Artigo Amigos Do Cerrado
Artigo Amigos Do Cerrado
Artigo Amigos Do Cerrado
Larissa Alves de Lima¹, Mitchel Iago Alves Costa² & Sabrina Almeida³*Donizete A.
Batista4
¹ Mestranda em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais - Universidade
Federal de Uberlândia
² Mestrando em Biologia Vegetal - Universidade Federal de Uberlândia
³ Professora Efetiva no Instituto de Ciências Biologicas - Universidade Federal de
Viçosa - campus de Rio Paranaíba *e-mail: [email protected]
4 Professor Efetivo no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade
Federal de Viçosa – campus de Rio Paranaíba e-mail: [email protected]
Resumo
1. Introdução
3. Metodologia
A Escola Municipal João Francisco Capetinga está localizada no município de
Tiros (19º 00' 14" S 45º 57' 52" W), Minas Gerais, Brasil. A escola atendeu em 2016,
no período da tarde, 126 crianças de três a onze anos de idade, distribuídas entre o
1º período da educação infantil ao 5º ano do ensino fundamental.
Para realização deste projeto houve a participação de cinco alunos
voluntários do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Viçosa -
campus de Rio Paranaíba, os quais se dispuseram a realizar e monitorar as
atividades. Os encontros foram realizados às sextas-feiras, entre os mêsos meses
de abril e junho de 2016. Com o objetivo de otimizar a comunicação e
consequentemente, a compreensão, os alunos foram separados em três grupos de
acordo com a escolaridade: (i) educação infantil, (ii) 1º. 2º e 3º ano e (iii) 4º e 5º ano
do ensino fundamental.
O tema central do encontro era comum a todos os grupos, porém as
atividades se distinguiam parcialmente entre a educação infantil e o ensino
fundamental (Tabela 1). Ao fim de cada encontro eram repassadaso às professoras
atividades didáticas, para que fossem trabalhadas com os alunos durante o intervalo
dos encontros. Esstes exercícios possuíam como base o incentivo a leitura, o
conhecimento em diversos gêneros discursivos modelos redacionais (carta, história
em quadrinho e poema) e auxílio na ampliação da compreensão em áreas como:
matemática, ciências, história e geografia.
O mascoteA mascote e a logo do projeto foram criados pelo departamento de
comunicação da Universidade Federal de Viçosa - campus de Rio Paranaíba. Foi
aberto a todos os alunos e funcionários da escola, a oportunidade de sugerir nomes
para o tamanduá. As opções foram analisadosanalisadas pelos monitores, os quais
votaram no melhor.
Além do trabalho voltado para as crianças, houve uma preocupação do grupo
em possibilitar às professoras da referida escola um momento de capacitação, pois,
segundo a direção da escola e das próprias professoras, inexistiam cursos de
formação continuada nessa área. Nesse sentido, no dia (EU NÃO LEMBRO DA
DATA, ALGUÉM LEMBRA?) organizou-se uma manhã para discussão acerca das
mais recentes teorias sobre língua, linguagem, produção de textos e gêneros do
discurso, pautas importantes que orientariam os trabalhos finais das crianças
envolvidas no projeto. Assumiu-se uma perspectiva interacionista (BRONCKART,
2006) na qual o texto deve ser trabalhado de forma dinâmica, profundamente
vinculado a uma necessidade real de comunicação e não apenas um mero exercício
para “passar o tempo” ou seja, vazios de quaisquer motivações pragmáticas, sem
se constituírem como práticas discursivas que visam a uma mudança de
comportamento no seu público alvo. (FERRAREZI JÚNIOR, 2015).
4. Resultados
O projeto apresentou impactou positivamente a comunidade, o, atingindo
osseus objetivos pretendidos. As ações despertarm Despertando nos alunos a
vontade de defender a o amor apela natureza e potencializou o dever seu dever em
protegê-la, as atividades didáticas refletiam a preocupação das crianças. Os pais
relataram a escola, que os filhos se mostravam ativos nas propostas até mesmo em
casa, evitando o desperdício de alimento no prato e passando grandes lições a eles.
Todas as temáticas abordadas foram bem aceitas pelas crianças, criando
momentos de perguntas e respostas muito interessantes. As atividades didáticas na
grande maioria expressava além do passado em sala, sendo considerado ações
particulares dos alunos. Os desenhos mostravam sempre personagens “bons”,
aqueles que lutavam para a conservação do Cerrado, e personagens “maus”,
aqueles que desmatavam, jogavam lixo nos rios e maltravam animais, e em
consequência o “bem” sempre vencia. Os personagens frequentemente eram
crianças ou animais típicos do Cerrado, como lobo-guará, tamanduá bandeira, anta
e onça parda, nunca humanos adultos. Os textos propostos aos alunos mais velhos,
demonstram a conscientização do papel individual e do coletivo nos cuidados com o
ambiente, muitos declaram que a mudança começava na “nossa rotina”, incluindo a
casa e a escola.
