Sebenta de Biocel I
Sebenta de Biocel I
Sebenta de Biocel I
BIOLOGIA CELULAR
Estudo/Observação da Célula
SÉCULO XVI
Revolução científica
* Termómetro;
* Barómetro;
* Relógio de pêndulo;
* Bomba de aspiração;
* Telescópio;
* Microscópio.
Academie dei Lyncæ
Lyncæ Lince
Frederigo Cesi Melhorar a capacidade de visão da
Galileu Galilei realidade
Boa capacidade de visão
Giovanni Faber
Primeiros microscópios eram chamados de:
‐ Conspicilium Muscarum “Lente das moscas” avanço em termos de estudo pormenorizado da anatomia dos
insectos;
‐ Conspicilium Pulicerum “Lente das pulgas”
1625 Giovanni Faber o instrumento recebe o nome de microscópio.
? primeira referência à “futura célula”
1665 Robert Hooke é proposta a denominação de célula (usa este termo ao analisar cortiça com o microscópio).
Antony Van Leeuwenhoek
‐ 247 microscópios (50 – 300x)
‐ 419 lentes
‐ descreve células vivas (sangue)
‐ seres unicelulares (protozoários)
‐ primeiro corante (açafrão)
SÉCULO XIX
* Abandonam‐se as simples observações à transparência;
* Utilização de cortes finos de material previamente fixado, desidratado e incluído;
* Desenvolvem‐se corantes específicos para organitos e estruturas celulares;
* Desenvolvem‐se melhorias técnicas.
1830 Abbe lentes acromáticas (aberração de cromicidade)
1831 Robert Brown descreve núcleo das células vegetais
1839 Schwann Teoria Celular: todos os seres vivos são constituídos por células
1857 Kolliker descreve mitocôndrias (?)
1858 Wirchow “Omne celulae ex celulae”: todas as células derivam de células pré‐existentes
1890 Altman descreve mitocôndrias (bioblastos)
1893 Kohlen iluminação microscópica semelhante à actual
1898 Camillo Golgi descreve o aparelho reticular interno (mais tarde complexo de Golgi); inicialmente, quase
ninguém aceita a sua descrição
1931 Kuska primeiro microscópio electrónico (permite observar o relevo da célula)
1937 Claude, Porter, Pickles primeira imagem de microscopia electrónica (macrófago de galinha)
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
DÉCADA DE 60
* Autorradiografia marcação de células com radioisótopos. Obtém‐se mais informação a nível de conhecimentos
celulares – ideia mais aproximada da célula
* Imunocitoquímica Detecção de componentes que queremos identificar através de anticorpos ou
* Imunofluorescência fluorescência. Diferença: tipo de marcações de anticorpo.
1987
Microscópio confocal: microscópio digital baseado na microscopia de fluorescência e está relacionado com a
emissão/absorção de comprimentos de onda (fotões). Ao contrário do microscópio de fluorescência, no microscópio confocal
não há emissão de fotões num campo inteiro, sendo utilizada a visão ponto a ponto (laser). Ligado a um computador permite
fazer a reconstrução da imagem visualizada, incluindo imagens tridimensionais.
Alguns anticorpos absorvem determinados comprimentos de onda, emitindo ondas com comprimentos superiores às
absrovidas.
Existem muitas formas de chegarmos à célula. No entanto, não existe nenhuma técnica que nos permita observar a célula
como realmente é (nenhuma imagem da célula é real). O microscópio confocal pretende ultrapassar essa dificuldade.
OBSERVAÇÃO DE CÉLULAS IN VIVO
Microscopia de fluorescência;
Microscopia confocal laser;
Microscopia de contraste‐fase* e de interferência*: permite observar células sem necessidade de estarem coradas e
fixadas e permite a observação de algumas células vivas. Permite observar organelos transparentes, visto que as lentes detectam
as variações de velocidade, mesmo que o comprimento de onda não se modifique. Obtêm‐se imagens em variação de cinzento
(preto e branco).
* Células sem corantes, fixação, etc.; observação mais rápida apesar de não tão pormenorizada.
* Noção mais quantitativa por conformação em cor.
Endoscopia de contacto:
Técnica que permite obter imagens muito semelhantes ?.
Observação somente óptica;
Microlaringoscópio fonte de luz fria; instrumento que permite observar a célula no seu habitat, sem interferir e sem a
intervenção de artefactos;
É utilizado um corante que é posteriormente eliminado pela célula;
Só permite observar as mucosas/epitélios não queratinizados.
ARTEFACTOS DA TÉCNICA
Fixação redução de volume; precipitação de algumas proteínas.
Desidratação redução de volume (perda de água).
Impregnação redução de volume.
Hidratação aumento de volume.
Coloração artefactos de coloração das células.
Problemas:
‐ as células têm uma dimensão que não conseguimos observar.
‐ visão.
Conclusão:
Há necessidade de conjugar todas as técnicas e de utilizar a mesma técnica repetidamente, para se ter uma noção mais
exacta e mais correcta.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Membranas biológicas
ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CÉLULAS E MEMBRANAS BIOLÓGICAS
1. Membranas e evolução;
2. Constituição da membrana;
3. Modelos da membrana;
4. Unidade de membrana – sistemas de transporte e renovação da membrana;
5. Funções e diferenciação.
MEMBRANAS
As membranas celulares são essenciais à vida, uma vez que funcionam ESTUDO DA MEMBRANA
como barreiras ao mundo extracelular e compartimentam os diferentes organelos Ao observarmos uma célula ao microscópio, é
celulares, permitindo que cada um desempenhe as suas funções individuais; necessário utilizar algum elemento/constituinte
Nas células procarióticas, as membranas participam apenas na definição da mesma como referência para comparação das
dimensões, como se fossem uma régua.
de limite da célula; Normalmente utiliza‐se o glóbulo vermelho (7 a
Nas células eucarióticas, as membranas têm também o papel de invólucro 10 μm).
do núcleo e de organelos intracelulares (retículos endoplasmáticos, mitocôndrias,
complexo de Golgi, lisossomas, peroxissomas, vesículas e vacúolos variados).
* Funções:
Separação do conteúdo celular do espaço extracelular (exoplasmático), uma vez que a parte hidrofóbica do interior da
membrana impede a passagem de água;
Função de invólucro, do núcleo e dos restantes organelos intracelulares – compartimentação de organelos e enzimas;
Organização da topografia do meio celular, dividindo‐o em dois compartimentos: nuclear e citoplasmático;
Subdivisão do citoplasma em dois espaços:
‐ Espaço contínuo: corresponde à matriz citoplasmática (citosol). Espaço compreendido entre a membrana
plasmática e as membranas do núcleo e organelos;
‐ Espaço descontínuo: constituído pelo somatório dos espaços contidos nos organelos ou vesículas limitadas por
membrana;
Detecção e transmissão de sinais dentro e entre células;
Funções relacionadas com as proteínas e glicolípidos de membrana. Por exemplo, regulação do transporte e
reconhecimento celular;
Locomoção da célula.
MEMBRANA E EVOLUÇÃO CELULAR
* A evolução celular inicia‐se a partir do momento em que surge um “sistema” que permite separar o meio interno do
meio externo – a membrana. O seu aparecimento permite o desenvolvimento do que é interno e do que é externo.
* A membrana permitiu a formação da primeira célula que surgiu no nosso planeta, há 3‐4 biliões de anos.
* Esta fina película permitiu a compartimentação de pequenas porções do caldo primitivo, adquirindo individualidade e
capacidade de auto‐duplicação.
Microsferas de Fox: membranas que fazem a separação dos meios interior e exterior, que
permitem a evolução.
Células procarióticas: pouco evoluídas em termos hierárquicos; início da diferenciação; o
aparecimento da membrana permite a evolução, até se atingir uma estrutura muito organizada,
em que cada constituinte (ou grupo de constituintes) desempenha uma função específica.
Células eucarióticas: as células mais evoluídas.
Em suma:
* A vida teve origem porque surgiram membranas, o que permitiu a evolução e a diferenciação celular;
* Ao longo dos tempos deu‐se a individualização de compartimentos que se especializam em determinadas funções
(complexo de Golgi, RER, mitocôndrias, etc.).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
CONSTITUIÇÃO DA MEMBRANA VS. FUNÇÃO
Todas as membranas contêm lípidos e proteínas. Contudo, a proporção de cada um destes elementos varia de acordo
com as funções das membranas:
Neurónio: bainha de mielina (18% proteínas e 76% lípidos);
Membrana interna da mitocôndria (76% proteínas e 24% lípidos);
Membrana do eritrócito (44% proteínas e 42% lípidos).
CARACTERÍSTICAS
* Fluidez: traduz‐se pelo marcado movimento lateral a que os
fosfolípidos e proteínas estão sujeitos ao longo do plano de cada um dos
folhetos da bicamada. A temperatura afecta a fluidez da membrana, e a
temperatura depende da sua composição em ácidos gordos. Uma
membrana rica em fosfolípidos com cadeias de ácidos gordos insaturadas
mantém‐se fluida a uma temperatura inferior. A maioria dos lípidos
move‐se ao acaso no plano da membrana com uma velocidade de
migração média de 22 μm/seg.
* Movimentos de flip‐flop: raros, são movimentos de fosfolípidos
e colesterol entre as duas camadas da membrana (requer consumo de
ATP e acção enzimática).
* Assimetria: expressa‐se pela diferente composição molecular observada nos dois folhetos:
‐ Fosfolípidos: fosfatidilcolina e esfingomielina no folheto externo; fosfatidiletanolamina e fosfatidilserina no folheto
interno;
‐ Proteínas: distribuídas de forma desigual nos dois folhetos;
‐ Glicolípidos: presentes apenas no folheto exoplásmico;
‐ Carga eléctrica: folheto citoplasmático tem maior carga negativa.
* Plasticidade: representada pelo seu constante movimento bidimensional, leva a que a bicamada rapidamente se
organize sempre que o equilíbrio termodinâmico é alterado.1
CONSTITUIÇÃO DA MEMBRANA
1. FOSFOLÍPIDOS
São os lípidos mais abundantes na membrana.
Têm uma estrutura polar anfipática: possuem uma cabeça hidrofílica ou polar (que se liga à água) e uma cauda
hidrofóbica ou apolar (que não tem apetência pela água). A cauda é constituída por duas cadeias de ácidos gordos.
Em presença de água, os fosfolípidos orientam‐se de forma a evitarem o contacto das suas extremidades hidrofóbicas
(as caudas) com as moléculas de água. Por esta razão, organizam‐se espontaneamente em pequenas formações esféricas – as
micelas. Nas membranas, os fosfolípidos organizam‐se em bicamadas, com as suas extremidades hidrofóbicas voltadas para o
interior da membrana, pelo mesmo motivo.
1
Exemplo dos mesossomas bacterianos – meros artefactos criados pelas técnicas necessárias à observação das membranas. A formação dos mesosomas
corresponde à reorganização dos fosfolípidos destabilizados pelos fixadores. A reorganização estrutural é, pois, um fenómeno a considerar sempre que este
compartimento celular é sujeito a stress.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Estes componentes da membrana modificam o seu comportamento em função da temperatura:
‐ temperatura baixa: estrutura pouco vibrátil;
‐ temperatura elevada/fisiológica: há movimentação; a estrutura da membrana não é estática.
Assim, os fosfolípidos condicionam um certo dinamismo à membrana.
A natureza hidrofóbica da bicamada lipídica que constitui a membrana impede a passagem de água, o que permite a
separação do conteúdo celular do espaço extracelular.
* Constituição bioquímica dos fosfolípidos:
Ácidos gordos;
Glicerol;
Grupo fosfato;
Colina ou serina.
Temos quatro tipos de fosfolípidos mais relevantes em termos quantitativos:
Fosfatidilcolina
Fosfaditiletanolamina neutros a pH fisiológico
Esfingomielina
Fosfatidilserina carregada negativamente
Existem outros fosfolípidos que estão em baixas concentrações mas que têm um papel fulcral, como os de inositol, que
participam em mecanismos de transmissão de sinal para o interior da célula.
Podemos classificar os lípidos em duas categorias:
Saturados: contêm apenas ligações simples, apresentam difusão lateral mais lenta, atingindo transição de fase
(gelificação por diminuição da temperatura) a temperaturas menos baixas que os insaturados.
Insaturados: apresentam geometria menos linear na cauda e, por isso mesmo, têm menos interacções com as caudas
dos fosfolípidos adjacentes, logo, atingem a transição de fase a temperaturas mais altas.
Em MET observa‐se um perfil trilaminar constituído por duas linhas negras
electrodensas paralelas, separadas por uma electrolucente, que corresponde à zona
hidrofóbica. Têm um tamanho de 6 a 9 nm e formam a unidade de membrana.
2. COLESTEROL
Localiza‐se mergulhado nas porções hidrofóbicas dos fosfolípidos.
É o segundo lípido mais abundante.
Tem maior facilidade em realizar movimentos de flip‐flop que os fosfolípidos.
Ausentes em procariotas.
* Funções:
Unir as estruturas fosfolipídicas (dar estabilidade) impede a ocorrência de
rupturas na camada fosfolipídica;
Impermeabilidade;
Diminui a temperatura de transição de fase.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
3. GLICOLÍPIDOS
Localizam‐se no folheto exoplasmático da membrana externa das células eucarióticas, uma vez que os resíduos
sacarídeos são adicionados às moléculas dos lípidos no lúmen do complexo de Golgi que, topograficamente é um espaço
exoplasmático.
Não têm capacidade de fazer flip‐flop.
Nas células epiteliais, os glicolípidos confinam‐se à membrana apical, o que indica que as junções intercelulares de
oclusão formam uma barreira à sua difusão lateral da membrana.
* Funções:
Podem actuar como receptores específicos de moléculas presentes fora da célula;
Podem ligar‐se a componentes da matriz intercelular.
4. PROTEÍNAS
A massa de uma proteína de membrana de tamanho médio é 40 a 60 vezes superior à massa de um fosfolípido.
Contribuem para cerca de metade da massa total na maioria das membranas.
Boa parte delas são glicoproteínas.
Estão sujeitas a movimentos laterais e de rotação, mas não a movimentos de flip‐flop.
* Funções:
Apresentam muitas funções ao nível da membrana:
Receptores comunicação intercelular e reconhecimento celular (identificação das células relacionada com o sistema
imunitário – reconhecimento do self e do non‐self);
Transportadores facilitar o transporte/passagem através da membrana (para entrarem constituintes que existem no
exterior e que são necessários no interior – exemplo: glicose); selecção dos componentes que passam;
Enzimas auxiliam, por exemplo, na digestão;
Estruturais estabilização da estrutura membranar.
Troca metabólica de células solúveis em água entre a célula e o espaço extracelular, através da formação de canais
transmembranares resultantes da associação dinâmica de proteínas;
Receptores moleculares;
Formação de junções intercelulares;
Catalisadores de reacções químicas;
Ancoragem da membrana a elementos do citoesqueleto.
* Tipos de proteínas membranares:
Proteínas integrais (intrínsecas): atravessam o plano hidrofóbico da membrana e são observadas nas faces de
criofractura, ou seja, contêm necessariamente segmentos hidrofóbicos. Quando atravessam toda a extensão da membrana são
chamadas transmembranares. Para se isolar estas proteínas, é necessário tratar preparações de membrana com detergente –
SDS. Têm segmentos hidrofóbicos na sua molécula (purificação difícil).
Proteínas periféricas (extrínsecas): não atravessam o plano hidrofóbico da membrana e são observadas nas superfícies
das membranas, intactas. Para se isolar estas proteínas, basta tratar as preparações de membrana com soluções de salinidade
elevada (facilmente isoladas). Ligam‐se através de ligações não covalentes com outros elementos da membrana.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Formas como as membranas se associam à bicamada lipídica
A membrana celular pode apresentar domínios (áreas restritas) onde se concentram proteínas específicas, não
detectáveis noutras zonas da membrana. Nestas células, a membrana é constituída por uma sucessão contínua de mosaicos
fluidos diferentes, cada um com um coeficiente particular de difusão lateral das suas moléculas. As moléculas, movendo‐se
lateralmente nessa área, não podem, contudo, percorrer outras zonas da superfície celular.
Ex.: espermatozóide, em que regiões da membrana celular e acrossomal acumulam proteínas em determinadas áreas da
membrana.
Acrossoma;
Zonas de oclusão;
Zonas de ancoragem de proteínas.
MODELOS DE MEMBRANA
Todos os modelos de membrana que conhecemos são modelos hipotéticos. Não há possibilidade de visualizar a
verdadeira constituição da membrana; podemos apenas identificar o que nela existe, mas não onde se encontra cada
constituinte.
1895 Overton membrana de natureza lipídica.
1897 Langmuir fosfolípidos com estrutura polar (estruturas anfipáticas).
1925 Gordon e Grendel trabalhos sobre glóbulos vermelhos; modelo com lípidos dispostos em dupla camada.
1932 Cole lípidos + proteínas.
1935 Danielli e Davson proteínas externa e internamente com a bicamada no interior. Para haver comunicação
entre o interior e o exterior aparecem poros transmembranares, com as proteínas sempre a envolver.
1959 Robertson estrutura trilaminar; Unidade de membrana. Este modelo é sobreponível ao anterior.
Ao microscópio, observou‐se a existência de:
‐ zona negra (proteínas);
‐ zona branca (lípidos); Embora pudessem haver variações, este modelo
‐ zona negra (proteínas). é aplicado a todas as membranas existentes na
célula, e não apenas na membrana
citoplasmática.
1972 Singer e Nicholson modelo do mosaico fluido.
Bicamada lipídica com dois tipos de proteínas mergulhadas:
‐ intrínsecas: atravessam toda a membrana;
‐ extrínsecas: (ver funções descritas anteriormente).
Não é um modelo estático.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Técnica Criofractura‐Réplica:
Criofractura: análise estrutural de moldes de membrana sujeitas a congelamento e secundariamente fracturadas;
Permite cortar a célula a meio;
Observar cada um dos lados da membrana;
Permitiu ver as diferentes proteínas (algumas atravessavam toda a membrana, e
outras não);
Revelou que a membrana se encontra dissociada em duas metades:
‐ Face protoplasmática – P (interior hidrofóbico da camada citoplasmática);
‐ Face exoplasmática – E (corresponde ao interior hidrofóbico da metade
exterior da membrana);
As faces da fractura revelaram que apresentavam pequenas partículas salientes
que correspondem a pequenas proteínas transmembranares, ou seja, as membranas são compostas por uma camada contínua
de fosfolípidos anfipáticos onde se intercalam proteínas transmembranares.
* Imunocitoquímica:
Observou‐se que os receptores presentes na membrana ficam dispersos ou podem encontrar‐se acumulados numa
determinada região (confirma o dinamismo da membrana).
SISTEMAS MEMBRANARES INTRACELULARES
* Plasmalema;
* Retículo endoplasmático;
* Aparelho de Golgi;
* Lisossomas e vacúolos;
* Peroxissomas;
* Invólucro nuclear;
* Endossimbiontes.
SISTEMAS DE TRANSPORTE E RENOVAÇÃO DA MEMBRANA
* Renovação:
Existe uma unidade de renovação da membrana. A membrana do núcleo (dupla camada) é idêntica à que existe nos
outros componentes da célula (RER, REL, Complexo de Golgi, vesículas/lisossomas) e à membrana citoplasmática.
Através dos lisossomas que aderem à membrana através de bordos, dá‐se a renovação da membrana.
* Sistemas de transporte:
Transporte passivo: quando não envolve o consumo de energia do sistema, sendo utilizada apenas a energia cinética das
moléculas; a movimentação dá‐se a favor do gradiente de concentração. Pode ser facilitado ou não, conforme intervenham ou
não enzimas transportadoras (proteínas transmembranares), as permeases (difusão simples ou facilitada, osmose).
Transporte activo: há gasto de energia; a movimentação dá‐se contra o gradiente de concentração. É primariamente
realizado pelas enzimas ATPases.
Endocitose: processo pelo qual as células vivas activamente absorvem material (moléculas, pedaços de detritos, outras
células) através da membrana celular.
‐ Fagocitose: ingestão de partículas grandes ou células através de expansões citoplasmáticas chamadas
pseudópodes;
‐ Pinocitose: processo contínuo de ingestão de fluidos e moléculas por meio de pequenas vesículas.
