
76
EBERLIN, Fernando Büscher von Teschenhausen. Direitos da Criança na
Sociedade da Informação, cit., p. 132.
77
TEPEDINO, Gustavo; MEDON, Filipe. A superexposição de crianças por
seus pais na internet e o direito ao esquecimento. No prelo.
56
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
78
A esse respeito, indica-se: TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; MULTEDO,
Renata Vilela. A Responsabilidade dos pais pela exposição excessiva dos fi-
lhos menores nas Redes Sociais: o fenômeno do sharenting. No prelo. Texto
gentilmente cedido pelas autoras.
79
STEINBERG, Stacey. Growing up shared, cit., p. 183-188.
57
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
CONCLUSÃO
Observou-se no presente artigo que o (over)sharenting
consiste em fenômeno irrefreável, acarretando riscos, ao
mesmo tempo em que se contrapõe ao compartilhamento
sadio, que pode trazer benefícios para genitores, filhos e, até
mesmo, para a comunidade. Contudo, a gravidade desses
80
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RETTORE, Anna Cristina de Carvalho.
A autoridade parental e o tratamento de dados pessoais de crianças e ado-
lescentes, cit., p. 523.
81
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. NERY, Maria Carla Moutinho. Vulnera-
bilidade digital de crianças e adolescentes: a importância da autoridade pa-
rental para uma educação nas redes. In: EHRHARDT JR., Marcos; LOBO, Fabíola
(orgs.). Vulnerabilidade e sua compreensão no direito brasileiro. Indaiatuba:
Foco, 2021, p. 143.
58
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
59
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Priscila Gonsales82
Charles Pimentel83
1. INTRODUÇÃO
Pioneira nas pesquisas e práticas com educação digital no
Brasil, a pesquisadora Léa Fagundes, 91 anos completados
em 2021, coordenou nos anos 80 uma das frentes da primeira
política pública do Ministério da Educação (MEC) para a
implementação de tecnologias da informação e comunicação
nas escolas: o projeto Educom84. Então coordenadora do
Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fagundes costumava
destacar que “a simples presença das tecnologias não impede
que o ensino tradicional, descontextualizado e hierárquico se
82
Priscila Gonsales é máster em Educação, Tecnologia e Família pela Pontifícia
Universidade de Salamanca (Espanha), mestranda em Inteligência Artificial e
Impactos Sociais na PUC-SP e professora na pós-graduação Formação Integral
de Educadores no Instituto Singularidades. Diretora-fundadora do Instituto
Educadigital, organização atuante desde 2010 em educação aberta associada
à promoção dos direitos digitais. Pesquisadora da Cátedra UNESCO em EaD na
Universidade de Brasília, é fellow Ashoka Empreendedores Sociais desde 2013
e selecionada como uma das Innovactoras Referentes del Siglo XXI em 2018.
83
Charles Pimentel é professor de matemática do Polo Educacional Sesc
no Rio de Janeiro, Mestre em Informática (Educação e Sociedade) pela UFRJ
e Especialista em Tecnologias da Informação Aplicadas à Educação, também
pela UFRJ. Pesquisador na área de ensino de inteligência artificial na educação
básica, faz parte do FabLearn Fellow na Universidade de Columbia e é douto-
rando em Informática na UFRJ.
84
VALENTE, J.A.; ALMEIDA, M.E.B. Políticas de tecnologia na educação no
Brasil: Visão histórica e lições aprendidas. Arquivos Analíticos de Políticas Edu-
cativas, 2020. Disponível em https://doi.org/10.14507/epaa.28.4295. Acesso
em 15 mar. 2021.
60
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
85
FAGUNDES, L.C. Tecnologia e educação: a diferença entre inovar e sofisti-
car as práticas tradicionais. Revista Fonte, Belo Horizonte, Ano 5, p. 6-12, dez.
2008. Entrevista concedida à revista. Disponível em https://www.prodemge.
gov.br/revista-fonte/Publication/9-A-educacao-e-as-novas-tecnologias-digi-
tais#page/6. Acesso em 09 mar. 2021.
86
MORAES, M.C. Informática educativa no Brasil: uma história vivida, al-
gumas lições aprendidas. Revista Brasileira de Informática na Educação, v.1,
n.1, 1997. Disponível em https://www.br-ie.org/pub/index.php/rbie/article/
view/2320/2082. Acesso em 26 mar. 2021.
87
MIT MEDIA LAB. Professor Emeritus Seymour Papert, Pioneer of Construc-
tionist Learning, Dies at 88. Artigo no site, 2016. Disponível em https://news.
mit.edu/2016/seymour-papert-pioneer-of-constructionist-learning-dies-0801.
Acessado 18 de março de 2021.
88
PAPERT, S. Logo: computadores e educação. São Paulo: Brasiliense, 1988.
61
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
62
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
91
KAUFMAN, D. A inteligência artificial irá suplantar a inteligência humana?
Estação das Letras e Cores, 2019.
92
GAROFALO, D. Como a inteligência artificial pode colaborar com a sua aula.
Nova Escola, 2019. Disponível em https://novaescola.org.br/conteudo/18312/
como-a-inteligencia-artificial-pode-colaborar-com-sua-aula. Acesso em 29
de mar. 2021.
O termo surge pela primeira vez durante o congresso de Dartmouth/
93
EUA http://www-formal.stanford.edu/jmc/history/dartmouth/dartmouth.html
63
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
94
BUZATO, Marcelo El Kouri. Dadificação, visualização e leitura do mundo:
quem fala por nós quando os dados falam por si? Linguagem em foco. For-
taleza, CE, v. 10, n. 1, p. 83-92, 2018. Disponível em https://revistas.uece.br/
index.php/linguagememfoco/article/view/1191/1007. Acesso em: 12 fev. 2021.
95
GONSALES, P.; AMIEL, T. Educação na contemporaneidade: entre dados e
direitos. Panorama Setorial da Internet. São Paulo, nº 3, outubro de 2020, p.1-
7. Disponível em https://nic.br/media/docs/publicacoes/6/20201110120042/
panorama_setorial_ano-xii_n_3_inteligencia_artificial_educacao_infancia.pdf.
Acesso em 9 fev. 2021.
CETIC.br. TIC Educação 2019. Disponível em https://cetic.br/pt/pesquisa/
96
pandemia: https://onlyo.co/2VCQy9w
64
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
98
CÓRDOVA, Y. Artificial Intelligence and the need for data fairness in the
global south. Medium, 2018. Disponível em https://medium.com/digitalhks/
data-fairness-for-the-global-south-d383b6159b86. Acesso em 22 de mar. 2021.
99
Mais detalhes podem ser encontrados no relatório Educação, Dados e
Plataformas, de 2020, disponível em: https://zenodo.org/record/4012539#.
X1QD25NKj4M
100
HARARI, Y.N. 21 lições para o século 21. Tradução de Paulo Geiger. São
Paulo: Companhia das Letras, 2018
101
MARIOTTI, H. ZAUHY, C. O desafio da incerteza: a cultura atual, a inteli-
gência artificial e a necessidade do pensar complexo. Mariotti, 2019, edição
kindle, l. 1675
65
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
102
VARGAS, F. Tecnologias enquanto linguagem: desafios e perspectivas das
novas linguagens em sala de aula. Anais do Encontro Virtual de Documenta-
ção em Software Livre e Congresso Internacional de Linguagem e Tecnologia
Online. v.3 n.1, 2014. Disponível em http://periodicos.letras.ufmg.br/index.
php/anais_linguagem_tecnologia/article/viewFile/5886/5116. Acesso em 12
mar. 2021.
103
GATTI, Francielle Nogueira. Educação básica e inteligência artificial: pers-
pectivas, contribuições e desafios. 2019. Dissertação de Mestrado - PUC-SP,
São Paulo, 2019. Disponível em https://tede2.pucsp.br/handle/handle/22788.
Acesso em 5 mar. 2021
104
ABSTARTUPS E CIEB. Mapeamento Edtechs: investigação sobre as tecnolo-
gias educacionais no Brasil. São Paulo, 2019. Disponível em https://cieb.net.br/
wp-content/uploads/2020/04/Mapeamento-Edtech_CIEB-e-Abstartups-2019.
pdf. Acesso em 14 de mar. 2021
66
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
em https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2020. Acesso
em 29 de mar. 2021.
106
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Ministério da Educação, 2016.
Disponível em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em 2 nov. 2020.
107
OECD Skill Outlook 2015: https://www.oecd-ilibrary.org/education/oec-
d-skills-outlook-2015_9789264234178-en
108
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: https://brasil.un.org/
pt-br/sdgs
UNESCO OER Recommendation: https://en.unesco.org/themes/buildin-
109
g-knowledge-societies/oer/recommendation
67
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
110
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular, 2018.
111
DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO
da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cor-
tez, 1996. Disponível em http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unes-
co_educ_tesouro_descobrir.pdf. Acesso em 15 nov. 2020.
112
BRASIL. Marco Civil da Internet. Lei 12.965/2014. Disponível em http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm. Acesso
em 1 mar. 2021.
113
GONSALES, P.; AMIEL, T. Educação na contemporaneidade: entre dados
e direitos. Cit. p. 4
68
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
69
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
115
BRASIL. Lei geral de proteção de dados. Lei 13.709/18. Disponível em
https://www.gov.br/defesa/pt-br/acesso-a-informacao/lei-geral-de-prote-
cao-de-dados-pessoais-lgpd. Acesso em 22 de mar. 2021
116
BIONI, B.R. Proteção de dados pessoais: a função e os limites do consen-
timento. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p.231: “privacy by design é a ideia de
que a proteção de dados pessoais deve orientar a concepção de um produto
ou serviços, devendo eles ser embarcados com tecnologias que facilitem o
controle e a proteção das informações pessoais”.
70
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
3. EXPERIÊNCIAS DE ENSINO DA IA
Podemos considerar que existem duas vertentes relacionadas
ao uso de IA na educação. A primeira, como vimos no tópico
anterior, envolve ensinar utilizando aplicações de IA amparadas
em plataformas e ferramentas tecnológicas, que podem
personalizar a experiência de cada aluno ou educador a partir
da coleta de dados.
A segunda vertente, ainda pouco considerada, apesar de
constar nas diretrizes curriculares para o Ensino Médio118, é
a que se concentra na importância de compreender a lógica
de funcionamento da IA. Trata-se de um potencial caminho
para apresentar aos estudantes o que torna os dispositivos
inteligentes tão invasivos, proporcionando a formação de novas
gerações de cidadãos conscientes a respeito dos benefícios,
riscos e cuidados relacionados ao uso de tais dispositivos.
Há motivos importantes para que a escola inclua no seu
71
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
119
DRUGA, S. Growing up with AI - Cognimates: from coding to teaching
machines. In: Dissertação (Mestrado). Massachusetts Institute of Technology,
2018. Disponível em https://www.media.mit.edu/publications/growing-up-wi-
th-ai/ . Acesso em 24 de mar. 2021
120
Assim como a primeira revolução industrial introduziu máquinas no sistema
de produção, a segunda introduziu a eletricidade e a terceira a informática, a
quarta revolução engloba um amplo sistema de tecnologias avançadas como
inteligência artificial, robótica e internet das coisas.
CID, E. Apresentação realizada na Live Inteligência Artificial: por uma
121
72
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
mana-desafios-discute-educacao-e-chatbot/
73
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
123
CARUSO, L.A.C. Impactos da difusão da inteligência artificial (IA) na
educação técnica de ensino médio. UNESCO do Brasil, 2021. Disponível em
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000375710?posInSet=1&queryI-
d=59cfc0a0-cdff-4eb4-9bc1-bbd808243118. Acesso em 29 de mar. 2021.
74
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
125
Aprendizado de Máquina - Machine Learning - é um campo da IA cujo
objetivo é desenvolver algoritmos capazes de aperfeiçoar seu desempenho
ao realizar tarefas específicas. Os algoritmos de aprendizado de máquina
aprendem as informações diretamente dos dados, sem a necessidade de uma
equação predeterminada como modelo.
126
Linguagem de programação que pode ser utilizada para as mais diversas
aplicações. É Open Source e foi desenvolvida tendo como um dos principais
objetivos ser de fácil utilização.
75
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Recognition Device.
76
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
77
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
128
LEE, Kai-Fu. Inteligência artificial: como os robôs estão mudando a forma
como amamos, nos relacionamos, trabalhamos e vivemos. Tradução de Marcelo
Barbão. Rio de Janeiro: Globolivros, 2019, p. 67.
129
https://teachablemachine.withgoogle.com/
130
https://quickdraw.withgoogle.com/?locale=en_US
131
https://colab.research.google.com/
78
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
132
Lives realizadas pela escola: Implicações éticas https://youtu.be/WZ9u-
TetaFuw e Poder e política https://youtu.be/xNa5RDx2XA8
133
Caso relatato no livro O Poder do Hábito, no qual a empresa norte-america-
na Target descobriu a gravidez de uma cliente antes mesmo de sua família ficar
sabendo https://sebraers.com.br/momento-da-empresa/o-poder-do-habito/
79
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, os avanços das aplicações de IA para a área de
educação envolvem um contexto paradoxal, pois ao mesmo
tempo em que pode trazer diversos benefícios, há também
ameaças. No meio educacional, difundiu-se a ideia de que
as grandes plataformas entregam serviços gratuitos, úteis e
sem riscos. No entanto, segundo relatório da Universidade de
Buckingham135 sobre visão ética da IA na educação, é preciso
haver cautela na introdução da IA no ambiente de aprendizagem,
uma vez que a tecnologia pode contribuir para aumentar o
acesso à educação, potencializar a aprendizagem, além de
ampliar oportunidades para uma formação fundamentada
em valores humanos, porém, pode se tornar uma forma de
vigilância e controle.
Na mesma linha, educadores que participaram de um
workshop realizado em 2017 pelo Instituto Educadigital,
em parceria com a IBM e a PUC-SP, listaram cuidados e
oportunidades que a IA inspira, dentre eles:
134
O documentário Privacidade Hackeada, disponível na Netflix, relata o caso.
135
THE UNIVERSITY OF BUCKINGHAN. The ethical framework for IA in edu-
cation. The Institute for Ethical AI in Education, 2020. Disponível em https://
fb77c667c4d6e21c1e06.b-cdn.net/wp-content/uploads/2021/03/The-Institu-
te-for-Ethical-AI-in-Education-The-Ethical-Framework-for-AI-in-Education.pdf.
Acesso em 2 de mar. 2021.
80
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
136
SILVA, M. da G. S.; GONSALES, P. Possibilidades da inteligência artificial
na educação. IBM, PUC-SP, Educadigital, 2017. Disponível em https://www.
ibm.com/ibm/responsibility/br-pt/downloads/e-book-IA-na-educacao.pdf.
Acesso em 22 de mar. 2021.
HARARI, Y. N. Palestra na Câmara dos Deputados, moderação de Ronaldo
137
81
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
138
Realizado pelo ITS-Rio, disponível em: https://itsrio.org/pt/comunicados/
estrategia-brasileira-de-inteligencia-artificial/
139
Consulta pública sobre a estratégia brasileira de IA: http://participa.br/
estrategia-brasileira-de-inteligencia-artificial/estrategia-brasileira-de-inteli-
gencia-artificial-aplicacao-no-poder-publico
82
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
83
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Ana Frazão140
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A economia digital centrada nos dados vem trazendo
transformações em ritmo acelerado, muitas vezes sem as
reflexões jurídicas e éticas necessárias. Parte dessa dificuldade
deve-se à assimetria informacional. Com efeito, na economia
movida a dados, os algoritmos constituem verdadeiras caixas-
pretas, pois ninguém sabe ao certo como funciona esse poder
de ação e de predição141.
Como descreve Shoshana Zuboff142, o “capitalismo de
vigilância” apropria-se da experiência humana por meio de
operações propositadamente ocultadas para transformá-la
em produção e vendas. Na economia digital, os dados são
vistos como mercadorias valiosas, cuja extração exige uma
ampla vigilância de seus usuários. A “sociedade de vigilância”
é, portanto, a outra face do “capitalismo de vigilância”.
É verdade que a coleta de dados não é algo propriamente
novo, sendo a história marcada por inúmeras experiências e
avanços na tarefa de obter, coletar e acessar dados. Entretanto,
84
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
143
FRAZÃO, Ana. Fundamentos dos dados pessoais – Noções introdutórias
para a compreensão da importância da Lei Geral de Proteção de dados. In:
FRAZÃO, Ana; TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato (coords). Lei Geral
de Proteção de Dados e suas repercussões no Direito Brasileiro. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2019. E-book, pp. 25-63 (p. 57); ROSS, Alec. The industries
of the future. Nova York: Simon & Schuster, 2016.
144
FRAZÃO, Ana. Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 27
145
HOOFNAGLE, Chris Jay; SOLTANI, Ashkan; GOOD, Nathaniel; WANBACH,
Dietrich J. Behavioral advertising: the offer you can’t refuse. Harvard Law &
Policy Review, v. 6, pp. 273-296, 2012.
146
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 29.
85
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
86
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
151
ZUBOFF, Shoshana. The age of surveillance capitalism, cit., p. 8.
152
SCHNEIRER, Bruce. Data and Goliath. The hidden battles to collect your
data and control your world. New York: W.W. Norton & Company, 2015, p. 57.
Cf. FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 30.
153
LISSADY, Gerardo. “Despreparada para a era digital, a democracia está
sendo destruída”, afirma guru do “big data”. BBC. 9 abr. 2017. Disponível em
https://www.bbc.com/portuguese/geral-39535650. Acesso em 27 jul. 2020.
87
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
154
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 35.
155
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 35.
156
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 37.
88
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
157
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 37.
158
AGRAWAL, Jay; GANS, Joshua; GOLDBARF, Avi. Prediction machines. The
simple economics of artificial inteligence. Boston: Harvard Business Review
Press, 2018.
159
RODOTÀ, Stefano. A vida na sociedade da vigilância. A privacidade hoje.
Rio de Janeiro: Renovar, 2008. Trad. Danilo Doneda e Laura Cabral Doneda,
p. 111-139.
160
DONEDA, Danilo. Da privacidade à proteção de dados pessoais. Rio de
Janeiro: Renovar, 2006, p. 174-175.
161
CHENEY-LIPPOLD, John. We are data. Algorithms and the making of our
digital selves. New York: New York University Press, 2017, p. xiii-7.
89
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
162
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 38.
163
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 40.
164
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 41.
165
RODOTÀ, Stefano. A vida na sociedade da vigilância, cit., pp. 18-19.
90
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
166
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 41.
167
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 42.
168
GILLIOM, John; MONAHAN, Torin. Supervision. An Introduction to the
Surveillance Society. Chicago: The University of Chicago Press, 2013, p. 129-139.
91
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
169
FRAZÃO, Fundamentos dos dados pessoais, cit., p. 45.
170
CASTELLS, Manual. O poder da comunicação. São Paulo: Paz e Terra, 2016.
92
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
171
Cf. NIC.BR - NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PON-
TO BR. TIC Kids Online Brasil 2019: pesquisa sobre o uso da internet por
crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no
Brasil (CGI.br), 2020. Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicaco-
es/2/20201123093344/tic_kids_online_2019_livro_eletronico.pdf/. Acesso em
28 ago. 2020. A pesquisa TIC Kids Online Brasil é realizada anualmente, desde
2012, pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade
da Informação (Cetic.br). A iniciativa tem como objetivo examinar o acesso à
Internet por crianças e adolescentes de 9 a 17 anos de idade e uso usos que
eles fazem da rede.
A pesquisa considera “usuário” aquele que utilizou a Internet pelo menos
172
93
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
173
UNICEF. Children and Digital Marketing: rights, risks and responsibilities.
discussion paper. [s.l.], 2018. Disponível em: https://sites.unicef.org/csr/css/
Children_and_Digital_Marketing_-_Rights_Risks_and_Responsibilities.pdf. Acesso
em: 1 ago. 2020, p. 4.
174
EBERLIN, Fernando Büscher von Teschenhausen. Direitos da criança na
Sociedade da informação. São Paulo: RT, 2019. E-book.
175
MASCHERONI, G; HOLLOWAY, Donnel. The quantified child: discourses
and practices of dataveillance in different life stages. In: O Erstad, R. et al
(orgs.) Routledge Handbook of Digital Literacies in Early Childhood. Abington:
Routledge, 2019.
94
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
95
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
176
MORÓN, Lola. A ditadura dos ‘likes’. El País. [s.l.]. 21 abr. 2018. Disponível
em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/11/eps/1523439393_286283.html.
Acesso em: 27 jul. 2020.
177
EBERLIN, Fernando Büscher von Teschenhausen. Direito da criança na
Sociedade da Informação, cit.
96
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
178
ALLEN, Mike. Sean Parker unloads on Facebook: God only knows what
it’s doing to our children’s brains. Axios. [s.l.]. 9 nov. 2017. Disponível em:
https://www.axios.com/sean-parker-unloads-on-facebook-god-only-k-
nows-what-its-doing-to-our-childrens-brains-1513306792-f855e7b4-4e-
99-4d60-8d51-2775559c2671.html. Acesso em: 13 ago. 2020.
97
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
98
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
179
BROCHADO, Ana Carolina. RETTORE, Anna Cristina de Carvalho. A au-
toridade parental e o tratamento de dados de crianças e adolescentes. In:
FRAZÃO, Ana; TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato (coords). Lei Geral
de Proteção de Dados e suas repercussões no Direito Brasileiro. São Paulo:
Revista dos Tribunais, pp. 633-655, 2019. E-book, p. 633.
99
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
180
EBERLIN, Fernando Büscher von Teschenhausen. Direitos da criança na
sociedade da informação, cit.
BROCHADO, Ana Carolina. RETTORE, Anna Cristina de Carvalho. A autori-
181
100
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
182
PEREIRA, Tânia da Silva. O “melhor interesse da criança”. In: PEREIRA, Tânia
da Silva (Coord). O melhor interesse da criança: um debate interdisciplinar. Rio
de Janeiro, Renovar, 1999, p. 3.
101
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
183
BARBOZA, Heloísa Helena. Paternidade responsável: o cuidado como
dever jurídico. In: PEREIRA, Tânia da Silva; OLIVEIRA, Guilherme de. Cuidado e
responsabilidade. São Paulo: Atlas, 2011, p. 86.
184
BARBOZA, Heloísa Helena et al. Contornos jurídicos do apadrinhamento
no direito brasileiro: considerações à luz do melhor interesse de crianças e
adolescentes, RJLB, ano 6, nº 3, 2020, p. 855-896. Disponível em https://www.
cidp.pt/revistas/rjlb/2020/3/2020_03_0855_0896.pdf. Acesso em 22 jul. 2020.
102
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
103
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
187
ZUBOFF, Shoshana. The age of surveillance, cit., p. 97.
YATES, Mark. “Behavioral Surplus” Is Not Evil: it’s essential to customer
188
104
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos riscos decorrentes da coleta indiscriminada de
dados de crianças, não é de surpreender que a Lei Geral de
Proteção de Dados tenha imposto tratamento mais protetivo
à coleta e tratamento de dados nessas hipóteses.
Além da observância das regras expressamente previstas
no art. 14 da LGPD e seus respectivos parágrafos, a tutela
especial das crianças e adolescentes impõe uma conclusão
importante sobre o tema: o consentimento dos pais ou do
responsável legal, no caso das crianças, ou do próprio titular,
no caso dos adolescentes, conforme o caso, não eximem os
controladores de observarem o melhor interesse da criança e
do adolescente no que se refere ao tratamento de seus dados.
105
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
106
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
1. INTRODUÇÃO
O The New York Times reportou que Hector Balderas, o
procurador-geral do estado do Novo México, nos Estados
Unidos, apresentou uma ação judicial contra o Google em
fevereiro de 2020, sobre o fundamento de que a tech giant
usou as suas aplicações direcionadas para a educação para
vigiar o comportamento de crianças e de suas famílias. Dados
pessoais como localização, sites visitados, vídeos assistidos no
YouTube e gravações de voz foram exemplificadas na ação
como presentes no escopo da vigilância, tendo sido apontadas
violações ao Children’s Online Privacy Protection Act (COPPA)
e à respectiva lei estadual.
Anteriormente, em setembro de 2019, diante de acusações
em nível federal e pelo estado de Nova Iorque, o Google
concordou em pagar uma multa no valor de 170 milhões de
dólares pela coleta ilícita de dados pessoais de crianças no
YouTube. Em 2015, o Google havia assinado um compromisso
189
Professor Adjunto do Departamento de Direito Privado e membro do
corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Direito e Inovação da Faculdade de Direito da Universidade Federal de de Juiz
de Fora (UFJF). Doutor e Mestre em Direito Civil pela Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ). Especialista em Direito Civil pela Università degli
Studi di Camerino (Itália). E-mail: [email protected].
190
Doutoranda em Direito Civil pela UERJ. Mestre em Direito e Inovação
pela UFJF. Advogada. Membro do Observatório de Legislação e Jurisprudência
da Comissão de Direito Privado e Novas Tecnologias do Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil. E-mail: [email protected].
107
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
191
SINGER, Natasha; WAKABAYASHI, Daisuke. New Mexico Sues Google Over
Children’s Privacy Violations. 2020. The New York Times. Disponível em: https://
www.nytimes.com/2020/02/20/technology/new-mexico-google-lawsuit.html.
Acesso em: 09 mar. 2021.
192
BRYAN, Susan Montoya. US judge dismisses New Mexico privacy claims
against Google. 2020. ABCNews. Disponível em: https://abcnews.go.com/Tech-
nology/wireStory/us-judge-dismisses-mexico-privacy-claims-google-73295336.
Acesso em: 02 abr. 2021.
193
READ, Sara Merken 1 Min. New Mexico AG seeks to revive children’s
privacy lawsuit against Google. 2020. Reuters. Disponível em: https://www.
reuters.com/article/dataprivacy-google-newmexico-idUSL1N2IG2G2. Acesso
em: 02 abr. 2021.
194
O fenômeno conceituado por “capitalismo de vigilância” por Shoshana
Zuboff, no qual o Google figuraria como pioneiro, tem, em realidade, acepção
global. Cf. “Surveillance capitalism unilaterally claims human experience as
free raw material for translation into behavioral data. Although some of these
data are applied to product or service improvement, the rest are declared as
a proprietary behavioral surplus, fed into advanced manufacturing processes
known as “machine intelligence,” and fabricated into prediction products that
anticipate what you will do now, soon, and later”. (ZUBOFF, Shoshana. The Age
of Surveillance Capitalism: the fight for a human future at the new frontier of
power. New York: PublicAffairs, 2019).
108
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
195
Não há consenso sobre o conceito de Inteligência Artificial. Russel e Norvig
visualizam oito tipos diferentes de definições para o termo. Os autores dividem as
abordagens em quatro categorias: (i) pensando como um humano; (ii) pensando
racionalmente; (ii) agindo como seres humanos; e (iv) agindo racionalmente (RUSSELL,
Stuart; NORVIG, Peter. Inteligência artificial. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013). Nesse
sentido, observa-se que definições dividem-se em perspectivas sobre processos de
pensamento e raciocínio e comportamento, além de utilizarem como referencial o
desempenho humano ou a racionalidade, respectivamente. Para Eduardo Magrani,
Inteligência Artificial é um subcampo da informática que tem por objetivo habilitar
o desenvolvimento de computadores que sejam capazes de emular a inteligência
humana ao realizar determinadas tarefas (MAGRANI, Eduardo. Entre dados e robôs:
ética e privacidade na era da hiperconectividade. Porto Alegre: Arquipélago Editorial,
2019. p. 1-304). Alexandre Quaresma ressalta que a própria expressão “inteligência
artificial” contém um equívoco, qual seja, uma ambiguidade conceitual que decorre
do fato de que esses sistemas não surgem artificialmente por si, mas sim da própria
inteligência humana (QUARESMA, Alexandre. Inteligência artificial e bioevolução:
Ensaio epistemológico sobre organismos e máquinas. Dissertação de mestrado pelo
programa de pós-graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital (TIDD),
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Sem desconsiderar os variados
campos e abordagens, nota-se que a IA foi historicamente conceituada em termos
antropomórficos. Além de sempre se falar de máquinas que pensam e aprendem,
o próprio nome - inteligência artificial - nos desafia a comparar reiteradamente os
modos humanos de raciocínio com algoritmos e outros modelos matemáticos. Cf.
“Da mesma forma que acontece com os conceitos jurídicos, nem sempre é claro se
essa linguagem é utilizada em sentido literal ou metafórico.” (NEGRI, Sergio Marcos
Carvalho de Avila; Robôs como pessoas: a personalidade eletrônica na Robótica e
na Inteligência Artificial. PENSAR, v. 25, p. 1-14, 2020). Nos últimos anos, ganhou
destaques o chamado aprendizado de máquina, que não se confunde propriamente
com a IA: “Aprendizado de máquina é qualquer metodologia e conjunto de técnicas
que podem empregar dados para criar novos padrões e conhecimentos e gerar
modelos que podem ser usados para previsões eficazes sobre os dados. O apren-
dizado de máquina é definido pela capacidade de definir ou modificar regras de
tomada de decisão de forma autônoma.” (OTTERLO, Van. A machine learning view
on profiling. In: HILDEBRANDT, M.; DE VRIES, K. (Eds.) Privacy, due process and the
computational turn: philosophers of law meet philosophers of technology. Abing-
don: Routledge, 2013. p. 41-64.). Atualmente as técnicas utilizadas dividem-se nas
seguintes abordagens principais: o aprendizado supervisionado, o aprendizado não
supervisionado e o aprendizado por reforço. Ao tratar do aprendizado de máquina,
Caitlin Mulholland e Isabella Z. Frajhof alertam que, muitas vezes, os resultados são
obtidos sem que seja possível reconhecer previamente os padrões que foram ado-
tados pela inteligência artificial para a análise dos dados selecionados e o modo de
trabalho que levaram a esses outputs (MULHOLLAND, Caitlin; FRAJHOF, Isabella Z.
Inteligência Artificial e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais: Breves anotações
sobre o direito à explicação perante a tomada de decisões por meio de machine
learning. In: FRAZÃO, Ana; MULHOLLAND, Caitlin (Org.). Inteligência Artificial e
Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019. p. 263-290).
109
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
196
HASSE, Alexa; CORTESI, Sandra; LOMBANA-BERMUDEZ, Andres; GASSER,
Urs. Youth and Artificial Intelligence: Where We Stand. 2019. Berkman Klein
Center for Internet & Society publication. Disponível em: https://cyber.harvard.
edu/publication/2019/youth-and-artificial-intelligence/where-we-stand. Acesso
em: 02. fev. 2021.
197
HASSE, Alexa; CORTESI, Sandra; LOMBANA-BERMUDEZ, Andres; GASSER,
Urs. Youth and Artificial Intelligence, cit., p. 15-19.
198
UNITED NATIONS. General Assembly. Artificial intelligence and privacy,
and children’s privacy - Report of the Special Rapporteur on the right to privacy,
Joseph A. Cannataci. 2021. Disponível em: https://documents-dds-ny.un.org/
doc/UNDOC/GEN/G21/015/65/PDF/G2101565.pdf?OpenElement. Acesso em:
29 mar. 2021, p. 14.
110
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
199
DONEDA, Danilo; ROSSINI, Caroline Almeida A. Proteção de dados de
crianças e adolescentes na Internet. In: Barbosa, A. F. (Coord). TIC Kids Online
Brasil 2014: pesquisa sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no
Brasil. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2015, p. 37-46. Disponível
em: http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/TIC_Kids_2014_livro_eletronico.
pdf. Acesso em: 01 abr. 2021, p. 37.
200
UNITED NATIONS. General Assembly. Artificial intelligence and privacy,
and children’s privacy - Report of the Special Rapporteur on the right to privacy,
Joseph A. Cannataci, cit., p. 14.
111
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
201
TSAMADOS, Andreas; AGGARWAL, Nikita; COWLS, Josh; MORLEY, Jessica;
ROBERTS, Huw; TADDEO, Mariarosaria; FLORIDI, Luciano. The ethics of algo-
rithms: key problems and solutions. AI & Society, [s.l.], 20 fev. 2021. Springer
Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s00146-021-01154-8.
202
“There are also important concerns around the impact that AI systems
might have in amplifying existing social inequalities among youth of different
races, socio-economic statuses, genders, and regions (e.g., Global North and
Global South)” (HASSE, Alexa; CORTESI, Sandra; LOMBANA-BERMUDEZ, Andres;
GASSER, Urs. Youth and Artificial Intelligence, cit., p. 8).
203
Para a Convenção, considera-se criança a pessoa de até 18 anos incom-
pletos.
112
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
204
NAÇÕES UNIDAS (Convenção sobre os Direitos da Criança). Interesse
superior da criança: comentário geral n.º 14 (2013) do comité dos direitos
da criança sobre o direito da criança a que seu interesse superior seja tido
primacialmente em consideração. Comentário geral n.º 14 (2013) do Comité
dos Direitos da Criança sobre o direito da criança a que seu interesse superior
seja tido primacialmente em consideração. 2017. Tradução: Pedro D’Orey. Dis-
ponível em: https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/documentos/
pdf/cdc_com_geral_14.pdf. Acesso em: 08 out. 2020, p. 10.
113
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
205
MITTELSTADT, Brent Daniel; ALLO, Patrick; TADDEO, Mariarosaria; WACH-
TER, Sandra; FLORIDI, Luciano. The ethics of algorithms: mapping the debate.
Big Data & Society, [s.l.], v. 3, n. 2, p. 1-21, dez. 2016. SAGE Publications. http://
dx.doi.org/10.1177/2053951716679679.
206
No presente artigo, adota-se um conceito amplo de algoritmos como
construção matemática, bem como as suas implementações enquanto pro-
gramas e configurações (aplicações). (TSAMADOS, Andreas; AGGARWAL,
Nikita; COWLS, Josh; MORLEY, Jessica; ROBERTS, Huw; TADDEO, Mariarosaria;
FLORIDI, Luciano. The ethics of algorithms, cit., n. p.).
207
BOYD, Danah; CRAWFORD, Kate. Critical Questions for Big Data. Informa-
tion, Communication & Society, [s.l.], v. 15, n. 5, p. 662-679, jun. 2012. Informa
UK Limited. http://dx.doi.org/10.1080/1369118x.2012.678878. Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/1369118X.2012.678878. Acesso
em: 09 mar. 2021.
114
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
208
A metáfora da black box apresentada por Frank Pasquale apresenta dois
significados: como monitoramento de dados e como um sistema que trabalha
de forma misteriosa, sabemos o input e o output, mas não se compreende
como um se transformou no outro. Deparamo-nos na atualidade com os dois
significados, na medida em que somos progressivamente rastreados por em-
presas e pelo governo, sem que seja assinalado o uso das informações, onde
ela pode chegar e as suas consequências, processo permeado de estratégias
para a manutenção das black boxes que agrava a assimetria informacional.
(PASQUALE, Frank. The Black Box Society: The Secret Algorithms That Control
Money and Information. Cambridge: Harvard University Press, 2015).
Cf. RODOTÀ, Stefano. Il mondo nella rete: Quali i diritti, quali i vincoli.
209
115
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Rights. 2020. The Human Error Project - Child Data Citizen - RESPONSE to the
Consultation on the White Paper on Artificial Intelligence - A European Approach.
Disponível em: http://childdatacitizen.com/cdc/wp-content/uploads/2020/06/
The-Human-Error-in-AI-and-Children-Rights_Prof.-Barassi_Response-to-AI-
-White-Paper-.pdf. Acesso em: 09 mar. 2021.
212
Em atenção à amplitude do debate sobre o enviesamento algorítmico,
realizou-se um recorte, no presente estudo, sobre certas peculiaridades diante
de crianças e adolescentes.
213
Data brokers no campo da educação nos Estados Unidos vendem não
apenas dados de estudantes, mas aqueles relativos às suas famílias, como
profissão, origem étnica, situação financeira, estado civil, elementos de estilo
de vida, entre outros. (RUSSELL, N. Cameron; REIDENBERG, Joel R.; MARTIN,
Elizabeth; NORTON, Thomas. Transparency and the Marketplace for Student
Data. Ssrn Electronic Journal, [s.l.], n. 4, p. 1-34, jun. 2018. Elsevier BV. http://
dx.doi.org/10.2139/ssrn.3191436).
116
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
117
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
217
Segundo a LGPD, paralelamente ao GDPR, são considerados sensíveis
os dados pessoais “sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião
política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico
ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou bio-
métrico, quando vinculado a uma pessoa natural”. Sobre os mecanismos de
tutela específicos para essa categoria de dados na LGPD, cf. KORKMAZ, Maria
Regina Detoni Cavalcanti Rigolon. Dados sensíveis na Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais: mecanismos de tutela para o livre desenvolvimento da per-
sonalidade. 2019. 118 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Direito e Inovação,
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2019. Disponível em: http://
repositorio.ufjf.br:8080/jspui/bitstream/ufjf/11438/1/mariareginadetonicaval-
cantirigolonkorkmaz.pdf. Acesso em: 31 maio 2020.
