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PERSPECTIVAS
ARTIGO-PARECER
ESCOLA DE FÍSICA CERN: UMA ANÁLISE DO DISCURSO
À LUZ DA EPISTEMOLOGIA DE LUDWIK FLECK
RESUMO:
Brotamento de um parecer sobre o trabalho de Denardin, Guimarães e Harres (2022), este Palavras-chave:
artigo é um conjunto de notas que esboçam relações entre aspectos da obra filosófica de Ético-ontoepistemologia;
Fleck sobre os processos de produção, circulação e textualização dos conhecimentos cientí- Ludwik Fleck; Formação
ficos e a formação de professores no campo da Educação com ciências da natureza. Aponto de professores;
o caráter precursor de sua obra com relação a desdobramentos contemporâneos da filosofia Perspectiva cultural.
e da história da ciência, bem como dos Science Studies, abordando quatro aspectos: a pos-
sibilidade de uma interpretação cultural da noção de estilo de pensamento; a relação entre
essa dimensão cultural, uma ontologia e a produção de sujeitos; a inseparabilidade entre
produção de conhecimento, linguagem, circulação e diferentes formas textuais; e a dimen-
são ética (política) de seu pensamento. Concluo, também a título de esboço, apresentando
uma possibilidade de situar a agência docente nesses processos e a tensão essencial presente
na formação do sujeito-prático-docente, seja inicial, seja continuada.
ARTÍCULO DICTAMEN
ESCUELA DE FÍSICA CERN: UN ANÁLISIS DEL DISCURSO DESDE EL
PUNTO DE VISTA DE LA EPISTEMOLOGÍA DE LUDWIK FLECK
RESUMEN:
El surgimiento de una opinión sobre la obra de Denardin, Guimarães y Harres (2022), este Palabras clave:
ensayo es un conjunto de notas que esbozan relaciones entre aspectos de la obra filosófica Ético-ontoepistemología;
de Fleck sobre los procesos de producción, circulación y textualización del conocimiento Ludwik Fleck; formación
científico y la formación de docentes en el campo de la Educación con las ciencias naturales. de profesores;
Señalo el carácter precursor de su obra en relación con los desarrollos contemporáneos de la perspectiva cultural.
filosofía y la historia de la ciencia, así como de los Estudios de las Ciencias, abordando cuatro
aspectos: la posibilidad de una interpretación cultural de la noción de estilo de pensamiento;
la relación entre esta dimensión cultural, una ontología y la producción de sujetos; la in-
separabilidad entre producción de conocimiento, lenguaje, circulación y diferentes formas
textuales; y la dimensión ética (política) de su pensamiento. Concluyo, también como esbo-
zo, presentando una posibilidad de ubicar la agencia docente en estos procesos y la tensión
esencial presente en la formación del sujeto-practicante-docente, ya sea inicial o permanente.
1 Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica, Florianópolis, SC, Brasil.
ABSTRACT:
The emergence from an assessment of Denardin, Guimarães and Harres’ work (2022), this Keywords:
essay is a set of notes that outline relationships between aspects of Fleck’s philosophical Ethical-
work on the processes of production, circulation and textualization of scientific knowledge ontoepistemology;
and teacher training in the field of Education with natural sciences. I point out the precur- Ludwik Fleck; Teacher
sory character of his work in relation to contemporary developments in the philosophy training; Cultural
and history of science, as well as in Science Studies, addressing four aspects: the possibility perspective
of a cultural interpretation of the notion of style of thought; the relationship between this
cultural dimension, an ontology and the production of subjects; the inseparability between
knowledge production, language, circulation and different textual forms; and the ethical
(political) dimension of his thinking. I conclude, as a sketch, presenting a possibility of
placing the teaching agency in these processes and the essential tension present in the for-
mation of the subject-practitioner-teacher, whether initial or ongoing.
