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RESUMO
Esse artigo tem como objetivo a reflexão acerca da importância, necessidade e eficácia da
ação de intervenção psicopedagógica institucional, no processo de alfabetização de alunos
com dislexia do desenvolvimento no ensino fundamental, para o pleno êxito no processo
ensino-aprendizagem. Para discutir e aprofundar mais sobre esse estudo, utilizamo-nos
juntamente com a fundamentação bibliográfica, a pesquisa de campo feita com alguns
professores da educação pública que lecionam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental no
município de Antonina (PR.), para possível direcionamento e embasamento da pesquisa.
Através dos dados coletados conseguimos verificar num primeiro momento que alguns
docentes, ao mesmo tempo em que defendem a inclusão e a utilização de novas metodologias
de ensino, ainda mostram relutância quanto a prática da mudança, adotando posturas
tradicionalistas, tanto no modo de interação como o de avaliação de seus alunos com dislexia,
tornando o processo de aprendizagem mais lento e dificultoso.
Palavras-chave: Dislexia. Alfabetização. Intervenção Psicopedagógica. Processo Ensino-
Aprendizagem.
1 INTRODUÇÃO
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Aluna do curso de pós-graduação em Educação Inclusiva e Especial – Graduada em Linguagem e
Comunicação pela UFPR Litoral e Professora de educação básica em Antonina – Pr. E-mail:
[email protected].
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pesquisa bibliográfica de autores que abordam o tema, juntamente com a pesquisa de campo,
feita com 5 (cinco) educadores que lecionam para turmas do 1º ao 5º ano do Ensino
Fundamental de uma escola pública no município de Antonina (PR), entre os meses de
fevereiro a agosto do ano de 2022. Todos os professores pesquisados lecionam ou já
lecionaram para alunos com dislexia do desenvolvimento. Para as coletas de dados foram
utilizados questionários estruturados com 10 perguntas abertas e fechadas, com o objetivo de
averiguar a opinião e atuação do educador diante da possível utilização de uma intervenção
psicopedagógica.
Sobre esse fato, verificamos que no Conselho Nacional de Educação - CNE - em sua
Resolução nº 02 que trata das Diretrizes Nacionais para a educação de alunos com
necessidades educacionais especiais, propõe que deverá haver:
Rodrigues e Ciasca (2016, s/p.), relatam que de 3% a 10% dos alunos apresentam a
dislexia do desenvolvimento. O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são
fundamentais para auxiliar o educando, afim de evitar várias problemáticas futuras. O olhar
sensível do professor faz-se imprescindível para que o aluno possa ser auxiliado.
Dentre as várias atribuições da Psicopedagogia Institucional, destacamos o diagnóstico e
tratamento de alunos com transtornos e dificuldades na aprendizagem como essenciais para o
pleno desenvolvimento do educando. Segundo Bossa, (2000, p.12): “Os psicopedagogos são,
portanto, profissionais preparados para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento dos
problemas de aprendizagem escolar.” Necessitamos desse profissional, juntamente com o
outros, afim de formar uma equipe de trabalho eficaz, objetivando o êxito no processo ensino
– aprendizagem.
O trabalho do psicopedagogo institucional está voltado para uma ação coletiva envolvendo
não só alunos, mas também a escola e a família. Vercelli (2012, p. 73), nos informa que a
intervenção psicopedagógica institucional ocorre nas escolas, com o objetivo de prevenir as
dificuldades de aprendizagem, e com isso, o fracasso escolar. O psicopedagogo divide com
pais e professores, as angústias, culpas e responsabilidades de lidarem com certas dificuldades
e transtornos de aprendizagem, apresentadas pelas crianças.
A ação de intervenção consiste em mostrar que não há culpados, mas que podemos
sim, com informação, estratégias e trabalhos em conjunto, mudar a realidade escolar e social
de dificuldades, apresentadas pelos indivíduos com esse transtorno. Quanto a isso, Bossa
(1999, p.03), nos esclarece informando que: “O trabalho psicopedagógico implica na
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Antigamente, a forma de educação tradicional era tida pela grande maioria, como
sendo a única forma correta de se ensinar e assim era passada de geração para geração.
