Pedido de Busca e Apreensão e Afastamento de Função

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PROJUDI - Processo: 0000956-69.2023.8.16.0137 - Ref. mov. 1.

1 - Assinado digitalmente por Leandro Antunes Meireles Machado


27/04/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Pedido de Busca e Apreensão e Medidas Cautelares

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYBT HKSTZ M63SA ANM3D


Núcleo Regional de Londrina

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA CRIMINAL DA COMARCA DE


PORECATU/PR.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seus


agentes adiante firmados e a POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARANÁ, por meio do Delegado de
Polícia que esta subscreve, no exercício de suas atribuições perante o GAECO – Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – Núcleo Londrina, vem respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5°, inciso XI, da CF, artigo 240 e
seguintes, do Código de Processo Penal, com base no Procedimento Investigatório Criminal
MPPR-0078.23.000795-3, requerer a BUSCA E APREENSÃO PESSOAL E DOMICILIAR E
IMPOSIÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR DIVERSA, pelas seguintes razões de fato e de direito:

CAPÍTULO I – BREVE SÍNTESE DA INVESTIGAÇÃO

Trata-se de Procedimento Investigatório Criminal instaurado para


apurar a ocorrência de possível associação criminosa (art. 288 do Código Penal), concussão
(artigo 316 do Código Penal) e corrupção passiva (art. 317 do Código Penal), e seus
desdobramentos delitivos, em tese, perpetrados por WALTER TENAN, à época Prefeito de
Porecatu/PR, JONATAS CESAR DIAS, à época Procurador do Município de Porecatu/PR.

Apurou-se, nesse sentido, que os agentes públicos – utilizando-


se das prerrogativas que exerciam em seus respectivos cargos – exigiram do empresário JAYR
DEMORE JUNIOR, proprietário da empresa LOTEADRA DEMORE LTDA, vantagem indevida,
consistente na entrega gratuita de ao menos 30 terrenos do loteamento à época denominado
Jardim Monte Cristo, como condição para o não prosseguimento de processo de
desapropriação, que inviabilizaria o lançamento do empreendimento.

Nesse cariz, chegou a conhecimento deste GAECO, a partir de


denúncia espontânea realizada pelo atual Prefeito de Porecatu, FÁBIO LUIZ ANDRADE, que o
atual presidente da Câmara de Vereadores de Porecatu/PR, ALEX TENAN, estaria pressionando
o empresário JAYR DEMORE JUNIOR, a entregar gratuitamente ao menos 23 terrenos situados
no Jardim Monte Cristo (atual Jardim São Miguel), referente a pagamento de propina devido
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por JAYR DEMORE JUNIOR a WALTER TENAN, fruto de acordo firmado entre estes no ano de
2011.

De acordo com FÁBIO LUIZ DE ANDRADE, ALEX TENAN,


presidente da Câmara de Vereadores de Porecatu/PR, teria o procurado no final do ano de
2022, solicitando ajuda para pressionar o empresário JAYR DEMORE JUNIOR a entregar de
forma gratuita 23 terrenos a WALTER TENAN, tendo, inclusive, apresentado contratos de
compra e venda dos referidos terrenos, em nome de seus genros, EDUARDO PRANDINI e
MARCO AURÉLIO CAVALHEIRO MARCONDES.

Na ocasião, ALEX TENAN teria oferecido a FÁBIO LUIZ DE


ANDRADE vantagem indevida, consistente em 05 (cinco) terrenos do Jardim Monte Cristo (atual
Jardim São Miguel), caso conseguissem registrar os 23 lotes em nome dos genros de WALTER
TENAN.

Em seu depoimento, FÁBIO LUIZ DE ANDRADE narrou que em


nenhum momento anuiu com a proposta de ALEX, mas teria ligado para o empresário JAYR
DEMORE JUNIOR para entender sobre o que se tratava os mencionados contratos, ocasião em
que este último explicou que os contratos seriam a formalização de propina exigida pelo ex-
prefeito de Porecatu, WALTER TENAN, e o ex-Procurador do Município de Porecatu, JONATAS
CÉSAR DIAS, no ano de 2011 para que não prosseguissem com processo de desapropriação que
inviabilizaria empreendimento LOTEADORA DEMORE LTDA.

Salienta-se, por oportuno, que ALEX TENAN é sobrinho do ex-


prefeito WALTER TENAN a quem a propina seria incialmente destinada e valendo-se do cargo
de Presidente da Câmara dos Vereadores, passou a coagir o atual Prefeito de Porecatu/PR e o
empresário JAYR DEMORE JUNIOR a mando de seu tio WALTER TENAN.

Na sequência, após FÁBIO LUIZ ANDRADE se esquivar em prestar


auxílio para pressionar o empresário JAYR DEMORE JUNIOR a entregar os terrenos, este foi
novamente procurado por ALEX TENAN, que dessa vez, em tom ameaçador, teria exigido que
FABIO se valesse do cargo de Prefeito de Porecatu, para pressionar o empresário, sob pena de
que fossem questionadas pela Câmara de Vereadores as isenções de IPTU concedidas à
empresa LOTEADORA DEMORE LTDA, o que, de acordo com ALEX TENAN, poderia implicar em
problemas ao atual Prefeito.

Por fim, FÁBIO LUIZ ANDRADE, também afirmou que, após negar-
se a pressionar o empresário JAYR DEMORE JUNIOR, passou a receber ofícios assinados por
ALEX TENAN, atual presidente da Câmara de requisitando informações sobre cancelamentos
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de IPTU, inclusive, especificamente da LOTEADORA DEMORE LTDA, como forma de coagi-lo a


participar do esquema que tinha como finalidade o recebimento de propina, por meio da
entrega gratuita dos terrenos do loteamento “Jardim Monte Cristo” (atual “Jardim São
Miguel”). Vejamos mencionado ofício:

Conforme já aventado, de acordo FÁBIO LUIZ ANDRADE, ALEX


TENAN o ameaçava, valendo-se da função de Presidente da Câmara dos Vereadores, a auxiliá-
lo na empreitada de convencer JAYR DEMORE JUNIR a entregar a propina que fora exigida no
ano de 2011, sob pena de questionar judicialmente os cancelamentos de IPTU realizados na
administração de FÁBIO LUIZ DE ANDRADE.

Na ocasião em que foi ouvido por este GAECO, FÁBIO LUIZ


ANDRADE apresentou cópia dos contratos de compra e venda realizados entre a empresa
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LOTEADORA DEMORE LTDA e os genros do ex-prefeito WALTER TENAN, que na verdade seriam
a formalização da vantagem indevida exigida ao empresário. Vejamos:
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Feita essas digressões iniciais, necessário explicar como se deram


os desdobramentos dos fatos desde a aquisição do imóvel pela LOTEADORA DEMORE LTDA até
os recentes crimes praticados pelo grupo criminoso liderado pelo ex-prefeito de Porecatu
WALTER TENAN.

Conforme apurado ao longo do caderno investigatório, a


empresa LOTEADORA DEMORI LTDA adquiriu do espólio de RUBÉNS VERPA os direitos sobre
área medindo 202.169,97 m² da denominada “Fazenda Santo Antônio – Lote 01” (matrícula
09.713 do 1º CRI de Porecatu) no ano de 2011, conforme instrumento particular de compra e
venda anexo.

O imóvel em questão foi adquirido pela loteadora DEMORI com a


finalidade de construção loteamento de casas residenciais, denominado à época como “Jardim
Monte Cristo”.

Visando apurar os fatos narrados por FÁBIO LUIZ ANDRADE, no


dia 27 de fevereiro de 2023, este GAECO tomou depoimento da vítima JAYR DEMORE JÚNIOR,
proprietário da empresa LOTEADORA DEMORE LTDA, que confirmou a exigência de vantagem
indevida e detalhou a sequência de fatos.

Nesse sentido, a vítima JAYR DEMORE JUNIOR narrou que após a


apresentação do Projeto do Loteamento Jardim Monte Cristo à Prefeitura de Porecatu/PR, o
então Prefeito de Porecatu, WALTER TENAN, teria iniciado processo de desapropriação, que
tomaria toda a frente do terreno em que o loteamento seria construído, o que inviabilizaria o
empreendimento.