INTRODUÇÃO
O diálogo com as ideias do polonês médico e filósofo da ciência Ludwik Fleck (1896-1961) presente
na literatura da área tem permitido rever episódios da história da ciência (Queirós, Nardi & Delizoicov,
2014), pensar questões epistemológicas com viés social (Lambach & Marques, 2014), disseminar uma repre-
sentação da produção da ciência como um empreendimento coletivo e intercoletivo, dar atenção ao papel
da circulação de ideias e da comunicação, como, por exemplo, entre físicos especialistas e físicos-educadores,
contribuindo para problematizar a formação de professores, como é o caso do artigo de Denardin, Guimarães
& Harres (2022), publicado no último volume da Ensaio, cujo parecer foi o brotamento para este trabalho.
Neste artigo, busquei explorar algumas aberturas da filosofia empírica e não-especulativa da ciência de
Fleck a título de notas e questões para futuras pesquisas, e, ao mesmo tempo, indicar implicações e possibili-
dades para pensar a formação de professores no campo das ciências da natureza.
As ideias de Fleck sobre a produção do conhecimento científico podem ser consideradas uma obra
aberta, como argumentou Martins (2020), no sentido de aspectos que apresentam potenciais para a edu-
cação em ciências quando problematizados, ampliados e articulados, abordando os conceitos de estilo de
pensamento, de acoplamentos ativo-passivo, o papel da educação e a iniciação dos novatos em um estilo de
pensamento, bem como sua postura política de Fleck.
Além de uma obra aberta, é importante apontar o caráter precursor de muitas de suas ideias com rela-
ção aos desdobramentos mais recentes nos campos dos Science Studies e da História e Filosofia das ciências.
A noção de estilo de pensamento tem sido compreendida por um viés cognitivista e, muitas vezes, indi-
vidual, ou como trocas entre cognições individuais. No entanto, entendo que pensamento em Fleck não seja
uma noção nem individual, nem lógica, cognitivista, “mentalista”, e nem estritamente epistemológica. Trata-se
de uma categoria teórica histórica, social e cultural na medida em que o pensamento de que fala Fleck é uma
instância que pertence ao coletivo e jamais a um indivíduo apenas. O “pensamento” em “estilo de pensamento”
não se trata de como o sujeito indivíduo pensa, mas do que possibilita e limita seu pensar, seu agir e sua percep-
ção, ou melhor, do que fornece as condições de possibilidade de seu pensamento na forma de ação, percepção
e conceitualização. Trata-se do “impensado do pensamento”. O fato de que um mesmo indivíduo pertença
necessariamente a vários coletivos, ou seja, a várias tradições culturais, já implica em si “trânsitos” e emaranha-
mentos. Estilo de pensamento tem seu correlato em coletivo de pensamento, que não é uma soma de indivíduos,
pois o conhecimento não é uma convenção, um acordo, um consenso entre as posições individuais.
Num dos tópicos de seu livro intitulado “O condicionamento social de qualquer processo de conhe-
cimento” (Fleck, 2010, p. 81), buscando se afastar da concepção binária sujeito-objeto de conhecimento,
Fleck introduz a noção de “estado do saber e da cultura” (Fleck, 2010, p. 82) como aquilo que articula um
coletivo de pensamento. “Não se pretende dizer que o indivíduo não teria importância como fator do conhe-
cimento” (Fleck, 2010, p. 88), mas, é preciso considerar a dimensão social, e diríamos cultural, dos sujeitos.
Neste sentido, sua argumentação vai trazer uma série de autores importantes em época (Auguste Comte, W.
