Declaracao de Obito Final

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Capa: obra do artista plástico Paulo Camargo, criada em 1997 (3x6 metros) que se

encontra no saguão do prédio do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina


de Ribeirão Preto da USP
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
CENTRO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS

A Declaração
de Óbito:
documento necessário
e importante

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Brasília, DF - 2007
© 2006 Ministério da Saúde / Conselho Federal de Medicina
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a
fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é de responsabilidade da área
técnica. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual do
Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Tiragem: 2.ª edição – 2007 – 400.000 exemplares

Elaboração, distribuição e informações:


Comissão para elaboração de Manual da DO:
MINISTÉRIO DA SAÚDE André Falcão (SVS/MS), Antônio Gonçalves Pinheiro (CFM),
Secretaria de Vigilância em Saúde Carmem Cinira (CFM), Dácio de Lyra Rabello Neto
Esplanada dos Ministérios, bloco (SVS/MS), Dardeg de Sousa Aleixo (CFM), Deborah
G, Edifício Sede, 1º andar Carvalho Malta (SVS/MS), Eduardo Francisco de Assis Braga
CEP: 70058-900, Brasília - DF (SVO-TO), Elisabeth Carmem Duarte (SVS/MS), Gerson
E-mail: [email protected] Zafalon Martins (CFM), Hélio de Oliveira (SVS/MS), Jarbas
Barbosa (SVS/MS), Lívia Barros Garção (CFM) -
Home page: www.saude.gov.br/svs
Coordenadora, Maria Helena P. de Mello Jorge (USP), Nereu
Henrique Mansano (SVS/MS), Otaliba Libânio de Morais
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Neto (SVS/MS), Renato Carvalho (SVO-Cabo Frio), Ruy
SGAS 915 lote 72 Laurenti (USP)
CEP: 70390-150, Brasília - DF
E-mail: [email protected] Equipe técnica:
Cláudia Regina Teixeira Brandão, Anivalda Ferreira Costa
Filha, Eliane Maria de Medeiros e Silva, Eva Patrícia Álvares
CENTRO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE
Lopes
DOENÇAS
Faculdade de Saúde Pública/USP Copidescagem e revisão de Língua Portuguesa:
Av. dr. Arnaldo, 715, sala 40 Wânia de Aragão-Costa
CEP: 70390-150, São Paulo - SP
E-mail: [email protected] Projeto gráfico:
Via Brasília

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde.


Declaração de óbito : documento necessário e importante / Ministério da Saúde, Conselho
Federal de Medicina, Centro Brasileiro de Classificação de Doenças. – Brasília : Ministério da Saúde,
2006.
40 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

ISBN 85-334-1170-7 Ministério da Saúde


ISBN 85-870-7704-X Conselho Federal de Medicina

1. Atestados de óbito. 2. Registros de mortalidade. I. Conselho Federal de Medicina. II. Título.


III. Série.
NLM WA 54

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2006/0433

Títulos para indexação:


Em inglês: Death Certificate: an important and necessary document
Em espanhol: Certificado de Defunción: documento necesario e importante
Sumário
Apresentação..........................................................5
Prefácio..................................................................7
O que é a Declaração de Óbito (DO)............................9
Para que servem os dados de óbitos............................9
O papel do médico..................................................9
O que o médico deve fazer....................................10
O que o médico não deve fazer..............................10
Em que situações emitir a DO................................11
Em que situações não emitir a DO..........................11
Quem deve emitir..................................................12
Morte Natural – doença..........................................12
Morte Não-Natural – Causas Externas.....................13
Itens que compõem a DO......................................14
Como preencher os quesitos relativos
à causa da morte..................................................15
No óbito por causas externas.................................15
Tempo aproximado entre o início da doença
e a morte..............................................................16
Classificação Internacional das Doenças - CID.........16
Exemplos de morte por causa natural.....................16
Exemplos de morte por causa não-natural..............18
Preenchimento incorreto da Declaração
de Óbito em mortes de causa natural.....................19
Esclarecendo as dúvidas mais comuns........................21
Alguns conceitos importantes.................................28
A legislação que regulamenta a matéria..................30
Referências Bibliográficas.......................................37

3
A Declaração de Óbito
Apresentação

Nós médicos somos educados para valorizar e defender a vida.