Exocitose: libertação do conteúdo de partículas através da aderência dos bordos de vesículas.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Pinocitose – Clatrina
Clatrina – na superfície das membranas existem zonas revestidas com clatrina
(receptores que são direccionados para determinado tipo de substâncias e que estão
relacionados com a formação de vesículas).
Clatrina e hipercolesterolémia:
Se não existirem receptores suficientes, ou se estes estiverem modificados
geneticamente, o colesterol não passa para o interior da célula, ficando no sangue, o que
explica os níveis elevados de colesterol no sangue.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Especializações da Membrana Celular
As células da maioria dos seres vivos pluricelulares associam‐se entre si formando os tecidos. Em muitos tecidos animais,
a membrana citoplasmática apresenta zonas especializadas, com grande importância funcional. Algumas destas especializações
não detectáveis morfologicamente resultam da existência de proteínas especiais integradas na membrana.
Existem em certos tipos de células, desempenhando funções específicas;
Têm composição química diferente do resto das porções membranares;
FUNÇÕES
Adesão celular;
Aumentar a superfície celular;
Comunicação intercelular.
As especializações da membrana são diferentes consoante o local da célula em que ocorrem:
Membrana apical;
Membrana lateral;
Membrana basal.
A maior parte das especializações ocorrem em células localizadas em epitélios.
Não detectáveis morfologicamente,
resultam da existência de proteínas
Especializações
especiais integradas na membrana.
Morfo‐funcionais Bioquímicas/moleculares
da membrana apical da membrana lateral da membrana basal
Microvilosidades Junções impermeáveis Hemidesmossomas
Estereocílios Junções comunicantes Invaginações
Cílios Desmossomas
Flagelos Interdigitações
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
1. BIOQUÍMICAS/MOLECULARES
Exemplo: membrana celular do enterócito apical que reveste as microvilosidades e membrana da parte basolateral.
‐ Apical: proteínas integrais de membrana transportadoras que permitem a passagem de glicose, ácidos aminados
e outros compostos para o interior da célula;
‐ Basolateral: proteínas transportadoras que permitem a passagem para o exterior da célula dos nutrientes antes
absorvidos na parte apical da célula.
2. MORFO‐FUNCIONAIS
1. Aumentam a superfície celular:
‐ Microvilosidades;
‐ Cílios e flagelos;
‐ Estereocílios;
‐ Invaginações e interdigitações.
2. Junções intercelulares: especializações morfologicamente bem evidentes, com composição química e
organização molecular conhecida. Podem ocorrer em células vizinhas, mantendo a coesão entre essas células. São
classificadas de acordo com as funções que desempenham no tecido:
‐ Junções impermeáveis (Zonula Ocludens): impedem a passagem de iões ou moléculas entre as células;
‐ Junções aderentes (Zonula adherens): ligam fortemente as células entre si;
‐ Junções comunicantes: permitem a comunicação entre as células.
ESPECIALIZAÇÕES DA MEMBRANA APICAL
* Microvilosidades:
Extensões citoplasmáticas digitiformes;
Mais frequentes nas células epiteliais que necessitam de uma grande superfície de absorção (por exemplo, enterócitos e
células do tubo contornado proximal do rim);
Medem cerca de 1 μm de comprimento e 0,08 μm de secção;
Aumentam a área de absorção da célula cerca de 20 vezes (aumentando a superfície da célula);
Quando aparecem em grande número, surgem como se fossem um “tapete” à superfície da célula.
Constituição:
Revestidas pela membrana citoplasmática, altamente especializada, que contém,
exteriormente, uma camada espessa de glúcidos e enzimas digestivas que formam uma rede
fina, intimamente ligada às membranas das microvilosidades. Esta substância, facilmente
observada em ME, chama‐se glicocálice;
O interior das microvilosidades contém um feixe de 20 a 30 microfilamentos de
actina, dispostos paralelamente (afastados cerca de 10 nm uns dos outros), encontrando‐se
com a extremidade positiva dirigida para cima (lúmen). Servem para suportar a estrutura;
O feixe de microfilamentos é mantido por pontes mediadas pelas proteínas fimbrina,
fascina e vilina;
Nas células intestinais, os feixes inserem‐se na extremidade da vilosidade e na parte
apical do citoplasma. Esta porção do citoplasma é designada por teia/rede terminal;
A ligação dos microfilamentos aos lípidos da membrana é mediada pela miosina I, o
que confere capacidade contráctil às microvilosidades;
Também a espectrina pode ser responsável pela união dos filamentos de actina à
membrana celular.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Microvilosidades em MET
Intestino: Prato estriado – representação óptica das microvilosidades do intestino; Em MO
Rim: Bordadura em escova – representação óptica das microvilosidades dos tubos contornados renais.
Glicocálice:
Camada espessa de glúcidos e enzimas digestivas;
Rede fina intimamente ligada às membranas das microvilosidades – cell coat –, envolvendo completamente a célula;
Várias funções:
‐ Protecção da superfície celular (exemplo: superfície intestinal); As proteínas do HLA – Human
Leukocyte Antigen – localizam‐se no
‐ Reconhecimento celular (relacionado com o sistema imunitário);
glicocálice reconhecimento do self
‐ Adesão celular; e do non‐self.
‐ Determinação antigénica (exemplo: antigénios dos grupos sanguíneos ABO);
‐ Propriedades enzimáticas (peptidase/glicosidases);
‐ Receptor de macromoléculas (hormonas, neurotransmissores, toxinas, etc.);
‐ Ligação de toxinas, vírus e bactérias (reconhecimento molecular).
Glicocálice
Microvilosidade
Rede terminal
* Estereocílios:
Microvilosidades modificadas no tamanho e forma, mas estruturalmente iguais a estas, uma vez que têm citosqueleto
constituído por um feixe de microfilamentos (no seu interior existem filamentos de actina);
O termo estereocílio deriva do facto de, histologicamente, estas expansões citoplasmáticas apresentarem uma grande
dimensão (similar à dos cílios) e, por vezes, serem ramificadas e/ou anastomosadas (ligações entre estereocílios vizinhos).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Diferenças entre os estereocílios e as microvilosidades:
Maior dimensão;
Não têm funções de absorção;
Surgem à superfície da célula, mas não de forma contínua/uniforme; surgem como se fossem
tufos.
No homem conhecem‐se dois tipos de estereocílios:
Canais excretores genitais masculinos (epidídimo e canal deferente): mais longos (> 1 μm) e
mais largos (> 1 μm) que as microvilosidades, apresentando‐se ramificados e anastomosados. No seu
interior existe um feixe de microfilamentos, maior que o existente nas microvilosidades. A proteína que
interliga os microfilamentos para os manter num feixe paralelo e rígido, é a fimbrina, enquanto que a
vinculina os fixa lateralmente à membrana celular.
‐ Orientação de fluidos: durante a ejaculação, a rede dos estereocílios impede a oclusão
do lúmen, contribuindo assim para que o sémen continue a progredir para o exterior;
‐ Ajudar a remover os espermatozóides degenerados (por fagocitose), retendo‐os junto à superfície epitelial;
‐ Aumento da superfície de absorção: reabsorção de água.
Ouvido interno (células sensoriais externas e internas do órgão de Corti): são denominadas de células com pêlos ou
células cabeludas, por apresentarem tufos de estereocílios, os quais são muito mais compridos e mais largos que os dos canais
excretores genitais masculinos. No entanto, estes estereocílios não são, nem ramificados nem anastomosados. Apresentam um
estrangulamento no colo, e os seus microfilamentos terminam na porção basolateral da membrana celular da célula.
* Cílios:
Projecções citoplasmáticas móveis, com cerca, com cerca de 0,25 μm de diâmetro e
vários micra de comprimento (5‐10 μm em média);
Contêm no seu interior um citosqueleto embebido por uma matriz proteica e rodeado
por uma diferenciação da membrana celular;
Funções:
‐ Facilitar a locomoção celular (por exemplo, nos espermatozóides, nos
protozoários ciliados, etc);
‐ Deslocar fluidos ou células na superfície das células epiteliais (exemplos:
limpeza da árvore brônquica através do arrastamento (em direcção à faringe) do
muco secretado, que fixa as impurezas inspiradas, e arrastamento do oócito para as trompas de Falópio e depois
em direcção ao útero ao longo destas, devido à actividade ciliar das células da trompa).
Têm uma estrutura interior que permite o seu movimento, que faz lembrar um chicote.
* Flagelos:
Estrutura semelhante à dos cílios;
Mais longos e, geralmente, em menor número;
Os seus movimentos são do tipo sinusoidal.
Os cílios e os flagelos são constituídos por dois componentes principais:
Axonema: designação dada ao citoesqueleto. Constituído por microtúbulos e proteínas a eles associados. Os
microtúbulos são filamentos proteicos ocos (diâmetro de ≈ 25 nm), que se dispõem num círculo de 9 dupletos a rodear 2
microtúbulos centrais – padrão 9d+2s. Os microtúbulos centrais são independentes um do outro mas, nos periféricos, o
microtúbulo mais externo (microtúbulo B) compartilha parte da parede do microtúbulo interno (microtúbulo A).
Existem vários tipos de proteínas associadas aos microtúbulos:
‐ Braços de dineína: estruturas que se projectam do microtúbulo A em direcção aos microtúbulos do par seguinte.
Têm acção importante na motilidade ciliar, pois provocam o deslizamento dos microtúbulos uns sobre os outros. Isto
verifica‐se pois possuem um domínio com actividade ATPásica. Quando o ATP se liga a este domínio, o braço de
dineína separa‐se do microtúbulo e, após hidrólise, o ATP fixa‐se ao microtúbulo seguinte imprimindo‐lhe um
movimento descendente em direcção à extremidade.
‐ Pontes de nexina: ligam o microtúbulo A de um par ao microtúbulo B do par seguinte. Mantêm intacta a
circunferência dos dupletos.
‐ Projecções radiais: projectam‐se do microtúbulo A em direcção ao par de microtúbulos centrais.
‐ Bainha interna: rodeia os microtúbulos centrais. Juntamente com as projecções radiais, coordena o deslizamento
dos microtúbulos.
‐ Ponte central: interliga os microtúbulos centrais.
‐ Filamentos radiais periféricos: unem os dupletos à membrana ciliar.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
O axonema tem várias outras proteínas cuja detecção escapa à observação no ME:
‐ Tectinas: regulam a polimerização dos protofilamentos microtubulares.
‐ Calmodulina: fixa o ião cálcio e, quando tal acontece, liga‐se às cabeças das projecções radiais e à bainha interna,
regulando a motilidade ciliar.
‐ Miosina: com actividade ATPásica, provocando contracção dos microtúbulos.
‐ Espectrina: também interage com os microfilamentos, particularmente na sua junção com as membranas.
‐ Tubulinas livres: função desconhecida, pensa‐se que conferem rigidez à membrana ciliar.
‐ Actina G livre.
Corpo basal (ou cinetossoma): cilindro oco onde se inserem os microtúbulos do axonema ao nível citoplasmático. A sua
parede é constituída por 9 tripletos de microtúbulos, sem o par central, associados a outras proteínas que constituem a matriz e
que asseguram não só a fixação do citoesqueleto celular, mas também a motilidade. O corpo basal possui várias actividades
enzimáticas que se encontram envolvidas na transducção de sinais que regulam a motilidade ciliar:
‐ Fosforilase de nucleótidos purínicos;
‐ ATPase Ca2+ Mg2+.
Os microtúbulos do axonema são originados pelos microtúbulos do corpo basal, à excepção do par central que se origina
da placa basal ou axossoma, que se encontra no eixo do cílio.
O corpo basal fixa o axonema ao citoesqueleto e à membrana celular através de vários apêndices:
‐ Fibras de ancoragem: unem o corpo basal à membrana plasmática.
‐ Pé basal: estrutura de ligação ao citoesqueleto,
encontrando‐se do lado do corpo basal, onde se
efectua a fase activa do movimento. Dela
emergem vários microtúbulos, em direcção ao
núcleo ou em feixe paralelo que interliga as
junções intercelulares apicais.
‐ Raiz estriada: estrutura cónica, alongada, que
emerge da base do corpo basal e que o ancora ao
citoesqueleto celular. Contém fósforo com
capacidade de fixar cálcio e enzimas ATPase, que a
partir de determinadas concentrações de Ca2+,
provocam contracção da raiz estriada, mantendo o
cílio ou flagelo estirado e fixo ao citoesqueleto.
Nota: Para além do axonema e do corpo basal possuem ainda uma zona de transição.
O citoesqueleto celular está, portanto, muito relacionado com os cílios e flagelos:
‐ ajudando a determinar a posição dos cinetossomas;
‐ ancoragem dos cílios;
‐ aumenta a resistência da célula ao desgaste constante do batimento celular e coordena esse mesmo batimento,
regulando‐o face a estímulos.
Patologia ‐ Síndrome de Kartagener (SK) ou síndrome dos cílios imóveis:
Alteração ao nível dos cílios – não existem 9 dupletos, sendo alguns deles substituídos por microtúbulos isolados;
Doença autossómica recessiva;
Clínica:
‐ Infecções crónicas do aparelho respiratório (como bronquite crónica);
‐ Esterilidade masculina e por vezes feminina (atraso na chegada do óvulo ao útero);
‐ 50% situs inversus.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
ESPECIALIZAÇÕES DA MEMBRANA LATERAL
Em MO observa‐se o quadro cimentar/complexo unitivo:
Zona de oclusão;
Zona de aderência;
Desmossoma.
JUNÇÕES INTERCELULARES:
* Junções impermeáveis – junções apertadas, ocludentes, de oclusão, tight junctions ou zonulae occludens:
Encontram‐se frequentemente na porção apical lateral das células
epiteliais de revestimento (exemplos: enterócitos, células dos tubos renais e no
epitélio dos canais genitais excretores);
Há uma fusão completa das membranas das duas células vizinhas (não
existe espaço intercelular);
Situam‐se na porção apical, sendo constituídas por bandas finas que
rodeiam completamente as células e contactam com estruturas idênticas de
células adjacentes;
Serve para evitar a infiltração de moléculas através do espaço
intercelular (sem serem seleccionadas);
Ao ME aparecem como uma série de ligações entre os folhetos externos
das membranas de células adjacentes, tornando o espaço intercelular
impermeável a moléculas, sais, e mesmo iões;
São constituídas por uma rede de pregas, formadas de partículas intramembranares. Estas
partículas são de natureza proteica – proteínas integrais – e estão presentes em cada uma das
membranas das células adjacentes. Destacam‐se as claudinas e as ocludinas. Existem também
outras proteínas: proteína intrínseca de 65 kDa, ZO‐1, ZO‐2, cingulina e antigénio TH6;
No ponto de contacto entre as proteínas integrais de cada membrana adjacente, o espaço
intercelular é nulo e é um ponto completamente impermeável à passagem de substâncias do
lúmen para o espaço intercelular.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Junções de aderência – desmossomas circulares, junções intermediárias, zonas de adesão ou zonulae adherens:
Localizam‐se abaixo das junções de oclusão nos tecidos epiteliais;
Faixa de adesão que rodeia completamente a região apical de células epiteliais colunares, constituindo como que um
cinto à volta destas;
Nesta zona o espaço intercelular é de 15 a 20 nm;
A membrana celular é um pouco mais espessa nesta zona do que nas restantes zonas da célula;
As glicoproteínas transmembranares que intervêm na adesão pertencem à família das caderinas – moléculas de adesão
celular dependentes do Ca2+;
São formadas por feixes de microfilamentos de actina intracitoplasmáticos que se dispõem paralelamente à membrana
celular e à qual se ligam por um conjunto de proteínas, entre as quais se destaca a vinculina;
Há adesão mas não fusão das membranas das células.
Desmossomas pontuais:
Zonas de contacto intercelular que ligam as células dos tecidos, abundantes sobretudo nos epitélios; a este nível o
espaço intercelular é de 30 nm e preenchido, em parte, pelos domínios das caderinas desmossómicas;
Constituição:
‐ duas placas densas, situadas na porção citoplasmática adjacente às membranas celulares das duas células
vizinhas. A placa densa é composta por várias proteínas intracelulares:
> Desmoplaquinas I, II e III;
> Placoglobina;
> Placofilina;
‐ Filamentos intermediários (citoqueratina);
‐ Glicoproteínas transmembranares (do grupo das caderinas):
> Desmogleínas I, II e III ‐ interactuam através dos seus domínios extracelulares com elementos
semelhantes originários da placa do desmossoma da célula adjacente interacção cálcio‐dependente, que
permite a ligação de células adjacentes;
> Desmocolinas I, II e III ou α, β e γ.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Algumas destas proteínas, sobretudo as da família das desmoplaquinas, associam‐se a uma rede de filamentos
intermediários intracitoplasmáticos de queratina.
Os desmossomas não se visualizam em microscopia óptica, apenas em microscopia electrónica. Em MO, após a
preparação da lâmina (fixação com formol), as células sofrem uma retracção/desidratação, ficando plasmolisadas, o que permite
que o espaço entre elas aumente e que se visualizem as ligações existentes. Nestas zonas que se mantêm unidas localizam‐se os
desmossomas (forte conexão entre as células) que, em MO, correspondem às pontes de Shultz – conjunto de desmossomas.
Patolologia ‐ Pênfigo bolhoso: doença da pele e das mucosas, resultante da disrupção dos desmossomas das células
epiteliais, causada por anticorpos contra uma ou mais das glicoproteínas de ligação. A disrupção origina a formação de bolhas.
Hemidesmossomas: descritos nas especializações da membrana basal.
* Junções comunicantes – Junções de hiato, gap junctions ou Nexus:
Estruturas presentes em muitos tecidos e em quase todas as espécies animais;
Em ME observam‐se zonas onde as membranas de duas células estão separadas por um interstício de cerca de 3 nm;
Estas junções são um aglomerado de partículas intramembranares, associadas com a face citoplasmática da face
protoplasmática (P) da membrana. O interstício intercelular à altura das junções de hiato permite a passagem de marcadores
(como o lantânio), que em cortes tangenciais se distribuem à volta de hexágonos;
As moléculas transmembranares formam estruturas designadas por conexões, cada um formado por 6 proteínas
integrais idênticas (família das conexinas). Os conexões de duas células vizinhas, formam um canal contínuo hidrofílico que
conecta as duas células. Assim, existe a possibilidade de passagem de pequenas moléculas e iões;
São estruturas dinâmicas que se abrem ou fecham sob a acção de modificações celulares. O aumento de Ca2+ ou a
diminuição do pH diminuem a permeabilidade das junções;
As junções comunicantes permitem a comunicação directa entre células vizinhas que funcionam em simultâneo/sintonia
(exemplos: células glandulares e do coração). Este tipo de junções tem, então, grande importância na contracção cardíaca, nos
movimentos peristálticos do intestino e até na embriogénese.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
INTERDIGITAÇÕES:
Reentrâncias celulares de prolongamentos citoplasmáticos de células adjacentes;
Apresentam mobilidade em função da plasticidade das células, modificando a sua forma e a profundidade de
penetração;
O plasmalema das células vizinhas não apresenta qualquer outro tipo de especialização e entre elas o espaço
intercelular é da ordem de 30‐40 nm, isto é, idêntico ao espaço intercelular de outras células que não apresentam
interdigitações;
Aumentam a superfície de contacto entre as células e servem de reserva de membrana (pode ser esticada quando
ocorre ruptura ou quando há uma distensão ‐ como acontece, por exemplo, na bexiga);
Ocorrem geralmente nos epitélios de revestimento.
PONTES INTERCELULARES:
Na espermatogénese (e na ovogénese dos intervertebrados), existe uma expansão clonal, em que as células derivadas de
uma espermatogónia se mantêm unidas por pontes intercelulares (PIC), com diâmetro de 1 a 1,6 m, até à fase de libertação dos
espermatozóides. As PIC devem‐se à existência de uma citocinese incompleta. Frequentemente, a membrana das PIC, encontra‐
se reforçada por um anel de material denso e contráctil, rico em actomiosina (no sexo feminino).
Durante as divisões celulares, as PIC são parcialmente fechadas por um conjunto de cisternas do retículo endoplasmático
liso, denominado complexo de partição das pontes intercelulares (bridge partitioning complex) ou fusoma. O fusoma é rico em
actina‐F, α‐espectrina e numa proteína similar à aducina, produto do gene hu‐li tai shao (hts). Para além de ocluir as PIC durante
as divisões celulares, o fusoma também orienta o fuso mitótico. Após a divisão celular, o fusoma dispersa no caso das células do
sexo feminino.
