CICERO, Antonio. A Poesia Entre o Silêncio e A Prosa Do Mundo (17 P.)
CICERO, Antonio. A Poesia Entre o Silêncio e A Prosa Do Mundo (17 P.)
CICERO, Antonio. A Poesia Entre o Silêncio e A Prosa Do Mundo (17 P.)
2014
Resumo
Em que consiste a “prosa do mundo”? Para Hegel, trata-se do estado de apreensão do ser em que
domina o aspecto da razão crítica que Hegel denomina “entendimento”. O entendimento divide,
distingue, separa, classifica.
Já que dar nome às coisas, defini-las, classificá-las etc. são modos de distingui-las umas das
outras, essas atividades representam manifestações do entendimento. Com efeito, o entendimento
produz a própria linguagem que, por sua vez, o potencializa. O pensamento teórico, por exemplo,
distingue os conceitos de meio e fim, causa e efeito, substância e propriedades, matéria e forma,
significado e significante, corpo e espírito etc.
Assim, o entendimento se manifesta em primeiro lugar como um instrumento. Ele serve, por
exemplo, para a orientação da vida prática dos indivíduos e das sociedades; para a produção do
conhecimento científico; para a construção de obras de arte, inclusive poemas; para a elaboração
de ideologias como religiões, sistemas filosóficos etc.
Para o entendimento, nada tem seu fim em si próprio. Todas as coisas, todas as pessoas são
meios para outras coisas. Hegel observa que o mundo do entendimento se apresenta como “um
sistema de relações necessárias entre indivíduos e poderes aparentemente autônomos em que
cada um é usado como meio a serviço de finalidades estranhas a si ou carece ele próprio do que
lhe é exterior para utilizá-lo como meio”.
Contudo, a apreensão do ser em que domina o entendimento – a prosa do mundo – não é a única
possível. Em oposição a essa apreensão utilitária, é também possível uma apreensão poética do
ser. Num primeiro momento, na medida em que se opõe ao entendimento e à linguagem por ele
produzida, a poesia se aproxima do silêncio. Na realidade, porém, trata-se de outra coisa. A poesia
não pode nem simplesmente recusar a linguagem nem simplesmente submeter-se às regras do
seu uso pelo entendimento, isto é, do seu uso prático ou cognitivo. O que ela pode fazer, e
efetivamente faz, é usar a linguagem de um modo que, do ponto de vista da linguagem prática ou
cognitiva, parece perverso, para obrigá-la a dizer o que não pode ser dito pela linguagem do
entendimento. Ao contrário da palavra prática ou cognitiva, a palavra poética tem sua finalidade –
logo, seu valor – em si própria, e não em qualquer objeto ou objetivo que a transcenda. É por isso
que enquanto, por exemplo, contradições, ambiguidades, falácias etc. constituem defeitos em
textos teóricos, eles podem perfeitamente representar elementos expressivos num poema.
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Ao falar sobre “a poesia entre o silêncio e a prosa do mundo” devo, logo no início,
fazer um esclarecimento. Embora eu considere extremamente importante o
conceito de “prosa do mundo”, tal como empregado por Hegel, parece-me infeliz a
locução “prosa do mundo” – ou, em alemão, Prosa der Welt – que o designa.
O problema que vejo nessa locução é que normalmente a prosa é tomada como o
oposto da poesia. Ora, considero isso um equívoco. O que verdadeiramente se
opõe à prosa não é a poesia, mas o verso. Esta oposição pode ser esclarecida
etimologicamente. “Prosa”, do vocábulo latino prorsus e, em última instância, de
provorsus que quer dizer “em frente”, “em linha reta”, é o discurso que segue em
frente sem retornar, a menos que ou bem encontre um limite (como o fim da
superfície em que se escreve ou a sua margem) ou bem que, a partir de
considerações de natureza expositiva (tais como indicar que as frases anteriores ao
retorno são mais intimamente relacionadas entre si do que com o restante do
texto) marque o início de um novo parágrafo.
Assim, são os que identificam, de algum modo, a poesia com o verso que a tomam
como o oposto da prosa. Tal identificação constitui um erro tradicional. Já a
primeira definição do dicionário de 1762 da Academia Francesa define a poesia
como “a arte de fazer obras em versos”; a do nosso Aurélio diz: “arte de escrever
em verso”; a do Houaiss, “arte de compor ou escrever versos”; e a do Caldas
Aulete, “arte de fazer obras em verso”. Curioso consenso em torno de um erro!
