Apostila Desenho Técnico

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APOSTILA DE DESENHO TÉCNICO

Prof. Mayara R. Santos

Quirinópolis – GO
2022
CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Desde as primeiras civilizações, a humanidade se comunicou por meio de imagens. Existem


antigas cavernas nas quais podem ser encontradas figuras gravadas nas paredes que ilustram essa
afirmação. Assim como as palavras, o desenho é uma linguagem capaz de comunicar ideias.
O Desenho Técnico surgiu da necessidade de representar, com precisão, máquinas, peças,
ferramentas e outros instrumentos de trabalho, bem como edificações de projetos de Engenharia e
Arquitetura. A principal finalidade do Desenho Técnico é a representação precisa, no plano, das
formas do mundo material, de modo a possibilitar a reconstituição espacial das mesmas. Assim,
constitui-se no único meio conciso, exato e inequívoco para comunicar a forma dos objetos.
A arte de representar um objeto ou fazer sua leitura por meio do desenho técnico é tão
importante quanto à execução de uma tarefa, pois é o desenho que fornece todas as informações
precisas e necessárias para a construção de uma peça.
Por ser o meio de comunicação entre a equipe de criação e a de fabricação, o desenho técnico
é uma ferramenta indispensável para a interpretação e representação de um projeto. Ao colocar a ideia
no papel, o profissional descomplica, expõe e representa tal ideia por meio de regras e métodos.
Espera-se que este material ajude o aluno a compreender a ferramenta necessária para a
interpretação e representação de um projeto, como um meio de desenvolver a capacidade criativa
necessária para o mercado de trabalho, a capacidade de visualização espacial, de transmitir ideias e
conceitos através de gráficos e desenhos à mão livre. Esta capacidade constitui uma qualificação de
reconhecida importância no exercício da atividade profissional de Agronomia. Bom estudo!
1. INTRODUÇÃO AO DESENHO TÉCNICO

O desenho técnico é considerado como a linguagem gráfica universal da Engenharia e


Arquitetura. Da mesma forma que a linguagem verbal escrita exige alfabetização, é necessário que
haja treinamento específico para a execução e a interpretação da linguagem gráfica dos desenhos
técnicos, uma vez que são utilizadas figuras planas (bidimensionais) para representar formas
espaciais.
O que é Desenho Técnico?
É uma linguagem gráfica utilizada na indústria. No seu contexto mais geral, o Desenho
Técnico engloba um conjunto de metodologias e procedimentos necessários ao desenvolvimento e
comunicação de projetos, conceitos e ideias. Para isso, faz-se necessária a utilização de um conjunto
constituído por linhas, números, símbolos e indicações escritas normalizadas internacionalmente.
Assim como a linguagem verbal escrita exige alfabetização, a execução e a
interpretação da linguagem gráfica do desenho técnico exige treinamento específico,
porque são utilizadas figuras planas (bidimensionais) para representar formas espaciais. Na prática
pode-se dizer que, para interpretar um desenho técnico, é necessário enxergar o que não é visível e a
capacidade de entender uma forma espacial a partir de uma figura plana é chamada visão espacial. A
habilidade de percepção das formas espaciais a partir das figuras planas pode ser desenvolvida a partir
de exercícios progressivos e sistematizados.
Deve-se ter em mente que o desenho técnico:
• representa o que deve ser executado ou construído;
• apresenta em gráficos e diagramas resultados dos estudos e conceitos;
• apresenta soluções gráficas que podem substituir cálculos complicados ou textos
demasiadamente longos e incompletos de informação;
• desenvolve o raciocínio, o rigor geométrico, o espírito de iniciativa e de organização.