Devido ao seu diâmetro, as PIC permitem, inclusive a passagem de organelos entre células vizinhas. Esta união por PIC é
responsável pela sincronização do ciclo celular, de modo que todas as células derivadas de um mesmo clone se encontram na
mesma fase de diferenciação. Para além desta função, as PIC também permitem a partilha de produtos dos genes dos
cromossomas sexuais entre os espermatídeos, uma vez que, sendo haplóides, cada espermatídeo apenas possui o cromossoma
X, ou o cromossoma Y.
Na composição molecular das PIC, descobriu‐se a δ‐tubulina, actina‐F, miosina II, as proteínas da família das septinas,
Pnut, Sep1 e Sep 2, e a proteína de ligação à actina anilina. Após a divisão celular, cada PIC é revestida por um anel de proteínas
ricas em tirosinas fosforiladas. A anilina é, então, incorporada, a que se segue o produto do hts (no sexo feminino) e a anilina é
removida do anel contráctil. No sexo masculino, o anel fica unicamente revestido por anilina e septinas, perdendo‐se a actina‐F e
a miosina II.
ESPECIALIZAÇÕES DA MEMBRANA BASAL
* Hemidesmossomas:
Junções morfologicamente semelhantes aos desmossomas, mas química e funcionalmente diferentes (correspondem a
metade dos desmossomas);
Ligam a superfície basal das células epiteliais à lâmina basal subjacente (tecido conjuntivo que se encontra por baixo);
Os filamentos intermédios de queratina terminam na placa densa do hemidesmossoma situada no citoplasma da célula;
Os hemidesmossomas contêm vários polipeptídicos principais:
‐ plectina;
‐ desmoplaquinas (do grupo das plaquinas);
‐ integrinas.
As integrinas ligam‐se às plectinas e placa hemidesmossómica, atravessam a membrana celular e projectam‐se para a
lâmina basal.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Invaginações:
São semelhantes às interdigitações, mas ocorrem na base;
A sua função é aumentar as áreas de troca entre a célula e o tecido conjuntivo;
Perto delas existem sempre muitas mitocôndrias, pois a troca de substâncias é feita por transporte activo, sendo
necessário o fornecimento de ATP.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Núcleo
O núcleo, o centro organizador e funcional da célula, é delimitado do citoplasma por um sistema membranar denominado
invólucro nuclear. No núcleo encontra‐se o património genético da célula, sob a forma de moléculas de DNA. É responsável pela
localização, organização, manutenção e transmissão do material genético.
ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL
* Membrana nuclear;
* Cromatina;
* Nucléolo.
* Membrana nuclear:
Trata‐se de uma dupla membrana, que faz a separação do entre o núcleo e o citoplasma. Possui uma face externa
(relacionada com o RER) e uma face interna. Muitas vezes encontram‐se ribossomas relacionados com a membrana. Existe uma
relação com o RER pois é a partir do DNA que se vai dar a síntese proteica.
* Cromatina:
Numa célula humana existem cerca de 6 milhões de pares de bases de DNA, medindo aproximadamente 2 metros de
comprimento. Como o núcleo é, grosseiramente, uma esfera com 10 micrómetros de diâmetro, o DNA só poderia lá caber
enrolado. De facto, o DNA é “empacotado” com a ajuda de um conjunto de proteínas denominadas histonas. A associação entre
o material genético e as histonas forma a cromatina, que se espalha pelo interior do núcleo. Deste modo, o material genético
encontra‐se devidamente organizado e compartimentado no núcleo, geralmente sob a forma de cromatina.
* Nucléolo:
Os nucléolos, cujo número é muito variável, representam o local de Diferentes formas:
biossíntese de ribossomas. Constituídos por: compactos;
componente fibrilhar; reticulares;
componente fibrilhar denso; vacuolares;
porção granular. anelares (grande vacúolo central).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
O NÚCLEO E A ZONA ENVOLVENTE
‐ Membrana nuclear; Nota:
‐ Poro nuclear (complexo de poro); Uma célula normal possui um núcleo regular;
‐ Nucleóide; Uma célula cancerígena possui um núcleo
‐ Nucleoplasma (matriz); anormal, nucléolos diferentes e cromatina
grosseira.
‐ Heterocromatina;
Cromatina – DNA associado a proteínas (histonas)
‐ Eucromatina;
‐ Filamentos intermediários (estruturas constituintes do núcleo e zona envolvente. As lâminas nucleares (lamininas) são
componentes destes filamentos);
‐ Retículo endoplasmático (rugoso e liso);
‐ Ribossomas;
‐ Microtúbulos;
Citoesqueleto – desempenha, simultaneamente, o
‐ Microfilamentos de actina;
‐ Filamentos intermediários/intermédios. papel de “ossos” e “músculos” da célula.
COMPLEXO DE PORO
* Os poros existentes na membrana nuclear permitem a troca de substâncias entre o meio interno e o meio externo, isto
é, entre o núcleo e o citoplasma e vice‐versa;
* Para além de proteínas, é pelos poros nucleares que se dá a saída do RNA mensageiro (mRNA), após a transcrição e
maturação (splicing), para se dar a biossíntese proteica nos ribossomas. Os ribossomas são constituídos por RNA ribossómico
(rRNA) e proteínas e é neles que se dá a tradução da mensagem existente no
mRNA (tradução dos codões), com o auxílio do RNA de transferência (tRNA),
dando assim origem a proteínas;
* Exportinas e importinas proteínas (receptores) que permitem as
trocas através dos poros nucleares. Estas associam‐se ao sinal nuclear da
proteína, de modo a permitir a passagem. As exportinas estão associadas às
trocas do núcleo para o citoplasma e as importinas com as trocas do
citoplasma para o núcleo;
* Existem sinais nas proteínas que vão passar pelo poro que são
reconhecidos no receptor do complexo poro nuclear. Ao serem reconhecidos,
a passagem é permita. Se, pelo contrário, não existirem receptores, a
passagem é impedida.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
DNA Transcrição
RNA Pré‐Mensageiro
Replicação Semi‐ Ácido Desoxirribonucleico Com o auxílio de enzimas,
(núcleo)
Conservativa retiram‐se os intrões (porções
(núcleo) de material genético que não
codificam informação genética
relevante para a biossíntese
Passagem para o
Tradução proteica), ficando somente os
(intervenção de mRNA,
citoplasma, através
exões.
dos poros nucleares
Codificação de
rRNA e tRNA) RNA Mensageiro
Ribossomas (funcional)
Aminoácidos (citoplasma) (núcleo)
Proteínas
(biossíntese proteica)
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
CROMATINA
O materiall genético, ou
u seja, o DNA, associa‐se às histonas, formando os o
Nucleosssoma: duplo o enrolamentto do
mentos de crromatina, sendo os nucleossomas a unidade fun
filam ndamental da
DNA emm torno de um
u disco protteico,
crommatina. Os filaamentos de cromatina
c en
ncontram‐se, na maior parrte do tempo o,
constitu
uído por quatro paress de
dispeersos no núcleo da célula. Quando a célula
c está em
m divisão, esttes filamentoos
histonass (H2A, H2B, H H3 e H4).
sofreem um processo de con ndensação, originado filam mentos curto os e espesso os
desiggnados cromo ossomas.
Existem doois tipos de croomatina:
Heterocro omatina: regiiões mais den nsas (cromatin na desactiva). Ocupa, prefeerencialmentee, a periferia d do núcleo e, d
de um
modo geral, é coonstituída por sequências de DNA quee não origem m a proteínas. Por sua vezz, a heterocrromatina pode ser
consstitutiva ou faccultativa (por exemplo, um m dos dois crom mossomas X d da mulher);
Eucromatina: regiões menos densaas e mais claaras (cromatin na activa). Estta localiza‐se no interior do
d núcleo e é,
é em
grande parte, con nstituída por genes (que podem
p estar activos ou in
nactivos, dependendo do tipo de célula e dos estím mulos
recebidos do exterior).
* Histonas:
Cada umaa das pequenas proteínas b básicas que foormam associações
complexas com o DNA para formar nucleossomas;
Componeentes básicos das fibras de cromatina;
Conferemm estabilidadee ao DNA e são o responsáveis pelo processso de
cond densação;
Contribu uem, de fo orma decisivaa, para a forma física dos
crommossomas;
Estrutura conservável aao longo do teempo;
Constituiçção semelhan nte de espéciee para espéciee.
A histona H1 eencontra‐se fora
f do
nucleeossoma (n não se encontra
e
siméttrica ao nível d
dos anéis do DDNA).
As histonas H3 ee H4 são alttamente
conseerváveis.
* Ácido desoxirribonucleico (DNA):
O DNA tem como unidades fundameentais os nuclleótidos, cuja constituição química é:
‐ Grupo fosfato;
‐ Deesoxirribose (p
pentose – açúcar em 5C); pentosee + base nuccleósido
‐ Base azotada (variável).
As bases aazotadas podem ser púricaas (adenina e gguanina) ou p
pirimídicas (cittosina e timin
na).
Compactaçção do DNA e cromatina:
DNA + hisstonas fibraa nucleosónicca (DNA activo
o);
Agregação de nucleosssomas solenóide (DNA n não activo).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Cromossomas:
Os cromossomas resultam da condensação e espiralização da cromatina. Consoante as diferentes faces do ciclo celular
podemos observar o material genético condensado, sob a forma de cromossomas, ou descondensado, sob a forma de
cromatina, ou seja, o conteúdo do núcleo apresenta formas e dimensões diferentes consoante a fase do ciclo celular.
‐ Interfase cromatina;
‐ Cariocinese – profase, metafase, anafase e telofase cromossomas.
Os cromossomas são classificados, principalmente, em função do seu tamanho e posição do centrómero:
‐ Metacêntricos: posição do centrómero mediana e os braços são iguais;
‐ Submetacêntricos: centrómero deslocado do centro, dando origem a um braço curto e outro longo;
‐ Acrocêntricos: centrómero muito deslocado do centro, dando origem a um braço muito curto e outro muito
longo (13,14,15,21,22 e Y).
Podem fazer‐se análises de cariótipo (número total cromossomas existentes numa célula somática). O cariótipo humano
é constituído por 23 pares de cromossomas: 22 pares de autossomas (cromossomas não sexuais ou somáticos) e 1 par de
heterossomas (cromossomas sexuais);
Cromossomas nucleolares: estão na origem do nucléolo (é neles que se encontra o DNA nucleolar). O nucléolo é um
corpúsculo produtor de rRNA, essencial aos ribossomas.
O corpúsculo de Barr é encontrado em indivíduos do sexo feminino (XX) e é visível nas células somáticas durante a
interfase. O corpúsculo de Barr corresponde a uma compensação natural para a dupla carga genética dos indivíduos femininos
da espécie humana. Um dos cromossomas X fica espiralizado, ou seja, inactivo, fazendo com que só um dos alelos X se
manifeste. Essa espirilização é aleatória nas células do organismo. Nos indivíduos masculinos da espécie humana (XY), não há
corpúsculo de Barr, pois manifesta‐se somente um cromossoma X, encontrando‐se activo e, consequentemente, não
espiralizado. A importância da cromatina sexual está no facto de, através dela, diferenciarmos as células masculinas das
femininas e também identificarmos a ocorrência de síndromes ou anomalias cromossómicas sexuais.
Como se pode fazer um cariótipo?
Colheita de sangue (células com núcleo);
Escolher células que entrem facilmente em divisão e que sejam de fácil acesso (glóbulos brancos, mais especificamente,
linfócitos);
Centrifugação para separação dos diversos constituintes do sangue;
Escolha dos linfócitos;
Estimulação (através da fitohemaglutina) para que se dê a sua multiplicação;
Vigiar as diferentes fases da mitose para que sejam obtidos os cromossomas;
Paragem da divisão no momento desejado (através da colchicina, que impede a formação dos microtúbulos que
constituem o fuso mitótico logo, este não se forma e a divisão pára).
Como obter o aspecto de cariótipo?
É necessário retirar os cromossomas do interior do núcleo, o que é feito através de uma solução hipotónica, o que leva à
lise celular (turgescência);
Fotografam‐se os cromossomas;
Recorte;
Organização por pares.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Construção primária – centrómero;
Construção secundária – organizador nucléolar dá origem a todos os RNAr menos RNAr 5S.
5,8S e 28S DNA nucleolar
5S DNA nuclear
Células cancerosas nucleo anormal; nucléolos diferentes; cromatina grosseira.
Células de Hela
560 mil proteínas para o núcleo por minuto.
2 anéis:
Citoplasmático;
Nucleoplasmático.
Octogonais constituídos por 8 unidades proteicas
Fibrilhas citoplasmáticas e nucleares.
Receptor:
2 sub‐unidades:
Importinas α e β
Complexo em relação ao RNA – associação RNA e proteínas (ribonucleoproteínas).
GTP – importante no transporte
DNA – responsáveis pelo armazenamento da informação genética.
Cromatina:
‐ DNA;
‐ Histonas;
‐ Proteínas não histónicas;
‐ Proteínas ácidas.
O núcleo pode localizar‐se em diferentes pontos, de diferentes formas e em diferente número.
Estrutura – colar de pérolas.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Replicação do DNA
Todas as células vivas provêm de outras preexistentes que, em cada divisão celular, transmitem o material genético às
células filhas, assegurando que as funções que executam serão perpetuadas na sua descendência. Na base deste princípio está a
capacidade do material genético se replicar no momento da divisão celular e assim poder ser transmitido à descendência. Todas
as células de um organismo necessitam de ter a mesma informação genética, diferindo, consoante a sua função, a nível
morfológico.
Para que esta capacidade do DNA seja compreendida, é necessário salientar que o DNA tem uma estrutura de hélice
dupla ‐ modelo proposto por Watson e Crick. Neste modelo, a molécula de DNA era constituída por uma dupla hélice
antiparalela formada por um esqueleto de grupos fosfato e açúcar (pentose) localizados na parte externa da molécula, estando
as duas cadeias ligadas entre si por pontes de hidrogénio estabelecidas entre bases azotadas complementares.
HIPÓTESES DE REPLICAÇÃO DO DNA
Antes da experimentação existiam 3 modelos hipotéticos para a
replicação do DNA:
hipótese semiconservativa: cada uma das cadeias parentais
serviria de molde para uma nova cadeia (síntese da cadeia filha a partir da
cadeia parental) e, consequentemente, cada uma das novas moléculas de
DNA seria formada por uma cadeia antiga (cadeia parental) e uma cadeia
nova.
hipótese conservativa: a molécula de DNA progenitora manter‐
se‐ia íntegra, servindo apenas de molde para a formação da molécula‐
filha, a qual seria formada por duas novas cadeias de nucleótidos. Esta
hipótese seria benéfica devido ao facto de uma das cadeias permanecer
sempre original, o que impedia a acumulação de mutações.
hipótese dispersiva: cada molécula‐filha seria formada por porções da molécula inicial e por regiões sintetizadas de
novo, a partir dos nucleótidos presentes na célula.
Meselson e Stahl comprovaram experimentalmente, em 1958, que o mecanismo de replicação de DNA era
semiconservativo. Assim, cada célula em divisão tem que copiar o seu DNA (o que ocorre na interfase do ciclo celular), através
deste processo, recebendo cada célula filha uma das cadeias parentais originais que vai servir de molde para a formação da
cadeia complementar, por emparelhamento das bases azotadas complementares (polimerização ordenada de nucleótidos).
* Experiência:
Meselson e Stahl utilizaram um isótopo pesado, o azoto 15 (15N), para marcar a molécula de DNA parental em baterias.
Estas era, inicialmente transferidas para um meio de cultura contendo unicamente este isótopo pesado como fonte de azoto,
de tal modo que após alguns ciclos de divisão a maioria das bactérias continha no seu genoma unicamente DNA marcado com
15
N ‐ geração zero (parental) da experiência. Nesta altura, as bactérias eram transferidas para um meio de cultura contendo
azoto leve (14N), aí permanecendo durante um ciclo de divisão – geração 1 – ou dois ciclos de divisão – geração 2.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Bactérias pertencentes aos três tipos de gerações eram recolhidas, o seu DNA extraído, a densidade deste analisada após
centrifugação em gradiente de cloreto de césio e os resultados obtidos para cada grupo comparados entre eles.
Verificou‐se que o DNA extraído das bactérias provenientes da geração 1 tinha uma densidade intermédia entre a da
geração 0 (só DNA pesado) e a banda mais leve da geração 2 (unicamente azoto leve), resultante do facto que as bactérias nesse
grupo continham uma molécula de DNA híbrida, com uma cadeia leve e outra pesada.
Esta experiência veio fornecer a necessária evidência experimental para a existência in vivo de um processo de replicação
semiconservativo e evidenciar a importância da dupla cadeia complementar no processo de replicação do DNA.
A purificação a partir de E. coli de uma enzima, denominada DNA polimerase, capaz de catalisar in vitro a reacção de
incorporação de nucleótidos numa cadeia de DNA, utilizando a sua cadeia complementar como modelo, trouxe um suporte
adicional à teoria da replicação semiconservativa do DNA e aos resultados de Meselson e Stahl.
As moléculas passam a ser mais leves. Caso o DNA se replicasse
pela hipótese dispersiva, ficariam no meio do tubo.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
MECANISMOS DE REPLICAÇÃO DO DNA
Neste mecanismo de replicação intervém um conjunto de factores proteicos que constituem a maquinaria de replicação e
que vão actuar ao longo das várias fases deste complexo processo.
A replicação tem origem numa zona denominada origem de replicação e cada região do DNA replicada a partir de uma
mesma origem forma um replicão. Na maioria dos genomas constituídos por uma cadeia de DNA circular, a replicação do
cromossoma inicia‐se numa única origem de replicação; em células eucariotas que possuem cromossomas lineares, a replicação
inicia‐se simultaneamente em várias origens de replicação – o DNA replica‐se em vários sítios, originando pedaços mais
pequenos e vários em simultâneo (replicação mais rápida). A replicação dá‐se nas duas direcções, ou seja, é bidireccional.
Apesar da existência de origens de replicação ser um facto confirmado, ainda não está completamente elucidado o modo
como são formadas ou reconhecidas pela maquinaria de replicação. É igualmente pouco conhecido o mecanismo pelo qual a
célula regula a sua replicação e, nomeadamente, de que maneira é assegurado que cada cromossoma seja replicado só uma vez
durante a fase S de cada ciclo celular.
* Velocidade de síntese:
Bactéria – 1000 pares de bases por segundo;
Humano – 100 pares de bases por segundo.
* Problema:
Genoma da bactéria contém 4,4 milhões de pares de bases 42 minutos para copiar (considerando uma só origem);
Genoma humano contém 3 x 109 pares de bases 8 horas.
Pressupõe a existência de 1000 origens de replicação. No entanto, resultados experimentais apontam para a
existência de 10.000 a 100.000 replicões, o que implicaria que muitas origens de replicação só estariam activas
durante uma fracção desse tempo.
A replicação do DNA ocorre nas forquilhas de replicação através da
DNA Polimerase.
ENZIMAS ENVOLVIDAS NA REPLICAÇÃO
O processo de replicação é complexo e envolve a formação de estruturas multiproteicas que se associam e dissociam, de
modo sequencial, à molécula do DNA no decorrer deste processo. A enzima chave é a DNA polimerase, que catalisa a
incorporação de desoxirribonucleósidos 5’‐trifosfato (dNTP) na cadeia nascente de DNA. A manutenção da hereditariedade
implica igualmente que a passagem da informação genética à descendência se faça sem erros, o que exige uma capacidade de
detecção e correcção da quase totalidade dos erros que possam ocorrer durante este processo por parte das enzimas
envolvidas. Este processo é complementado por mecanismos complexos de reparação que ocorrem após a replicação e ao
longo da vida da célula. A capacidade de identificar a origem de replicação e de replicar as extremidades dos cromossomas
lineares requer ainda a existência de sequências de DNA específicas e de complexos enzimáticos capazes de as reconhecer.
