EDGAR MORÍN - Educação e Complexidade - Os Sete Saberes e Outros Ensaios
EDGAR MORÍN - Educação e Complexidade - Os Sete Saberes e Outros Ensaios
EDGAR MORÍN - Educação e Complexidade - Os Sete Saberes e Outros Ensaios
EDGAR MORÍN
METODOLOGIA DA PESQUISA
GRUPO: AMANDA FREITAS CAZADINE, JOANA DE LIMA MORAES, MARINETE SANTANA WUTKE WELMER
1
O AUTOR E A OBRA
2
3
EDGAR MORÍN
EDUCAÇÃO E COMPLEXIDADE: OS SETE SABERES E
OUTROS ENSAIOS
INTRODUÇÃO
● O problema abordado por Morín diz respeito, sobretudo, à produção do conhecimento em um
contexto social marcado pela dinamicidade política, econômica, social e cultural.
● Apesar do avanço significativo da ciência e tecnologia, a continuidade de problemas latentes, leva a
uma série de questionamentos sobre a aquisição do conhecimento e a própria condição humana.
● A proposta de Morín para a reversão desse quadro é uma reforma do pensamento.
● Sua base teórica é o princípio da complexidade do qual ele mesmo é considerado fundador.
Identificando a educação escolar como ponto principal do processo, ele critica a ciência moderna e
aponta caminhos para a superação das práticas que não atendem às necessidades do mundo
atual.
5
Para Morín alguns aspectos são fundamentais:
6
● O livro “Edgar Morín: Educação e Complexidade - Os sete saberes e outros ensaios”, possibilita a
resposta a essas indagações.
● Além disso, permite refletir sobre a atuação dos docentes e de todos os integrantes da comunidade
escolar na busca por uma educação de qualidade e assim criar condições para a redução das
desigualdades sociais.
● O autor enxerga a transdisciplinaridade como um caminho coerente e viável para que essa
educação seja realidade na prática pedagógica em todos os níveis de ensino porque educa para a
religação e a problematização.
7
CAPÍTULO 1 - SOBRE A REFORMA UNIVERSITÁRIA
● As Universidades têm uma dupla função paradoxal.
● A primeira aponta para uma missão de formar mão de obra profissional, que seria própria das
escolas técnicas.
● A segunda diz respeito a uma vocação indireta que as responsabilizem pela formação de uma
atitude de investigação.
● Essa dupla missão foi lançada no século XX, bem como também, outros desafios. Destaca-se a
forte pressão para adequar o ensino e a pesquisa às demandas sociais o que reduziria o ensino
geral e marginalizaria a cultura humanista.
● Ao mesmo tempo em que é uma instituição que busca a verdade e a universalidade do
conhecimento, ela também é parte de uma sociedade hierarquizada e dividida.
8
● Deve a universidade adaptar-se à sociedade ou a sociedade a ela?
● Daí Morín defender uma reforma do pensamento.
● Trata-se da substituição de um pensamento que só separa por outro que está ligado.
● A principal consequência seria a geração de um pensamento do contexto e do complexo.
● O objetivo vital da reforma do pensamento é viabilizar e permitir o emprego total da inteligência,
condição necessária para se formar cidadãos capazes de enfrentar os problemas de seu tempo.
9
● Uma reforma da Universidade suscita um paradoxo.
● Ela depende da reformulação das mentes, o que por sua vez, depende da prévia reformulação da
própria instituição. Diante disso, pergunta-se quem educará os educadores?
● É necessário que se auto-eduquem e eduquem escutando as necessidades que o século exige,
das quais os estudantes são portadores.
10
OS CAMINHOS DA REFORMA
● Morin também estabelece algumas medidas que deveriam ser adotadas para que a Universidade
seja renovada.
● Inicialmente deveria instaurar Departamentos ou Institutos dedicados às ciências que já operam
uma reinteração polidisciplinar em torno de um núcleo organizador sistêmico.
● Em seguida, reintegração das ciências biológicas e sociais e a elaboração de dispositivos que
permitam a religação das ciências antropossociais e do conjunto das ciências da natureza..
● Outro ponto importante da reforma universitária seria a introdução do dízimo transdisciplinar a fim
de instalar e ramificar o pensamento complexo que permita a transdisciplinaridade.