Jerusalém, Durkheim, Lévy-Bruhl, Gumplowicz),1 cujos trabalhos trazem categorias socioculturais como
A historiadora e filósofa da ciência Lorraine Daston (2017) chama a atenção para alguns aspectos da
teoria de Fleck que considero ainda pouco mencionados na literatura da área, particularmente quando a
autora trabalha na historicização de categorias importantes para a compreensão das ciências, como a objetivi-
dade. Daston destaca a originalidade e relevância de Fleck para uma filosofia da observação científica, citando
diretamente trecho que se encontra na página 142 da tradução brasileira. Seu comentário, trazendo Bruno
Latour, tem contribuição tão importante que vale a uma citação direta ainda que um tanto longa:
“O insight de Fleck é frequentemente comparado à visão de Thomas Kuhn acerca das mudanças da apreen-
são das formas entre paradigmas ou a análise de Hanson da observação carregada de teoria. Mas estas leituras
foram, por assim dizer, filtradas através de uma visão neokantiana da observação científica como sendo ela
mesma um tipo de filtro. Em artigo recente, Bruno Latour2 traça um contraste forte e notável entre esta
passagem de Fleck e formulações mais kuhnianas: ‘Fleck não diz, como no usual paradigma metafórico
kantiano-kuhniano, que nós vemos apenas o que sabemos de ante mão, ou que nós filtramos percepções
através das parcialidades de nossos pressupostos. Tal ideia unificadora é, na verdade, aquilo contra o que
ele luta, pois, desse modo, o tempo não poderia ser parte da substância da gênese do fato. (...). Para Fleck,
aprender a ver como cientista é uma questão de experiência acumulada -- não somente de um indivíduo,
mas de uma coletividade bem treinada. A linha divisória em epistemologia não é entre sujeitos e objetos -- o
grande divisor kantiano -- mas é entre inexperiência e experiência. Ao contrário dos neokantianos que se pre-
ocupavam em saber como a mente subjetiva poderia conhecer o mundo objetivo, Fleck estava preocupado
em saber como a percepção formava tipos estáveis a partir de sensações confusas.” (Daston, 2017, p. 94-95)
Esse comentário inclina o sentido de estilo de pensamento para longe de sentidos como “filtro”, “óculos
teóricos” ou “visões de mundo”. A gênese do fato para Fleck é algo que toma tempo, “é o resultado da experiên-
cia como um processo gradual em vez de produto de formas e categorias arraigadas” (Daston, 2017, p. 95). E a
autora ainda acrescenta, logo a seguir: “Fleck estava mais interessado em ontologia do que em epistemologia”.
“Fato científico” não diz respeito apenas a como conhecemos, mas muito mais ao que conhecemos. A percepção
orientada, e no caso das ciências, bem treinada e disciplinada, de acordo com um estilo de pensamento, ou seja,
uma experiência compartilhada constituindo um coletivo (que a compartilha), construiria uma ontologia.
Outro trecho do livro que evidencia a atenção profunda que Fleck dava à questão da ontologia, e seu
caráter precursor em relação a desdobramentos contemporâneos da filosofia da ciência, como já menciona-
mos no tópico anterior, está no final da nota de rodapé 7 do capítulo 4:
Enquanto as noções de circulação de pensamento, estilo e coletivo de pensamento, têm sido mais en-
fatizadas, o último capítulo do livro, particularmente os dois últimos tópicos desse capítulo, têm sido mais
raramente mencionados. Ora, é justamente no tópico 4.4 (p. 164) de seu livro que Fleck faz uma síntese de sua
teoria do conhecimento e se dedica a desenvolver uma espécie de esboço de uma teoria dos principais gêneros
textuais da ciência moderna: o artigo científico, os manuais, os livros didáticos, e a ciência popular. Fleck
descreve ali as características tanto textuais quanto epistêmicas dessas “ciências”. O fato científico fleckiano
tem sua gênese, social, cultural, epistêmica e ontológica, implicada na e pela forma dos textos, compreendidos
como formas sociais, e poderia se dizer, culturais de conhecimentos. É apenas na “ciência popular” que o fato
se faz carne. E nos textos dos periódicos nunca temos fatos, apenas candidatos a fatos. Os textos, suas formas,
são também formas culturais e históricas (Fleck chama de forma social de pensamento), de tal modo, que tam-
bém se impõem como coerção cultural ao sujeito, e de acordo com um estilo (gênero) de texto e linguagem.