* DNA polimerase:
Descoberta em 1956 por Kornberg;
Em procariotas, em particular na bactéria E. coli existem 3 tipos de DNA polimerases – I, II e III. As polimerases I e III são
essenciais ao processo de replicação, e a polimerase II está relacionada com os processos de reparação;
Em eucariotas existem 5 tipos de DNA polimerases – α, β, γ, δ e ε. Com excepção da polimerase γ, localizada na
mitocôndria e responsável pela replicação daquele genoma, todas as outras polimerases estão localizadas no núcleo e
envolvidas na replicação e/ou reparação do genoma nuclear. Polimerases α, δ e ε são essencialmente activas em células em
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
divisão, o que sugere uma função directamente relacionada com a replicação. Pelo contrário, a polimerase β funciona quer as
células estejam ou não em divisão, compatível com uma função mais relacionada com a reparação do DNA.
Qualquer que seja a origem e tipo de polimerase, todas estas têm duas características fundamentais em comum:
1. Todas sintetizam DNA no sentido 5’ – 3’, só podendo adicionar um novo dNTP ao grupo 3’‐hidroxil (3’‐OH) localizado na
extremidade da cadeia em crescimento, o que obriga à existência de dois tipos de replicação:
‐ contínua: ocorre na cadeia avançada (leading strand), na qual o sentido de replicação de 5’ para 3’ coincide com a
direcção de crescimento da cadeia filha sintetizada de novo;
‐ descontínua: ocorre na cadeia atrasada (lagging strand), em que o sentido de replicação de 5’ para 3’ é contrário à
direcção de crescimento da cadeia filha em formação. Assim, pode dizer‐se que a replicação é semicontínua.
2. Nenhuma é capaz de iniciar a síntese de novo de uma cadeia de DNA, pois só podem adicionar um novo dNTP à
extremidade 3’ de uma sequência de nucleótidos (DNA ou RNA) em que estes já estão ligados por intermédio de ligações
hidrogénio às bases azotadas dos nucleótidos da sequência complementar (só conseguem sintetizar novos pedaços de DNA a
partir de alguns preexistentes – que tenham extremidade 5’). Esta característica implica a necessidade de formação de
oligonucleótidos de RNA (RNA polimerase) como sequências iniciadoras da cadeia filha. A primase é responsável pela
implantação destes fragmentos de RNA iniciador (3 a 10 bases) ‐ primers.
MECANISMO GERAL DE REPLICAÇÃO
De um modo geral, o processo de replicação inicia‐se a partir
de uma origem de replicação reconhecida por um complexo de
reconhecimento da origem (ORC, Origin Recognition Complex), que
após associação com outras proteínas vai localizar nesse local dois
complexos enzimáticos hexaméricos de tipo helicase que se vão
mover em direcções opostas na cadeia parental a partir da origem.
Estas enzimas desenrolam as duas cadeias que compõem a dupla
hélice, quebrando as ligações hidrogénio (pontes de hidrogénio)
estabelecidas entre as bases azotadas complementares de cada
cadeia. Às duas cadeias simples assim obtidas, associam‐se
proteínas multiméricas específicas que as vão manter numa
estrutura adequada ao seu reconhecimento pelo complexo DNA
polimerase, permitindo que possam servir de modelo à síntese das duas cadeias filhas que lhes serão complementares. Este
conjunto de proteínas e DNA, localizado na zona da origem de replicação, vai originar a constituição de uma dupla forquilha de
replicação (região do DNA onde ocorre a transição do DNA parental em cadeia dupla, para as novas cadeias duplas filhas), que se
estende em direcções opostas para os dois lados da origem no caso mais comum da replicação bidireccional.
De modo a iniciar a síntese de cada cadeia filha, e devido à impossibilidade de esta ser efectuada pelas DNA polimerases,
um novo complexo enzimático, denominado primase, irá sintetizar um fragmento de RNA, o fragmento iniciador ou RNA
iniciador, a partir da extremidade 5’ de cada uma das novas cadeias a sintetizar. Este fragmento iniciador tem como função
permitir a ligação à cadeia nascente das enzimas que constituem o complexo da DNA polimerase, para que este continue a
síntese da cadeia filha na direcção 5’ para 3’. No entanto, devido ao antiparalelismo da cadeia de DNA parental, das duas cadeias
filhas a sintetizar, só uma poderá ser feita de modo contínuo na direcção 5’ – 3’, a partir da região da cadeia parental
imediatamente adjacente à origem de replicação (cadeia avançada). A outra cadeia filha é sintetizada de forma descontínua
(cadeia atrasada), pois estará condicionada pelo facto da DNA polimerase ter uma única direcção de síntese (5’ para 3’). Assim,
esta cadeia atrasada irá ser sintetizada na direcção oposta ao avanço da forquilha de replicação, através da síntese e posterior
ligação de múltiplos segmentos de DNA, todos iniciados por um pequeno fragmento de RNA iniciador colocado pela primase.
Estes fragmentos de DNA contendo de forma temporária um RNA iniciador são denominados fragmentos de Okazaki. O
processo de junção de dois fragmentos de Okasaki implica a remoção do RNA iniciador existente no fragmento de Okazaki a
partir da sua extremidade 5’, por uma enzima de tipo RNAse com actividade exonucleásica 5’ – 3’. Ao mesmo tempo, para
preencher esse espaço, são adicionados novos nucleótidos na extremidade 3’ do fragmento de DNA que lhe fica adjacente,
com a ajuda de uma das DNA polimerases (delta) que constituem o complexo de replicação. Os dois fragmentos de DNA são
finalmente ligados um ao outro pela DNA ligase, que estabelece a ligação fosfodiester final entre o grupo 3’‐OH do último
nucleótido do primeiro fragmento de Okasaki e o alfa‐P da extremidade 5’ do fragmento adjacente que acabou de ser
sintetizado.
De modo a aliviar a tensão de torsão das cadeias durante o seu desenrolar pela helicase, enzimas de tipo topoisomerase
vão igualmente actuar neste processo. Estas enzimas associam‐se com a cadeia dupla parental a montante de cada uma das
helicases e removem a tensão provocada pela torção da cadeia dupla através de uma série de cortes pontuais nas ligações
fosfodiester, reformadas de seguida pela mesma enzima, que vão ocorrer durante o desenrolamento efectuado pela helicase.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Algumass proteínas que ajudam:
PCNA – P Proliferating CCell Nuclear An ntigen argo ola posta à volta do DNA coom a
ajudaa de RFC a DNA polimeraase liga‐se à aargola, o que iimpede que e esta “caia”;
Helicase –– abre as cadeeias requerr ATP;
RPA – Reeplication Protein A ligaa‐se ao DNA em
e cadeia sim
mples, impediindo
que sse ligue de no ovo;
Topoisom merases – impedem a acu umulação de torções na molécula
m de DNA;
D
perm mite que esta rode sobre si própria. Existtem 2 tipos: I e II. A primeira parte e vollta a
ligar uma cadeia aapenas; a segu unda parte a vvolta a ligar as duas cadeiaas.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
ESQUEMAS
A Helicase é a enzima responsável pela separação das cadeias
Este mecanismo ocorre na estrutura de dupla hélice do DNA.
complementares do DNA.
A Helicase desfaz a dupla hélice do DNA, quebrando as ligações de hidrogénio;
por isso, as cadeias separam‐se.
A primase é responsável pela implantação de fragmentos de RNA iniciador,
A enzima que se segue à helicase é a primase. Primers.
A DNA polimerase é a enzima que se encarrega da síntese de novas cadeias de
Numa das cadeias de DNA são sintetizados sucessivos primers; na cadeia
DNA. Para actuar, necessita da presença de primers.
complementar apenas é necessária a presença de um primer.
A DNA polimerase apenas sintetiza DNA no sentido 5’ – 3’. Na cadeia com
apenas um primer, a síntese é contínua. Na cadeia com sucessivos primers, a
síntese é descontínua.
As sequências de nucleótidos da cadeia que apresentam uma síntese
descontínua chamam‐se fragmentos de Okasaki. A RNAse remove os primers e a DNA polimerase preenche os espaços vazios.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
A DNA polimerase deixa lacunas entre os fragmentos de DNA que não é capaz A ligase é a enzima que estabelece ligações entre nucleótidos adjacentes,
de ligar. eliminando as lacunas deixadas pela DNA polimerase.
Esta replicação é semi‐conservativa, porque cada uma das novas moléculas de DNA conserva uma das cadeias nucleotídicas da molécula original.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Transcriçao e Regulação da Trancrição
FASES DA EXPRESSÃO GENÉTICA
Dogma central da biologia molecular: a informação genética é perpetuada através da replicação do DNA e é traduzida
através de dois processos: a transcrição que converte a informação do DNA numa cadeia de RNA e a tradução que converte a
informação contida no RNA em proteínas.
Excepção: retrovírus
TRANSCRIÇÃO E REGULAÇÃO DA TRANSCRIÇÃO
* Síntese de RNA;
* Transcrição e regulação em procariotas;
* Transcrição e regulação em eucariotas;
* Importância biológica da transcrição.
SÍNTESE DE RNA
RNA cadeia única produzida através de uma das cadeias de DNA, no sentido 5’ – 3’. A cadeia que
lhe dá origem está no sentido contrário (3’ – 5’).
Constituído por:
‐ Grupo fosfato;
‐ Pentose ribose;
‐ Bases azotadas adenina – uracilo; guanina – citosina.
Entre cada nucleótido formam‐se ligações covalentes (do tipo fosfodiéster), que se estabelecem
entre o grupo fosfato e os carbonos 3’ e 5’ das pentoses, mais especificamente, dá‐se a formação de ligações
fosfodiéster entre o resídio 3’OH da ribose de um nucleótido precursor e o grupo 5’ P α do nucleótido
seguinte.
A desoxirribose possui um grupo H, enquanto que
a ribose possui um grupo OH, o que torna a
molécula de RNA mais instável, ou seja, ficam mais
susceptíveis à acção das RNAses.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
5’ – AATTGGCCA – 3’ cadeia codificante
3’ – TTAACCGGT – 5’ cadeia molde
5’ – AAUUGGCCA – 3’ mRNA
RNA POLIMERASE
A RNA polimerase é a enzima que catalisa a síntese de RNA, no sentido 5’ ‐ 3’. Ao contrário da DNA polimerase, a RNA
polimerase não necessita de um primer para iniciar a síntese de RNA. Em vez disso, a transcrição inicia‐se de novo em locais
específicos, no início dos genes – os promotores. Os promotores correspondem a uma sequência de DNA, à qual a RNA
polimerase se liga para iniciar a transcrição de um gene.
TRANSCRIÇÃO EM PROCARIOTAS
* RNA polimerase bacteriana:
Nas células procariotas, a transcrição dos RNA celulares, quer sejam ribossomais, mensageiros, de transferência ou
outros, processa‐se sob catálise de uma única RNA polimerase. A RNA polimerase bacteriana apresenta uma estrutura
oligomérica, em que cada uma das subunidades constituintes confere propriedades bioquímicas específicas, inerentes à
complexidade da função desempenhada pela enzima.
A RNA polimerase em E. coli é um complexo enzimático formado por múltiplas cadeias polipeptídicas. Existem 4 tipos
diferentes de subunidades: α (reconhecimento e ligação aos promotores), β (fixação dos nucleósidos trifosfato da ribose,
precursores do RNA), β′ (determina a ligação do complexo enzimático ao DNA molde) e σ (reconhecimento da região promotora
de cada gene). Na enzima activa, estas subunidades encontram‐se organizadas num complexo constituído por 2 cadeias α, 1
cadeia β, 1 cadeia β′ e 1 cadeia σ. A enzima mínima ou core enzyme, de estrutura α2ββ’, tem a propriedade de catalisar a
elongação das cadeias de RNA, mas depende da subunidade σ para poder iniciar a transcrição. A iniciação da transcrição é
condicionada pela ligação do complexo aos sítios específicos do DNA (promotores), que correspondem ao início de cada gene. A
selecção destes locais é um elemento crucial da transcrição pois a síntese de RNA funcional precisa de ser iniciada no início do
gene. A subunidade σ é relativamente fraca e pode ser separada das outras subunidades, após a ligação. Esta subunidade não é
necessária para a actividade catalítica básica da enzima.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Sequência dos promotores de E. coli:
A região anterior (a montante) do local de iniciação da transcrição contém 2 grupos de sequências que são similares
numa grande variedade de genes. Estes elementos são constituídos por 6 pares de bases, com predomínio dos resíduos A e T, e
por isso foram designados TATA box (estes elementos promotores são também conhecidos por sequência de Pribnow). Estão
localizadas aproximadamente 10 e 35 pares de bases antes do local de início da transcrição. São chamados de ‐10 e ‐35
elementos, denotando a sua posição relativa a este local, que está definido na posição +1. As sequências nas posições ‐10 e ‐35
em diferentes promotores não são idênticas, mas são todas similares o suficiente para estabelecer os chamados consensus,
elementos canónicos ou elementos de consenso – as bases mais frequentemente encontradas em cada posição.
Existem promotores fortes e promotores fracos:
fortes: são mais eficazes pois permitem uma frequência elevada da transcrição do gene adjacente, e são constituídos
por sequências de estrutura muito próximas da dos elementos canónicos ou de consenso;
fracos: determinam a iniciação da transcrição de um gene a taxas muito inferiores, e apresentam substituições de
nucleótidos a nível das sequências localizadas a ‐10 e a ‐35.
* Elongação do RNA:
Na ausência do factor σ, a RNA polimerase liga‐se não especificamente ao DNA com pouca afinidade. O papel do factor é
conduzir a polimerase para os promotores. A ligação inicial entre a polimerase e o promotor é referida como closed‐promoter
complex, pois a dupla hélice encontra‐se fechada; depois de aberta, é denominada de open‐promoter complex. A transcrição
inicia‐se com a junção de dois nucleósidos trifosfato livres (NTPs).
O complexo binário constituído pela RNA polimerase ligada ao promotor do gene converte‐se rapidamente, após a
formação da primeira ligação fosfodiéster, no complexo ternário DNA‐enzima‐cadeia nascente de RNA. Após a adição de cerca
dos 10 primeiros nucleótidos, o factor σ solta‐se da polimerase. A libertação deste factor faz diminuir a estabilidade do complexo
de iniciação, ao mesmo tempo que permite o deslizamento da enzima mínima sobre a cadeia molde do DNA, de modo a
continuar a elongação da cadeia crescente de RNA. Conforme se desloca, a polimerase desenrola a dupla hélice de DNA
(através de um mecanismo em que a região aberta da dupla hélice acompanha esta deslocação).
Durante este processo, e enzima ocupa um segmento de cerca de 70 pares de bases de DNA, mas apenas numa extensão
de 17 pares de bases se dá a desnaturação pontual da hélice (região aberta). Por outro lado, o híbrido correspondente ao
segmento da cadeia molde de DNA e ao RNA transcrito tem apenas existência transitória, sendo limitado apenas a uma extensão
de cerca de 12 pares de bases. Após a passagem da enzima, a cadeia de RNA nascente é destacada da sua ligação à cadeia
molde, dando lugar à imediata reconstituição da dupla hélice do DNA, na sua forma mais nativa.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Factor sigma associa‐se à core enzyme para formar a
holoenzima.
Closed complex
Desnaturação pontual do DNA – open complex.
O factor sigma é libertado e a RNA polimerase liberta‐se
do promotor.
Transcription bubble:
RNA polimerase;
Segmento do DNA que contém a pequena
região em que a dupla hélice se encontra
desnaturada;
Cadeia crescente de RNA.
* Terminação da transcrição:
A síntese de RNA continua até a polimerase encontrar um sinal de terminação,
no qual a transcrição pára, a cadeia de RNA é libertada da polimerase, e a RNA
polimerase se dissocia da cadeia de DNA. O tipo de sinal de terminação mais simples e
mais comum em E. coli consiste numa sequência de nucleótidos que se encontra numa
das cadeias do DNA, e que aparece repetida em posição invertida na região
imediatamente adjacente da cadeia complementar. Estas regiões são ricas em G e C, e
são seguidas por 4 ou mais resíduos de A e T. A transcrição desta zona dá origem a um
segmento de RNA que forma uma estrutura estável em forma de loop (gancho),
resultante do emparelhamento das bases complementares. Esta estrutura provoca a
libertação do RNA (e da RNA polimerase) da cadeia de DNA molde terminando assim a
transcrição.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Regulação da transcrição:
Z β‐galactosidase metaboliza a lactose;
Y permease transporta a lactose para a
célula;
A transacetilase inactiva tiogalactósidos
tóxicos que são transportados para a célula
juntamente com a lactose por acção da permease.
A transcrição do operão é controlada pelo operador (o) ‐ sequência de DNA que controla o acesso da RNA polimerase ao
promotor e que permite activar ou desactivar a transcrição de todos os genes estruturais ‐, que é adjacente ao local de iniciação
da transcrição. O gene i codifica uma proteína que regula a transcrição ligando‐se ao operador – o repressor. Trata‐se de uma
proteína alostérica com duas formas, uma activa e uma inactiva. É específico, reconhece e liga‐se apenas ao operador de um
determinado operão, impedindo a transcrição (quando ligado).
Presença de lactose:
Quando existe lactose no meio, esta molécula liga‐se ao repressor, altera a sua conformação de tal forma que este se
torna inactivo, desligando‐se do operador. Assim, o operador fica livre, permitindo que os genes estruturais sejam transcritos e,
posteriormente, traduzidos, formando‐se as enzimas necessárias ao metabolismo da lactose.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
A lactose funciona como indutor, pois a sua presença permite activar o operão. Por este facto, o operão da lactose é, por
vezes, designado operão indutível.
Ausência de lactose:
Quando a concentração de lactose começa a baixar drasticamente, devido à acção catalítica das enzimas, a lactose
desliga‐se do repressor, que, ao voltar a ficar activo, liga‐se ao operador, bloqueando a transcrição do operão. Assim, garante‐se
uma poupança de recursos devido aos fenómenos de autorregulação descritos.
Quando não há lactose, a RNA polimerase não consegue ligar‐se ao promotor (devido à presença da proteína repressora,
que se liga ao operador), não há transcrição, não há mRNA, pelo que não há produção das enzimas envolvidas no metabolismo
da lactose.
No entanto, existe um outro tipo de operões, chamados operões repressíveis, e que estão, normalmente, associados ao
controlo de genes envolvidos no anabolismo de substâncias essenciais à célula, como, por exemplo, os aminoácidos. O operão
do triptofano (ou operão trp) constitui um exemplo de um operão repressível (para produzir o triptofano são necessárias
enzimas).
O operão do triptofano é formado por cinco genes
estruturais que codificam as enzimas necessárias à síntese do
aminoácido triptofano, associados a um promotor e a um
operador. À semelhança do operão da lactose, também existe um
gene mais distante que codifica um repressor. Contudo, ao
contrário do repressor do operão lactose, esta proteína
repressora quando é produzida apresenta‐se sob a forma inactiva,
não podendo, assim, ligar‐se ao operador do operão do
triptofano. Esta situação verifica‐se quando os níveis
intracelulares de triptofano são baixos e, assim, as enzimas
necessárias à síntese deste aminoácido são produzidas,
conduzindo a um aumento da concentração de triptofano.
Quando a concentração deste aminoácido começa a atingir
níveis elevados, algumas moléculas de triptofano ligam‐se ao
repressor, modificando a sua conformação e tornando‐o activo
(diz‐se, por isso, que o triptofano funciona como um co‐
repressor). Desta forma, o repressor liga‐se ao operador,
bloqueando a transcrição dos genes estruturais do operão).
Nas situações anteriores, cada tipo de operão (lactose ou triptofano) é controlado por um regulador diferente. Contudo,
existem situações em que um grupo de operões é controlado por um único tipo de regulador. Esse grupo de operões toma a
designação de regulão.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
A existência deste regulão permite controlar, simultaneamente, um conjunto de operões envolvidos no catabolismo de
glícidos. Ao activar estes operões com o mesmo regulador obtém‐se uma eficiente conversão de diferentes glícidos em glicose,
permitindo satisfazer mais depressa as necessidades da célula deste nutriente.
Existem muitos outros conjuntos de genes bacterianos que constituem regulões e que cuja activação ou repressão resulta
de alterações ambientais, tais como variações bruscas de temperatura, alterações da quantidade de água, de oxigénio ou de
outras substâncias presentes no meio. Desta forma, é possível responder de forma rápida e eficiente às modificações
ambientais.