218
Sobre as características próprias de cada categoria, cf. MENDES, Laura
Schertel; MATTIUZZO, Marcela. Discriminação Algorítmica: conceito, funda-
mento legal e tipologia. Revista Direito Público, Porto Alegre, v. 16, n. 90, p.
39-64, dez. 2019. Dossiê Proteção de Dados e Inteligência Artificial: Perspectivas
Éticas e Regulatórias, p. 51-53.
118
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
219
Sobre a “aparência de inofensividade”, cf. “Ao se considerar as crianças e
os adolescentes como pessoas em desenvolvimento, a bolha dos filtros pre-
sente na internet, advinda da extrema personalização do conteúdo por meio
de algoritmos, pode ter efeitos geracionais nunca antes imaginados.” (NEGRI,
Sergio Marcos Carvalho de Ávila; FERNANDES, Elora Raad; KORKMAZ, Maria
Regina Detoni Cavalcanti Rigolon. A Proteção Integral de Crianças e Adoles-
centes: desafios jurídicos de uma sociedade hiperconectada. In: Fabiana de
Menezes Soares; Thaís de Bessa Gontijo de Oliveira; Paula Carolina de Oliveira
Azevedo da Mata. (Org.). Ciência, Tecnologia e Inovação: Políticas & Leis. 305ed.
Florianópolis: Tribo da Ilha, 2019, v. 1, p. 283-304, p. 287).
220
HASSE, Alexa; CORTESI, Sandra; LOMBANA-BERMUDEZ, Andres; GASSER,
Urs. Youth and Artificial Intelligence, cit., p. 17.
221
TSAMADOS, Andreas; AGGARWAL, Nikita; COWLS, Josh; MORLEY, Jes-
sica; ROBERTS, Huw; TADDEO, Mariarosaria; FLORIDI, Luciano. The ethics of
algorithms, cit., n. p.
119
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
222
UNITED NATIONS. General Assembly. Artificial intelligence and privacy,
and children’s privacy - Report of the Special Rapporteur on the right to privacy,
Joseph A. Cannataci, cit., p. 14.
223
“The term ‘child’ refers to an individual under 18 years of age” (UNITED
NATIONS. General Assembly. Artificial intelligence and privacy, and children’s
privacy - Report of the Special Rapporteur on the right to privacy, Joseph A.
Cannataci, cit., p. 11).
120
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
224
Cf. “The Convention on the Rights of the Child provides States parties
and parents with the capacity and obligation, where necessary, to adjudicate
children’s enjoyment of their article 16 rights consistent with their evolving
capacity (art. 5) in order to secure the best interests of the child (art. 3).”
(UNITED NATIONS. General Assembly. Artificial intelligence and privacy, and
children’s privacy - Report of the Special Rapporteur on the right to privacy,
Joseph A. Cannataci, cit., p. 11).
225
“States parties should prohibit by law the profiling or targeting of children
of any age for commercial purposes on the basis of a digital record of their
actual or inferred characteristics, including group or collective data, targeting
by association or affinity profiling. Practices that rely on neuromarketing,
emotional analytics, immersive advertising and advertising in virtual and
augmented reality environments to promote products, CR applications and
services should also be prohibited from engagement directly or indirectly with
children.” (UNITED NATIONS. Committee on the Rights of the Child. Convention
on the Rights of the Child - General comment No. 25 (2021) on children’s rights
in relation to the digital environment. 2021. Disponível em: https://tbinternet.
ohchr.org/_layouts/15/treatybodyexternal/Download.aspx?symbolno=CRC/C/
GC/25&Lang=en. Acesso em: 29 mar. 2021, p. 7-8).
121
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
226
Devem ser destacados os riscos da chamada “fabricação de intervenção
humana”. Ou seja, para que uma decisão perca a sua natureza de exclusivamente
automatizada, a intervenção humana deve ser consistente e ter a aptidão de
alterar o resultado. (ARTICLE 29 DATA PROTECTION WORKING PARTY. Guidelines
on Automated individual decision-making and Profiling for the purposes of
Regulation 2016/679. 2017. Adopted on 3 October 2017 As last Revised and
Adopted on 6 February 2018. Disponível em: https://ec.europa.eu/newsroom/
article29/item-detail.cfm?item_id=612053. Acesso em: 08 ago. 2019. p. 21).
227
O art. 22 (1) do GDPR dispõe que “O titular dos dados tem o direito de
não ficar sujeito a nenhuma decisão tomada exclusivamente com base no
tratamento automatizado, incluindo a definição de perfis, que produza efeitos
na sua esfera jurídica ou que o afete significativamente de forma similar”. O
Grupo de Trabalho do Artigo 29 aponta que decisões não totalmente automa-
tizadas poderiam ser tuteladas com a oposição prevista no art. 21 do GDPR,
bem como traz sugestões possíveis do que poderia, no contexto do GDPR, ser
compreendido dentro do escopo do que teria o condão de afetar significati-
vamente o titular: “significantly affect the circumstances, behaviour or choices
of the individuals concerned; have a prolonged or permanent impact on the
data subject; or at its most extreme, lead to the exclusion or discrimination of
individuals; (...) decisions that affect someone’s financial circumstances, such
as their eligibility to credit; decisions that affect someone’s access to health
services; decisions that deny someone an employment opportunity or put them
at a serious disadvantage; decisions that affect someone’s access to education,
for example university admissions”. (ARTICLE 29 DATA PROTECTION WORKING
PARTY. Guidelines on Automated individual decision-making and Profiling for
the purposes of Regulation 2016/679. 2017, cit., p. 21-22).
122
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
228
ARTICLE 29 DATA PROTECTION WORKING PARTY. Guidelines on Automa-
ted individual decision-making and Profiling for the purposes of Regulation
2016/679, cit., p. 19.
229
O item 4 do art. 22 estabelece restrições adicionais para o uso de dados
sensíveis, descritos no art. 9 do GDPR, para as decisões automatizadas.
230
INFORMATION COMMISSIONER’S OFFICE (United Kingdom). What if we
want to profile children or make automated decisions about them? Disponível
em: https://ico.org.uk/for-organisations/guide-to-data-protection/guide-to-
-the-general-data-protection-regulation-gdpr/children-and-the-uk-gdpr/
what-if-we-want-to-profile-children-or-make-automated-decisions-about-
-them/. Acesso em: 03 mar. 2021.
123
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
231
ARTICLE 29 DATA PROTECTION WORKING PARTY. Guidelines on Automa-
ted individual decision-making and Profiling for the purposes of Regulation
2016/679, cit., p. 28-29.
232
“Quando os dados pessoais forem tratados para efeitos de comercializa-
ção direta, o titular dos dados tem o direito de se opor a qualquer momento
ao tratamento dos dados pessoais que lhe digam respeito para os efeitos da
referida comercialização, o que abrange a definição de perfis na medida em
que esteja relacionada com a comercialização direta”.
124
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
233
A propósito, confira-se o infográfico apresentado pela Comissão Europeia:
Disponível em: https://ec.europa.eu/info/sites/info/files/online_marketing_in-
fographic_2016_en.pdf. Acesso em: 31 mar. 2021.
234
No GDPR, estaria abarcada no conceito de criança a idade de até 18 anos.
125
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
235
DATA PROTECTION COMMISSION. Children Front and Centre: funda-
mentals for a child-oriented approach to data processing. Fundamentals for
a Child-Oriented Approach to Data Processing. 2020. Draft Version for Public
Consultation. Disponível em: https://www.dataprotection.ie/sites/default/
files/uploads/2020-12/Fundamentals%20for%20a%20Child-Oriented%20
Approach%20to%20Data%20Processing_Draft%20Version%20for%20Con-
sultation_EN.pdf. Acesso em: 02 mar. 2021.
236
UNITED NATIONS. Committee on the Rights of the Child. Convention on
the Rights of the Child - General comment No. 25 (2021) on children’s rights
in relation to the digital environment, cit., p. 21.
126
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
127
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
237
A propósito das controvérsias sobre o direito à explicação na União Euro-
peia, cf. WACHTER, Sandra; MITTELSTADT, Brent; FLORIDI, Luciano. Why a Right
to Explanation of Automated Decision-Making Does Not Exist in the General
Data Protection Regulation. International Data Privacy Law, [s.l.], v. 7, n. 2, pp.
76-99, may 2017. Oxford University Press (OUP). http://dx.doi.org/10.1093/idpl/
ipx005; SELBST, Andrew D; POWLES, Julia. Meaningful information and the right
to explanation. International Data Privacy Law, [s.l.], v. 7, n. 4, p. 233-242, 1 nov.
2017. Oxford University Press (OUP). http://dx.doi.org/10.1093/idpl/ipx022.
238
SOUZA, Carlos Affonso; PERRONE, Christian; MAGRANI, Eduardo. O di-
reito à explicação entre a experiência europeia e a sua positivação na LGPD.
In: DONEDA, Danilo et al (org.). Tratado de proteção de dados pessoais. Rio
de Janeiro: Forense, 2021. Cap. 12. p. 243-270. p. 263-264.
239
“(…) the rights to contest a decision, to obtain human intervention or to
express views granted in Article 22 (3) may be meaningless if the data sub-
ject cannot understand how the contested decision was made”. (WACHTER,
Sandra; MITTELSTADT, Brent; FLORIDI, Luciano. Why a Right to Explanation of
Automated Decision-Making Does Not Exist in the General Data Protection
Regulation, cit., p. 97).
128
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
240
Sandra Wachter, Brent Mittelstadt e Chris Russell esclarecem a explicação
contrafactual representa um primeiro passo para equilibrar transparência,
explicabilidade e responsabilidade com outros interesses, a exemplo de uma
minimização da carga regulatória sobre os interesses comerciais, a privacidade,
além de promover a aceitação pública da decisão automatizada (WACHTER,
Sandra; MITTELSTADT, Brent; RUSSELL, Chris. Counterfactual Explanations
Without Opening the Black Box: automated decisions and the GDPR. Har-
vard Journal Of Law & Technology, Cambridge, v. 31, n. 2, p. 841-887, 2018.
Disponível em: https://jolt.law.harvard.edu/assets/articlePDFs/v31/Counter-
factual-Explanations-without-Opening-the-Black-Box-Sandra-Wachter-et-al.
pdf. Acesso em: 09 jul. 2020).
129
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
130
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
241
A ICO adverte que o propósito de tratar dados de crianças e adolescentes,
sobretudo para fins de tomada de decisões automatizadas, deve ser explicado
a esse público, em uma linguagem que eles consigam compreender, a lógica
envolvida na decisão automatizada, a importância e as consequências previstas
daquele processamento, o que seria depreendido dos artigos 13 e 14 do UK
GDPR. (INFORMATION COMMISSIONER’S OFFICE (United Kingdom). What if we
want to profile children or make automated decisions about them?, cit., n. p.).
242
Os altos padrões de transparência – sem descurar da complexidade e
opacidade comum a esses sistemas -, e accountability, explicações apropriadas
à idade das crianças e adolescentes, ou a pais e responsáveis, são apontados
pelas Nações Unidas: “In addition to developing legislation and policies, States
parties should require all businesses that affect children’s rights in relation to
the digital environment to implement regulatory frameworks, industry codes
and terms of services that adhere to the highest standards of ethics, privacy
and safety in relation to the design, engineering, development, operation,
distribution and marketing of their products and services. That includes bu-
sinesses that target children, have children as end users or otherwise affect
children. They should require such businesses to maintain high standards of
transparency and accountability and encourage them to take measures to in-
novate in the best interests of the child. They should also require the provision
of age-appropriate explanations to children, or to parents and caregivers for
very young children, of their terms of service.” (UNITED NATIONS. Committee
on the Rights of the Child. Convention on the Rights of the Child - General
comment No. 25 (2021) on children’s rights in relation to the digital environ-
ment, cit., p. 7, g. n.).
243
“6. Child-oriented transparency: Privacy information about how perso-
nal data is used must be provided in a concise, transparent, intelligible and
accessible way, using clear and plain language that is easy to understand and
suited to the age of the child.” (DATA PROTECTION COMMISSION. Children
Front and Centre, cit., p. 7).
131
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
244
UNITED NATIONS. Committee on the Rights of the Child. Convention on
the Rights of the Child - General comment No. 25 (2021) on children’s rights
in relation to the digital environment, cit., p. 4.
245
Se o consentimento já pode assumir contornos problemáticos diante de
uma pessoa plenamente capaz, em se tratando de menores as dificuldades são
elevadas a outro patamar. O consentimento não necessariamente expressa a
autonomia do menor, e pode o desproteger, sobretudo diante da frequente
assimetria de poder.
246
DONEDA, Danilo; ROSSINI, Caroline Almeida A. Proteção de dados de
crianças e adolescentes na Internet, cit., p. 40.
132
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
247
UNITED NATIONS. Committee on the Rights of the Child. Convention on
the Rights of the Child - General comment No. 25 (2021) on children’s rights
in relation to the digital environment, cit., p. 3, tradução nossa.
248
DATA PROTECTION COMMISSION. Children Front and Centre, cit., p. 7.
249
Sobre o tema, cf. TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Proteção de dados de
crianças e adolescentes. Revista do Advogado, São Paulo, n. 144, p. 54-59,
nov. 2019; TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RETTORE, Anna Cristina de Car-
valho. A autoridade parental e o tratamento de dados pessoais de crianças e
adolescentes. In: TEPEDINO, Gustavo; FRAZÃO, Ana; OLIVA, Milena Donato. Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais e suas repercussões no direito brasileiro.
São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. p. 505-530.
133
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
250
A dificuldade de obtenção de remédios para violações de direitos no
ambiente digital, sobretudo considerando o contexto de atuação global de
determinadas companhias, é um indicativo de maior necessidade de coorde-
nação do controle na esfera coletiva, diante dos menores. (UNITED NATIONS.
Committee on the Rights of the Child. Convention on the Rights of the Child
- General comment No. 25 (2021) on children’s rights in relation to the digital
environment, cit., p. 24).
251
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RETTORE, Anna Cristina de Carvalho.
A autoridade parental e o tratamento de dados pessoais de crianças e ado-
lescentes, cit., p. 516-517.
O parágrafo 4º, do art. 14, pode ser destacado como uma maior ênfase
252
134
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
253
UNITED NATIONS. Committee on the Rights of the Child. Convention on
the Rights of the Child - General comment No. 25 (2021) on children’s rights
in relation to the digital environment, cit., p. 3.
254
DATA PROTECTION COMMISSION. Children Front and Centre, cit., p. 7.
255
“Em caso de não oferecimento de informações de que trata o § 1º deste
artigo baseado na observância de segredo comercial e industrial, a autoridade
nacional poderá realizar auditoria para verificação de aspectos discriminatórios
em tratamento automatizado de dados pessoais”.
256
Estabelece a LGPD, no seu art. 5º, inciso XVII: “relatório de impacto à
proteção de dados pessoais: documentação do controlador que contém a
descrição dos processos de tratamento de dados pessoais que podem gerar
riscos às liberdades civis e aos direitos fundamentais, bem como medidas,
salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco.”
135
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A assimetria informacional e de poder que se desenha no
cenário contemporâneo toma contornos mais críticos diante
de crianças e adolescentes, sobretudo no campo das decisões
automatizadas. É na contramão desta tendência que deve estar
a dedicação do intérprete do marco regulatório de proteção
de dados pessoais brasileiro: o esforço hermenêutico de
sistematizar diversos instrumentos normativos que têm sede
na LGPD e que devem ser orientados pela primazia do melhor
interesse e da proteção prioritária desse público.
Nesse cenário, a necessidade de enfrentar os impactos
de longo prazo que as decisões automatizadas podem ter
257
Sobre o tema de proteção de dados de crianças e adolescentes e a publi-
cidade, cf. NEGRI, Sergio Marcos Carvalho de Ávila; FERNANDES, Elora Raad;
KORKMAZ, Maria Regina Detoni Cavalcanti Rigolon. A Proteção Integral de
Crianças e Adolescentes, cit., p. 283-304.
136
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
258
Parte desses desafios são sugeridos por HASSE, Alexa; CORTESI, Sandra;
LOMBANA-BERMUDEZ, Andres; GASSER, Urs. Youth and Artificial Intelligence,
cit., p. 13-17.
137
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Celina Carvalho259
João Victor Archegas260
259
Graduanda em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ). Pesquisadora júnior no Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de
Janeiro (ITS Rio).
260
Mestre em Direito e Gammon Fellow pela Universidade de Harvard. Gra-
duado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pesquisador
no Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio).
138
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
139
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
261
FEDERAL TRADE COMMISSION; PEOPLE OF THE STATE OF NEW YORK.
Complaint for Permanent Injunction, Civil Penalties and other Equitable Relief.
Case No.: 1:19-cv-2642, Disponível em: <https://www.ftc.gov/system/files/
documents/cases/172_3083_youtube_revised_complaint.pdf>. Acesso em:
15 de abril de 2021.
140
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
262
Apenas no último quadrimestre de 2020, o YouTube faturou 6.9 bilhões
de dólares em lucros com a venda de anúncios na plataforma, um aumento
de 46% em relação ao mesmo período em 2019. Business Insider, YouTube is a
powerhouse for Google, with revenues up 46% to almost $7 billion’ Disponível
em: <https://www.businessinsider.com/youtube-google-revenue-results-co-
vid-19-2021-2>. Acesso em: 15 de abril de 2021.
141
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
263
Federal Trade Commission. Google and YouTube will pay record $170
million for alleged violations of children’s privacy law: FTC, New York Attorney
General allege YouTube channels collected kids’ personal information without
parental consent. 2019. Federal Trade Commission. Disponível em: <https://
www.ftc.gov/news-events/press-releases/2019/09/google-youtube-will-pay-
-record-170-million-alleged-violations>. Acesso em: 15 de abril de 2021.
264
Federal Trade Commission. Largest FTC COPPA settlement requires Musical.
ly to change its tune. 2019. Federal Trade Commission. Disponível em: <https://
www.ftc.gov/news-events/blogs/business-blog/2019/02/largest-ftc-coppa-
-settlement-requires-musically-change-its>. Acesso em: 15 de abril de 2021.
142
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
143
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
265
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. RETTORE, Anna Cristina de Carvalho. A
autoridade parental e o tratamento de dados pessoais de crianças e adoles-
centes. In: TEPEDINO, Gustavo et al. (Coord.). Lei geral de proteção de dados
e suas repercussões no direito brasileiro. 2ª tiragem. São Paulo: Revista dos
Tribunais. 2019. p. 505-530.
266
SOUSA, Nathalia Guerra de; BARBOSA, Thainá. Como tratar dados de
crianças e adolescentes no contexto da LGPD. Migalhas, [s.1], 8 set. 2020.
Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/depeso/333029/como-tra-
tar-dados-de-criancas-e-adolescentes-no-contexto-da-lgpd>. Acesso em:
20 mar. 2021.
É importante notar que este consentimento deve ser também livre, infor-
267
144
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
de dados pessoais na LGPD. In: TEPEDINO, Gustavo et al. (Coord.). Lei geral de
proteção de dados e suas repercussões no direito brasileiro. 2ª tiragem. São
Paulo: Revista dos Tribunais. 2019. p. 281-316.
269
TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Consentimento e pro-
teção de dados pessoais na LGPD, cit., p. 212.
270
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. RETTORE, Anna Cristina de Carvalho.
A autoridade parental e o tratamento de dados pessoais de crianças e ado-
lescentes. cit., p. 365.
145
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
271
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Maria Celina
Bodin de Moraes. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 232.
272
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. RETTORE, Anna Cristina de Carvalho.
A autoridade parental e o tratamento de dados pessoais de crianças e ado-
lescentes. cit., p. 365.
273
TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Consentimento e pro-
teção de dados pessoais na LGPD, cit., p. 213.
146
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
274
Confira-se: “Confiamos em você para definir seu público com precisão, e
modificaremos essa classificação somente em casos de erro ou abuso. Depois
que essa definição for feita, limitaremos a coleta e o uso de dados nesse conte-
údo de acordo com a configuração de público escolhida”. YouTube. Perguntas
frequentes sobre conteúdo para crianças. YouTube Team. Perguntas frequentes
sobre conteúdo para crianças. Disponível em: <https://support.google.com/
youtube/answer/9684541?hl=pt-BR&ref_topic=9689353#zippy=%2Cpor-
-que-a-responsabilidade-de-cumprir-essa-lei-é-do-criador-de-conteúdo-se-
-o-youtube-é-o-único-que-coleta-dados>. Acesso em 29 de abril de 2021
147
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
275
CGI.Br. Pesquisa sobre o uso da Internet por crianças e adolescentes no
Brasil: TIC Kids Online Brasil 2019. Núcleo de Informação e Coordenação do
Ponto BR. -- 1. ed. -- São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2020.
Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20201123093344/
tic_kids_online_2019_livro_eletronico.pdf. Acesso em: 20 mar. 2021.
148
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
276
YANDRA, Barbara Fernanda Ferreira; SILVA, Amanda Cristina Alves; SAN-
TOS, Jéssica Guedes. Lei Geral de Proteção de Dados e a tutela dos dados
pessoais de crianças e adolescentes: a efetividade do consentimento dos pais
ou responsáveis legais. Internet & Sociedade, Rio de J., v. 1, n. 1, p. 238-238,
fev. 2020. p. 238. Disponível em: https://docs.google.com/document/d/1DG-
-pAYSc0slroPvoOXfNdK9XVF5loHC7hZrcIBvM7sw/edit. Acesso em: 29 abr. 2021.
277
YANDRA, Barbara Fernanda Ferreira. SILVA, Amanda Cristina Alves. SAN-
TOS, Jéssica Guedes. Lei Geral de Proteção de Dados e a Tutela dos Dados
Pessoais de Crianças e Adolescentes: a efetividade do consentimento dos pais
ou responsáveis legais. cit. p. 244.
149
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
278
YouTube Team. Our comment on COPPA. YouTube Official Blog, 09 de
dezembro de 2019. Disponível em: <https://blog.youtube/news-and-events/
our-comment-on-coppa>. Acesso em 29 de abril de 2021.
279
BRODY, Ben. BERGEN, Mark. YouTube to FTC: Don’t Assume Only Kids Are
Watching Kids Videos. Bloomberg, 9 de dezembro de 2019. Disponível em:
<https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-12-09/youtube-to-ftc-don-
-t-assume-only-kids-are-watching-kids-videos> Acesso em 29 de abril de 2021.
150
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
280
Federal Trade Commission. FTC Seeks Comments on Children’s Online
Privacy Protection Act Rule. 25 de julho de 2019. Federal Trade Commission.
Disponível em: <https://www.ftc.gov/news-events/press-releases/2019/07/
ftc-seeks-comments-childrens-online-privacy-protection-act-rule>. Acesso
em 29 de abril de 2021.
281
JOHNSTON, Jeremy. SAVE Family-Friendly Content on Youtube, abaixo-as-
sinado com mais de 900 mil assinaturas. Change.org, Disponível em: <https://
bit.ly/3xHrqQv>. Acesso em 29 de abril de 2021.
282
COHEN, Kristin. YouTube channel owners: Is your content directed to
children? Federal Trade Commission, 22 de novembro de 2019. Acesso em 29
de abril de 2021. Disponível em: <https://www.ftc.gov/news-events/blogs/busi-
ness-blog/2019/11/youtube-channel-owners-your-content-directed-children>
151
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
152
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
283
KELLY, Makena. ALEXANDER, Julia. YouTube’s new kids’ content system has
creators scrambling. The Verge, 13 de novembro de 2019. Acesso em 29 de abril
de 2021. Disponível em: <https://www.theverge.com/2019/11/13/20963459/
youtube-google-coppa-ftc-fine-settlement-youtubers-new-rules>
153
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
154
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
155
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Janaina Costa284
Christian Perrone285
INTRODUÇÃO
A relação entre crianças e tecnologia é uma das discussões
mais importantes dos últimos anos. Perguntas como a quantidade
de horas uma criança286 deve passar online e na frente delas
domina discussões entre pais, mães e responsáveis.287 Não é à
toa que a Organização Mundial da Saúde prescreveu que deve
haver uma relação de controle por sobre a quantidade de horas
284
Advogada. Pós-Doutoranda em Direito Digital (UERJ); Mestre em De-
senvolvimento Econômico e Social pelo IEDES - Paris 1 Panthéon-Sorbonne;
Bacharel em Direito (UFMG). Ex-diretora da Diretoria de Convênios e Prestação
de Contas da SEC de Minas Gerais.
285
Advogado, Consultor de Políticas Públicas. Pesquisador Fulbright (Uni-
versidade de Georgetown, EUA). Doutorando em Direito Internacional (UERJ);
Mestre em Direito Internacional (L.L.M/Universidade de Cambridge, Reino
Unido). Ex-Secretário da Comissão Jurídica Interamericana da OEA. Coorde-
nador da área de Direito e Tecnologia no Instituto de Tecnologia e Sociedade
do Rio de Janeiro (ITS Rio).
286
Ainda que seja efetivamente mais inclusivo falar em crianças e adolescentes,
utilizar-se-á a terminologia de “criança” para se referir a crianças e adoles-
centes. Isso se dá em parte por questões de conveniência e economicidade e
em parte porque muito da terminologia internacional tende a definir criança
como até os 18 anos. Veja a Convenção dos Direitos da Criança, 1989, art. 1º.
Disponível em: https://www.ohchr.org/en/professionalinterest/pages/crc.aspx.
287
Pesquisa do Centro Pew nos EUA indica que mais de 71% dos pais estão
preocupados com a quantidade de tempo que seus filhos passam em frente
de telas. Veja: Pew Research Center. Parenting Children in the Age of Screens.
2020. Disponível em: https://www.pewresearch.org/internet/2020/07/28/
parenting-children-in-the-age-of-screens/.
156
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
288
Veja: Organização Mundial da Saúde. Guidelines on physical activity, seden-
tary behaviour and sleep for children under 5 years of age. 2019. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/311664/9789241550536-eng.
pdf?sequence=1&isAllowed=y.
289
The State of the World ‘s Children 2017 – Children in a digital world.
Unicef, 2017. Disponível em https://www.unicef.org/bulgaria/media/421/file/
State%20of%20the%20world’s%20children%20-%20children%20in%20a%20
digital%20age.pdf.
157
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
290
Folha. O Youtube influencia o jeito de falar da minha filha. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/04/o-youtube-influencia-o-jei-
to-de-falar-da-minha-filha.shtml?origin=folha
291
Por exemplo, plataformas como o YouTube Kids foram criticadas por
hospedar vídeos perturbadores que haviam escapado de seu site principal
para além de seus algoritmos: crianças encontraram vídeos de Mickey Mouse
coberto de sangue, personagens da série Peppa cometendo atos de violência
e de até mesmo de canibalismo. [https://www.tecmundo.com.br/interne-
t/123877-youtube-kids-deixando-escapar-videos-improprios-criancas.htm]
292
Sobre esse aspecto, vide: ZUBOFF, Shoshana. A Era do Capitalismo de
Vigilância. Intrínseca; 1ª edição, 2021.
158
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
293
Com relação a essa discussão veja: MAYER-SCHONBERGER, V. Delete: The
Virtue of Forgetting in the Digital Age. Princeton: PUP, 2011.
294
STOILOVA, NANDAGIRI & LIVINGSTONE. Children’s data and privacy
online: Growing up in a digital age. LSE Media and communications. 2018
Para exemplos de como tecnologias e dispositivos conectados coletam e
295
159
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
296
BARASSI, V. CHILD | DATA | CITIZEN: How Tech Companies Are Profiling
Us from Before Birth. MIT Press, 2020.
160
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
297
Referência a origem da discussão do direito à privacidade particularmente
na sua versão norte-americana. Uma visão interessante sobre como se estrutura
nos EUA: COHEN, Julie E. Between Truth and Power: the legal construction of
informational capitalism. Nova Iorque: OUP, 2019.
161
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
162
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
163
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
298
Veja artigos 2, 3, 6 e 12 da Convenção dos Direitos da Criança, 1989. O
Comitê da ONU também entende que esses são princípios cardiais do sis-
tema de proteção das crianças. Veja, por exemplo: Fact Sheet No.10 (Rev.1),
The Rights of the Child. Disponível em: https://www.ohchr.org/Documents/
Publications/FactSheet10rev.1en.pdf.
164
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
299
Interessante notar que na Convenção há também uma ênfase em sobre-
vivência da criança e que estabelece uma obrigação ampla para os Estados
de garanti-la (art. 6(2)).
165
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
300
ONU. Comitê dos Direitos das Crianças. Comentário geral nº 14, 2013.
301
ONU. Comitê dos Direitos das Crianças. Comentário geral nº 12, paras.
70-74 e 84; e ONU. Comitê dos Direitos das Crianças. Comentário geral nº
14, paras. 43 e 44.
166
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
167
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
302
UNICEF. Children’s online privacy and freedom of expression: Industry
toolkit. New York: UNICEF, 2018.
303
Veja relatório da LSE, Children’s data and privacy online Growing up in a
digital age - An evidence review, 2018. Disponível em: https://www.lse.ac.uk/
media-and-communications/assets/documents/research/projects/childrens-
-privacy-online/Evidence-review-final.pdf.
Stoilova, Mariya, Rishita Nandagiri, and Sonia Livingstone. 2019. “Children’s
304
168
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
305
Inclui-se aqui também a regional da União Europeia. Para fins do presente
artigo, entende-se a regulação europeia também como doméstica.
306
Dados da UNCTAD indicam 128 países. Data Protection and Privacy
Legislation Worldwide. Disponível em: https://unctad.org/page/data-protec-
tion-and-privacy-legislation-worldwide.
169
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
170
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
307
FTC. Privacy Online: A Report to Congress, 1998. Disponível em: https://
www.ftc.gov/sites/default/files/documents/reports/privacy-online-report-con-
gress/priv-23a.pdf.
171
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
308
Duas interessantes analises sobre a interação entre os sistemas dos EUA
e da Europa: https://iapp.org/news/a/gdpr-matchup-the-childrens-online-pri-
vacy-protection-act/; e https://iapp.org/news/a/reconciling-the-age-appro-
priate-design-code-with-coppa/.
172
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
309
ICO. Children’s Code Hub. Disponível em: https://ico.org.uk/for-organi-
sations/childrens-code-hub/.
310
Internalizada no país.
311
Há que se entender que existem riscos relacionados ao posicionamento
de pessoas que não estão na faixa gerando riscos para espaços protegidos,
por exemplo.
173
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
174
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
312
Uma análise interessante sobre essas sobreposições jurisdicionais pode
ser encontrada no relatório: Internet & Jurisdiction. Global Status Report, 2019.
Disponível em: https://www.internetjurisdiction.net/news/release-of-worlds-
-first-internet-jurisdiction-global-status-report. Com um recorte mais regio-
nal, veja: UN ECLAC e Internet & Jurisdictional. Regional Status Report: Latin
America and the Caribbean, 2020. Disponível em: https://www.cepal.org/en/
publications/46421-internet-jurisdiction-and-eclac-regional-status-report-2020.
175
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
176
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
313
Advogada especializada em privacidade e proteção de dados, cofundadora
da Associação Juventude Privada e membro da Comissão de Empreendedo-
rismo e Startups da OAB de Pinheiros.
314
Advogada com atuação e certificações em privacidade e proteção de
dados pessoais (CIPP/E, CIPM e PDPF), com reconhecimento internacional
no tema como Fellow Information of Privacy pela IAPP e como 40 under 40
pelo Global Data Review. Integra o Conselho Women Leading Privacy Advisory
Board da IAPP, é cofundadora e diretora da Associação Juventude Privada e
vice-presidente da Comissão de Direito Digital e Compliance da 17ª subseção
da Ordem dos Advogados do Brasil. [email protected].
315
Advogado com atuação e certificação em privacidade e proteção de
dados e Compliance. Especializado em privacidade e proteção de dados pelo
Data Privacy Brasil e em Direito Digital Aplicado pela Fundação Getúlio Vargas
de São Paulo (FGV-SP). Certified Information Privacy Professional – Europe
(CIPP-E) e membro da International Association of Privacy Professionals (IAPP).
Certificado em Healthcare Compliance pelo Colégio Brasileiro de Executivos
da Saúde (CBEXs) e eleito entre as jovens lideranças da saúde em 2019 pelo
Programa CBEXs Futuro. Participou como representante brasileiro do Digital
Law Summer School promovido pela Universidade de Genebra (UNIGE) em
2019. Membro da Comissão de Direito Sanitário da OAB. Cofundador e Diretor
da Associação Juventude Privada.
316
Sócio de Proteção de Dados do Baptista Luz Advogados. Especialista
em Privacidade e Proteção de Dados, certificado como Privacy Professional
(CIPP/E) e Privacy Manager (CIPM) pela International Association of Privacy
Professionals – IAPP. Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, e Mestre em ‘Computer & Communications Law’ pela
Queen Mary, University of London. Membro atuante da IAPP e da Interactive
Advertising Bureau (IAB).
177
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
1. INTRODUÇÃO
Em um cenário social permeado pelas Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs), a proteção à privacidade
e a proteção de dados pessoais se tornam cada vez mais vitais
ao público jovem. Com a evolução das tecnologias, crianças
e adolescentes desde muito cedo se veem inseridos nesta
nova realidade social, seja para se comunicarem, participarem
socialmente, jogarem, estudarem ou exercerem outras
atividades, implicando na coleta constante de seus dados.
Ainda, percebe-se uma tendência da utilização de produtos
e serviços que foram projetados para o público em geral,
particularmente para adultos – de modo que, apesar de todos
os benefícios que sua utilização possa oferecer às crianças,
não se observa um espaço efetivamente seguro para que elas
aprendam, explorem e se desenvolvam adequadamente no
ambiente online.
À salvaguarda dos direitos das crianças e dos adolescentes
foi dada especial atenção pelo ordenamento jurídico brasileiro,
especialmente após 1988, quando sua proteção integral foi
consagrada como direito fundamental, nos termos do artigo
227 da Constituição da República317 e a Lei Federal nº 8.069
de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)318.
Globalmente, dada a sua particular condição no contexto dos
direitos fundamentais, o amparo às crianças e aos adolescentes
317
Art. 227, da CF. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão (BRASIL. Constituição: República Federativa
do Brasil de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988).
318
MACHADO, Martha de Toledo. A proteção constitucional de crianças e
adolescentes e os direitos humanos. São Paulo: Manole, 2003.
178
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
319
A Resolução 44/25 da Organização das Nações Unidas, de 1989, ratificada
por 196 nações, estabelece que “ações relativas à criança, sejam elas levadas
a efetivo por instituições públicas ou privadas de assistência social, tribunais,
autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar primor-
dialmente o melhor interesse da criança”.
320
BIDARRA, Zelimar Soares; OLIVEIRA, Luciana Vargas Netto. Infância e
Adolescência: o processo de reconhecimento e garantia de direitos funda-
mentais. In: Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez Editora. Ano
XXIX, n. 94, jun. 2008.
179
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
321
ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT
(OECD). The Protection of Children Online: Recommendation of the OECD
Council. Report on risks faced by children online and policies to protect them,
[s.l.], 2012. Disponível em: https://www.oecd.org/sti/ieconomy/childrenonli-
ne_with_cover.pdf. Acesso em 30 fev. 2021.
180
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
322
Conforme a classificação do ECA, criança é a pessoa até doze anos de
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
181
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
3. CONTEXTO INTERNACIONAL
Sob o viés do direito comparado, nota-se que os temas da
privacidade e proteção de dados pessoais, por envolverem riscos
transfronteiriços fomentados pelo elevado fluxo informacional
associado às novas tecnologias, especialmente a internet,
foram e continuam a ser debatidos e regulados ao redor
do mundo. Abaixo, destacamos organizações internacionais,
bem como países e autoridades de proteção de dados, com
diretrizes, leis e normatizações sobre o tema. Como se verá,
considerando a proximidade dos instrumentos normativos
estrangeiros e a redação da própria lei brasileira, será possível
realizar construções analógicas no tema, visando elevar o nível
protetivo à privacidade, desenvolvimento digital e proteção
de dados de crianças e adolescentes no Brasil.
182
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
183
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
184
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
324
REINO UNIDO. INFORMATION COMMISSIONER’S OFFICE. Age appropriate
design: a code of practice for online services. Disponível em: https://ico.org.
uk/for-organisations/guide-to-data-protection/key-data-protection-themes/
age-appropriate-design-a-code-of-practice-for-online-services. Acesso em:
10 jan. 2021.