A horta enriqueceu a merenda escolar e todos procuravam mais pelos
produtos da horta no momento do lanche, o que não se via antes, quando os
vegetais viam de produções externas. O mascote foi batizado de Teco - o
tamanduá, sugerido por um aluno do 1º ano do ensino fundamental. A direção,
professoras e alunos da escola relatam sua satisfação em poder participar e
aprender um pouco mais sobre o Cerrado:
“Foi um privilégio receber uma ação da UFV com parceira Platô Azul na escola,
ainda mais um projeto ambiental. Minha gratidão aos participantes e colaboradores.
O “Projeto Amigos do Cerrado” propôs atividades reflexivas, práticas encantadoras
como plantar sementes de árvores e horta, enfim, ações que nossas crianças jamais
esquecerão, pois desenvolveu nelas o gosto e amor pela natureza.” - Rosiane
Rodrigues de Lima, Supervisora da Escola Municipal João Francisco Capetinga
“O projeto foi enriquecedor e inesquecível para nossas crianças e com certeza elas
serão cidadãos mais conscientes sobre as questões ambientais. Só tenho a
agradecer aos “Amigos do Cerrado” por nos proporcionar tantos conhecimentos. É
muito bom conviver com pessoas tão empenhadas em proteger o nosso Planeta.” -
Cenir, Professora do 2º ano
“... Eu fico triste ao pensar que vão embora, mas fico feliz em pensar que nos
ensinaram a cuidar do Cerrado… Estou feliz ao saber que existem pessoas boas
como vocês que incentivam as crianças a cuidar do Cerrado. Obrigado por essa
oportunidade.” - Lucas, aluno do 5º ano F
“... Quero agradecer por tudo que vocês fizeram por nós. Eu gostei muito desse
projeto. Eu aprendi muito com vocês, muitos animais que eu nunca tinha visto…” -
Victória, aluna do 5º ano F
“... Alegre porque tive a oportunidade de conhecer vocês e esse projeto maravilhoso
que fez a diferença em nossas vidas, trazendo conhecimento sobre o Cerrado,
passeios e brincadeiras muito agradáveis…” Luana, aluna do 5º ano F
“... Nós temos que cuidar do Cerrado, temos que nos conscientizar que devemos
cuidar dele porque senão vários animais vão ser extintos…’ - Rafael, aluno do 5º
ano F
“Obrigado por tudo que vocês fizeram por nós. O Projeto Amigos do Cerrado foi
muito bom. Eu aprendi muito e me diverti também…” - Adriel, aluno do 5º ano F
“... Hoje quero agradecer a vocês, por tudo, por nos incentivarem a cuidar do
Cerrado. Aprendi várias coisas com vocês e adorei ter participado do projeto…
Obrigada por vocês pedirem a nossa ajuda para cuidar do Cerrado. Todos os
animais precisam da Natureza e do Cerrado, não só os animais nós também
precisamos. Devemos cuidar para que no futuro as outras pessoas conheçam o
Cerrado…” - Sarah Guimarães, aluna do 5º ano F
“Que projeto maravilhoso. Adorei ter tido a oportunidade de participar. Foi muito
legal, todas as palestras e explicações, vocês nos ensinaram a proteger mais a
biodiversidade…” - Yasmin, aluna do 5º ano F
“Eu gostei de tudo e que vocês são legais demais. O que mais gostei foi da gente
pegar insetos na mão e os bichos empalhados e também adorei o cachorro Zeus.
Vocês foram muito legais para a gente, pois nos ensinaram a cuidar do Meio
Ambiente, principalmente do Cerrado e dos animais.” Natália Luiza, aluna do 2ª ano
C
5. Discussão
Nossos resultados demostram a importância da educação ambiental na
conscientização de crianças na conservação dos ambientes naturais e o papel
fundamental da escola. A escola além de prover conhecimento é também o espaço
social e o local onde o aluno dará seqüência ao seu processo de socialização
(Rodrigues e Freixo, 2009), a socialização é requisito fundamental para o sucesso
das práticas educativas ambientais, uma vez que os melhores resultados são
obtidos à nível de sociedade. O que configura a escola como espaço ideal para a
introdução à temática ambiental.