Sempre nos ensinaram que a morte é a nossa principal inimiga,
contra a qual devemos envidar todos os nossos esforços.
Este raciocínio reducionista, porém real; equivocado, porém
difundido, é fonte de incontáveis prejuízos para as pessoas.
A morte não é a falência da Medicina ou dos médicos. Ela é
apenas uma parte do ciclo da vida. É a vida que se completa.
Neste cenário, uma das principais vítimas é a própria docu-
mentação da morte, a declaração do óbito.
Este documento, cuja importância somente é igualada pela
certidão de nascimento, não é apenas algo que atesta o
fechamento das cortinas da existência; ele possui um
significado muito maior e mais amplo. Ele é um instrumento de
vida.
A declaração de óbito é uma voz que transcende a finitude
do ser e permite que a vida retratada em seus últimos instantes
possa continuar a serviço da vida.
Para além dos aspectos jurídicos que encerra, a declaração
de óbito é um instrumento imprescindível para a construção de
qualquer tipo de planejamento de saúde. E uma política de saúde
adequada pode significar a diferença entre a vida e a morte
para muitas pessoas.
O seu correto preenchimento pelos médicos é, portanto um
imperativo ético.
Este é o tema do livro que tenho a honra de apresentar aos
médicos brasileiros. Fruto do inestimável esforço de diversos
colaboradores capitaneados pela Conselheira Lívia Garção reflete a
importância que o Conselho Federal de Medicina dá ao assunto
e que esperançosamente acredito venha ser um importante
instrumento em defesa da vida.

Edson de Oliveira Andrade


Presidente do CFM

5
A Declaração de Óbito
Prefácio
O Ministério da Saúde implantou a partir de 1976, um
modelo único de Declaração de Óbito – DO para ser
utiliza- do em todo território nacional, como documento
base do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM. A
DO tem dois objetivos principais: o primeiro é o de ser o
documento- padrão para a coleta das informações sobre
mortalidade que servem de base para o cálculo das
estatísticas vitais e epide- miológicas do Brasil; o segundo,
de caráter jurídico, é o de ser o documento hábil,
conforme preceitua a Lei dos Registros Públicos – Lei
6015/73, para lavratura, pelos Cartórios de Registro Civil,
da Certidão de Óbito, indispensá- vel para as formalidades
legais do sepultamento.
Para o cumprimento desses objetivos, é fundamental o
empenho e o compromisso do médico com relação à
veraci- dade, completitude e fidedignidade das
informações re-gis- tradas na DO, uma vez que é o
profissional responsável pelas informações contidas no
documento.
O Ministério da Saúde, por intermédio do Secretário de
Vigilância em Saúde, uniu esforços com o Conselho
Federal de Medicina e com o Centro Colaborador da OMS
para as Famílias Internacionais de Classificação – CBCD,
para publi- car um documento simples e elucidativo, com
informações precisas sobre o preenchimento, as
responsabilidades e as condições em que a DO deve ou
não ser emitida.
O fruto desta parceria é este trabalho, destinado aos
médicos em todas suas áreas de atuação, enfatizando os que
prestam serviços em Hospitais, Institutos Médico-legais,
Serviços de Verificação de Óbitos e nas equipes de Saúde da
Família.
7
A Declaração de Óbito
Este instrumento de educação permanente para os médi-
cos que exercem a sua missão em todo o país,
possibilitará uma melhoria substancial nas informações
sobre mortalida- de, tão preciosas e necessárias para a
análise da situação de saúde e para o planejamento das
ações de saúde.