Tipos de Desenho:
Um desenho é um traço que se desenvolve sobre uma superfície, geralmente com o objetivo
de representar algo ou se constituir como uma imagem.
- Desenho artístico: o desenho livre pode ter, para diferentes indivíduos, várias interpretações
e significados do mesmo objeto. É a criação de uma figura representativa ou abstrata que é usada
como uma forma de expressão gráfica. Um desenho artístico retrata os sentimentos do desenhista. Ele
pode ter diversas interpretações de acordo com o observador, ou seja: não existem informações que
determinem o seu significado.
- Desenho técnico: O desenho técnico deve ser perfeitamente perceptível e sem ambiguidades
na forma como descreve determinado objeto. Precisa ter símbolos, numerações e outros elementos
que ajudem a pessoa que vai executar o projeto a entender o que deve ser feito.
O desenho técnico é dividido em dois grandes grupos:
• Desenho projetivo – são os desenhos resultantes de projeções do objeto em um ou mais
planos de projeção e correspondem às vistas ortográficas e às perspectivas.
• Desenho não-projetivo – na maioria dos casos corresponde a desenhos resultantes dos
cálculos algébricos e compreendem os desenhos de gráficos, diagramas etc. Os desenhos projetivos
compreendem a maior parte dos desenhos feitos nas indústrias e alguns exemplos de utilização são:
- Projeto e fabricação de máquinas, equipamentos e de estruturas nas indústrias de processo e
de manufatura;
- Projeto e construção de edificações com todos os seus detalhamentos elétricos, hidráulicos,
elevadores etc.;
- Projeto e construção de rodovias e ferrovias mostrando detalhes de corte, aterro, drenagem,
pontes, viadutos etc.;
- Projeto e montagem de unidades de processos, tubulações industriais, sistemas de tratamento
e distribuição de água, sistema de coleta e tratamento de resíduos;
- Desenvolvimento de produtos industriais;
- Projeto e construção de móveis e utilitários domésticos.

2. NORMALIZAÇÃO DO DESENHO TÉCNICO

Para transformar o desenho técnico em uma linguagem gráfica foi necessário padronizar seus
procedimentos de representação gráfica. Essa padronização é feita por meio de normas técnicas
seguidas e respeitadas internacionalmente.
Cada país elabora suas normas técnicas e estas são acatadas em todo o seu território. As
normas gerais de desenho técnico são regulamentadas, no Brasil, pela ABNT – Associação Brasileira
de Normas Técnicas.
Para favorecer o desenvolvimento da padronização internacional e facilitar o intercâmbio de
produtos e serviços entre as nações, os órgãos responsáveis pela normalização em cada país, reunidos
em Londres, criaram em 1947 a Organização Internacional de Normalização (International
Organization for Standardization – ISO). Quando uma norma técnica proposta por qualquer país
membro é aprovada por todos os países que compõem a ISO, essa norma é organizada e editada como
norma internacional.
Dessa forma, as normas técnicas que regulam o desenho técnico são normas editadas pela
ABNT, registradas pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial) como normas brasileiras -NBR e estão em consonância com as normas internacionais
aprovadas pela ISO.
Os procedimentos para execução de desenhos técnicos aparecem em normas gerais que
abordam desde a denominação e classificação dos desenhos até as formas de representação gráfica,
conforme os exemplos seguintes:
• NBR 10647 – DESENHO TÉCNICO – NORMA GERAL, cujo objetivo é definir os termos
empregados em desenho técnico. A norma define os tipos de desenho quanto aos seus aspectos
geométricos (Desenho Projetivo e Não-Projetivo), quanto ao grau de elaboração (Esboço, Desenho
Preliminar e Definitivo), quanto ao grau de pormenorização (Desenho de Detalhes e Conjuntos) e
quanto à técnica de execução (À mão livre ou utilizando computador).
• NBR 10068 – FOLHA DE DESENHO LAY-OUT E DIMENSÕES, cujo objetivo é
padronizar as dimensões das folhas utilizadas na execução de desenhos técnicos e definir seu lay-out
com suas respectivas margens e legenda.
• NBR 10582 – APRESENTAÇÃO DA FOLHA PARA DESENHO TÉCNICO, que
normaliza a distribuição do espaço da folha de desenho, definindo a área para texto, o espaço para
desenho etc.. Como regra geral deve-se organizar os desenhos distribuídos na folha, de modo a ocupar
toda a área, e organizar os textos acima da legenda junto à margem direita, ou à esquerda da legenda
logo acima da margem inferior.
• NBR 13142 – DESENHO TÉCNICO – DOBRAMENTO DE CÓPIAS, que fixa a forma de
dobramento de todos os formatos de folhas de desenho: para facilitar a fixação em pastas, eles são
dobrados até as dimensões do formato A4.
• NBR10067 – PRINCÍPIOS GERAIS DE REPRESENTAÇÃO EM DESENHO TÉCNICO.
• NBR 8196 – DESENHO TÉCNICO – EMPREGO DE ESCALAS.
• NBR10126 – COTAGEM EM DESENHO TÉCNICO.
3. MATERIAIS E ACESSÓRIOS
Os principais materiais utilizados para o desenho são:
• Lápis ou lapiseira

• Papeis: normalmente sem pautas. Podem ser cadernos, blocos ou folhas avulsas.