Atualmente, através da evolução, muito estudo, pesquisa e discussões, ficou constatada a
necessidade de se haver uma grande mudança na forma de como se ensinar e o que se ensinar,
devido a diferença entre os seres, ficando com isso evidente a importância da inclusão social,
não somente no âmbito escolar, mas na sociedade como um todo.
Na Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994, p.17-18), verificamos nesse parágrafo,
a preocupação com a inclusão dos alunos:
Teles (2014), Bossa (2011, 2012) e Conquista (2020), afirmam que, felizmente, já
ocorre certa mudança, no ambiente escolar, as pessoas estão mais “conscientes” das
diferenças e da inclusão, mas ainda há muito caminho a ser percorrido. Em relação a dislexia
do desenvolvimento, os autores entram em concordância sobre a importância de se haver um
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‘divididas em partes’; incapacidade de associar letras a sons; erros de leitura (sem conexão
entre fonemas/grafemas – por exemplo, ler panela, em vez de boneca), incapacidades de ler
palavras mesmo simples; reclamações ou recusas em situações em que tenha que ler.” Cabe
ao professor, perceber essas dificuldades, suas recorrências, bem como possíveis outras e
encaminhar esses casos para auxílio psicopedagógico.
Pensando na aptidão dos professores em atender esses alunos com
condições especiais, verificamos que nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 25), se
propõem fazer necessário ao docente ter: “[...]Além de uma formação inicial consistente, é
preciso considerar um investimento educativo contínuo e sistemático para que o professor se
desenvolva como profissional de educação.” E concluem que: “[...] A formação não pode ser
tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico
sobre a prática educativa.
4 METODOLOGIA
informação e formação, ainda tem uma ideia errônea de que a intervenção deva ser apenas
clínica.
Diante de uma visão menos técnica e sensível de um professor, as dificuldades de um
aluno dislexia do desenvolvimento podem passar despercebidas, principalmente na fase da
alfabetização. Contamos com professores despreparados, tendo que lidar alunos com
dificuldades e transtornos, muitas vezes desconhecidos para eles. Segundo Teles (2014, p.
713), os alunos em sua grande maioria, dependem da bondade dos professores, muitos sem
formação para auxiliá-los, além da formação deficiente e incompleta dos responsáveis pela
formação desses professores, o que agrava mais a situação da educação em si.
Conquista (2018, p. 7), afirma que estão sendo feitas muitas descobertas e análises sobre a
dislexia do desenvolvimento e que vários mitos e clichês estão sendo abandonados. Com a
facilidade da internet percebemos hoje que além dos professores, muitos pais e familiares tem
buscado mais informações sobre o transtorno, afim de tirarem dúvidas, ouvirem conselhos e
relatos, trocarem experiências e dicas, buscando uma solução, um caminho certo a seguir para
auxiliarem suas crianças.
O sentimento de frustração e a baixa autoestima são sentimentos constantes para um
aluno disléxico. Para Bossa (2000, p. 11), a aprendizagem e a construção do conhecimento
devem ser processos naturais e espontâneos do ser humano, se não está ocorrendo
normalmente, este processo deve ser investigado imediatamente, afim de se fazer seguir
normalmente o percurso. Ter meios e bases para auxiliar esse aluno, torna-se um presente,
uma esperança para o professor, que muitas vezes sofre muito com a incapacidade de lidar
com a situação.
Como verificamos há muito amparo nas Leis que visam o bem estar do aluno com
necessidades especiais, o cumprimento legal de todas as normas tornaria a realidade mais
simples e o aprendizado eficaz.