As aulas expositivas, atividades e apresentações, tiveram como objetivo
despertar a curiosidade das crianças e a conscientização dos riscos que a flora e a
fauna nativa estão correndosofrendo perante a expansão desordenada das
atividades antrópicas, aflorando o seu papel individual e coletivo na conservação do
Cerrado, e incluindo o ser humano como parte constituinte do meio ambiente. O
conjunto escola e educação ambiental tem papel fundamental no desenvolvimento
de novas políticas direcionadas a solidificação de uma sociedade mais sustentável
(Deboni, Mello & Trajber, 2009), e incluir os cidadãos nas discussões e decisões
sobre a questão ambiental (Reigota, 1994).
Rodrigues & Freixo (2009) ressaltam que é imprescindível uma profunda e
gradativa mudança de valores e de comportamentos individuais e coletivos para
promover a dignidade humana e a sustentabilidade da vida. Sacchetto et al. (2011),
ainda elucida que atividades lúdicas, que extrapolam o campo teórico, tais quais
atividades práticas e brincadeiras, são fundamentais para a formação e aprendizado
de crianças durante o processo educacional. As atividades práticas, como a coleta
de materiais recicláveis, sua utilização na confecção da horta comunitária, e a visita
ao Cerrado ajudaram a reafirmar e consolidar essas ideias, tornando todo o
aprendizado mais real e gerando mudanças significativas a nível comportamental.
A horta escolar pode ser usada e trabalhada no processo pedagógico como
um todo (Morgado, 2008). A partir da elaboração da horta foi possível trabalhar
questões ambientais, a partir da reutilização de material, e sociais, permitindo uma
abrangência do diálogo e, consequentemente, uma troca de conhecimento, como o
analisado por Pereira, Pereira & Pereira (2012).
A experiência com a visita ao cerrado e o conhecimento dos frutos do
mesmo, mostram a complexidade e fragilidade desse domínio, e permitiu evidenciar
ainda mais a sua importância. Além disso, diversas frutas do cerrado, se
apresentam altamente viáveis ao consumo, tanto por oferecerem valores adequados
de diversos nutrientes (Rocha et al., 2013, Schiassi et al., 2018), quanto por terem
boa aceitação de seus sabores, podendo ser incluídas na alimentação cotidiana,
sem nenhum problema (Arruda et al., 2015).
Uma problemática, contudo, pode se dever a pontualidade das atividades
desenvolvidas. Segundo Matos & Maria (2013), embora as atividades de temática
ambiental sejam fundamentais para a transformação do pensamento acerca de
meio ambiente, a pontualidade dessas atividades pode não favorecer a formação de
uma consciência ambiental mais profunda, evidenciando a necessidade de inclusão
de atividades de educação ambiental na rotina escolar dos estudantes.
6. Considerações Finais
7. Agradecimentos
Agradecimentos aos financiadores: Drogaria Alves & Lima - Rede Uai Farma,
Fazenda Platô Azul - Café do Cerrado, Lima & Silva - Agroboi e Sicoob - Creditiros.
A Escola Municipal João Francisco Capetinga, pela oportunidade, as
professoras e funcionárias pelo carinho e apoio na realização deste projeto, as
crianças pela alegria e empolgação.
A Prefeitura Municipal de Tiros e a Câmara de Vereadores de Tiros pelo
apoio.
A Universidade Federal Viçosa - campus Rio Paranaíba pelo incentivo e
auxílio nas divulgações, e aos monitores Cintia Lisboa, Jenifer Rodrigues, Jullie
Anne e Marcos Lima.
Referências
COUTINHO, L.M. 2002 O bioma do cerrado. In: KLEIN, Aldo Luiz (org.).
Eugen Warming e o cerrado brasileiro: um século depois. São Paulo: Editora
UNESP; Imprensa Oficial do Estado.
DEBONI, F., MELLO, S.S. & TRAJBER, R 2009. Coletivos Jovens de Meio
Ambiente e Com-Vida na Escola: a geração do futuro atua no presente. Rev. Bras.
de Ed. Ambiental, Cuiabá 4: 26-32.
OLIVEIRA, P.S. & MARQUIS, R.J. 2002 The cerrados of Brazil: Ecology and
natural history of a Neotropical savanna. New York: Columbia University Press.
PEREIRA, B.F.P; PEREIRA, M.B;P & PEREIRA, F.A.A. 2012 Horta escolar:
Enriquecendo o ambiente estudantil Distrito de Mosqueiro - Belém/PA. Revista
Brasileira de Educação Ambiental, Rio Grande, 7: 29-36.
Ratter, J.A.; Richards, P.N.; Argente, G.E. & Giford, D.R.G. 1973.
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SILVA, J.M.C. & BATES, J.M. 2002. Biogeographic patterns and conservation
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