Não se pode, é claro, culpar os dicionários, pois eles apenas estão a registrar o uso
mais comum que se faz da palavra poesia. Aparentemente, portanto, quase todo
mundo pensa que poesia é a arte de escrever, compor ou fazer versos.
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Pois bem, nesse caso quase todo mundo está errado, pois é claro que, se tomarmos
a poesia como a arte de escrever, compor ou fazer alguma coisa, trata-se de
escrever, compor ou fazer poemas, e não versos; e, embora quase todos os poemas
sejam compostos de sequências de versos, nem todas as sequências de versos
chegam a constituir verdadeiros poemas. Assim, Aristóteles advertia contra a
confusão entre poesia e verso, dizendo que “também os que expõem algo de
medicina ou física em verso são chamados assim [de poetas]. Porém nada há de
comum entre [por exemplo], Homero e Empédocles, além do verso, de modo que
é justo chamar o primeiro de ‘poeta’ e o outro de ‘filósofo da natureza’
[physiológos] em vez de ‘poeta'”[1]. A verdade é que alguém pode perfeitamente
dominar a arte de fazer versos sem jamais conseguir escrever um poema.
Não é porque fossem poetas que os primeiros filósofos, fisiólogos etc. escreviam
em versos. Eles o faziam porque, na Grécia, as obras em prosa surgiram muito
depois de aparecerem obras em verso. A prosa não podia existir como gênero
artístico senão na qualidade de gênero literário. Isso significa que ela não podia
existir antes da adoção da escrita. Já a poesia foi um gênero artístico oral na
Grécia muito antes da adoção da escrita. O poema – que os gregos chamavam epos
(plural: êpea ou epe) – era o discurso que se reiterava, isto é, que se conservava ou
guardava, em oposição a mythos, que era o discurso que não se reiterava. Ora,
entre os êpea contavam-se os vocábulos, os provérbios, as canções, as profecias e
os oráculos. Quando se introduziu a escrita na Grécia, ela foi usada, em primeiro
lugar, para registrar os poemas de Homero. Assim, manteve-se a tradição de que
os discursos que mereciam ser conservados deviam ser escritos em versos, mesmo
que não fossem poemas, mas tratados de medicina, como os hipocráticos, ou de
filosofia, como o de Empédocles.
Mas o fato de que a definição dicionária inclua textos que não pertencem ao
domínio da poesia não é seu único defeito. Ela também erra ao excluir
peremptoriamente do domínio da poesia tudo aquilo que não seja composto de
versos. Tais são tanto os poemas em prosa escritos por poetas da estirpe de
Hölderlin, Novalis, Baudelaire, Rimbaud e, entre nós, Murilo Mendes, quanto
poemas espaciais, visuais e concretos, de que existe uma forte tradição moderna
no Brasil.
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Em suma, não se deve opor a prosa à poesia. Sendo assim, proponho, logo de
saída, substituir a expressão “prosa do mundo” por outra. Dado que, ao falar da
prosa do mundo, Hegel se refere à linguagem do Verstand, palavra que é
normalmente traduzida por “intelecto” ou “entendimento”[2], darei preferência a
este último termo, no lugar da paradoxalmente mais poética expressão “prosa do
mundo”. Portanto, falarei a seguir sobre a poesia entre o silêncio e a linguagem do
entendimento.
Nosso MITO
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Os primeiros dois versos dizem: “O mundo estava às escuras/ Tudo era regido
então pelo breu da Grande Indistinção”. Os três últimos dizem que “Poesia é a arte
de alcançar de novo a indistinção./ De alcançar a indistinção pela luz,/ não pelo
breu”. Há, portanto, duas indistinções: por um lado, a indistinção pelo breu e, por
outro lado, a indistinção pela luz. O poema, ao falar d”‘O dia em que acendeu a
luz da Poesia”, indica que a indistinção pela luz é posterior à indistinção pelo
breu. E, ao dizer que “Poesia é a arte de alcançar de novo a indistinção”, insinua
que, entre as duas indistinções, encontra-se um estado de coisas em que
prevalecem as distinções. Tem-se, em outras palavras, (1) a indistinção pelo breu,
(2) as distinções e (3) a indistinção pela luz, ou a poesia. Se a poesia é “a arte de
alcançar de novo a indistinção”, então a poesia não existia antes de se
estabelecerem as distinções.
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Ocorre, porém, que essa apreensão instrumental do ser não é a única concebível.