De acordo com a vítima, o projeto de desapropriação


apresentado seria inviável, inclusive, para os interesses da Prefeitura Municipal de Porecatu,
pois atingia todo o lote de forma longitudinal, não havendo sequência de quadras e ruas, sendo
o processo de desapropriação claramente utilizado para coagir os proprietários da LOTEADORA
DEMORE LTDA.

Na sequência, a vítima narrou que no ano de 2011 foi procurada


por JONATAS CESAR DIAS, à época Procurador do Município de Porecatu/PR, que coadunado
com o então Prefeito de Porecatu WALTER TENAN, lhe exigiu vantagem indevida, consistente
na entrega de lotes do empreendimento “Jardim Monte Cristo”, para que houvesse a
desistência do processo de desapropriação.
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A vítima JAYR DEMORE JUNIOR, narrou que foram feitas diversas


reuniões com JONATAS CÉSAR, sempre na residência deste, em que tentou-se chegar a um
acordo sobre qual seria o pagamento da vantagem indevida exigida, tendo ao final restado
acordado que o pagamento da vantagem indevida consistiria na entrega gratuita de 30 lotes
do loteamento “Jardim Monte Cristo”, conforme e-mail enviado por JONATAS CESAR DIAS e à
LOTEADORA DEMORE LTDA, em que constam os exatos imóveis que seriam destinados ao
pagamento de vantagem indevida:

O e-mail foi utilizado para formalizar quais lotes seriam


destinados ao pagamento da propina exigida por JONATAS CÉSAR e WALTER TENAN, tendo sido
informado que os contratos de compra e venda seriam realizados em nome de AURÉLIO
MARCONDES, EDUARDO PRANDINE e MARCOS PAVESI PAES DA SILVA.

Salienta-se que a vítima afirmou que JONATAS CÉSAR nas


reuniões em que eram exigidas a propina sempre falava em nome do então Prefeito de
Porecatu, WALTER TENAN, deixando claro que a decisão final era deste último.

Outrossim, conquanto a vítima tenha afirmado que desconhece


as pessoas físicas em nome de quem os lotes seriam registrados, constatou-se que MARCO
AURÉLIO MARCONDES e EDUARDO PRANDINI são genros de WALTER TENAN. Segue abaixo a
comprovação dos vínculos de parentesco por afinidade:
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Por sua vez, MARCOS PAVESI PAES DA SILVA é casado com a irmã
JONATAS CÉSAR e, portanto, seu cunhado e possível laranja para o recebimento de sua parte
da propina exigida.

Embora no e-mail conste o nome de MARCOS PAVESI PAES DA


SILVA como destinatário dos lotes 24 ao 30, que seriam correspondentes ao recebimento da
propina por JONATAS CÉSAR, ao final o contrato de compra e venda e recibos foram feitos em
nome da empresa COHASUL HABITACIONAL – CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA,
empresa inicialmente registrada apenas em nome de MARCOS PAVESI PAES DA SILVA, mas que
a partir da terceira alteração social passou a conter formalmente JONATAS CÉSAR em seu
quadro societário. Confira-se:

Nesse viés, a vítima JAYR DEMORE JUNIOR apontou que, após o


e-mail de confirmação dos lotes que seriam destinados ao pagamento da vantagem exigida por
JONATAS CÉSAR DIAS e WALTER TENAN, foram elaborados os contratos de promessa de
compra e venda em nome dos genros de WALTER TENAN, MARCO AURÉLIO MARCONDES e
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EDUARDO PRANDINI, bem como da empresa COHASUL HABITACIONAL – CONSTRUTORA E


INCORPORADORA LTDA, que à época estava registrada em nome da irmã e cunhado de
JONATAS CÉSAR.

Salienta-se que JAYR DEMORE JUNIOR afirmou que entregou os


contratos ao então Procurador do Município de Porecatu, JONATAS CÉSAR DIAS, mas não ficou
com cópia destes, possuindo apenas as cópias dos recibos de quitação que foram exigidos, para
simular o pagamento dos imóveis. Confira-se a cópia dos recibos:
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Por fim, a vítima afirmou que após a retirada do processo de


desapropriação, aprovação da inclusão o terreno na zona urbana de Porecatu e aprovação do
loteamento no ano de 2017, entrou em contato com JONATAS CÉSAR DIAS ocasião em que
afirmou que não entregaria os terrenos objetos da concussão.

Corroborando o exposto, no dia 16 de fevereiro de 2023 este


GAECO ouviu a testemunha JOSÉ CARLOS GOMES, parceiro comercial do empresário JAYR
DEMORE JUNIOR, responsável pela elaboração de contratos da LOTEADORA DEMORE LTDA, o
qual narrou que por diversas vezes ouviu do empresário JAYR DEMORE JUNIOR, em meados de
2011, que estava sendo coagido pelo ex-prefeito WALTER TENAN e JONATAS CÉSAR, a entregar
vantagem indevida para que não houvesse prosseguimento de processo de desapropriação do
imóvel que seria destinado ao loteamento “Jardim Monte Cristo”.

Ademais, JOSÉ CARLOS GOMES afirmou que à época dos fatos, foi
pessoalmente coagido a tentar convencer JAYR DEMORE JUNIOR a entregar vantagem
indevida, tendo sofrido algumas represálias posteriormente.

JOSÉ CARLOS GOMES narrou, ainda, que no mês de novembro de


2022 foi procurado por ALEX TENAN, atual Presidente da Câmara de Vereadores, e CLAUDINEI
VELDERIO, ex-chefe da Fazenda na administração de WALTER TENAN, os quais alegaram que
haviam comprado terrenos no Jardim São Miguel e que precisavam resolver o registro de tais
imóveis, ocasião em que JOSÉ CARLOS afirmou que estranhava a alegação, haja vista que nunca
tinha visto nenhum pagamento relacionado a aquisição de imóveis no empreendimento por
eles.

Conforme já aventado, o recibo citado por ALEX TENAN existe de


fato, tendo sido apresentado a este GAECO pelo empresário JAYR DEMORE JUNIOR, contudo,
conforme os depoimentos de JOSÉ CARLOS GOMES e JAYR DEMORE JUNIOR foram entregues
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apenas para cumprir exigência de JONATAS CÉSAR e WALTER TENAN, os quais jamais pagaram
nenhuma quantia pelos lotes mencionados nos contratos de compra e venda e ofícios.

O depoimento de JOSÉ CARLOS GOMES também aponta que


CLAUDINEI VELDERIO e ALEX TENAN estavam cientes de que os contratos e recibos eram
simulados e representavam o pagamento de vantagem indevida, tendo ambos de forma
debochada afirmado que poderiam alegar que pagaram os lotes “com um saco de dinheiro”.

Desse modo, os depoimentos de FÁBIO LUIZ ANDRADE, JAYR


DEMORE JUNIOR e JOSÉ CARLOS GOMES são uníssonos ao apontar o cometimento de
concussão no ano de 2011, bem como de ao menos um delito de corrupção passiva e concussão
recentemente praticados, para tentar reaver os mencionados imóveis.

Nesse viés, salienta-se que o processo de desapropriação citado


pela vítima JAYR DEMORE JUNIOR de fato ocorreu, conforme se depreende dos autos de
desapropriação nº 1195-30.2010.8.16.0137.

Da análise dos autos de desapropriação em conjunto com os


documentos apresentados, verifica-se que logo após o e-mail encaminhado por JONATAS
CÉSAR DIAS à vítima JAYR DEMORE JUNIOR (22.09.2011) e assinatura dos contratos de
promessa de compra e venda (26.10.2011), o Município de Porecatu apresentou desistência
da desapropriação nos autos 1195-30.2010.8.16.0137 em 17 de novembro de 2021, por meio
de manifestação assinada por JONATAS CÉSAR DIAS, à época Procurador do Município de
Porecatu, o que corrobora amplamente os indícios das práticas criminosas.

Vejamos abaixo a data de assinatura e reconhecimento de firma


dos contratos, bem como o requerimento de desistência da desapropriação:
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O requerimento de desistência foi homologado por sentença no


dia 13 de janeiro de 2012, data que coincide com a posterior entrega dos recibos simulando a
quitação dos contratos, em março do ano de 2012.