Fabiano Geraldo Pimenta Júnior


Secretário de Vigilância em Saúde
do Ministério da Saúde
O que é a Declaração de Óbito (DO)
A Declaração de Óbito é o documento-base do Sistema
de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde
(SIM/MS). É composta de três vias auto-copiativas, pré-
numeradas seqüencialmente, fornecida pelo Ministério da
Saúde e distribuída pelas Secretarias Estaduais e Munici-
pais de saúde conforme fluxo padronizado para todo o
País.

Para que servem os dados de óbitos

Além da sua função legal, os dados de óbitos são


utilizados para conhecer a situação de saúde da população e
gerar ações visando à sua melhoria. Para tanto, devem ser
fidedignos e refletir a realidade. As estatísticas de
mortalidade são produzi- das com base na DO emitida pelo
médico.

O papel do médico
A emissão da DO é ato médico, segundo a legislação do
País. Portanto, ocorrida uma morte, o médico tem obrigação
legal de constatar e atestar o óbito, usando para isto o
formulário oficial "Declaração de Óbito", acima mencionado.

O médico tem responsabilidade ética e jurídica pelo


preenchimento e pela assinatura da DO, assim como
pelas informações registradas em todos os campos
deste documento. Deve, portanto, revisar o
documento antes de assiná-lo.

9
A Declaração de Óbito
O que o médico deve fazer
1. Preencher os dados de identificação com base em um
documento da pessoa falecida. Na ausência de documen-
to, caberá, à autoridade policial, proceder o reconheci-
mento do cadáver.

2. Registrar os dados na DO, sempre, com letra legível e sem


abreviações ou rasuras.

3. Registrar as causas da morte, obedecendo ao disposto nas


regras internacionais, anotando, preferencialmente,
apenas um diagnóstico por linha e o tempo aproximado
entre o iní- cio da doença e a morte.

4. Revisar se todos os campos estão preenchidos correta-


mente, antes de assinar.

O que o médico não deve fazer


10
1. Assinar DO em branco.

2. Preencher a DO sem, pessoalmente, examinar o corpo


e constatar a morte.

3. Utilizar termos vagos para o registro das causas de morte


como parada cardíaca, parada cardio-respiratória ou
falência de múltiplos órgãos.

4. Cobrar pela emissão da DO.

Nota: O ato médico de examinar e constatar o óbito poderá ser


cobrado desde que se trate de paciente particular a quem não vinha
prestando assis- tência.
Em que situações emitir a DO
1. Em todos os óbitos (natural ou violento).

2. Quando a criança nascer viva e morrer logo após o


nas- cimento, independentemente da duração da
gestação, do peso do recém-nascido e do tempo que
tenha perma- necido vivo.

3. No óbito fetal, se a gestação teve duração igual ou


supe- rior a 20 semanas, ou o feto com peso igual ou
superior a 500 gramas, ou estatura igual ou superior a
25 centíme- tros.

Em que situações não emitir a DO


1. No óbito fetal, com gestação de menos de 20 semanas,
ou peso menor que 500 gramas, ou estatura menor
que 25 centímetros.

Nota: A legislação atualmente existente permite que, na prática, a emissão


da DO seja facultativa para os casos em que a família queira realizar o
sepulta- mento do produto de concepção.

2. Peças anatômicas amputadas.


Para peças anatômicas retiradas por ato cirúrgico ou de
membros amputados. Nesses casos, o médico elaborará
um relatório em papel timbrado do Hospital descrevendo o
pro- cedimento realizado. Esse documento será levado
ao Ce- mitério, caso o destino da peça venha a ser o
sepultamento.