Ao final do poema “Nosso mito”, lê-se: “Poesia é a arte de alcançar de novo a
indistinção./ De alcançar a indistinção pela luz,/ não pelo breu”. Trata-se da
apreensão estética do ser. Esta não serve para coisa nenhuma; não está a serviço
de nenhuma finalidade extrínseca a ela. Ela vale por si. E tampouco o ser,
enquanto esteticamente apreendido, serve para alguma coisa. Também ele vale por
si. Trata-se, portanto, de uma apreensão não instrumental, que nem é realizada
pelo entendimento, ou melhor, pelo entendimento apenas, nem é por ele
orientada. Com efeito, o entendimento é apenas uma das diversas faculdades
humanas que podem ser convocadas para a apreensão estética do ser. Além do
entendimento e da razão, são capazes de entrar em jogo e, com efeito, de jogar
livremente entre si, sem hierarquia ou regra predeterminada, também a
imaginação, a sensibilidade, a sensualidade, a intuição, a memória, o humor etc.
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Evidentemente, porém, não seria possível alcançar tal estado de espírito através
da simples renúncia à linguagem. Isso, caso fosse factível, não passaria de uma
regressão ao “breu da Grande Indistinção”. A poesia não pode nem simplesmente
recusar a linguagem nem simplesmente submeter-se à linguagem prática ou
cognitiva. Não lhe seria possível nem desejável apagar a luz do entendimento. O
que ela pode fazer e efetivamente faz é usar a linguagem de um modo que, do
ponto de vista convencional – cognitivo ou prático – aparece como subversivo ou
perverso. Aqui nos lembramos da seguinte advertência de Wittgenstein: “Não
esqueças que o poema, ainda que redigido na linguagem da comunicação, não é
usado no jogo de linguagem da comunicação”[9]. Com efeito, é outro o tipo de
jogo em que o poema é, em primeiro lugar, produzido e, em segundo lugar,
fruído. O Sócrates de Platão parece tê-lo observado bem, ao dizer considerar justo
chamar de “poeta” “aquele que nada tem de mais valioso do que as coisas que
compôs ou escreveu, passando o tempo a revirá-las de cima para baixo, colando
palavras umas nas outras ou apagando-as”[10]. No mesmo sentido, o poeta inglês
W. H. Auden, que costumava perguntar aos jovens por que queriam escrever
poesia, dizia que aquele que respondia ter coisas importantes a dizer não era
poeta; poeta era o que respondia gostar de curtir as palavras, ouvindo o que elas
tinham a dizer[11].
Com a linguagem, o poeta produz poemas, isto é, objetos linguísticos cujo sentido
primordial não é funcionarem como meios para o conhecimento e/ ou a
comunicação, mas serem fruídos como obras de arte, isto é, como fins em si.
Assim, Hegel tem razão ao observar que, embora possa cumprir objetivos não
poéticos, “a finalidade determinante e consequente da poesia é apenas o poético, e
não o que, encontrando-se fora da poesia, possa ser alcançado ainda mais
completamente por outros meios”[13].
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Isso não quer dizer que o poema não possa funcionar também como um meio para
dar a conhecer determinadas coisas, mas sim que, num poema autêntico, essa
função não passa de um dos elementos a partir dos quais se constitui e se aprecia
a totalidade forma/ conteúdo que compõe a obra de arte. Se a obra de arte fosse
apenas um meio para dar a conheceristo ou aquilo, ela poderia ser dispensada,
uma vez que tivesse cumprido essa função. O capítulo do livro de matemática em
que aprendermos a regra de três, por exemplo, não precisará mais ser lido, uma
vez que a tenhamos aprendido. Já o poema que amamos, tendo seu fim em si
mesmo, será novamente apreciado a cada vez que o lermos ou recordarmos, assim
como uma peça musical que nos deleita será apreciada a cada vez que a
escutarmos.
Leiamos, aliás, outro poema. Trata-se de “Nubes I”, de Jorge Luis Borges:
NUBES I
una nube.
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A sentença seguinte fala da Odisseia, “que cambia como el mar”. Voltaremos a isso
adiante. A terceira diz: “El reflejo/ de tu cara ya es otro en el espejo/ y en el día es
un dudoso laberinto”. Aqui a particularidade da segunda pessoa do singular tanto
pode referir-se efetivamente a um interlocutor do poeta, quanto ao próprio poeta,
falando de si na segunda pessoa, ou ainda a um universal, isto é, a qualquer um
que se olhe no espelho.
No que diz respeito à dicotomia sujeito/ objeto, esses mesmos exemplos mostram
também a sua interpenetração. O poema está afirmando algo objetivo ou uma
sensação subjetiva? Nele, as duas coisas não se separam. De todo modo, os dois
últimos versos citados no parágrafo anterior tanto podem ser lidos como uma
descrição “objetiva” da condição de, digamos, nebulosidade universal, quanto
como uma celebração ou exaltação “subjetiva” dessa mesma condição.