• Régua: são destinadas para medir, o traçado é feito com a utilização de esquadro.

• Borracha: branca e macia.

• Compasso: usado para traçar circunferências, arcos de circunferências e para


transportar medidas. Numa de suas hastes tem-se a ponta seca e na outra o grafite. Tal
distância entre a ponta seca e o grafite representa o raio da circunferência a ser traçada.
• Esquadros: são destinados ao traçado. Abaixo tem-se dois tipos de esquadro: o da
esquerda com ângulos de 90º, 45º e 45º e o da esquerda com ângulos de 90º, 60º e 30º.

Transferidor: utilizado para medir e traçar ângulos, pode ser de 180º ou de 360º.

• Escalímetro: utilizado na execução de desenhos em escalas diversas.


4. FORMATOS PADRÕES DE FOLHAS

O tamanho das folhas utilizadas em desenho técnico é padronizado pela ISO. O primeiro
tamanho é o formato A0 com dimensões de 841 x 1189 mm, equivalente a 1 m² de área, sendo que
os demais formatos originam-se da bipartição sucessiva deste, conforme figura abaixo.

Nota-se que o papel de formato A1 tem metade da área do papel de formato A0. O papel A2
tem a metade da área do A1 e assim por diante. As folhas podem ser utilizadas tanto na posição
vertical quanto na posição horizontal.

A margem esquerda de 25 mm é destinada à perfuração ou colocação de grampos para


arquivamento. Nas dimensões das folhas deve haver um excesso de papel de 10 mm nos quatro lados
e as margens ficam limitadas pelo contorno externo da folha e pelo quadro. O quadro limita o espaço
para o desenho conforme figura abaixo:
O carimbo ou legenda do desenho deve ficar sempre na parte externa ao final do dobramento,
de forma a facilitar sua leitura. Nos formatos A0, A1, A2 e A3, ela fica no canto inferior direito, já
no formato A4 a posição é ao longo da largura da folha de desenho. O carimbo deve conter toda a
identificação do desenho: nome do proprietário ou empresa para o qual o projeto será realizado, título
e escala do desenho, nome dos responsáveis pelo projeto, assinaturas, data e número das pranchas
(caso o projeto tenha mais de uma folha). Abaixo um exemplo de carimbo:

No layout da folha são definidos:


- Espaço para desenho: Os desenhos são dispostos na ordem horizontal ou vertical e a vista
principal é inserida acima e à esquerda, na área para desenho.
- Espaço para texto: Todas as informações necessárias ao entendimento do conteúdo do
desenho são colocadas no espaço para texto. Este espaço é colocado à direita ou a margem inferior
do desenho. Quando é colocado na margem inferior, a altura varia conforme a natureza do serviço. O
espaço para texto é separado em colunas com larguras apropriadas e forma que possível, leve em
consideração o dobramento da cópia do padrão de desenho, conforme padrão A4. As seguintes
informações devem conter no espaço para texto: explanação (identificação dos símbolos empregados
no desenho), instrução (informações necessárias à execução do desenho), referência a outros
desenhos ou documentos que se façam necessários, tábua de revisão (histórico da elaboração do
desenho com identificação/assinatura do responsável pela revisão, data, etc.).
Abaixo um exemplo de layout da folha:

4.1 DOBRAGEM DE PAPÉIS

As folhas de desenho devem ser dobradas de forma que não se estrague o seu conteúdo,
mantendo a estética e qualidade da dobragem. Toda folha com formato acima do A4 possui uma
forma recomendada de dobragem. Esta deve ser feita de forma que se possa fixar o desenho numa
pasta.
A parte externa da folha dobrada deve ser maior que as demais, de forma que se forme uma
orelha, onde fique à mostra a legenda, com informações que possam identificar de qual desenho se
trata, sem a necessidade de abri-lo. A condição geral para este procedimento é permitir que o
resultado final do dobramento seja uma folha no formato A4 (210 x 297 mm). É, igualmente
importante observar se o carimbo ou selo está visível. A figura abaixo mostra um exemplo de cópia
padrão A2 e A3 dobrada.
4.2 CALIGRAFIA TÉCNICA