Importante registrar que a LOTEADORA DEMORE LTDA sequer


estava comercializando os lotes do Jardim Monte Cristo no ano de 2011, até mesmo porque o
imóvel ainda pertencia formalmente ao espólio de RUBENS VERPA, bem como estava inserido
em área de zoneamento rural, sendo os contratos em nome de MARCO AURÉLIO CAVALHEIRO
MARCONDES, EDUARDO PRANDINI e COHASUL HABITACIONAL os únicos realizados antes da
efetiva aprovação do loteamento, que passou a ser denominado Jardim São Miguel.

Ademais, é pouco crível que os genros do Prefeito e a empresa


do cunhado do Procurador do Município iriam adquirir imóveis em um loteamento que não
estava formalizado, localizado em imóvel que era objeto de desapropriação, forte indício de
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que de fato os contratos foram a formalização da vantagem exigida por WALTER TENAN e
JONATAS CESAR DIAS.

Outrossim, os documentos enviados pela Prefeitura Municipal de


Porecatu apontam que, antes mesmo da desistência do processo de desapropriação e apenas
um dia após o e-mail enviado por JONATAS CÉSAR DIAS (22.09.2011), o então Prefeito de
Porecatu, WALTER TENAN, assinou o Decreto nº 108/2011, aprovando o Loteamento Jardim
Monte Cristo. Confira-se:

Observa-se, portanto, que logo após JAYR DEMORE JUNIOR ceder


e aceitar pagar a vantagem indevida exigida, o então Prefeito, WALTER TENAN, aprovou o
loteamento e desistiu da desapropriação.

Repita-se que recentemente, mesmo após não ocupar mais o


cargo de Prefeito de Porecatu, WALTER TENAN passou a coagir FÁBIO LUIZ ANDRADE e JOSÉ
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CARLOS GOMES, com o auxílio de ALEX TENAN, seu sobrinho e atual Presidente da Câmara de
Vereadores de Porecatu/PR.

Por fim, salienta-se a possível prática do delito de lavagem de


dinheiro na forma tentada, uma vez que as promessas de compra e venda foram feitas em
nome de laranjas, com o fim de afastar a origem e ilicitude os bens.

Segue abaixo imagem que ilustra a configuração do grupo


criminoso para o cometimento de crimes de concussão e corrupção passiva:

Nesse cenário de crimes diversos, tais como possível associação


criminosa, concussão, corrupção passiva e lavagem de ativos na forma tentada, a decretação
das medidas cautelares a seguir requeridas é medida que se impõe.

CAPÍTULO II – MEDIDAS CAUTELARES NECESSÁRIAS

1. DA BUSCA E APREENSÃO NOS ENDEREÇOS IDENTIFICADOS:


PROJUDI - Processo: 0000956-69.2023.8.16.0137 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Leandro Antunes Meireles Machado
27/04/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Pedido de Busca e Apreensão e Medidas Cautelares

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYBT HKSTZ M63SA ANM3D


Núcleo Regional de Londrina

A Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XI, prescreve que


“a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial”. Tem-se, portanto, a inviolabilidade de domicílio como garantia
constitucional e direito fundamental.

Ocorre que essa garantia constitucional não é absoluta, sendo


que a própria Carta Magna excepciona essa inviolabilidade nos casos em que demonstrada a
necessidade e adequação, permitindo que seja requerida autorização judicial para se proceder
à busca e apreensão de pessoas e/ou objetos.

Neste ínterim, o Código de Processo Penal, disciplinando sobre os


meios de produção de provas, elenca em seus artigos 240 e seguintes a medida de busca e
apreensão, que se trata de um procedimento cujo objetivo é angariar provas materiais para
subsidiar eventual ação penal.

Dentre as medidas de busca disciplinadas em lei, estão a busca


pessoal e a busca domiciliar.

No caso em tela, a necessidade de ambas as medidas restou


demonstrada ao longo do presente, em especial a dos depoimentos prestados por JAYR
DEMORE JUNIOR, FÁBIO LUIZ ANDRADE e JOSÉ CARLOS GOMES, os quais foram corroborados
por documentos apresentados por estes.

Os contratos de compra e venda e recibos apresentados apontam


que os esquemas de corrupção eram tão institucionalizados a ponto de que o recebimento de
propina fosse formalizado.

Os depoimentos também apontam para suposto esquema de


corrupção envolvendo a venda de imóveis e praças da Prefeitura, com objetivo de beneficiar
os requeridos.

Assim, torna-se absolutamente imprescindível a realização de


Busca e Apreensão em seu desfavor nos endereços dos requeridos, a fim de que sejam
encontradas novos elementos de provas do cometimento dos crimes narrados, bem como
sejam descortinados outros esquemas de corrupção praticado pelo grupo criminoso.

Além de necessária, as medidas requeridas são adequadas,


porquanto a apreensão de instrumentos, produtos e elementos de convicção relativos aos
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crimes investigados, tais como anotações, contratos, atos notariais, controles de pagamentos
de eventuais propinas, depósitos e saques, aplicações financeiras, dispositivos eletrônicos,
valores em espécie e outros bens de valor nos endereços abaixo indicados podem comprovar
a materialidade dos crimes acima noticiados, subsidiando a instrução processual de eventuais
ações penais a serem propostas.

Sendo assim, é essencial que, desde logo, seja autorizada a


execução de busca pessoal dos requeridos e residencial nos endereços abaixo elencados,
sobretudo em razão dos fortes indícios de elementos probatórios de relevância para a
investigação nos locais.

Destaca-se ainda a necessidade de autorização expressa para que


seja realizada a busca pessoal dos requeridos. Isso porque não é possível prever se,
eventualmente, quando do cumprimento das medidas estarão em seus domicílios.

No entanto, é de suma importância a apreensão dos aparelhos


eletrônicos utilizados pelos investigados, os quais provavelmente estarão em suas respectivas
posses, ainda que para tanto seja necessário deslocar até eventuais outros locais em que se
encontrem.

Portanto, ainda que os requeridos não sejam localizados nos


endereços residenciais a seguir elencados, deve ser autorizada a busca pessoal dos
investigados, especialmente visando a apreensão de eventuais aparelhos telefônicos que
estejam portando no momento.

Nesse sentido, vale ressaltar a imprescindibilidade de que seja


autorizada a eventual apreensão de aparelhos eletrônicos (tais como computadores, tablets,
celulares, smartphones, entre outros) e demais dispositivos de armazenamento de mídia (CDs,
HDs externos, pen drives, cartões de memória, entre outros), haja vista ser comum a
comunicação por meio de tais equipamentos para tratativas acerca dos delitos perpetrados.

Com efeito, a apreensão de tais objetos viabilizará a colheita de


valorosos elementos de provas aptos a comprovar os crimes sob investigação, bem como
outras condutas delitivas, além de contribuir para a delimitação dos efetivos participantes do
esquema criminoso em comento.
Nessa perspectiva é que se requer seja autorizada a realização de
medidas de busca e apreensão nos alvos abaixo apontados pelos motivos abaixo resumidos:

ALVO NOME MOTIVO


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1 WALTER TENAN Ex-prefeito de Porecatu/PR, apontado como autor


dos delitos de concussão e lavagem de ativos na
forma tentada, em desfavor da vítima JAYR JUNIOR
DEMORE.
2 JONATAS CÉSAR DIAS Ex-procurador de Porecatu/PR, que valendo-se de
sua função em conluio com então Prefeito WALTER
TENAN passou a exigir pessoalmente vantagem
indevida do empresário JAYR DEMORE JUNIOR,
como condição para o não prosseguimento
3 EDUARDO PRANDINI e MARCO Genros do ex-Prefeito de Porecatu, WALTER
AURÉLIO CAVALHEIRO TENAN, que constam nos contratos e recibos que
MARCONDES formalizaram o recebimento de vantagem indevida.
4 ALEX TENAN Atual presidente da Câmara dos Vereadores do
Município de Porecatu, que passou a coagir o atual
Prefeito FÁBIO LUIZ ANDRADE e JOSÉ CARLOS
GOMES, parceiro comercial de JAYR DEMORE
JUNIOR, para que convencessem este último a
viabilizar o registro dos imóveis objeto da
concussão ocorrida no ano de 2011.
5 CLAUDINEI VELDÉRIO Ex-secretário de Planejamento de WALTER TENAN e
coautor da recente concussão em face de JAYR
DEMORE JUNIOR, por intermédio de JOSÉ CARLOS
GOMES.
6. MARCOS PAVESI PAES DA SILVA Cunhado de JONATAS CÉSAR DIAS e possível laranja
para o recebimento de parte da propina exigida.
7. COHASUL HABITACIONAL – Empresa de JONATAS CÉSAR DIAS que consta nos
CONSTRUTORA E contratos e recibos que formalizaram o
INCORPORADORA LTDA recebimento de vantagem indevida.
8. GABINETE DO VEREADOR ALEX Considerando que o vereador e Presidente da
TENAN e GABINETE DA Câmara dos vereadores ALEX TENAN tem se valido
PRESIDÊNCIA DA CÂMARA DOS de sua função para o cometimento de crimes, é
possível que sejam encontradas provas no interior
VEREADORES DE PORECATU/PR
de seu gabinete e/ou no gabinete da Presidência da
Câmara dos vereadores de Porecatu/PR.

