Silo - Tips - Utilizaao de Sistema de Direao Eletro Hidraulico em Onibus Com - Removed - Removed PDF
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Bill, E. A. e Carreirão, C. M.
[email protected], [email protected]
RESUMO
Sistemas de direção elétricos e eletro-hidráulicos têm sido utilizados em veículos leves durante
muitos anos, a sua principal contribuição é o aumento do conforto e conveniência para o
condutor. Nos últimos anos, o uso de veículos comerciais que usam motores elétricos ou híbridos
tem aumentado muito, sendo liderado pelos mercados Europeu e Chinês. Com o uso de motores
elétricos / híbridos, se fez necessário desenvolver algumas alternativas de geração de energia
hidráulica para o sistema de direção, já que não há motor a combustão, ou ele permanece
desligado por um determinado tempo. Vislumbrando este cenário, muitas empresas começaram a
usar sistemas de direção eletro-hidráulica, o ponto principal é conectar a bomba de direção a um
motor elétrico, em vez de usar o motor a combustão. Este artigo irá explorar este sistema,
apresentar as principais vantagens e desvantagens do sistema, explicar como o mesmo funciona e
avaliar a economia de combustível em sua instalação em um ônibus com motor diesel.
INTRODUÇÃO
Os últimos anos trouxeram para as montadoras uma série de desafios, entre eles pode-se citar a
redução no nível de emissão de poluentes, a redução no consumo de combustíveis fósseis e a
redução dos custos de produção e fabricação. O maior desafio é o atingimento de todos esses
objetivos com custo acessível e sem decréscimo de qualidade para o cliente final.
2. VANTAGENS E DESVANTAGENS
2.1. Funcionamento
A aquisição de dados foi feita em uma rota real de utilização do veículo, em condição normal de
operação, localizada na cidade de Curitiba, conforme mostrado na Figura 10. Optou-se pela
aquisição de dados em uma rota real para se chegar ao resultado mais próximo daquele
encontrado pelo cliente. Essa rota é de regime urbano, com típicas paradas próximas entre si e
velocidade média de aproximadamente 25km/h.
Figura 10 – Rota Mercês Guanabara, Curitiba
Fonte: [9]
Com os dados de rotação e torque gerado pelo motor elétrico e utilizando a equação (3), calculou-
se a potência dissipada pelo motor elétrico:
2 × 𝜋𝜋 × 𝑛𝑛 × 𝑇𝑇
𝑃𝑃𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑(𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸) = (3)
60 × 1000
Onde: P=potência [kW]; n=rotação do motor [RPM]; T=torque do motor elétrico [Nm]
Para calcular a vazão específica para cada instante de tempo a equação (1) foi utilizada.
Como resultado destas análises obteve-se o consumo de energia instantâneo necessário para gerar
a vazão desejada. Notou-se que quando o veículo está parado e não há movimento no volante, o
sistema automaticamente se desliga, conforme já explicado na sessão anterior. Nesses momentos
não há consumo nenhum de energia no sistema eletro-hidráulico.
Após essa primeira etapa e através da rotação do motor diesel obtida da rede de comunicação
CAN, calculou-se qual seria o consumo de energia hipotético caso, ao invés de um sistema eletro-
hidráulico, o veículo estivesse utilizando uma bomba convencional conectada ao motor diesel.
Vale salientar que, quando a bomba é montada no motor diesel, a mesma trabalha sempre que o
mesmo está ligado, pois não há qualquer modo de desligá-la, ou seja, mesmo quando o veículo
está parado e não há rotação do volante, existe o consumo de energia.
Para esta análise calculou-se a vazão teórica com base na rotação do motor, a partir da equação
(1).
Depois, tendo-se a vazão, calculou-se a energia dissipada na bomba utilizando-se as equações (4)
e (5).