185
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
3.4. NA IRLANDA
Em 2020, a Autoridade Irlandesa de Proteção de Dados
(Data Protection Commissioner – “DPC”) lançou para consulta
os chamados Fundamentals for a Child-oriented Approach
186
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
325
IRLANDA. DATA PROTECTION COMMISSION. Children Front and Centre:
Fundamentals for a Child-Oriented Approach to Data Processing. Disponível
em: https://www.dataprotection.ie/en/news-media/consultations/children-
-front-and-centre-fundamentals-child-oriented-approach-data-processing.
Acesso em: 21 mar 2021.
326
FERNANDES, Elora Raad. Proteção de dados de crianças e adolescentes: o
que a irlanda pode ensinar ao brasil? ITS Medium. [s.l.]. 18 mar. 2021. Disponível
em: https://feed.itsrio.org/prote%C3%A7%C3%A3o-de-dados-de-crian%C3%A-
7as-e-adolescentes-o-que-a-irlanda-pode-ensinar-ao-brasil-c5f4b34aa230.
Acesso em: 21 mar. 2021.
187
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
3.5. NA FRANÇA
Por sua vez, a Autoridade de Proteção de Dados Francesa
(CNIL) lançou327 em 2021 os resultados de uma consulta
pública sobre a proteção de dados pessoais de menores e,
em particular, sobre o exercício de seus direitos digitais, com
os objetivos de estabelecer recomendações e proteger seus
direitos no ambiente digital. No país, como regra, indivíduos
com idade igual ou superior a 15 anos podem consentir
sozinhos em relação ao tratamento de seus dados pessoais,
sendo necessário o consentimento parental ou do responsável
no caso de menores de 15 anos. A pesquisa revelou dados
interessantes, como (i) 82% das crianças entre 10 e 14 anos
afirmaram que costumam ficar online sem os pais, contra
95% das crianças entre 15 e 17 anos; (ii) o primeiro cadastro
em uma rede social parece ocorrer em média por volta dos
8 anos e meio de idade; (iii) pais de adolescentes de 15 a 17
anos estimam que o primeiro uso da web por seus filhos foi
por volta dos 13 anos. Já os pais de crianças de 8 a 9 anos
relatam que estas se conectam à Internet sozinhas desde os
7 anos para jogos ou vídeos online.
A partir dos dados coletados, a CNIL publicará, no primeiro
semestre de 2021, recomendações específicas para a privacidade
e proteção de dados de crianças e adolescentes.
327
COMMISSION NATIONALE DE L’INFORMATIQUE ET DES LIBERTÉS (CNIL).
Droits numériques des mineurs: la CNIL publie les résultats du sondage et de
la consultation publique. 2021. Disponível em: https://www.cnil.fr/fr/droits-
-numeriques-des-mineurs-la-cnil-publie-les-resultats-du-sondage-et-de-la-
-consultation-publique. Acesso em: 21 mar. 2021.
188
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
328
EUROPEAN UNION. Directive (EU) 2018/1808 of the European Parliament
and of the Council of 14 November 2018. Disponível em: https://eur-lex.europa.
eu/eli/dir/2018/1808/oj. Acesso em: 03 fev. 2021.
GARANTE. Tik Tok: dopo il caso della bimba di Palermo, il Garante privacy
329
189
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
330
FEDERAL TRADE COMMISSION. Google and Youtube Will Pay Record $170
million for alleged violations of children´s privacy law. Disponível em: https://
www.ftc.gov/news-events/press-releases/2019/09/google-youtube-will-pay-
-record-170-million-alleged-violations. Acesso em: 27 mar 2021.
190
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
331
Art.3° do ECA. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral
de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade
((BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da
Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.)
191
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
192
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
332
Associação com foco na promoção e defesa dos Direitos Humanos na
Internet no Brasil. Apesar de ter uma atuação abrangente, não sendo espe-
cificamente voltada ao público infanto-juvenil, se consolidou como entidade
referência nacional no enfrentamento aos crimes e violações aos Direitos
Humanos na Internet.
333
O CGI tem como atribuição estabelecer diretrizes estratégicas a respeito
do uso e desenvolvimento da Internet no Brasil e diretrizes para a execução
do registro de Nomes de Domínio, alocação de Endereço IP (Internet Proto-
col) e administração pertinente ao Domínio de Primeiro Nível “.br”. Em linha
com seus objetivos, o órgão organiza anualmente o Simpósio - Crianças e
Adolescentes na Internet de forma a abordar os impactos da exposição das
crianças e adolescentes na Internet e orientar educadores, coordenadores,
dirigentes escolares e pais que busquem informações sobre o papel da escola
e da família na educação de crianças e jovens a respeito do uso da Internet.
334
A Associação Juventude Privada foi idealizada para suprir a necessidade
de democratizar e compartilhar conhecimentos sobre privacidade, proteção
de dados, segurança online e cidadania digital, tendo como foco conscienti-
zar crianças e adolescentes, seus responsáveis e os educadores. É um projeto
pioneiro que visa apoiar no apoio à construção de uma cultura de proteção
de dados pessoais através do impacto geracional, fornecendo ferramentas
aos próprios jovens para promover sua prevenção e auto responsabilização.
193
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
335
O projeto ARCADES surgiu a partir de uma necessidade de consolidar um
conteúdo de forma prática sobre privacidade e proteção de dados para crian-
ças e adolescentes, tendo em vista que o assunto era normalmente abordado
pelas Autoridades Europeias de Proteção de Dados de forma regional, sem
considerar a natureza sem fronteiras do ambiente da Internet. O ARCADES é
baseado no programa “Your data – Your Concern” (Seus dados são problema
seu) lançado na Polônia em 2009, cujo principal objetivo é apresentar questões
de proteção de dados pessoais nas escolas.
336
O Teaching Privacy é um projeto em colaboração entre o Computer
Science Institute e a Universidade de Berkeley e tem como objetivo capacitar
alunos do ensino fundamental, médio e universitário, de forma que possam
fazer escolhas conscientes em relação à sua privacidade a partir de um con-
junto de ferramentas educacionais e exercícios práticos que demonstrem o
que acontece com os dados pessoais na internet e quais os efeitos do seu
compartilhamento.
337
LIVINGSTONE, Sonia; HELSPER, Ellen. Balancing opportunities and risks
in teenagers’ use of the internet: the role of online skills and internet self-ef-
ficacy. New Media & Society, [s.l.], v. 12, n. 2, p. 309-329, 24 nov. 2009. SAGE
Publications. http://dx.doi.org/10.1177/1461444809342697.
338
O projeto Dados de Criança e privacidade online - Crescendo na era di-
gital (Children’s data and privacy online - Growingup in a digital age), liderado
pela Professora Sonia Livingstone, busca abordar questões e lacunas sobre a
concepção das próprias crianças a respeito do ambiente online, sua capaci-
dade de consentir, suas habilidades funcionais (por exemplo, compreender a
respeito de termos e condições ou gerenciar configurações de privacidade) e
seu entendimento crítico mais profundo sobre o ambiente online. Segundo a
professora, “com as crescentes preocupações sobre a privacidade online das
crianças e os usos comerciais de seus dados, é vital que os entendimentos
destas sobre o ambiente digital, suas habilidades digitais e sua capacidade
de consentimento sejam levados em consideração na concepção de serviços,
regulamentos e políticas”. LONDON SCHOOL OF ECONOMICS. Children’s data
and privacy online. Growing up in a digital age. Disponível em: https://www.
lse.ac.uk/media-and-communications/research/research-projects/childpriva-
cyonline. Acesso em: 03 mar. de 2021.
194
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
339
A autoridade canadense de proteção de dados possui um portal especí-
fico que disponibiliza materiais para professores e pais especificamente sobre
temas relacionados à privacidade, segurança online e proteção de dados
para crianças. OFFICE OF THE PRIVACY COMMISSIONER OF CANADA. Privacy
education for kids. Disponível em: https://www.priv.gc.ca/en/about-the-opc/
what-we-do/awareness-campaigns-and-events/privacy-education-for-kids.
Acesso em 03 fev 2021.
195
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
7. CONCLUSÃO
Crianças e adolescentes são protegidos pela Doutrina da
Proteção Integral, bem como pelo rol de direitos fundamentais
de crianças e adolescentes, previstos na Constituição Federal
e no ECA. Ainda, no que tange aos seus dados pessoais, sua
autodeterminação informativa e sua privacidade, possuem
resguardo formal na LGPD, que estabelece, dentre outros
196
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
197
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
198
II. Proteção dos direitos de
crianças e adolescentes na
Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais (LGPD)
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Elora Fernandes340
INTRODUÇÃO
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) se
constituem, hoje, como meios essenciais para a concretização
de diversos direitos fundamentais. Especialmente em momentos
de crise, sua utilização passou a ser mandatória para o acesso à
informação, à educação, à saúde, ao lazer e para a manutenção
das relações sociais. Acrescenta-se a isso a sua presença ubíqua
em todos os espaços de convivência humana, o que faz com
que ter contato com elas não seja mais uma escolha individual.
Essas tecnologias, porém, em especial a internet, não foram
desenhadas levando em consideração as necessidades de
crianças e adolescentes. Mesmo representando um terço
de todos os usuários da rede341 e serem dotados de uma
condição especial — por serem pessoas vulneráveis e em
desenvolvimento — sua experiência é ainda muito parecida
com a de adultos.
340
Doutoranda em Direito Civil pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ). Mestra em Direito e Inovação pela Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF) e graduada em Direito pela mesma instituição, com pe-
ríodo de intercâmbio acadêmico na Universidad de Salamanca (Espanha). É
alumna do Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD) e faz parte do
corpo editorial da Revista de Estudos Empíricos em Direito (REED). E-mail:
[email protected].
341
UNICEF. The State of the World’s Children 2017: children in a digital world.
[s.l.]: Unicef, 2017. Disponível em: https://www.unicef.org/reports/state-worl-
ds-children-2017. Acesso em: 2 fev. 2021.
200
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
342
5RIGHTS FOUNDATION. The risks: Content, Contact, Conduct and Con-
tract. Disponível em: https://www.riskyby.design/the-risks. Acesso em: 11 abr.
2021. Essa tipologia também pode ser encontrada em ORGANISATION FOR
ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD). Children in the
digital environment. OECD Digital Economy Papers, [s.l.], 8 jan. 2021. http://
dx.doi.org/10.1787/9b8f222e-en.
343
BARASSI, Veronica. Child | Data | Citizen: how tech companies are profiling
us from before birth. Cambridge: Mit Press, 2020, E-book, n.p.
201
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
344
Uma pesquisa de 2017 mostrou que até chegar aos 13 anos de idade,
crianças têm mais de 72 milhões de pontos de dados coletados, sendo a sua
maioria ligada à publicidade direcionada. (COLLINS, Dylan. How much data
do adtech companies collect on kids before they turn 13? Super Awesome.
[s.l.]. 13 dez. 2017. Disponível em: https://www.superawesome.com/blog/
how-much-data-do-adtech-companies-collect-on-kids-before-they-turn-13/.
Acesso em: 21 abr. 2021.)
202
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
345
A privacidade interpessoal é a dimensão que está diretamente relacionada
à identidade de cada indivíduo, a como ele se vê e a como ele é visto pela
sociedade. É mais subjetiva e ligada a direitos de personalidade. (LIVINGSTO-
NE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Children’s data and privacy
online: Growing up in a digital age. An evidence review. London: London
School of Economics and Political Science, 2018. Disponível em: https://www.
lse.ac.uk/media-and-communications/assets/documents/research/projects/
childrens-privacy-online/Evidence-review-final.pdf. Acesso em 18 jan. 2021.)
Para compreender melhor a classificação realizada pelas autoras entre priva-
cidade interpessoal, institucional e comercial no contexto brasileiro, cf. FER-
NANDES, Elora. Tratamento de dados de adolescentes no Brasil e a necessária
proteção de direitos por design. In: Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS).
Trabalhos finais do Grupo de Pesquisa 2020. Disponível em em: https://itsrio.
org/wp-content/uploads/2020/10/Tratamento-de-dados-de-adolescentes-no-
-Brasil-e-a-necessária-proteção-de-direitos-por-design_Elora_Fernandes.pdf.
346
Neste trabalho, design e arquitetura são utilizados de forma intercambi-
ável, como será explicado mais à frente.
203
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
204
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
352
MANDELA, Nelson. Statement by Nelson Mandela on building a global
partnership for children. 2000. Disponível em: http://www.mandela.gov.za/
mandela_speeches/2000/000506_children.htm. Acesso em: 31 mar. 2021.
205
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
353
U.S. Department of Health, Education and Welfare (HEW). Records, Com-
puters and the Rights of Citizens: report of the secretary’s advisory committee
on automated personal data systems. Washington, 1973. Disponível em: ht-
tps://www.justice.gov/opcl/docs/rec-com-rights.pdf. Acesso em: 27 jan. 2020.
354
Segundo Rodotà, a evolução histórica do conceito de privacidade fez
com que ela não mais girasse em torno do eixo “Pessoa – informação – sigi-
lo”, mas sim do eixo “Pessoa – informação – circulação – controle” (RODOTÀ,
Stefano. A vida na sociedade de vigilância: a privacidade hoje. Rio de Janeiro:
Renovar, 2008, p. 93.)
SOLOVE, Daniel J. The Myth of the Privacy Paradox. The George Washington
355
Law Review, Washington, v. 89, n. 1, p. 2-51, jan. 2021. Disponível em: https://
www.gwlr.org/the-myth-of-the-privacy-paradox/. Acesso em: 20 fev. 2021, p. 5.
206
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
356
ZANATTA, Rafael. A tutela coletiva na proteção de dados pessoais. Revista
do Advogado, São Paulo, n. 144, p. 201-208, nov. 2019. Disponível em: https://
aplicacao.aasp.org.br/aasp/servicos/revista_advogado/paginaveis/144/index.
html#zoom=z. Acesso em: 20 fev. 2021.
357
HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint: the battle to control the design
of new technologies. Cambridge: Harvard University Press, 2018, p. 57.
207
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
208
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
360
KIM, Nancy. Consentability, cit., p. 12.
361
MADRIGAL, Alexis C.. Reading the Privacy Policies You Encounter in a
Year Would Take 76 Work Days. The Atlantic. [s.l.]. 1 mar. 2012. Disponível em:
https://www.theatlantic.com/technology/archive/2012/03/reading-the-pri-
vacy-policies-you-encounter-in-a-year-would-take-76-work-days/253851/.
Acesso em: 10 fev. 2021.
362
KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2012.
209
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
363
Sundar et al. analisam heurísticas que se aplicam a situações relacio-
nadas à divulgação de informações pessoais. Como exemplo, pode-se citar
a heurística da autoridade, a partir da qual uma pessoa é mais propensa a
divulgar informações em ambientes controlados por um ator que elas confiam;
a heurística do “efeito manada” (bandwagon), a partir da qual uma pessoa
é mais propensa a divulgar informações quando seus pares já o fizeram; e a
heurística da gratificação, que privilegia a gratificação instantânea e faz com
que pessoas divulguem informações em situações consideradas mais urgentes
(SUNDAR, S. Shyam; KIM, Jinyoung; ROSSON, Mary Beth; MOLINA, Maria D.
Online Privacy Heuristics that Predict Information Disclosure. Proceedings of
the 2020 Chi Conference On Human Factors In Computing Systems, [s.l.], p.
1-12, 21 abr. 2020. ACM. http://dx.doi.org/10.1145/3313831.3376854.)
364
“[Prover] mais informação pode não melhorar e até prejudicar a ca-
pacidade de tomada de decisão. Estudos psicológicos mostram que, para
humanos, a atenção é um recurso escasso e informações complexas podem
não ser percebidas por um tomador de decisão. Agravando o problema de
atenção e complexidade limitadas, a informação tem menos probabilidade
de ser levada em consideração quando está [relacionada a algo] no futuro”
(KIM, Nancy. Consentability, cit., p. 13, tradução nossa.)
210
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
365
SCHERMER, Bart W.; CUSTERS, Bart; HOF, Simone van Der. The crisis of
consent: how stronger legal protection may lead to weaker consent in data
protection. Ethics And Information Technology, [s.l.], p. 171-182, 23 mar. 2014.
Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/s10676-
014-9343-8, p. 177.
366
Mesmo que a base legal para o tratamento dos dados para utilização de
determinada plataforma não seja o consentimento, mas sim a execução de
contrato, deve-se questionar, também, se o consentimento dado na celebração
desse contrato é livre.
367
SOLOVE, Daniel J. The Myth of the Privacy Paradox, cit., p. 37
211
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
368
SOLOVE, Daniel J. The Myth of the Privacy Paradox, cit., p. 49.
369
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção
de Dados Pessoais (LGPD). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 28 fev. 2021.
212
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
370
“Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos
de idade.” (BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Es-
tatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 28 fev. 2021.)
371
“Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos
filhos: [...] VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis)
anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem
partes, suprindo-lhes o consentimento;” (BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002. Institui o Código Civil. Brasília. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 1 mar. 2021.)
213
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
372
O regime das incapacidades foi flexibilizado no ECA, por exemplo, nos
seguintes dispositivos: art. 16, II; art. 28, §1º e 2º; art. 100, XII; art. 111, V; e art.
161, §3º (BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, cit.) Além destes, pode-se
citar, também, o próprio Código Civil, nos artigos 228, I, 1.517, 1.520, 1.740,
III e 1.860, parágrafo único, além da Constituição Federal, em seu art. 14, II,
“c” (BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, cit.; BRASIL. Constituição
(1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de
1988. Brasília, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 1 mar. 2021.)
373
Segundo Teixeira e Rettore, a LGPD teria feito uma melhor escolha se
exigisse o consentimento dos pais ou responsável legal até os 16 anos. “[...]
[D]ada a relevância que o consentimento para o uso de dados possui para
a vida de uma pessoa, e por não se tratar de uma manifestação de vontade
simples ou tão corriqueira, não é necessariamente certo que se deva admitir
que a prestação de consentimento entre 12 e 18 anos de idade receba eficácia
prescindindo totalmente da participação parental” (TEIXEIRA, Ana Carolina
Brochado; RETTORE, Anna Cristina de Carvalho. A autoridade parental e o
tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes. In: TEPEDINO,
Gustavo; FRAZÃO, Ana; OLIVA, Milena Donato. Lei Geral de Proteção de Da-
dos Pessoais e suas repercussões no Direito Brasileiro. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2019. p. 505-530, p. 525-526.)
374
Cf. HOF, Simone van der. I agree, or do I? A rights-based analysis of the
law on children’s consent in the digital wold. Wisconsin International Law
Journal, [s.l.], v. 34, n. 2, p. 409-445, 2016. Disponíel em: https://wilj.law.wisc.
edu/wp-content/uploads/sites/1270/2017/12/van-der-Hof_Final.pdf. Acesso
em 28 jan. 2021.
214
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
375
“Em 2019, a pesquisa investigou se as crianças e adolescentes ajudaram
os pais ou responsáveis a realizar alguma atividade na Internet. Um terço da
população investigada reportou ter prestado ajuda aos seus pais ou respon-
sáveis para a realização de atividades on-line todos os dias ou quase todos
os dias. As proporções foram maiores para crianças e adolescentes das clas-
ses C e DE [...]” (NIC.BR - NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO
PONTO BR. TIC Kids Online Brasil 2019: pesquisa sobre o uso da internet por
crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no
Brasil (CGI.br), 2020. Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicaco-
es/2/20201123093344/tic_kids_online_2019_livro_eletronico.pdf. Acesso em:
10 jan. 2021, p. 24.)
376
Este é o caso quando há um compartilhamento de informações em excesso
dos filhos — o chamado sharenting — ou então a utilização de tecnologias de
monitoramento abusivas para controle parental. No caso deste último, deve-se
destacar que os pais estão adstritos às opções fornecidas pelas empresas para
a realização deste controle. Um estudo de 75 aplicativos de celular mostrou
que 89% deles proporcionavam o controle parental através de técnicas de
monitoramento e restrição, principalmente através do acesso pelos pais das
telas dos filhos, do histórico de navegação, das mensagens enviadas e rece-
bidas, entre outras (WISNIEWSKI, Pamela. The Privacy Paradox of Adolescent
Online Safety: A Matter of Risk Prevention or Risk Resilience? IEEE Security &
Privacy, v. 16, n. 2, p.86-90, mar. 2018. Institute of Electrical and Electronics
Engineers (IEEE). https://doi.org/10.1109/MSP.2018.1870874.)
215
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
377
“Crianças, assim como os adultos, não adquirirão um nível consistente e
geral de capacidade em todos os campos. Em vez disso, suas expressões de
competência irão variar de acordo com a natureza das tarefas envolvidas, suas
experiências pessoais, as expectativas colocadas sobre elas, o contexto social
e as habilidades individuais. No entanto, no que diz respeito à capacidade das
crianças de diferentes idades de se engajarem no raciocínio moral, na tomada
de decisões racionais e no exercício da responsabilidade e, de fato, à relevância
da própria idade, ainda há um debate considerável. Por um lado, há esforços
para propor um modelo científico e universal de desenvolvimento infantil. Por
outro lado, o pensamento atual de muitos psicólogos do desenvolvimento
propõe que todas as áreas de competência evoluem de acordo com uma
gama de fatores influenciados pela cultura e pelo contexto.” (LANSDOWN,
Gerison. Innocenti Insight: the evolving capacities of the child. Florence: Unicef
Innocenti Research Centre, 2005. Disponível em: https://www.unicef-irc.org/
publications/384-the-evolving-capacities-of-the-child.html. Acesso em: 10
dez. 2020, p. 23, tradução nossa.)
216
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
378
RUHE, Katharina M.; CLERCQ, Eva de; WANGMO, Tenzin; ELGER, Bernice
S.. Relational Capacity: broadening the notion of decision-making capacity in
paediatric healthcare. Journal Of Bioethical Inquiry, [s.l.], v. 13, n. 4, p. 515-524, 30
jun. 2016. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1007/
s11673-016-9735-z. No mesmo sentido, Kim dispõe que “[a] tomada de deci-
são não ocorre no vácuo, mas é afetada pelo que a parte anuente sabe, pelas
opções disponíveis e pelo estado emocional da parte anuente no momento
em que o consentimento é concedido. Também é afetado pelas ações da parte
que busca consentimento. Assim, embora a exigência de consentimento reco-
nheça o valor da tomada de decisão autônoma, a validade do consentimento
depende do contexto em que é dado e da dinâmica desencadeada por ambas
as partes.” (KIM, Nancy. Consentability, cit., p. 3, tradução nossa.)
379
LANSDOWN, Gerison. Innocenti Insight, cit., p. 24-25.
380
Sobre uma análise mais específica da influência do contexto brasileiro no
desenvolvimento dessas capacidades, cf. FERNANDES, Elora. Tratamento de
dados de adolescentes no Brasil e a necessária proteção de direitos por design.
In: Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS). Trabalhos finais do Grupo de Pes-
quisa 2020. Disponível em em: https://itsrio.org/wp-content/uploads/2020/10/
Tratamento-de-dados-de-adolescentes-no-Brasil-e-a-necessária-proteção-de-
-direitos-por-design_Elora_Fernandes.pdf. Acesso em: 20 fev. 2021.
217
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
381
HOF, Simone van der. I agree, or do I?, cit.
382
Para compreender o debate ainda existente acerca das bases legais aplicá-
veis no tratamento de dados de crianças e adolescentes, cf. FERNANDES, Elora
Raad. Crianças e adolescentes na LGPD: bases legais aplicáveis. Migalhas. [s.l.].
27 out. 2020. Disponível em: https://migalhas.uol.com.br/depeso/335550/crian-
cas-e-adolescentes-na-lgpd--bases-legais-aplicaveis. Acesso em: 20 fev. 2021.
218
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
383
“A digitalização e o armazenamento dos dados de aprendizagem das
crianças incluem características de pensamento, trajetória de aprendizagem,
score de engajamento, tempos de resposta, páginas lidas e vídeos visualizados.
A maioria das crianças e pais não têm a capacidade de desafiar os acordos
de privacidade das empresas de tecnologia educacional ou de se recusar a
fornecer dados, uma vez que a educação é obrigatória. A seleção de aplicativos
e ferramentas de aprendizagem baseadas na web pelas escolas privilegiou
o currículo e as considerações financeiras à privacidade.” (UNITED NATIONS.
Artificial intelligence and privacy, and children’s privacy: report of the special
rapporteur on the right to privacy, Joseph A. Cannataci. UN Doc A/HRC/46/37.
[s.l.], 2021. Disponível em: https://documents-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/
GEN/G21/015/65/pdf/G2101565.pdf?OpenElement. Acesso em: 10 abr. 2021,
para. 107-108, tradução nossa.)
384
MARRAFON, Marco Aurélio; FERNANDES, Elora. A necessária proteção de
dados das crianças e adolescentes na educação online. Consultor Jurídico. [s.l.].
6 jul. 2020. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-jul-06/constitui-
cao-poder-necessaria-protecao-dados-criancas-adolescentes-educacao-online.
Acesso em: 3 mar. 2021.
219
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
385
FERNANDES, Elora. Uso de tecnologias na educação básica em tempos
de pandemia: reflexões sobre a proteção de dados de crianças. In: LIMA, Ste-
phane. Educação, Dados e Plataformas: análise descritiva dos termos de uso
dos serviços educacionais Google e Microsoft . São Paulo: Iniciativa Educação
Aberta, 2020. Disponível em https://zenodo.org/record/4005013#.X0jaG6LQjIU.
Acesso em 3 mar. 2021.
FERNANDES, Elora. Uso de tecnologias na educação básica em tempos
386
220
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
388
MARRAFON, Marco Aurélio; FERNANDES, Elora Raad. A, B, C, Google:
Riscos ao direito fundamental à proteção de dados de crianças e adolescen-
tes no G Suite for Education. Revista Direito Público, Brasília, v. 17, n. 95, p.
202-229, 2020. Disponível em: https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/
direitopublico/article/view/4094. Acesso em: 6 mar. 2021.
389
BARASSI, Veronica. Child | Data | Citizen, cit., n.p.
390
Quando alguém pede para que o assistente virtual apague a luz de um
cômodo, por exemplo, ele precisa saber exatamente de onde a pessoa está
falando, para que não acenda a luz de outro local. Da mesma forma, pode-se
utilizar dados como o da temperatura local, geolocalização ou calendário,
para se compreender se as vendas de determinado produto aumentaram ou
diminuíram.
221
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
391
BARASSI, Veronica. Child | Data | Citizen, cit., n.p.
392
JIN; WANG, 2018, apud BARASSI, Veronica. Child | Data | Citizen, cit., n.p.
222
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
2 A IMPORTÂNCIA DO DESIGN
O design393 das tecnologias ou, em outras palavras, como
elas são arquitetadas, é extremamente importante e influencia
diretamente o comportamento das pessoas. Para Hartzog,394
ele possui duas funções principais, sendo a primeira delas
passar uma mensagem. Os sinais emitidos pelo design afetam o
relacionamento do ser humano com a tecnologia e também o
cálculo de risco elaborado. Tome-se, como exemplo, eventuais
mensagens de phishing recebidas por e-mail, através das quais
o remetente deseja se passar por um banco. Características
como a semelhança da identidade visual com aquela utilizada
pelo banco e a linguagem empregada são essenciais para
passar credibilidade. Nesse caso, quanto mais o design utilizado
for parecido com aquele que se pretende imitar, maiores são
as chances de sucesso.
Em segundo lugar, o design também afeta diretamente os
custos de transação, possibilitando ou inviabilizando atividades.
Sendo o tempo e o esforço recursos extremamente valiosos
na sociedade atual, o ser humano decide se empenhar em
determinada tarefa a depender desses dois fatores. Considere
a utilização de biometria para acessar caixas eletrônicos.
Definitivamente é possível que alguém seja forçado a fornecer
sua impressão digital para que outra pessoa possa sacar
393
Destaca-se que, neste trabalho, a palavra design está sendo utilizada de
forma ampla. No âmbito da tecnologia, Hartzog destaca que “palavras como
design, engenharia e codificação carregam conotações culturais e significados
específicos em contextos particulares. O processo de design também difere
entre os grupos. Engenheiros projetam as coisas em um ambiente um tanto
formal, objetivo e orientado por requisitos. Designers que criam interfaces de
usuário, interações e outras partes da experiência do usuário trabalham de
uma forma um pouco mais generativa e aberta para incorporar uma compre-
ensão contextual de usuários e soluções para múltiplos objetivos.” (HARTZOG,
Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 11, tradução nossa, grifo nosso).
394
HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 26-30.
223
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
395
Thaler e Sunstein apresentam o conceito da arquitetura da escolha, que
utiliza técnicas de nudge através do design para melhorar a vida das pessoas.
Segundo os autores, um nudge ou “empurrão” seria “qualquer aspecto da
arquitetura da escolha que altera o comportamento das pessoas de uma for-
ma previsível, sem proibir qualquer opção ou alterar significativamente seus
incentivos econômicos. Para contar como um empurrãozinho, a intervenção
deve ser fácil e barata de evitar.” THALER, Richard H.; SUNSTEIN, Cass R. Nudge:
Improving Decisions about Health, Wealth and Happiness. New Haven: Yale
University Press, 2008, p. 6, tradução nossa.
396
HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 135-156.
224
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
397
HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 135-136, tradução nossa.
398
FEDERAL TRADE COMMISSION (Estados Unidos da América). FTC Requires
Zoom to Enhance its Security Practices as Part of Settlement. Washington. 9 nov.
2020. Disponível em: https://www.ftc.gov/news-events/press-releases/2020/11/
ftc-requires-zoom-enhance-its-security-practices-part-settlement. Acesso em:
30 dez. 2020.
399
HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 143.
225
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
400
HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 142.
401
Sobre o significado da expressão “the machine zone”, a autora explica:
“É um ritmo. É uma resposta a um loop de feedback afinado. É uma podero-
sa distorção do espaço-tempo. Você aperta um botão. Algo acontece. Você
aperta de novo. Acontece algo semelhante, mas não exatamente igual. Talvez
você ganhe, talvez não. Repetir. Repetir. Repetir. Repetir. Repetir. É o prazer da
repetição, a segurança do loop.” MADRIGAL, Alexis C. The Machine Zone: This
Is Where You Go When You Just Can’t Stop Looking at Pictures on Facebook.
The Atlantic, [s.l.], 31 jul. 2013. Disponível em: https://www.theatlantic.com/
technology/archive/2013/07/the-machine-zone-this-is-where-you-go-when-
-you-just-cant-stop-looking-at-pictures-on-facebook/278185/. Acesso em: 30
dez. 2020, tradução nossa, grifo nosso.
226
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
227
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
406
MATHUR, Arunesh; MAYER, Jonathan; KSHIRSAGAR, Mihir. What Makes a
Dark Pattern... Dark?: design attributes, normative considerations, and measure-
ment methods. Chi Conference On Human Factors In Computing Systems (Chi
’21), Yokohama, p. 1-27, 2021. Disponível em: https://arxiv.org/pdf/2101.04843.
pdf. Acesso em: 10 abr. 2021.
228
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Arquitetura da
Atributo Descrição
Escolha
Gera cargas
desiguais nas
Assimétrico
escolhas disponíveis
ao usuário
Elimina certas
escolhas que
Restritivo deveriam estar
disponíveis para os
Modifica o espaço usuários
de decisão
Gera desvantagem
Que oferece e trata um grupo de
tratamento díspar usuários de maneira
diferente de outro
Esconde o
mecanismo de
Oculto
influência dos
usuários
Induz falsas crenças
nos usuários por
meio de declarações
Enganoso
falsas, declarações
enganosas ou
Manipula o fluxo de omissões
informações
Obscurece ou atrasa
a apresentação
Que esconde
das informações
informações
necessárias aos
usuários
Fonte: Mathur; Mayer; Kshirsagar (2021), tradução nossa.
229
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
407
Dark patterns assimétricos, ocultos ou restritivos, ou que envolvem
tratamento díspar, tentam influenciar as decisões do usuário, modificando
o conjunto de opções disponíveis. Dark patterns enganosos ou que ocultam
informações influenciam as decisões do usuário, manipulando as informações
disponíveis para eles. Em última análise, esses dois temas refletem como dark
patterns modificam a arquitetura de escolha subjacente para os usuários.
(MATHUR, Arunesh; MAYER, Jonathan; KSHIRSAGAR, Mihir. What Makes a
Dark Pattern... Dark?, cit., p. 9, grifo nosso.)
408
HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 48, tradução nossa.
230
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
409
HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 58.
410
Mathur, Mayer e Kshirsagar demonstram a necessidade da regulação de
dark patterns ao destacarem os seus impactos em quatro âmbitos. No âmbito
do bem estar individual, identifica-se, nas palavras dos autores, perda financeira,
invasão de privacidade e carga cognitiva. No âmbito do bem estar coletivo,
questões relacionadas à concorrência, transparência de preços e consequências
sociais imprevistas (nas quais os autores incluem, por exemplo, o escândalo
Facebook/Cambridge Analytica). Em terceiro lugar há a necessidade de con-
formidade com objetivos regulatórios. E, por fim, em quarto lugar, o intenso
impacto na autonomia. Neste último é de se destacar um desafio, que é o de
se distinguir entre uma influência permissível sobre a autonomia e os dark
patterns que a violam. (MATHUR, Arunesh; MAYER, Jonathan; KSHIRSAGAR,
Mihir. What Makes a Dark Pattern... Dark?, cit., p. 13-19.)
231
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
411
HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 52. Um ótimo exemplo,
segundo Hartzog, que ajuda nessa visualização é a definição de padrões nas
tecnologias: “considere as regras e configurações padrão, que são as escolhas
pré-selecionadas que entrarão em vigor sempre que uma pessoa não fizer
nada ou deixar de selecionar uma opção. Às vezes, é impossível evitar a criação
de um padrão. Considere o botão liga/desliga que é tão comum em nossos
smartphones: Existem apenas duas opções possíveis aqui: ligar ou desligar.
Os designers devem escolher pré-selecionar a posição padrão para o botão.
Essa escolha não pode ser evitada, porque mesmo alguma escolha interme-
diária em uma decisão binária funcionaria basicamente como ‘desliga’. Como
sabemos que os padrões são ‘pegajosos’ e que os escassos recursos de tempo
e atenção do usuário seriam utilizados para alterar a configuração, a decisão
padrão reflete um valor. Se o padrão para rastreamento e compartilhamento
de localização estiver ativado, devemos esperar que a localização exata de
muito mais usuários de telefone seja rastreada e compartilhada. Muitos de
nós podem não se importar, mas dissidentes políticos e aqueles que buscam
refúgio contra violência doméstica podem ser prejudicados por esse padrão.”
(HARTZOG, Woodrow. Privacy’s Blueprint, cit., p. 52, 53, tradução nossa, grifo
nosso.)
412
“1798.140. [...] (l)‘Dark pattern’ means a user interface designed or mani-
pulated with the substantial effect of subverting or impairing user autonomy,
decision-making, or choice, as further defined by regulation.” (CALIFORNIA.
California Privacy Rights Act. 2020. Disponível em:https://oag.ca.gov/system/
files/initiatives/pdfs/19-0021A1%20%28Consumer%20Privacy%20-%20Ver-
sion%203%29_1.pdf. Acesso em 10 abr. 2021.)
232
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
413
De acordo com a lei, empresas não devem utilizar um método projetado
com a finalidade ou que tenha o efeito substancial de subverter ou prejudicar
o “opt-out” de um consumidor: “§ 999.315. Requests to Opt-Out. [...] (h) A
business’s methods for submitting requests to opt-out shall be easy for con-
sumers to execute and shall require minimal steps to allow the consumer to
opt-out. A business shall not use a method that is designed with the purpose
or has the substantial effect of subverting or impairing a consumer’s choice to
opt-out.” (CALIFORNIA. California Consumer Privacy Act Regulations. Office of
the Attorney General. Disponível em: https://oag.ca.gov/sites/all/files/agweb/
pdfs/privacy/ccpa-add-adm.pdf. Acesso em: 10 abr. 2021.)
414
SENATORS introduce bipartisan legislation to ban manipulative ‘dark
patterns’. 2019. Disponível em: https://www.fischer.senate.gov/public/index.
cfm/2019/4/senators-introduce-bipartisan-legislation-to-ban-manipulative-
-dark-patterns. Acesso em: 14 abr. 2021.
415
No original: “design, modify, or manipulate a user interface with the pur-
pose or substantial effect of obscuring, subverting, or impairing user autonomy,
decision-making, or choice to obtain consent or user data.”
233
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
416
No original: “design, modify, or manipulate a user interface on a website
or online service, or portion thereof, that is directed to an individual under
13, with the purpose or substantial effect of cultivating compulsive usage,
including video auto-play functions initiated without the consent of a user.”
417
FORBRUKERRÅDET. Deceived by design: how tech companies use dark
patterns to discourage us from exercising our rights to privacy. Oslo, 2018.