11
A Declaração de Óbito
Quem deve emitir
Morte Natural
Doença

Com assistência médica Sem assistência médica


• O médico que vinha • O médico do SVO, nas
prestan- do assistência ao localidades que
paciente, sempre que dispõem deste tipo de
possível, em to- das as serviço.
situações.
• O médico do serviço
• O médico assistente e, na público de saúde mais
sua falta, o médico próximo do local onde
substituto ou plantonista, ocorreu o evento; e na
para óbitos de pacientes sua ausência, por
internados sob regi- me qualquer médico, nas
hospitalar localidades sem SVO.
• O médico designado pela Nota: Deve-se sempre
ins- tituição que prestava obser- var se os pacientes
assistên- cia, para óbitos de estavam vinculados a
pacientes sob regime
serviços de aten- dimento
ambulatorial.
12 ambulatorial ou pro-
• O médico do Programa de gramas de atendimento
Saúde da Família, domiciliar, e se as
Programa de Internação anotações do seu
Domiciliar e outros prontuário ou ficha médica
assemelhados, para óbitos permitem a emissão da DO
de pacientes em tra- por profissionais liga- dos a
tamento sob regime domi- estes serviços ou pro-
ciliar.
Nota: O SVO pode ser acionado Óbito por causa
para emissão da DO, em qual- natural é aquele
quer das situações acima, caso cuja causa básica é
o médico não consiga
correlacio- nar o óbito com o uma doença ou
quadro clíni- co concernente estado mórbido
ao acompanha- mento
Morte Não-Natural
Causas Externas*

Em localidade com IML Em localidade sem IML

O médico legista, qualquerQualquer médico


que tenha sido odatempo
localidade,
entre in
o
(ad hoc)

*Homicídios, acidentes, suicídios, mortes suspeitas.

Óbito por causa externa (ou não


natural) é aquele que decorre de lesão
provocada por violência (homicídio,
suicídio, acidente, ou morte suspeita)
qualquer que tenha sido o tempo entre
o evento lesivo e a morte
propriamente.
13
A Declaração de Óbito
Itens que Compõem a DO
A DO é composta por nove blocos de informações de
preenchimento obrigatório, a saber:
I. É a parte da DO preenchida exclusivamente pelo Car-
tório do Registro Civil.
II. Identificação do falecido: o médico deve dar especial
atenção a este bloco, dada a importância jurídica do
documento.
III. Residência: endereço habitual.
IV. Local de ocorrência do óbito.
V. Específico para óbitos fetais e de menores de um ano:
são dados extremamente importantes para estudos da
saúde materno-infantil.
VI. Condições e causas do óbito: destacam-se os
diagnósti- cos que levaram à morte, ou contribuíram
para mesma, ou estiveram presentes no momento do
óbito. Dar espe- cial atenção a óbitos de mulheres em
idade fértil ao pre- encher os campos respectivos (43
14 e 44 do modelo vi- gente), visando estudos sobre
mortalidade materna.
VII.Os dados do médico que assinou a DO são importantes e
devem ser preenchidos de maneira legível, pois trata-se
de documento oficial, cujo responsável é o médico. Para
elucidação de dúvidas sobre informações prestadas, o
médico poderá ser contatado pelos órgãos competentes.
VIII. Causas externas: os campos deverão ser
preenchidos sem- pre que se tratar de morte decorrente
de lesões causadas por homicídios, suicídios, acidentes
ou mortes suspeitas.
IX. A ser utilizado em localidade onde não exista médico,
quando, então, o registro oficial do óbito será feito por
duas testemunhas.
Como preencher os quesitos relativ

As causas a serem anotadas na DO são todas as doenças,


os estados mórbidos ou as lesões que produziram a morte
ou contribuíram para mesma, além das circunstâncias do aci-
dente ou da violência que produziram essas lesões.
O médico deverá declarar as causas da morte anotando
apenas um diagnóstico por linha:

Causa imediata ou terminal Causa intermediária


Causa intermediária

Causa básica da morte


Outros estados patológicos significativos que contribuí- ram para a morte, não estando, entretanto, relaciona

Para preencher adequadamente a DO, o médico deve


declarar a causa básica do óbito (veja conceito de causa
básica do óbito na página 28) em último lugar (parte I -
linha d), estabelecendo uma seqüência, de baixo para
cima, até a causa terminal ou imediata (parte I - linha a).
Na parte II, o médico deve declarar outras condições mór-
bidas pré-existentes e sem relação direta com a morte,
que não entraram na seqüência causal declarada na parte I.

No óbito por causas externas


O médico legista, ou perito ad hoc (eventual), deve
declarar, na parte I, linha a, como causa terminal, a natu-
reza da lesão.