Regulação em procariontes
Regulação negativa: Operão indutível:
O operão é bloqueado pela forma activa O repressor é sintetizado na forma activa e liga‐se ao operador, bloqueando a transcrição dos
do repressor. genes estruturais. Um indutor inactiva o repressor e induz a transcrição dos genes.
A ligação do repressor activo ao operador Processo de regulação característico de vias catabólicas. Genes que codificam enzimas são apenas
impede a ligação da RNA polimerase ao transcritos se o substrato estiver presente.
promotor e inibe a transcrição. Ex.: Operão lac em E. coli.
Um conjunto de operões relacionados funcionalmente constitui um regulão.
Operão repressível:
O repressor é sintetizado na forma inactiva, com pouca afinidade para o operador, o que permite a
transcrição dos genes estruturais. O produto final da via metabólica funciona como co‐repressor e,
quando a sua quantidade aumenta, liga‐se ao repressor e activa‐o. O repressor activo liga‐se ao
operador e bloqueia a transcrição. Quando a quantidade do produto final diminui, a trascrição é
retomada.
Processo de regulação característico de vias anabólicas que sintetizam produtos essenciais a partir
de precursores. A suspensão da transcrição de genes que codificam um produto presente no meio
em quantidade suficiente permite poupar recursos e energia.
Ex.: Operção trp em E. coli.
Regulação positiva: O regulão é activado pela ligação de uma molécula específica. Na sua forma activa, liga‐se a um
Uma proteína reguladora estimula local a montante do promotor, facilitando o acesso da RNA polimerase ao promotor e induzindo a
directamente a expressão dos genes transcrição.
Uma mesma proteína reguladora actua em diferentes operões.
TRANSCRIÇÃO EM EUCARIOTAS
* RNA polimerase em eucariotas:
Ao contrário da situação verificada nos procariotas, as células eucariotas são dotadas de várias RNA polimerases, que
apresentam características diferentes relativamente à localização intracelular, estrutura da enzima activa, e natureza dos genes,
transcritos em cada tipo de RNA.
Nos núcleos das células eucariotas, encontram‐se 3 tipos de RNA polimerases DNA dependentes:
RNA polimerase I responsável pela síntese de cerca de 80% da
totalidade do RNA celular, localiza‐se no nucleólo, transcrevendo os genes
dos RNA ribossomais, que conduzem à produção dos rRNA 18S, 5,8S e 28S;
RNA polimerase II responsável pela síntese de cerca de 2% do
RNA celular, localiza‐se no nucleoplasma, e catalisa a síntese dos produtos
primários precursores dos RNA mensageiros, que dão origem ao hnRNA
nuclear (heterogeneous nuclear RNA);
RNA polimerase III responsável pela síntese de cerca de 20% dos
RNA celulares, está igualmente localizada no nucleoplasma, e catalisa a
síntese dos RNA de transferência e outros pequenos RNA, que incluem o
rRNA 5S, o snRNA (small nuclear RNA) e o snoRNA (small nucleolar RNA).
Todos os tipos de RNA polimerases são enzimas complexas, constituídas por 8 a 14 subunidades diferentes cada. Embora
elas reconheçam diferentes promotores e transcrevam diferentes classes de genes, elas partilham muitas características
comuns. As duas subunidades maiores das 3 RNA polimerases eucariotas estão relacionadas com as subunidades β e β′ da RNA
polimerase bacteriana. Para além disso, 5 subunidades são comuns às três RNA polimerases. Estas enzimas partilham também
propriedades funcionais, incluindo a necessidade de interagir com outras proteínas para iniciar a transcrição.
Qualquer das 3 RNA polimerases eucariotas, tal como a core enzyme da polimerase bacteriana, são destituídas da
capacidade de, por si só, iniciarem a transcrição dos genes de forma específica. Para que actuem, é indispensável a participação
de factores proteicos, os trans‐acting factors, que interagem através da ligação a elementos estruturais do DNA das regiões
promotoras de cada gene, designadas cis‐elements, ou elementos reguladores. Estes factores de transcrição ligam‐se ao DNA e
associam‐se directa ou indirectamente às polimerases, condicionando assim a respectiva actividade.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Promotores eucariotas:
Como a RNA polimerase II é responsável pela síntese do mRNA, a partir dos
genes codificadores de proteínas, é a enzima mais estudada relativamente à
transcrição nos eucariotas.
Existem proteínas específicas – factores de transcrição ou transcription factors
(TF) – que são indispensáveis para que a RNA polimerase II inicie a transcrição. De
entre os elementos promotores da transcrição pela RNA polimerase II, distinguem‐se,
pela elevada frequência com que se encontra, a designada TATA box, situada
frequentemente na posição ‐25 dos genes, a CAAT box e a GC box.
O primeiro passo para a formação do complexo de transcrição é o
reconhecimento e a ligação de um factor de transcrição geral – TFIID – à TATA box.
Este factor é composto por múltiplas subunidades, incluindo a TATA‐binding protein
(TBP), que se liga especificamente à sequência consensus TATAA, e por outros 10‐12
polipéptidos, chamados TBP‐associated factors (TAFs). De seguida, a TBP liga‐se a um
segundo factor de transcrição (TFIIB), formando um o complexo TBP‐TFIIB no
promotor. TFIIB serve de ponte para a RNA polimerase, que se liga ao complexo TBP‐
TFIIB, em associação com um terceiro factor, TFIIF.
Após a ligação da RNA polimerase II ao promotor, são ainda necessários mais
dois factores adicionais – TFIIE e TFIIH – para que se inicie a transcrição.
Existe um outro tipo de elementos cis, reguladores positivos da actividade dos
genes, os enhancers, que se localizam muitas vezes a milhares de pares de bases a
montante, a jusante, ou por vezes mesmo no interior do gene transcrito.
Os elementos cis são, em todos os casos, reconhecidos por factores de transcrição (TF), constituídos por proteínas cuja
ligação ao DNA condiciona a formação do complexo de iniciação da transcrição. Existem diferentes tipos de factores implicados
na regulação da transcrição de alguns genes cuja expressão pode ser mais ou menos específica do tecido ou do estado de
desenvolvimento ontológico. Outros participam de forma ubíqua (omnipresente), na transcrição dos genes em geral.
A RNA polimerase II tem a capacidade de se associar com
alguns TF antes de se ligar ao DNA. Em particular, já
foram detectados experimentalmente complexos de RNA
polimerase II com TFIIB, TFIIE, TFIIF, TFIIH, e outras
proteínas reguladoras da transcrição. Estes grandes
complexos, chamados holoenzimas polimerase II, podem
ligar‐se a um promotor por directa interacção com TFIID
(TBP + TAFs).
A RNA pol. II possui ainda uma cauda CTD, que é
fosforilada durante o processo de transcrição (pela
actividade cinásica do TFIIH promover a ligação dos
factores de elongação e processamento. Este processo
parece ser necessário para libertar a RNA polimerase II e
iniciar a transcrição.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Os factores basais são necessários ao início da transcrição em todos os promotores.
Formam um complexo com a RNA polimerase em torno do início da transcrição. No
entanto, sem a actuação de um enhancer, o nível de transcrição é baixo.
A adição de um enhancer estimula a transcrição, esteja ele imediatamente antes do
promotor (B), bastante antes do local de início da transcrição ou bastante depois (C e
D), e mesmo em sentido contrário (E).
* Regulação da transcrição:
A expressão dos genes eucarióticos é controlada, primeiramente, ao nível da iniciação da transcrição, embora, em alguns
casos, a transcrição possa ser atenuada e regulada nos passos seguintes. Como nas bactérias, a transcrição nas células
eucarióticas é controlada por proteínas que se ligam a sequências reguladoras específicas e que modulam a actividade da RNA
polimerase. A regulação da expressão génica em muitos tipos de células diferenciadas de organismos multicelulares é bem
sucedida pela acção combinada de múltiplas e diferentes proteínas reguladoras da transcrição. Para além disso, o
empacotamento do DNA em cromatina e a sua modificação por metilação tornam maior o nível de complexidade do controlo da
expressão génica em eucariótas.
Promotores e Enhancers:
Os genes transcritos pela RNA pol. II têm 2 elementos promotores
principais: a TATA box e a Inr sequence. Outros elementos cis servem de binding
sites para uma grande variedade de factores reguladores que controlam a
expressão de genes individuais. Estão frequentemente, mas não sempre,
localizados antes da TATA box: CAAT box e GC box (GGGCGG).
Muitas células são controladas por sequências reguladoras que estão
localizadas muito longe (às vezes mais de 10 kilobases) do local de início da
transcrição. Estas sequências são denominadas de enhancers e funcionam como
os promotores: através da ligação de factores de transcrição que depois regulam a RNA polimerase. Isto é possível devido ao
looping do DNA, que permite que um factor de transcrição ligado a um enhancer distante interaja com a RNA polimerase ou
outros factores de transcrição no promotor. Estes factores de transcrição mais distantes podem funcionar pelos mesmos
mecanismos que os que se encontram junto dos promotores.
Um importante aspecto dos enhancers é que normalmente contêm múltiplos elementos de sequência funcional que se
ligam a diferentes proteínas reguladoras da transcrição. Estas proteínas trabalham juntas de modo a regular a expressão génica.
Por exemplo, o enhancer da cadeia pesada da imunoglobulina abrange aproximadamente 200 pares de bases e contém, pelo
menos, 9 elementos sequenciais que servem de binding‐sites para as proteínas. Uma mutação de alguma destas sequências
reduz mas não extingue a actividade do enhancer, indicando que as funções das proteínas individuais que se ligam a ele são,
pelo menos em parte, redundantes.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Proteínas reguladoras da transcrição:
O isolamento de uma grande variedade de proteínas reguladoras da transcrição baseou‐se na sua ligação específica ao
promotor ou a enhancers. As proteínas ligadas a estas sequências de DNA são comummente analisadas por 2 tipos de
experiências: footprinting e electrophoretic‐mobility shift assay. Nesta segunda técnica as proteínas são detectadas através de
uma redução na mobilidade electroforética do fragmento de DNA, pois a sua migração no gel é atrasada pela proteína que se
encontra ligada. A combinação das duas técnicas anteriormente mencionadas levou à correlação dos protein‐binding sites com
os elementos reguladores dos enhancers e promotores, indicando que estas sequências geralmente constituem locais de
reconhecimento de DNA‐binding proteins.
As proteínas mais estudadas são os activadores (transcriptional activators),
que se ligam a sequências de DNA reguladoras e estimulam a transcrição. Uma
região da proteína liga‐se especificamente ao DNA (DNA‐binding domain); a outra
activa a transcrição interagindo com outros componentes da maquinaria de
transcrição (activation domain).
DNA‐binding Domains (DBD) ou Domínios de ligação ao DNA:
Muitos factores de transcrição diferentes foram já identificados em células eucarióticas. A caracterização molecular
revelou que os DNA‐binding domains de muitas destas proteínas estão relacionadas uns com os outros.
‐ Zinc finger: constituído por uma cadeia peptídica de 12 a 14 aminoácidos dobrada sobre si mesma (loop), numa
estrutura que é determinada pelas ligações coordenadas que se estabelecem entre um átomo de zinco e os pares cisteína ou
histidina existentes a espaços regulares, na cadeia peptídica;
‐ Helix‐turn‐helix (hélice‐dobra‐hélice): estas proteínas incluem as proteínas que desempenham um papel importante na
regulação da expressão génica no desenvolvimento embrionário.
Compõe‐se de uma sequência peptídica de estrutura em hélice α,
que encaixa no sulco maior do DNA, e por uma segunda hélice que
se posiciona acima, em posição transversal, estabilizando a
interacção da proteína com o DNA;
‐ Leucine zipper (zipper de leucina): este motivo é constituído
por um segmento rico em aminoácidos básicos dotados de carga
positiva, lisina e arginina, seguido de uma região em hélice α, que
comporta 4 ou 5 resíduos de leucina, separados entre si por 6 outros
aminoácidos. Esta periodicidade da presença de uma leucina, de 7
em 7 aminoácidos, determina que as cadeias laterais hidrofóbicas de
todos os resíduos das leucinas apareçam posicionadas na mesma
face da hélice α. Desta forma, duas moléculas com esta mesma
estrutura podem associar‐se através destas hélices por
interdigitação das cadeias laterais portadoras das leucinas. A interacção estabelecida é estabilizada pelas ligações hidrofóbicas
entre resíduos da leucina das duas cadeias.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Repressores:
Os repressores ligam‐se a sequências de DNA específicas e desactivam a
transcrição. Por vezes, os repressores eucarióticos simplesmente interferem com a
ligação de outros factores de transcrição. Por exemplo, a ligação de um repressor
perto do local de início da transcrição pode bloquear a interacção da RNA polimerase
ou de outros factores de transcrição com o promotor. Outros repressores competem
com os activadores pela ligação a uma sequência específica de DNA (A). Visto o
repressor e o activador terem a o mesmo DNA‐binding domain, se o repressor se
ligar antes do activador, a transcrição não se dá.
Em contraste com os repressores que apenas interferem com o local de
ligação do activador, muitos repressores (chamados repressores activos) contêm
domínios funcionais específicos que inibem a transcrição via interacções proteína‐
proteína (B).
* Estado da cromatina:
A compactação do DNA condiciona a transcrição (quanto mais compacta a cromatina, mais dificilmente se dá a
transcrição). O empacotamento do DNA em cromatina tem importantes consequências em termos da sua disponibilidade para a
transcrição. Assim, a estrutura da cromatina é um aspecto fulcral da expressão génica em células eucarióticas. De facto, tanto os
activadores como os repressores regulam a transcrição em eucariotas, não apenas interagindo com os factores de transcrição e
outros componentes da maquinaria envolvida na transcrição, mas também induzindo modificações na estrutura da cromatina.
A relação entre a estrutura da cromatina e a transcrição é evidente em vários níveis. Primeiro, os genes transcritos mais
activamente encontram‐se na cromatina descondensada. No entanto, a descondensação da cromatina por si só não é suficiente
para tornar o DNA acessível para a transcrição. Mesmo na cromatina descondensada, os genes transcritos mais activamente
permanecem ligados a histonas e empacotados em nucleossomas, e assim os factores de transcrição e a RNA polimerase ainda
encaram o problema de interagir com a cromatina em vez de DNA “nu”. O apertado enrolamento do DNA em torno do
nucleossoma é um obstáculo à transcrição, afectando tanto ligação dos factores de transcrição ao DNA e a capacidade de a RNA
polimerase transcrever através da cromatina. Este efeito inibitório dos nucleossomas é aliviado pela acetilação das histonas e
pela ligação de 2 proteínas não histónicas (HMG‐14 e 17) aos nucleossomas dos genes activamente transcritos. Proteínas
adicionais chamadas de factores de remodelação do nucleossoma facilitam a ligação dos factores de transcrição à cromatina,
alterando a estrutura nucleossómica.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Existem moléculas de RNA com função reguladora – não codificante ‐, podendo ligar‐se ao DNA e inactivar a transcrição
dos genes. Num dos cromossomas X da mulher, existe uma molécula que se liga ao DNA, não permitindo a transcrição. Regiões
dos dois cromossomas encontram‐se desactivas e activas, de modo a que haja no indivíduo, informação genética
correspondente a um só cromossoma.
* Importância da regulação:
Desenvolvimento embrionário: a expressão anómala de um gene é capaz de originar fenótipos aberrantes;
Diferenciação celular.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Processamento do RNA
FASES DA TRADUÇÃO
* Transcrição (pela RNA polimerase);
* Processamento do mRNA (maturação):
5’ capping:
Após a sua síntese, a extremidade 5’ do mRNA é imediatamente bloqueada pela fixação ao nucleótido 5’
terminal da molécula, de um resíduo guanílico em posição invertida. O capping ocorre ainda durante a fase de
elongação das cadeias de RNA nascente. Esta estrutura, designada cap, é formada por adição do resíduo G
proveniente do dador GTP (guanosina trifosfato), formando uma ligação de tipo pouco comum, 5’‐5’ trifosfato,
com o nucleósido trifosfato púrico terminal da cadeia transcrita. Esta reacção é catalizada pela guaniltransferase,
enzima nuclear, e resulta na formação de uma ligação 5’‐5’ trifosfato entre o primeiro nucleótido do RNA nascente
e o resíduo guanílico que é adicionado. Este processo impede a degradação do mRNA e respectivos precursores
intranucleares pelas fosfatases ou pelas exonucleases, dá estabilidade à molécula de DNA que está a ser transcrita
e alinha o mRNA com o ribossoma de modo a permitir a tradução (estímulo da tradução) – intervém activamente
na formação do complexo de iniciação da tradução.
A extremidade 5’ cap do mRNA é por vezes ainda sujeita a modificações através de várias reacções de
metilação catalisadas pela guanina‐7‐metiltransferase, enzima presente nas células eucarióticas, que transfere um
grupo metil (fornecido pela S‐adenosil‐metionina), para a posição 7 do resíduo guanílico, previamente adicionado
por capping. Seguidamente, excepto em alguns eucariotas unicelulares, a ribose de nucleótido +1 transcrito, que
ocupava o primeiro lugar na cadeia de RNA nascente antes da adição da estrutura cap, sofre metilação na posição
2’. Alguns mRNA são ainda metilados na posição 6 do resíduo da adenina, e a nível da ribose do nucleótido
seguinte.
Formação da cauda poli‐A:
A extremidade 3’ da maioria dos mRNA
eucarióticos é definida não pela terminação da
transcrição, mas pela clivagem da molécula precursora do
mRNA nesta extremidade, sob a acção de uma
endonuclease que reconhece o sinal a montante do
ponto de clivagem, constituído pela sequência AAUAAA e
adição de uma cauda poli‐A na extremidade 3’ da
molécula – 200 a 300 resíduos adenílicos.
Splicing:
Remoção dos intrões.
* Exportação do mRNA para o citoplasma por proteínas que ajudam a passagem pelo poro nuclear (transporte activo);
* Tradução.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Splicing:
Nos eucariotas superiores, apenas uma muito pequena percentagem do DNA genómico tem expressão efectiva no
organismo. A maior parte do genoma é formado por sequências repetitivas de nucleótidos, que não são transcritas. Para além
disso, foi possível observar que não existe colinearidade gene‐proteina no caso da expressão genética nos eucariotas. Com
apenas algumas excepções, a maior parte dos genes que codificam para as proteínas nos eucariotas superiores contém
sequências não codificantes, os intrões, intercalados nas sequências codificantes, os exões.
Existem na cadeia de pré‐mRNA:
sequências nucleotídicas de consenso que controlam o processamento nucleolítico dos produtos primários da
transcrição, ou precursores dos mRNA eucariotas – GU no início do intrão (5’ SS) e AG no final do intrão (3’ SS).
motivo nucleotídico no interior do intrão, situado a uma distância de 20‐50 nucleótidos da extremidade 3’, designado
sítio de ligação (branch point), que intervém na formação de uma ansa na cadeia do RNA transcrito, durante o processo de
maturação do mRNA.
O processo de eliminação dos intrões durante a maturação dos mRNA é designado splicing, e consiste na excisão‐
reparação das cadeias dos respectivos produtos primários da transcrição
1. Clivagem no 5’ SS e junção da extremidade 5’ com o resíduo adenílico existente no branch point (ligação 2’‐5’
fosfodiéster), formando‐se uma estrutura em forma de loop;
2. A ligação 3’‐5’ fosfodiéster preexistente entre os resíduos dos nucleótidos que definem a junção exão‐intrão é assim
cindida, ficando o exão com a extremidade 3’OH livre;
3. Clivagem no 3’ SS, ficando a extremidade 3’ do intrão liberta, podendo dar lugar à ligação entre os dois exões. Dá‐se,
assim, a excisão do intrão, que é depois degenerado.
A precisão e eficiência deste mecanismo de excisão reparação dos pré‐mensageiros dependem da presença das
sequências de consenso que delimitam cada intrão, assim como os que constituem o sítio de ligação ou fecho da ansa, formada
no interior do intrão.
O splicing ocorre em grandes complexos chamados spliceosoma,
compostos por proteínas e RNAs. Os componentes de RNA do spiceosoma são 5
tipos de snRNAs (small nuclear RNAs), chamados U1, U2, U4, U5 e U6. Os
snRNA são constituídos por menos de 300 nucleótidos, em cuja composição
predominam resíduos uridílicos. Encontram‐se associados a proteínas,
formando partículas chamadas snRNP, snurps ou small nuclear
ribonucleoprotein particles, às quais cabe um papel no processo de eliminação
dos intrões da cadeia de RNA do produto primário da transcrição. As proteínas
que participam no processo têm uma composição rica em serina e em arginina,
e são designadas por proteínas SR. Ligam‐se aos snRNA, e desempenham um
papel importante nas primeiras fases do splicing.