As letras usadas em qualquer parte do desenho serão do tipo caligrafia técnica. Os seus
tamanhos serão proporcionais ao desenho. São letras maiúsculas no rótulo, combinações de
maiúsculas e minúsculas em outras anotações. Os títulos serão sempre em letras maiores.
A caligrafia usada nos desenhos técnicos é definida pela ABNT; e deve respeitar alguns
requisitos básicos, como ser bem legível, de rápida execução e proporcional ao desenho. Pode ser
executada à mão-livre ou com auxílio de normógrafo (mais usado no desenho a nanquim). O modelo
de caligrafia técnica é apresentado abaixo:

4.3 LINHAS

Serão utilizadas linhas de três espessuras: grossa, média e fina. Fixada a espessura da linha
grossa no desenho, a linha média será a metade da linha grossa e a fina a metade da média.
Devem ser pretas e de diferentes tipos, para determinar diferentes representações, como pode ser vista
no Quadro a seguir.
Os tipos e larguras das linhas são padronizados para que um desenho possa ser entendido por
qualquer pessoa, sem que haja erro de interpretação, o que poderia acabar causando vários problemas,
como falhas de execução, entre outros.
5. DESENHO GEOMÉTRICO

Ponto, reta, plano e espaço são noções geométricas que não possuem definição, mas dão base
para todo o conhecimento existente sobre a Geometria. Embora não seja possível definir esses
objetos, é possível discutir suas características, propriedades e suas utilidades para a Geometria.
Observe a figura abaixo para poder entender alguns conceitos básicos:

▪ Ponto: O ponto geométrico não possui nenhuma dimensão, normalmente é


representado pela letra P. O ponto é a unidade mais simples e irredutivelmente mínima
da comunicação visual. Na natureza, o arredondamento é sua formulação mais
corrente. Geometricamente, é singular, não possui extensão.
▪ Linha: A linha é imensurável, não possui início nem fim, é denominado por uma letra
minúscula do nosso alfabeto. É composta por infinitos pontos, podendo ser definida
por apenas dois destes. Assim como existem linhas retas, também existem as linhas
curvas, que também contribuem nas representações gráficas de objetos não retilíneos.
▪ Reta: não possui definição, no entanto, podemos compreender como o resultado do
deslocamento de um ponto no espaço, sem variar a sua direção, ou seja, se o ponto
segue uma única direção então ele determina a Reta.

▪ Plano: a superfície de uma mesa, a superfície de um CD, o piso de uma casa, uma
parede retilínea, entre outros, são elementos planos. Um plano contém infinitos pontos
e infinitas linhas. É imensurável, não tem começo nem fim. Uma folha de papel é uma
superfície, é nela que o desenho é impresso.
▪ Semi-reta: Qualquer um dos pontos pertencentes a uma reta divide-a em duas semi-
retas (ou raios). No exemplo seguinte, o ponto P é a origem de cada uma das semi-
retas originadas, portanto a semi-reta é imensurável. Podemos dizer também que semi-
reta é o deslocamento do ponto, sem variar a direção, mas tendo um ponto como
origem, portanto, a semi-reta também é infinita.

▪ Segmento de reta: É a porção de reta limitada por dois de seus pontos. O segmento de
reta é, portanto, limitado e podemos atribuir-lhe um comprimento, ou seja, é
mensurável. Na imagem anterior, temos três segmentos AP, PB e AB.

5.1 POSIÇÕES DE UMA RETA, POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETAS

▪ Horizontal: É a posição que corresponde à linha do horizonte.


▪ Vertical: É a posição que corresponde à direção do fio de prumo
(instrumento utilizado pelo pedreiro, com a finalidade de alinhar uma
parede ou coluna. Consiste em um barbante, contendo numa das
extremidades um peso em forma de pingente, que, pela ação da gravidade,
dá a direção vertical).

▪ Oblíqua ou inclinada: é a exceção das duas posições


anteriores, quer dizer, a reta não está nem na posição
horizontal, nem na posição vertical.