● Por fim deve-se assegurar a possibilidade da existência de teses poli ou transdisciplinares com a
instauração de centro de investigações sobre problemas da complexidade e da
transdisciplinaridade, assim como ateliês dedicados a problemáticas complexas e
transdisciplinares.
11
● A reforma não partirá do zero.
● Isso porque, já existe, ciências multidimensionais.
● No entanto, a reforma do pensamento não pode ser apenas um elemento da reforma do ensino, a
ser iniciada na escola primária, mas também levará em conta a escola secundária.
12
A MISSÃO
13
A ARTICULAÇÃO DOS
SABERES
capítulo 2
14
Não formularei evidentemente nenhum programa e não indicarei nenhum
caminho, uma vez que minha máxima se resume nos versos do poeta Antonio
Machado:
15
● Não se trata da especialização mas da hiperespecialização;
● Se desconfia das ideias ocas (com razão), mas os espíritos especializados
esquecem-se que têm ideias gerais sobre a vida, o mundo, Deus, amor e
sociedade;
● Blaise Pascal: “eu considero impossível conhecer o todo se não conheço
particularmente as partes como conhecer as partes se não conheço o todo”
● Reforma de pensamento;
● Três processos históricos;
16
Primeiro Processo
● Ressurreição da cosmologia na qual astronomia de observação se conjuga
em astrofísica, a microfísica aos dados de experiências de aceleradores de
partículas, e que envolve uma reflexão quase que filosófica do universo;
● Ciências da terra (Claude Allegre) pretende conhecer a terra como um
sistema complexo, e que tem permitido articular diferentes disciplinas;
● Pré-história que se transformou num conhecimento multidimensional da
hominização
● História se complexifica no transcorrer dos anos;
● Geografia, que abasteceu muitos cientistas da terra e ecologistas;
17
Segundo processo
Recuo de concepções reducionistas
18
Terceiro processo
Tomada de consciência das realidades complexas ocorridas após o
desmoronamento do dogma determinista requer um pensamento é um método
capaz de realizá-las.
Esse dogma foi desafiado por várias descobertas e teorias nas ciências físicas,
biológicas e sociais ao longo do século XX, que mostraram que a natureza é mais
complexa e imprevisível do que se pensava anteriormente.
19
Desse modo:
20
● A reforma deve originar-se dos próprios professores e não do exterior;
● A formação de formadores e a auto-educação dos educadores;
● Lamentável que o mundo das Humanidades, principalmente da Filosofia,
esteja geralmente fechado às ciências, e, inversamente, que o mundo das
ciências esteja fechado à Filosofia;
21
Articular as disciplinas
● Disciplina pode ser definida como uma categoria que organiza o
conhecimento científico e que institui nesse conhecimento a divisão e a
especialização do trabalho respondendo à diversidade de domínios que as
ciências recobrem;
● A organização disciplinar se instituiu no séc. XIX;
● As disciplinas têm uma história (nascimento, institucionalização,
evolução,decadência);
● Delimita um domínio de competência;
22
● Corre o risco de esquecer que o objeto é extraído ou construído;
● O espírito hiperdisciplinar corre o risco de se consolidar, como espírito de um
proprietário que proíbe qualquer articulação estranha na sua parcela de
saber;
● A abertura se faz necessária, que acontece, por vezes pelo olhar ingênuo,
que não conhece obstáculos;
● Charles Darwin apesar de estar a bordo do navio (Beagle) na qualidade de
naturalista não tinha tido nenhuma formação universal anterior;
● Rupturas de fronteiras disciplinares, de sobreposições de problemas de uma
disciplina sobre a outra, de circulação de conceitos, de formação de
disciplinas híbridas que terminaram por se autonomizar;
23
● Certas noções circulam e, geralmente, atravessam clandestinamente as
fronteiras sem serem detectadas pelos guardas alfandegários.