Portanto, ao exame do disposto no artigo 5º, inciso XI, da


Constituição Federal, percebe-se claramente que está autorizado o afastamento da regra geral
de inviolabilidade do domicílio, que se torna relativa diante do interesse jurídico superior de
segurança pública, notadamente para a investigação de graves delitos.

No balanço entre o direito individual fundamental e o interesse


público de conter a criminalidade (que, repita-se, é altamente prejudicial a todas as pessoas),
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cede passo aquele em prol deste. Nessa perspectiva, está em acordo com o direito a pretensão
de promover busca e apreensão pessoal dos requeridos e nos aludidos endereços residenciais,
desde que observados, estrita e fielmente, os limites previstos em lei para a atividade almejada.
Dessa constatação, decorre o fundamento da pretensão, seguramente amparada na própria
Constituição Federal e no Código de Processo Penal (artigo 240 e seguintes).

Outrossim, os documentos e objetos que se pretende apreender,


por óbvio, constituem instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim
delituoso, assim como prova das infrações penais e elementos de convicção, adequando-se ao
disposto nas alíneas “b”, “d”, “e”, “f” e “h” do artigo 240, do Código de Processo Penal.

Ademais, cumpre destacar em relação à busca e apreensão a ser


realizada no domicílio de MARCO AURÉLIO CAVALHEIRO MARCONDES e JONATAS CÉSAR DIAS
a necessidade de que seja afastada a inviolabilidade prevista no artigo 7º, inciso II da Lei nº
8.906/94 e, nos termos do § 6º do mesmo Estatuto, seja comunicada à Ordem dos Advogados
do Brasil – OAB a decretação da medida, a fim de que envie representantes para acompanhar
as diligências, haja vista o exercício de tal profissão pelos investigados.

Nesse sentido, em que pese não se olvide que a regra seja a


inviolabilidade do escritório e eventualmente outros locais de trabalho dos advogados (como
pode ocorrer no caso de sua residência), bem como de sua correspondência escrita, eletrônica,
telefônica e telemática, não há dúvidas de que o presente caso se adequa à exceção prevista
no artigo 7º, §6º, do Estatuto da Advocacia, em razão dos suficientes indícios de autoria e
materialidade da prática de crimes pelos advogados em questão.

Nessa perspectiva, os indícios já retratados tornam


imprescindível que se execute busca pessoal e nos endereços apontados, motivo pelo qual se
pleiteia que, com base no art. 240 e seguintes do CPP, seja concedida autorização judicial para
tal providência, com o especial fim de se apreender, se for o caso, instrumentos, produtos e
elementos de convicção relativos aos crimes investigados, tais como anotações em geral,
contratos, atos notariais, controle de pagamentos (seja de empréstimos a título de agiotagem,
seja de eventuais propinas e outros ilícitos), comprovantes de depósitos e saques, aplicações
financeiras, carteiras de criptoativos e suas respectivas chaves, computadores e demais
dispositivos eletrônicos (pen drives, smartphones, celulares, tablets, HDs externos, CDs, DVDs,
entre outros), inclusive arquivos magnéticos (de computador ou de gravações acústicas ou
óticas), que contenham indicativos dos delitos de usura, corrupção passiva e ativa, crime de
parcelamento irregular do solo, falsidades documentais e possível lavagem de ativos, sem
prejuízo de outras condutas delitivas que se evidenciarem, como eventual associação e/ou
organização criminosa, além de outras movimentações financeiras que deem suporte a estes
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delitos e documentos que se refiram a ajustes criminosos com terceiros, sejam particulares ou
agentes públicos, além de possíveis equipamentos de gravação (de som e imagem) instalados
nas dependências dos locais em questão.

Além disso, requer conste expressamente dos mandados que


eles devem ser cumpridos pelos policiais adstritos ao GAECO – Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado ou por outros Órgãos de Segurança que estejam prestando
apoio à Operação, possibilitada eventual participação de membros do Ministério Público no
cumprimento das medidas.

2. DO LEVANTAMENTO DE SIGILO DE EQUIPAMENTOS QUE


CONTENHAM ARQUIVOS DE MÍDIA E DE CONVERSAS
TELEMÁTICAS

Além das providências já mencionadas, é essencial que seja


autorizada, com fulcro no artigo 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.296/961 e no artigo 22 da Lei
nº 12.965/20142 (Marco Civil da Internet), a quebra do sigilo dos dados de comunicações em
sistemas de informática e telemática dos aparelhos eletrônicos (celulares, smartphones,
computadores, tablets e demais dispositivos de armazenamento de mídia digital), que
eventualmente venham a ser apreendidos, em razão do cumprimento dos mandados de buscas
ora requeridos a esse Juízo.

Dentro dessa perspectiva, é igualmente necessária autorização


para ter acesso ao conteúdo das mensagens, em especial às conversas contidas nos aplicativos
de conversação via smartphone, tipo WhatsApp e outros similares, e a todos os demais dados
que puderem ser extraídos desses aparelhos, pelo período compreendido entre os anos de
2010 e 2023 (últimos 12 anos3, período que corresponde ao fato mais antigo investigado).

Consoante já discorrido no presente pedido, as investigações


realizadas por este GAECO evidenciaram que os ora requeridos associaram-se de forma estável
e permanente para a prática de crimes, concussão (artigo 316 do Código Penal), corrupção

1
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação
criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz
competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de
informática e telemática.
2
Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de formar conjunto probatório em processo judicial cível
ou penal, em caráter incidental ou autônomo, requerer ao juiz que ordene ao responsável pela guarda o
fornecimento de registros de conexão ou de registros de acesso a aplicações de internet.
3
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste
Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
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passiva (artigos 317 do Código Penal) e lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei 9613/98), além
de outras que podem ser identificadas no decorrer do cumprimento das medidas cautelares.

Pelo que já sobejamente se expôs, há robustos elementos que


demonstram que os requeridos se associaram para a prática de crimes diversos, tendo por
escopo precípuo a obtenção vantagens indevidas.

Salienta-se que, conforme esmiuçado ao longo deste


requerimento, restou amplamente demonstrada a prática de diversos crimes apenados com
reclusão, estando suficientemente demonstrados os requisitos previstos nos incisos I e III, do
artigo 2º, da Lei nº 9.296/964, e nos incisos I, II e III, do parágrafo único, do artigo 22 da Lei nº
12.965/20145.

Outrossim restou demonstrado que os requeridos se


rearticularam para cometerem os delitos de corrupção passiva e concussão entre o final do
ano de 2022 e início deste ano, sendo muito provável que se comuniquem, precipuamente,
pelo aplicativo WhatsApp (ou outros similares).

Assim, as conversas registradas no WhatsApp, se verificado o


integral conteúdo, podem vir a colaborar sobremaneira com a elucidação dos fatos, no intuito
de identificar cada um dos envolvidos na associação criminosa, bem como suas atribuições,
revelações que não se alcançarão senão por meio da medida que ora se pleiteia.