Pode-se observar no dia a dia, nas ruas da cidade, nos postes elétricos, entre outros elementos
comuns do entorno, a presença dos elementos (retas) que estão a seguir:
▪ Perpendiculares: são retas que se cruzam formando um ângulo reto, ou seja, igual a
90º (noventa graus).

▪ Paralelas: são as retas que conservam sempre a mesma distância entre si, isto é, não
possuem ponto em comum. Ou seja, nunca se encontram.

▪ Oblíquas ou concorrentes: são retas coplanares que se cruzam formando um ângulo


qualquer, diferente de 90º. Isto é, cruzam-se num mesmo ponto; sendo esse ponto
comum às duas retas.
▪ Ângulos formados por duas retas paralelas interceptadas por uma transversal:

- Os ângulos 1, 3, 5 e 7 são iguais;


- Os ângulos 2, 4, 6 e 8 são iguais;
- Os ângulos 3 e 6, 4 e 5, 2 e 7, 1 e 8 formam 180º

▪ Triângulos:

“A soma dos ângulos internos de um triângulo qualquer é de 180º.”

“Num triângulo qualquer, a medida do ângulo é igual à soma das medidas dos dois
ângulos internos A e B.”
6. ESCALAS

A escala de um desenho é a relação entre as dimensões do mesmo e as dimensões da peça real


que está sendo representada.

Se realizamos um desenho na escala 1:50, significa que cada dimensão representada no


desenho será 50 vezes maior na realidade, ou seja, cada 1 (um) centímetro que medirmos no papel
corresponderá a 50 (cinqüenta) centímetros na realidade.
Nem sempre é possível executar um desenho com as dimensões reais do objeto. Depende do
tamanho da peça e da folha de desenho, tem-se que aplicar uma redução ou ampliação proporcional
dessa peça, sem, contudo modificar sua forma, para que todos os detalhes fiquem claramente
definidos.
• Escala Natural: quando o desenho possuir as mesmas dimensões que o objeto real,
podemos afirmar que ele está em escala natural (ou real), representada numericamente
em 1:1.

• Escala de Redução: quando o objeto a ser representado for muito grande, fica
praticamente impossível desenhá-lo no tamanho natural, por isso precisamos reduzi-
lo. Neste caso, o desenho terá dimensões menores do que as dimensões do objeto
desenhado.
As escalas de redução são representadas desta forma: 1/10 ou 1:10 (significa que cada unidade
do desenho corresponde a dez unidades reais do objeto).

A figura a seguir exemplifica um desenho em dimensão natural e em escalas de redução:


• Escala de Ampliação: quando o objeto a ser representado for muito pequeno, ele
deverá ser ampliado no desenho, para mostrar melhor os detalhes projetados. Neste
caso, o desenho tem as dimensões maiores do que as dimensões do objeto
representado. Imagine, por exemplo, um objeto com dimensão de alguns milímetros
que, para ser desenhado e visualizado mais facilmente, foi ampliado dez vezes. Neste
caso falamos que a representação está desenhada na escala 10:1 ou 10/1 (significa que
cada dez unidades do desenho correspondem a uma unidade real do objeto).

A figura abaixo exemplifica um desenho em dimensão natural e em escala de


ampliação:

Para escolher se a escala da representação será natural, de ampliação ou de redução, é


necessário levar em consideração no mínimo três condições básicas: o tamanho do objeto a
representar; as dimensões do papel disponível e a clareza e a precisão do desenho. Há também
algumas escalas usuais, dependendo do tipo de desenho e da área pela qual ele é elaborado. Veja
alguns exemplos na tabela a seguir:
As escalas se classificam em escalas numéricas e escalas gráficas. A escala numérica é
representada pela seguinte expressão:

A escala gráfica funciona da mesma forma que a escala numérica, com a diferença de que, ao
invés de ser representada em números, ela é representada graficamente através de um segmento de
reta e de uma unidade de medida. Este tipo de escala é bastante utilizado para desenhos que possam
vir a ser reproduzidos mecanicamente (xerox, cópias heliográficas etc.), pois permite que quaisquer
alterações nos tamanhos das cópias com relação ao original sejam também registradas na
representação da escala. Ela controla as variações que ocorrem nas ampliações, reduções, dilatação
do papel etc., mantendo sempre a mesma proporcionalidade. A figura a seguir traz um exemplo de
escala gráfica:

A escala a ser escolhida para um desenho depende da complexidade do objeto a ser


representado e da finalidade da representação. Em todos os casos, a escala selecionada deve ser
suficientemente grande para permitir uma interpretação fácil e clara da informação representada. A
escala e o tamanho do objeto em questão deverão decidir o formato da folha.