𝑝𝑝 × 𝑄𝑄
𝑃𝑃𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 (𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻) = (4)
600 × 𝜂𝜂𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔
Onde: Q=vazão [l/min]; ηges=rendimento total; ηV=rendimento volumétrico; ηM=rendimento hidráulico mecânico;
p=pressão [bar].
Também vale citar que toda a energia dissipada pela bomba no sistema convencional vem do
motor diesel, logo, quando a mesma é retirada e é conectada a um motor elétrico, deixa-se de
gastar energia para movimentar movimentando este componente.
3.3. Redução no Consumo de Combustível
Para medição de uma suposta redução no consumo de combustível com a instalação do sistema
eletro-hidráulico em veículos diesel convencionais, optou-se pelo cálculo energético do sistema
hidráulico. O objetivo é que com a utilização do sistema eletro-hidráulico, a bomba hidráulica da
direção seja removida do motor e desta forma haja redução no consumo de óleo diesel.
O resultado desta integral representa o consumo energético total do período de 1200s. Nesse caso
específico, o valor resultante da análise foi de 560kJ.
Sabendo que o poder calorífico do diesel é de 44351 kJ/kg [5] e a eficiência média de um motor
diesel é de 45% [6], se obteve a quantidade de diesel utilizada, em quilogramas, no período. Para
a conversão do valor obtido de quilogramas para litros, utilizou-se a densidade de 8888 kg/l [5].
Para esse período de amostra de 1200s, em ciclo urbano, se obteve uma redução de consumo de
combustível média de 0,0663 l/h.
Com esse dado disponível, extrapolou-se a redução do consumo para um período de um ano. Os
dados utilizados na extrapolação foram obtidos de [11] e são mostrados abaixo:
• Dias de operação anual: 345 dias (descontando 20 dias para manutenção em geral).
Inserindo os dados acima no estudo de caso obtêm-se uma redução de consumo anual de
combustível de 274,48 litros. Considerando o preço médio do diesel para a região de Curitiba
sendo de 2,927 reais/l [1], se obtém uma redução de aproximadamente R$803,40. Deste modo
pode-se prever que, caso o proprietário opte pela aquisição de um veículo com o sistema eletro-
hidráulico, o mesmo estará totalmente amortizado em cerca de 3 anos já que, como citado
anteriormente, a adição de peças ao sistema representa R$2.400. O custo de manutenção não foi
considerado nesta análise por ser semelhante entre os dois sistemas, já que incluí basicamente
eventuais trocas de óleo e filtro de óleo.
CONCLUSÃO
A introdução do sistema de direção eletro-hidráulica em veículos pesados está cada vez mais
perto de se tornar uma realidade. O maior empecilho hoje é o maior custo agregado ao veículo
que, como visto neste artigo, é R$2.400 mais caro que uma direção hidráulica.
É importante uma mudança de visão relativa ao custo de um produto. É necessário que pensemos
no custo operacional do produto e não somente no seu custo de produção. Nesse sentido a
introdução do sistema elétro-hidráulico aumenta o custo do produto porém diminuí o seu custo
operacional. Olhando nesse prisma, o sitema elétro hidráulico é viável.
Vale salientar que a análise de custo deste artigo foi baseado no cenário econômico de 2016, onde
cada real representa 0,25 euros. Caso haja valorização da moeda brasileira, a introdução do
sistema eletro-hidráulico se torna ainda mais interessante e seu tempo de amortização diminui.
Esse artigo teve como objetivo principal desmistificar os maiores custos envolvidos nesse novo
sistema. Foi provado que o sistema se amortiza em 3 anos e, quando se extrapola essa redução
para uma frota de veículos, o números totais começa a se tornar mais atrativos.
Como sugestão para trabalhos futuros pode-se indicar o cálculo de redução na emissão de
poluentes e uma análise de redução de consumo de combustível em dois veículos reais e iguais,
porém um utilizando o sistema eletro-hidráulico e o outro o sistema convencional.
REFERÊNCIAS