Disponível em: https://fil.forbrukerradet.no/wp-content/uploads/2018/06/
2018-06-27-deceived-by-design-final.pdf. Acesso em: 10 abr. 2021.
418
Commission Nationale de L’Informatique Et Des Libertés (CNIL). Shaping
Choices in the Digital World - from dark patterns to data protection: the
influence of ux/ui design on user empowerment. Paris, 2019. Disponível em:
https://linc.cnil.fr/sites/default/files/atoms/files/cnil_ip_report_06_shaping_choi-
ces_in_the_digital_world.pdf. Acesso em: 10 abr. 2021.
234
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
235
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
236
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
237
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
238
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
426
IRELAND. DATA PROTECTION COMMISSION. Fundamentals for a child-
-oriented approach to data processing, cit., p. 43-44.
427
IRELAND. DATA PROTECTION COMMISSION. Fundamentals for a child-
-oriented approach to data processing, cit., p. 54.
428
Cf. UNITED KINGDOM. INFORMATION COMMISSIONER’S OFFICE. Children
and the UK GDPR. Disponível em: https://ico.org.uk/for-organisations/guide-
-to-data-protection/guide-to-the-general-data-protection-regulation-gdpr/
children-and-the-uk-gdpr/. Acesso em: 31 jan. 2021.
239
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
429
D4CR ASSOCIATION. Designing for Children’s Rights: integrating children’s
rights into design & business process. Disponível em: http://designingforchil-
drensrights.org/. Acesso em: 4 jan. 2021.
430
D4CR ASSOCIATION. Designing for Children’s Rights Guide. [s.l.]: D4CR
Association, 2020. Disponível em: https://childrensdesignguide.org/. Acesso
em: 04 jan. 2021.
240
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
431
DEUTSCHLAND. Zweites Gesetz Zur Änderung Des Jugendschutzgeset-
zes, de 9 de abril de 2021. Bundesgesetzblatt Jahrgang 2021 Teil I Nr. 16, 15
abr. 2021. p. 742-749. Disponível em: https://www.bgbl.de/xaver/bgbl/start.
xav?startbk=Bundesanzeiger_BGBl&start=//*[@attr_id=%27bgbl121s0742.
pdf%27]#__bgbl__%2F%2F*%5B%40attr_id%3D%27bgbl121s0742.pd-
f%27%5D__1619783657738. Acesso em: 20 abr. 2021.
241
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
4. P ROT E Ç Ã O D E D I R E I TO S D E C R I A N Ç A S E
ADOLESCENTES POR DESIGN NO BRASIL
Em seu art. 46, a LGPD apresenta a necessidade de os agentes
de tratamento protegerem os dados dos titulares de qualquer
tratamento inadequado ou ilícito. Seu §2º determina que isso
432
CROLL, Jutta. New youth protection law in Germany: participation of chil-
dren is a top priority. Media@LSE. [s.l.]. 12 mar. 2021. Disponível em: https://
blogs.lse.ac.uk/medialse/2021/03/12/new-youth-protection-law-in-germany-
-participation-of-children-is-a-top-priority/. Acesso em: 10 abr. 2021.
433
CODE VOOR KINDERRECHTEN. 2021. Disponível em: https://codevoorkin-
derrechten.nl/. Acesso em: 31 mar. 2021.
242
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
434
LEMOS, Ronaldo; BRANCO, Sérgio. Privacy by Design: conceito, fun-
damentos e aplicabilidade na LGPD. In: MENDES, Laura Schertel; DONEDA,
Danilo; SARLET, Ingo Wolfgang; RODRIGUES JUNIOR, Otavio Luiz; BIONI,
Bruno. Tratado de proteção de dados pessoais. Rio de Janeiro: Forense, 2021.
Cap. 22. p. 447-457.
243
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
244
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
435
UN COMMITTEE ON THE RIGHTS OF THE CHILD. General comment No.
14 (2013) on the right of the child to have his or her best interests taken as
a primary consideration (art . 3, para. 1). UN Doc CRC/C/GC/14. [s.l.], 2013.
Disponível em: https://tbinternet.ohchr.org/_layouts/15/treatybodyexternal/
Download.aspx?symbolno=CRC%2fC%2fGC%2f14&Lang=en. Acesso em: 04
jan. 2021; UN COMMITTEE ON THE RIGHTS OF THE CHILD. General Comment
n.º 5: General measures of implementation of the Convention on the Rights
of the Child (arts. 4, 42 and 44, para. 6). UN Doc CRC/GC/2003/527. [s.l.],
2003. Disponível em: https://docstore.ohchr.org/SelfServices/FilesHandler.
ashx?enc=6QkG1d%2FPPRiCAqhKb7yhsiQql8gX5Zxh0cQqSRzx6Zd2%2F-
QRsDnCTcaruSeZhPr2vUevjbn6t6GSi1fheVp%2Bj5HTLU2Ub%2FPZZtQWn-
0jExFVnWuhiBbqgAj0dWBoFGbK0c. Acesso em: 04 jan. 2021.
245
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
436
Deve-se destacar a recente polêmica envolvendo o Facebook e sua
intenção de implementar criptografia de ponta a ponta em seus serviços de
mensagens, o que, de acordo com algumas instituições, teria o potencial de
impedir investigações acerca da circulação de material de exploração sexual
infantil. Em fevereiro de 2021, a Comissão Europeia inclusive lançou uma consulta
sobre seu novo plano de lidar com esses materiais e ele incluiria medidas para
obrigar provedores de serviços online a detectá-los e relatá-los às autoridades
competentes. Um vazamento deste plano, em 2020, gerou um pronunciamento
da Global Encryption Coalition, que discute como esse raciocínio é falacioso
e a criptografia é essencial para a segurança digital e a garantia de direitos
humanos, inclusive de crianças e adolescentes. (HERN, Alex. Facebook admits
encryption will harm efforts to prevent child exploitation. The Guardian. [s.l.].
21 jan. 2021. Disponível em: https://www.theguardian.com/technology/2021/
jan/21/facebook-admits-encryption-will-harm-efforts-to-prevent-child-ex-
ploitation. Acesso em: 27 mar. 2021; EUROPEAN COMMISSION. Fighting child
sexual abuse: detection, removal and reporting of illegal content online. 2021.
Disponível em: https://ec.europa.eu/info/law/better-regulation/have-your-say/
initiatives/12726-Child-sexual-abuse-online-detection-removal-and-repor-
ting-/public-consultation. Acesso em: 27 mar. 2021; GLOBAL ENCRYPTION
COALITION. Breaking Encryption Myths. 2020. Disponível em: https://www.
globalencryption.org/2020/11/breaking-encryption-myths/. Acesso em: 27 mar.
2021.) Ressalta-se, porém, a diretriz do Comitê sobre os Direitos da Criança
sobre o tema: “[q]uando a criptografia forconsiderada um meio apropriado,
Estados Partes devem considerar medidas apropriadas quepermitam a detecção
e denúncia de exploração e abuso sexual de crianças ou material sobreabuso
sexual de crianças. Essas medidas devem ser estritamente limitadas de acordo
com os princípios de legalidade, necessidade e proporcionalidade.” (COMITÊ
SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA. Comentário Geral No. 25 (2021) sobre os
Direitos das Crianças em relação ao ambiente digital. UN Doc CRC/C/GC/25.
[s.l.], 2021. Tradução não oficial do Instituto Alana do inglês para o português.
Disponível em: https://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2021/04/
comentario-geral-n-25-2021.pdf. Acesso em: 20 abr. 2021, para. 70.)
246
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
437
Exemplo dramático dessa situação ocorreu recentemente com a morte
de uma menina italiana, após suposta participação no Blackout Challenge no
TikTok — desafio que consiste em permanecer o maior tempo possível sem
respirar até perder a consciência. A Autoridade de Proteção de Dados italiana
proibiu a rede social de continuar a processar dados de usuários de cuja idade
não tem certeza, o que violaria as disposições relacionadas ao tratamento de
dados de crianças e adolescentes no país. O órgão já tinha aberto, inclusive,
um procedimento contra o TikTok em dezembro, alegando falta de atenção
à proteção de crianças com críticas quanto à facilidade com que elas conse-
guem se cadastrar na plataforma. (ITALY blocks TikTok for certain users after
death of girl allegedly playing ‘choking’ game. The Guardian. [s.l.]. 23 jan. 2021.
Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2021/jan/23/italy-blocks-
-tiktok-for-certain-users-after-death-of-girl-allegedly-playing-choking-game.
Acesso em: 16 fev. 2021; ITÁLIA. GARANTE PER LA PROTEZIONE DEI DATI
PERSONALI. Tik Tok: dopo il caso della bimba di Palermo, il Garante privacy
dispone il blocco del social. 2021. Disponível em: https://www.garanteprivacy.
it/web/guest/home/docweb/-/docweb-display/docweb/9524224. Acesso em:
12 fev. 2021. ITÁLIA. GARANTE PER LA PROTEZIONE DEI DATI PERSONALI. Tik
Tok, a rischio la privacy dei minori: il Garante avvia il procedimento contro il
social network, il Garante privacy dispone il blocco del social. 2021. Disponível
em: https://www.garanteprivacy.it/web/guest/home/docweb/-/docweb-display/
docweb/9508923. Acesso em: 12 fev. 2021.)
247
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
438
Destaca-se a recente publicação da 5Rights Foundation que propõe
11 padrões a serem respeitados quando se trata de verificação de idade no
ambiente digital: “1. A verificação da idade deve preservar a privacidade; 2.
A verificação da idade deve ser proporcional ao risco e ao propósito; 3. A
verificação da idade deve ser fácil para a criança utilizar; 4. A verificação da
idade deve melhorar as experiências das crianças, não apenas restringi-las;
5. Provedores de verificação de idade devem oferecer um alto nível de segu-
rança; 6. Provedores de verificação de idade devem oferecer caminhos para
contestar e corrigir; 7. A verificação da idade deve ser acessível e inclusiva; 8.
A verificação da idade deve ser transparente e responsável; 9. A verificação
da idade deve antecipar que as crianças nem sempre dizem a verdade; 10.
A verificação da idade deve seguir os padrões acordados; 11. A verificação
da idade deve respeitar direitos” (5RIGHTS FOUNDATION.. ‘But how do they
know it is a child?’: age assurance in the digital world. [s.l.], 2021. Disponível
em: https://5rightsfoundation.com/in-action/but-how-do-they-know-it-is-
-a-child-age-assurance-in-the-digital-world.html. Acesso em: 31 mar. 2021,
tradução nossa.) Cf., também, DAY, Emma. Digital Age Assurance Tools and
Children’s Rights Online across the Globe: a discussion paper. [s.l.]: United
Nations Children’s Fund (UNICEF), 2021. Disponível em: https://www.unicef.
org/media/97461/file/Digital%20Age%20Assurance%20Tools%20and%20
Children%E2%80%99s%20Rights%20Online%20across%20the%20Globe.pdf.
Acesso em: 9 maio 2021.
439
“Estados Partes devem proibir por lei o perfilamento ou publicidade
direcionada para crianças de qualquer idade para fins comerciais com base
em um registro digital de suas características reais ou inferidas, incluindo
dados grupais ou coletivos, publicidade direcionada por associação ou perfis
de afinidade. As práticas que dependem de neuromarketing, análise emocio-
nal, publicidade imersiva e publicidade em ambientes de realidade virtual e
aumentada para promover produtos, aplicações e serviços, também devem
ser proibidas de se envolver direta ou indiretamente com crianças.” (COMITÊ
SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA. Comentário Geral No. 25 (2021) sobre os
Direitos das Crianças em relação ao ambiente digital, cit., para. 42.)
248
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
440
Deve-se destacar que a publicidade direcionada a crianças é considerada
abusiva no Brasil, a partir da interpretação dos artigos 36, 37 e 39, do Código
de Defesa do Consumidor, e da Resolução 163, do Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA).
441
Cf. SHERMAN, Justin. Data Brokers Are a Threat to Democracy. Wired.
[s.l.]. 13 abr. 2021. Disponível em: https://www.wired.com/story/opinion-da-
ta-brokers-are-a-threat-to-democracy/. Acesso em: 15 abr. 2021.
442
Além das regulações já citadas neste trabalho, deve-se destacar que o
Artificial Intelligence Act, proposta de regulação de Inteligência Artificial (IA)
da União Europeia estabelece, na lista de IA proibidas, aquelas “que têm um
potencial significativo de manipular pessoas através de técnicas subliminares
para além de sua consciência ou explorar vulnerabilidades de grupos vulnerá-
veis específicos, como crianças ou pessoas com deficiência, a fim de distorcer
materialmente seu comportamento de uma maneira que possa causar a eles ou
a outra pessoa dano psicológico ou físico” (EUROPEAN COMMISSION. Proposal
for a Regulation laying down harmonised rules on artificial intelligence (Artificial
Intelligence Act). [s.l.], 2021. Disponível em: https://ec.europa.eu/newsroom/
dae/items/709090. Acesso em: 1 maio 2021, p 12-13, tradução nossa.
249
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
443
O custo deste tipo de design para crianças e adolescentes é extremamente
alto. Para além da problemática relacionada à privacidade e à proteção de
dados, já amplamente desenvolvida neste trabalho, a demanda contínua das
tecnologias por atenção causa ansiedade, agressão social, prejuízo a relacio-
namentos, privação de sono e impacto em sua educação, saúde e bem-estar
(KIDRON, Baroness; EVANS, Alexandra; AFIA, Jenny. Disrupted Childhood: the
cost of persuasive design. [s.l.]: 5Rights Foundation, 2018. Disponível em: ht-
tps://5rightsfoundation.com/static/5Rights-Disrupted-Childhood.pdf. Acesso
em: 10 abr. 2021.)
250
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
251
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
444
A autoridade irlandesa lista alguns fatores não exaustivos que podem ser
levados em consideração para a análise dessa capacidade em específico: a idade
e maturidade da criança; o tipo de pedido; o contexto para o processamento
e o tipo de serviço oferecido pelo controlador (por exemplo, plataforma de
mídia social, relação médico-paciente, plataforma de compras online, etc.); o
tipo de dados pessoais em questão; se se permitir que o titular exerça seus
direitos de proteção de dados por conta própria é de seu melhor interesse; se
o titular está procurando exercer seus direitos com a assistência/participação/
conhecimento de um pai/responsável ou terceiro/advogado especialista (IR-
LANDA. DATA PROTECTION COMMISSION. Fundamentals for a child-oriented
approach to data processing, cit., p. 34.)
445
Art. 14, § 2º, da LGPD: “No tratamento de dados de que trata o § 1º deste
artigo, os controladores deverão manter pública a informação sobre os tipos
de dados coletados, a forma de sua utilização e os procedimentos para o
exercício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei.” (BRASIL. Lei nº 13.709,
de 14 de agosto de 2018, cit.)
252
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
CONCLUSÃO
A partir de premissas como a insuficiência da LGPD para a
proteção e a promoção do melhor interesse e a necessidade
de um controle coletivo de dados pessoais, especialmente dos
mais vulneráveis, este trabalho buscou compreender como
a regulamentação do design poderia ser implementada no
contexto brasileiro. Ao se compreender o poder de modificação
de comportamentos detido pela arquitetura das tecnologias,
percebeu-se que esta é uma força que não pode ser desprezada
e deve ser regulamentada a fim de que não comprometa os
objetivos e princípios estabelecidos na LGPD e em legislações
de proteção de crianças e adolescentes.
A proposta de agenda regulatória para a ANPD, elaborada
na última seção, é apenas uma sugestão de pontapé inicial
para a regulamentação do tema e considera-se que os pontos
levantados devem valer para todos aqueles que tratam dados
de crianças e adolescentes no Brasil. Além da análise do que
já está disponível internacionalmente, é preciso considerar,
prioritariamente, o contexto do Brasil, nação do Sul Global e
de capitalismo periférico, que ainda enfrenta diversos desafios
muitas vezes não vislumbrados por países como Reino Unido,
Irlanda e Holanda, como, por exemplo, a dificuldade no acesso
a tecnologias e falta de uma estratégia institucional para
educação digital.
Assim, é essencial que a regulamentação desse tema
seja feita de forma democrática, aberta e transparente, com
consultas públicas e tomadas de subsídio de todos os setores,
mas, em especial, fazendo valer o direito de participação de
crianças e adolescentes, os mais afetados neste processo, assim
como foi feito no recente e festejado Comentário nº 25, do
Comitê sobre os Direitos da Criança. Para além disso, é preciso
que a atuação da ANPD incentive essa participação em todo
253
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
446
“Junto com a construção da privacidade nas tecnologias digitais, crianças
e adolescentes precisam de habilidades operacionais e habilidades cognitivas
e sociais para usar as tecnologias de maneira cuidadosa, ética e segura. A
educação digital pode prevenir o comportamento online prejudicial em sua
fonte. Há um amplo consenso, inclusive entre as crianças, de que a educação
digital pode construir sua segurança e autonomia online, especialmente
devido às idades cada vez mais jovens em que as crianças se conectam e as
dificuldades dos pais em fornecer um suporte eficaz. As soluções técnicas
e a educação digital por si só, no entanto, são insuficientes sem uma ação
rigorosa e sustentada dos Estados para abordar as desigualdades estruturais
e garantir a privacidade, a proteção de dados e a segurança das crianças. Há
um espaço considerável para os Estados investirem em melhores parcerias
com a sociedade civil, indústria, academia e crianças para co-construir soluções
como protótipos.” (UNITED NATIONS. Artificial intelligence and privacy, and
children’s privacy, cit., para. 124-125, tradução nossa.)
254
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
1 INTRODUÇÃO.
O uso das tecnologias, principalmente a internet – inclusive
por crianças e adolescentes – tem crescido substancialmente.
O que há algum tempo era algo distante, nos tempos atuais se
tornou um componente natural da vida social: “antigamente,
para acessar a rede, ia-se a algum lugar: para casa, para o
trabalho ou para uma lan-house. Hoje, a internet está em todo
lugar”.449 As tecnologias estão em nosso quotidiano, marcando
as mais variadas atividades, tais como a utilização de serviços
447
Doutora em Direito Civil pela UERJ. Mestre em Direito Privado pela PUC
Minas. Coordenadora da Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCivil. Professora
de Direito Civil do Centro Universitário UNA. Advogada.
448
Mestre em Direito Privado pela PUC Minas. Advogada.
449
SOUZA, Carlos Affonso. Introdução. O futuro foi reprogramado: como
a tecnologia está transformando as leis, a política e os relacionamentos. Rio
de Janeiro: Obliq, 2018.
255
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
450
“[...] as tecnologias ampliam os horizontes da iniciativa privada. Parece
não haver mais limites para as pretensões humanas. Alteram-se radicalmente
os ofícios, as profissões, os centros de interesse, os bens jurídicos. A velha má-
quina de escrever deu lugar ao computador, tal como se tornam obsoletos, a
cada dia, versões ultrapassadas de aparelhos eletrônicos ou aplicativos. Desse
modo, as novas possibilidades tecnológicas transformam a teoria dos bens,
a partir dos novos centros de interesse que suscitam a incidência jurídica nos
espaços de liberdade privada. Tal constatação exige que o intérprete não se
atenha a paradigmas ultrapassados, e que, a despeito de eventual identidade
estrutural ou material de antigas e novas determinadas situações jurídicas, há
de compreender qual a função efetivamente desempenhada pelo bem jurídico
a partir dos interesses tutelados” (TEPEDINO, Gustavo. Liberdades, tecnologia e
teoria da interpretação. Revista Forense, v. 110, n. 419, p. 77–96, jan./jun., 2014)
451
NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO BR. TIC Kids
Online Brasil 2019. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2020.
Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20201123093344/
tic_kids_online_2019_livro_eletronico.pdf. Acesso em 5 abr. 2021, p. 73.Acesso
em 5 abr. 2021, p. 73.
452
NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO BR. TIC Kids
Online Brasil 2019, cit., p. 24.
256
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
453
NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO BR. TIC Kids
Online Brasil 2019, cit., p. 72.
454
NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO BR. TIC Kids
Online Brasil 2019, cit., p. 83.
455
Anderson Schreiber classifica a privacidade em dois pilares: intimidade e
proteção de dados. A intimidade está relacionada aos fatos da vida privada.
No âmbito da proteção de dados, a privacidade se volta às informações ine-
rentes à pessoa enquanto membro de uma sociedade, podendo se apresentar
de múltiplos modos. (SCHREIBER, Anderson. Direitos da personalidade. São
Paulo: Atlas, 2011, p. 131)
257
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
456
RODOTÀ, Stefano. A vida na sociedade de vigilância: privacidade hoje.
Organização, seleção e apresentação de Maria Celina Bodin de Moraes. Trad.
Danilo Doneda e Luciana Cabral Doneda. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 15.
258
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
457
“1. A criança gozará todos os direitos enunciados nesta Declaração. 2.
Todas as crianças, absolutamente sem qualquer exceção, serão credoras destes
direitos, sem distinção ou discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua,
religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família”
259
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
458
“Com o advento da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança,
que adotou a doutrina da proteção integral, foram modificados profundamente
os paradigmas orientadores acerca dos fatores a serem considerados quan-
do da prolação de decisões que envolvem temáticas referentes à infância e
juventude, adotando-se, a partir de então, o princípio do melhor interesse da
criança.” (STJ, 4ª. T., REsp 1449560/RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, julg, 19/08/2014,
DJe 14/10/2014)
459
COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA. Comentário Geral No. 14
(2013) sobre o direito da criança a que o seu interesse superior seja prima-
cialmente tido em conta (artigo 3.º, parágrafo 1). UN Doc CRC/C/GC/14. [s.l.],
2013. Tradução não oficial da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e
Proteção das Crianças e Jovens de Portugal do inglês para o português. Dis-
ponível em: https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/documentos/
pdf/cdc_com_geral_14.pdf. Acesso em 26 maio. 2021, p. 11-12.
260
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
460
“Em cumprimento ao comando constitucional, sobreveio a Lei 8.069/90
- reconhecida internacionalmente como um dos textos normativos mais avan-
çados do mundo -, que adotou a doutrina da proteção integral e prioritária
como vetor hermenêutico para aplicação de suas normas jurídicas, a qual,
sabidamente, guarda relação com o princípio do melhor interesse da criança
e do adolescente, que significa a opção por medidas que, concretamente,
venham a preservar sua saúde mental, estrutura emocional e convívio social.”
(STJ, 4ª T., REsp 1587477/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julg. 10/03/2020,
DJe 27/08/2020)
461
PEREIRA, Tânia da Silva. “O melhor interesse da criança”. In: PEREIRA, Tânia
da Silva (coord.). O melhor interesse da criança: uma abordagem interdisciplinar.
Rio de Janeiro: Renovar, p. 14.
462
“Art. 6º. Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais
a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres indi-
viduais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento”.
261
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
463
PEREIRA, Tânia da Silva. “O melhor interesse da criança”, cit., p. 2.
464
“O conceito do interesse superior da criança é, portanto, flexível e adap-
tável. Deverá ser ajustado e definido numa base individual, em conformidade
com a situação específica da criança ou das crianças envolvidas, tendo em
conta o seu contexto, situação e necessidades pessoais. Nas decisões indi-
viduais, o interesse superior da criança deve ser avaliado e determinado à
luz das circunstâncias específicas da criança em particular.” (COMITÊ SOBRE
OS DIREITOS DA CRIANÇA. Comentário Geral No. 14 (2013) sobre o direito
da criança a que o seu interesse superior seja primacialmente tido em conta
(artigo 3.º, parágrafo 1), cit., p. 17)
465
PEREIRA, Tânia da Silva. “O melhor interesse da criança”, cit.,p. 3.
262
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
466
COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA. Comentário Geral No. 14 (2013)
sobre o direito da criança a que o seu interesse superior seja primacialmente
tido em conta (artigo 3.º, parágrafo 1), cit., p. 20.
467
Sobre o tema, MEIRELLES, Rose Meirelles Venceslau. O princípio do melhor
interesse da criança. In: BODIN DE MORAES, Maria Celina (coord.). Princípios
do direito civil contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 478-493.
263
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
468
COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA. Comentário Geral No. 14 (2013)
sobre o direito da criança a que o seu interesse superior seja primacialmente
tido em conta (artigo 3.º, parágrafo 1), cit., p. 9.
264
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
STJ, 4ª T., REsp 1587477/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julg. 10/03/2020,
469
DJe 27/08/2020.
STJ, 4ª T. REsp 1533206/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julg. 17/11/2015,
470
DJe 01/02/2016.
265
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
471
STJ, 4ª T., REsp 1297660/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. p/ Acórdão
Min. Marco Buzzi, julg. 07/10/2014, DJe 16/10/2015.
472
STJ, 4ª T., REsp 1203968/MG, Rel. Min. Marco Buzzi, julg. 10/10/2019,
DJe 23/10/2019.
473
COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA. Comentário Geral No. 14 (2013)
sobre o direito da criança a que o seu interesse superior seja primacialmente
tido em conta (artigo 3.º, parágrafo 1), cit., p. 11
266
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
474
STJ, 3ª T., AgInt no AREsp 1085507/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julg. 09/03/2020, DJe 13/03/2020.
475
STJ, 3ª T., REsp 1628700/MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julg.
20/02/2018, DJe 01/03/2018.
STJ, 3ª T., REsp 1628700/MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julg.
476
267
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
478
STJ, 4ª T., REsp 1410478/RN, Relª. Minª. Maria Isabel Gallotti, julg.
05/12/2019, DJe 04/02/2020.
STJ, 3ª T., REsp 1623098/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julg.
479
268
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
269
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
484
“(...) não há vedação a que, no real e mais elevado propósito do bem estar
do menino, na sua formação e crescimento, possa verificar-se nova adequa-
ção quanto à sua permanência neste ou naquele país, sempre se recordando
do que diz o art. 28, caput, do ECA, ao estatuir que, se a criança contar com
menos de 12 (doze) anos, sua opinião será levada em consideração. Ao passo
que se for maior de 12 (doze) anos, é condicionante a sua anuência”. (STJ, 4ª
T., REsp 1449560/RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, julg. 19/08/2014, DJe 14/10/2014).
485
“O Comité já determinou que quanto mais a criança sabe, tenha expe-
rienciado e tenha mais capacidade de compreensão, mais os pais, os repre-
sentantes legais ou outras pessoas legalmente responsáveis por ela, devem
transformar a direção e a orientação em alertas e sugestões e, mais tarde,
numa partilha em pé de igualdade. Do mesmo modo, à medida que a criança
ganha maturidade, a sua opinião terá um peso crescente na avaliação do seu
interesse superior. Os bebés e as crianças muito pequenas têm o mesmo di-
reito que todas as outras crianças a que o seu interesse superior seja avaliado,
mesmo que não possam exprimir a sua opinião e representar-se a si próprias
da mesma forma que as crianças mais velhas. Os Estados devem adotar as
disposições necessárias, incluindo a representação, quando adequado, para
a avaliação do seu interesse superior; o mesmo se aplica às crianças que não
podem ou não querem exprimir uma opinião”. (COMITÊ SOBRE OS DIREITOS
DA CRIANÇA. Comentário Geral No. 14 (2013) sobre o direito da criança a
que o seu interesse superior seja primacialmente tido em conta (artigo 3.º,
parágrafo 1), cit., p. 20)
270
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
271
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Tube – e perderam a guarda de dois deles. 3 mai. 2017. Disponível em: https://
www.bbc.com/portuguese/internacional-39790875. Acesso em: 4 abr. 2021.
272
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
488
DE FRANCO, Philip. Wow... We need to talk about this. YouTube, 2017.
Disponível em: “https://www.youtube.com/ watch?v=fvoLmsXKkYM”. Acesso
em: 4 abr. 2021.
489
BELCHER, Sara. DaddyOFive’s Mike and Heather Martin were driven off the
internet after child abuse claims. Distractify [website], 6 mai. 2020. Disponível
em: https://www.distractify.com/p/daddyofive-now. Acesso em: 4 abr 2021.
273
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
490
ARBULU, Rafael. Após polêmica, canal Bel Para Meninas remove vídeos
da protagonista no YouTube. Canaltech [website], 25 mai. 2020. Disponível em:
https://canaltech.com.br/internet/apos-polemica-canal-bel-para-meninas-re-
move-videos-da-protagonista-no-youtube-165440/. Acesso em: 4 abr. 2021.
491
ARBULU, Rafael. Após polêmica, canal Bel Para Meninas remove vídeos
da protagonista..., cit.
274
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
275
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
492
FELITTI, Chico. Nissim Ourfali, famoso por vídeo na internet, só agora
para de andar com seguranças. Folha de São Paulo, São Paulo, 14 jun. 2013.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/07/1309853-nis-
sim-ourfali-famoso-por-video-na-internet-so-agora-para-de-andar-com-segu-
rancas.shtml. Acesso em: 05 abr. 2021. Sobre o tema: RETTORE, Anna Cristina
de Carvalho; SILVA, Beatriz de Almeida Borges e. A exposição da imagem dos
filhos pelos pais funcionalizada ao melhor interesse da criança e do adolescente.
Revista Brasileira de Direito Civil, Rio de Janeiro, v. 8, n. 02, 2016. Disponível
em: https://rbdcivil.ibdcivil.org.br/rbdc/article/view/63. Acesso em: 5 abr. 2021.
276
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
493
Sobre o tema, seja consentido remeter a TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado;
RETTORE, Anna Cristina de Carvalho. A autoridade parental e o tratamento de
dados pessoais de crianças e adolescentes. In: TEPEDINO, Gustavo; FRAZÃO,
Ana; OLIVA, Milena Donato (coords.). Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais:
e suas repercussões no Direito Brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2019, pp. 505-530.
494
COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA. Comentário Geral No. 25
(2021) sobre os Direitos das Crianças em relação ao ambiente digital, cit.
277
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
278
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
495
Nessa linha, estabelece o Comentário nº 25: “Quando o consentimento
for solicitado para processar os dados de uma criança, Estados Partes devem
assegurar que o consentimento seja informado e dado livremente pela criança
ou, dependendo da idade e do desenvolvimento progressivo das capacidades
da criança, pela mãe, pai ou responsável, e obtido antes do processamento
desses dados. Quando o próprio consentimento da criança for considerado
insuficiente e for necessário o consentimento parental para processar os dados
pessoais da criança, Estados Partes devem exigir que as organizações que
processam esses dados verifiquem se o consentimento é informado e dado
pela mãe, pai ou responsável pela criança.” (COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DA
CRIANÇA. Comentário Geral No. 25 (2021) sobre os Direitos das Crianças em
relação ao ambiente digital, cit., para. 71)
496
Também sobre o tema: TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de.
Consentimento e proteção de dados pessoais na LGPD. In: TEPEDINO, Gus-
tavo; FRAZÃO, Ana; OLIVA, Milena Donato (coords.). Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais: e suas repercussões no Direito Brasileiro. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2019, pp. 287-322.
279
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
280
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
497
BYRNE, Jasmina; DAY, Emma; RAFTREE, Linda. The Case for Better Gover-
nance of Children’s Data: A Manifesto. Maio de 2021. Office of Global Insight
and Policy, United Nations Children’s Fund. Disponível em: https://www.unicef.
org/globalinsight/reports/better-governance-childrens-data-manifesto. Acesso
em: 28 mai. 2021. Traduzido do original: “This Manifesto calls for governments
to impose stronger regulations on companies in order to shift the onus for
data protection from children to companies and governments. Distributive
models of data governance should be promoted in order to provide oppor-
tunities for child participation, collaboration, and co-creation. Children should
also be afforded meaningful redress mechanisms for violations of data rights.
Governments themselves must also put in place rules to restrict the reuse of
children’s data held by the public sector, and to impose obligations on data
intermediary services, drawing on the new European Data Governance Act,
which requires publicly available conditions for the re-use of data that are
non-discriminatory, proportionate and objectively justified”.
281
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
282
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
499
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. NERY, Maria Carla Moutinho. Vulnera-
bilidade digital de crianças e adolescentes: a importância da autoridade pa-
rental para uma educação nas redes. In: EHRHARDT JR., Marcos; LOBO, Fabíola
(orgs.). Vulnerabilidade e sua compreensão no direito brasileiro. Indaiatuba:
Foco, 2021, p. 133-147.
283
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
500
O TJRJ decidiu um caso que ilustra bem o potencial danoso da atuação
dos pais na internet. A mãe da criança, à época do julgamento, com 7 anos,
lançou campanha fraudulenta na internet, tipo “vaquinha” com o objetivo de
arrecadar doações de desconhecidos, motivada por declarações infundadas
do tipo abandono do menor pelo pai e litígio internacional de guarda, em site
de acesso aberto, anexando foto do filho quando ele tinha 3 anos. A sentença
julgou procedente o pedido, determinando a retirada das publicações feitas
por meio da internet ou outro veículo de comunicação com menção direta ou
indireta ao autor e seu filho, além de se abster de promover novas publicações
da mesma natureza, por meio físico ou eletrônico com alusão ao autor e o
filho das partes, tudo isso sob pena de multa. “No caso, dentre os direitos
constitucionais em conflito nos autos, a proteção da criança deve prevalecer.
Importante que, além da saúde física, seja preservada a saúde emocional.
Além da imagem, o teor do texto que está na campanha para arrecadação de
dinheiro intitulada “ajude o André”, divergem da situação de vida do segundo
autor, eis que reside no Leblon e estuda na Escola Americana, uma das mais
caras da cidade, cujas mensalidades são pagas pelo primeiro autor. Inconteste
que a indevida exposição do menor, ainda mais por estar com sete anos e
em idade escolar, evidencia a necessidade de excluir a publicação veiculada
na internet por representar potencial risco, principalmente, à sua integridade
moral e psíquica. Ademais, também merece ser destacado, como apontado
no julgado, que a mencionada campanha expõe de forma negativa a figura
paterna, que deveria também ser preservada pelo bem do filho. Nesse contexto,
não assiste razão à parte apelante”. (TJRJ, Ap. Civ. º 0078536-90.2018.8.19.0001,
3ª CC, Des. Helda Lima Meireles, julg. 24.2.2021, DJe 26.2.2021).
501
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RETTORE, Anna Cristina de Carvalho.
Desenvolvimento infanto-juvenil e riscos da interação das crianças e adoles-
centes com sistemas de inteligência artificial. In: TEPEDINO, Gustavo; SILVA,
Rodrigo da Guia (coords.). O direito civil na era da inteligência artificial. São
Paulo: Thomson Reuters, 2020, p. 183-201.
284
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
CONCLUSÃO
Embora a intensidade da presença do ambiente digital na
vida de crianças e adolescentes ainda não tenha demandado
manifestação do Superior Tribunal de Justiça para fins de
análise do conteúdo do princípio do melhor interesse de forma
específica para essa realidade, as diretrizes já estabelecidas até o
presente momento mostram-se hábeis para serem transpostas
às situações que começam a surgir.
Concluiu-se, nesse sentido, ser de primordial importância
verter a atenção ao atendimento e observação dos direitos
fundamentais de crianças e adolescentes também no ambiente
502
CHEUNG, Helier. Publicar fotos dos filhos nas redes sociais é invasão de
privacidade? BBC Brasil, 28 mar. 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/
portuguese/geral-47731061. Acesso em: 5 abr. 2021.
503
ROCHA, Leonardo. Jovem está processando os pais por fotos constran-
gedoras no Facebook. TecMundo, 15 abr. 2016. Disponível em: https://www.
tecmundo.com.br/redes-sociais/109565-garota-processando-pais-fotos-cons-
trangedoras-facebook.htm. Acesso em: 5 abr. 2021.
285
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
sobre os Direitos das Crianças em relação ao ambiente digital, cit., para. 105.
286
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Gustavo Tepedino505
Milena Donato Oliva506
1. INTRODUÇÃO
A proteção de dados pessoais507 adquire enorme relevância
diante da coleta indiscriminada de dados e permanente
monitoramento das pessoas para atender às crescentes
exigências de segurança interna e externa, interesses de mercado
e reorganização da gestão pública.508 Compõe aspecto essencial
da tutela da dignidade da pessoa humana,509 haja vista que
busca evitar discriminações que não encontrem fundamento
constitucional e afastar práticas que possam reduzir a liberdade
287
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
510
Para análise acerca da proteção de dados pessoais na atual sistemática
do ordenamento jurídico brasileiro, permita-se remeter a TEPEDINO, Gustavo;
OLIVA, Milena Donato. Fundamentos do Direito Civil, vol. 1: Teoria Geral do
Direito Civil, Rio de Janeiro: Forense, 2021, 2ª ed, p. 165-169, bem como à obra
Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, TEPEDINO, Gustavo; FRAZÃO, Ana;
OLIVA, Milena Donato (coord.), São Paulo: Revista dos Tribunais, 2ª ed., 2020.