7. COTAGEM

Cotas são números que são colocados nos desenhos e que representam as dimensões reais do
objeto. São executadas seguindo as prescrições da NBR 10126 e NBR 10067. Independente do uso
de escalas reduzidas ou ampliadas, as cotas são sempre feitas com as medidas reais da peça. A escala
utilizada é escrita na legenda.
Elementos componentes da cotagem:
• linha de cota: é a linha que contém a dimensão daquilo que está sendo cotado e na qual é
posicionado o valor numérico da cota. Não deve se distanciar mais do que 10 (dez) mm do desenho
e não menos que 7 (sete) mm. Para evitar que o desenho fique visualmente poluído, essas linhas se
diferenciam daquelas pertencentes ao desenho, mediante a espessura do traço (que é mais fina para
as cotas).
• linha de extensão (ou auxiliar) de cotagem: é a linha que liga a linha de cota ao elemento
que está sendo cotado. Ela tem a função de delimitar o espaço a ser cotado e se distancia do desenho
em apenas 1 (um) mm.
• finalização das linhas de cota (encontro da linha de cotas e da linha de extensão): usualmente
na representação dos projetos de arquitetura as linhas de cota e de extensão se cruzam e são adotados
pequenos traços inclinados a 45° neste ponto de intersecção das mesmas. Veja o exemplo abaixo:

É importante seguir algumas regras básicas para construir as cotas:


1) Toda cotagem necessária para representar clara e completamente o objeto deve ser
representada diretamente no desenho.
2) A cotagem deve ser localizada na vista ou no corte que represente mais claramente o
elemento.
3) Cotar somente o necessário para descrever o objeto e cotar somente uma vez, evitando
repetições desnecessárias.
4) Os valores das cotas serão escritos sempre acompanhando o sentido da linha de cota,
horizontalmente no sentido normal e perpendicularmente de baixo para cima. Recomenda-
se valores escritos com tamanho de 3 a 4 mm e nunca inferior a 2 mm.
5) Em geral, todas as cotas deverão ser expressas na mesma unidade, sem mencioná-la.
6) As cotas devem ser colocadas no meio da linha de cota sem, contudo, tocá-la.
7) Cotação horizontal: cotas sobre a linha de cota e Cotação vertical: cota do lado esquerdo
da linha de cota no sentido de leitura que é de baixo para cima.
8) Quando o espaço for pequeno para cotar podemos deslocar a cota e indicá-la por meio de
um traço obliquo.
Veja exemplos nas imagens a seguir:
8. VISTAS ORTOGRÁFICAS

Uma figura é representada, normalmente, pelas suas projeções ortogonais, denominadas


“vistas”, que serão tantas quantas forrem necessárias para perfeita visualização e compreensão da
figura desenhada. Na imagem a seguir tem-se um exemplo de vistas ortogonais de uma construção.

O Desenho Projetivo é aquele que resulta de projeções do objeto sobre um ou mais planos que
se fazem coincidir com o do próprio desenho. Este tipo de desenho pode ser:
• Vistas Ortográficas: figuras resultantes de projeções cilíndricas ortogonais do objeto,
sobre planos convenientemente escolhidos de modo a representar, com exatidão, a
forma deste objeto com seus detalhes.
• Perspectivas: figuras resultantes de projeção cilíndrica ou cônica sobre um único
plano, com a finalidade de permitir uma percepção mais fácil da forma do objeto.
As projeções feitas em qualquer plano do 1º diedro seguem um princípio básico que determina
que o objeto a ser representado deverá estar entre o observador e o plano de projeção. Desta forma, o
observador poderá ver o objeto em seis vistas diferentes.

Para serem denominadas vistas principais, as projeções têm de ser obtidas em planos
perpendiculares entre si e paralelos dois a dois, formando uma caixa, conforme podemos observar na
figura a seguir.

