O Conceito de Promoção de Saúde: Solange Bertozi

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Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –

Solange Bertozi

3ª AULA
O CONCEITO DE PROMOÇÃO DE SAÚDE
A ideia de promoção da saúde está presente entre os temas abordados nas mais diferentes
instituições que produzem conhecimento sobre saúde e suas práticas, e desafia os obstáculos
sanitários da contemporaneidade. Nos últimos 20 anos, o tema vem ganhando força; é válido
reforçar que promoção da saúde e prevenção da doença são complementares, mas diferentes.
Neste tópico, discute-se a promoção de saúde.

Objetivos da Aprendizagem

Após o estudo deste tópico, o(a) aluno (a) poderá:


- Definir promoção de saúde;
- Conhecer as ideias que fundamentam a promoção de saúde;
- Refletir sobre a importância da promoção de saúde.

Seções de Estudo

Seção 1 – O conceito de promoção da saúde;


Seção 2 – Conferências mundiais sobre Promoção da saúde;
Seção 3 – Promoção de saúde: América Latina e Brasil.

Seção de estudo 1 – O conceito de Promoção da saúde

O termo Promoção da saúde:

[...] foi utilizado pela primeira vez em 1946, pelo médico e historiador
canadense Henry Sigerist, que em um de seus artigos (The place of the
phisician in modern society), no qual destacou as quatro tarefas essenciais da

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medicina: a promoção da saúde, a prevenção da doença, a recuperação do


doente e sua reabilitação (CZERESINA, MACHADO, 2002; CZERESINA,
2003; VERDI, CAPONI, 2005 Apud PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 43).

O movimento de promoção de saúde foi formalizado em maio de 1974, no


Canadá, sob influência da medicina social inglesa,

[...] que se preocupava com o aumento crescente das doenças crônicas e sua
relação com as condições sociais e ocupacionais da população. Essa influência
foi percebida no sistema de saúde canadense, quando foi divulgado o
documento A new perspective on the health of Canadians (Uma nova
perspectiva sobre a saúde dos canadenses), elaborado pelo epidemiologista
Marc Lalonde, então ministro da saúde daquele País (Lalonde, 1974)
(PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 44).

O primeiro documento oficial a utilizar o termo promoção da saúde foi o Informe


Lalonde, trazendo também o termo campo da saúde (Health Field), deste modo
reconhecendo que a atuação em saúde é ampla e complexa, que inclui variadas formas e
camadas de atenção (PEREIRA; OLIVEIRA, 2014).

O Informe é importante ainda por propor a interface entre quatro componentes no


trabalho em saúde:

[...] a biologia humana (relacionadas ao genótipo dos indivíduos e aos diversos


processos fisiopatológicos passíveis de ocorrência em um organismo
complexo como o corpo humano), o ambiente (seja social, referente às
condições de trabalho, ou natural, relativo à contaminação dos recursos como
ar, água e alimentos), os estilos de vida (advindos do comportamento humano
e seus riscos auto-impostos) e a organização da assistência à saúde (Lalonde,
1974) (PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 44).

No Canadá um estudo sobre causalidade do processo saúde-doença, concluiu que


“[...] 53% da mortalidade canadense estava relacionada ao estilo de vida, 20% ao
ambiente, 17% à biologia humana e 10% à organização da assistência que,
paradoxalmente, concentrava a maior parte dos gastos diretos com saúde” (CARVALHO,
2010, apud PEREIRA; OLIVEIRA, 2014, p. 44).
Para aquele contexto do citado país, o estudo configurou que ações promotoras de
saúde tem grande relevância, pois estão diretamente relacionadas ao estilo de vida, e
ainda, podem significar menor custo em longo prazo para o pacote econômico destinado
à área saúde, a promoção de saúde teria, grosso modo, um fator preventivo, que diminuiria
o número de doentes a longo prazo.

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De acordo com Pereira; Oliveira (2014, p. 43) os autores Leavell e Clark, em 1965:
“[...] ao desenvolverem o modelo de história natural de doença e seus três níveis de
prevenção, incluíram a promoção da saúde na prevenção primária, sendo medida
destinada a aumentar a saúde e o bem-estar geral”.
O Informe Lalonde, no Canadá, como foi dito, inseriu importante discussão sobre
o campo da saúde e estudos sobre a promoção da saúde. Foram realizadas conferências
mundiais sobre promoção da saúde, tema que se mostrou relevante e importante de ser
discutido, por apresentar potencial efetivo de contribuir para a saúde pública de modo
geral.