Segundo Bossa (1999, p. 03): “[...] o psicopedagogo deve tomar atitude de investigador
e inventor”. Concluímos com isso, que o profissional deve entender o significado das
informações dadas pelo aluno, que muitas vezes não compreende suas próprias dificuldades,
para que assim possa elaborar uma forma de atuação mais apropriada, efetiva e individual.
entre outras ideias, lembrando que as adaptações deverão ser feitas a partir das dificuldades
apresentadas pelos educandos.
Conquista (2018, p.08), nos chama a atenção para que professores e comunidade
escolar, trabalhem em conjunto, criando estratégias para que o aluno tenha meios de ter êxito
na aprendizagem e na inclusão escolar, mantendo a qualidade do ensino. A construção de uma
melhor metodologia de adaptação deve ser diária e continua, para que a mesma obtenha
eficácia.
Os pais devem atuar de maneira efetiva, participando da vida social e escolar da
criança, buscando compreender e ajudar com suas dificuldades. Para Bossa (2000, p. 13),
atualmente é inaceitável que os pais culpem os filhos ou os professores pelo fracasso escolar,
pois através de vários estudos concluímos que a questão é muito complexa e merece
tratamento adequado.
Rodrigues e Ciasca (2016, sp.), ressaltam que os pais devem trabalhar em parceria,
para haver êxito no processo de aprendizagem, bem como na interação com os colegas.
Alunos disléxicos, apesar de apresentarem certas dificuldades, conseguem na maioria ter êxito
na aprendizagem, possuem facilidade em atividades orais e artísticas. Para que a vida escolar
desses alunos tenham uma continuidade com essa metodologia inserida, todos os demais
professores, bem como o próprio aluno, devem ter conhecimento sobre o transtorno, além da
metodologia diferenciada que foi aplicada. Quanto aos demais colegas saberem ou não, fica a
critério do aluno expor-se.
começando com isso a mudar o cenário de sofrimento na escola, tanto de alunos, como pais e
professores.
O presente artigo utilizou-se de pesquisa do tipo bibliográfica, tendo por base sete
obras principais, sendo que três destas obras possuem o mesmo autor. São eles: Bossa (1999),
(2000) e (2002), Vercelli (2012), Teles (2014), Rodrigues e Ciasca (2016) e Conquista (2018).
Os autores pesquisados apresentam ideias que se entrelaçam em concordância de que
os alunos com dislexia, principalmente nas séries iniciais, necessitam de diagnóstico precoce,
estratégias educacionais e metodologias alternativas, não convencionais, para terem êxito no
processo de ensino-aprendizagem.
A base teórica deste trabalho está fundamentada em outras fontes de consulta, tais
como: publicações científicas, legislação, documentos, etc., que abordam sobre a temática da
dislexia e aprendizagem escolar.
O autor secundário para esta pesquisa, porém, não menos importante, foi: a
Associação Brasileira de Dislexia – ABD, (1983). Ainda foram realizadas pesquisas em Leis,
Deliberações e Resoluções que tratam sobre a educação inclusiva no Brasil. Tais como:
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, art. 205 e 206; Resolução nº 02/2001
do CNE/CEB, órgão colegiado integrante do Ministério da Educação, que institui diretrizes
nacionais para educação especial; Deliberação nº 02/2003 – CEE – Conselho Estadual de
Educação do Paraná; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96 – Cap. V –
art. 58 e 59 ; os PCns, o PPP e o RE da Escola Municipal Prof. “Gil Feres”, e o documento
internacional que influencia a política nacional, a Declaração de Salamanca. Ainda, outras
consultas se estenderam a pesquisas informais em sites idôneos, revistas e periódicos de
grande circulação.
A escolha dos autores deu-se em razão da clareza que as obras abordam sobre a
problemática da dislexia na aprendizagem. Apesar do tema ser frequentemente abordado, a
realidade de haver um diagnóstico precoce e da ação de intervenção psicopedagógica na
escola, ainda é distante da maior parte das escolas municipais do nosso país. Entretanto,
verificamos que a maioria dos professores tem consciência da necessidade da formação
continuada, para que possam atuar com maior eficiência em sua área. Todos os autores
pesquisados neste trabalho abordam de maneira muito objetiva e clara sobre o tema proposto.