Fleck é, assim, precursor do que temos compreendido como textualização do conhecimento científico
(Silva, 2019), uma noção que implica em analisar simultaneamente a dimensão textual (e suas implicações
sociais, culturais e políticas) e a dimensão epistemológica ou ontológica dos objetos de conhecimento, e que
tem aparecido em perspectivas diferentes em diferentes autores, principalmente do campo dos Estudos da
Ciência, mas também da História e Filosofia da Ciência.
Considerações sobre linguagem e textos não se encontram, no entanto, apenas nesse capítulo final de
seu livro, mas estão por toda obra. Eis alguns trechos, com grifos meus:
“As palavras e as ideias são, originalmente, equivalências fonéticas e intelectuais das vivências, que são dadas
de modo concomitante.” (Fleck, 2010, p. 69)
“De qualquer forma, uma proposição, uma vez publicada, pertence aos poderes sociais [culturais] que for-
mam conceitos e criam hábitos de pensamento, junto com todas as outras proposições; ela determina o que
não pode ser pensado de outra maneira.” (Fleck, 2010, p. 80)
“O processo de conhecimento representa a atividade humana que mais depende das condições sociais [cul-
turais], e o conhecimento é o produto social [cultural] por excelência. Já na estrutura da linguagem reside
uma filosofia imperiosa da comunidade, já numa única palavra se encontram teorias emaranhadas. A quem
pertencem essas filosofias a quem pertencem essas teorias?” (Fleck, 2010, p. 85)
“As palavras em si não possuem um significado fixo e recebem seu significado somente no contexto, numa
área de pensamento. Essa matização do significado das palavras somente pode ser sentida por meio de uma
‘introdução’, seja ela histórica, seja didática.” (Fleck, 2010, p. 98)
“A palavra como tal representa um bem intercoletivo peculiar: uma vez que todas as palavras se lhes adere
um matiz mais ou menos marcado pelo estilo de pensamento, que se altera na migração intercoletiva, elas
circulam entre os coletivos sempre com uma certa alteração de seu significado.” (Fleck, 2010, p. 161)
A relação entre linguagem e cultura pode ser inferida no seguinte trecho, quando Fleck está abordan-
do a questão das pré-ideias, páginas em que se opõe tanto ao empirismo de Mach quanto ao logicismo dos
A dimensão ética, ou política, presente em sua obra, é também lembrada por Martins (2020), ressal-
tando sua atitude positiva em relação à multiplicidade de estilos de pensamento coexistentes.
“No seu trabalho não publicado de 1960, Fleck defende que ‘estudos comparados sobre estilos tornarão os
estudantes mais tolerantes com estilos estranhos, e os prepararão para a coexistência’ (Fleck, 1986g, p. 157,
tradução nossa). Imagina que pessoas de diferentes estilos possam se apreciar mutuamente se compreende-
rem que a causa das diferenças é um modo diferente de pensar e não má vontade.” (Martins, 2020, p. 1214).4
Na página 92 de seu livro, no tópico que já apontamos, quando Fleck dialoga criticamente com a
sociologia e antropologia de sua época, há uma nota de rodapé que consideramos importante mencionar. As
obras e autores desses campos de conhecimento que Fleck menciona são estudos sobre os então chamados
Uma leitura socioepistemológica da teoria de Fleck tem sido mobilizada para investigar a formação de pro-
fessores, principalmente, noções como as de estilo e coletivo de pensamento e de circulação (ou tráfego) de ideias.
A mobilização dessas noções têm permitido identificar estilos de pensamento de professores, mudanças de estilos, e
levar em consideração os aspectos comunicacionais dentro de coletivos e entre diferentes coletivos de pensamento.
No entanto, atentando para o caráter aberto (Martins, 2020) e precursor de sua obra com relação aos
desdobramentos contemporâneos da história e da filosofia da ciência, bem como dos Estudos da Ciência, há
potencialidades ainda a serem exploradas.