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Por outro lado, a frase que contém o verso “de vasta piedra y bíblicos cristales”
termina – enjambé – no verso seguinte, isto é, “que el tiempo allanará”. Sendo
simples e plana, essa frase contrasta, tanto em seu sentido quanto em sua
sonoridade (esta ecoando aquele), com a grandiosidade do verso anterior, de
modo que corresponde perfeitamente à ideia de que mesmo as coisas mais
grandiosas serão reduzidas a nuvens.
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Mas volto a um ponto anterior de “Nubes I”. Lê-se nesse poema que a Odisseia, um
dos poemas fundadores da poesia ocidental, “cambia como el mar. Algo hay
distinto/ cada vez que la abrimos”. Em primeiro lugar, já que a Odisseia, como
todo verdadeiro poema, vale por si, então a nossa apreciação é renovada a cada
vez que a lemos. Além disso, a própria leitura comme il faut da Odisseia já solicita
de nós certa disponibilidade para a apreensão estética do ser.
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FALAR
baixo
Embora o título do poema seja “Falar”, seu tema é a poesia que, segundo o próprio
poema, “é, de fato, o fruto/ de um silêncio que sou eu, sois vós”. O silêncio é o ser
do poeta e de seus ouvintes reais e virtuais. A poesia é o resultado da escuta desse
silêncio. Para que ela se dê, o poeta diz: “tenho que baixar a voz/ porque, se falo
alto, não me escuto”. Para escutar o silêncio do ser, o poeta tem que abandonar a
fala alta, o falar da linguagem cotidiana, e baixar a voz até o ser.
Na estrofe seguinte, ele diz que ”A poesia é, na verdade, uma/ fala ao revés da
fala”. Acima já observamos que a poesia usa a linguagem de um modo que, do
ponto de vista convencional e cotidiano, aparece como subversivo ou perverso. É
que a linguagem convencional e cotidiana, sendo a linguagem do entendimento –
a “prosa do mundo” – não é ca paz de apreender o ser enquanto tal,
independentemente de lhe atribuir qualquer função instrumental. Ora, tal
apreensão – estética – do ser é a que a poesia faculta ao seu leitor.
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Finalmente, o poema diz: “Por isso o poeta tem que falar baixo/ baixo quase sem
fala em suma/ mesmo que não se ouça coisa alguma”. Os primeiros dois versos
que acabo de citar retomam e põem “em suma” tudo o que acaba de ser dito sobre
a poesia ser praticamente um silêncio, em relação à linguagem cotidiana, que ela
perverte ou “reverte”. O último, porém, diz algo mais, isto é, diz que ele tem que
fazer isso “mesmo que não se ouça coisa alguma”.
Nessas circunstâncias, não admira que o dinheiro – o meio por excelência, pois é o
meio dos meios – seja o que há de mais importante. O que seria apenas um meio
torna-se o verdadeiro fim. Ora, em mundo assim, em que, para o senso comum,
“tempo é dinheiro”, parece irracional que se faça um investimento de tempo sem
nenhuma garantia de que se venha a obter, num prazo determinado, qualquer
compensação ou retorno. Consequentemente, poucos se permitem mergulhar no
poema, isto é, pensar nele, com ele, através dele, pondo à disposição dele, pelo
tempo que se faça necessário, o livre jogo de todas as faculdades que esse
pensamento integral requeira.
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Consequentemente, muitos supõem que a poesia escrita para ser lida é hoje algo
anacrônico: que ela está superada. Falo da poesia “escrita para ser lida” porque
não se passa o mesmo com toda poesia. Outra é a situação da poesia escrita para
ser ouvida, isto é, da letra de música, que desfruta de grande popularidade.
Já a poesia escrita para ser lida quase nunca pode ser fruída desse modo, exceto
por quem já tenha previamente mergulhado nela. Para fruir um poema, é preciso
nele imergir. E como tal imersão não combina com a temporalidade acelerada do
presente, muitos afirmam que a poesia simplesmente não tem mais lugar neste
mundo.
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Notas
1. Aristóteles, “De arte poética”, em: Idem, Aristotelis Opera, v. 2, Berlim: De
Gruyter, 1960, pp. r447br7 ss. ↑
2. Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Vorlesungen über die Asthetik, v. 3, Frankfurt:
Suhrkamp, 1970, pp. 242-44. ↑
3. Alex Varella, Céu em cima/Mar em baixo (sic), Rio de Janeiro: Topbooks,
2012, p. 93. ↑
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