● A noção de informação, de origem da prática social, adquiriu sentido
científico preciso e novo na teoria de Shannon, depois migrou para a Biologia
para se inscrever no gene, associou-se, então a noção de código (código
genético);
● Inumeráveis são as migrações de ideias e concepções, assim como
simbioses e transformações teóricas devidas as migrações de cientistas
expulsos de universidades nazistas e stalinistas
24
● A constituição de um objeto simultaneamente interdisciplinar, polidisciplinar e
transdisciplinar permite criar a troca, a cooperação e a policompetência;
● Interdisciplinar, troca e cooperação, e desse modo transformar-se em algo
orgânico;
● Polidisciplinar constitui uma associação de disciplinas em torno de um projeto
ou de um objeto que lhes é comum;
● Transdisciplinaridade se caracteriza por esquemas cognitivos que
atravessam disciplinas, por vezes com uma tal virulência que as coloca em
transe;
● O que está além da disciplina é necessário à própria disciplina, isso se não
se quer que ela seja automatizada e finalmente esterilizada;
25
A antiga e a nova transdisciplinaridade
● Cada disciplina pretende primeiro fazer a sua soberania territorial e, desse
modo, confirmar as fronteiras em vez de desmoroná-las;
● Os princípios transdisciplinares fundamentais da ciência, como
matematização e a formalização são precisamente os que permitiram
desenvolver o enclausuramento disciplinar;
● O desenvolvimento da ciência não se efetua por acumulação dos
conhecimentos, mas por transformação dos princípios que os organizam;
26
● O paradigma da simplificação é insuficiente e mutilante;
● Paradigma de complexidade que ao mesmo tempo disjunte e associe, que
conceba os níveis de emergência da realidade sem reduzi-los às unidades
elementares e às leis gerais;
● Não é fornecer a receita que fecharia o real compartimento, mas
fortalecer-nos na luta contra a doença do intelecto- o idealismo;
27
Por um reforma do pensamento
● Um conhecimento só é pertinente na medida em que se situe num contexto;
● No interior de cada cultura, o modelo oficial não é geralmente o modelo
real,pois muitos hereges o suportam sem aderir a ele;
28
A ruptura cultural
● Desde o século XVI,mas sobretudo no XX, nos defrontamos com o desafio
da ruptura cultural entre a cultura das humanidades e a cultura científica.
● Elas possuem natureza inteiramente diferente
● A cultura científica é uma cultura de especialização que tende a se fechar
sobre si mesma
● O inconveniente para a cultura das humanidades é que ela se assemelha a
um moinho que não tem mais grãos para moer
29
● Com efeito todos os conhecimentos revolucionários sobre o cosmo, o mundo
físico, a ideia de realidade, a vida e, bem entendido sobre o homem, provém
das ciências;
● O fosso, a disjunção entre estas duas culturas é algo trágico para a nossa
cultura;
30
O desafio da Complexidade
No final do segundo milênio, o mundo científico considerava que as ciências
repousavam sobre três pilares da certeza:
1. Ordem, a regularidade, a constância e sobretudo, o determinismo absoluto;
2. Separabilidade (considere um objeto e um corpo, para conhecê-lo basta
isolá-lo extraindo-o de seu meio de origem para examiná-lo num meio
artificial);
3. Valor da prova absoluta fornecida pela indução e pela dedução, e pelos três
princípios aristotélicos que estabelece a unicidade da identidade e a recusa
da contradição;
31
● A racionalidade não se reduz, à lógica, mas a utiliza como um instrumento;
● Os problemas mundiais agem sobre os processos locais que retroagem por
sua vez sobre os processos mundiais;
● Tragicamente nos conscientizamos acerca das necessidades de religação e
solidariedade e da necessidade de trabalhar na incerteza;
● Pascal afirmava que a verdadeira unidade mantinha e salvava a
multiplicidade.
