Psicologia Do Desenvolvimento - 39 55
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DESENVOLVIMENTO
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INTRODUÇÃO
A
Psicologia do Desenvolvimento é o campo de conhecimento que estuda as
constâncias e as variações pelas quais os indivíduos passam no decorrer
da vida, abordando o desenvolvimento das diversas funções psíquicas que
integram a mente, as emoções, as relações interpessoais, entre outros. (PAPALIA;
OLDS; FELDMAN, 2006). Para Biaggio (2009), a especificidade da psicologia do de-
senvolvimento humano está em investigar os fatores externos e internos que con-
tribuem para as mudanças no comportamento em períodos de transição rápida.
Bock, Furtado e Teixeira (2008) afirmam que o estudo do desenvolvimento hu-
mano é uma condição para tentar responder condutas e comportamentos das
diversas fases do desenvolvimento. Assim, podemos definir o desenvolvimento
como um processo contínuo e ininterrupto em que os aspectos biológicos, físicos,
sociais e culturais se ligam, se influenciam e produzem indivíduos com modos de
pensar, sentir e agir diferentes uns dos outros.
Dessa forma, a Psicologia do Desenvolvimento pode ser definida como a área
que estuda o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos: físico-motor,
intelectual, afetivo-emocional e social, compreendendo desde o nascimento até o
fim da vida (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).
Para facilitar a aprendizagem, dividimos este capítulo em dois momentos: o
primeiro trata de uma forma geral sobre o desenvolvimento humano e os prin-
cipais aspectos que interagem e influenciam o desenvolver de cada sujeito, e no
segundo momento apresentamos as diferentes fases do desenvolvimento humano
dando ênfase à infância e à adolescência.
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a) Hereditariedade: definida como a carga genética do indivíduo;
b) Crescimento orgânico: é o processo do aumento do tamanho corporal;
c) Maturação neurofisiológica: é o que determinada certos padrões compor-
tamentais;
d) Meio: consiste no conjunto de influências e estimulações ambientais que
podem modificar certos padrões comportamentais do indivíduo.
Cada parte do organismo possui um Cada parte se desenvolve em determinado período, o qual
ritmo próprio de desenvolvimento. possibilita o seu crescimento e a sua maturação.
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2.2
FASES DO DESENVOLVIMENTO
HUMANO
“Cada período do ciclo da vida é influenciado pelo que ocorreu antes e irá afetar
o que virá depois” (PAPALIA; OLDS, 2000, p. 31). Assim, compreendemos que o de-
senvolvimento é um processo contínuo no decorrer da vida e cada parte do ciclo
apresenta suas próprias características. Dessa forma, este item está subdivido em
duas grandes fases do ciclo vital humano e as principais características do desen-
volvimento de cada fase: infância e adolescência.
2.2.1 Infância
Ariès (1981) expõe que até o século XVII não existia a noção de infância, as crianças
eram vistas como adultos em miniaturas, mais fracos e menos inteligentes. Foi
somente no século XIX que abriu-se caminhos para o estudo científico do desen-
volvimento infantil.
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Segundo a teoria de Erik Erikson, o bebê (0 a 1 ano) está no estágio de confian-
ça básica versus desconfiança básica. Neste estágio a principal tarefa é aprender
a confiar na uniformidade e na continuidade dos provedores externos (mãe, cui-
dadores) e em sua própria capacidade de fazer com que as coisas aconteçam. O
bebê aprende a confiar nos adultos e também a confiar em si mesmo, elemento-
-chave para um vínculo inicial seguro (HALL, LINDZEY; CAMPBELL, 2007).
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Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvi-
mento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, des-
de muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e
mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz
com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as
crianças podem desenvolver algumas capacidades importan-
tes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.
Amadurecem também algumas capacidades de socialização,
por meio da interação e da utilização e experimentação de re-
gras e papéis sociais. (BRASIL, 1998, p.22)
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saiba mais: em Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil. (2010). Disponível em <http://ndi.ufsc.
br/files/2012/02/Diretrizes-Curriculares-para-a-E-I.pdf>
A terceira infância compreende a faixa etária dos seis aos doze anos de idade, co-
nhecida também como anos escolares, pois a escola, nessa fase, consiste na expe-
riência central, tornando-se focal no desenvolvimento físico, cognitivo e social.
Nesse período, as crianças desenvolvem maiores competências em todos os cam-
pos. No físico, adquirem maiores habilidades físicas necessárias para participa-
rem de jogos e esportes organizados, ficam mais altas, mais pesadas e mais fortes.