Seção de estudo 2 – Conferências mundiais sobre Promoção


da Saúde

O chamado Informe Lalonde impactou de modo a provocar a I Conferência


Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em 1978, na cidade de Alma-
Ata, no Cazaquistão. O evento teve a colaboração da antiga União Soviética, Organização
Mundial da Saúde (WHO/OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF), uma vez que uma das questões em promoção da saúde debruça-se sobre a
infância, a saúde na infância e seus impactos na vida adulta. A Conferência de Alma-Ata:

Considerada um importante marco para o setor de saúde, pois advoga cuidados


essenciais de atenção primária para saúde e a qualidade de vida, teve grande
repercussão em quase todos os sistemas de saúde do mundo. Foi assistida por
delegações de 134 governos e representantes de 67 organizações não-
governamentais, organismos especializados e instituições vinculadas às
Nações Unida (BUSS, 2003 apud PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 45).

A declaração de Alma (Cazaquistão) foi o início “[...] da afirmação da saúde


enquanto direito universal a ser assumida como responsabilidade dos governos. Com ela,
a equidade e a justiça social foram incorporadas a agenda da OMS” (COHN, 2010;
PEREIRA; OLIVEIRA, 2014, p. 47). Em meados de 1980, novas discussões se opuseram
à visão individualista de Atenção Primária em Saúde, em que se encontra a promoção de
saúde (COHN, 2010). Neste sentido, o “[...] Relatório de Sir Douglas Black (Black
Report), na Inglaterra, que despertou a atenção internacional para a amplitude da
iniquidade social e a relação de classe social com indicadores de morbidade e

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mortalidade” (Brasil, 2001a) (PEREIRA; OLIVEIRA, 2014, p. 50). Discussões


acadêmicas em torno do tema também são relevantes, na América Latina

[...] trabalhos de Juan Cesar Garcia, Asa Cristina Laurell, Jaime Breilh, Cecilia
Donangelo e Sergio Arouca, entre vários outros, que no desenvolvimento do
ensino da medicina preventiva e social introduziram importantes evidências
resultantes da expansão da pesquisa no campo das ciências sociais aplicadas à
saúde (PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 49).

Em 1981 ocorreu a 1ª Primeira Conferência Nacional de Saúde, no Canadá. Neste


evento foi colocado que o fator socioeconômico é determinante para o comportamento
individual, deste modo, o estilo de vida é influenciado pela classe social (BUSS, 2010;
PEREIRA; OLIVEIRA, 2014). Não é difícil para o brasileiro que utiliza o serviço público
de saúde compreender esse dado: basta pensar na celeridade da entrega de resultados de
exames de análises clínicas em um sistema privado, e o mesmo serviço no sistema público
e a demora em obter resultados.
Em geral, quanto mais rapidamente se obtém o diagnóstico, mais se pode fazer
algo de efetivo em relação ao adoecimento, em alguns casos, o tempo é determinante para
que haja óbito ou não. Quanto ao estilo de vida propriamente: quando se tem melhores
condições financeiras o acesso ao entretenimento, por exemplo, é facilitado. Da mesma
forma, o acesso ao serviço de atenção nutricional, física e psicológica, por exemplo,
também são facilitados por recursos financeiros.
Com isto, foi proposta uma visão ampliada de promoção da saúde, que
implicava uma atuação sobre as iniquidades (incluindo o status
socioeconômico), estendendo o âmbito da prevenção e apoiando a população
no enfrentamento dessas circunstâncias. Assim, a promoção da saúde afastou-
se dos estilos de vida, adotando uma nova orientação centrada nos fatores
sociais e ambientais (PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 49).