511
Cf. art. 5º, V da LGPD. Cf. também OLIVA, Milena Donato; VIÉGAS, Francisco
de Assis. Tratamento de dados para a concessão de crédito. In: FRAZÃO, Ana;
TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato (Coords.). A Lei Geral de Proteção
de Dados Pessoais e suas repercussões no direito brasileiro. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2020, 2ª ed., p. 561-600.
512
O art. 5º, X, da LGPD, define em termos amplos a atividade de tratamento
de dados. Confira-se: “tratamento: toda operação realizada com dados pessoais,
como as que se referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização,
acesso, reprodução, transmissão, distribuição, processamento, arquivamento,
armazenamento, eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação,
comunicação, transferência, difusão ou extração”.
513
V., em especial, arts. 6º, IV, VI, X, 9º e 18 da LGPD.
288
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
514
Conforme destaca Mario Viola, “o modelo europeu de proteção de dados
é o que vem prevalecendo na grande maioria das legislações sobre proteção
de dados no mundo, inclusive dos países membros do Mercosul, bloco eco-
nômico do qual o Brasil é estado parte” (VIOLA, Mario. Combate à Fraude e
Proteção de Dados: inimigos ou aliados? Revista Brasileira de Risco e Seguro,
Rio de Janeiro, v. 6, n. 12, p. 37-49, 2011. Disponível em: https://www.rbrs.com.
br/arquivos/RBRS12-3%20Mario%20Viola.pdf.)
515
Segundo Stefano Rodotà, “a proteção de dados pode ser vista como
a soma de um conjunto de direitos que configuram a cidadania do novo
milênio” (RODOTÀ, Stefano, A vida na sociedade de vigilância: privacidade
hoje. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 14). Do ponto de vista econômico, há
inclusive quem afirme que os dados pessoais seriam o novo petróleo: THE
world’s most valuable resource is no longer oil, but data. The Economist. [s.l.].
6 maio 2017. Disponível em: https://www.economist.com/leaders/2017/05/06/
the-worlds-most-valuable-resource-is-no-longer-oil-but-data.
516
“O princípio da solidariedade legitima a intervenção estatal reequilibradora,
para proteger os vulneráveis de forma diferenciada. Alude-se, por isso mesmo,
ao princípio do melhor interesse dos vulneráveis, pelo qual, independente-
mente da espécie de vulnerabilidade, é dever do Estado propiciar os meios
para colocá-los em situação de igualdade” (TEPEDINO, Gustavo; TEIXEIRA, Ana
Carolina Brochado. Fundamentos do Direito Civil, vol. 6: Direito de Família, Rio
de Janeiro: Forense, 2020, p. 18).
289
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
517
Cf. sobre o tema TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. O con-
sentimento na circulação de dados pessoais. In: TEPEDINO, Gustavo; FRAZÃO,
Ana; OLIVA, Milena Donato. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e suas
repercussões no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, p.
287-322; e TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Proteção de dados de crianças e de
adolescentes. Revista do advogado, n. 144, nov. 2019, p. 54-59.
518
MACHADO, Diego Carvalho. Capacidade de agir e direitos da personalidade
no ordenamento jurídico brasileiro: o caso do direito à privacidade. Revista
Brasileira de Direito Civil (RBDCivil), vol. 8, abr.-jun. 2016, p. 74-75.
519
Semelhante caracterização do consentimento é encontrada na base legal
de tratamento dos dados sensíveis (art.11, I, da LGPD), havendo exigência de
maior participação do titular, como também de cuidado mais elevado com o
tratamento da informação pelo agente.
290
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
520
MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2016, 6. ed., p. 131-132.
521
Art. 3º do Código Civil: “São absolutamente incapazes de exercer pes-
soalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos”. Art. 166
do Código Civil: “É nulo o negócio jurídico quando: I – celebrado por pessoa
absolutamente incapaz”.
291
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
522
Nesse sentido: “Cabe a ressalva de que o artigo traz a condicionante ape-
nas às crianças, levando a entender que aqueles maiores de 12 anos poderão
consentir de forma autônoma, desde que os termos sejam disponibilizados
de forma clara e acessível, conforme o § 6º analisado posteriormente” (CAR-
NEIRO, Isabelle da Nóbrega Rito; SILVA, Luiza Caldeira Leite; TABACH, Danielle.
Tratamento de dados pessoais. In: Bruno Feigelson; Antonio Henrique Albani
Siqueira (Coord.), Comentários à Lei Geral de Proteção de Dados, São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2019, (edição eletrônica); “Assim sendo, é essencial que
pelo menos um dos pais ou responsáveis legais forneça(m) o consentimento.
No entanto, é importante notar que o texto legal condiciona a necessidade
de consentimento apenas a crianças. Dessa maneira, é possível inferir que
maiores de 12 anos podem consentir por conta própria sem a necessidade da
interferência de pais ou responsáveis legais, desde que este tramite respeite
as premissas legais e seja feito de maneira livre, informada e clara” (LEITE,
Luiza, Comentários à lei geral de proteção de dados: Lei 13.709/2018. In: FEI-
GELSON, Bruno; BECKER, Daniel (Coord.). São Paulo: Thomson Reuters Brasil,
2020, (edição eletrônica)). V. tb. LIMA, Caio César Carvalho. In: MALDONADO,
Viviane Nóbrega; BLUM, Renato Opice (Coord.), LGPD: Lei Geral de Proteção
de Dados comentada. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 209-212.
523
Exemplos de atribuição de relevância à vontade do menor no ECA: art.
16, II; art. 28, §§1º e 2º; art. 100, XII; art. 111, V; e art. 161, §3º. Além desses
exemplos, pode-se citar o próprio Código Civil, em seu art. 1.740, III.
292
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
524
Extrai-se do Relatório: “Decidimos incluir, como regra geral, ser ilegal
a coleta de dados pessoais de crianças, abaixo de 12 anos de idade, sem o
consentimento específico e em destaque dado por pelo menos um dos pais ou
responsável legal. Nesses casos, o responsável deve realizar todos os esforços
razoáveis para verificar que esse consentimento foi dado efetivamente pelo
responsável pela criança, levando em consideração as tecnologias disponíveis”
(COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A PROFERIR PARECER AO PROJETO DE LEI
Nº4060, DE 2012. Tratamento e Proteção de Dados Pessoais. Projeto de Lei nº
4.060, de 2012. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/
prop_mostrarintegra?codteor=1663305&filename=. Acesso em 11 jan. 2021.)
293
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
525
“Neste parágrafo, importante observar que, a despeito da menção ao § 1º
(o qual limita a aplicação do texto às crianças), a partir da leitura do Relatório
da Comissão Especial já mencionado, o melhor entendimento é de que essa
obrigação se estende a quem realiza, também, o tratamento de adolescentes.
Com base nisso, o entendimento é o de que, por cautela, a obrigação do § 2º
deve ser entendida como aplicável aos controladores que tratam dados de
crianças ou de adolescentes” (LIMA, Caio César Carvalho. In: MALDONADO,
Viviane Nóbrega; BLUM, Renato Opice (Coord.), LGPD: Lei Geral de Proteção
de Dados comentada. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 209-212).
294
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
526
LIMA, Caio César Carvalho. In: MALDONADO, Viviane Nóbrega; BLUM,
Renato Opice (Coord.). LGPD: Lei Geral de Proteção de Dados comentada,
São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 209-212; CARNEIRO, Isabelle da
Nóbrega Rito; SILVA, Luiza Caldeira Leite; TABACH, Danielle. Tratamento de
dados pessoais. In: FEIGELSON, Bruno; SIQUEIRA, Antonio Henrique Albani
(Coord.), Comentários à Lei Geral de Proteção de Dados, São Paulo: Thomson
Reuters Brasil, 2019. E-book; STINGHEN, João Rodrigo, Cartórios e proteção
de dados: tratamento de dados especiais: dados sensíveis ou de crianças têm
restrição no tratamento e exigem mais transparência. Jota. [s.l.]. 26 mar. 2020.
Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/cartorios-e-
-protecao-de-dados-tratamento-de-dados-especiais-26032020. Acesso em:
11.2.2021. A rigor, tal regra “vale para menores e maiores de idade” (COTS,
Márcio; OLIVEIRA, Ricardo. cit.).
527
FRAZÃO, Ana. Nova LGPD: tratamento dos dados de crianças e adoles-
centes. Jota. [s.l.]. 3 out. 2018. Disponível em: https://www.jota.info/opiniao-
-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-mercado/nova-lgpd-tratamen-
to-dos-dados-de-criancas-e-adolescentes-03102018. Acesso em: 30.2.2021.
295
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
528
Nesse sentido, o art. 12, do GDPR: “Transparência das informações, das
comunicações e das regras para exercício dos direitos dos titulares dos dados.
1. O responsável pelo tratamento toma as medidas adequadas para fornecer
ao titular as informações a que se referem os artigos 13.o e 14.o e qualquer
comunicação prevista nos artigos 15.o a 22.o e 34.o a respeito do tratamento,
de forma concisa, transparente, inteligível e de fácil acesso, utilizando uma
linguagem clara e simples, em especial quando as informações são dirigidas
especificamente a crianças. As informações são prestadas por escrito ou por
outros meios, incluindo, se for caso disso, por meios eletrônicos. Se o titular
dos dados o solicitar, a informação pode ser prestada oralmente, desde que
a identidade do titular seja comprovada por outros meios.”
529
Observa-se que a norma acima deve ser lida juntamente com as dispo-
sições do Estatuto da Criança e do Adolescente, especialmente seus artigos
70 e 71, segundo os quais é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
ou violação aos direitos da criança e do adolescente, sujeitos esses que têm
direito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões e produtos e serviços
que respeitem suas condições peculiares de pessoas em desenvolvimento.
296
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
530
Há de se questionar, todavia, a aplicação das disposições acerca da tutela
do crédito (art. 7º, X) e do atendimento dos interesses legítimos do controlador
ou de terceiro (art. 7º, IX) para o tratamento de dados de menores. No caso
do legítimo interesse, o legislador ressalvou que a hipótese não será possível
“se prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a
proteção dos dados pessoais”. Sobre a exceção, é necessário ponderar que,
no caso de dados de crianças e adolescentes, será importante considerar tal
ressalva com maior cuidado, assim como optou o Regulamento europeu em
seu art. 6º: “Licitude do tratamento 1. O tratamento só é lícito se e na me-
dida em que se verifique pelo menos uma das seguintes situações: (...) f) O
tratamento for necessário para efeito dos interesses legítimos prosseguidos
pelo responsável pelo tratamento ou por terceiros, exceto se prevalecerem
os interesses ou direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a
proteção dos dados pessoais, em especial se o titular for uma criança”. Cf.,
também, COTS, Márcio; OLIVEIRA, Ricardo. Lei geral de proteção de dados
pessoais comentada, São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019. E-book.; EBER-
LIN, Fernando Büscher von Teschenhausen. Direitos da criança na sociedade
da informação, São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2020. E-book.
297
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
531
Cfr., nesse sentido: “No caso em tela, que envolve menores de idade, não
foi estabelecida norma especial com novas possibilidades para o tratamento,
devendo ser aplicadas, como regra, as disposições dos arts. 7º e 11, que trazem
as hipóteses previstas pela LGPD para o tratamento de dados pessoais. Como
complemento às hipóteses de autorização legal para o tratamento de dados,
afirma-se, no § 3º do art. 14, que poderão ser coletados dados pessoais de
crianças sem o consentimento a que se refere o § 1º do mencionado artigo
quando: a) a coleta for necessária para contatar os pais ou o responsável legal,
devendo os dados ser utilizados uma única vez e sem armazenamento; ou
b) para a proteção da criança.” (TEFFÉ, Chiara Spadaccini. Proteção de dados
de crianças e adolescentes na Lei Geral de Proteção de Dados, cit., p. 58-59).
V. tb. CAGNONI, Ana Carolina. Tratamento de Dados Pessoais de Crianças e
Adolescentes: a LGPD e os demais diplomas legais existentes no Brasil. In:
PALHARES, Felipe. Temas atuais de proteção de dados, São Paulo: Thomson
Reuters Brasil, 2020. E-book.
298
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
299
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
536
TEPEDINO, Gustavo. A tutela da personalidade no ordenamento civil-cons-
titucional brasileiro, In: Temas de Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p.
28-29. Cf., também, TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato. Fundamentos
do Direito Civil, cit., com ampla e atualizada bibliografia.
537
V. Pietro Perlingieri, La persona e i suoi diritti, Napoli: Edizioni Scientifiche
Italiane, 2005, p. 14.
538
V. TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato. Fundamentos do Direito
Civil, cit., p. 111-112.
300
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
539
TEPEDINO, Gustavo; OLIVA, Milena Donato. Fundamentos do Direito
Civil, cit., p. 113.
540
Código Civil: “Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I – celebrado
por pessoa absolutamente incapaz; (...)”
541
Código Civil: “Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na
lei, é anulável o negócio jurídico: I – por incapacidade relativa do agente; (...)”
Art. 1.782 do Código Civil: “A interdição do pródigo só o privará de, sem
542
301
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
543
“O estado pessoal patológico ainda que permanente da pessoa, que
não seja absoluto ou total, mas graduado e parcial, não se pode traduzir em
uma série estereotipada de limitações, proibições e exclusões que, no caso
concreto, isto é, levando em conta o grau e a qualidade do déficit psíquico,
não se justificam e acabam por representar camisas de força totalmente des-
proporcionadas e, principalmente, em contraste com a realização do pleno
desenvolvimento da pessoa” (PERLINGIERI, Pietro. O Direito Civil na Legalidade
Constitucional, Rio de Janeiro: Renovar: 2008, p. 781). V. também: ALMEIDA,
Vitor. A capacidade civil das pessoas com deficiência e os perfis da curatela.
Belo Horizonte: Fórum, 2019, pp. 168-186.
544
“Na categoria do ser não existe dualidade entre sujeito e objeto, pois
ambos representam o ser, e a titularidade é institucional, orgânica. Quando o
objeto de tutela é a pessoa, a perspectiva deve mudar: torna-se uma necessi-
dade lógica reconhecer, em razão da natureza especial do interesse protegido,
que é exatamente a pessoa a constituir ao mesmo tempo o sujeito titular do
direito e o ponto de referência objetivo da relação” (PERLINGIERI, Pietro. O
Direito Civil na Legalidade Constitucional, cit., p. 764).
545
Cf. TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Deficiência psíquica e curatela:
reflexões sob o viés da autonomia privada. Revista Brasileira de Direito das
Famílias e Sucessões, n. 7, 2009, p. 70.
302
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
546
V. TJDFT, Apelação Cível 20140510102588, 6ª T. C., Rel. Des. Ana Ma-
ria Duarte Amarante Brito, julg. 2.3.2016; TJMG, Apelação Cível 1649462-
38.2004.8.13.0079, 6ª CC., Rel. Des. Maurício Barros, julg. 12.2.2008; e TJRJ,
Apelação Cível 0008400-14.2009.8.19.0024, 3ª C.C., Des. Rel. Renata Cotta,
julg. 7.11.2013; TJMG, Ap. Cív. 1.0000.18.009578-8/001, 7ª C.C., Rel. Des. Pei-
xoto Henriques, julg. 14.5.2019; TJRJ, Ap. Cív. 0197666-40.2019.8.19.0001,
13ª CC, Rel. Des. Fernando Fernandy Fernandes, julg. 19.10.2020; TJSP, Ap.
Cív. 1115754-08.2016.8.26.0100, 9ª Câm. Dir. Priv., Rel. Des. Rogério Murillo
Pereira Cimino, julg. 3.2.2021.
547
PERLINGIERI, Pietro. O Direito Civil na Legalidade Constitucional, cit., p.
779-780; TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RODRIGUES, Renata de Lima. A
renovação do instituto da curatela e a autonomia privada do incapaz no âmbito
existencial: uma reflexão a partir da esterilização de pessoa maior incapaz, cit.,
p. 36; RODRIGUES, Rafael Garcia. A pessoa e o ser humano no novo Código
Civil. In: TEPEDINO, Gustavo (coord.). O Código Civil na perspectiva civil-cons-
titucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2013, p. 43.
548
Art. 2º da Lei 13.146/2015: “Considera-se pessoa com deficiência aquela
que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas”.
303
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
549
O art. 4º, III, do Código Civil trata como relativamente incapazes “aqueles
que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade”,
mas, a rigor, o estado vegetativo é incompatível com o instituto da assistência.
Sobre o tema, v. BARBOZA, Heloisa Helena; ALMEIDA, Vitor. A capacidade civil
à luz do Estatuto da Pessoa com Deficiência. In: MENEZES, Joyceane Bezerra de
(org.), Direito das pessoas com deficiência psíquica e intelectual nas relações
privadas: Convenção sobre os direitos da pessoa com deficiência e Lei Brasi-
leira de Inclusão. Rio de Janeiro: Processo, 2016, p. 264-265; SOUZA, Eduardo
Nunes de Souza; SILVA, Rodrigo da Guia. Dos negócios jurídicos celebrados
por pessoa com deficiência psíquica e/ou intelectual: entre a validade e a
necessidade de proteção da pessoa vulnerável. In: MENEZES, Joyceane Be-
zerra de (org.), Direito das pessoas com deficiência psíquica e intelectual nas
relações privadas: Convenção sobre os direitos da pessoa com deficiência e
Lei Brasileira de Inclusão. Rio de Janeiro: Processo, 2016, p. 313.
550
“Vimos que a noção de discernimento é nuançada, graduada, sendo
assim percebida pelo Direito. Assim, para averiguar e mensurar se alguém
não tem discernimento, ou a medida da redução do discernimento, deve o
intérprete operar um raciocínio atento às singularidades da pessoa (“racio-
cínio por concreção”) diverso do que desenvolve quando a incapacidade é
determinada em vista de uma categoria genérica, como a idade, por exemplo.
Não é a pessoa como abstrato sujeito, mas é a pessoa de carne e osso, em sua
concretitude e em suas circunstâncias, que deverá estar no centro do racio-
cínio” (MARTINS-COSTA, Judith. Capacidade para consentir e esterilização de
mulheres. In: MARTINS-COSTA, Judith.; MOLLER, Letícia Ludwig (orgs.), Bioética
e responsabilidade. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 326). V. tb. BARBOZA,
Heloisa Helena. Reflexões sobre a autonomia negocial. In: TEPEDINO, Gustavo;
FACHIN, Luiz Edson (Coords.). O direito e o tempo: embates jurídicos e utopias
contemporâneas – Estudos em homenagem ao Professor Ricardo Pereira Lira.
Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 421-422.
304
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
551
Sobre a aplicação desta mesma lógica à LGPD, especialmente quando
da análise do consentimento para o tratamento de dados dos adolescentes:
“Não se pode cair no equívoco de um excessivo formalismo, sob pena de en-
gessarmos novos modelos de negócios e relações relevantes para a dinâmica
comunicacional do ser humano. Nessa perspectiva, é necessário verificar o
interesse subjacente ao ato e sua repercussão na esfera do menor. Para tal, a
análise do discernimento e da maturidade do sujeito se mostra fundamental.
O critério etário é importante, mas não deve ser único ou absoluto” (TEFFÉ,
Chiara Spadaccini de. Tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes:
proteção e consentimento. In: Pesquisa sobre o uso da internet por crianças e
adolescentes no Brasil: TIC kids online Brasil 2018. São Paulo: Comitê Gestor
da Internet no Brasil, 2019, p. 49-53).
LEAL, Sheila do Rocio Cercal Santos. Contratos eletrônicos: validade jurídica
552
305
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
553
MILAGRES, Marcelo de Oliveira; GONÇALVES, Thatiane Rabelo. A des-
personalização na contratação eletrônica: a realidade dos contratos de fato.
Revista de Direito do Consumidor, vol. 117/2018, maio-jun./2018, p. 2.
554
Sobre o tema, cfr. SILVA, Juliana Pedreira da. Contratos sem negócio
jurídico: crítica das relações contratuais de fato, São Paulo: Editora Atlas,
2011; e TEPEDINO, Gustavo. Atividade sem negócio jurídico fundante e seus
desdobramentos na teoria contratual. Prefácio a SILVA, Juliana Pedreira da.
Contratos sem negócio jurídico: crítica das relações contratuais de fato, São
Paulo: Editora Atlas, 2011.
306
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
555
“Todos nós, e diversos juristas, já se questionaram a respeito do fato de
um menino de 12 anos fazer compras, ir a uma farmácia para comprar um
medicamento ou comprar um brinquedo, ou, ainda, assumir a posse de uma
coisa, situações essas que, obviamente, não se enquadram no âmbito do art.
104 do novo Código e nem se albergavam no espectro do art. 82 do Código
de 1916, mas, quer-se crer que, ninguém seriamente jamais pôs em dúvida que
essas compras feitas por um menino são válidas e “legitimadas” pela ordem
jurídica. (...) . Em tais casos, de compras feitas por uma criança, o que exige a
ordem jurídica é o discernimento e não a capacidade civil.” (ALVIM NETTO,
José Manoel de Arruda. A função social dos contratos no novo código civil.
Revista dos Tribunais, vol. 815, 2003, p. 3). V. também, SILVA, Juliana Pedreira
da. Contratos sem negócio jurídico: crítica das relações contratuais de fato,
São Paulo: Editora Atlas, 2011.
556
SOUZA, Eduardo Nunes de. Perfil dinâmico da invalidade negocial. In:
MENEZES, Joyceane Bezerra de; RODRIGUES, Francisco Luciano Lima. Pessoa
e mercado sob a metodologia do direito civil-constitucional, Santa Cruz do
Sul: Essere nel Mondo, 2016, p. 85-86.
557
HAUPT, Günther. Über faktische Vertragsverhältnisse, 1941.
307
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
558
LARENZ, Karl. O estabelecimento de relações obrigacionais por meio de
comportamento social típico (1956). Revista Direito GV, vol. 2, n. 1, jan.-jun./2006.
Note-se que Larenz acabaria revendo sua posição a partir da terceira edição
de seu famoso livro dedicado ao direito das obrigações, e sucumbindo à
doutrina alemã majoritária, passou a explicar o comportamento social típico
como expressão da vontade presumida, nos termos do § 151 do BGB, ou como
mecanismo excepcional de ressarcimento para se evitar enriquecimento sem
causa. (LARENZ, Karl. Allgemeiner Teil des Bürgerlichen Rechts, München: Beck,
2004, 9ª ed., p. 578-580, atualizado por Manfred Wolf). Para análise minuciosa
sobre a matéria, remeta-se a TEPEDINO, Gustavo. Atividade sem negócio jurídico
fundante e seus desdobramentos na teoria contratual. Prefácio a SILVA, Juliana
Pedreira da. Contratos sem negócio jurídico: crítica das relações contratuais
de fato, São Paulo: Editora Atlas, 2011.)
559
ASCARELLI, Tullio. Lezioni di diritto commerciale - Introduzione, 1955,
Milano: Giuffrè, p. 102 a 108. Sobre o tema, v. também o verbete fundamental
de AULETTA, Giuseppe (Attività (dir. priv.)). In: Enciclopedia del diritto, vol. III,
Milano: Giuffrè, 1958, p. 982.
560
V. ANGELICI, Carlo. Responsabilità precontrattuale e protezioine dei terzi
in una recente sentenza del Bundesgerichtshof. Rivista del diritto commerciale
e del diritto generale delle obbligazioni, I, a. LXXV, 1977, p. 23-30. A mudança
de orientação da corte foi analisada em: TEPEDINO, Gustavo. Atividade sem
negócio jurídico fundante e seus desdobramentos na teoria contratual. Pre-
fácio a SILVA, Juliana Pedreira da. Contratos sem negócio jurídico: crítica das
relações contratuais de fato, São Paulo: Editora Atlas, 2011.
308
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
561
SILVA, Juliana Pedreira da. Contratos sem negócio jurídico: crítica das
relações contratuais de fato, São Paulo: Editora Atlas, 2011.
562
PERLINGIERI, Pietro. Manuale di diritto civile, Napoli: Edizioni Scientifiche
Italiane, 2014, 7ª ed., p. 519.
563
A respeito, v. o Enunciado n. 363 da Súmula do TST: “Contrato nulo. Efeitos.
A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em
concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe
conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao
número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo,
e dos valores referentes aos depósitos do FGTS (Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003)”.
309
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
564
A respeito, v. a O.J. n. 199 da SDI-1: “Jogo do bicho. Contrato de trabalho.
Nulidade. Objeto ilícito (título alterado e inserido dispositivo) - DEJT divulgado
em 16, 17 e 18.11.2010. É nulo o contrato de trabalho celebrado para o desem-
penho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, ante a ilicitude de seu
objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico”.
565
“Os efeitos pretendidos pelo particular, se nocivos ao incapaz, são con-
trários aos interesses da sociedade, que devem prevalecer. Contudo, note-se,
como se pretende reiterar adiante, se o negócio celebrado por absolutamente
incapaz sem representação lhe for benéfico, não haverá justificativa para a
nulidade.” (BDINE JÚNIOR, Hamid Charaf. Efeitos do negócio jurídico nulo,
São Paulo: Saraiva, 2010, p. 15,)
566
ENEAS, Maria Soares; REGO, Amanda Barbosa, Validade jurídica dos
contratos eletrônicos. Revista da Faculdade de Direito de Uberlândia, vol. 36:
315-353, 2008, p. 346.
310
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
567
Analisando interessante caso, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aplicou
a teoria dos comportamentos socialmente típicos em hipótese que envolvia a
contratação de linha telefônica por menor, que possuía 15 anos à época, para
fins de afastar a anulação do contrato celebrado. Veja-se: “Demanda movida
por menor, impúbere ao tempo dos fatos narrados, em face de concessionária
fornecedora de serviços de telefonia móvel. Autor que narra haver contratado
linha telefônica pré-paga, quando tinha quinze anos de idade, sem o conhe-
cimento de seus pais, os quais apenas vieram a tomar conhecimento do fato
meses depois, quando a concessionária teria supostamente alterado o plano
para pós-pago, e remetido faturas de cobrança para sua residência. Contrato
celebrado com a concessionária que, em princípio, é formalmente nulo, tendo
em vista a norma dos artigos 104, I e 166, I do Código Civil. Contratação de
produtos e serviços de necessidade quotidiana por incapazes que, no entanto,
é amplamente aceita no meio social, ocorrendo a todo tempo sem que se
questione a validade de tais atos. Teoria das relações contratuais de fato ou
comportamentos socialmente típicos. Hipótese em que resta claro que o menor
se beneficiou da contratação, auferindo proveito útil da linha telefônica por
meses, o que evidencia que a restituição dos valores por ele pagos apenas
geraria enriquecimento sem causa. Invalidade dos atos celebrados por incapazes
que se funda na presunção, pela ordem jurídica, de uma fragilidade do menor
em decorrência de seu pouco discernimento, o que não restou evidenciado
no presente caso. Ausente a falha na prestação do serviço, não se justifica,
tampouco, cogitar do dever de indenizar por danos morais. Concessionária
que agiu de boa-fé e providenciou voluntariamente a desativação da linha,
tão logo tomou conhecimento da controvérsia. Sentença que se mantém.
Recurso não provido” (TJRJ, 23ª CC, Ap. Cív. 00006793020158190079, Rel. Des.
Celso Silva Filho, julg. 30.10.2019). Na mesma direção, v. TJSP, 23ª CDP, Ap. Cív.
7082551100, Rel. Des. Rizzatto Nunes, julg. 13.8.2008, publ. DJ 22.9.2008; TJSC,
CER de Chapecó, Ap. Cív. 0304579-93.2015.8.24.0018 Rel. De. Luiz Antônio Zanini
Fornerolli, julg. 3.10.2016; e TJMT, 1ª CDP, Ap. Cív. 00019123420138110086,
Rel. Des. Joao Ferreira Filho, julg. 5.11.2019, publ. DJ 10.2.2020.
311
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
CONCLUSÃO
Com a aprovação da Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais, o ordenamento jurídico brasileiro passou a dispor
de disciplina própria voltada à regulamentação da proteção
dos dados pessoais. Desde então, tem sido objeto de debate a
interpretação do art. 14, § 1º, da LGPD, que exige o consentimento
específico e em destaque dado por, pelos menos, um dos pais
ou responsável legal sempre que o consentimento para o
tratamento de dados concernir às crianças. Nessa direção,
pelo fato de o dispositivo legal não mencionar o adolescente
– os maiores de doze e menores de dezoito anos de idade
–, indagou-se se o consentimento manifestado por ele sem
assistência ou representação deveria ser considerado válido,
como hipótese de capacidade especial para este fim, ou se o
legislador teria optado por não tratar do tema, por já existir
legislação geral sobre a matéria no Código Civil.
Para dirimir a controvérsia, e buscando superar possíveis
confusões dogmáticas em torno da aplicação dos diferentes
regimes, à luz da unidade axiológica que compõe o
ordenamento jurídico, procurou-se distinguir, de um lado,
as regras atinentes ao consentimento em termos de proteção
568
“A malícia supre a idade, não devendo aproveitar a ninguém, nem mesmo
aos menores, permanecendo válido o negócio efetuado, independentemente
da incapacidade que o vicia, em nome da aparência de maioridade despertada
na parte contrária e do princípio pelo qual ninguém pode se valer da própria
torpeza. Seria o caso, por exemplo, do menor que utiliza o certificado digital
alheio, usurpando a identidade deste, ou mente em formulários indagando
acerca da sua idade; a prova de tais ardis, caso praticados em face de sites de
comércio eletrônico, incumbe ao fornecedor” (MARTINS, Guilherme Magalhães.
Confiança e aparência nos contratos eletrônicos de consumo via internet.
Revista de Direito do Consumidor, vol. 64, out.-dez. 2007, p. 9).
312
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
313
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
314
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Caitlin Mulholland569
Mariana Palmeira570
INTRODUÇÃO
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) dedica
o artigo 14 a disposições acerca do tratamento de dados
pessoais de crianças e adolescentes. Estatui regras específicas
para a legitimidade do processamento de dados deste público,
impõe obrigações aos controladores quanto à publicidade e
transparência das operações, bem como quanto ao esforço
para identificar o consentimento dos pais ou responsáveis
legais, no caso de dados de crianças. Da mesma forma,
apresenta as exceções ao tratamento de dados realizado
com base no consentimento e reforça a aplicação do princípio
da necessidade a estas relações (art. 6º, III, LGPD571). Por fim,
indica a indispensabilidade da apresentação de informações
adequadas à capacidade de entendimento das crianças
alvo do tratamento de dados pessoais. Todo o disposto no
artigo 14 é iluminado pelo princípio do melhor interesse da
criança e adolescente, que ganha evidência e distinção na
569
Professora do Departamento de Direito da PUC-Rio. Doutora em Direito
Civil (UERJ). Líder do Grupo de Pesquisa DROIT - Direito e Novas Tecnologias.
570
Professora do Departamento de Comunicação da PUC-Rio. Membro do
Grupo de Pesquisa DROIT - Direito e Novas Tecnologias.
571
Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar
a boa-fé e os seguintes princípios:III - necessidade: limitação do tratamento ao
mínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos
dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação às finalidades
do tratamento de dados.
315
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
572
Neste sentido: (...) ganhou lugar de destaque no âmbito de um direito
de família personalista, ao atribuir prioridade à criança e ao adolescente para
a maior amplitude possível do exercício de direitos fundamentais (art. 227
do Texto Constitucional). Por essa razão, esse princípio passou a ser o vértice
interpretativo do ordenamento, nessa seara. p. 505. TEIXEIRA, Ana Carolina
Brochado; RETTORE, Anna Cristina de Carvalho. A autoridade parental e o tra-
tamento de dados pessoais de crianças e adolescentes. In: TEPEDINO, Gustavo;
FRAZÃO, Ana; OLIVA, Milena Donato (org.). Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais e suas repercussões no Direito Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Thomson
Reuters Brasil, 2020. Cap. 4. p. 499-521.
573
CONFERÊNCIA GERAL DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRA-
BALHO. Convenção sobre a Idade Mínima (Indústria) 1919. Disponível em:
https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_234872/lang--pt/index.htm.
Acesso em: 19 fev. 2021.
574
FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA (UNICEF). História dos
direitos das crianças. [2018] data provável. Disponível em: https://www.unicef.
org/brazil/historia-dos-direitos-da-crianca. Acesso em: 19 fev. 2021.
575
É na Declaração dos Direitos da Criança de 1959 que o manto protetivo
passa a estar embasado no princípio do melhor interesse da criança. A De-
claração Universal dos Direitos da Criança é composta por dez princípios. O
princípio 7º apresenta o conceito de melhor interesse: (...) Os melhores inte-
resses da criança serão a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação
e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais. (...)
316
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
576
Artigo 227, CF É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
577
Artigo 37, CDC É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 2° É
abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que
incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência
de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou
que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial
ou perigosa à sua saúde ou segurança.
578
Artigo 29, MCI O usuário terá a opção de livre escolha na utilização de
programa de computador em seu terminal para exercício do controle parental
de conteúdo entendido por ele como impróprio a seus filhos menores, desde
que respeitados os princípios desta Lei e da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Parágrafo único. Cabe ao poder
público, em conjunto com os provedores de conexão e de aplicações de in-
ternet e a sociedade civil, promover a educação e fornecer informações sobre
o uso dos programas de computador previstos no caput, bem como para a
definição de boas práticas para a inclusão digital de crianças e adolescentes.
579
Há grande variedade de definições para a expressão sociedade da in-
formação. De acordo com Guilherme Martins o termo surge na Conferência
Internacional de 1980, na Europa, quando da reunião da Comunidade Econô-
mica Europeia com objetivo de avaliar os rumos de uma sociedade nascente
baseada no uso de novas tecnologias para difusão da informação. MARTINS,
Guilherme Magalhães. O direito ao esquecimento na Internet. In: Direito Digital:
direito privado e internet, 2a ed. Indaiatuba, SP, Editora Foco, 2019. p. 67-94.
317
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
580
MCNEA, James U. Children as consumers of commercial and social products.
In: Marketing Health To Kids 8 To 12 Years Of Age, 1998, Washington. Working
paper for the conference. Washington: Pan American Health Organization,
2000. p. 1-113. Disponível em: https://criancaeconsumo.org.br/wp-content/
uploads/2014/02/childcons.pdf. Acesso em: 10 fev. 2021
581
TERWIESCH, Christian; SIGGELKOW, Nicolaj. Connected Strategy: Building
Continuous Customer Relationships for Competitive Advantage. Harvard Bu-
siness Review Press, 2019.
582
Artigo 4º, CDC A Política Nacional das Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento
da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo.
583
O Código de Defesa do Consumidor no § 2°do artigo 37 considera abusiva
a propaganda direcionada à criança: É abusiva, dentre outras a publicidade
discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo
ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da
criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumi-
dor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
318
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
584
O capitalismo de vigilância age por meio de assimetrias nunca antes
vistas referentes ao conhecimento e ao poder que dele resulta. Ele sabe tudo
sobre nós, ao passo que suas operações são programadas para não serem
conhecidas por nós. ZUBOFF, Shoshana. A Era do Capitalismo de Vigilância.
Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020. p. 22.
319
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
585
Antes da vigência da Lei 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente
- havia leis que tutelavam os direitos das crianças e adolescentes. Um exemplo
era o Código de Menores (Lei No 6.697/79) que trazia uma perspectiva que
considerava a criança ainda como um apêndice de seus pais ou representantes,
sem a elas garantir a ampla proteção que é trazida com a Constituição Federal
e o reconhecimento de que todo e qualquer ato jurídico deve ser limitado
pelo melhor interesse da criança. Sobre a doutrina menorista, Henriques, Pita
e Hartung assinalam que (...) se dirigia tão somente à camada socioeconô-
mica de crianças e adolescentes mais vulnerável, referindo-se a elas como
estando em situação de perigo moral ou material ou em “situação irregular”
e que, dessa forma, criminalizava a infância na pobreza, retirando do Estado
a sua responsabilidade pela ampla desigualdade social e miséria da maioria
da população brasileira. Os menores, como eram chamados as crianças e os
adolescentes durante a vigência do malfadado Código de Menores, eram tra-
tados como entes desprovidos de direitos e como se inaptos fossem para se
expressar. HENRIQUES, Isabela; PITA, Marina; HARTUNG, Pedro. A proteção de
dados pessoais de crianças e adolescentes. In: Tratado de Proteção de Dados
Pessoais. São Paulo: GEN Forense. 2021. p, 387.
320
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
586
Tramita no Congresso Nacional, Proposta de Emenda à Constituição 17,
que visa incluir no rol dos direitos fundamentais a proteção de dados pessoais.