15
A Declaração de Óbito
Na parte I, linha b, como causa básica, a circunstância
do acidente ou da violência responsável pela lesão que
causou a morte.

Tempo aproximado entre


o início da doença e a morte
O médico não deve se esquecer de preencher, junto a
cada causa, a duração de tempo aproximado da doença
(do diagnóstico até a morte). Essa informação representa
importante auxílio à seleção da causa básica.

Classificação Internacional das Doenças - CID


É o local destinado ao Código da Classificação Internacio-
nal das Doenças relativo a cada diagnóstico e será preenchi-
do pelos codificadores da Secretaria de Saúde.

16

Exemplos de morte por causa natural


Exemplo 1 – masculino, 65 anos. Há 35 anos, sabia ser
hipertenso e não fez tratamento. Há dois anos, começou a
apresentar dispnéia de esforço. Foi ao médico, que diagnos-
ticou hipertensão arterial e cardiopatia hipertensiva, e iniciou
o tratamento. Há dois meses, insuficiência cardíaca
conges- tiva e, hoje, teve edema agudo de pulmão,
falecendo após 5 horas. Há dois meses, foi diagnosticado
câncer de próstata.
Veja exemplo de preenchimento na DO:

Edema agudo do pulmão 5 horas


Insuficiência cardíaca hipertensiva Cardiopatia hipertensiva

2 meses
2 anos
Hipertensão arterial 35 anos

Neoplasia maligna de próstata2 meses

* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada


diagnóstico será preenchido pelos codificadores da Secretaria de Saúde.

Exemplo 2 – paciente diabético, deu entrada no pronto-


socorro às 10:00 com história de vômitos sanguinolentos
desde às 6 da manhã. Desde às 8:00 com tonturas e des-
maios. Ao exame físico, descorado +++/4+, e PA de 0
mmHg. A família conta que paciente é portador de
Esquistossomose mansônica há 5 anos, e que 2 anos
atrás esteve internado com vômitos de sangue, e recebeu
alta com diagnóstico de varizes de esôfago após exame
endoscópico. Às 12:00, apresentou parada cardio
respiratória e teve o óbito verificado pelo médico
plantonista, após o insucesso das manobras de
reanimação.

Choque hipovolêmico 2 horas

Rotura de varizes esofageanas 6 horas


Hipertensão portal 2 anos
Esquistossomose mansônica 5 anos

Diabetes mellitus

* O Código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada


diagnóstico será preenchido pelos codificadores da Secretaria de Saúde.

17
A Declaração de Óbito
Exemplo 3 – paciente chagásico, com
comprometimento cardíaco, internado com história de
distensão progressiva do abdômen. Há 2 dias vem
apresentando fraqueza, febre alta, e não suporta que lhe
toquem o abdômen. Sem evacuar há 3 dias, tem
diagnóstico colonoscópico de megacólon há 5 anos. Na
visita médica das 8:00 da manhã, paciente suava muito, e
apresentava pressão sistólica de 20 mmHg. O dia- rista,
após avaliar o hemograma trocou o antibiótico, e ao longo
do dia ajustou várias vezes o gotejamento de dopami- na. Às
16:00, apresentou parada cárdio respiratória e teve o óbito
confirmado pelo médico substituto, após o insucesso das
manobras de reanimação.

Choque séptico Peritonite aguda 8 horas


Volvo do sigmóide

dias

dias
Megacolon chagásico crônico5 anos
Cardiopatia chagásica

18 * O Código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada


diagnóstico será preenchido pelos codificadores da Secretaria de Saúde.

Exemplos de morte por causa não-natural

Exemplo 1 – masculino, 25 anos, pedreiro, estava


traba- lhando quando sofreu queda de andaime (altura
correspon- dente a dois andares). Foi recolhido pelo serviço
de resgate e encami-nhado ao hospital, onde fez cirurgia
em virtude de traumatismo crânio encefálico. Morreu após
três dias. Veja exemplo de preenchimento na DO:
Edema cerebral 3 dias

Traumatismo crânio encefálico 3 dias


Queda de andaime 3 dias

Operado

* O Código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada


diagnóstico será preenchido pelos codificadores da Secretaria de Saúde.