Neste caso, a promoção passa pelo social, levando em conta o ambiente vivido, as
possibilidades (muitas vezes restritas) que se tem a mão, ou o que se pode produzir com
recursos otimizados, e a partir das discussões coletivas e visando atender às necessidades
e demandas levantadas pelo público atendido.
Em 1984 ocorreu, também no Canadá, sob a liderança do ministro Jake Epp, uma
conferência denominada “Além do Cuidado da Saúde”, com participação do escritório
europeu da Organização Mundial da Saúde (HWO/OMS), nela, foram introduzidos 2
novos conceitos: “[...] o de política pública saudável e o de cidade ou comunidade

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saudável” (PEREIRA; OLIVEIRA, 2014, p. 50). Nesta conferência cresceu a ideia de


participação das comunidades e descentralização do poder, visto que se notou que a saúde
é afetada também por decisões e fatores externos a ela especificamente: por exemplo, a
influência do espaço urbano e dos usos do espaço pelos cidadãos na saúde, então surgiu
o conceito de cidade saudável (PEREIRA; OLIVEIRA, 2014). “A estratégia de APS
formulada em Alma-Ata, com o enfoque multissetorial, envolvimento comunitário e
tecnologia apropriada reforçaram a promoção na direção da saúde ambiental” (Brasil,
2001ª apud PEREIRA; OLIVEIRA, 2014, p. 50).
A partir deste estímulo de reflexões foi realizada em Otawa (Canadá) em
novembro de 1986, a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, para isto,
colaboraram o Escritório Mundial da Saúde na Europa e a Associação Canadense de
Saúde Pública. “Tal sequência de eventos evidencia a clara inter-relação existente entre
os conceitos de APS, promoção da saúde e cidades saudáveis” (Brasil, 2001a apud
PEREIRA; OLIVEIRA, 2014, p. 51).
O evento originou a chamada “Carta de Otawa”, que definiu promoção de saúde
como
[...] "processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua
qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle do
processo sendo considerados pré-requisitos para a saúde a paz, habitação,
educação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis,
justiça social e equidade" (Brasil, 2001a; Buss, Carvalho, 2009 apud
PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 51).

Naquele momento, foram incorporados à discussão os aspectos políticos,


econômicos, aspectos culturais e sociais nos determinantes de saúde. A Carta de Otawa
propõe “o estabelecimento de políticas públicas favoráveis à saúde, a criação de
ambientes propícios à saúde, o fortalecimento da ação comunitária, o desenvolvimento
de habilidades pessoais e a reorientação dos serviços sanitários” (PEREIRA; OLIVEIRA,
2014, p. 51). Uma compreensão importante trazida foi ainda sobre promoção da saúde e
prevenção de doenças:

A Promoção da Saúde corresponde ao conjunto de esforços orientados não


apenas para a prevenção das doenças, mas fundamentalmente para o reforço
da saúde. Enquanto as ações preventivas definem-se como intervenções
orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua
prevalência e incidência nas populações, a promoção da saúde define-se,
tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que a prevenção, pois refere-se

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a medidas que não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas


para aumentar a saúde e o bem-estar gerais (RIVERA, ARTMANN, 2009, p.
184 apud PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 51).

Em 1988, em Adelaide (Austrália), ocorreu II Conferência Internacional sobre


Promoção de Saúde, com ênfase em políticas públicas saudáveis. Destacou ainda os
benefícios econômicos de se promover saúde, evitando, lá na frente, gastos incalculáveis
com serviços de saúde propriamente. A III Conferência Internacional foi realizada em
Sundsvall (Suíça), em 1991, próximo da ECO-92, o evento enfatizou o ambiente e sua
importância para a vida humana (PEREIRA; OLIVEIRA, 2014, p. 53). Na declaração
de Sundswall é interessante destacar as quatro condições necessárias para a criação de
ambientes favoráveis e promotores da saúde:

• A dimensão social, que alerta para a necessidade de mudanças nas relações


sociais tradicionais, quebrando o isolamento social que pode influenciar
negativamente a saúde; • a dimensão política, com enfoque na participação
democrática nos processos de decisão e descentralização dos recursos; • a
dimensão econômica, que requer reescalonamento dos recursos para os setores
sociais (inclusive a saúde) e para o desenvolvimento sustentável e, por fim, •
a utilização da capacidade das mulheres em todos os setores (Buss, 2000;
World Health Organization - WHO, 1991 apud PEREIRA, OLIVEIRA, 2014,
p. 51).