Ainda que não houvesse o reconhecimento expresso da proteção de dados
como direito fundamental, pode-se considerar que a proteção de dados já se
encontra constitucionalmente protegida como um conteúdo da privacidade
(art. 5º, X, CF) ou ainda como decorrência da cláusula geral de tutela da pes-
soa humana, reconhecida no art. 1º, III, da CF, como fundamento do Estado
Democrático de Direito.
587
Art. 17, ECA. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade
física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação
da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
espaços e objetos pessoais.
321
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
588
Para Henriques, Pita e Hartung A garantia da proteção de dados pessoais
de crianças e adolescentes, além de possuir uma relevância relativamente maior
em relação aos demais entes da sociedade, é mais complexa porque, enquanto
pessoas em estágio peculiar de desenvolvimento biopsíquico e social, crianças
e adolescentes estão começando a desenvolver a compreensão da amplitude
do tratamento de dados pessoais e a capacidade de tomar as decisões sobre
autorizar, ou não, o uso de informações e dados pessoais. HENRIQUES, Isabela;
PITA, Marina; HARTUNG, Pedro. A proteção de dados pessoais de crianças e
adolescentes. cit., p. 385.
589
Arts. 115 a 120, do Código Civil, trazem o regramento geral sobre re-
presentação.
322
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
323
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
590
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Autonomia existencial. Revista Brasi-
leira de Direito Civil - RBDCivil, Belo Horizonte, v. 16, p. 75-104, abr./jun. 2018
324
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
591
Art. 14. § 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser rea-
lizado com o consentimento específico e em destaque dado por pelo menos
um dos pais ou pelo responsável legal.
592
O art. 6º, I, LGPD, reconhece como um dos princípios que regem a pro-
teção de dados no Brasil, a finalidade, que é conceituada como “realização
do tratamento para propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados
ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível
com essas finalidades”.
593
Art. 14, § 6, LGPD. As informações sobre o tratamento de dados referidas
neste artigo deverão ser fornecidas de maneira simples, clara e acessível, con-
sideradas as características físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais
e mentais do usuário, com uso de recursos audiovisuais quando adequado,
de forma a proporcionar a informação necessária aos pais ou ao responsável
legal e adequada ao entendimento da criança.
325
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
594
Neste sentido, entende Henriques, Pita e Hartung que é muito bem-vin-
do o dispositivo que não releva a importância da criança – e nessa esteira,
do adolescente – saber o que está se passando ainda que formalmente seja
representada por seus representantes ou responsáveis legais. É um dispositivo
que contribui para a formação e educação da nova geração no que concerne
ao cuidado com seus dados pessoais, possibilitando-lhe que aprenda a com-
preender serem seus dados pessoais a extensão da sua personalidade e, com
isso, merecedores de redobrada atenção. Fundamental para garantir o acesso
à informação e a ciência de direitos por parte de crianças e adolescentes, em
linha com o desenvolvimento progressivo das suas capacidades e habilidades.
HENRIQUES, Isabela; PITA, Marina; HARTUNG, Pedro. A proteção de dados
pessoais de crianças e adolescentes. cit., p. 407
595
MENEZES, Joyceane Bezerra de; MULTEDO, Renata Vilela. A autonomia
ético existencial do adolescente nas decisões sobre o próprio corpo e a hetero-
nomia dos pais e do Estado no Brasil. A&C – Revista de Direito Administrativo
& Constitucional, Belo Horizonte, ano 16, n. 63, p. 187-210, jan./mar. 2016.
326
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
596
Em sentido contrário Henriques, Pita e Hartung: Assim, ainda que o § 1.º
não mencione os adolescentes, não faria sentido deixá-los desprovidos da igual
e devida proteção, sob pena de se violar as garantias constitucionais dessas
pessoas. HENRIQUES, Isabela; PITA, Marina; HARTUNG, Pedro. A proteção de
dados pessoais de crianças e adolescentes. cit., p. 396.
597
O artigo 14 e seus parágrafos fazem referência somente à figura do con-
trolador, excluindo o operador - também agente de tratamento - das obriga-
ções impostas pela norma. O que traz desafios à fiscalização e concretização
dos direitos dos titulares, sobretudo em ambientes que envolvem múltiplos
agentes de tratamento.
598
Art. 14, § 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste artigo, os
controladores deverão manter pública a informação sobre os tipos de dados
coletados, a forma de sua utilização e os procedimentos para o exercício dos
direitos a que se refere o art. 18 desta Lei.
327
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
599
Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a obter do controlador,
em relação aos dados do titular por ele tratados, a qualquer momento e
mediante requisição: I - confirmação da existência de tratamento; II - acesso
aos dados; III - correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados;
IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, excessivos
ou tratados em desconformidade com o disposto nesta Lei; V - portabilidade
dos dados a outro fornecedor de serviço ou produto, mediante requisição
expressa, de acordo com a regulamentação da autoridade nacional, obser-
vados os segredos comercial e industrial; VI - eliminação dos dados pessoais
tratados com o consentimento do titular, exceto nas hipóteses previstas no
art. 16 desta Lei; VII - informação das entidades públicas e privadas com as
quais o controlador realizou uso compartilhado de dados; VIII - informação
sobre a possibilidade de não fornecer consentimento e sobre as consequên-
cias da negativa; IX - revogação do consentimento, nos termos do § 5º do
art. 8º desta Lei.
600
Art. 14, § 3º, LGPD: Poderão ser coletados dados pessoais de crianças
sem o consentimento a que se refere o § 1º deste artigo quando a coleta for
necessária para contatar os pais ou o responsável legal, utilizados uma única
vez e sem armazenamento, ou para sua proteção, e em nenhum caso poderão
ser repassados a terceiro sem o consentimento de que trata o § 1º deste artigo.
328
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
601
Art. 5º, LGPD: Para os fins desta Lei, considera-se: X - tratamento: toda
operação realizada com dados pessoais, como as que se referem a coleta,
produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transmissão,
distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento, eliminação, ava-
liação ou controle da informação, modificação, comunicação, transferência,
difusão ou extração.
602
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RETTORE, Anna Cristina de Carvalho.
A autoridade parental e o tratamento de dados pessoais de crianças e ado-
lescentes. cit., p. 520.
329
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
603
Muito comum o “tudo ou nada” aparecer no formato de cookie wall,
quando para acesso a determinado conteúdo de site ou aplicativo é neces-
sário aceitar a totalidade dos rastreadores (cookies). O Comitê de Proteção
de Dados Europeu se posicionou contrário a essa forma de consentimento
nas Diretrizes 05/2020, como se depreende do exemplo apresentado no item
40 do documento: Um fornecedor de sítios web cria uma instrução (script)
que bloqueará conteúdos, exceto relativamente a um pedido de aceitação de
testemunhos de conexão (cookies) e à informação sobre que cookies serão
instalados, bem como para que fins os dados serão tratados. Não é possível
aceder ao conteúdo sem clicar no botão «Aceitar os cookies». Uma vez que o
titular dos dados não dispõe de uma escolha verdadeira, o seu consentimento
não é dado livremente. p. 13. In: COMITÉ EUROPEU PARA A PROTEÇÃO DE
DADOS (CEPD) (Bruxelas). Diretrizes 05/2020 relativas ao consentimento na
aceção do Regulamento 2016/679. 2020. Disponível em: https://edpb.europa.
eu/sites/edpb/files/files/file1/edpb_guidelines_202005_consent_pt.pdf. Acesso
em: 05 mar. 2021.
604
TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Tratamento de dados pessoais de crianças e
adolescentes: considerações sobre o artigo 14 da LGPD. In: Mulholland, Caitlin
(Org.). A LGPD e o novo marco normativo no Brasil. Porto Alegre: Arquipélago,
2020. p. 171.
605
Um exemplo típico é o Pokemon GO, disponível para Android e IOS, vol-
tado para pessoas a partir de 9 anos, conforme informação do desenvolvedor
(Niantic). O jogo é uma combinação de realidade aumentada com múltiplos
participantes no ambiente online (MMO).
330
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
606
LEAL, Livia Teixeira. Internet of toys: os brinquedos conectados à internet
e o direito da criança e do adolescente. Revista Brasileira de Direito Civil – RB-
DCivil | Belo Horizonte, vol. 12, p. 175-187, abr./jun. 2017
607
Estados Unidos da América. Federal Trade Commision. Complying with
coppa: frequently asked questions. 2020. Disponível em: https://www.ftc.gov/
tips-advice/business-center/guidance/complying-coppa-frequently-asked-
-questions-0#i.%20verifiable%20parental%20consent. Acesso em: 26 jan. 2021
608
No entanto, para todas as demais atividades que não envolvem pagamento
e que são destinadas a crianças, a verificação proposta pelo FTC conforme
mencionada anteriormente, parece se mostrar distante da realidade. Como
exemplo a FTC lista as seguintes sugestões: consentimento por escrito enviado
ao controlador por meio de carta, fax, ou e-mail; consentimento por voz através
de um número gratuito; vídeo-chamada; submissão da carteira de motorista
do responsável seguida pelo envio de uma foto e do subsequente recurso de
reconhecimento facial para confirmação da identidade.
331
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
609
Nesse sentido, “há também menção na LGPD a hipóteses de tratamento
de dados de menores sem necessidade de consentimento. Como afirmado
na primeira parte do texto, o consentimento é uma das bases legais para o
tratamento de dados, mas não a única. No caso em tela, que envolve menores
de idade, não foi estabelecida norma com rol específico para o tratamento
de dados desses sujeitos, devendo ser aplicadas como regra, as disposições
dos artigos 7o e 11”. TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Con-
sentimento e proteção de dados pessoais na LGPD. In: TEPEDINO, Gustavo;
FRAZÃO, Ana; OLIVA, Milena Donato (org.). Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais e suas repercussões no Direito Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Thomson
Reuters Brasil, 2020. Cap. 10. p. 282-318.
332
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
610
Nesse sentido: O censo é o pilar da grande maioria das políticas edu-
cacionais conduzidas nacionalmente: o Fundo de Manutenção e Desenvol-
vimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb, disciplinado pelo art. 212-A da Constituição), por exemplo, disciplina
a repartição de mais de R$160 bilhões de reais, de forma a atender quase 48
milhões de alunos em toda a educação básica brasileira. BACHUR, João Paulo.
Proteção De Dados Pessoais Na Educação. In: BIONI., Bruno Ricardo et al (org.).
Tratado de Proteção de Dados Pessoais (p. 478). Forense. Edição do Kindle.
Rio de Janeiro: Forense, 2021. Cap. 24. p. 1-743.
333
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
611
A respeito do conceito de cláusula geral, v. MARTINS-COSTA, Judith.
O Direito Privado como um “sistema em construção” As cláusulas gerais no
Projeto do Código Civil brasileiro. In: Revista de Informação Legislativa. Brasília
a. 35 n. 139 jul./set. 1998. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/
bitstream/handle/id/383/r139-01.pdf?sequence=4. Acesso em: 03/03/2021, p.
8: “Dotadas que são de grande abertura semântica, não pretendem as cláusulas
gerais dar, previamente, resposta a todos os problemas da realidade, uma vez
que essas respostas são progressivamente construídas pela jurisprudência. Na
verdade, por nada regulamentarem de modo completo e exaustivo, atuam
tecnicamente como metanormas, cujo objetivo é enviar o juiz para critérios
aplicativos determináveis ou em outros espaços do sistema ou por meio de
variáveis tipologias sociais, dos usos e costumes objetivamente vigorantes em
determinada ambiência social”.
612
MARTINS-COSTA, Judith. O Direito Privado como um “sistema em cons-
trução” As cláusulas gerais no Projeto do Código Civil brasileiro, cit., p. 6.
334
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
613
MARTINS-COSTA, Judith. O Direito Privado como um “sistema em cons-
trução” As cláusulas gerais no Projeto do Código Civil brasileiro, cit., p. 7.
614
VIVEIROS DE CASTRO, Thamis Dalsenter. A função da cláusula de bons
costumes no Direito Civil e a teoria tríplice da autonomia privada existencial.
In: Revista Brasileira de Direito Civil. RDBCivil, Belo Horizonte, vol. 14, p. 99-
125, out./dez. 2017. Disponível em: https://rbdcivil.ibdcivil.org.br/rbdc/article/
view/168/163 Acesso em: 04 mar. 2021.
615
MARTINS-COSTA, Judith. O Direito Privado como um “sistema em cons-
trução”. As cláusulas gerais no Projeto do Código Civil brasileiro, cit., p. 5.
616
VIVEIROS DE CASTRO, Thamis Dalsenter. A função da cláusula de bons
costumes no Direito Civil e a teoria tríplice da autonomia privada existencial,
cit., p. 114.
617
MARTINS-COSTA, Judith. O Direito Privado como um “sistema em cons-
trução”. As cláusulas gerais no Projeto do Código Civil brasileiro, cit., p. 5.
335
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
336
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
621
MARTINS-COSTA, Judith. O Direito Privado como um “sistema em cons-
trução”. As cláusulas gerais no Projeto do Código Civil brasileiro, cit., p. 5.
622
Nesse sentido afirma MARTINS-COSTA sobre a função das cláusulas gerais
no Código Civil de 2002: Com efeito, em alargado campo de matérias – nota-
damente os ligados à tutela dos direitos da personalidade e à funcionalização
de certos direitos subjetivos –, a concreção das cláusulas gerais insertas no
Código Civil com base na jurisprudência constitucional acerca dos direitos
fundamentais evita os malefícios da inflação legislativa, de modo que ao sur-
gimento de cada problema novo não deva, necessariamente, corresponder
nova emissão legislativa. MARTINS-COSTA, Judith. O Direito Privado como
um “sistema em construção”. As cláusulas gerais no Projeto do Código Civil
brasileiro, cit., p. 7.
337
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
623
MAIA, Roberta Mauro Medina. O legítimo interesse do controlador e o
término do tratamento de dados pessoais. In: Mulholland, Caitlin (Org.). A LGPD
e o novo marco normativo no Brasil. Porto Alegre: Arquipélago, 2020. p. 104.
624
MAIA, Roberta Mauro Medina. O legítimo interesse do controlador e o
término do tratamento de dados pessoais, cit., p. 100. Nesse sentido: O art. 10
da LGPD condiciona o tratamento de dados pessoais à presença, na hipótese
concreta, de interesse legítimo do controlador que justifique tal atividade.
Trata-se de recurso, por parte do legislador, a um conceito jurídico indeter-
minado, por meio da técnica legislativa denominada cláusula geral.
338
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
CONCLUSÃO
O artigo 14, da LGPD, representa o reconhecimento
da necessidade de uma especial e prevalente atenção ao
tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes.
Por serem pessoas em desenvolvimento e em situação de
vulnerabilidade, a previsão legislativa de proteção de dados
pessoais de crianças e adolescentes é indicativo da importância
que o tema sugere. A constatação de que o princípio do melhor
interesse da criança deve permear as relações de tratamento
de dados pessoais destas pessoas em especial condição de
desenvolvimento, é decorrência da previsão constitucional da
absoluta prioridade que deve ser concedida às crianças pelo
artigo 227, CF.
Assim como em relação à tutela dos dados pessoais de
adultos, os dados de crianças e adolescentes devem ser
625
Art. 10, LGPD: O legítimo interesse do controlador somente poderá
fundamentar tratamento de dados pessoais para finalidades legítimas, con-
sideradas a partir de situações concretas, que incluem, mas não se limitam a:
I - apoio e promoção de atividades do controlador; e II - proteção, em relação
ao titular, do exercício regular de seus direitos ou prestação de serviços que o
beneficiem, respeitadas as legítimas expectativas dele e os direitos e liberdades
fundamentais, nos termos desta Lei.
339
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
340
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
341
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
627
Doutoranda e mestre em Direito Civil pela Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente, é professora de Direito Civil e de Direito e
Tecnologia na Faculdade de Direito do IBMEC. Leciona em cursos de pós-gra-
duação do CEPED-UERJ, na Pós-graduação da PUC-Rio, na Pós-graduação do
Instituto New Law e na Pós-graduação da EBRADI. É também professora da
Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) e do Instituto de
Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio). Membro da Comissão de Proteção
de Dados e Privacidade da OABRJ. Membro do conselho executivo da revista
eletrônica civilistica.com. Membro do Fórum permanente de mídia e liberdade
de expressão da EMERJ. Foi professora de Direito Civil na UFRJ e pesquisadora
do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio). Associada ao Instituto
Brasileiro de Estudos em Responsabilidade Civil (IBERC). Advogada e consultora
em proteção de dados pessoais. E-mail: [email protected].
342
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
628
TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Desafio da Baleia Azul: o que se sabe até
agora. ITS FEED, 25 abr. 2017. Disponível em: https://feed.itsrio.org/desafio-
-da-baleia-azul-o-que-se-sabe-at%C3%A9-agora-b4b85ae77a56 Acesso em
04.06.21.
629
TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Exposição não consentida de imagens ínti-
mas: como o Direito pode proteger as mulheres? In: Nelson Rosenvald; Rafael
Dresch; Tula Wesendonck (Org.). Responsabilidade civil: novos riscos. 1ed.
Indaiatuba: Foco, 2019. p. 91-113.
630
TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. O consentimento na
circulação de dados pessoais. Revista Brasileira De Direito Civil, v. 25, p. 83-
116, 2020.
631
Resumo Executivo - Pesquisa sobre o uso da Internet por crianças e
adolescentes no Brasil - TIC Kids Online Brasil 2019. Novembro de 2020. p.04.
Disponível em: <https://cetic.br/pt/publicacao/resumo-executivo-pesquisa-
-sobre-o-uso-da-internet-por-criancas-e-adolescentes-no-brasil-tic-kids-on-
line-brasil-2019/> Acesso em: 05.06.21
343
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
632
O comentário n.25 acerca dos direitos da criança no ambiente digital
foi importante embasamento teórico para o presente artigo. Committee on
the Rights of the Child. General comment No. 25 (2021) on children’s rights
in relation to the digital environment. 2 March 2021. Disponível em: <https://
tbinternet.ohchr.org/_layouts/15/treatybodyexternal/Download.aspx?symbol-
no=CRC%2fC%2fGC%2f25&Lang=en> Acesso em: 05.06.21.
344
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
633
Parágrafo extraído de: TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Proteção de dados
de crianças e adolescentes. Revista do Advogado, v. 39, 2019.
345
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
634
Adicionalmente, o comentário n.25 acerca dos direitos da criança no
ambiente digital afirma que: “The Committee calls upon States parties to take
proactive measures to prevent discrimination on the basis of sex, disability,
socioeconomic background, ethnic or national origin, language or any other
grounds, and discrimination against minority and indigenous children, asylum-
-seeking, refugee and migrant children, lesbian, gay, bisexual, transgender
and intersex children, children who are victims and survivors of trafficking or
sexual exploitation, children in alternative care, children deprived of liberty and
children in other vulnerable situations. Specific measures will be required to
close the gender-related digital divide for girls and to ensure that particular
attention is given to access, digital literacy, privacy and online safety.”
346
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
635
A construção da noção de hipervulnerabilidade pelos Tribunais parece
estar associada à ideia de que as pessoas assim qualificadas se encontram em
situação de maior desigualdade e, por essa razão, carentes de maior proteção.
Nesse sentido, Cláudia Lima Marques explica que a noção foi desenvolvida
“como um corolário positivo da proibição de discriminação, logo do princípio
da igualdade (um dever ser), e mandamento de pleno desenvolvimento da
personalidade, diretamente ligada, pois, a nossa visão de dignidade da pes-
soa humana.” (MARQUES, Cláudia Lima. O diálogo das fontes como método
da nova teoria geral do direito: um tributo a Erik Jayme. In.: _______ (coord.).
Diálogo das fontes: do conflito à coordenação de normas no direito brasileiro
novo regime das relações contratuais. São Paulo: RT, 2012, p.17-66, p. 46-47.)
“Quanto à pergunta sobre se os hipervulneráveis são apenas os menciona-
dos no texto constitucional (crianças, adolescentes, idosos e portadores de
deficiência), parece-me cedo para responder de forma definitiva. A diferença
está em que os hipervulneráveis mencionados nas normas constitucionais se
beneficiam do mandamento de proteção constitucional (com efeitos e força
normativa no direito privado), enquanto, por exemplo, os doentes e analfabetos
são hipervulneráveis cuja proteção especial dependerá da atuação ativa do
Judiciário e das especificidades do caso concreto (por exemplo, conhecimento
pelo parceiro contratual de sua condição agravada de vulnerabilidade, tipo de
contrato, onerosidade ou gratuidade deste, etc.).” (MARQUES, Cláudia Lima. O
diálogo das fontes como método da nova teoria geral do direito: um tributo a
Erik Jayme. In.: _______ (coord.) Diálogo das fontes: do conflito à coordenação
de normas no direito brasileiro novo regime das relações contratuais. São
Paulo: RT, 2012, p.17-66, p. 48.)
MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor. 3ed. São Paulo: RT,
636
2012, p.102.
637
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à digni-
dade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
347
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
638
“10. Configura dano moral coletivo ofensa a direitos coletivos ou difusos
de caráter extrapatrimonial associados a sujeitos ou bens vulneráveis e hi-
pervulneráveis - pessoas com deficiência, consumidor, criança e adolescente,
idoso, meio ambiente, ordem urbanística, entre outros.” (STJ. REsp 1.793.332/
MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 26/08/2020)
STJ. REsp 1.587.477. Quarta Turma. Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe
639
27/08/2020.
640
Princípio II - A criança gozará de proteção especial e disporá de oportuni-
dade e serviços, a serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que
possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma
saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao
promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá
será o interesse superior da criança. (Declaração dos Direitos da Criança, 1959).
641
Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-di-
reitos-da-crianca> Acesso em: 05.06.21.
348
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
642
Art. 3°, parágrafo único: “Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a
todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação
familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição
pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente
social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas,
as famílias ou a comunidade em que vivem.”
643
Pietro Perlingieri apresenta a definição de igual dignidade social em duas
perspectivas convergentes: “como o instrumento que confere a cada um o
direito ao respeito inerente à qualidade de homem, assim como a pretensão
de ser colocado em condições idôneas a exercer as próprias aptidões pessoais.”
(PERLINGIERI, Pietro. Perfis do direito civil: introdução ao direito civil-consti-
tucional. Rio de Janeiro: Renovar, 1997, p.37.)
349
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
644
STEINBERG, Stacey. Growing Up Shared: How Parents Can Share Smarter
on Social Media-and What You Can Do to Keep Your Family Safe in a No-Privacy
World. Sourcebooks, 2020. PLUNKETT, Leah A. Sharenthood: Why We Should
Think before We Talk about Our Kids Online. The MIT Press, 2019. EBERLIN,
Fernando Büscher von Teschenhausen. Sharenting, liberdade de expressão
e privacidade de crianças no ambiente digital: o papel dos provedores de
aplicação no cenário jurídico brasileiro. Revista Brasileira de Políticas Públicas.
Brasília, v. 7, nº 3, 2017 p. 255-273.
350
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
645
Cf. TEFFÉ, Chiara Spadaccini de; SOUZA, Carlos Affonso. Infância conecta-
da: direitos e educação digital. In: Comitê Gestor da Internet no Brasil. (Org.).
Pesquisa sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil : TIC
kids online Brasil 2017. 1ed.São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil,
2018, v. 1, p. 31-40.
351
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
352
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
646
“Como regra, a comunicação estabelecida com esses dispositivos é pouco
complexa e, muitas vezes, realizada na forma de comandos, sendo desnecessário
utilizar expressões como “por favor” e “obrigado” (Lemos, 2017). Isso poderia
influenciar negativamente as formas de expressão das crianças, prejudicando
a sua interação com outros seres humanos. Em última instância, a diversão se
transformou em um processo de criação de bases de dados. Quantas vezes a
criança acessou o brinquedo? Quais informações ela trocou com ele? Quem tem
acesso a essa comunicação e onde os dados são armazenados? O que pode
ser feito com eles, além de melhorar a performance do brinquedo e do jogo?
Existe um debate complexo sobre o consentimento dos pais e responsáveis
para o tratamento de dados pessoais de seus filhos. Ainda que os pais tenham
consentido com o uso do brinquedo e instalado um aplicativo que permite que
eles controlem a brincadeira, há aspectos nebulosos nessa relação que precisam
ser melhor debatidos. O que acontece se uma outra criança brincar junto e
se comunicar com a boneca ou jogo? Enquanto cada vez mais brinquedos e
jogos se conectam à rede, mais cedo as crianças também passam a utilizar a
Internet. Duas certezas provenientes desse cenário são a transformação das
práticas de diversão e os desafios constantes para a proteção da privacidade
e dos dados pessoais.” (TEFFÉ, Chiara Spadaccini de; SOUZA, Carlos Affonso.
Infância conectada: direitos e educação digital. In: Comitê Gestor da Internet
no Brasil. (Org.). Pesquisa sobre o uso da internet por crianças e adolescentes
no Brasil: TIC kids online Brasil 2017. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no
Brasil, 2018, v. 1, p. 31-40.)
647
Cf. TEFFÉ, Chiara Spadaccini de; FERNANDES, Elora. Contratação em redes
sociais e proteção de dados de crianças e adolescentes. Artigo enviado para
publicação em obra coletiva.
353
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
648
Como exemplo, vale recordar os termos de uso do WhatsApp: “Se você
reside em um país do Espaço Econômico Europeu (que inclui a União Euro-
peia) ou em qualquer outro país ou território incluído (coletivamente, Europa),
deve ter pelo menos 16 anos (ou mais, se for exigido em seu país) para se
cadastrar e usar o WhatsApp. Se você reside em qualquer outro país, e não
nos países pertencentes à Região Europeia, você deve ter pelo menos 13 anos
(ou mais, se for exigido em seu país) para se cadastrar e usar o WhatsApp.”
Disponível em: <https://faq.whatsapp.com/general/security-and-privacy/
minimum-age-to-use-whatsapp/?lang=pt_br> Acesso em: 05.06.21.
649
Artigo 6.o Licitude do tratamento 1. O tratamento só é lícito se e na
medida em que se verifique pelo menos uma das seguintes situações: a) O
titular dos dados tiver dado o seu consentimento para o tratamento dos seus
dados pessoais para uma ou mais finalidades específicas; (...)
650
No estudo The GDPR child’s age of consent for data processing across
the EU – one year later (July 2019) foram apresentadas as idades mínimas
estabelecidas por alguns países europeus para um menor consentir com o
tratamento de seus dados por serviços da sociedade da informação. Disponível
em: <https://www.betterinternetforkids.eu/web/portal/practice/awareness/
detail?articleId=3017751> Acesso em: 05.06.21.
354
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
651
“The GDPR contains a number of specific protections for children’s data
protection rights, including the specific provisions in Article 8 GDPR, setting
out the conditions applicable to obtaining a child’s consent in relation to
information society services.10 It should be noted, however, that consent
is not the only possible legal basis for the processing of children’s personal
data, and controllers should assess on a case-by-case basis which is the most
appropriate legal basis for any proposed processing. Where such services are
offered directly to a child, and the controller seeks to rely on consent as a legal
basis, the child’s must be at least 16 years old to consent independently, or, if
the child is younger, the holder of parental responsibility must have given or
authorised the consent. Whilst Article 8(1) does allow for Member States to
set the age at a lower level (between 13 and 16), the 2018 Act has maintained
the age cut-off for consent to such services at 16 years old in Ireland. In cases
involving children under 16, controllers must make reasonable efforts to verify
that consent is given or authorised by the holder of parental responsibility
over the child, taking into consideration available technology.”(Autoridade
de proteção de dados irlandesa. Guidance Note: Legal Bases for Processing
Personal Data. December 2019. p. 09.)
652
“Additional protection is granted to this type of personal data since chil-
dren are less aware of the risks and consequences of sharing data and of their
rights. Any information addressed specifically to a child should be adapted to
be easily accessible, using clear and plain language. For most online services
the consent of the parent or guardian is required in order to process a child’s
personal data on the grounds of consent up to a certain age. This applies to
social networking sites as well as to platforms for downloading music and
buying online games. The age threshold for obtaining parental consent is
established by each EU Member State and can be between 13 and 16 years.
(…) Companies have to make reasonable efforts, taking into consideration
available technology, to check that the consent given is truly in line with the
law. (…) Preventive or counselling services offered directly to children are
exempted from the requirement for parental consent as they seek to protect a
child’s best interests.” Disponível em: <https://ec.europa.eu/info/law/law-topic/
data-protection/reform/rights-citizens/how-my-personal-data-protected/
can-personal-data-about-children-be-collected_en> Acesso em: 05.06.21.
355
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
653
“The ongoing debate around age assurance is often centred around
restricting access to the internet for children and young people. But done pro-
perly, age assurance can drive the development of new products and services
to create a richer and more diverse digital ecosystem in which children (one in
three internet users) are a recognised user group. (…) Rather than viewing it as
simply restricting access, we should be looking at age assurance as a chance
to invite children into a digital world that offers them greater privacy, freedom
from commercial pressures, content and information in formats and langua-
ge that they like, protection from misinformation or material that promotes
harmful activities (such as suicide, self-harm or disordered eating), alongside
supporting digital services in their legal duty not to provide children with age
restricted contact and content.” (But how do they know it is a child? Age As-
surance in the Digital World. 5Rights Foundation. Março de 2021. Disponível:
<https://5rightsfoundation.com/in-action/but-how-do-they-know-it-is-a-chil-
d-age-assurance-in-the-digital-world.html> Acesso em: 11.06.21)
356
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
654
TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. O consentimento na
circulação de dados pessoais. Revista Brasileira de Direito Civil – RBDCivil, Belo
Horizonte, v. 25, p. 83-116, jul./set. 2020.
357
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Coord. Maria Celina Bodin de Moraes. Trad. Danilo Doneda e Luciana Cabral
Doneda. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. p.19.
Cf. TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. A categoria especial dos dados sensíveis:
656
358
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
658
Observa-se que alguns dados sensíveis podem revelar ou facilitar inferên-
cias sobre informações de terceiros. É o caso, por exemplo, do tratamento de
dados genéticos, que podem revelar informações sobre a saúde ou a filiação
da pessoa ou de terceiros.
659
Rodotà nos ensina: “O direito ao livre desenvolvimento da personalidade
não é uma descoberta dos últimos tempos. É solenemente reconhecido pelo
parágrafo 2º da Constituição alemã (...) e, de forma menos evidente, do artigo
2º da Constituição italiana, onde se afirma “a República reconhece e garante
os direitos invioláveis do homem, seja como indivíduo, seja nas formações
sociais nas quais se desenvolve sua personalidade.” Pode-se legitimamente
indagar, portanto, se a escolha de redefinir a própria identidade na internet
pode ser considerada como um elemento essencial do desenvolvimento da
personalidade e se as comunidades virtuais podem ser consideradas como
“formações sociais”.” (RODOTÀ, Stefano. A vida na sociedade de vigilância: a
privacidade hoje. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 116.)
660
“A exigência do respeito da personalidade, de seu livre desenvolvimento,
incide sobre a noção de ordem pública, sobre os limites e sobre a função da
autonomia negocial, sobre a interpretação dos atos através dos quais se ma-
nifesta – na individuação das fronteiras do ilícito e de seu fundamento, sobre
as configurações não apenas das relações familiares, mas também daquelas
patrimoniais, sobre a concepção e a tutela da relação de trabalho, sobre o juízo
de valor do associativismo e de seus possíveis escopos; incide, em suma, sobre
toda a organização da vida em «comunidade»” (PERLINGIERI, Pietro. O direito
civil na legalidade constitucional. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 768-769).
359
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
360
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
361
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
663
Tradução livre de: “È necessario sottolineare, infatti, che i dati sensibile
sono quelli che riguardano la salute e la vita sessuale, le opinioni e l’apparte-
nenza etnica o razziale, con una elencazione analoga a quella che si trova nelle
norme riguardanti i casi di discriminazione. Siamo così di fronte a qualcosa che
eccede la semplice tutela della vita privata e si pone come presidio della stessa
eguaglianza tra le persone”. (RODOTÀ, Stefano. Il mondo nella rete: Quali i diritti,
quali i vincoli. Roma: Laterza & Figli – Gruppo Editoriale L’Espresso, 2019.p.36)
664
RODOTÀ, Stefano. A vida na sociedade da vigilância. A privacidade hoje.
Rio de Janeiro: Renovar, 2008. KORKMAZ, Maria Regina Detoni Cavalcanti
Rigolon. Dados Sensíveis na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais: meca-
nismos de tutela para o livre desenvolvimento da personalidade. Orientador:
Sergio Marcos Carvalho de Ávila Negri. Dissertação (mestrado acadêmico)
- Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Direito. Programa de
Pós-Graduação em Direito, 2019. p. 43.
362
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
665
A Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho (1960), rati-
ficada pelo Brasil, traz medidas para eliminar toda discriminação em matéria
de emprego e ocupação, incentivando leis e programas de educação sobre
o tema e que invistam na política promovida no documento. Em relação ao
ambiente laboral, o artigo 7º, incisos XXX e XXXI, da Constituição Federal,
proíbem diferença de salários, de exercício de funções e de critério de ad-
missão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil, bem como qualquer
discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência.
666
“(...) não há dúvida de que o conhecimento, por parte do empregador ou
de uma companhia seguradora, de informações sobre uma pessoa infectada
pelo HIV, ou que apresente características genéticas particulares, pode gerar
discriminações. Estas podem assumir a forma da demissão, da não admissão,
da recusa em estipular um contrato de seguro, da solicitação de um prêmio
de seguro especialmente elevado.” (RODOTÀ. Op cit., p. 70.)
667
“A ligação entre proteção de dados e prevenção da discriminação é
intuitiva. Ao se restringir ou condicionar o uso de determinados dados pes-
soais pelos agentes de tratamento, tem-se, como corolário, o impedimento
de sua consideração em prejuízo do titular deles. Em uma sociedade cada vez
mais digital, os instrumentos fornecidos aos indivíduos pelas leis de proteção
de dados, como o direito de acesso aos dados tratados pelo controlador e
os direitos à explicação e revisão das decisões automatizadas, afiguram-se
essenciais para a exposição e minimização de tratamentos discriminatórios.
Some-se a eles, ainda, a explicitação de um princípio da não discriminação
ilícita ou abusiva, a possível exigência de um relatório de impacto à proteção
de dados pessoais (RIPD) e uma auditoria pela ANPD para verificação de
aspectos discriminatórios nos tratamentos automatizados, e logo se conclui:
o controle da discriminação nas relações entre privados no Brasil tende a
mudar de patamar com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados
(LGPD).” (JUNQUEIRA, Thiago. Tratamento de Dados Pessoais e Discriminação
Algorítmica nos Seguros. Revista dos Tribunais, 2020, p. 240.)
363
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
668
RIOS, Roger Raupp; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo; SCHÄFER, Gilberto.
Direito da antidiscriminação e direitos de minorias: perspectivas e modelos
de proteção individual e coletivo. Rev. direitos fundam. democ., v. 22, n. 1, p.
126-148, jan./abr. 2017.
669
RIOS, Roger Raupp. Tramas e interconexões no Supremo Tribunal Federal:
Antidiscriminação, gênero e sexualidade. Rev. Direito Práx., Rio de Janeiro, v.
11, n. 2, p. 1332-1357, abril. 2020.
364
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
670
Como define Cathy O’Neil, algoritmos são opiniões embutidas em códi-
go, que repetem práticas e padrões passados e, assim, automatizam o status
quo. Para que os algoritmos sejam justos, é preciso fiscalizá-los, repará-los e
aprimorá-los. Dessa forma, além de se ter uma regulamentação adequada,
que privilegie a transparência e a explicação quanto às decisões algorítmicas,
o princípio da não discriminação deve estar presente desde a concepção dos
sistemas de inteligência artificial, tanto na parte técnica dessa construção quanto
na garantia de diversidade dos times responsáveis pelo desenvolvimento dos
algoritmos. Mostra-se fundamental exigir responsabilidade e prestação de
contas de corporações que tomam decisões capazes de prejudicar pessoas
e comunidades. (O’NEIL, Cathy. Weapons of Math Destruction: How Big Data
Increases Inequality and Threatens Democracy. Crown: 2016.)
365
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
671
Mulholland apresenta dois casos graves em que o perfilamento (profi-
ling) gerou tratamentos discriminatórios: “Os casos ocorreram nos EUA e se
referiram à contratação de serviços médicos e de seguridade. No primeiro
caso, algumas seguradoras utilizaram dados pessoais relacionados às vítimas
de violência doméstica, acessíveis em banco de dados públicos. O resultado
do tratamento dos dados levou a uma discriminação negativa, ao sugerir que
mulheres vítimas de violência doméstica não poderiam contratar seguros de
vida, saúde e invalidez, pois o risco contratado seria muito alto. Em outro
caso, relacionado a dados de saúde, “quando uma pessoa tem um derrame,
alguns bancos, ao descobrir tal fato, começam a cobrar o pagamento dos
empréstimos realizados”.” (MULHOLLAND, Caitlin. Os contratos de seguro
e a proteção dos dados pessoais sensíveis. In: GOLDBERG, Ilan; JUNQUEIRA,
Thiago (Coords.). Temas Atuais de Direito dos Seguros, Tomo I. São Paulo:
Thomson Reuters. 2020.)