1. U1‐snRNP fixa‐se ao 5’SS do pré‐mRNA por complementaridade de
pares de bases entre a sequência consensus do 5’ splice site e a
extremidade 5’ do U1‐snRNA ;
2. O complexo U2‐snRNP fixa‐se ao branch point, por complementaridade entre a sequência de nucleótidos deste local
e o U2‐snRNA;
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
3. A ligação entre as proteínas U1 e U2 leva à aproximação das
extremidades 5’ e 3’ do intrão, facilitando a reacção que
permite a ligação entre os dois exões;
4. O complexo pré‐formado constituído por U4/U6 e U5 snRNPs
é incorporado no spliceosoma, ligando‐se o U5 a sequências
a montante do 5’SS. A reacção de splicing é acompanhada
por uma reorganização dos snRNAs;
5. U5 liga‐se ao 3’SS, dá‐se a excisão do intrão e a ligação dos
exões;
6. O intrão é degenerado.
Os snRNAs, para além de reconhecerem as sequências consensus
nos branch points e nos splice sites dos pré‐mRNAs, também catalisam a
reacção de splicing directamente. Alguns RNAs são capazes de fazer self‐
splicing, ou seja, eles conseguem catalisar a remoção dos seus próprios
intrões, na ausência de outras proteínas ou RNA factors.
Existem 2 grupos de intrões self‐splicing, que diferem na reacção
de remoção dos intrões:
grupo I o primeiro passo no splicing é a clivagem do 5’SS
devido a uma reacção com um cofactor de guanosina. O resultado é um
intermediário linear com uma G adicionado à extremidade 5’ do intrão;
grupo II o primeiro passo é a clivagem do 5’SS com uma A
dentro do intrão, formando um intermediário em forma de ansa.
Nos dois casos, o segundo passo é a clivagem do 3’SS e a ligação
dos exões.
Selecção do splice site:
Experimentalmente, os splice sites foram identificados através da comparação das sequências de muitos genes; observou‐
se que existia sempre, no meio das sequências, o par de bases GU no início do intrão e o par AG no final do intrão. Analisaram‐se
igualmente as bases existentes em torno dos intrões e verificou‐se que existem bases mais conservadas que outras. Quanto
maior a concentração de bases conservadas (bases de sinal mais forte), mais fortemente são reconhecidas pelas proteínas do
spliceosoma.
Doenças provocadas por mutações que alteram sinais de splicing:
Mutações nos intrões, mesmo que estes não façam parte da informação codificante do genoma, podem dar origem a
doenças graves.
Exemplos de mutações:
Substituição de uma base azotada: por este processo podem originar‐se, por exemplo, sequências semelhantes às que
codificam o final do splicing (AG). Quando as bases existentes nas redondezas são também semelhantes, isto pode levar à
incorporação de intrões na molécula de mRNA.
Delecção de uma base azotada: as bases azotadas são lidas 3 a 3; se o número de bases não for múltiplo de 3, ocorrem
erros no processamento do mRNA.
Introdução de base(s) azotada(s): pode dar origem à introdução de codões STOP prematuros.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
SPLICING ALTERNATIVO
A função central do splicing no processamento do pré‐mRNA abre a possibilidade de regulação da expressão génica
através do controlo da actividade da maquinaria de splicing. Para além disso, visto que a maioria dos pré‐mRNAs contêm
múltiplos intrões, podem ser produzidos diferentes mRNAs a partir do mesmo gene, através de diferentes combinações de 5’ e
3’ splice sites. A possibilidade de juntar exões em combinações variadas proporciona um novo meio de controlar a expressão
génica, gerando múltiplos mRNAs (e, por conseguinte, múltiplas proteínas) a partir do mesmo pré‐mRNA. Este processo,
designado splicing alternativo, ocorre frequentemente em genes de eucariotas complexos e proporciona um importante
mecanismo para a especificidade dos tecidos e desenvolvimento da regulação da expressão génica.
S. Cerevisiae
250 de 6000 genes possuem intrões;
3 codificam transcritos que sofrem splicing alternativo.
Homo sapiens
A maioria dos 25 000 genes possui intrões;
Mais de 70% dos genes sofrem splicing alternativo.
Um exemplo interessante de splicing alternativo é o caso de alguns
genes que codificam proteínas reguladoras da transcrição. Em muitos casos, o
splicing alternativo destes pré‐mRNAs dá origem a produtos com funções
bastante diferentes – nomeadamente, a capacidade de actuar como
activadores ou repressores da transcrição.
Devido ao facto de os padrões de splicing alternativo poderem variar
em diferentes tecidos, a regulação do splicing proporciona um importante meio de regulação da expressão génica da
especificidade dos tecidos. Apesar de o mecanismo pelo qual os splice sites correctos são seleccionados não ser conhecido,
muitos factores proteicos que contribuem para a selecção do splice site foram identificados e podem afectar o uso de splice sites
alternativos numa molécula de pré‐mRNA. Variações na expressão destes factores de splicing em diferentes tipos de células
podem resultar em diferentes tipos de tecidos de splicing alternativo, com isso contribuindo para a regulação da expressão
génica durante o desenvolvimento e a diferenciação.
REGULAÇÃO DO SPLICING
Existem factores que não fazem parte do spliceosoma que contribuem para a regulação deste processo.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Distrofia miotónica (DM):
Sintomas:
Hiperexcitabilidade do músculo esquelético (miotonia);
Resistência à insulina;
Defeitos na condição cardíaca;
Cataratas;
Disfunção do músculo liso;
Atrofia testicular;
Alterações neuropsiquiátricas.
Gene DMPK
(CTG)5‐35
5’ 3’
mRNA com expansão de CUG
Expressão aumentada de CUG‐BP
Pré‐mRNAs cujo splicing é alterado na DM:
Tropomina cardíaca;
Receptor de insulina;
Canal de cloro tipo 1 (específico do músculo esquelético).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
EDIÇÃO DO RNA
Este processo está relacionado com eventos que ocorrem no processamento do RNA (sem ser no splicing), que alteram as
sequências codificadoras de proteínas de alguns mRNAs.
Ocorre em:
mRNA mitocondrial de tripanossomas (1ª descoberta);
RNA mitocondrial e dos cloroplastos de plantas superiores;
mRNA nuclear de alguns genes de mamíferos.
A edição no mRNA nuclear de mamíferos, tal como nos RNAs de plantas superiores, envolve alterações de uma única base
como resultado de reacções de modificação de bases. Nas células de mamíferos, as reacções de edição incluem a desaminação
da citosina para uridina e da adenosina to inosina (desaminases).
Exemplo:
Apolipoproteína B (Apo‐B): proteína importante para o transporte dos lípidos no sangue que é sintetizada no fígado e no
intestino. A proteína que é sintetizada no intestino é mais pequena, resultado da substituição de uma citosina por um uracilo, o
que dá origem, neste caso, a um codão de finalização. Isto permite concluir que a desaminase só se encontra presenta no
intestino e não no fígado.
Genoma do HIV:
Possui 9 genes; um deles é o gene VIF (virian infectivity factor).
As células, quando atacadas pelo vírus HIV, produzem uma proteína capaz de editar o RNA do DNA viral – APOBEC36.
A proteína VIF detecta a APOBEC celular e conjuga‐a com ubiquitina, provocando a sua degradação.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Tradução
THE PLAYERS
mRNA resultante da transcrição;
tRNA; Existem reacções que requerem energia, que é
Ribossomas (rRNA); fornecida pela hidrólise de GTP ou ATP.
Factores proteicos.
Nos seres procariotas, o mRNA é procisterónico: uma só sequência de mRNA possui múltiplos start sites para a tradução
(várias proteínas).
Nos seres eucariotas, o mRNA possui apenas um start site para a tradução (uma só proteína).
Esta diferença entre os ribossomas procarióticos e
eucarióticos é importante: é possível destruir os
ribossomas menores, sem destruir os maiores
(antibióticos).
A sequência de aminoácidos de uma proteína é determinada pela sequência de bases do DNA correspondente.
Cada aminoácido é codificado por um tripleto designado codão.
O código genético é redundante/degenerado: existe mais do que um codão para codificar um aminoácido
(degenerescência do código genético) – à excepção da metionina e triptofano, todos os outros aminoácidos são codificados por
vários tripletos sinónimos.
O tripleto AUG tem dupla função:
codifica o aminoácido metionina;
constitui o codão de iniciação para a síntese proteica.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Os tripletos UAA, UGA e UAG são codões de finalização (marcam o final da síntese proteica) – não existem tRNAs com
anticodões complementares destes codões.
O terceiro nucleótido de cada codão é menos específico que os dois primeiros (exemplo: a prolina pode ser codificada
por qualquer um dos seguintes codões: CCU, CCC, CCA ou CCG) – uma mutação no terceiro nucleótido raramente leva a uma
alteração na estrutura primária da proteína.
O código genético não é ambíguo: um determinado codão não codifica mais que um aminoácido diferente.
Regra geral, o código genético é universal: um determinado codão tem o mesmo significado para a maioria dos
organismos. Presentemente conhecem‐se limites à universalidade do código genético. Há preferências na utilização dos codões
que variam consoante o tipo celular.
A informação contida numa sequência nucleotídica da cadeia de DNA correspondente à zona codificante para a
proteína é transmitida ao respectivo mRNA.
O mRNA não reconhece directamente nenhum aminoácido. A correspondência do codão do mRNA com o aminoácido
é mediada pela interacção do mRNA com um tRNA específico transportador do aminoácido codificado.
Cada tRNA contém uma sequência de 3 nucleótidos complementares ao codão do mRNA que se designa por
anticodão, e cada tRNA com anticodão diferente transporta um aminoácido específico. Deste modo, cada codão por intermédio
do anticodão codifica para o aminoácido respectivo.
ETAPAS DA SÍNTESE PROTEICA
* Activação do aminoácido;
* Iniciação;
* Elongação;
* Terminação e libertação;
* Enrolamento e processamento pós‐tradução.
A síntese de proteínas ocorre nos ribossomas. Estes organelos possuem 3 locais para a ligação do tRNA: P (peptidil), A
(aminoacil) e E (exit).
* Síntese de tRNA‐aminoacil/activação do aminoácido:
As moléculas de tRNA podem servir de transportadores de aminoácidos, estabelecendo uma
ligação covalente entre o grupo OH da ribose ligada à adenina na extremidade 3’ e o grupo carboxilo do
aminoácido a ser transportado. As aminoacil‐tRNA sintetases são responsáveis pela ligação do
aminoácido ao tRNA.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Na biossíntese de proteínas, a selecção do aminoácido depende da
interacção entre as bases do codão do mRNA e o anticodão do tRNA, não
havendo pois participação do grupo aminoacil. A interacção entre os tripletos
do mRNA e os tripletos complentares do tRNA segue na generalidade o
emparelhamento de bases normalizado para o DNA. Porém, a terceira posição
pode ter um emparelhamento diferente, estabelecendo uma
complementaridade desviada do padrão habitual – G pode emparelhar com C
ou U, U pode emparelhar com A ou G e I (inosina) pode emparelhar com U, C
ou A.
* Iniciação:
A síntese polipeptídica ocorre com adição sucessiva de aminoácidos
formando‐se a proteína no sentido do N‐terminal (terminal amina) para o C‐
terminal (terminal carboxilo). Esta ordem na formação da cadeia polipeptídica
corresponde a uma leitura do mRNA na direcção 5’ para 3’, ou seja, o primeiro
codão a ter correspondência ao aminoácido no N‐terminal situa‐se próximo da
extremidade 5’ do respectivo mRNA.
Procariotas:
O primeiro aminoácido a ser incorporado é a forma formilada da
metionina (f‐metionina) que é transportada por um tRNA diferente do tRNA que transporta, posteriormente, os resíduos de
metionina. A selecção do código AUG que inicia a tradução é feita pela presença de características adicionais na região 5’ do
mRNA.
Sequência de Shine‐Dangarno região rica em bases púricas constituída por 3 a 10 nucleótidos com uma sequência
complementar a uma sequência presente no rRNA 16S. Esta sequência localiza‐se a montante do codão de inciação. O
emparelhamento bases entre estas sequências do mRNA e do rRNA 16S permite ao ribossoma encontrar o codão AUG
responsável pelo início da tradução.
Eucariotas:
A tradução inicia‐se pela incorporação de metionina correspondente ao codão AUG, que participa na formação de um
complexo. De facto, nas células existe sempre uma pequena quantidade de ribossomas dissociados, o que permite a ligação de
factores de iniciação envolvidos na manutenção da dissociação das subunidades (designados por eIF3 e eIF1A). Uma vez
assegurada a dissociação das subunidades, ocorre a ligação do complexo ternário: eIF‐2+GTP+MET+tRNA à subunidade 40S
(este complexo forma‐se na ausência do mRNA).
A iniciação da tradução do mRNA requer a presença de um codão determinante que foi identificado como AUG e,
eventualmente GUG nalguns procariotas, codão este que codifica para a metionina. Várias evidências experimentais sugerem
que a selecção do primeiro codão AUG é mediada pela interacção entre a subunidade 40S e o factor eIF‐4F associado à
estrutura cap na extremidade 5’ do mRNA, de modo a que o primeiro AUG é posicionado no centro P para o início da s+síntese
polipeptídica (é feito um scanning de modo a encontrar o codão de iniciação). No entanto, a ausência de estrutura secundária do
mRNA pode influenciar a ligação dos factores eIF‐4A e eIF‐4B, assim como a presença de uma região não traduzida.
Uma vez correctamente posicionado o MET‐tRNA, a subunidade 60S associa‐se para formar o complexo 80S
concomitante com a dissociação do factor eIF2‐GDP.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
* Elongação:
A elongação corresponde à etapa da formação da cadeia peptídica, ou seja, a síntese da ligação peptídica entre
aminoácidos ordenados segundo a informação transmitida pelo mRNA. Este processo ocorre nos ribossomas em 3 fases de um
ciclo que se repete continuamente. Este ciclo, que permite a ligação de cerca de 40 resíduos por segundo, envolve a participação
de vários factores proteicos designados por factores de elongação EF.
Com o terminar da etapa de iniciação, as subunidades ribossomais voltam a estar ligadas, o que permite ocorrer o
emparelhamento de outro tRNA transportando o aminoácido correspondente ao segundo codão de leitura. Subsequentemente,
pode formar‐se a primeira ligação peptídica, ou seja, começa a elongação.
1. Um aminoacil‐tRNA é endereçado para o centro A num complexo que
envolve uma molécula de GTP associada ao factor de elongação (EF‐Tu
em procariotas e eEF‐1α em eucariotas) e, subsequentemente, dá‐se o
emparelhamento entre o codão do tRNA e o respectivo codão do
mRNA no centro A. Este emparelhamento de bases está associado com
a activação do domínio GTPase do factor de elongação e, com hidrólise
do GTP, é dissociado o aminoacil‐tRNA do complexo que ocupa o
centro A. O GDP dissociado do factor eEF‐1α/EF‐Tu é substituído
posteriormente por GTP;
2. Assim que o factor de elongação deixa o ribossoma, a ligação peptídica
pode ser formada entre o aminoacil‐tRNA do centro P (metionina) e o
segundo aminoacil‐tRNA no local A. Esta fase designada por
transpeptidação é catalisada pela enzima peptidil‐transferase que estabelece a ligação peptídica entre o grupo amina
do aminoácido do centro A e o grupo carboxilo do outro aminoácido.
3. Posteriormente ocorre a transferência do peptidil‐tRNA do centro A para o centro P
e a saída do tRNA do centro P. Esta deslocação é concomitante com o posicionamento do tRNA
que “perde” o aminoácido para o centro E. Esta etapa envolve a participação do factor de
elongação eEF‐2 (EF‐G nas bactérias) que se liga ao ribossoma juntamente com GTP, dissociando‐
se do ribossoma com hidrólise de TP, permitindo, deste modo, o reinício de um novo ciclo de
elongação.
* Terminação:
A elongação da cadeia polipeptídica continua até que um codão de terminação (UAA, UAG
ou UGA) é introduzido no local A do ribossoma. As células não contêm anticodões
complementares para estes sinais de terminação; em vez disso, possuem factores de dissociação
RF (release factors) que reconhecem os sinais e terminam a síntese proteica. As células
procariotas possuem 2 RFs que reconhecem o codões de terminação: RF‐1 reconhece UAA ou
UAG e RF‐2 reconhece UAA ou UGA. Em células eucariotas, um único RF (eRF‐1) reconhece os 3
codões de terminação. Tanto as células eucariotas como as procariotas contém factores de
dissociação (RF‐3 e eRF‐3, respectivamente) que não reconhecem codões de terminação
específicos, mas actuam conjuntamente com o factor RF‐1 (ou eRF‐1) e RF‐2 (RF‐3 liga‐se ao GTP
e estimula a ligação do RF‐1 e RF‐2 ao ribossoma). Os RF ligam‐se a um codão de terminação no
local A do ribossoma, e estimulam a hidrólise da ligação entre o tRNA e a cadeia polipeptídica no
local P, resultando na libertação do polipéptido completo do ribossoma. O tRNA é depois
libertado, e as subunidades dos ribossomas e a cadeia de mRNA dissociam‐se.
ALTERAÇÕES PÓS‐TRADUCIONAIS
Depois de sintetizadas, nem todas as proteínas apresentam actividade biológica, tendo,
ainda que sofrer algumas alterações designadas alterações pós‐traducionais (por ocorrerem após
a tradução), que normalmente ocorrem no retículo endoplasmático rugoso (RER) e no complexo
de Golgi. Após estes processos a proteína é transformada numa proteína funcional capaz de
desempenhar as suas funções, conferindo à célula que a produziu uma dada característica.
Exemplos: glicoproteínas e lipoproteínas.
Algumas proteínas são utilizadas na célula, enquanto que outras são exportadas para fora
do citoplasma.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Iniciação:
Ligação da extremidade 5’ do mRNA à subunidade menor do ribossoma
Deslizamento da subunidade menor do ribossoma ao longo da molécula
de mRNA até encontrar o codão de iniciação
Reconhecimento do codão AUG (codão de iniciação) do mRNA pelo
anticodão UAC do tRNA iniciador que transporta o aminoácido metionina
Ligação do tRNA que transporta o aminoácido metionina ao codão de
iniciação do mRNA, por complementaridade
Ligação da subunidade maior do ribossoma à subunidade menor –
ribossoma fica funcional
O tRNA iniciador ocupa o local P (local peptidil) do ribossoma, ficando
vago o local A (aminoacil)
AAlongamento:
Fixação de um novo tRNA (aminoacil tRNA) ao local A do ribossoma, por
emparelhamento do anticodão do tRNA com o codão do mRNA
Estabelece‐se uma ligação peptídica entre o aminoácido recém‐chegado
e a metionina
O dipéptido formado fica ligado ao tRNA que ocupa o local A
O tRNA iniciador, ao ficar livre do aminoácido que transportava, é
libertado para o citoplasma
Deslocamento do ribossoma ao longo de três bases (nucleótidos) do
mRNA no sentido 5’ – 3’, fazendo com que o tRNA a que se encontra ligado o
dipéptido passe do local A para o local P
O processo repete‐se ao longo do mRNA por ligação de um novo
aminoacil tRNA ao local A do ribossoma até este organito encontrar um dos
codões de terminação (UAA, UAG ou UGA)
F
Finalização:
O ribossoma encontra um codão de finalização (UAA, UAG ou UGA), a que
não corresponde nenhum tRNA, pois não possui anticodão complementar
O último tRNA abandona o ribossoma
Termina o processo da tradução e consequentemente a síntese da cadeia
polipeptídica
Separação das subunidades do ribossoma, que ficam livres para se ligarem
a uma nova molécula de mRNA e iniciarem todo o processo da tradução e
síntese de uma nova proteína
Libertação do péptido.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Tipos de Transporte Intracelular
TIPOS DE TRANSPORTE INTRACELULAR
* Gated transport (Ex.: transporte de proteínas e RNA através do complexo de poro associado ao núcleo celular);
* Transporte transmembranar (Ex.: importação de proteínas acabadas de sintetizar pelo retículo endoplasmático,
atravessando a respectiva membrana);
* Transporte vesicular transporte inter‐organelar (Ex.: forma principal de transporte entre os diferentes organelos,
através de vesículas ou vacúolos).