Para entender como funciona uma projeção ortográfica é necessário conhecer os três
elementos que a compõem:
• O plano de projeção (a) - que é a superfície onde se projeta o modelo.
• O modelo ou objeto (b) a ser representado em projeção ortográfica.
• O observador ou centro de projeção (c) - que é quem vê, analisa, imagina ou desenha o
modelo em projeção ortográfica, devendo analisá-lo cuidadosamente em várias posições.

Na prática utilizamos as três projeções: frontal, superior e lateral (esquerda ou direita). Estas
geralmente já são suficientes para a representação da maioria dos desenhos.
• A vista frontal é a projeção vertical do objeto. O observador se posiciona frontalmente
e tem a visão de suas alturas. Deve-se escolher como vista frontal a face que contenha
o maior número de detalhes do objeto

• Vista superior é a projeção horizontal do objeto e representa sua face superior. O


observador se posiciona acima do objeto e tem uma visão da sua largura e do seu
comprimento.

• Vista lateral: nesta projeção o observador se posiciona ao lado do objeto (à direita ou


à esquerda) e tem a sua “vista lateral” e também a visão das suas alturas.

A vista mais importante de um objeto deve ser tomada como a principal ou frontal. Assim,
alguns critérios são importantes para a escolha desta vista: Maior número de detalhes voltados para o
observador; Posição de uso, fabricação ou montagem; Maior área (desde satisfaça o primeiro item).
9. PERSPECTIVAS

A representação por perspectiva tem a vantagem de mostrar o detalhe como é visto ao olho
nu, facilitando assim sua visualização. A perspectiva nos fornece três elementos indispensáveis: dá
ao objeto a ideia de dimensão e volume; dá a sensação de distância; sugere espaço.
Nota-se, na figura a seguir, que os fios telegráficos e os trilhos convergem para um mesmo
ponto no horizonte. Podemos notar também que a altura dos postes se torna cada vez menor à medida
que se afastam do observador, até que sua imagem se reduz a um único ponto no horizonte. A
distância entre postes e a distância entre um e outro dormente diminuem gradativamente.

Esta forma e tamanho aparentes dos fios, trilhos, postes e dormentes vistos de frente, variam
quando o observador se desloca para a esquerda ou para a direita. A partir desta observação
conseguimos entender o efeito da perspectiva enquanto representação gráfica capaz de dar forma e
volume para os objetos.
São três os principais tipos de perspectivas usadas em Desenho Técnico: isométrica, cavaleira
e exata.
• Perspectiva isométrica: Na perspectiva Isométrica os três eixos no espaço (x, y, z)
estão igualmente inclinados em relação ao plano de projeção. É comum a posição, no
papel, do eixo Z na vertical, representando a escala das alturas. Para o traçado das
demais direções (eixos X e Y), que fazem ângulo de 30º com a direção horizontal,
utiliza-se um esquadro.

A perspectiva isométrica parte do princípio de que todas as figuras têm origem de um


paralelepípedo, que, depois de trabalhado, pode-se transformar numa figura com forma própria. A
projeção ortogonal deste “paralelepípedo de origem” é feita numa posição tal que suas três arestas
frontais tenham a mesma inclinação, formando entre si ângulos de 120º, característica esta da
perspectiva isométrica. A aresta perpendicular determina a altura, a aresta maior o comprimento e a
menor a largura.
• Em uma perspectiva cavaleira, tem-se a figura apresentada com uma face frontal,
sendo nesta face marcadas a largura e altura, conservando a sua forma e as suas
dimensões, como na figura abaixo.

Deve-se marcar o comprimento em apenas uma direção, sofrendo redução em sua


medida proporcional ao ângulo de profundidade. Os ângulos mais utilizados são 30º,
45º e 60º.
• Perspectiva exata: é aquela que representa a figura, tal como é vista pelo observador a
uma determinada distância, com todas as suas deformações aparentes. Não há
paralelismo e as linhas de uma mesma direção tendem a convergir para um único
ponto. É bastante usada para representação de fachadas de uma casa em desenho de
apresentação.

Observe a diferença entre duas das perspectivas estudadas, nos


desenhos abaixo.

Cada uma delas mostra o objeto de um jeito. Comparando as duas formas de representação,
podemos notar que a perspectiva isométrica é a que dá a ideia menos deformada do objeto. ISO quer
dizer mesma; MÉTRICA quer dizer medida. A perspectiva isométrica mantém as mesmas proporções
do comprimento, da largura e da altura do objeto representado.

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