672
VIOLA, Mario; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. Tratamento de dados pessoais
na LGPD: estudo sobre as bases legais dos artigos 7º e 11. In: Bruno Bioni,
Laura Schertel Mendes, Danilo Doneda, Otavio Luiz Rodrigues Jr., Ingo Sarlet.
(Org.). Tratado de Proteção de dados pessoais. 1ed.Rio de Janeiro: Forense,
2021, v. 1, p. 117-148.
MULHOLLAND, Caitlin. Dados pessoais sensíveis e consentimento na Lei
673
366
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
674
Cf. BRAYNE, Sarah. Predict and Surveil: Data, Discretion, and the Future
of Policing. 1.ed. Oxford University Press: 2020. SKINNER-THOMPSON, Scott.
Privacy at the Margins. Cambridge university press: 2020. COSTANZA-CHOCK,
Sasha. Design Justice. Community-Led Practices to Build the Worlds We Need.
The MIT Press: 2020. NOBLE, Safiya Umoja. Algorithms of Oppression: How
Search Engines Reinforce Racism. NYU Press, 2018.
367
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
675
“As decisões automatizadas, referentes a um indivíduo determinado,
que se baseiam em um método estatístico para análise de grande volume de
dados e informações, podem ter grande impacto sobre os direitos individuais,
especialmente no que se refere à autonomia, igualdade e personalidade. Afinal,
na sociedade atual, caracterizada pelas relações remotas, os dados pessoais
acabam por se constituir na única forma de representação das pessoas pe-
rante as mais diversas organizações estatais e privadas, sendo determinantes
para “abrir ou fechar as portas de oportunidades e acessos” (LYON, 2003, p.
27). Dessa forma, uma eventual representação equivocada em determinados
contextos sociais – por meio de um equívoco do algoritmo ou dos dados
em que o algoritmo se baseou – afetaria tanto a forma como o indivíduo
se percebe como também o modo como a sociedade o enxerga e o avalia,
afetando a sua integridade moral e a sua personalidade (BRITZ, 2008, p. 179).
Ademais, se essa representação, conforme alertado por Lyon (2003), acarretar
a perda de chances e oportunidades do indivíduo na sociedade, dar-se-á uma
restrição indevida à sua autonomia, limitando a sua liberdade de ação, suas
escolhas econômicas e até mesmo existenciais. Por fim, destaca-se também
a possibilidade de violação do princípio da igualdade, na hipótese de que a
classificação e seleção operada por algoritmos produza resultados desiguais
para pessoas em situações semelhantes, afetando negativamente as suas
oportunidades de vida na sociedade (LYON, 2003, p. 27).” (DONEDA et al.
Considerações iniciais sobre inteligência artificial, ética e autonomia pessoal.
Pensar, Fortaleza, v. 23, n. 4, p. 1-17, 2018.)
676
Cf. TEFFÉ, Chiara Spadaccini de; MEDON, Filipe. responsabilidade civil e
regulação de novas tecnologias: questões acerca da utilização de inteligência
artificial na tomada de decisões empresariais. Revista estudos institucionais,
v. 6, p. 301-333, 2020.
368
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
677
Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a revisão de decisões
tomadas unicamente com base em tratamento automatizado de dados pes-
soais que afetem seus interesses, incluídas as decisões destinadas a definir o
seu perfil pessoal, profissional, de consumo e de crédito ou os aspectos de
sua personalidade. § 1º O controlador deverá fornecer, sempre que solicitadas,
informações claras e adequadas a respeito dos critérios e dos procedimentos
utilizados para a decisão automatizada, observados os segredos comercial e
industrial. § 2º Em caso de não oferecimento de informações de que trata o
§ 1º deste artigo baseado na observância de segredo comercial e industrial,
a autoridade nacional poderá realizar auditoria para verificação de aspectos
discriminatórios em tratamento automatizado de dados pessoais.
678
No processo de aprovação da LGPD houve veto a trecho do artigo 20
que determinava o direito de revisão como um direito de revisão humana, ou
seja, feito por uma pessoa natural. A crítica que se faz é a possibilidade então
de tal revisão ser feita apenas por máquinas, ao contrário do que dispõe o
direito europeu sobre a temática. Cf. FRAZÃO, Ana; MULHOLLAND, Caitlin
(Org.). Inteligência Artificial e Direito: Ética, Regulação e Responsabilidade -
revisto e atualizado. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020. FRAZÃO,
Ana. Algoritmos e inteligência artificial, Jota, publicado em 15 de maio de 2018.
ZANATTA, Rafael A. F. Perfilização, Discriminação e Direitos: do Código de De-
fesa do Consumidor à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/331287708> Acesso em: 09.01.21.
369
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
679
“(...) mais importante do que identificar a natureza própria ou conteúdo
do dado, é constatar a potencialidade discriminatória no tratamento de dados
pessoais. Isto é, a limitação para o tratamento de dados se concretizaria na
proibição de seu uso de maneira a gerar uma discriminação, um uso abusivo
e não igualitário de dados. Não só a natureza de um dado, estruturalmente
considerado, deve ser avaliada para sua determinação como sensível, mas
deve-se admitir que certos dados, ainda que não tenham a princípio essa
natureza especial, venham a ser considerados como tal, a depender do uso
que deles é feito no tratamento de dados.” (MULHOLLAND, Caitlin. Dados
pessoais sensíveis e consentimento na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.
Migalhas, publicado em 22 de junho de 2020.)
370
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
371
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
680
DONEDA, Danilo. A proteção de dados pessoais nas relações de consumo:
para além da informação creditícia. Escola Nacional de Defesa do Consumidor.
Brasília: SDE/DPDC, 2010. p. 26-27
372
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
681
Embora o tratamento de nomes e sobrenomes possa, em muitas cir-
cunstâncias, não trazer riscos para os indivíduos, ele pode, em alguns casos,
envolver dados sensíveis, como, por exemplo, quando o objetivo for revelar
a origem étnica ou as crenças religiosas dos indivíduos. Recorda-se caso em
que se verificou que motoristas com nomes não ingleses, como Mohammed
Ali, recebiam cotações de seguros de carros mais altas do que Johns. Segundo
reportagem de 2018, grandes firmas ofereciam valores menores quando o
motorista tinha nome considerado inglês, como, por exemplo, John, Jack Jones
ou David Smith. (Disponível em: <https://www.thesun.co.uk/motors/5393978/
insurance-race-row-john-mohammed/> Acesso em: 02.11.20) Há casos, tam-
bém, de negativa de concessão de crédito para pessoas cujos nomes são,
estatisticamente, os mais recorrentes na comunidade afrodescendente. É dizer:
o simples prenome, em certo contexto, pode ser considerado dado sensível
para fins de tutela da igualdade. (Disponível em: <https://www.oabrj.org.br/
colunistas/gustavo-tepedino/as-tecnologias-renovacao-direito-civil> Acesso
em: 02.11.20)
682
Doneda e Monteiro analisam caso de solicitação de dados de nacionalidade,
o qual ensejou questionamentos a respeito da razão de seu requerimento e
de possíveis tratamentos discriminatórios que poderia ensejar. Determinado
pró-reitor da Universidade Federal de Santa Maria solicitou algumas infor-
mações aos programas de pós-graduação da instituição, estando, entre elas,
questionamento acerca da presença de alunos e/ou professores de naciona-
lidade israelense. O pedido procurava atender a uma solicitação de acesso à
informação dirigida à Universidade por algumas entidades. Analisando o caso e
a ponderação entre transparência e proteção de dados, os autores destacaram
que: “[...] o fato de a informação referente à nacionalidade ter elevado potencial
discriminatório – ainda que a nacionalidade não seja comumente considerada
em si como uma informação sensível – depreende-se do tratamento sensível
que pode ser dado a tal informação, capaz de estigmatizar, classificar, pré-julgar
e mesmo comprometer a segurança dos cidadãos afetados. Note-se que a
discriminação em razão da procedência nacional é, inclusive, tipificada como
crime no Art. 1º da Lei 7.716/1989. Para tal ponderação contribui, igualmente,
a motivação discriminatória passível de ser inferida pela série de consideran-
dos ao pedido de acesso à informação, ao julgar de forma contundente atos
que eventualmente teriam sido praticados pelo Estado de Israel.” (DONEDA,
Danilo; MONTEIRO, Marília. Acesso à informação e privacidade no caso da
Universidade Federal de Santa Maria. Jota. 2 jul. 2015. Disponível em: https://
www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/acesso-a-informacao-e-privacida-
de-no-caso-da-universidade-federal-de-santa-maria-02072015. Acesso em:
14 jun. 2020)
373
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
683
“Por exemplo, ao fornecer o número do CPF para obter descontos nas
farmácias, a lista de medicamentos associada a esse dado pode conter infor-
mações delicadas sobre nossa saúde. É possível que essas informações sejam
utilizadas de maneira discriminatória por seguradoras de saúde, alterando o
valor da franquia de acordo com o perfil. Da mesma forma, nosso histórico
de compras online diz bastante sobre poder aquisitivo e preferências pesso-
ais. Por meio dessas informações, é possível embasar o direcionamento de
propagandas compatíveis com o nosso gosto, tentando-nos a comprar algo
que não precisamos, bem como cobrar preços mais altos ou limitar o acesso
ao crédito para determinados perfis. Dados sobre orientação sexual, em uma
sociedade que ainda vive preconceitos contra a diversidade, também podem
servir a práticas de segregação, restringindo, por exemplo, as oportunidades de
trabalho.” (VARON, Joana. Entrevista II. Panorama Setorial da Internet, v. 11, n.
2, p. 12-14, 2019. Privacidade e dados pessoais. Disponível em: <https://www.
cetic.br/media/docs/publicacoes/6/15122520190717-panorama_setorial_ano-
-xi_n_2_privacidade_e_dados_pessoais.pdf> Acesso em: 31 maio 2020, p. 12).
684
Caso famoso envolve a empresa Target e o uso de dados para a realiza-
ção de previsão de gravidez de clientes. Cf. DUHIGG, Charles. How companies
learn your secrets. The New York Times. 26 fev. 2012. Disponível em: <https://
www.nytimes.com/2012/02/19/magazine/shopping-habits.html?pagewan-
ted=1&_r=1&hp>. Acesso em: 31 maio 2020.
374
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
685
A segurança das informações deve ser um pilar estratégico e prioritário
para todas as instituições financeiras, especialmente aquelas que oferecem
serviços digitais. Para garantir a segurança dos usuários e da própria em-
presa, alguns investimentos mostram-se essenciais, como, por exemplo: o
uso amplo de criptografia e a constituição de equipe de segurança de alto
padrão, havendo, portanto, profissionais capacitados em cyber security. Para a
segurança dos dados financeiros, também é necessário que a empresa esteja
em compliance com a LGPD e com padrões mundiais, como o CIS (Center for
Internet Security) e o ISO/IEC 27001, tanto a nível de hardware quanto a nível
de software. Por fim, deve-se incrementar dentro da instituição uma elevada
cultura de segurança e proteção de dados, bem como a realização de certifi-
cações na área. Fonte: <https://cryptoid.com.br/identidade-digital-destaques/
seguranca-digital-quais-cuidados-as-fintechs-devem-ter-com-os-dados-fi-
nanceiros-dos-clientes/> Acesso em: 17 de março de 2021.
686
“A preocupação com a proteção de dados pessoais de pessoas em si-
tuação de vulnerabilidade é ainda mais acentuada, notadamente em relação
aos dados sensíveis. Assegurar os direitos da pessoa de manter o controle
sobre seus dados, por meio da autodeterminação informativa, de forma a
evitar a não discriminação, é ainda mais difícil para integrantes de grupos
vulneráveis. Se já é tormentosa a proteção da liberdade e da igualdade no
contexto da proteção de dados diante das assimetrias de poder na sociedade
da informação, no caso de pessoas vulneradas é dramática sua tutela. Entre
eles, as pessoas com deficiência constituem grupo estigmatizado e inferiori-
zado socialmente que representa significativa parcela da população e que o
Direito brasileiro somente em tempos mais recentes se voltou à sua tutela na
medida de suas vulnerabilidades”. (BARBOZA, Heloisa Helena; PEREIRA, Paula
Moura Francesconi de Lemos; ALMEIDA, Vitor. Proteção dos dados pessoais da
pessoa com deficiência. In: TEPEDINO, Gustavo; FRAZÃO, Ana; OLIVA, Milena
Donato (Coord). Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e suas repercussões
no direito brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters: 2020.)
375
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
687
HOF, Simone van der. I agree, or do I? A rights-based analysis of the law
on children’s consent in the digital world. Wisconsin International Law Journal,
v. 34, n. 2, p. 409-445, 2016.
376
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
377
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
688
Sugere-se a leitura de caso que envolveu multa aplicada pela Autoridade
de Proteção de Dados da Noruega ao município de Rælingen. Disponível em:
<https://www.datatilsynet.no/en/news/2020/final-decision-administrative-
-fine-for-ralingen-municipality/> Acesso em: 06.06.21
689
Fonte: <https://edpb.europa.eu/news/national-news/2019/facial-re-
cognition-school-renders-swedens-first-gdpr-fine_en> Acesso em: 06.06.21.
690
Recomenda-se a leitura da Opinion 2/2009 on the protection of children’s
personal data (General Guidelines and the special case of schools), adotada
em 11 de fevereiro de 2009. Disponível em: < https://ec.europa.eu/justice/
article-29/documentation/opinion-recommendation/files/2009/wp160_en.pdf>
Acesso em: 06.06.21.
378
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
691
Fonte: <https://edpb.europa.eu/news/national-news/2020/fine-proces-
sing-students-fingerprints-imposed-school_en> Acesso em: 06.06.21.
379
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
692
TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. LGPD em programas de compliance: vanta-
gem competitiva e aderência às práticas ESG. Jota, publicado em 10 de junho
de 2021. Disponível em: <https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/
lgpd-em-programas-de-compliance-vantagem-competitiva-e-aderencia-as-
-praticas-esg-10062021> Acesso em: 11.06.21
380
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
693
Fonte: <https://www.dataprotection.ie/en/dpc-guidance/blogs/the-chil-
dren-fundamentals> Acesso em: 06.06.21.
694
Disponível em: <https://ico.org.uk/for-organisations/guide-to-data-pro-
tection/key-data-protection-themes/age-appropriate-design-a-code-of-prac-
tice-for-online-services/executive-summary/> Acesso em: 06.06.21
Disponível em: <https://www.cnil.fr/fr/la-cnil-publie-8-recommandations-
695
381
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
696
BURLE, Caroline; CORTIZ, Diogo. Mapeamento de princípios de inteligência
artificial. Disponível em: <https://ceweb.br/publicacoes/mapeamento-de-prin-
cipios-de-inteligencia-artificial/?page=1> Acesso em: 30.12.20
697
CAVOUKIAN, Ann. Operationalizing Privacy by Design: A Guide to Im-
plementing Strong Privacy Practices. Dez. 2012. CAVOUKIAN, Ann. Privacy
by Design: The 7 Foundational Principles. Disponível em: <https://iapp.org/
resources/article/privacy-by-design-the-7-foundational-principles/> Acesso
em: 09.04.21. EDPB. Guidelines 4/2019 on Article 25 Data Protection by Design
and by Default. Adopted on 20 October 2020. Disponível em: <https://edpb.
europa.eu/our-work-tools/our-documents/guidelines/guidelines-42019-arti-
cle-25-data-protection-design-and_en> Acesso em: 10.05.21.
698
LGPD, “Art. 46. Os agentes de tratamento devem adotar medidas de
segurança, técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de
acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição,
perda, alteração, comunicação ou qualquer forma de tratamento inadequado
ou ilícito. (...) § 2º As medidas de que trata o caput deste artigo deverão ser
observadas desde a fase de concepção do produto ou do serviço até a sua
execução.” “Art. 49. Os sistemas utilizados para o tratamento de dados pessoais
devem ser estruturados de forma a atender aos requisitos de segurança, aos
padrões de boas práticas e de governança e aos princípios gerais previstos
nesta Lei e às demais normas regulamentares.”
382
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
699
Disponível em: <https://www.cnil.fr/en/sheet-ndeg7-minimize-data-col-
lection> Acesso em: 02.11.20.
383
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
700
Cf. GOMES, Maria Cecília Oliveira. Relatório de Impacto a Proteção de
Dados. Uma breve análise da sua definição e papel na LGPD. Revista da AASP,
n. 144, 2019. _________. Entre o método e a complexidade: compreendendo a
noção de risco na LGPD. In: Temas atuais de proteção de dados. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2020, p 245-271. Kloza, D., Van Dijk, N., Gellert, R. M.,
Borocz, I. M., Tanas, A., Mantovani, E., & Quinn, P. Analyse d’impact relative à
la protection des données dans l’Union européenne: une protection des per-
sonnes plus solide en complétant le nouveau cadre juridique. d.pia.lab Policy
Brief, 2017(1), 1-8. QUELLE, Claudia. 2018: Enhancing Compliance under the
General Data Protection Regulation: The Risky Upshot of the Accountability-
-and Risk-based Approach, European Journal of Risk Regulation, 9, p. 502-526.
701
LGPD, “Art. 38. A autoridade nacional poderá determinar ao controlador
que elabore relatório de impacto à proteção de dados pessoais, inclusive de
dados sensíveis, referente a suas operações de tratamento de dados, nos
termos de regulamento, observados os segredos comercial e industrial. Pa-
rágrafo único. Observado o disposto no caput deste artigo, o relatório deverá
conter, no mínimo, a descrição dos tipos de dados coletados, a metodologia
utilizada para a coleta e para a garantia da segurança das informações e a
análise do controlador com relação a medidas, salvaguardas e mecanismos de
mitigação de risco adotados.” Recorda-se também aqui: “Art. 46. Os agentes
de tratamento devem adotar medidas de segurança, técnicas e administrativas
aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações
acidentais ou ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou qualquer
forma de tratamento inadequado ou ilícito. § 1º A autoridade nacional po-
derá dispor sobre padrões técnicos mínimos para tornar aplicável o disposto
no caput deste artigo, considerados a natureza das informações tratadas,
as características específicas do tratamento e o estado atual da tecnologia,
especialmente no caso de dados pessoais sensíveis, assim como os princípios
previstos no caput do art. 6º desta Lei. (...)”
384
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
702
Este documento dialoga diretamente com a seguinte norma técnica:
ABNT NBR ISO/IEC 29134:2020 - Tecnologia da informação - Técnicas de
segurança - Avaliação de impacto de privacidade. Outra norma relevante no
tema é: ABNT NBR ISO/IEC 29151:2020 - Tecnologia da informação - Técnicas
de segurança - Código de prática para proteção de dados pessoais.
703
A elaboração de um RIPD para todas as operações de tratamento de
dados pessoais ou de um RIPD para cada projeto, sistema ou serviço deve ser
avaliada de forma criteriosa por cada instituição. Por exemplo, uma instituição
que realize tratamento de quantidade reduzida de dados, com poucos pro-
cessos e serviços, pode optar por um RIPD único. Por outro lado, instituição
que implemente vários processos e projetos que envolvam o tratamento de
expressiva quantidade e diversidade de dados pessoais pode optar por ela-
borar RIPDs específicos, por ser mais adequado à sua realidade. Fonte: Guia
operacional sobre o Relatório de Impacto de proteção de dados <https://www.
gov.br/governodigital/pt-br/governanca-de-dados/guias-operacionais-para-
-adequacao-a-lgpd> Acesso em: 10.05.21
704
Guia operacional... op. cit.
385
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
705
Art. 38. A autoridade nacional poderá determinar ao controlador que
elabore relatório de impacto à proteção de dados pessoais, inclusive de dados
sensíveis, referente a suas operações de tratamento de dados, nos termos de
regulamento, observados os segredos comercial e industrial.
706
Guia operacional... op. cit.
386
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
707
Sobre o consentimento e suas polêmicas ver: TEFFÉ, Chiara Spadaccini de.
Proteção de dados de crianças e adolescentes. Revista do Advogado, v. 39, 2019.
708
“Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças e de adolescentes
deverá ser realizado em seu melhor interesse, nos termos deste artigo e da
legislação pertinente. § 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá
ser realizado com o consentimento específico e em destaque dado por pelo
menos um dos pais ou pelo responsável legal. (...) § 3º Poderão ser coletados
dados pessoais de crianças sem o consentimento a que se refere o § 1º deste
artigo quando a coleta for necessária para contatar os pais ou o responsável
legal, utilizados uma única vez e sem armazenamento, ou para sua proteção,
e em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro sem o consentimento
de que trata o § 1º deste artigo.” Observa-se que tanto o parágrafo 1º quanto
o 3º mencionam apenas “crianças”.
387
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
709
Cf. TEFFÉ, Chiara Spadaccini de; FERNANDES, Elora. Contratação em redes
sociais e proteção de dados de crianças e adolescentes. Artigo enviado para
publicação em obra coletiva. 2021.
388
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
710
TEPEDINO, Gustavo; TEFFÉ, Chiara Spadaccini de. O consentimento na
circulação de dados pessoais. Revista Brasileira De Direito Civil, v. 25, p. 83-
116, 2020.p.109-110
389
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
711
Exemplos de flexibilização do regime das incapacidades no ECA: art. 16, II;
art. 28, §§1º e 2º; art. 100, XII; art. 111, V; e art. 161, §3º. Além desses exemplos,
pode-se citar o próprio Código Civil, em seu art. 1.740, III. Existem também
atos e negócios que os relativamente incapazes podem praticar, mesmo sem
assistência, como se casar, exigindo-se autorização de ambos os pais ou de
seus representantes legais; elaborar testamento; servir como testemunha de
atos e negócios jurídicos; e ser eleitor.
712
TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RETTORE, Anna Cristina de Carvalho.
A autoridade parental e o tratamento de dados pessoais de crianças e ado-
lescentes. In: TEPEDINO, Gustavo; FRAZÃO, Ana; OLIVA, Milena Donato. Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais e suas repercussões no direito brasileiro.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019. HENRIQUES, Isabella; PITA, Marina;
HARTUNG,Pedro. A proteção de dados pessoais de crianças e adolescentes.
In: Bruno Bioni, Laura Schertel Mendes, Danilo Doneda, Otavio Luiz Rodrigues
Jr., Ingo Wolfgang Sarlet. (Org.). Tratado de Proteção de dados pessoais. 1ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2021. Ebook.
390
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
713
(...) ainda que o §1º não mencione os adolescentes, não faria sentido
deixá-los desprovidos da igual e devida proteção, sob pena de se violar as
garantias constitucionais dessas pessoas. Há que se defender, nesse caso, a
aplicação do Código Civil, a fim de se promover a integralidade de seus direitos.
De fato, a proteção de dados pessoais, entendida enquanto parte do contrato
civil, reforça a objeção à capacidade legal de crianças e de adolescentes con-
sentirem quanto ao tratamento de seus dados, uma vez que, pelo exercício
do poder familiar, compete a mães, pais e responsáveis representá-los até
os 16 anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em
que forem partes, suprindo-lhes o consentimento. Não se coadunaria, com
efeito, com as garantias legais ao melhor interesse e à absoluta prioridade do
adolescente que lhe fosse facultada a outorga de consentimento autônomo
ilimitado para o tratamento de seus dados pessoais. Dessa forma, entende-se
indispensável o consentimento parental ou de pessoa responsável legal para
o tratamento de dados pessoais de crianças e de adolescentes de até 16
anos de idade, observando-se a forma prevista no referido 14, §1º, da LGPD,
devendo, assim, o consentimento ser específico e em destaque. No caso de
adolescentes entre 16 e 18 anos, será necessário o consentimento de ambos,
não bastando o consentimento parental. (HENRIQUES, Isabella; PITA, Marina;
HARTUNG, Pedro. A proteção de dados pessoais de crianças e adolescentes.
In: Bruno Bioni, Laura Schertel Mendes, Danilo Doneda, Otavio Luiz Rodrigues
Jr., Ingo Wolfgang Sarlet. (Org.). Tratado de Proteção de dados pessoais. 1ed.
Rio de Janeiro: Forense, 2021. Ebook.)
391
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
392
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
715
Fonte: <https://www.aepd.es/sites/default/files/2019-09/listas-dpia-
-es-35-4.pdf> Acesso em: 06.06.21.
716
“A DPIA is a defined process to help you identify and minimize the data
protection risks of your service – and in particular the specific risks to children
who are likely to access your service which arise from your processing of their
personal data. You should begin a DPIA early in the design of your service, before
you start your processing. It should include these steps: Step 1: identify the
need for a DPIA Step 2: describe the processing Step 3: consider consultation
Step 4: assess necessity and proportionality Step 5: identify and assess risks
arising from your processing Step 6: identify measures to mitigate the risks Step
7: sign off, record and integrate outcomes.” (Disponível em: <https://ico.org.
uk/for-organisations/guide-to-data-protection/key-data-protection-themes/
age-appropriate-design-a-code-of-practice-for-online-services/2-data-pro-
tection-impact-assessments/> Acesso em: 06.06.21.)
393
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
CONCLUSÃO
O contexto tecnológico atual – dinâmico e hiperconectado
– traz diversas oportunidades e recursos para as crianças
e adolescentes, auxiliando inclusive na promoção de seus
direitos. Contudo, os riscos enfrentados e as diversas situações
de tratamento indevido de dados trazem consigo desafios
para a proteção integral dos referidos sujeitos. Temas como
cyberbullying, divulgação não autorizada de imagens íntimas,
uso saudável de dispositivos digitais, privacidade e canais para
denúncia de abusos devem sempre ser desenvolvidos, de
forma a se orientar adequadamente os menores e estimular
um debate crítico e informado.
Recomenda-se também que pais e educadores conversem,
de forma franca e aberta, sobre como os menores podem se
proteger e interagir com segurança e respeito na rede. Além
disso, devem acompanhar e monitorar o uso de mídias sociais
e aplicativos, respeitando sempre os graus de discernimento,
autonomia e capacidade de cada sujeito. Compreender as
necessidades, expressões e novas práticas de crianças e
adolescentes é fundamental para o sucesso da interação.
A LGPD traz uma série de direitos, orientações e garantias
para a proteção de crianças e adolescentes, nos meios físicos
e digitais, as quais deverão ser conjugadas com a doutrina
do melhor interesse e a proteção integral. Neste sentido, foi
desenvolvido no presente artigo estudo sobre a atuação dos
menores no ambiente digital; a tutela ampla e especial que
deverá ser promovida aos dados pessoais sensíveis de crianças
e adolescentes, os quais por vezes serão altamente sensíveis;
a importância da discussão acerca das bases legais aplicáveis
394
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
395
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Rafael Zanatta717
Jonas Valente718
Júlia Mendonça719
INTRODUÇÃO
Diante das inúmeras questões que podem ser formuladas
sobre a interpretação da Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais,720 uma nos parece importante para o debate sobre
os direitos das crianças, impulsionado pelo novo Comentário
Geral n. 25 do Comitê de Direitos das Crianças da ONU: a LGPD
oferece contornos para a configuração do que é abusivo e do
que é excessivo com relação ao tratamento de dados pessoais
de crianças e adolescentes?
717
Diretor da Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa. É mestre pela Fa-
culdade de Direito da USP e doutorando pelo Instituto de Energia e Ambiente
da USP. Mestre em direito e economia pela Universidade de Turim. Alumni
do Privacy Law and Policy Course da Universidade de Amsterdam. Research
Fellow da The New School (EUA). Membro da Rede Latino-Americana de
Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits). Membro do Instituto Brasileiro de
Responsabilidade Civil (Iberc).
718
Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília (2019), mestrado em
Comunicação pela mesma instituição e graduação em Comunicação Social
pelo Centro Universitário de Brasília. É integrante do Laboratório de Políticas
de Comunicação da Faculdade de Comunicação da UnB. Editor-assistente da
revista eletrônica de Economia Política das Telecomunicações, Informação,
Comunicação e Cultura (Eptic).
Pesquisadora da Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa. Graduanda
719
396
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
397
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
721
O termo “exploração comercial da criança no mundo digital” vem sendo
utilizado pelo Instituto Alana, de forma pública, há algum tempo. Em 14 de
agosto de 2020, o Alana organizou um grande evento para discutir a exploração
comercial de crianças na internet. Ver: https://porvir.org/acontece/instituto-
-alana-exploracao-comercial-da-crianca-no-mundo-digital/
722
HENRIQUES, Isabella; PITA, Marina; HARTUNG, Pedro. A proteção de dados
pessoais de crianças e adolescentes. In: BIONI, Bruno et al (org.). Tratado de
proteção de dados pessoais. São Paulo: Forense, 2021. Cap. 10. p. 199-225.
HENRIQUES, Isabella; PITA, Marina; HARTUNG, Pedro. A proteção de
723
398
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
724
LIVINGSTONE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Children’s
data and privacy online: growing up in a digital age: an evidence review. Lon-
don: London School of Economics and Political Science. 2018.
BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de Dados Pessoais: a função e os limites
725
399
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
726
LIVINGSTONE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Children’s
data and privacy online: growing up in a digital age: an evidence review, cit., p.13.
400
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
727
LIVINGSTONE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Data and
privacy literacy: The role of the school in educating children in a datafied society.
The handbook of media education research, p. 413-425, 2020.
728
LIVINGSTONE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Children’s
data and privacy online: growing up in a digital age: an evidence review, cit., p.7.
729
LIVINGSTONE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Children’s
data and privacy online: growing up in a digital age: an evidence review, cit., p.13.
730
LIVINGSTONE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Children’s
data and privacy online: growing up in a digital age: an evidence review, cit., p.13.
401
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
402
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
733
UNICEF. Children’s online privacy and freedom of expression: Industry
toolkit. UNICEF, Nova York 2018.
734
LIVINGSTONE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Data and
privacy literacy: The role of the school in educating children in a datafied
society, cit., p.4.
735
Para uma análise compreensiva sobre este tópico da perspectiva jurídi-
ca, ver: ZANATTA, Rafael. Perfilização, discriminação e direitos: do Código de
Defesa do Consumidor à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, in: MIRA-
GEM, Bruno; LIMA MARQUES, Claudia; MAGALHÃES, Lucia Ancona, Direito
do Consumidor: 30 anos do CDC. Da consolidação como direito fundamental
aos atuais desafios da sociedade. Rio de Janeiro: Forense, 2021, p. 517-539.
HENRIQUES, Isabella; PITA, Marina; HARTUNG, Pedro. A proteção de
736
403
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
737
LIVINGSTONE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Data and
privacy literacy: The role of the school in educating children in a datafied
society. cit., p. 413-425, 2020.
738
LIVINGSTONE, Sonia; STOILOVA, Mariya; NANDAGIRI, Rishita. Data and
privacy literacy: The role of the school in educating children in a datafied
society, cit., p.7.
739
TEFFÉ, Chiara. Proteção de dados de crianças e adolescentes, Revista do
Advogado - AASP, n. 144, nov., 2019, p. 54-55.
740
BRITTO, Igor Rodrigues. Proteção dos direitos fundamentais da criança
na sociedade de consumo e controle da atividade publicitária no Brasil. Dis-
sertação de Mestrado. Faculdade de Direito de Vitória, 2009. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp136456.pdf
404
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
741
Para uma defesa dessa capacidade de intervenção a partir de uma pers-
pectiva da filosofia do direito (e com aplicabilidade em direitos das crianças.
Ver: ALLEN, Anita. Unpopular privacy: What must we hide?. Oxford: Oxford
University Press, 2011.
742
Princípio 2º: A criança gozará proteção social e ser-lhe-ão proporcionadas
oportunidade e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal
e em condições de liberdade e dignidade. Na instituição das leis visando este
objetivo levar-se-ão em conta, sobretudo, os melhores interesses da criança.
UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS, Ratification of 18 International Human
743
405
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
744
Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições pú-
blicas ou privadas de bem estar social, tribunais, autoridades administrativas
ou órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse maior
da criança.
745
UN COMMITTEE ON THE RIGHTS OF THE CHILD. General comment No.
14 (2013) on the right of the child to have his or her best interests taken as
a primary consideration (art . 3, para. 1). UN Doc CRC/C/GC/14. [s.l.], 2013.
Disponível em: https://tbinternet.ohchr.org/_layouts/15/treatybodyexternal/
Download.aspx?symbolno=CRC%2fC%2fGC%2f14&Lang=en. Acesso em: 01
abr. 2021.
746
UN COMMITTEE ON THE RIGHTS OF THE CHILD. General comment No.
14 (2013) on the right of the child to have his or her best interests taken as a
primary consideration (art . 3, para. 1), cit., p.3.
747
Como notado por Igor Britto, “a proteção dos direitos da criança no Es-
tado Democrático de Direito indica que é ela sujeito de direitos e, portanto,
dotada de desejos, vontades e interesses que devem ser respeitados por sua
família, pelo Estado e pela sociedade. BRITTO, Igor Rodrigues. Proteção dos
direitos fundamentais da criança na sociedade de consumo e controle da
atividade publicitária no Brasil. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Direito
de Vitória, 2009, p. 115-116.
406
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
748
FERNANDES, Elora Raad. Crianças e adolescentes na LGPD: bases legais
aplicáveis. Migalhas, [s.l.], 27 out. 2020. Disponível em: https://migalhas.uol.com.
br/depeso/335550/criancas-e-adolescentes-na-lgpd-bases-legais-aplicaveis.
Acesso em: 01 abr. 2021.
749
QUEIROZ, Paulo Eduardo Cirino de. Da doutrina “menorista” à proteção
integral: mudanças de paradigma e desafios na sua implementação. E-gov,
01 abr. 2013. Disponível em: https://egov.ufsc.br/portal/conteudo/da-dou-
trina-menorista-%C3%A0-prote%C3%A7%C3%A3o-integral-mudan%C3%A-
7a-de-paradigma-e-desafios-na-sua-implementa. Acesso em: 01 abr. 2021.
HENRIQUES, Isabella; PITA, Marina; HARTUNG, Pedro. A proteção de
750
407
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
408
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
751
ZANATTA, Rafael. Perfilização, discriminação e direitos: do Código de
Defesa do Consumidor à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, in: MIRA-
GEM, Bruno; LIMA MARQUES, Claudia; MAGALHÃES, Lucia Ancona, Direito do
Consumidor: 30 anos do CDC. Da consolidação como direito fundamental aos
atuais desafios da sociedade. Rio de Janeiro: Forense, 2021.
752
TEFFÉ, Chiara. Proteção de dados de crianças e adolescentes, cit., p. 58.
409
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
753
BEN-SHAHAR, Omri. Data Pollution. Journal of Legal Analysis, v. 11, 2019,
p. 104–159. Disponível em: https://doi.org/10.1093/jla/laz005. Acesso em: 01
abr. 2021.
754
BIONI, Bruno Ricardo; LUCIANO, Maria. O Princípio da Precaução na
Regulação de Inteligência Artificial: seriam as leis de proteção de dados o seu
portal de entrada. FRAZÃO, Ana; MULLHOLLAND, Caitlin (org.). Inteligência
artificial e direito: ética, regulação e responsabilidade. São Paulo: Thomson
Reuters Brasil, 2019.
410
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
411
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
412
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
756
Apoiado em Karl Larenz, Paulo de Tarso Sanseverino argumentava, antes
de se tornar ministro, que autonomia privada, boa-fé e justiça contratual são
princípios fundamentais do direito obrigacional. Trata-se de transposição do
conceito ético de pessoa para a esfera do direito privado. Sanseverino defendia
que o princípio da boa-fé possui três funções (interpretativa, de controle e
integrativa): “O princípio da boa-fé objetiva exerce também uma função de
controle, limitando o exercício dos direitos subjetivos. O credor, no exercício
de seu direito, deve ater-se aos limites traçados pela boa-fé, sob pena de agir
antijuridicamente. Essa função é particularmente importante, porque limita o
exercício do direito subjetivo, evitando o abuso de direito”. SANSEVERINO,
Paulo de Tarso. Estrutura clássica e moderna da obrigação, in: MEDEIROS,
Antonio (org.), O Ensino Jurídico no Limiar do Novo Século. Porto Alegre:
EDIPUCS, 1997, p. 307.
413
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
757
UN COMMITTEE ON THE RIGHTS OF THE CHILD. General comment No.
25 (2021) on children’s rights in relation to the digital environment. UN Doc
CRC/C/GC/25. [s.l.], 2021.