Diante de todo o exposto, possível concluir que o pedido de


quebra de sigilo de dados de comunicações em sistemas de informática e telemática é
fundamental para se dissipar a associação criminosa.

O deferimento do pleito de quebra do sigilo ora pleiteado


encontra pleno respaldo legal e se trata de medida de cautela (sendo evidentemente essencial
para a apuração dos crimes investigados, havendo prova da materialidade e indícios mais que
suficientes da autoria).

4
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes
hipóteses:
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
5
Art. 22 Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais requisitos legais, o requerimento deverá conter, sob pena
de inadmissibilidade:
I - fundados indícios da ocorrência do ilícito;
II - justificativa motivada da utilidade dos registros solicitados para fins de investigação ou instrução probatória;
e
III - período ao qual se referem os registros.
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Por outro lado, a jurisprudência há muito já firmou o


entendimento de que, em sendo a quebra de sigilo de dados decretada por Juiz competente,
seguindo os requisitos legais e visando a apuração de crime, não há de se falar em ofensa a
direitos e garantias fundamentais.

Nesse sentido:

QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO, TELEFÔNICO E FISCAL.


FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. AUSÊNCIA DE PROTEÇÃO
ABSOLUTA AO SIGILO. RESPALDO LEGAL. RELATIVIDADE DO
DIREITO À PRIVACIDADE. LEGALIDADE DA MEDIDA. INEXISTÊNCIA
DE INDÍCIOS DA PRÁTICA CRIMINOSA. IMPROCEDÊNCIA DO
ARGUMENTO. INSUFICIÊNCIA DE DELIMITAÇÃO TEMPORAL E
FÁTICA. (…) Hipótese em que, procedendo-se à apuração de crime
de tráfico de entorpecentes, surgiram indícios da prática de
lavagem de dinheiro, consistentes na intensa movimentação
financeira e patrimonial de pessoas ligada aos criminosos,
notadamente da ex-esposa da pessoa apontada como chefe da
quadrilha. A proteção aos sigilos bancário, telefônico e fiscal não
é direito absoluto, podendo os mesmos serem quebrados quando
houver a prevalência do direito público sobre o privado, na
apuração de fatos delituosos ou na instrução dos processos
criminais, desde que a decisão esteja adequadamente
fundamentada na necessidade da medida. Precedentes. (STJ –
Quinta Turma; Recurso ordinário em mandado de segurança n°
16813/SP, Relator Ministro Gilson Dipp, DJ 02/08/2004, p. 433).”
Grifo nosso

Diante do exposto, o Ministério Público requer, com fulcro no art.


1º, parágrafo único, da Lei nº 9.296/96 e no artigo 22 da Lei nº 12.965/2014, AUTORIZAÇÃO
para a quebra do sigilo dos dados de comunicações em sistemas de informática e telemática
dos aparelhos eletrônicos que vierem a ser apreendidos, bem como AUTORIZAÇÃO PARA
ACESSO IMEDIATO ao conteúdo dos dados que puderem ser extraídos desses aparelhos,
inclusive armazenados em nuvem (e cujo conteúdo interesse à investigação), notadamente as
conversas registradas no aplicativo WhatsApp e outros aplicativos de conversação similares e
AUTORIZAÇÃO para posterior encaminhamento dos aparelhos ao Instituto de Criminalística
para a realização de perícia.

3. DA NECESSIDADE DE CAPTAÇÃO E INTERCEPTAÇÃO


AMBIENTAL DURANTE O CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS
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As providências cautelares acima citadas serão essenciais para a


categórica apuração dos fatos, porquanto em desfavor dos ora investigados pesam fortes
indícios, por força de todos os indicativos colhidos, de que estão praticando, de modo
organizado e estruturado, os diversos crimes já narrados, além de outros que possivelmente
poderão ser identificados após o cumprimento das medidas ora requeridas.

Nada obstante, quando ocorrer o cumprimento das medidas,


caso deferidas, mostra-se de crucial importância o deferimento expresso de outras
providências paralelas, para que possam ser amealhados importantes elementos de convicção
sobre a autoria e materialidade dos crimes em comento, aptos a embasar o oferecimento de
futura denúncia em desfavor dos investigados.

Nesse cenário, é importante anotar que o Supremo Tribunal


Federal reconhece como lícita eventual confissão de investigados em entrevista informal, desde
que garantido o direito ao silêncio.

Noutro prisma, a gravação das diligências detém relevância para


o próprio controle das atividades exercidas pelos policiais no momento das buscas6 e de
eventuais resistências ou outras intercorrências durante o cumprimento das medidas.

Assim, visando o integral aproveitamento como prova, caso


sejam coletados elementos pertinentes ao caso em investigação, o Ministério Público informa
que será realizada a captação ostensiva de sinais óticos (mediante filmagens e fotografias) e
acústicos (mediante gravações por equipamentos diversos) de ações ou de conversações que
sejam mantidas entre as pessoas envolvidas nos delitos sob investigação durante o
cumprimento das medidas ora requeridas.

4. DA SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA

Segundo dispõe o art. 282 do Código de Processo Penal as


medidas cautelares "deverão ser aplicadas observando-se: I - a necessidade para aplicação da
lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para
evitar a prática de infrações penais; II - adequação da medida à gravidade do crime,
circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado".

Por sua vez, é certo que o art. 319 do Código de Processo Penal
traz um rol de medidas cautelares, que podem ser aplicadas pelo magistrado, em substituição
à prisão, sempre observando o binômio proporcionalidade e adequação, dentre elas a

6
Nessa senda, 6ª Turma do STJ, ao julgar o HC nº 598051 entendeu necessária a gravação da autorização do
morador em áudio e vídeo, em casos de ingresso em domicílio sem mandado judicial.
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suspensão do exercício de função pública, prevista no inciso VI do mencionado dispositivo. In


verbis:

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


[...]
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de
natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de
sua utilização para a prática de infrações penais; (Incluído
pela Lei nº 12.403, de 2011).
[..]

No caso em tela, as medidas cautelares estão devidamente


fundamentadas, pois evidenciadas a necessidade e a adequação do afastamento das funções
públicas com o fito de evitar reiteração delitiva e assegurar a instrução criminal, já que o
requerido ALEX TENAN poderia se valer do cargo para ter acesso a documentos e dados
constantes da Câmara Municipal, que afetariam o curso normal do processo.

Desse modo, é evidente que ALEX TENAN caso continue


exercendo as funções que lhes são/eram iminentes junto ao Legislativo Municipal, com plenos
poderes, pode perturbar a produção de provas, influenciando testemunhas e prejudicando o
andamento processual.

Observe-se ainda que o requerido, caso não seja afastado,


poderá continuar a praticar os mesmos delitos e seguirá a ter acesso pleno a todos os
documentos e dados constantes no arquivo da Prefeitura e Câmara Municipal de Porecatu/PR,
podendo impedir que as necessárias provas venham a ser produzidas, no decorrer da ação
penal. Portanto, prejudicada também restará a correta aplicação da lei, como consequência
lógica.

Importante frisar que além de ter coagido particulares, ALEX


TENAN efetivamente se utilizou de sua função de Presidente da Câmara dos Vereadores de
Porecatu/PR, para enviar ofícios intimidatórios ao atual prefeito FÁBIO LUIZ ANDRADE.

Os ofícios em questão foram encaminhados ao Prefeito FÁBIO


LUIZ ANDRADE, apenas após a negativa deste em auxiliar o grupo a obter vantagem indevida
do empresário JAIR DEMORE JUNIOR, ou seja, após a negativa de FÁBIO em anuir aos
propósitos do grupo criminoso, este passou também passou a ser vítima de ALEX TENAN.

Segue abaixo ofício enviado por ALEX TENAN no uso de suas


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27/04/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Pedido de Busca e Apreensão e Medidas Cautelares

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Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO

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atribuições de Presidente da Câmara dos Vereadores do Município de Porecatu, para coagir


FÁBIO LUIZ ANDRADE, atual prefeito de Porecatu/PR.