As Leis mencionadas no referencial teórico deste projeto, são voltadas para a inclusão de
alunos portadores de necessidades especiais de uma forma ampla.
Foi fundamental fazer o fichamento de todas as obras pesquisadas para a elaboração
deste projeto, para organização e escrita das ideias mais importantes sobre o tema proposto.
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Após a leitura das obras ficaram marcados e selecionados os trechos mais relevantes, sendo a
base das principais ideias contida nessa obra. Para a complementação deste artigo, se fez
ainda necessário uma conversação com a equipe pedagógica da escola onde trabalho, com os
colegas professores, com pais e alunos portadores do transtorno pesquisado. Foi também
realizada uma pesquisa no PPP e no Regimento Municipal de Antonina.
Com esse estudo percebo que apesar das leis e estatutos garantirem acesso e qualidade de
ensino a alunos com a dislexia, bem como outros transtornos e dificuldades, essa não é a
realidade da educação brasileira. Quanto a isso, Bossa (2002, p.19), afirma que precisamos
buscar novas soluções buscando promover o conhecimento, vencendo assim os problemas
crônicos do nosso sistema educacional.
O crescente interesse pelo assunto mostra a preocupação de pais e professores para
uma solução imediata do problema. Uma esperança para quem convive com a dificuldade às
vezes por anos. Segundo Vercelli (2012, p.74), a escola deve ser a solução e não o problema,
pois é na escola que os indivíduos se instruem de modo que possam viver em sociedade.
Para compreender e comentar sobre o tema proposto, foi imprescindível consultar o
site da ABD – Associação Brasileira de Dislexia (1983), que foi fundada por um pai que
buscava compreender as dificuldades de aprendizagem escolares, apresentadas por seu filho.
O objetivo do site e informar e interagir com pais, alunos e professores acerca desse
transtorno, dando suporte especializado online, com vídeo aulas, seminários, entre outros.
Verificando as ideias dos autores primários e secundários utilizados para subsidiar e
fundamentar esta pesquisa, a ABD – Associação Brasileira de Dislexia, confirma a
necessidade de haver um diagnóstico precoce e ações de intervenção para alunos com dislexia
do desenvolvimento, na fase inicial da aprendizagem escolar. Tais intervenções dentro de uma
sala de aula, podem ser compreendidas como metodologias alternativas ou estratégias de
ensino utilizada pelo professor.
As legislações utilizadas nesta pesquisa tratam de forma muito específica em relação
ao acesso, permanência, igualdade e metodologias adequadas no processo ensino-
aprendizagem ao aluno com necessidade especial na escola. A Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, refere-se à educação inclusiva no art. 206, propondo que se
prevaleça no âmbito escolar a: “III – Igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola;” (BRASIL, 1988). Podemos perceber essas condições igualitárias no art. 59 da LBD,
que propõe que: “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
especiais I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos para
atender às suas necessidades.”
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ser professor do ensino básico tendo como meta principal alfabetizar os alunos, não e
uma tarefa simples, ao contrário, necessita de uma formação solida, muita flexibilidade,
criatividade e sem dúvida formação continuada.
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REFERÊNCIAS
CONQUISTA, V. Eliana. Dislexia: Não precisa ser bom em tudo! São Paulo – 2018.
FONSECA, Vitor da. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre, Artmed.
2015.
PPP – Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal Prof. “Gil Feres”. Antonina -2005.
RE – Regimento Escolar da Escola Municipal Prof. “Gil Feres”. Antonina-2005.
RODRIGUES, Sônia das Dores; CIASCA, Sylvia Maria. Dislexia na escola: identificação e
possibilidades de intervenção. Revista Psicopedagogia, v. 33, n. 100, p. 86-97, 2016.