414
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
415
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
759
REINIG, Guilherme Henrique Lima; CARNAÚBA, Daniel Amaral. Abuso
de direito e Responsabilidade por ato ilícito: críticas ao Enunciado 37 da 1. ª
Jornada de Direito Civil. Revista de Direito Civil Contemporâneo-RDCC, n. 7,
p. 63-94, 2016.
760
Conforme argumentado em outro ensaio, por meio de uma interpre-
tação da Lei da Ação Civil Pública e do Código de Defesa do Consumidor,
que trazem os vetores básicos da tutela coletiva brasileira, juntamente com a
LGPD, podem ser propostas ações civis públicas não somente para o devido
ressarcimento dos danos causados, mas para o emprego da tutela inibitória
coletiva, inclusive com medidas de urgência. ZANATTA, Rafael; SOUZA, Michel.
A tutela coletiva em proteção de dados pessoais: tendências e desafios. In:
DE LUCCA, Newton; SIMÃO FILHO, Adalberto; LIMA, Cintia; MACIEL, Renata.
Direito & Internet IV: sistema de proteção de dados pessoais. São Paulo:
Quartier Latin, 2019, p. 410-411.
416
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
761
INFORMATION COMMISSIONER OFFICE (ICO). ICO publishes Code of
Practice to protect children’s privacy online, ICO, 21 jan. 2020. Disponível em:
https://ico.org.uk/about-the-ico/news-and-events/news-and-blogs/2020/01/
ico-publishes-code-of-practice-to-protect-children-s-privacy-online/. Acesso
em 05 abr. 2020.
417
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
762
OATES, C.J. WATKINS, L. THYNE, M. The impact of marketing on children’s
well-being in a digital age. European Journal of Marketing, 2016, p. 1969-1974.
763
LIEVENS et al. The child right to protection against economic exploitation
in the digital world. Submission to the Committee on the Rights of the Child
in view of their intention to draft a General Comment on children’s rights in
relation to the digital environment, maio. 2019.
418
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
764
LIEVENS et al. The child right to protection against economic exploitation
in the digital world. Submission to the Committee on the Rights of the Child
in view of their intention to draft a General Comment on children’s rights in
relation to the digital environment. cit, p. 1.
765
ZHAO, Fangwei; EGELMAN, Serge; WEEKS, Heidi; KACIROTI, Niko; MILLER,
Alison; RADESKY, Jenny. Data collection practices of mobile applications played
by preschool-aged children. JAMA pediatrics, 2020.
766
HARTUNG, Pedro. The children’s rights-by-design standard for data use
by tech companies. UNICEF, 2020, p. 3.
419
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
767
Tradução própria do original em inglês: “especially by explicit or thinly
veiled marketing strategies directed at them, such as advertising on video
platforms, gamified ads, in-app purchases, online games or sponsored content
and digital influencers”. HARTUNG, Pedro. The children’s rights-by-design
standard for data use by tech companies, cit., p.3.
420
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
768
“A intensa presença infanto-juvenil no ambiente digital impulsiona e, ao
mesmo tempo, decorre do desenvolvimento de conteúdo online específico
para esse público. Dessa forma, os últimos anos marcaram o surgimento e
agigantamento de novas figuras com muita influência no meio digital, dentre
as quais destacam-se os YouTubers mirins. Nesse movimento, as crianças e
adolescentes, além de receptoras, passam a ocupar o posto de produtoras
de conteúdo na Internet”. ALANA. Ref.: Inquérito Civil nº 2020.00341471.
Manifestação. Trabalho infantil artístico. Estratégias abusivas de publicidade
dirigidas a crianças realizadas por empresas por meio de canais de youtubers
mirins. Ofício ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Instituto
Alana, 5 de junho de 2020.
769
ALANA. Manifestação ao Inquérito Civil No. 2020.00341471 do Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro, cit.
421
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
770
COMMITTEE ON THE RIGHTS OF CHILD. Digital media and children’s rights.
Report of the 2014 day of general discussion. Office of the High Commissioner
of Human Rights, United Nations. 12 set. 2014.
771
OCDE. Children in the digital environment: revised typology of risks. OCDE
digital economy papers, jan., 2021.
422
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
423
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
772
DANTAS, Thais; GODOY, Renato. YouTubers mirins: mera expressão artística
ou trabalho infantil. TIC Kids Online Brasil, 2015, p. 95-103.
424
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
CONCLUSÃO
A LGPD oferece contornos iniciais para identificação do
que é abusivo e excessivo em tratamento de dados pessoais
de crianças e adolescentes. Conforme argumentado neste
artigo, uma correta interpretação do art. 14 da LGPD deve
se pautar, primeiro, por uma leitura conjunta dos princípios
de necessidade e não discriminação abusiva. Segundo, deve
se orientar pela tradição brasileira de combate ao abuso de
direito, que já possui julgados importantes sobre privacidade
e proteção de dados pessoais no Superior Tribunal de Justiça.
Terceiro, deve se orientar pela primazia do conceito de “melhor
interesse da criança”, tal reconhecido pelo direito brasileiro
pelo Comentário Geral n. 25 da ONU.
773
Em 2020, duas crianças de Illinois, nos Estados Unidos da América, ajui-
zaram uma ação judicial contra a empresa Google por usos abusivos de
dados biométricos em softwares utilizados em sala de aula. A ação questiona
a possibilidade da empresa Google criar uma “impressão digital” a partir das
vozes das crianças, monitorando seu comportamento em buscas, em troca
de acesso gratuito ao G Suite e aplicativos de educação. NIEVA, Richard. Two
children sue Google for allegedly collecting students’ biometric data, CNET, 03
abr. 2020. Disponível em: https://www.cnet.com/news/two-children-sue-goo-
gle-for-allegedly-collecting-students-biometric-data/ . Acesso em: 05 abr. 2020
425
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
774
Como defendido pela Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa, o Co-
mentário Geral 25 adotou uma recomendação específica sobre proibição de
perfilização: “Os Estados Partes devem proibir por lei a definição de perfis ou
segmentação de crianças de qualquer idade para fins comerciais com base em
um registro digital de suas características reais ou deduzidas, incluindo dados
de grupo ou coletivos, segmentação por associação ou perfil de afinidade. As
práticas que dependem de neuromarketing, análise emocional, publicidade
imersiva e publicidade em ambientes virtuais e de realidade aumentada para
promover produtos, aplicativos e serviços também devem ser proibidas de
se envolver direta ou indiretamente com crianças”. UN COMMITTEE ON THE
RIGHTS OF THE CHILD. General comment No. 25 (2021) on children’s rights in
relation to the digital environment. UN Doc CRC/C/GC/25. [s.l.], 2021.
426
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Isabella Henriques775
Marina Meira776
Pedro Hartung777
1. INTRODUÇÃO
Crianças e adolescentes representam 1/3 dos usuários de
Internet em todo o mundo778. Essa é uma boa notícia do ponto
de vista de que estão tendo acesso à Internet e, potencialmente,
a oportunidades de aprendizado e educação, em especial, em
situações de crises humanitárias, como durante a pandemia
775
Advogada. Diretora Executiva do Instituto Alana. Doutoranda em Direi-
tos das Relações Sociais – Direitos Difusos e Coletivos – pela PUC-SP. Global
Leader for Young Children pela World Forum Foundation. Líder Executiva em
Primeira Infância pelo Center on the Developing Child da Harvard University.
Conselheira do Conselho Consultivo da Ouvidoria da Defensoria Pública do
Estado de São Paulo.
776
Advogada graduada pela Faculdade de Direito da USP, pós-graduanda
em Direito Digital pela UERJ. Foi advogada do programa Criança e Consumo,
do Instituto Alana, entre 2020 e 2021.
777
Advogado e Coordenador Jurídico do Instituto Alana. Doutor em Direito
do Estado pela USP com doutorado sanduíche em 2017 na Harvard Law School
e Pesquisador Visitante no Child Advocacy Program pela mesma instituição.
É membro do grupo de trabalho da UNICEF sobre Governança de dados
pessoais de crianças e foi pesquisador visitante do Max-Planck-Institute de
Direito Público de Heidelberg/Alemanha.
778
UNICEF. The State of the World’s Children 2017 – Children in a digital
world. New York: Unicef, 2017. p. 138. Disponível em: https://www.unicef.org/
bulgaria/media/421/file/State%20of%20the%20world’s%20children%20-%20
children%20in%20a%20digital%20age.pdf. Acesso em: 9 mar. 2021.
427
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
779
UNICEF. Education and Covid-19. Unicef, [s.l.], September 2020. Disponível
em: https://data.unicef.org/topic/education/covid-19/. Acesso em: 9 mar. 2021.
780
UNICEF. The State of the World’s Children 2017 – Children in a digital
world, cit., p. 10.
781
OECD. Children in the digital environment - revised typology of risks.
Paris: OECD DIGITAL ECONOMY PAPERS, January 2021 No. 302. Disponível
em: https://doi.org/10.1787/9b8f222e-en. Acesso em: 9 mar. 2021.
428
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
429
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
430
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
785
UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS OFFICE OF THE HIGH COMMISSIO-
NER. Convention on the Rights of the Child, 1989. Disponível em: https://www.
ohchr.org/EN/ProfessionalInterest/Pages/CRC.aspx. Acesso em: 9 mar. 2021.
786
UNICEF. Convenção sobre os Direitos da Criança. Disponível em: https://
www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca. Acesso em: 9
mar. 2021.
431
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
787
MARINO, Eduardo e FRAGATA CHICARO, Marina. FMCSV, TJSP e Alana:
Uma parceria promotora do desenvolvimento da primeira infância. In HENRI-
QUES, Isabella (org.). Primeira Infância no Sistema de Garantia de Direitos de
Crianças e Adolescentes – Uma experiência a ser replicada. São Paulo: Instituto
Alana, 2019, pp. 29-45.
788
Ver também: UNICEF. The adolescent brain: a second window of oppor-
tunity. Florença: Unicef Office of Research - Innocenti, 2017. Disponível em:
https://www.unicef-irc.org/publications/pdf/adolescent_brain_a_second_win-
dow_of_opportunity_a_compendium.pdf. Acesso em: 9 mar. 2021.
432
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
789
COSTA DA COSTA, Jaderson. Neurodesenvolvimento e os primeiros anos
de vida: genética vs. ambiente. RELAdEI 7.1 Neurociencias y Educación Infantil,
2018, pp. 54 e 55.
790
LINN, Susan. Crianças do Consumo – A infância roubada. São Paulo:
Instituto Alana, 2006.
791
Justamente essa a razão de uma empresa do porte da Coca-Cola ter
anunciado, globalmente, não mais anunciar a crianças com menos de 12
anos de idade, de forma a minimizar seu impacto no aumento dos índices de
obesidade infantil em todo o mundo. Ver: OTOBONI, Jéssica. Coca-Cola veta
comerciais direcionados para crianças. Veja (economia), 14 mai. 2013. Disponível
em: https://veja.abril.com.br/economia/coca-cola-veta-comerciais-direciona-
dos-para-criancas/. Acesso em: 10 mar. 2021.
792
THE ECONOMIST INTELLIGENCE UNIT. Os impactos da publicidade dirigida
a crianças no Brasil. São Paulo: Instituto Alana, 2017. Disponível em https://
criancaeconsumo.org.br/biblioteca/os-impactos-da-proibicao-da-publicida-
de-dirigida-as-criancas-no-brasil/. Acesso em: 10 mar. 2021.
793
DE LA TAILLE, Yves. Contribuição da Psicologia para o fim da publicidade
dirigida à criança. Conselho Federal de Psicologia. Brasília, 2008.
433
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
794
Ver também: BJURSTRÖM, Erling. Children and advertisement – a critical
study of international research concerning the effects of TV-commercials
on children. Report 1994/95:8. Swedish Consumer Agency. Sweden, 2000.
Disponível em http://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/1994/02/
Children-and-television-advertising.pdf. Acesso em: 9 mar. 2021.
434
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
435
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
797
HENRIQUES, Isabella Vieira Machado. Publicidade abusiva dirigida à
criança. Curitiba: Juruá, 2005.
798
SAMPAIO, Inês Sílvia Vitorino; CAVALCANTE, Andrea Pinheiro Paiva. Publici-
dade infantil em tempos de convergência – Relatório Final. Ceará: Universidade
Federal do Ceará, Instituto de Cultura e Arte e Grim: 2016. Disponível em: ht-
tps://www.defesadoconsumidor.gov.br/images/manuais/publicidade_infantil.
pdf. Acesso em: 9 mar. 2021.
436
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
799
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão nº RECURSO ESPECIAL Nº
1.558.086 - SP (2015/0061578-0). Relator: Ministro Humberto Martins. DJe/
STJ. Brasília, 15 abr. 2016; e BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão nº
RECURSO ESPECIAL Nº 1.613.561 - SP (2016/0017168-2). Relator: Ministro
Herman Benjamin. Brasília, 25 de abril de 2017. DJe/STJ. Brasília, 01 set. 2020.
Ver também: Decisão histórica condenou propaganda de alimentos dirigida ao
público infantil. Superior Tribunal de Justiça. Brasília, 17 mar. 2019. Disponível
em: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-anti-
gas/2019/2019-03-17_06-50_Decisao-historica-condenou-propaganda-de-a-
limentos-dirigida-ao-publico-infantil.aspx. Acesso em: 9 mar. 2021.
800
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Decisão nº ADI 5631. Relator: Ministro
Edson Fachin. Brasília, 25 de março de 2021. Brasília. Ver também: Lei da Bahia
que proíbe propaganda em estabelecimentos de educação básica é constitu-
cional. Supremo Tribunal Federal. Brasília, 25 mar. 2021. Disponível em: https://
portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=463023&ori=1
Acesso em: 5 abr. 2021.
437
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
801
O relatório Digital in 2020, realizado pelo We Are Social e Hootsuite, aponta
que, no Brasil, o tempo de uso diário de internet em 2020 foi de 9h17. Por outro
lado, segundo a Kantar, em março de 2020, os brasileiros passaram, em média,
8h em frente à TV. Ver: KEMP, Simon. Digital 2020: 3.8 billion people use social
media. We are Social, [s.l.], 30 jan. 2020. Disponível em: https://wearesocial.
com/digital-2020. Acesso em: 01 abr. 2021; e FELTRIN, Ricardo. Quarentena:
Brasileiro passa quase 8 horas por dia diante da TV. UOL, [s.l.], 20 abr. 2020.
Disponível em: https://www.uol.com.br/splash/noticias/ooops/2020/04/20/
quarentena-brasileiro-passa-quase-8-horas-por-dia-diante-da-tv.htm. Acesso
em: 30 mar. 2021.
438
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
802
MOBILETIME; OPINIONBOX. Crianças e smartphones no Brasil. [s. l], outu-
bro de 2020. p. 3. Disponível em: https://www.mobiletime.com.br/pesquisas/
criancas-e-smartphones-no-brasil-outubro-de-2020/. Acesso em: 30 mar. 2021.
803
GLOBAL ACTION PLAN (UK). Kids for Sale: online advertising & the ma-
nipulation of children. Londres, 2020. p. 10. Disponível em: https://www.
globalactionplan.org.uk/files/kids_for_sale_v2.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021.
ZUBOFF, Shoshana. The age of surveillance capitalism: the fight for a hu-
804
man future at the new frontier of power. New York: Publicaffairs, 2019. E-book.
439
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
805
MONTGOMERY, Kathryn C.; CHESTER, Jeff; KOPP, Katharina. Data gover-
nance for young people in the commercialized digital environment. UNICEF
Good Governance of Children’s Data project, [s.l.], August 2020. p. 3. Disponível
em: https://www.unicef.org/globalinsight/media/1081/file/UNICEF-Global-In-
sight-data-governance-commercialization-issue-brief-2020.pdf. Acesso em:
30 mar. 2021.
BIONI, Bruno Ricardo. Proteção de dados pessoais: a função e os limites
806
440
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
441
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
810
GLOBAL ACTION PLAN. Kids for Sale: online advertising & the manipu-
lation of children, cit., p. 9.
811
HARTUNG, Pedro. The children’s rights-by-design standard for data use
by tech companies. UNICEF Good Governance of Children’s Data project, [s.l.],
November 2020. p. 2. Disponível em: https://www.unicef.org/globalinsight/
media/1286/file/%20UNICEF-Global-Insight-DataGov-data-use-brief-2020.
pdf. Acesso em: 01 abr. 2021.
442
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
443
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
815
FORNASIER, Mateus de Oliveira; KNEBEL, Norberto Milton Paiva; SILVA,
Fernanda Viero da. Mineração de dados e publicidade comportamental: im-
passes para a regulação do spam e dos nudges na sociedade burocrática do
consumo dirigido. Revista Estudos Institucionais, [s. l.], v. 6, n. 3, p. 1536-1559,
set. 2020, p. 1542. Disponível em: https://www.estudosinstitucionais.com/REI/
article/view/506. Acesso em: 20 mar. 2021.
444
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
816
De acordo com pesquisa da PwC, estima-se que o investimento global no
mercado de publicidade digital para crianças chegará a 1.7 bilhões de dólares
em 2021. Ver: PwC: Kids digital ad market worth $1.7bn by 2021. Advanced
Television, [s.l.], 21 jun. 2019. Disponível em: https://advanced-television.
com/2019/06/12/pwc-kids-digital-ad-market-worth-1-7bn-by-2021/. Acesso
em: 04 abr. 2021.
817
Em 2019, o Google, enquanto detentor da plataforma YouTube, acordou
com o pagamento de multa no valor de 170 milhões de dólares à Federal Trade
Commission - FTC, agência de proteção ao consumidor dos Estados Unidos,
por coletar dados pessoais de crianças sem o consentimento prévio de seus
responsáveis legais, em violação ao Children’s Online Privacy Protection Rule
- COPPA. Ao fazê-lo, a empresa reconheceu o uso da presença por crianças
e adolescentes com menos de 13 anos, em movimento inédito no setor. Ver:
Google and YouTube Will Pay Record $170 Million for Alleged Violations of
Children’s Privacy Law. Federal Trade Commission, [s.l.], September 4, 2019.
Disponível em: https://www.ftc.gov/news-events/press-releases/2019/09/
google-youtube-will-pay-record-170-million-alleged-violations. Acesso em:
04 abr. 2021.
445
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
818
Uma série de pesquisas indicam a presença de crianças em plataformas
digitais voltadas a maiores de 13 ou 18 anos. Nesse sentido: CORRÊA, Luciana.
Geração YouTube: um mapeamento sobre o consumo e a produção de vídeos
por crianças. ESPM Media Lab, 2016. Disponível em: https://criancaeconsumo.
org.br/biblioteca/geracao-youtube-um-mapeamento-sobre-o-consumo-e-a-
-producao-de-videos-por-criancas/. Acesso em 04 abr. 2020; e MOBILETIME;
OPINIONBOX. Crianças e smartphones no Brasil, cit..
819
Ver mais em: UNICEF. The Adolescent Brain: A second window of oppor-
tunity, cit..
446
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
820
LEVIN, Sam. Facebook told advertisers it can identify teens feeling ‘inse-
cure’ and ‘worthless’. The Guardian, San Francisco, 01 mai. 2017. Disponível
em: https://www.theguardian.com/technology/2017/may/01/facebook-ad-
vertising-data-insecure-teens. Acesso em: 04 abr. 2021.
447
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
821
O Comentário Geral 25, nos moldes da Convenção sobre os Direitos
da Criança da Organização das Nações Unidas, compreende “criança” com
qualquer indivíduo entre 0 e 18 anos de idade. Estão abrangidos pelo texto
normativo, portanto, crianças e adolescentes, de acordo com a terminologia
adotada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
822
UN/CRC/C/GC/25. General Comment No. 25 (2021) on children’s rights
in relation to the digital environment. p. 7. Disponível em: https://www.ohchr.
org/EN/HRBodies/CRC/Pages/GCChildrensRightsRelationDigitalEnvironment.
aspx. Acesso em: 04 abr. 2021.
823
Nesse sentido, ver: HENRIQUES, Isabella; PITA, Marina; HARTUNG, Pedro.
A proteção de dados pessoais de crianças e adolescentes. In BIONI, Bruno et.
al. (coord.). Tratado de Proteção de Dados Pessoais. Rio de Janeiro: Ed Forense,
2020. pp. 199-225.
448
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
824
Merece especial destaque a compreensão de que o legítimo interesse
do controlador não poderá fundamentar atividades de tratamento de dados
de crianças e adolescentes. Assim o é definido no artigo 6º do General Data
Protection Regulation - GDPR: “1. Processing shall be lawful only if and to the
extent that at least one of the following applies: (...) (f) processing is necessary
for the purposes of the legitimate interests pursued by the controller or by
a third party, except where such interests are overridden by the interests or
fundamental rights and freedoms of the data subject which require protection
of personal data, in particular where the data subject is a child”. Mais nesse
sentido: HENRIQUES, Isabella; PITA, Marina; HARTUNG, Pedro. A proteção de
dados pessoais de crianças e adolescentes, cit..
449
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Sobre isso ver mais em: HARTUNG, Pedro. The children’s rights-by-design
825
450
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
826
UN/CRC/C/GC/25. General Comment No. 25 (2021) on children’s rights
in relation to the digital environment, cit., p. 6.
451
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando que o direcionamento de publicidade a
crianças com menos de 12 anos de idade, em qualquer mídia,
é prática abusiva no Brasil, e que o uso de dados pessoais e
metadados na microssegmentação de publicidade no ambiente
digital apresenta-se como prática ainda mais lesiva, opaca
e de difícil identificação por parte de crianças e também de
adolescentes, constata-se que tais práticas de exploração
comercial não estão em conformidade com o melhor interesse
e direitos de crianças e adolescentes, sendo, portanto, ilegais.
827
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil, artigo 227, caput. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
452
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
453
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Mario Viola829
Vanessa Vargas830
1. INTRODUÇÃO
As plataformas da Web 2.0, e recentemente as da Web 3.0 e a
Internet das Coisas, representam um importante avanço na vida
de adultos e crianças em todas as partes do mundo, combinando
um aumento de eficiência com uma ampla disponibilidade de
novas ferramentas que potencializam a criatividade individual e
a produção coletiva. Essas plataformas facilitam a participação
pública e o acesso à informação, tornando a internet uma
ferramenta importante da sociedade moderna. Como parte
integrante desta infra-estrutura, grandes quantidades de dados
pessoais estão sendo coletadas e tratadas através do uso de
algoritmos, com o objetivo de fornecer informações mais
828
Partes deste capítulo foram publicadas em inglês, pelo primeiro autor, no
artigo Child Privacy in the Age of Web 2.0 and 3.0: Challenges and opportunities
for policy. Innocenti Discussion Paper 2017-03. Disponível em <https://www.
un-ilibrary.org/content/papers/25211110/19>.
829
Mario Viola é Doutor em Direito pelo European University Institute e
Mestre em Direito Civil pela UERJ. Atualmente é Pesquisador Associado do
Centre for Media Pluralism and Media Freedom do Instituto Universitário
Europeu (Florença, Itália) e Consultor do ITS Rio para temas relacionados à
privacidade e proteção de dados pessoais.
830
Vanessa Vargas é advogada e pós-graduada em processo civil pela Cândido
Mendes. Experiência profissional de quase três anos no Siqueira Castro Advo-
gados e dois anos no IBMEC, dentro da coordenadoria do curso de Direito. Foi
assistente de ensino e de pesquisa na pós-graduação em Direito Empresarial
na Fundação Getúlio Vargas (FGV LAW PROGRAM). Hoje é coordenadora da
área de educação do ITS Rio e da pós-graduação em Direito Digital do ITS
em parceria com a UERJ-CEPED. Atualmente, é mestranda no PPGD UERJ.
454
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
455
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
831
SARTOR, Giovanni; CUNHA, Mario Viola de Azevedo. The Italian Google-
-Case: Privacy, Freedom of Speech and Responsibility of Providers for User-Ge-
nerated Contents. International Journal of Law and Information Technology.
Volume 18, número 4, 2010. Oxford University. p. 374.
832
LIVINGSTONE, Sonia; CARR, John; BYRNE, Jasmina. One in Three: Internet
Governance and Children’s Rights. Office of Research - Innocenti. 2016. p. 11.
Disponível em: <https://www.unicef-irc.org/publications/pdf/idp_2016_01.pdf>.
833
JASMONTAITE, Lina; DE HERT, Paul. The EU, children under 13 years, and
parental consent: a human rights analysis of a new, age-based bright-line
for the protection of children on the Internet. International Data Privacy Law,
2015, Vol. 5, Nº. 1. p. 20.
456
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
834
Hackers atacam instituições do mundo todo e pedem “resgate” via bitcoin
Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/05/ha-
ckers-atacam-instituicoes-do-mundo-todo-e-pedem-resgate-bitcoin.html>.
835
VASCONCELLOS, Hygino. Vazamento de dados de 220 milhões de pes-
soas: o que sabemos e quão grave é. Tilt, 28 de janeiro de 2021. Disponível
em <https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2021/01/28/vazamento-
-expoe-dados-de-220-mi-de-brasileiros-origem-pode-ser-cruzada.htm?cm-
pid=copiaecola>
836
Veja ROLFINI, Fabiana. Hackers invadem sistema do STJ; site está fora do
ar. Olhar Digital, 4 de novembro de 2020. Disponível em <https://olhardigital.
com.br/2020/11/04/seguranca/hackers-invadem-sistema-do-stj-site-esta-fo-
ra-do-ar/>
457
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
837
United Nations General Assembly. Resolution 68/167 on The right to
privacy in the digital age. Ratificada em 18 de dezembro de 2013. Disponível
em: <http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/RES/68/167>..
O Relator Especial das Nações Unidas sobre o Direito à Privacidade anunciou
que no seu relatório a ser apresentado em março de 2021 tratará da priva-
cidade infantil. Veja <https://www.ohchr.org/EN/Issues/Privacy/SR/Pages/
CFI_Privacy_and_Children.aspx>.
838
SOUZA, Carlos Affonso Pereira, VIOLA, Mario, LEMOS, Ronaldo. UNDERS-
TANDING BRAZIL’S INTERNET BILL OF RIGHTS. 1st ed. Instituto de Tecnologia e
Sociedade do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2015. Versão em inglês. Disponível
em: <http://itsrio.org/wp-content/uploads/2015/11/Understanding-Brazils-
-Internet-Bill-of-Rights.pdf.>
839
Versão oficial em inglês disponível em: <http://www.camera.it/application/
xmanager/projects/leg17/commissione_internet/testo_definitivo_inglese.pdf>.
840
Ao contrário, o Marco Civil da Internet, em seu art. 29, prevê a possibi-
lidade de controle parental do conteúdo acessado pelos menores na rede,
através da utilização de softwares de controle parental.
Disponível em: <http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/
841
HRC/34/L.7/Rev.1.>
458
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
842
Cyberbullying encompasses the use of ICTs to harm a victim or victims
in deliberate, repeated, hostile ways. In: UNODC. Study on the Effects of New
Information Technologies on the Abuse and Exploitation of Children. Viena,
Maio de 2014. p. 13.
Cyber-stalking is commonly understood as a course of action that involves
843
more than one incident perpetrated through or utilizing electronic means that
causes distress, fear or alarm. In Ibid. p. 13.
SHIN, Wonsun; KANG, Hyunjin. Adolescent’s privacy concerns and infor-
844
mation disclosure online: The role of parents and the internet. Computers in
Human Behavior. 54. 2016. p. 115.
845
Este jogo propõe desafios perigosos aos usuários, possuindo 50 etapas,
e nesta última, a missão é acabar com a própria vida. Veja: Entenda o “Jogo da
Baleia Azul” e os riscos que ele representa. Gazeta. [s.l.], 14 abr. 2017. Disponível
em <http://beta.gazetaonline.com.br/bem_estar_e_saude/2017/04/entenda-
-o-jogo-da-baleia-azul-e-os-riscos-que-ele-representa-1014044768.html >
459
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
846
Exemplos de projetos de lei neste sentido são o 7458/2017, que altera a
Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014, para dispor sobre a retirada de conteúdo
na internet que induza, instigue ou auxilie a automutilação ou o suicídio, como
o jogo denominado “baleia azul”, e o 6989/2017, que Altera o Marco Civil
da Internet, Lei no 12.965, de 23 de abril de 2014, para incluir procedimento
de retirada de conteúdos que induzam, instiguem ou auxiliem a suicídio de
aplicações de internet.
847
DONEDA, Danilo; ROSSINI, Carolina. Proteção de dados de crianças e
adolescentes na Internet. In: ALMEIDA, Virgílio Augusto Fernandes. TIC Kids
Online Brasil. São Paulo: CGI.BR, 2015. p. 37. Disponível em: <https://cetic.br/
media/docs/publicacoes/2/TIC_Kids_2014_livro_eletronico>. p. 37.
SHIN, Wonsun; KANG, Hyunjin. Adolescent’s privacy concerns and infor-
848
mation disclosure online: The role of parents and the internet. Computers in
Human Behavior. 54. 2016. p. 115.
460
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
461
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Age of Social Media. University of Florida Levin College of Law Legal Studies
Research Paper Series. Paper n. 16-41. 2016. p.4.
853
Ibid. p. 17-18.
854
Disponível em: <https://painelpolitico.com/entenda-o-perigo-de-pos-
tar-fotos-de-criancas-nas-redes-sociais/>.
855
OECD. Report on the protection of children online: risks faced by children
online and policies to protect them. Op. cit. p. 34.
856
OECD. Report on the protection of children online: risks faced by children
online and policies to protect them. Op. cit. p. 37.
462
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
857
Ambos os casos, dos jovens adultos que perderam seus empregos e od
suicídio das jovens, foram consequência da divulgação online de informações
pessoais, o que atrai a necessidade de se discutir a ideia de um “direito a
ser esquecido” - não só um Direito à desindexação, conforme discutido no
processo do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre o tema - Google
Espanha -, o que poderia funcionar como uma solução para garantir que as
crianças não sofram de sua falta de compreensão completa dos riscos envol-
vidos na publicação de informações pessoais online. Um exemplo de uma lei
que reconhece tal direito para crianças é o adotado pelo Estado da Califórnia
dos EUA. Disponível em: http://www.dataprotectionreport.com/2015/01/
california-enacts-right-to-be-forgotten-for-minors/.
858
OECD. Report on the protection of children online: risks faced by children
online and policies to protect them. Op. cit. p. 34.
463
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
859
De acordo com a FERPA, os “registros educacionais” incluem o nome e
endereço de um aluno ou membro da família de um aluno, identificadores
pessoais, identificadores indiretos e outras informações que permitem pessoa
comun na comunidade escolar identificar o estudante de maneira fácil. Dalia
Topelson et al. Privacy and Children’s Data - An Overview of the Children’s
Online Privacy Protection Act and the Family Educational Rights and Privacy Act.
Berkman Center for Internet & Society Research Publication Series, Research
Publication n. 2013-23. Disponível em: <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.
cfm?abstract_id=2354339>.
860
TOPELSON, Dalia, et al., ‘Privacy and Children’s Data - An Overview of
the Children’s Online Privacy Protection Act and the Family Educational Rights
and Privacy Act’, Berkman Center Research Publication No. 23, November
2013. Disponivel em: <https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_
id=2354339>, p. 1.
861
Ibid. p.4
862
Os dois instrumentos estão disponíveis em: https://www.ftc.gov/enfor-
cement/rules/rulemaking-regulatory-reform-proceedings/childrens-online-
-privacy-protection-rule>.
863
TOPELSON, Dalia, et al., Op. cit. p. 9. “FTC encourages operators to protect
information collected from teenagers aged 13 and over as well.”
464
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
864
US Federal Trade Commission. Children’s Online Privacy Protection Rule.
§ 312.5 Parental consent. Disponível em:< https://www.ftc.gov/system/fi-
les/2012-31341.pdf.>
865
Proteção de dados de crianças e adolescentes na Internet. TIC Kids Bra-
sil on line 2014. Disponível em:<http://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/
TIC_Kids_2014_livro_eletronico.pdf.>
866
Protection of Personal Information Bill. 2009. Dispónivel em: <http://www.
up.ac.za/media/shared/9/HumPdf%20docs/Postgrad%20Research%20Docs/
protection-of-personal-information-2009.zp53213.pdf.>.
867
Veja: AGENCIA ESPAÑOLA DE PROTECCIÓN DE DATOS. Guidelines on
rights of children and duties of parents, 2008. Disponível em: <https://www.
agpd.es/portalwebAGPD/canaldocumentacion/publicaciones/common/pdfs/
RECOMEND_MEN_MAY_eng.pdf.>
465
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
868
Na União Europeia, diante da possibilidade conferida pelo Regulamento
Geral sobre a Proteção de Dados Pessoais (GDPR) de que os Estados-Membros
estabelecessem limites de idades distintos – entre 13 e 16 anos - para a dis-
pensa do consentimento parental, países adotaram distintos limites. Vide The
changing patchwork of the child’s age of consent for data processing across
the EU (January 2019). Disponível em: <https://www.betterinternetforkids.eu/
en_US/web/portal/practice/awareness/detail?articleId=3017751>.
869
República da África do Sul, Protection of Personal Information Bill, 2009.
Disponível em: <www.up.ac.za/media/shared/9/HumPdf docs/ Postgrad Re-
search Docs/protection-of-personal-information-2009.zp53213.pdf>.
870
Disponível em: <http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/05/
sete-servicos-de-internet-e-redes-sociais-proibidos-para-criancas.html>.
871
Art. 227: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança
e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimen-
tação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los
a salvo de toda forma de negligência, descriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.”
466
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
467
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1341836&filena-
me=PL+1746/2015.>
468
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
876
Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetra-
mitacao?idProposicao=2138727.
877
Memorando sobre a proteção de dados pessoais e da privacidade nas
redes sociais da Internet, principalmente em relação às crianças e adolescentes.
Disponível em: <http://www.iijusticia.org/docs/MemoMVD_Pt.pdf.>
469
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
878
Lina Jasmontaite and Paul De Hert. The EU, children under 13 years, and
parental consent: a human rights analysis of a new, age-based bright-line for
the protection of children on the Internet. cit. p.32.
879
Disponível em: <https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/HT-
ML/?uri=CELEX:02016R0679-20160504&from=EN>.
880
O termo ‘crianças’ é utilizado aqui numa acepção ampla, de menor de
18 anos, conforme previsto no art. 1º da Convenção dos Direitos da Criança
da Organização das Nações Unidas.
470
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
881
Parte final do Considerando 38 da GDPR.
471
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
882
DANTAS, Thaís e GODOY, Renato. Youtubers mirins: mera expressão
artística ou trabalho infantil? Disponível em: < http://cetic.br/media/docs/
publicacoes/2/TIC_Kids_2015_LIVRO_ELETRONICO.pdf.
883
NYST, Carly. Privacy, protection of personal information and reputation
rights. discussion paper series: children’s rights and business in a digital world.
UNICEF: 2017. Disponível em: < https://www.unicef.org/csr/files/UNICEF_CRB_
Digital_World_Series_PRIVACY.pdf>, p.9.
472
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
884
Lina Jasmontaite and Paul De Hert. The EU, children under 13 years, and
parental consent: a human rights analysis of a new, age-based bright-line
for the protection of children on the Internet. International Data Privacy Law,
2015, Vol. 5, nº. 1. p 28-29.
885
Pierrine Robin. The Participation of Children in Care in the Assessment
Process. In: Daniel Stoecklin, Jean-Michel Bonvin. Children’s Rights and the
Capability Approach: Challenges and Prospects. Springer: Dordrecht Heildel-
berg New York London, 2014. p 198.
886
Jasmina Byrne; Daniel Kardefelt-Winther; Sonia Livingstone; Mariya Stoi-
lova. Global Kids Online (2016). Research synthesis 2015-2016. UNICEF Office
of Research Innocenti and London School of Economics and Political Science.
Disponível em: www.unicef-irc.org/research/270/. p 5.
887
NYST, Carly. Privacy, protection of personal information and reputation
rights. discussion paper series: children’s rights and business in a digital world.
Cit. p.9.
473
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
888
Veja: Austrian teenager sues parents for ‘violating privacy’ with chil-
dhood Facebook pictures. Disponível em: <http://www.telegraph.co.uk/
news/2016/09/14/austrian-teenager-sues-parents-for-violating-privacy-wi-
th-childh.
889
Lina Jasmontaite and Paul De Hert. The EU, children under 13 years, and
parental consent: a human rights analysis of a new, age-based bright-line
for the protection of children on the Internet. International Data Privacy Law,
2015, Vol. 5, No. 1. p.22/23.
474
PRIVACIDADE E PROTEÇÃO DE DADOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
890
Lina Jasmontaite and Paul De Hert. The EU, children under 13 years, and
parental consent: a human rights analysis of a new, age-based bright-line for
the protection of children on the Internet. cit. p. 22/23.
475