Outrossim, repita-se que ALEX TENAN pessoalmente, na


companhia de CLAUDINEI VELDERIO, também coagiu JOSÉ CARLOS GOMES, parceiro comercial
do empresário JAYR DEMORE JUNIOR, responsável pela elaboração de contratos da
LOTEADORA DEMORE LTDA, para que este convencesse o empresário JAYR DEMORE JUNIOR a
formalizar o registro dos imóveis objeto da concussão anteriormente praticada.

Saliente-se que a lei explicita que as cautelares são decretáveis


quando cominada pena de prisão ao fato praticado, mas também são cabíveis aos crimes cuja
pena máxima é igual ou inferior a 4 anos, desde que existam fumus commissi delicti e periculum
libertatis.
PROJUDI - Processo: 0000956-69.2023.8.16.0137 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Leandro Antunes Meireles Machado
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Na hipótese, verifica-se que ao requerido são atribuídas as


práticas de delitos especialmente graves e repugnantes, em razão do mal que causam à
sociedade como um todo, tais como associação criminosa (artigo 288, Parágrafo único do
Código Penal), corrupção passiva (artigos 333 do Código Penal) e concussão (art. 316 do Código
Penal).

Vale ressaltar que o Supremo Tribunal Federal já exarou


entendimento de que as normas de imunidade formal previstas no art. 53, § 2º da CF/88 para
Deputados Federais e Senadores não se aplicam para os vereadores. Nesse sentido:

(...) Os edis, ao contrário do que ocorre com os membros do


Congresso Nacional e os deputados estaduais não gozam da
denominada incoercibilidade pessoal relativa (freedom from
arrest), ainda que algumas Constituições estaduais lhes
assegurem prerrogativa de foro. (...) STF. 1ª Turma. HC 94059,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 06/05/2008.

Outrossim, o Colendo Superior Tribunal de Justiça firmou


entendimento de que é plenamente possível que o juiz de primeiro grau determine a aplicação
de medida cautelar de afastamento das funções de vereador (e de Presidente da Câmara
Municipal), sem a necessidade de remessa à respectiva Casa para deliberação. Confira-se:

É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente,


imponha a parlamentares municipais as medidas cautelares de
afastamento de suas funções legislativas sem necessidade de
remessa à Casa respectiva para deliberação.
STJ. 5ª Turma. RHC 88.804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, julgado em 07/11/2017 (Info 617).

RECURSO EM HABEAS CORPUS. CORRUPÇÃO PASSIVA (ART. 317,


C/C ART. 29, POR PELO MENOS 78 VEZES, NA FORMA DO ART. 69,
TODOS DO CÓDIGO PENAL). MEDIDA CAUTELAR DE
AFASTAMENTO DO CARGO DE VEREADOR. NECESSIDADE E
ADEQUAÇÃO. DELITOS COMETIDOS EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DA
FUNÇÃO PÚBLICA. AUSÊNCIA DE MANIFESTA ILEGALIDADE. 1.
Segundo entendimento desta Corte Superior, se os delitos
investigados guardam relação direta com o exercício do cargo, e
o afastamento do exercício da atividade pública constitui medida
PROJUDI - Processo: 0000956-69.2023.8.16.0137 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Leandro Antunes Meireles Machado
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necessária para evitar a reiteração delitiva, não há se falar em


ausência de fundamentação da medida imposta. 2. No caso, além
do nexo funcional entre o delito investigado e o exercício do cargo
de vereador, a instância de origem demonstrou a
imprescindibilidade da medida de afastamento da função
pública, notadamente para evitar a reiteração delitiva, visto que
a prática criminosa teria ocorrido de forma habitual e por longo
período (entre janeiro de 2014 e dezembro de 2020),
evidenciando, portanto, a necessidade e adequação da medida
cautelar imposta ao recorrente. 3. Recurso em habeas corpus
improvido. Prejudicado o pedido de reconsideração de fls.
346/350. (STJ - RHC: 158443 SP 2021/0400961-4, Data de
Julgamento: 20/09/2022, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 06/10/2022) – grifo nosso.

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO


CABIMENTO. PECULATO E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
APLICAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA PRISÃO.
SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA.
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. PROPORCIONALIDADE DA
MEDIDA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. WRIT
NÃO CONHECIDO. 1. Diante da hipótese de habeas corpus
substitutivo de recurso próprio, a impetração não deve ser
conhecida, segundo orientação jurisprudencial do Supremo
Tribunal Federal - STF e do próprio Superior Tribunal de Justiça -
STJ. Contudo, considerando as alegações expostas na inicial,
razoável a análise do feito para verificar a existência de eventual
constrangimento ilegal. 2. Tanto a doutrina quanto a
jurisprudência sinalizam que os mesmos requisitos aptos a
ensejarem o decreto prisional devem se fazer presentes na sua
substituição por medidas alternativas, uma vez que buscam o
mesmo fim, apenas por intermédio de mecanismo menos
traumático, o que se verificou na hipótese dos autos. 3. O próprio
texto legal (art. 319 e incisos) indica a finalidade da imposição de
determinada medida e, dessa forma, uma vez preenchidos os
requisitos legais que autorizam a restrição da liberdade do
indivíduo, mostra-se prescindível exigir que o magistrado proceda
ao exaurimento da motivação que o levou a escolher cada uma
das restrições, sem que isso configure descumprimento do art. 93,
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inciso IX, da Constituição Federal - CF/88. 4. Considerando que


das nove medidas possíveis, previstas no art. 319 do Código de
Processo Penal - CPP, a imposição de apenas uma não se mostra
desarrazoada ou desproporcional ao caso concreto. 5. O fato de
o paciente integrar organização criminosa com a finalidade de
apropriar-se de dinheiro, valor e bens de que tinha posse em
razão do cargo de presidente da Câmara Municipal e desviá-los
em proveito próprio, justifica a aplicação de medida cautelar de
suspensão do exercício da função pública, pois, a permanência
em seu cargo, mesmo que eleito para nova legislatura, pode
ensejar a continuidade das atividades ilícitas em apuração. 6.
Habeas corpus não conhecido. (STJ - HC: 478943 MG
2018/0302067-3, Relator: Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Data
de Julgamento: 04/02/2020, T5 - QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 14/02/2020)

No mesmo sentido, é o entendimento exarado pelo E. Tribunal


de Justiça do Estado do Paraná:

HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, FALSIDADE


IDEOLÓGICA, FRAUDE PROCESSUAL E FRAUDE À LICITAÇÃO.
CRIMES EM TESE PRATICADOS POR VEREADOR. MEDIDAS
CAUTELARES DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA
E PROIBIÇÃO DE APROXIMAÇÃO E INGRESSO NAS
DEPENDÊNCIAS DA CÂMARA MUNICIPAL DE MARECHAL
CÂNDIDO RONDON. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE
REVOGAÇÃO DESSAS MEDIDAS. DECISÃO ESCORREITA.
PERICULUM LIBERTATIS QUE PERSISTE NO CASO EM TELA.
EXTREMA GRAVIDADE DOS FATOS E CONTUMÁCIA DELITIVA.
ENCERRAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES E OFERECIMENTO DA
DENÚNCIA QUE NÃO ELIDEM A PRESENÇA DOS REQUISITOS DO
ART. 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. CASSAÇÃO INDIRETA
DO MANDATO ELETIVO. TESE AFASTADO. INSTRUÇÃO QUE
PROSSEGUE NORMALMENTE, EVIDENCIANDO A REGULARIDADE
DA MARCHA PROCESSUAL. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO PAUTADA
PARA 30.01.20. ORDEM DENEGADA. (TJPR - 4ª Câmara Criminal -
0001642-89.2020.8.16.0000 - Marechal Cândido Rondon - Rel.:
DESEMBARGADORA SONIA REGINA DE CASTRO - J. 30.01.2020)
– grifo nosso.
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Desse modo, considerando que os delitos de corrupção passiva e


concussão foram praticados pelo vereador e Presidente da Câmara dos Vereados, ALEX TENAN,
no exercício do cargo e em razão dele, a cautelar de suspensão do exercício da função pública
é a única medida eficaz para cessar o cometimento de delitos, bem como preservar as provas
que serão ser produzidas durante a investigação.