COMPLEXIDADE DO TRANSPORTE VESICULAR
Os organelos comunicam entre si, mas nem todos comunicam com todos.
Existem 2 grandes vias de comunicação inter‐organelar:
Via secretória: RE complexo de Golgi membrana plasmática;
Via endocítica: processo de entrada de substâncias nas células, através de vesículas que se formam por invaginação,
estrangulamento e fusão da membrana celular (membrana plasmática endossomas lisossomas).
O lúmen de cada compartimento é topologicamente equivalente ao exterior da célula e esses compartimentos estão todos em
constante comunicação.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
SÍNTESE PROTEICA NO RE – TRANSLOCAÇÃO ATRAVÉS DA MEMBRANA DO RE
Aproximadamente 1/3 das proteínas sintetizadas numa célula são translocadas através da membrana do RE. Estas
proteínas contêm um sinal de endereçamento no terminal amino constituído por uma sequência de aproximadamente 20
aminoácidos – 6 a 12 resíduos hidrofóbicos ladeados por sequências polares.
A síntese da maioria destas proteínas começa em ribossomas livres no citosol. Estas proteínas possuem a chamada signal
sequence, onde se liga a SRP – partícula reconhecedora do sinal (associação RNA + proteínas).
1. A SRP liga‐se ao sinal e à subunidade maior do ribossoma, o que leva à paragem da síntese proteica;
2. Subsequentemente, todo o complexo é direccionado para a membrana do RE;
3. A SRP liga‐se à proteína receptora do SRP (SR);
4. Dissociação do complexo SRP‐sequência sinal;
5. O signal sequence é inserido num canal membranar;
6. A síntese proteica recomeça concomitantemente com a translocação através da membrana, processo este mediado
por um complexo multiproteico denominado translocon do RE (poro da membrana) – o complexo sec61 é
responsável pelo estabelecimento do poro hidrofílico da membrana;
7. A cadeia polipeptídica atravessa o poro da membrana numa forma desenrolada, e à medida que emerge no lúmen da
membrana do RE, a sequência sinal é clivada pela peptidase do sinal e o enrolamento (folding) começa assistido por
chaperones.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
MODIFICAÇÕES PÓS‐TRANSLACIONAIS E CONTROLO DE QUALIDADE
As proteínas recém sintetizadas e translocadas podem ser submetidas a várias modificações:
proteólise;
enrolamento (folding) aquisição de estrutura proteica terciária e quaternária;
glicosilação as proteínas tornam‐se mais resistentes, uma vez que o meio extracelular é mais agressivo que o
intracelular – adquirem uma camada de glícidos que as tornam mais consistentes;
formação de pontes de dissulfureto;
oligomerização.
Embora exista no RE uma complexa maquinaria que eleva a eficiência de maturação das proteínas, nem todas acabam
por atingir a forma funcional. Proteínas mal enroladas (ou com outro tipo de malformação) são muitas vezes degradadas algum
tempo depois da sua síntese. Por um processo conhecido por “degradação de proteínas associada ao RE” (ERAD) – mecanismo
de controlo de qualidade ‐, as proteínas não activas são retranslocadas do RE de novo para o citosol, onde são degradadas pelo
proteossoma.
RECUPERAÇÃO DAS PROTEÍNAS RESIDENTES NO RE
Para manter compartimentos intactos, tem que haver um mecanismo de formação e outro de retorno: proteínas
residentes no RE têm que voltar. Isto acontece porque estão marcadas por uma sequência de aminoácidos chamada KDEL (4
aminoácidos – Lis‐Asp‐Glu‐Leu), no seu terminal carboxilo. Estas proteínas são exportadas do RE para o Golgi, através da via
secretória, mas são reconhecidas por um receptor no compartimento intermediário RE‐Golgi (ERGIC) ou no aparelho de Golgi, e
retornam selectivamente para o RE.
O tráfego de retorno tem duas funções principais: manter quantidades estáveis de membranas em cada compartimento e
recuperar proteínas do compartimento dador, que são necessárias para o seu normal funcionamento.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
MODELO DO COMPLEXO DE GOLGI
É muito compacto;
Tem uma estrutura muito própria e característica;
2 faces:
‐ uma que recebe proteínas do RE (cis);
‐ outra que exporta proteínas (trans);
Estas duas faces estão ligadas a compartimentos especiais – cis
Golgi network e trans Golgi network – que são compostos por uma rede de
estruturas tubulares em forma de cisternas.
À sua volta existem muitas estruturas;
Sobreposições de membrana – Golgi stacks – abundância de
membranas de vários tipos.
Cis Golgi Cisternas – membranas achatadas
TGN contendo enzimas (em direcção à
Vesícula de transporte membrana plasmática)
Trans Golgi network – selecção de membranas para: lisossomas,
membrana plasmática, vesículas de secreção (exocitose).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
1. Porção cis Golgi network voltada para o RER recebe vesículas;
2. Porção média entre cis e trans só processamento;
3. Porção trans Golgi network voltada para a membrana plasmática envia vesículas;
A comunicação entre compartimentos é feita por meio de vesículas de transferência.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
SELECÇÃO NO TGN
* Enzimas lisossomais:
Manose‐6‐fosfato (fosforilação pela fosfotransferase) resíduo de manose fosforilado na posição 6.
Faz como que uma assinatura nas proteínas – ligação ao receptor M6P. O transporte está dependente do receptor
(vesículas de transporte – lisossomas). A M6P retira as proteínas lisossomais do fluxo de proteínas em direcção à membrana
plasmática, conduzindo‐as aos lisossomas (pH mais baixo do que no complexo de Golgi) receptor M6P.
Lysosomal Storage Diseases
Disfunção lisossómica (atraso mental, ...) mutações em enzimas que sintetizam a Manose‐6‐Fosfato
Fosfotransferase incapacidade de realização de digestão intracelular, pois as proteínas seguem para a membrana plasmática
quantidades enormes de enzimas no sangue.
* Exocitose:
Saída de materiais contidos em vesículas ou vacúolos, através da fusão
das suas membranas com a membrana celular.
1. Secreção constitutiva secreção de vesículas que transportam
macromoléculas para o exterior da célula à medida que vão sendo fabricadas,
sem que sejam submetidas a um processo de concentração e
armazenamento no interior das células, e sem que a sua extrusão dependa de
um estímulo específico (dependente da síntese de proteínas ‐ quanto mais
intensa for a síntese, maior o fluxo de exportação);
2. Secreção regulada ou controlada os produtos que irão constituir
a secreção são, primeiro, concentrados em grãos envolvidos por uma
membrana que os separa do citosol, constituindo, assim, os chamados
vacúolos de secreção. Este processo permite às células secretoras armazenar
grandes quantidades de secreção que será, oportunamente, expelida para o
exterior, por acção de um estímulo adequado, ou seja, neste tipo de
exocitose, as proteínas são armazenadas em vesículas e posteriormente
secretadas quando existe um estímulo (Ex.: insulina).
ETAPAS DO TRANSPORTE VESICULAR
1. Cargo sorting e formação de vesículas (escolha do conteúdo a transportar e formação da vesícula de transporte);
Deformação da membrana para
Tudo o que existe
formar uma vesícula autónoma.
dentro das vesículas.
2. Movimento da vesícula (através do citosqueleto – utilização de microtúbulos e actina RAB GTPases – etapas 2 e 3
para trazer as vesículas para junto de determinados organelos); Regulam o transporte
3. Vesicle tethering/docking (reconhecimento/ligação à membrana aceptora); específico entre dois organelos
e têm um papel fundamental
4. Fusão da vesícula (libertação do conteúdo da vesícula, processo este que pode ser na fusão das membranas –
controlado ou não). proteínas SNARE (reconhecimento) vesícula + membrana
citoplasmática
Proteínas SNARE:
v‐snare vesículas;
t‐snare target (organelo com que se fundem).
Emparelham‐se 3 proteínas formação de 1 complexo muito estável, que permite a fusão membranar (liga as duas
membranas). Posteriormente é necessário um complexo para desenrolar a estrutura.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Endocitose
ENDOCITOSE
Processo p pelo qual as céélulas conseguem alimentaar‐se de mate erial exterior àà célula, ou seeja, é o proce esso de entrad da de
substâncias nas células, atravéés de vesículaas que se form
mam por invaaginação, estrrangulamento o e fusão da membrana
m ceelular.
Trataa‐se de um mo odo de comun nicação com o o exterior.
A entrada de substânciias através de vesículas é um processo o comum à generalidade
g das células eucarióticas
e e que
e
permmite, não só a entrada de líq quidos, mas taambém a de p partículas sólidas de dimennsões muito peequenas.
* Tipos de endocitose:
Em todos o os tipos de endocitose se veerifica a entraada, nas célulaas, de substân ncias, sólidas ou líquidas, através de vesíículas
de taamanho variad do, que se forrmam por invaaginação, estrrangulamento o e fusão da m
membrana celu ular.
‐ Tipo de mmaterial interioorizado;
‐ Mecanism mo de interiorrização;
‐ Ultraestruutura.
Fagocitosse partículaas sólidas de m maiores dimen nsões;
Pinocitosee partículas, fluidos, moléculas; endocitose de pequenas dimenssões
‐ meediada pela clatrina (≈ 120 nm);
‐ meediada pela claveolina (≈ 60 0 nm);
‐ ind
dependente d da clatrina ou claveolina (≈ 9 90 nm);
‐ micropinocitos
m se (endocitosse selectiva) líquido; dá origem a a vesículas m menores, visííveis somentte ao
microscópiio electrónico;
‐ maacropinocitosee ingestão de partículas de maiores d dimensões, po odendo ter tamanho semellhante à célula que
fagocita.
Na endocittose de fluidoos, as substânncias entram nas células incluídas
i na solução
s que ppreenche o espaço
e interno o das
vesícculas endocíticas. A ligação das substânccias endocitad das à membraana pode ser d de tipo electroostático – adssorção inespe ecífica
– ouu pode resultar de um processo
p de reconhecimeento específicco, envolvend do ligações ccovalentes en ntre as molééculas
endoocitadas e pro oteínas da mem mbrana celulaar – adsorção específica (exx.: endocitosee mediada porr receptores).
ENDOCITOSE ‐ DESTINO DO MATERIAL ENDOCITADO
Após a en
ndocitose, os componentees das vesícu ulas endocíticcas fundem‐sse no
endossomaa.
1. Reciclaagem;
2. Degrad dação:
3. Transccitose ou diaccitose – vesícculas contenddo marcador fundem‐se com c a
memb brana celularr na zona latero‐basal possibilitando, assim, a a sua
transfeerência para os espaços inntercelulares e para a regiião sub‐epitelial (o
materiial interiorizaddo por um lad do da célula aatravessam o citoplasma e saem
por exocitose do lad do oposto) só em célulass epiteliais.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
ENDOCITOSE MEDIADA PELA CLATRINA
1. Receptor membranar reconhece o seu ligando;
2. Agregação de receptores permite a invaginação da membrana; dá‐se uma acumulação de proteínas que forma o
chamado coated‐pit (camada espessa em torno da vesícula endocítica);
3. Formação de uma vesícula que se cinde da membrana, tornando‐se numa vesícula autónoma;
4. Perca do invólucro, formando uma non‐coated vesicle;
5. A vesícula funde‐se com o endossoma, onde o pH do lúmen é superior ao da superfície, o que causa a dissociação de
alguns complexos receptor‐ligando;
6. Dissociação da partícula;
7. Transporte do ligando para o lisossoma onde é degradado;
8. Receptor retorna à membrana.
ENDOCITOSE MEDIADA PELA CAVEOLINA
As cavéolas são pequenas invaginações em forma de frasco, com um diâmetro de 50‐100 nm, cuja membrana não
apresenta qualquer revestimento citoplásmico visível em microscopia electrónica convencional. A caveolina é uma proteína que,
em conjunto com o colesterol, desempenha um papel importante na constituição das cavéolas.
As cavéolas observam‐se, geralmente, associadas à membrana celular, isoladas ou em grupo, e, embora sejam mais
frequentes nos fibroblastos e nas células endoteliais, existem também noutro tipo de células. A função das cavéolas ainda não se
encontra totalmente esclarecida.
Serve várias funções:
Transcitose epitelial;
Sinalização
‐ Ras, EGF, trimeric G proteins, PDGF, NOS, PLD, Raf,
Mek, insulin;
‐ Supressão de tumors;
‐ Regulação/transporte de cálcio;
Regulação de lípidos (regulação/transporte de colesterol).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
FAGOCITOSE
Processo parecido com a endocitose. Quando a partícula se encontra dentro da célula passa a chamar‐se de endossoma,
sendo depois lançada no lisossoma.
CLATHRIN‐COATED VESICLES
Estrutura molecular dos coats:
Clatrina formada por 2 cadeias: uma leve e outra pesada, adquirindo uma estrutura de
um triskelion.
COP I;
COP II.
MECANISMOS DE VESICLE BUDDING
1. Coat assembly e cargo selection – receptor liga‐se ao seu ligando ligação das primeiras estruturas (as adaptinas são
responsáveis pelo transporte das clatrinas);
2. Deformação da membrana (bud formation);
3. Formação da vesícula;
4. Perca do invólucro (uncoating).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
A cisão da membrana é responsável pela dinamina (e proteínas associadas). Conforme a vesícula se forma, a dinamina
forma uma espiral em torno do “pescoço” da vesícula. Uma vez estando a espiral no seu local, estende‐se longitudinalmente e
forma uma constrição através da hidrólise do GTP. Este prolongamento e aperto da espiral em torno do pescoço coloca as duas
camadas lipídicas em contacto, fazendo com que a vesícula se solte da membrana (individualização da vesícula endocítica).
HIPERCOLESTEROLÉMIA FAMILIAR
Doença genética monogénica. Mutações no receptor de LDL, o que impede a sua ligação aos receptores. Deste modo, as
células são incapacitadas de retirar o colesterol do sangue, o que leva a uma grande concentração de colesterol.
As mutações
podem afectar:
Síntese;
Transporte;
Binding;
Clustering;
Reciclagem.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Sinalização Celular
Um organismo 100 triliões de células
Só é possível funcionar com coordenação; coordenação necessita de comunicação.
Conjunto de células ≠ tecido
Conjunto de células com um objectivo único tecido órgão organismo
COMUNICAÇÃO CELULAR
O ligante liga‐se ao receptor da célula‐alvo
leva a informação efectua a informação
A troca de informações entre células ocorre por meio de sinais químicos que percorrem distâncias diversas entre a célula
emissora e a célula receptora do sinal.
Sinais químicos para?
Organização das células em tecidos e constituição de órgãos;
Multiplicação celular;
Controlo do metabolismo celular;
Coordenação da secreção das glândulas endócrinas e exócrinas;
Influenciar os mecanismos de defesa como a fagocitose, o processamento de antigénios e a síntese de anticorpos;
Influenciar a contracção do coração, do músculo‐esquelético e do músculo liso localizado na parede de órgãos.
Ligante molécula que constitui o sinal químico. Pode também ser chamada de molécula do sinal ou molécula
sinalizadora.
Receptor molécula celular que se liga ao ligante e desencadeia uma resposta celular.
O receptor e o ligante apresentam especificidade de ligação.
TIPOS DE COMUNICAÇÃO
Distância e trajecto percorrido pelo sinalizante ou ligante.
* Endócrina;
* Parácrina;
* Sináptica.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
1. ENDÓCRINA/HORMONAL:
Comunicaçção feita porr meio de hormonas
h (liggantes). Estaas são
secreetadas para o o sangue, send do transportadas na corrennte sanguíneaa, indo
actuaar sobre as céélulas que posssuem os receeptores respecctivos (célulass‐alvo)
e qu
ue se enconttram a uma distância co onsiderável. As
A células‐alvvo ou
receptores são mu uito específicaas.
Processo lento;
As célulass produtoras dde hormonas são as glându ulas endócrinaas;
O tipo de resposta dep pende da célulla‐alvo.
* Tipos de ligandos/hormonas:
1. Hidrofílicos:
Não atravvessam a memmbrana;
São os maais frequentess (cerca de 80
0%);
Após a estimulação do receptor podem ocorrer
uma enorme varieedade de resp postas depend dendo da célu
ula‐
alvo..
Forma de aactuar: formaação de cinasees proteicas qque
fosfo
orilam aminoáácidos, activnaado ou inibind do.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
2. Lipossolúveis:
Transporttados no plasmma por proteíínas anfipáticaas;
Ultrapasssam a membraana ligando‐see a receptoress citoplasmátiicos ou nucleaares;
Activam oou inibem a trranscrição do DNA;
Exemploss de hormonaas lipossolúveis: hormonas esteróides (testosterona, progesteronaa e estrogéneo
os) e hormonas da
tiróid
de (tiroxina e triiodotironin
na).
* Tipos de receptores:
Receptores de membrrana: onde se ligam as horm monas hidrosssolúveis;
Receptores citoplasmááticos: onde sse ligam as hormonas liposssolúveis.
1. Receptores de membrana:
A comunicaação celular eenvolve 3 estáágios:
Recepçãão: o receeptor (proteíína da membrana)
reconhece o ligando;
ução: ocorre alteração na
Transdu n conformaação do
receptor;
Resposta: normalm mente na catálise enzzimática,
modificação das fibras do cittosqueleto (m movimento) ou uma
activvidade genica específica.
A maioria dos sinalizadores age sob bre receptores, os quais actuam por in ntermédio de uma cadeia de moléculass que
osfato de inossitol (IP3) ou Ca2+ (mensaggeiros
modifica os níveiss intracelularees de AMP cííclico (cAMP),, cGMP, diacilglicerol, trifo
secundários).
O cAMP e o Ca2+ actuam m pela adiçãoo de grupos fosfato
f de ATTP a certas cin
nases proteicaas, modificando a conform mação
espacial dessas ennzimas e, assim m, alteram a ssua actividadee.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Receptores de membrana associia
1.1 R ados à proteína G:
Os receptoores celulares (glicoproteicoos) mais frequuentes para a percepção dee sinais hidroffílicos na supe erfície celular estão
dos a uma pro
ligad oteína de mem mbrana – a pro oteína G. Estaa proteína é um interruptorr que é ligado o por GTP (ene ergia para activar o
segundo mensageeiro) e desligado quando o nucleótido é d desfosforilado
o e se transforrma em GDP.
A captação
o de um sinaal químico pelo segmento extracelular do receptor activa
a a proteína G. Apóss a estimulaçãão do
receptor podem o ocorrer uma variedade de respostas, dep pendendo da ccélula‐alvo.
As proteínaas G triméricaas são formad das pelas subunidades α, β β e γ. A subunidade α liga‐se ao GDP (‐‐) ou ao GTP ((+). O
objectivo final daas proteínas G é activar proteínas ciinases que vão v fosforilar aminoácidoss, determinan ndo várias acções
intraacelulares.
Quando um m sinal estimu ula o receptor, o receptor modificado p provoca uma aalteração na p proteína G: dá‐se a substittuição
de GDP por GTP. TTal origina a d dissociação daa subunidade α (estado actiivo). Quando não existe ligante, o GTP d degrada‐se em m GDP
e a subunidade α volta a ligar‐se às outras du uas subunidad des.
A subunidaade α associaada ao GTP constitui
c a prroteína G acttivada e disso
ocia‐se das o outras subunid dades. A cadeia α
difunnde‐se no plan no da membrana e vai activvar uma das sseguintes enzimas:
Adenilcicllase respon nsável pela sín ntese de cAMP a partir de A ATP; Estas enzimas são importantees porque amplifiicam
Guianilcicclase sintettiza cGMP a paartir de GTP; sinais fraccos produzindo o, cataliticameente,
mensageiros secundários (com mo o cAMP, o cG GMP,
Fosfolipaase C cattalisa a sínteese de trifosffato de inositol (IP3) e o trifosfato de inositol (IP3
3) e o diacilgliccerol
diaciilglicerol (DAGG), os quais afeectam o nível de cálcio cito osólico. (DAG).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
O cAMP e o o Ca2+ são am
mbos mensage eiros secundárrios que vão aactivar cinasess proteicas. As cinases adicionam gruposs
fosfaato à serina ou
u à treonina d
de certas proteeínas que são
o os alvos do sinal.