32
Os três princípios da reaprendizagem pela religação
1. O circuito recursivo ou autoprodutivo que rompe com a causalidade linear- a
sociedade é o produto das interações entre os indivíduos que a compõem;
2. Dialógica, onde é preciso em certos casos, juntar princípios, ideias e noções
que parecem opor-se uns aos outros;
3. Hologramático- referente ao ponto do holograma que contém a quase
totalidade da informação da figura representada;
33
A reforma do pensamento é paradigmática
● A reforma da estrutura de pensamento é de natureza paradigmática, porque
concerne aos princípios fundamentais que devem governar todos os nossos
discursos e teorias;
● O paradigma dominante e ao qual obedecemos é um paradigma de disjunção
e de redução;
● Por exemplo, no ser humano existe um aspecto biológico encarnado pelo
cérebro, e um aspecto cultural ligado ao espírito;
● Paradigma da complexidade está fundamentado sobre a distinção, a
conjunção e a implicação mútua;
34
A aprendizagem da religação
● A missão primordial do ensino supõe muito mais aprender a religar do que
aprender a separar;
● Simultaneamente é preciso aprender a problematizar;
● Construir uma sociedade um pouco menos desumana, fundamentada em
relações um pouquinho menos ignóbeis
35
A APRENDIZAGEM DA COMPLEXIDADE
● A coerência do pensamento complexo contém a diversidade e também
permite compreendê-la;
● A diversidade deve ser pensada e fundamentada sobre a coerência e a
compreensão;
● A missão de aprender a religar e a problematizar representa um retorno a
uma missão fundamental;
● Possibilidade de regenerar a cultura pela religação de duas culturas
separadas, a da ciência e das humanidades;
36
A aprendizagem do amor
Como Platão disse
37
A democracia cognitiva e a reforma do pensamento
● Democracia Cognitiva é uma forma de lidar com a complexidade do mundo atual, em que as informações são cada
vez mais abundantes e diversificadas;
● Tecnociência
● vantagem da divisão do trabalho, mas o inconveniente da superespecialização
● Conhecimento técnico reservado aos especialistas
● cidadão perde o direito ao conhecimento
● O cidadão culto do séc. XVII, refletia sobre os conhecimentos sobre Deus, mundo, natureza, vida,sociedade e assim
configurar a interrogação filosófica
● A reforma do pensamento passa por uma série de mudanças que envolvem tanto a educação quanto a cultura.
38
● Não se pode reformar a instituição sem ter previamente reformado os
espíritos e as mentes, mas não pode reformá-los se as instituições não forem
previamente reformadas;
● Não se pode programar e nem mesmo prever, mas se pode identificar e
provocar reações;
● Devemos reaprender a pensar: tarefa de salvação que começa por si
mesma;
● O desafio da complexidade do mundo contemporâneo constitui um
problema-chave do pensamento e da ação política;
39
CAPÍTULO 3 - A PRÓPOSITO DOS SABERES
● Jornadas temáticas;
40
AS JORNADAS TEMÁTICAS
● Realizadas entre 16 e 24 de março de 1998;
● Estratégia para deflagrar e consolidar a ideia de
religação;
● Oito Jornadas organizadas com os temas: o
mundo, a terra, a vida, a humanidade,
manifestações civilizatórias como arte, literatura e
cinema, a história, as culturas adolescentes, e o
conhecimento.
41
1º SABER : O CONHECIMENTO
● Conhecimento é uma tradução seguida de uma reconstrução;
42
2º SABER: O CONHECIMENTO PERTINENTE
● Conhecimento não é pertinente porque contém grande quantidade de
informações;
● Qual o conhecimento que perdemos na informação?
● Conhecimento pertinente consiste em contextualizar o saber;
● Situar informações em um contexto global;
● Ensinar a pertinência;
● Relação entre o todo e as partes;
43
3º SABER: A CONDIÇÃO HUMANA
● Identidade de ser humano;
● Quem somos nós?
● Temos uma natureza biológica, uma social e uma individual;
● Pensar a simultaneidade da unidade e da multiplicidade;
44
4º SABER: A COMPREENSÃO HUMANA
● Compreensão: entender o ser humano como sujeito;
● Incompreensão e individualismo;
● Realçar a culpa sobre o outro;
45
5º SABER: A INCERTEZA
● Enfrentar a incerteza;
● Só ensinamos as certezas;
● Aquisição de incertezas e conquistas da consciência;
● Consciência do risco e do acaso;
● Estratégia: capacidade de modificar o comportamento;
46
6º SABER: A ERA PLANETÁRIA (TEMPOS MODERNOS)
● Consciência do que se passou desde o século XV;
● Colonização, escravidão e dominação do mundo pelo Ocidente;
● Vivemos sem compreender o que vivemos;
● Confrontar o destino planetário;
47
7º SABER: A ANTROPOÉTICA
● Ética em escala humana;
● Trindade inseparável: ética antropológica, ética da democracia e ética do
gênero humano;
● Ética antropológica : autonomias pessoais, nosso ser individual, nossa
responsabilidade e nossa participação no gênero humano;
● Ética da democracia: controlados controlam seus controladores;
● Ética do gênero humano: cidadania terrestre;
48
Conclusão
Entende-se, então, que os sete saberes apontados no livro são:
49
Referências
MORIN, Edgar. A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Tradução de
Flávia Nascimento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materiais _296365.html
50