Exemplo 2 – falecimento de homem com traumatismo


torácico conseqüente à perfuração na região precordial, por
projétil de arma de fogo.

Choque hemorrágico agudo +- 2horas

Perfuração cardíaca

Projétil de arma de fogo

* O Código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada


diagnóstico será preenchido pelos codificadores da Secretaria de Saúde.

Preenchimento incorreto da Declaração de

Exemplo 1 – este é um erro crasso e uma das formas mais


comuns de preenchimento incorreto de DO. Para um bom
preenchimento, deve-se evitar anotar diagnósticos impreci-

19
A Declaração de Óbito
sos que não esclarecem sobre a causa básica da morte,
como parada cardíaca, parada respiratória ou parada cárdio-
respi- ratória. De acordo com o Volume II da CID 10, estes
são sin- tomas e modos de morrer, e não causas básicas
de óbito.

Além do mais, neste exemplo, as causas antecedentes


e principalmente a causa básica foram omitidas.

Parada cardio-respiratóriahoras

Exemplo 2 – falência Múltipla de Órgãos é um


diagnósti- co do capítulo das causas mal definidas. Ou seja,
20 é um diag- nóstico impreciso. No exemplo em epígrafe,
além deste ter sido o único diagnóstico informado, o
médico deixou de informar qual afecção desencadeou a
série de eventos que resultou na falência de órgãos e
culminou com a morte do paciente.

Falência múltipla dos órgãos horas


Esclarecendo as dúvidas mais comu

1)Óbito ocorrido em ambulância com médico.


Quem deve fornecer a DO?
A responsabilidade do médico que atua em serviço de
transporte, remoção, emergência, quando o
mesmo dá o primeiro atendimento ao paciente,
equipara-se à do médico em ambiente hospitalar e,
portanto, se a pessoa vier a falecer, caberá ao
médico da ambulân- cia a emissão da DO, se a
causa for natural e se exis- tirem informações
suficientes para tal. Se a causa for externa,
chegando ao hospital, o corpo deverá ser
encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).

2)Óbito ocorrido em ambulância sem médico é


considerado sem assistência médica?
Sim. O corpo deverá ser encaminhado ao Serviço
de Verificação de Óbito (SVO) na ausência de
sinais externos de violência ou ao IML em mortes
violentas. A DO deverá ser emitida por qualquer
médico em localidades onde não houver SVO, em
caso de óbito por causa natural, sendo declarado na
parte I "CAUSA DA MORTE DESCONHECIDA".

3)Para recém-nascido com 450g que morreu


minutos após o nascimento, deve-se ou não
emitir a DO? Considera-se óbito fetal?
O conceito de nascido vivo depende, exclusivamente,
da presença de sinal de vida, ainda que esta dure
poucos ins-
21 A Declaração de Óbito
tantes. Se esses sinais cessaram, significa que a
criança morreu e a DO deve ser fornecida pelo médico
do hospi- tal. Não se trata de óbito fetal, dado que
existiu vida extra-uterina. O hospital deve
providenciar também a emissão da Declaração de
Nascido Vivo, para que a famí- lia promova o registro
civil do nascimento e do óbito.

4)Médico do serviço público emite DO para


paciente que morreu sem assistência médica.
Posteriormente, por denúncia, surge suspeita
de que se tratava de envenenamento. Quais as
conseqüências legais e éticas para esse
médico?
Ao constatar o óbito e emitir a DO, o médico deve
proceder a um cuidadoso exame externo do cadáver,
a fim de afastar qualquer possibilidade de causa
externa. Como o médico não acompanhou o
pacien- te e não recebeu informações sobre esta
suspeita, não tendo, portanto, certeza da causa
básica do óbito, deverá anotar, na variável causa,
22 "óbito sem assistência médica". Mesmo se houver
exumação e a denúncia de envenenamento vier a
ser comprovada, o médico estará isento de
responsabilidade perante a justiça se tiver anotado,
na DO, no campo apropria- do, "não há sinais
externos de violência" (campo 59 da Declaração de
Óbito vigente).