A IV Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde realizou-se em Jacarta,


na Indonésia, em 1997, a V Conferência Mundial foi realizada na cidade do México
(México) em 2000, a VI Conferência Internacional realizou-se em Bangkok (Tailândia)
em agosto de 2005, a VII Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde aconteceu
em Nairóbi no Quênia em 2009. Todas elas revelam preocupação com a saúde e a vida
(PEREIRA, OLIVEIRA, 2014).

Uma diferença significativa entre as Cartas de Ottawa e de Bangkok é apontada


por Laverack (2007). Segundo o autor, existe uma mudança fundamental com
relação ao conceito de saúde, uma vez que a Carta de Bangkok foca no
processo de capacitar as pessoas a ter maior controle sobre sua saúde e seus
determinantes, enquanto a Carta de Ottawa tem foco preponderante nos
determinantes sociais da saúde (PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 56).
.
Gomes (2009, apud PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 51) menciona ainda a
importância de se incentivar a criação de “[...] grandes redes nacionais relacionadas a
práticas corporais e atividades físicas e aos núcleos de prevenção de violências e

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promoção da saúde, julgando necessário avaliar o que essas redes estão produzindo em
relação às ações de promoção da saúde”.
Essas quatro importantes Conferências Internacionais citadas, em Ottawa (WHO,
1986), Adelaide (WHO, 1988), Sundsvall (WHO, 1991) e Jacarta (WHO, 1997)
desenvolveram as bases conceituais e políticas da discussão sobre promoção de saúde
(BUSS, 2000). Como vimos, os temas centrais giram em torno do bem estar (qualidade
de vida) e das questões ambientais, nos determinantes sociais da saúde, dois aspectos a
serem mais bem compreendidos na promoção da saúde.

Seção de estudo 3 – Promoção de saúde: América Latina e


Brasil

Na América Latina, em 1992, realizou-se a Conferência Internacional de


Promoção da Saúde (OPAS, 1992), também no mesmo ano da conferência ECO-92:

O ideário da promoção da saúde foi discutido na Conferência Internacional


sobre Promoção da Saúde nas Américas, realizada na Colômbia, no ano de
1992, cujo documento final é a Declaração de Santa Fé de Bogotá, que marca
as discussões sobre o tema no contexto dos países latino-americanos em
desenvolvimento. Essa Declaração enfatizou a necessidade de superação das
condições de pobreza, sofrimento e enfermidades, sobrepostas aos efeitos dos
processos de urbanização e industrialização desordenados, que produzem
iniquidades de saúde de graves proporções. O documento propõe ainda o
fortalecimento das políticas públicas saudáveis, a capacidade organizativa e
participativa da população e a atuação mais ampla e intersetorial dos
profissionais de saúde (BRASIL, 2001B; FREITAS 2003 Apud PEREIRA,
OLIVEIRA, 2014, p. 51).

A Declaração de Santa Fé de Bogotá, resultante do evento na Colômbia, enfatiza


questões ambientais e socioeconômicas mais próximas às brasileiras, com grande
desigualdade social, pobreza, enfermidades, questões de urbanização, entre outros
(PEREIRA; OLIVEIRA, 2014; BUSS, 2000). No Brasil, as premissas que orientaram as
reflexões em promoção da saúde foram as da reforma sanitária, nos anos 1980.

Quando se observa o conteúdo da Carta de Otawa e do Relatório Final da VIII


Conferência Nacional de Saúde, constata-se que os dois documentos valorizam
a interdisciplinaridade enquanto recurso para análise, a intersetorialidade na
concretização das práticas e políticas sociais e o controle social como estratégia
de democratização, estabelecendo “novas relações de cidadania entre a

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Sociedade e Estado” (PEDROSA, 2001, p. 164 apud (PEREIRA, OLIVEIRA,


2014, p. 59).