Nas breves notas apresentadas neste artigo, destaquei: a possível natureza cultural da sua noção de estilo de
pensamento, compreendido como condição de pensamento, e não pensamento propriamente dito, no sentido
“mentalista”, cognitivo ou puramente epistêmico; a relação, também cultural, entre produção de sujeitos, como
“suave coerção para dentro” de um coletivo de pensamento; a multiplicidade de gêneros textuais, como elemento
dos processos de circulação que reforçam ou modificam estilos de pensamento, ao participar constitutivamente
de tráfegos inter e intracoletivos de ideias e práticas; e a dimensão ética (política) de sua obra, necessária à nossa
condição social inescapável de coexistência, nem sempre harmoniosa, de diferentes estilos de pensamento, ou
seja, diferentes culturas, modos de pensar e constituir realidades e verdades, até mesmo diferentes ontologias.
Se a produção de sujeitos representa uma suave coerção para dentro de um coletivo, a formação de
professores e professoras representaria um conjunto de estratégias disciplinares que conduziriam os sujeitos
em direção aos círculos esotéricos do conhecimento físico (a pós-graduação representaria outro nível de afu-
nilamento nessa formação). Isso estaria representado pela flecha vertical para cima, no esquema da figura 1
(abaixo). Isso significa que se trata de estratégias disciplinadoras que implicam em “purificação” dos estilos
de pensamento. Como lembram Warwick e Kaiser (2005) sobre a contribuição de Kuhn a esse respeito, isso
significa formar um sujeito para ser um futuro praticante da “ciência normal”.
No entanto, o(a) professor(a) de física, por exemplo, apesar de “ser físico(a)”, não atuará propriamen-
te como praticante da “ciência normal”, mas como praticante de outras textualizações no sentido contrário
do tráfego que reforçaria os estilos de pensamento da física (intracoletivo), o da seta vertical para baixo no
esquema da figura 1. Ou seja, atuará justamente nos trânsitos na direção (sentido) do círculo exotérico dos
estilos de pensamento científicos, e no campo das textualizações da “ciência popular”. Ora, o que caracteriza
a ciência popular é justamente o fato de que ali não há estilos de pensamento purificados, mas um emaranha-
mento de estilos, inclusive os estilos de pensamento científicos dos círculos esotéricos da Física, entre outros
aspectos, pela plasticidade de suas linguagens e textos.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, O. (1928). Manifesto antropófago. Revista de Antropofagia, ano 1, n.1.
BARAD, K. (2007). Meeting the universe halfway: quantum physics and the entanglement. Duke & London: Duke
University Press.
BENSAUD-VINCENT, B. (2013). As vertigens da tecnociência. São Paulo: Ideias & Letras.
BRUNER, J. (2014). Fabricando histórias: direito, literatura, vida. São Paulo: Letra e Voz.
CANCLINI, N. G. (2019). Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EdUSP.
DASTON, L. (2017). Historicidade e objetividade. São Paulo: LiberArs.
DENARDIN, L., GUIMARÃES, G. T. D. e HARRES, J. B. S. (2022). Escola de Física Cern: Uma análise do discurso
à luz da epistemologia de Ludwik Fleck. Ensaio, 24, n. 1., e35709. https://doi.org/10.1590/1983-21172022240117
2 O texto a que Daston se refere é: Latour, B. A textbook case revisited: knowledge as a mode of existence. In:
Hackett, E, J. et al. The handbook of science and technology studies. Cambridge, Mass.: MIT Press, 2007, p. 83-112.
3 Reforçamos que é no mínimo assaz instigante acompanhar os debates sobre ontologia (sem preconceitos e longe
das trincheiras das “guerras das ciências”), tanto na filosofia contemporânea da ciência (Barad, Hacking e tantos outros
autores e autoras), quanto entre os antropólogos contemporâneos, como o debate entre Viveiros de Castro e David
Graeber. Cf. Tsing, Anna. O cogumelo no fim do mundo: sobre as possibilidades de vida nas ruínas do capitalismo. São
Paulo: N-1 Edições, 2022.
4 O autor se refere aqui ao seguinte ensaio: Fleck, L. (1986). Crisis in science. In R. Cohen, & T. Schnelle (Eds.),
Cognition and fact: Materials on Ludwik Fleck (pp. 153–158). Reidel Publish Company [original de 1960].
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