5)Paciente chega ao pronto-socorro (PS) e, em


seguida, tem parada cardíaca. Iniciadas mano-
bras de ressuscitação, estas não tiveram
sucesso. O médico é obrigado a fornecer DO?
Como pro- ceder com relação á causa da
morte?
Primeiro, deve-se verificar se a causa da morte é
na- tural ou externa.
Se a causa for externa, o corpo deverá ser encami-
nhado ao IML. Se for morte natural, o médico deve
esgotar todas as possibilidades para formular a
hipótese diag- nóstica, inclusive com anamnese e
história colhida com fami-liares. Caso persista dúvida
e na localidade exista SVO, o corpo deverá ser
encaminhado para esse serviço. Caso contrário, o
médico deverá emitir a DO esclarecen- do que a causa
é desconhecida.

6)Paciente idoso, vítima de queda de escada,


sofre fratura de fêmur, é internado e submetido à
cirur- gia. Evoluía adequadamente, mas adquire
infecção hospitalar, vindo a falecer, 12 dias
depois, por bron- co-pneumonia. Quem deve
fornecer a DO e o que deve ser anotado com
relação à causa da morte?
Segundo a definição, óbito por causa externa é
aquele que ocorre em conseqüência direta ou
indireta de um evento lesivo (acidental, não
acidental, ou de intenção indeterminada). Ou seja,
decorre de uma lesão provo- cada por violência
(homicídio, suicídio, acidente ou morte suspeita),
qualquer que seja o tempo decorrido entre o evento
e o óbito. O fato de ter havido interna- ção e
cirurgia e o óbito ter ocorrido 12 dias depois não
interrompe essa cadeia.
O importante é considerar o nexo de causalidade
entre a queda que provocou a lesão e a morte. O
corpo deve ser encaminhado ao IML e a DO emitida
por médico legista. Este deve anotar na DO:
23
A Declaração de Óbito
Broncopneumonia Fratura do fêmur
Ação contundente Queda de escada
Cirurgia

* O Código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada


diagnóstico será preenchido pelos codificadores da Secretaria de Saúde.

7)Médico de um município onde não existe IML é


convocado pelo juiz local a fornecer atestado
de óbito de pessoa vítima de acidente. O médi-
co pode se negar a fazê-lo?
Embora a legislação determine que a DO para óbitos
por causa externa seja emitida pelo IML, a autoridade
policial ou judicial, com base no Código de Processo
Penal, pode designar qualquer pessoa (de preferência
as que tiverem habilitações técnicas) para atuar como
perito legista “ad hoc” em municípios onde não existe
24 o IML. Essa designa- ção não é opcional, e a
determinação tem que ser obe- decida. O perito
eventual prestará compromisso e seu exame ficará
restrito a um exame externo do cadáver, com
descrição, no laudo necroscópico, das lesões exter-
nas, se existirem. Anotar na DO as lesões, tipo de
causa externa, mencionar o número do Boletim de
Ocorrência

8)Quando o médico for o único profissional da


cidade, é dele a obrigação de emitir a DO após
o exame externo do cadáver?
Se ele não prestou assistência ao paciente, deve
exa- minar o corpo e, não havendo lesões externas,
emitir a
DO, anotando "causa da morte desconhecida" no
lugar da causa, mencionando a ausência de sinais
externos de violência. Usar a parte II do atestado
médico para infor- mar patologias anteriores
referidas pela família e/ou acompanhantes do
falecido, podendo os diagnósticos estar sinalizados
com interrogação “(?)”, ou os termos “sic” ou
“provável”. Havendo qualquer lesão, deverá
comunicar à autoridade competente e, se for designa-
do perito ad hoc, emitir a DO, anotando a natureza
da lesão e as circunstâncias do evento,
preenchendo os campos 56 a 60 do bloco VIII.