Assim, cumpridos os requisitos e pressupostos legais, revela-se


indiscutível a necessidade de decretação de medida cautelar diversa da prisão ao requerido
ALEX TENAN, descrita no artigo 319, inciso VI, do Código de Processo Penal, consistente no
afastamento da função pública de vereador e Presidente da Câmara dos Vereadores, nos
termos do artigo 282, incisos I, II e III, § 1º do mesmo diploma legal.

5. DA DISPENSA DAS CARTAS PRECATÓRIAS

A busca e apreensão é um dos institutos que excetua a


inviolabilidade domiciliar, que não tem caráter absoluto, para franquear o acesso de policiais,
membros do Ministério Público ou oficiais de justiça em domicílio de outrem com a finalidade
de auxiliar na persecução penal, conforme dispõe o artigo 240 do Código de Processo Penal.

Em regra, trata-se de um procedimento extraprocessual, cuja


natureza jurídica é de meio de obtenção de prova. A execução da diligência, por sua vez, tem
natureza de ato administrativo (e não de ato jurisdicional) e, desse modo, a eventual falta de
carta precatória entre Juízos distintos não tem o condão de tornar ilegal a medida, tampouco
eiva de ilicitude a prova material porventura obtida.

Isso porque a execução de ordem em jurisdição diversa não exige


a autorização da autoridade judiciária do local do cumprimento da busca domiciliar, pois a
norma processual (artigo 240 e seguintes do códex citado) diz respeito exclusivamente aos
aspectos procedimentais, não subtrai a competência da autoridade judicial que defere a
medida.

A carta precatória é um instrumento utilizado para cumprir atos


processuais à distância. A finalidade é viabilizar a mera execução da ordem do juízo deprecante.
O Juízo deprecado, quando desnecessária sua atuação direta no cumprimento do ato,
meramente exara um 'cumpra-se', sem qualquer controle judicial sobre o ato deprecado.

A despeito de a precatória ser a forma de comunicação entre


juízes de circunscrições judiciárias diversas para a prática de um ato processual, o Código de
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Processo Penal, ao regulamentar o mandado de busca e apreensão, não dispôs expressamente


acerca da necessidade desse instituto para execução dessa medida em circunscrição alheia,
como o fez, por exemplo, com a prisão, conforme o artigo 289 do referido diploma.

Nesse sentido, confira-se trecho da decisão do então Juiz Federal


Sérgio Fernando Moro, exarada no âmbito da “Operação Lava Jato” (autos de Pedido de Prisão
Preventiva de nº 5043559-60.2016.4.04.7000/PR):

A competência se estabelece sobre crimes e não sobre pessoas ou


estabelecimentos. Assim, em princípio, reputo desnecessária a
obtenção de autorização para a busca e apreensão do Juízo do local da
diligência. Esta só se faz necessária quando igualmente necessário o
concurso de ação judicial (como quando se ouve uma testemunha ou se
requer intimação por oficial de justiça). A solicitação de autorização no
Juízo de cada localidade colocaria em risco a simultaneidade das
diligências e o seu sigilo, considerando a multiplicidade de endereços e
localidades que sofrerão buscas e apreensões.” (grifo nosso)

No mesmo sentido é o entendimento do Superior Tribunal de


Justiça. Vejamos:

“PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.


OPERAÇÃO ‘LAVA-JATO’. MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO.
CUMPRIMENTO DA DILIGÊNCIA EM CIRCUNSCRIÇÃO ALHEIA.
AUSÊNCIA DE PRECATÓRIA. IRREGULARIDADE. ILICITUDE DA PROVA.
INOCORRÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.
I - De acordo com o art. 5º, XI, da Constituição Federal, uma das
hipóteses para se adentrar no domicílio alheio é por determinação
judicial.
II - O instituto da busca e apreensão é um dos mecanismos para
franquear o acesso de policiais ou oficiais de justiça em domicílio de
outrem, com a finalidade de auxiliar na persecução penal, conforme
dispõe o art. 240 do CPP.
III - Apenas a autoridade judiciária competente poderá expedir o
adequado mandado de busca apreensão. In casu, a ordem emanou do
MM. Juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, o qual é o competente para
expedir o mandado, uma vez que detém a competência para julgar
eventuais delitos, em tese, praticados pelo ora recorrente que foram
investigados no bojo da "Operação Lava-Jato".
IV - Na hipótese, o cumprimento do mandado, na residência do
recorrente, foi realizado pela Polícia Federal, que tem o ingresso
permitido em todo território nacional. E, como a execução da diligência
tem natureza de ato administrativo, a eventual falta de carta precatória
entre os juízes federais de seções judiciárias distintas não tem o condão
de tornar ilegal a medida, uma vez que o ato do juiz deprecado não teria
efetivamente caráter decisório. Portanto, no presente caso, trata-se de
mera irregularidade. Recurso ordinário desprovido (RHC 64.829/PR, Rel.
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Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 05/05/2016, DJe


13/05/2016).” grifo nosso

“HABEAS CORPUS. RECEPTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE PRAZO DA


PRISÃO. PLEITO PREJUDICADO. AFIRMAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO
JUÍZO. IMPROCEDÊNCIA. BUSCA E APREENSÃO. INEXISTÊNCIA DE
NULIDADE DA PROVA.
1. Diante da informação de que o paciente obteve a liberdade
provisória, fica superada a alegação de excesso de prazo da prisão.
2. O paciente é acusado de haver cometido o crime de receptação por
ter guardado, juntamente com sua companheira, na sua residência,
localizada na Cidade de Viamão/RS, diversas mercadorias objeto de
furto.
3. Se a apreensão dos objetos, apontados como receptados, se deu na
Comarca de Viamão, onde se consumou a infração, ali, em princípio,
deve tramitar a ação penal, segundo a regra contida no art. 70 do
Código de Processo Penal.
4. É bem verdade que a existência de conexão pode conduzir ao
deslocamento da competência. Todavia, o Juízo da Comarca de Viamão
assentou que os fatos ali apurados guardam autonomia em relação ao
que se examina no processo-crime em curso na Comarca de Canoas.
5. Nesse contexto, afigura-se acertada a tramitação, em separado, das
referidas ações penais, visto que, pela leitura das denúncias, embora os
feitos possam ter alguma relação, por partirem da mesma investigação
policial, certo é que possuem objetos distintos. O primeiro apura fato
pontual: a apreensão, na residência do ora paciente, de algumas
mercadorias furtadas, sendo imputado, a ele e a sua companheira, o
crime de receptação. O segundo, em curso na Comarca de Canoas,
cuida de quadrilha armada composta por dezesseis pessoas, dentre elas
o ora paciente, especializada na subtração de caminhões e veículos.
6. Cumpre salientar que, dentre os veículos tidos por subtraídos pela
quadrilha, apurados pelo Juízo de Canoas, não consta, ao que se vê da
respectiva denúncia, o caminhão cujas mercadorias teriam sido
receptadas pelo paciente na cidade de Viamão, circunstância que
reforça a inexistência de conexão entre os feitos.
7. Não se olvide que o Código de Processo Penal, no seu artigo 80,
faculta a separação de processos, ainda que conexos, quando as
infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de
lugar distintas, ou por outro motivo relevante reputado pelo juiz.
8. A ordem de busca e apreensão atende à cláusula de reserva de
jurisdição, pois autorizada, segundo confirma a própria impetração, por
autoridade judicial, ainda que de Comarca diversa. Assim, constatada a
necessidade da busca e apreensão pela autoridade judicial de Canoas,
desnecessário seria a anuência do Juízo de Viamão para o cumprimento
do mandado naquela Comarca, bastando, para tal fim, a expedição de
carta precatória. De qualquer forma, ainda que não tenha sido expedida
a precatória, tal irregularidade não macula a prova obtida.
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9. Ordem parcialmente prejudicada e, na parte conhecida, denegada


(HC 160.623/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado
em 16/11/2010, DJe 06/12/2010).” grifo nosso

Portanto, é evidentemente desnecessária a expedição de carta


precatória para cumprimento de ato processual a distância e que não requeira intervenção
direta do Juízo do local da medida, uma vez que o ato do juiz deprecado não teria caráter
decisório.