“Na década de 1990, os princípios e diretrizes da Promoção da Saúde


influenciaram a elaboração do arcabouço teórico do modelo de Vigilância à Saúde, a
proposta de Cidades Saudáveis e a reorganização da rede básica de saúde no Brasil”
(CARVALHO, 2010 PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 59). Quanto à promoção da saúde
no SUS:
A promoção da saúde no SUS foi ratificada em 2006, quando o Ministério da
Saúde propôs a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), cuja
institucionalização ocorreu por meio da Portaria 687 GM/MS, de 30 de março
de 2006 (Brasil, 2006). O objetivo geral dessa política é promover a qualidade
de vida, reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus
determinantes e condicionantes, a saber: modos de viver, condições de
trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e
serviços essenciais (PEREIRA, OLIVEIRA, 2014, p. 59).

A Política Nacional de Promoção da Saúde envolveu as três esferas de gestão


(federal, estadual e municipal), para buscar a integração da população no debate sobre
saúde, e discutir os determinantes sociais da saúde, para além de um olhar apenas para a
doença e o tratamento dela:
Para garantir a integralidade do cuidado, a PNPS estabelece estratégias de
organização das ações de promoção da saúde e define responsabilidades nas
três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde. O alcance desse propósito
deve ocorrer por meio de ações integradas e intersetoriais em que os setores
privados e os do governo, bem como os não governamentais, juntamente com
a sociedade, participam em conjunto do debate sobre a determinação social da
saúde e potencializam formas amplas de intervenção (PEREIRA, OLIVEIRA,
2014, p. 59).
.
Para esta disciplina é essencial a abordagem da promoção em saúde em vista dos
determinantes sociais da saúde, da saúde enquanto produção da coletividade, além disso,
a promoção da saúde se baseia na ideia de produzir saúde, ao invés de evitar ou curar
doenças. Destaca-se ainda a importância da intersetorialidade em promoção, necessária
para alcançar os diversos níveis de ação para que a promoção da saúde ocorra, e não se
circunscreve apenas no âmbito das políticas de saúde propriamente, mas da vida em geral,
do urbanismo ao transporte urbano, passando pela produção de alimentos saudáveis,
consciência alimentar e boa nutrição, combate ao sedentarismo, educação para a saúde,
entre muitos outros pontos de atuação e ação.

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No Brasil, como vemos, é importante a discussão social, sobre a desigualdade


social e o acesso à saúde para discutir a promoção de saúde, que está relacionada aos
determinantes sociais da doença, pelas questões colocadas, pobreza, condições de
moradia, salários baixos e trabalho informal, questões urbanas, enfermidades infecto-
contagiosas, doenças crônicas não contagiosas (relacionadas ao estilo de vida) entre
outras questões presentes nos países de 3º mundo, que impactam nas ações de promoção
da saúde.

ATENÇÃO
!

Retomando a aula
Chegamos, assim, ao final da aula 3. Vamos agora retomar os conteúdos?

SEÇÃO 1 – O CONCEITO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE


O termo promoção da saúde foi utilizado pela primeira vez em 1946, pelo médico
e historiador canadense Henry Sigerist. O primeiro documento a trazer o termo em saúde
foi o chamado informe Lalonde, no Canadá, em 1974. A promoção de saúde está incluída
na prevenção primária, sendo medida destinada a aumentar a saúde e o bem-estar geral.
O Informe Lalonde inseriu importante discussão sobre o campo da saúde e estudos sobre
a promoção da saúde. No Canadá um estudo sobre causalidade do processo saúde-doença,
concluiu que a maior parte da mortalidade estava relacionada ao estilo de vida, 53% do
total, indicando a importância de ações efetivas em promoção da saúde.

SEÇÃO 2 – CONFERÊNCIAS MUNDIAIS SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE


Os estudos citados acima, no Canadá, deram origem aos eventos em torno de
promoção da saúde e atenção primária em saúde. Ao todo foram sete conferências
Internacionais sobre Promoção em saúde, destacam-se quatro: em Ottawa (WHO, 1986),

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Adelaide (WHO, 1988), Sundsvall (WHO, 1991) e Jacarta (WHO, 1997) onde se
desenvolveram as bases conceituais e políticas da discussão sobre promoção de saúde
(BUSS, 2000). Como vimos, os temas centrais giram em torno do bem estar (qualidade
de vida) e das questões ambientais, nos determinantes sociais da saúde, dois aspectos a
serem mais bem compreendidos na promoção da saúde. Em Otawa (Canadá, 1986) foram
incorporados à discussão os aspectos políticos, econômicos, aspectos culturais e sociais
nos determinantes de saúde.