É um processo mais lento que os períodos anteriores. Geralmente os meninos são
maiores que as meninas no início dessa fase, ao mesmo tempo em que as meninas
passarão pelo surto do crescimento da adolescência mais cedo, tendendo a serem
maiores do que os meninos no final dessa fase. Além disso, o desenvolvimento
motor permite às crianças na idade escolar participarem de uma ampla gama de
atividades; as diferenças nas habilidades motoras entre os gêneros aumentam até
a puberdade, principalmente em função da maior força dos meninos e das expec-
tativas e experiências culturais (PAPALIA; OLDS, 2000).
Os aspectos cognitivos envolvem avanços no pensamento lógico e criativo,
no juízo na moral, na memória, na leitura e na escrita. Nessa fase, a memória se
aperfeiçoa devido o tempo de processamento de informações diminuir e a capa-
cidade de atenção e memória de curto prazo aumentarem; assim, as crianças se
tornam mais aptas ao uso de estratégias mnemônicas. Além disso, a compreen-
são da sintaxe se torna cada vez mais complexa; o entendimento dos processos
de comunicação se aperfeiçoam e a interação entre colegas na escola auxilia no
desenvolvimento da alfabetização. A criança desenvolve a noção de autoconceito,
possibilitando a formação de sistemas representacionais mais equilibrados e rea-
listas (PAPALIA; OLDS, 2000).
2.2.2 Adolescência
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As características da adolescência reforçam a importância de compreender
esta etapa do desenvolvimento que se configura em um período de inúmeras
transformações, em que estão presentes modificações emocionais, sociais, físicas
e cognitivas. Essas por sua vez, são fundamentais na construção do autoconceito
nos adolescentes (EIZIRIK, 2001.; ABERASTURY; KNOBEL, 1992). Cordioli (1998) pon-
tua que é neste período que o adolescente começa a definir sua maneira de ser, di-
ferenciando-se dos demais que o rodeiam. Este reconhecimento que compreende
valores, crenças, gostos, entre outros, resulta da intercessão das vivências primá-
rias e das experiências atuais. É no contexto grupal que o sujeito se identifica e se
diferencia e é a partir do olhar do outro que o sujeito se reconhece.
Em relação ao desenvolvimento cognitivo, os adolescentes passam a pensar
de forma abstrata, sendo capazes de raciocinar de modo hipotético-dedutivo.
Além disso, podem pensar em termos de possibilidades, testar hipóteses e lidar
de forma flexível com os problemas (PAPALIA; OLDS, 2000). Cória-Sabini (1986)
comenta que a primeira impressão frente a estas mudanças é a ampliação da
classificação e da seriação, que passam agora a incluir conceitos abstratos, como
justiça, verdade, moralidade, perspectiva e conceitos geométricos. Em seguida,
visualiza-se o desligamento da realidade física permitindo ao adolescente ra-
ciocinar com acontecimentos reais ou abstratos, considerando não apenas seus
aspectos imediatos e limitantes, mas hipotetizar as possíveis consequências de
cada uma das soluções propostas.
Além disso, Barros (2008) afirma que durante esse período de busca e inde-
cisão, o adolescente caracteriza-se pela introversão (voltar-se para dentro), pois
está constantemente ocupado com seus próprios sentimentos, tendendo a se en-
tregar facilmente ao devaneio e se interessar por narrativas, sendo comum a sua
identificação com os heróis que dela fazem parte.
Socialmente, os adolescentes vivenciam a questão central da busca pela iden-
tidade por meio de componentes ocupacionais, sexuais e de valores. A sexualida-
de, nesse sentido, assume importante papel na formação da identidade e a orien-
tação sexual está diretamente influenciada pela interação de fatores biológicos e
ambientais. Em relação aos seus relacionamentos, os adolescentes costumam não
possuir uma relação muito harmônica com seus pais, ou seja, ocorre o processo
de individualização dos pais. Passam a maior parte do tempo com seus amigos,
os quais desempenham importante papel no seu desenvolvimento, tornando-se
mais íntimos, além da tendência à formação de grupos e o início das relações se-
xuais (PAPALIA; OLDS, 2000; EIZIRIK, 2001).
Todos nós temos a necessidade de pertencer a um grupo. Para o adolescente,
essa necessidade costuma ser ainda maior. Ele quer se ver e se mostrar diferente
dos pais, mas ainda precisa de uma referência externa, que acaba, na maioria
das vezes, sendo o grupo de amigos. A figura 9 retrata uma manifestação ado-
lescente muito comum, a de querer ser igual a todo mundo (do seu grupo) e, ao
mesmo tempo, singular.
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1) Busca de si mesmo e da identidade;
2) Tendência grupal;
3) Necessidade de intelectualizar e fantasiar;
4) Crises religiosas;
5) Descolamento temporal;
6) Evolução sexual do auto-erotismo à heterossexualidade;
7) Atitude social reivindicatória;
8) Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta;
9) Separação progressiva dos pais;
10) Constantes flutuações do humor.