Ainda que assim não fosse, em processo penal, no regime de


nulidade vigora o princípio maior pas de nullité sans grief, ou seja, não se declarará nulo
nenhum ato processual quando não houver prejuízo (art. 563, CPP). Nesse contexto, o vício de
nulidade só será reconhecido diante da demonstração da ocorrência de prejuízos concretos
sofridos pela parte.

Assim, considerando a imprescindível necessidade de se manter


o sigilo da medida, é que se pleiteia a não expedição de carta precatória ao Juízo de
Jataizinho/PR e Bataguassu/MS, onde serão cumpridos parte dos mandados

CAPÍTULO IV – DOS PEDIDOS

Em razão de todo o exposto, o Ministério Público do Estado do


Paraná requer:

1. BUSCA E APREENSÃO:

Com base nas alíneas “b”, “d”, “e” e “h” do artigo 172, do Código
de Processo Penal Militar, assim como artigo 240, § 1º “a”, “d”, “e”, e “h” do Código de Processo
Penal, seja concedida autorização judicial para promover busca PESSOAL e DOMICILIAR, com o
especial fim de se instrumentos, produtos e elementos de convicção relativos aos crimes
investigados, tais como anotações em geral, contratos, atos notariais, controle de pagamentos
(seja de empréstimos a título de agiotagem, seja de eventuais propinas e outros ilícitos),
comprovantes de depósitos e saques, aplicações financeiras, carteiras de criptoativos e suas
respectivas chaves, computadores e demais dispositivos eletrônicos (pen drives, smartphones,
celulares, tablets, HDs externos, CDs, DVDs, entre outros), inclusive arquivos magnéticos (de
computador ou de gravações acústicas ou óticas), que contenham indicativos dos delitos de
usura, corrupção passiva e ativa, crime de parcelamento irregular do solo, falsidades
documentais e possível lavagem de ativos, sem prejuízo de outras condutas delitivas que se
evidenciarem, como eventual associação e/ou organização criminosa, além de outras
movimentações financeiras que deem suporte a estes delitos e documentos que se refiram a
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ajustes criminosos com terceiros, sejam particulares ou agentes públicos, além de possíveis
equipamentos de gravação (de som e imagem) instalados nas dependências dos locais em
questão, em desfavor dos seguintes requeridos e endereços:

INVESTIGADO ENDEREÇO
1. WALTER TENAN Rua Julião Barrueco nº 14, Jd. Santo
CPF 238.836.269-53 Antônio, Florestópolis/PR
2. Rua do Lago, nº 38, Condomínio Porto
ALEX TENAN das Águas, Porecatu/PR
CPF 008.003.629-50 Rua Ezequias Braz da Silva, nº 268,
Florestópolis/PR
3. Rua do Lago, nº 303, LT-303,
JONATAS CÉSAR DIAS
Condomínio Porto das Águas,
CPF 017.486.269-57
Porecatu/PR
4. Rua José Monteiro de Mello, nº 205,
EDUARDO PRANDINI apto 1602, Gleba Fazenda Palhano,
CPF 039.579.249-52 Londrina/PR.

5. MARCO AURÉLIO CAVALHEIRO Rua Tereza Zanette Lopes, nº 277, apto


MARCONDES 1102, Ed. Grand Palais, Gleba Fazenda
CPF 033.650.209-50 Palhano, Londrina/PR
6. CLAUDINEI VELDERIO Rua José Dias das Neves, nº 55, Cj.
CPF 033.650.209-50 Elizabeth Lago, Florestópolis/PR
7. MARCOS PAVESI PAES DA SILVA Av. Robert Koch, nº 1579, Jd. Aragarça,
CPF 005.139.519-38 Londrina/PR
8. COHASUL HABITACIONAL - CONSTRUTORA
Rua Presidente Kennedy, nº 988,
E INCORPORADORA LTDA
centro, Porecatu/PR
14.464.714/0001-65
9. GABINETE DO VEREADOR ALEX TENAN e
R. Sidnei Nino, 488, Centro,
GABINETE DA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
Porecatu/PR
DOS VEREADORES DE PORECATU/PR

Em relação à busca e apreensão nos domicílios de MARCO


AURÉLIO CAVALHEIRO MARCONDES (OAB nº 36522) e JONATAS CÉSAR DIAS (OAB nº 47641), o
Ministério Público requer seja afastada a inviolabilidade prevista no artigo 7º, inciso II da Lei nº
8.906/94 e informa que em caso de decretação da medida, nos termos do § 6º do mesmo
Estatuto à Ordem dos Advogados do Brasil, comunicará à OAB oportunamente, a fim de que
envie representantes para acompanhar as diligências.
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Ademais, apenas como cautela, requer-se conste expressamente


de todos os mandados a autorização para apreensão dos objetos acima mencionados, bem
como que devem ser cumpridos pelos policiais adstritos ao GAECO – Grupo de Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado ou por outros Órgãos de Segurança que estejam prestando
apoio à Operação, possibilitada eventual participação de membros do Ministério Público no
cumprimento das medidas.

Considerando as circunstâncias narradas no tópico das buscas e


apreensões, seja autorizada a busca pessoal nos investigados acima nominados, no local em
que forem encontrados, visando a apreensão de objetos que estejam portando, notadamente
aparelhos celulares e outros dispositivos eletrônicos.

1. LEVANTAMENTO DE SIGILO DE EQUIPAMENTOS QUE


CONTENHAM ARQUIVOS DE MÍDIA E DE CONVERSAS
TELEMÁTICAS

Com fulcro no artigo 1º, parágrafo único, da Lei nº 9.296/96 e no


artigo 22 da Lei nº 12.965/14, o Ministério Público requer a quebra do sigilo dos dados de
comunicações em sistemas de informática e telemática dos aparelhos eletrônicos, que
porventura vierem a ser apreendidos, bem como autorização para que se tenha ACESSO
IMEDIATO a todo o conteúdo dos dados que puderem ser extraídos desses aparelhos,
notadamente e-mails e aplicativos de conversação (WhatsApp, similares e outros).

Outrossim, seja autorizado a posterior remessa dos aparelhos


eletrônicos ao Instituto de Criminalística para a realização da respectiva perícia diretamente
pela Delegacia adstrita a este GAECO.

2. CAPTAÇÃO E INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL DURANTE O


CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS

Ainda, requer autorização para gravação ambiental,


consubstanciada pela captação de sinais óticos (mediante filmagens e fotografias) e acústicos
(mediante gravações por equipamentos diversos) de ações ou de conversações que sejam
mantidas entre as pessoas envolvidas nos delitos sob investigação, ou entre estas e terceiros,
durante o cumprimento das medidas ora requeridas, especialmente quanto aos agentes
policiais do GAECO, sem descurar da extensão a todos os que participarem do cumprimento
das medidas em comento.
PROJUDI - Processo: 0000956-69.2023.8.16.0137 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Leandro Antunes Meireles Machado
27/04/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Pedido de Busca e Apreensão e Medidas Cautelares

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYBT HKSTZ M63SA ANM3D


Núcleo Regional de Londrina

3. DISPENSA DE CARTAS PRECATÓRIAS

Considerando a imprescindível necessidade de se manter o sigilo


da medida, é que se pleiteia a não expedição de carta precatória aos Juízos de Londrina/PR e
Porecatu/PR, onde serão cumpridos os mandados.

4. DA SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA

Com fulcro no artigo 319, inciso VI, do Código de Processo Penal,


requer a suspensão do exercício da função pública de Vereador e Presidente da Câmara dos
Vereadores de ALEX TENAN, com a consequente expedição de ofício à mencionada Casa
Legislativa, apenas para o fim de informar o afastamento.

5. SIGILO

Requer seja determinado o sigilo do presente pedido até o


efetivo cumprimento das medidas, não permitindo o acesso aos autos a não ser ao próprio
Ministério Público.

6. PRAZO DE CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS

Ademais, requer seja concedido o prazo de até 30 (trinta) dias


para cumprimento das medidas, tendo em vista a complexidade operacional que as envolve e,
por igual, o princípio da oportunidade.

De Londrina para Porecatu, datado e assinado digitalmente.

Jorge Fernando Barreto da Costa Leandro Antunes Meirelles Machado


Promotor de Justiça Promotor de Justiça

Ricardo Jorge Rocha Pereira Filho


Delegado de Polícia

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