A subunid ergia) faz com que o GTP vo
dade α depoiss de actuar (deescarrega ene olte a GDP,
v
voltando a subbunidade α paara o complexxo
Vias de acçção:
1. cAMP activa cinaases;
2. Fosfoliipase actua nos ositol (InsP3) abre os caanais de cálcio do
n fosfolípidos da membrana, produz fosfatidil‐ino
retículo.
Sistemas em que a proteína G actua sobre o nível de AMP
cíclico (cAMP) intracelular – 2º mensageiro:
A forma activa
a da prooteína G actuua sobra a enzima
e da
mem mbrana plasm mática adenilcciclase, activaando‐a. A adeenilciclase
utilizza o ATP como substrato o para produ uzir cAMP (aadenosina
monofosfatocíclica). O cAMP activa cinasses de prote eínas (Ex.:
cinasse A, PKA) que fosforilam aaminoácidos ((serina ou treeonina) de
proteeínas alvo – activação de u uma cadeia de e fosforilação.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Cascata de reacções associada à cadeia de fosforilações
e desfosforilações, o que permite amplificar o sinal.
2+
Sistemas em que a proteína G actua sobre o nível de Ca intracelular – 2º mensageiro:
A forma activa da proteína G pode agir sobre uma fosfolipase C da membrana plasmática. Esta enzima utiliza o fosfolípido
difosfato de fosfatidil‐inositol (PIP2) para gerar trifosfato de inositol (IP3) e 1,2‐diacilglicerol (DAG).
O trifosfato de inositol difunde‐se no meio intracelular (liberta‐se da membrana) e estimula translocadores da membrana
do REL, os quais transportam Ca2+ do interior do REL para o citosol – abertura dos canais de cálcio do REL.
O ião Ca2+ difunde‐se no hialoplasma e liga‐se à enzima calmodulina alterando a sua conformação. A calmodulina
alterada activa enzimas do tipo cinases e fosfatases que desencadeiam uma resposta celular.
O ião Ca2+ também pode agir, juntamente com o diacilglicerol, sobre uma Cinase C (PKC), a qual tem capacidade para
fosforilar enzimas e outras proteínas, que
desencadeiam uma resposta celular, como
por exemplo:
‐ Aumento dos processos secretórios
nos mastócitos (células do tecido
conjuntivo), células endócrinas, exócrinas e
nos neurónios;
‐ Fosforilação de proteínas que
activam factores de transcrição relacionados
com a proliferação celular;
‐ Fosforilação de canais iónicos com
regulação da excitabilidade das membranas
dos neurónios.
(a) Exemplo: secreção e divisão mitótica.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
1.2 Receptores de membrana do tipo catalítico:
Quando acctivados funcio onam como eenzimas, geralmente cinase es proteicas. OOs próprios reeceptores catalíticos transfferem
o fóssforo para os aaminoácidos.
Os recepttores catalítico
os são glicoprroteínas transmembranaress;
Dispensamm a actividadee de um segundo mensageeiro;
Processo mais difícil dee regular e maais rápido
Exemplos: receptor paraa a insulina, reeceptores para factores de crescimento factores insstantâneos.
As cinases fosforilam o ggrupo hidroxilo da tirosina de proteínas citoplasmáticcas, originanddo um efeito ccascata em teermos
de reesposta químiica.
Alguns receeptores catalííticos actuam sobre uma prroteína ligada à superfície ccitosólica da m
membrana plaasmática desiggnada
proteeína Ras (rat sarcoma).
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
A proteína Ras é uma proteína do tipo G, mas monomérica. A proteína Ras é activada por uma cinase de tirosina (receptor
do tipo catalítico).
A proteína Ras leva a informação através de vários estágios até ao interior do núcleo, estimulando a diferenciação e a
multiplicação celular.
A quantidade activa e inactiva da proteína Ras é controlada por:
GAPs – proteínas activadoras das GTPases. Aceleram a hidrólise do GTP ligado à Ras e inactivam a proteína Ras. As GAPs
são reguladores negativos;
GNRPs – promovem a substituição de GDP por GTP o que activa as proteínas Ras.
Em cerca de 30% dos cancros existe uma proteína Ras anormal que se mantém sempre activa e induz a multiplicação
celular desordenada.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
2. Receptores citoplasmáticos:
Muitos asp
pectos do deesenvolvimentto intra‐uterino e pós‐nattal, e das fun
nções de muitos órgãos, são
s regulados por
diverrsas hormonaas esteróides ((estrogénios, ttestosterona……) – ligantes lipossolúveis.
As hormon nas esteróidess entram na ccélula por difu
usão simples, ligam‐se a um m receptor esspecífico e cau
usam modificaações
na su
ua conformação estrutural..
A activação
o do receptor aumenta a su ua afinidade ppara o DNA. OO receptor, activado por ho ormonas esterróides, prendee‐se a
sequ
uências especííficas do DNA e influencia aa transcrição ggénica (geralm
mente por actiivação, algum mas vezes por iinactivação).
2. PARÁCRINA:
A célula prroduz substân
ncias que se difundem
d (exxocitose) alguns
milím
metros ou cen ntímetros no meio extracelular e actuam m sobre células
próxximas/vizinhas.
Comunicaação loco‐regiional;
Mediadorres químicos d de acção local.
Exemplos:
‐ Os mastóócitos, célulass do tecido conjuntivo, prroduzem histaamina e hepaarina, que são
o libertadas mediante
m estíímulo
imun nitário;
‐ Prostaglaandinas produ uzidas por váários tipos dee células do corpo
c humano, formadas a partir do ácido
á araquidónico
(fosffolípidos da m membrana) por fosfolipases. Entre outrass funções, reggulam a flexibilidade dos erritrócitos que se deformam m para
atravvessar capilarees sanguíneoss.
Algumas prostaglandinaas diminuem aa secreção dee ácido clorídrico pelas glâândulas da mu ucosa do estô ômago, e inibbem a
formmação de úlceeras peptídicaas (úlceras do estômago). Outras partticipam na reegulação do aparelho rep produtor femiinino,
influindo no ciclo mentrual.
‐ Gás óxidoo nítrico (NO). Os macrófaagos e neutró ófilos
segreegam NO para livrar locais de inflamação de
microrganismos invasores. É É um ligantee ou sinalizzador
parácrino sem qualquer receptor r de membrana ou
intraacelular que teem como segu undo mensaggeiro o Gmp cííclico
que induz o relaxxamento do músculo liso e a dilatação do
vaso.
Nota: os ligantes
l gasosos difundem m‐se rapidam mente
por difusão, penetrando nas células vizin nhas. Activam m um
segundo mensageeiro – GMP cícclico
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
3. SINÁPTICA:
Moléculas que ocorrem nas sinapses, locais especializados que conectam funcionalmente células nervosas entre si, ou
células nervosas com células efectoras ou sensitivas.
Os ligantes libertados no axónio percorrem uma pequena distância.
* Constituição do neurónio:
corpo celular ou pericário (onde se encontra o
núcleo);
axónios;
dendrites.
* Sinapse:
Fenda sináptica: ≈ 20 nm;
Membrana pré‐sináptica;
Membrana pós‐sináptica.
* Fases da transmissão sináptica:
Síntese do neurotransmissor na terminação nervosa pré‐
sináptica;
Armazenamento dos neurotransmissores em vesículas
secretoras (grãos de secreção) que percorrem todo o axónio;
Libertação regulada do neurotransmissor (exocitose) na fenda
sináptica;
Receptores específicos para os neurotransmissores estão
presentes na membrana pós‐sináptica;
Meios que controlam a duração da acção do neurotransmissor
estão presentes no receptor pós‐sináptico.
Existem diferentes tipos de substâncias que actuam como
neurotransmissores e o processo de neurotransmissão envolve vários
passos que são altamente regulados.
É um processo rápido:
Grande afinidade ligante/receptor;
Pouca distância ligante/receptor;
Grande riqueza de receptores.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
4. AUTÓCRINA:
A célula segrega moléculas sinal que se ligam a um receptor da própria célula.
Efeito comunidade.
5. SINALIZAÇÃO CONTACTO‐DEPENDENTE
Contacto directo célula‐a‐célula;
É necessário que haja que haja grande proximidade física entre as células;
Especialmente importante durante o desenvolvimento e resposta imune.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
Importação de proteínas para o núcleo, peroxissomas e
mitocôndria
Principais caminhos de selecção de proteínas em eucariotas
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
COMUNICAÇÃO CITOSOL – NÚCLEO TRANSPORTE NUCLEOCITOPLASMÁTICO
INVÓLUCRO NUCLEAR
O invólucro nuclear é a estrutura que separa os componentes nucleares dos
citoplasmáticos, conferindo individualidade ao núcleo como organelo celular. Deste modo, os
fenómenos da expressão genética, para além de separação temporal, passam a estar segregados
espacialmente.
Do ponto de vista funcional, o invólucro nuclear está, inequivocamente, envolvido no
transporte nucleocitoplasmático.
Compreende 3 elementos estruturais distintos:
* Duas membranas nucleares;
* Poros nucleares;
* Lâmina.
* Membranas nucleares:
Formado por duas membranas concêntricas: uma interna e uma externa, com um espaço de 20 a 100 nm de espessura. A
membrana externa está em continuidade com o retículo endoplasmático rugoso, estando assim o espaço entre a membrana
interna e a externa directamente ligados com o lúmen do retículo endoplasmatico. Para além disso, a membrana externa é
funcionalmente similar às membranas do retículo endoplasmático e tem ribossomas ligados à sua superfície citoplasmática. Pelo
contrário, a membrana nuclear interna possui proteínas únicas que são específicas do núcleo.
A principal função das membranas nucleares é actuar como uma barreira que separa o conteúdo do núcleo do
citoplasma. São constituídas por uma dupla camada de fosfolípidos, que são permeáveis apenas para pequenas moléculas
apolares. Outras moléculas são incapazes de atravessar a membrana.
* Poro nuclear:
As duas membranas nucleares ligam‐se nos poros nucleares. Tratam‐se de aberturas existentes no invólucro nuclear que
permitem a passagem de material exterior e interior ao núcleo – pequenas moléculas polares, iões e macromoléculas (proteínas
e RNAs) são capazes de atravessar a membrana, através do poro nuclear.
Diâmetro de cerca de 120 nm e uma massa molecular de aproximadamente 125 milhões de daltons (MDa);
Compostos por 50 a 100 proteínas diferentes (nucleoporinas);
Estrutura simétrica octogonal tridimensional;
Uma célula típica contém 3000‐4000 poros nucleares.
Constituição:
O poro nuclear é constituído por 2 anéis co‐axiais com 120 nm de diâmetro, um voltado para a superfície citoplasmática e
outro para a superfície nucleoplasmática do invólucro nuclear. Os anéis estão ligados um ao outro e à membrana do poro por
subestruturas que conferem ao conjunto uma simetria octogonal. Na porção central do poro nuclear encontra‐se uma
subestrutura granular, densa aos electrões, o grânulo central. Filamentos projectam‐se a partir do anel citoplasmático em
direcção ao citoplasma. Filamentos de outro tipo conectam o anel nucleoplasmático com um anel intranuclear de menor
diâmetro formando, no seu conjunto, uma estrutura em cesto.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
O tamanho do poro permite estimar que proteínas têm a capacidade de o atravessar.
Dependendo do seu tamanho, as moléculas podem atravessar o poro nuclear por um de dois
mecanismos.
Moléculas pequenas: pequenas moléculas e algumas proteínas com uma massa
molecular inferior a aproximadamente 50 kd movem‐se livremente através do invólucro nuclear
em qualquer direcção: do citoplasma para o núcleo ou do núcleo para o citoplasma. Estas
moléculas difundem‐se passivamente através de canais aquosos, com um diâmetro estimado de
cerca de 9 nm, no poro nuclear.
Moléculas grandes: as macromoléculas atravessam o poro nuclear por transporte activo
no qual proteínas apropriadas e RNAs são reconhecidos e transportados selectivamente apenas
numa direcção (núcleo para citoplasma ou citoplasma para núcleo). O transporte destas
moléculas ocorre através de canais especiais existentes no poro nuclear. Quando recebem um
sinal apropriado têm a capacidade de alargar o diâmetro para mais de 25 nm – tamanho suficiente para acomodar grandes
complexos, tais como subunidades ribossomais. É através destes canais especiais que proteínas nucleares são selectivamente
importadas do citoplasma para o núcleo, enquanto que os RNAs são exportados do núcleo para o citoplasma.
Contudo, mesmo proteínas nucleares muito pequenas, como as histonas, são transportadas activamente para o interior
do núcleo.
* Lâmina:
Subjacente à membrana interna encontra‐se a lâmina nuclear, uma rede/malha fibrosa bidimensional, formada por
proteínas filamentosas (laminas nucleares). A maioria dos mamíferos, por exemplo, tem quatro diferentes tipos de laminas,
designadas A, B1, B2 e C. Todas elas são proteínas fibrosas que estão relacionadas com os filamentos intermediários do
citoesqueleto.
Funções:
Estrutural (forma, suporte) reforçam a estrutura lipídica da membrana plasmática;
Parece promover, conjuntamente com a membrana do poro, a ancoragem do poro nuclear ao invólucro;
Associação da cromatina ao invólucro (conjuntamente com a membrana nuclear interna – as suas proteínas integrais ‐, e
eventualmente, o poro nuclear)
Orientação da condensação do DNA.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
IMPORTAÇÃO NUCLEAR
Como se processa?
Transporte activo;
Sinais de localização nuclear (NLS), presentes apenas em proteínas nucleares, dirigem‐nas para o núcleo
selectividade do processo de importação nuclear.
1. Reconhecimento do NLS do cargo por receptores de importação nuclear (nuclear import receptors) – importinas – e
posterior ligação – associação ao poro nuclear;
2. As nucleoporinas (receptores) possuem repetições curtas de aminoácidos que contêm fenilanina e glicina – FG
repeats – que servem de binding sites para as importinas;
Estes primeiros passos não requerem energia.
3. Estes complexos são transportados para dentro do núcleo – translocação através do poro (ligação, dissociação e nova
ligação a sequências repetitivas adjacentes);
4. Uma vez no núcleo, as importinas dissociam‐se do seu cargo e retornam ao citosol.
O transporte através do poro requer energia – hidrólise do GTP.
Muitas importinas ligam‐se às nucleoporinas e ao NLS existente nas proteínas que transportam (servem de ponte);
As nucleoporinas são proteínas estruturais do poro;
Algumas proteínas requerem adaptadores proteicos que se ligam à sua importina. Estes adaptadores estão
estruturalmente relacionados com as importinas e reconhecem os NLS nas proteínas a transportar. Também contêm um NLS que
se liga a uma importina.
As proteínas 1, 2 e 3 contêm diferentes NLSs, o que faz com que se liguem a diferentes importinas.
EXPORTAÇÃO NUCLEAR
A exportação nuclear de grandes moléculas, tais como subunidades dos ribossomas e moléculas de RNA, também
ocorrem através dos poros nucleares e dependem de um sistema de transporte selectivo. Este sistema assenta na existência de
sinais de importação nuclear (nuclear export signals) nas macromoléculas a serem exportadas, assim como na existência de
receptores de exportação nucleares complementares. Estes receptores ligam‐se ao sinal de exportação e às nucleoporinas,
permitindo a translocação através do poro, para o citosol.
Na verdade, a exportação nuclear funciona como a importação, mas no sentido contrário.
* Ran GTPase:
A importação de proteínas nucleares através do poro nuclear concentra proteínas específicas no núcleo, com isso
aumentando a ordenação na célula, o que necessita de consumo de energia. Pensa‐se que a energia seja fornecida pela hidrólise
de GTP pela Ran GTPase. A Ran está presente no citosol e no núcleo, e é necessária tanto para a importação como para a
exportação nuclear.
Como outras GTPases, a Ran é uma molécula que funciona como um
interruptor, podendo existir em 2 estados, dependendo do facto de ter ligada a si
GTP ou GTP. A conversão entre os dois estados é provocada por 2 proteínas
reguladoras específicas da Ran: GTPase‐activating protein (GAP) – citosólica ‐ que
provoca a hidrólise do GTP, convertendo Ran‐GTP em Ran‐GDP; guanine exchange
factor (GEF) – nuclear – que promove a substituição do GDP por GTP, convertendo
Ran‐GDP em Ran‐GTP. Como a Ran‐GAP está localizada no citosol e a Ran‐GEF está
localizada no núcleo, o citosol contém principalmente Ran‐GDP, enquanto que no
núcleo existe principalmente Ran‐GTP.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
O gradiente entre os dois estados conformacionais da Ran conduz o transporte nuclear na direcção apropriada. A ligação
das importinas às FG‐repeats no lado citosólico do poro nuclear, por exemplo, ocorre só quando estes receptores estão ligados a
um cargo apropriado. As importinas ligadas ao seu cargo movem‐se ao longo de trajectórias estabelecidas pelas sequências de
FG‐repeats, até atingirem o lado nuclear do poro, onde o Ran‐GTP se liga à importina, que liberta o cargo.
Tendo libertado o seu cargo no núcleo, a importina com o Ran‐GTP ligado a si, é transportada para o citosol, através do
complexo de poro. De seguida, duas proteínas citosólicas, Ran Binding Protein e Ran‐GAP colaboram para converter Ran‐GTP em
Ran‐GDP. A Ran Binding Protein retira a Ran‐GTP da importina, o que
permite que a Ran‐GAP promova a hidrólise do GTP ligado à Ran. A
Ran‐GDP dissocia‐se da Ran Binding Protein e é reimportada para o
núcleo, completando o ciclo.
A exportação nuclear ocorre por um mecanismo semelhante,
excepto que a Ran‐GTP no núcleo promove a ligação do cargo ao
receptor de exportação e a ligação deste receptor ao lado nuclear do
poro. Uma vez no citosol, a Ran encontra a Ran‐GAP e a Ran Binding
Protein e hidrolisa o GTP a ela ligado. O receptor liberta o cargo e a
Ran‐GDP no citosol e dissocia‐se do poro nuclear, e os receptores de
exportação retornam ao núcleo, completando o ciclo.
COMUNICAÇÃO CITOSOL – MITOCÔNDRIAS
Mitocôndria 2 subcompartimentos: a matriz (interna) e o espaço intermembranar. Estes
compartimentos são formados por duas membranas mitocondriais concêntricas: a membrana interna,
que forma extensivas invaginações, as cristas mitocondriais, rodeando a matriz; a membrana externa,
em contacto com o citosol.
As mitocôndrias têm DNA próprio, podendo sintetizar algumas proteínas. No entanto, também
necessitam de ter mecanismos de importação de proteínas.
Sequência sinalizadora;
Proteínas à superfície da mitocôndria:
‐ à superfície da membrana externa;
‐ à superfície da membrana interna;
‐ TOM complex membrana externa;
‐ TIM complexes: TIM23 e TIM22 membrana interna.
Estas proteínas catalisam o transporte de proteínas através das
membranas mitocondriais.
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR
A proteína precursora possui uma sequência específica que é reconhecida pelos receptores do complexo TOM;
Complexo TOM alinha com TIM, formando‐se uma ponte entre as duas membranas;
Translocação da membrana para dentro da mitocôndria – chaperones encontram‐se no interior da mitocôndria e
“puxam” a proteína;
Enrolamento e clivagem (por uma peptidase na matriz, formando uma proteína madura).
As proteínas precursoras são importadas
desenroladas (cadeias polipeptídicas) para a
matriz em pontos de contacto que juntam as
duas membranas.
Ciclos repetidos de hidrólise de ATP pelo hsp70 completa o processo de importação Gradiente electroquímico
Existem vários modelos de como a hsp70 pode conduzir a importação de proteínas.
COMUNICAÇÃO CITOSOL – PEROXISSOMAS
Organelos citoplasmáticos rodeados por uma membrana simples.
Utilizam oxigénio e peróxido de hidrogénio para realizar reacções oxidativas.
Os mecanismos de importação de proteínas não são muito claros. As proteínas parecem ser transportadas já enroladas
para os peroxissomas. Uma pequena sequência direcciona a importação da proteína para o peroxissoma.
Modelo de como os peroxissomas são produzidos
APONTAMENTOS BIOLOGIA CELULAR