SEÇÃO 3 – PROMOÇÃO DE SAÚDE: AMÉRICA LATINA E BRASIL


A Declaração de Santa Fé de Bogotá, resultante do evento na Colômbia, enfatiza
questões ambientais e socioeconômicas mais próximas às brasileiras, com grande
desigualdade social, pobreza, enfermidades, questões de urbanização, entre outros. No
Brasil, as premissas que orientaram as reflexões em promoção da saúde foram as da
reforma sanitária, nos anos 1980. A Política Nacional de Promoção da Saúde envolveu as
três esferas de gestão (federal, estadual e municipal), para buscar a integração da
população no debate sobre saúde, e discutir os determinantes sociais da saúde, para além
de um olhar apenas para a doença e o tratamento dela, ou seja, assumiu-se uma
perspectiva ambiental, com forte relevância dos determinantes sociais do processo saúde-
doença. Destaca-se ainda a importância da intersetorialidade em promoção, necessária
para alcançar os diversos níveis de ação para que a promoção da saúde ocorra, e não se
circunscreve apenas no âmbito das políticas de saúde propriamente, mas da vida em geral.

Leituras:
Baixe e leia: Propostas do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) para
sua efetivação como política pública no Brasil. Disponível em:
https://www.conass.org.br/wp-content/uploads/2016/06/Promoc%CC%A7a%CC%83o-
da-Sau%CC%81de-CONASS.pdf

Artigo de circulação: Somente com equidade e inovação na saúde poderemos um dia


vencer o HIV/Aids. Disponível em: < https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/rico-
vasconcelos/2022/12/02/somente-com-equidade-e-inovacao-na-saude-poderemos-um-
dia-vencer-o-hivaids.amp.htm> Acesso em 02/12/22.

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Revista Ciência & Saúde Coletiva, Volume: 19, Número: 11, Publicado: 2014.
https://www.scielo.br/j/csc/i/2014.v19n11/

Revista Ciência & Saúde Coletiva, Volume: 21, Número: 6, Publicado: 2016.
https://www.scielo.br/j/csc/i/2016.v21n6/

Sites:
CONASS. Conselho Nacional de secretários da saúde.
https://www.conass.org.br/promocao-da-saude/
BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. MINISTÉRIO DA SAÚDE.
https://bvsms.saude.gov.br/promocao-da-saude-15/
ABRASCO. GT PROMOÇÃO DA SAÚDE.
https://www.abrasco.org.br/site/gtpromocaodasaude/
SITE DO CEDAPS: CENTRO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE/RJ.
https://cedaps.org.br/

Filmes sugeridos:

O óleo de Lorenzo (1992). Direção de George Miller. Drama/docudrama. Duração:


2h16min.
Patch Adams: o amor é contagioso (1998). Direção de Tom Shadyac. Drama.
Duração: 1h55min.
Clube de compras Dallas (2013). Direção de Jean-Marc Vallée. Drama/ficção
histórica. Duração: 1h57min.
Radioactive (2019). Direção de Marjane Satrapi. Drama/Romance. Duração 1h43min.

Referências

BUSS, Paulo Marchiori. Promoção da saúde e qualidade de vida (2000). Ciência &
Saúde Coletiva, 2000, 5(1): p. 163-177. Disponível em: <
https://www.scielo.br/j/csc/a/HN778RhPf7JNSQGxWMjdMxB/?format=pdf&lang=pt>
. Acesso em 15/10/22.

CNS. O SUS. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/web_sus20anos/sus.html..


Acesso em 01/11/22.

COHN, Amélia et al. A saúde como direito e como serviço. 6. ed. São Paulo: Cortez,
2010.

PEREIRA, Iara Cristina, OLIVEIRA Maria Amélia de Campos. Atenção primária,


promoção da saúde e o Sistema Único de Saúde: um diálogo. São Paulo: Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo, 2014. Disponível em: <

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http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_se
rvicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Atencao-primaria-
promocao-da-saude-e-o-SUS.pdf>. Acesso em 10/11/22.

MINHAS ANOTAÇÕES

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