9)De quem é a responsabilidade de emitir a DO


de doente transferido de hospital, clínica ou
ambu- latório para hospital de referência, que
morre no trajeto?
Se o doente foi transferido sem o acompanhamento
de um médico, mas com relatório médico que
possibilite o diagnóstico da causa de morte, a DO
poderá ser emitida pelo médico que recebeu o doente
já em óbito, ou pelo médico que o encaminhou.
Porém, se o relatório não per- mitir a conclusão da
causa da morte, o corpo deverá ser encaminhado ao
SVO, ou, em caso de morte suspeita, ao IML. Se o
doente foi transferido sem médico e sem relató- rio
médico, o que é considerado ilícito ético (Resolução
1672/2003- CFM), a DO deverá ser emitida pelo
médico que encaminhou; na impossibilidade, o corpo
deverá ser encaminhado ao SVO, ou, em caso de
morte suspeita ao IML. Se o médico acompanhou a
transferência, a DO será emitida por ele, caso tenha
elementos suficientes para fir- mar o diagnóstico da
causa de morte. Porém, se não tiver, o corpo deverá
ser encaminhado ao SVO, ou, em caso de
25
A Declaração de Óbito
morte suspeita, ao IML. Em caso de óbito por causa
natu- ral, em localidades sem SVO, o médico que
acompanhou ou recebeu o falecido, e não tenha
elementos para firmar a causa básica do óbito, deve
emitir a DO e declarar na Parte I – “Morte de causa da
desconhecida”. Usar a parte II para informar patologias
referidas por acompanhantes, podendo usar
interrogação “(?)”, ou os termos “sic” ou “provável”
junto aos diagnósticos.

10) Quem deverá emitir a DO em caso de óbito de


paciente assistido pelo Programa de Saúde da
Família (PSF)?
Homem 54 anos, lavrador, apresenta perda de peso
acentuada nos últimos três meses. Teve diagnóstico
de ca de esôfago no início do quadro, e foi
subme- tido a cirurgia e sessões de radioterapia,
que foram suspensas há um mês após
constatação de metás- tases em vários órgãos. O
paciente evoluiu para um quadro de caquexia e
26 vinha recebendo atendimen- to domiciliar pelo
médico do PSF que o visitava regularmente em
casa. A família procura o médico na sede do
Programa de Saúde da Família e comu- nica que
após a última visita o paciente evoluiu com falta de
ar, vindo a falecer no domicílio.
O médico da família emitirá a DO, considerando-se
que ele prestava assistência médica ao falecido,
conhecia o quadro clínico apresentado nos
últimos meses, bem como o prognóstico do
quadro. Contudo, o médico deverá verificar
pessoalmente o cadáver, após ter sido
comunicado do óbito.
11)Como proceder para enterrar peças
anatômicas amputadas?
O médico fornecerá um relatório sobre as
circunstân- cias da amputação, em receituário ou
formulário pró- prio (nunca DO). A peça deverá ser
sepultada ou inci- nerada.

12)Como proceder em caso de preenchimento


incorreto da DO?
Se por acaso, o médico preencher erroneamente a
DO, seja qual for o campo, deverá inutilizá-la,
preenchendo outra corretamente. Porém, se a
Declaração já tiver sido registrada em Cartório do
Registro Civil, a retifica- ção será feita mediante
pedido judicial por advogado, junto à Vara de
Registros Públicos ou similar. Nunca rasgar a DO.
O médico deverá escrever "anulada" na DO e
devolvê-la à Secretaria de Saúde para cancela-
mento no sistema de informação.

13)O médico pode cobrar honorários para


emitir a DO?
Não. O ato médico de examinar e constatar o
óbito, sim, poderá ser cobrado, desde que se trate de
pacien- te particular, a quem o médico não vinha
prestando assistência. Entenda-se que o
diagnóstico da morte exige cuidadosa análise das
atividades vitais, pesquisa de reflexos e registro de
alguns fenômenos abióticos, como perda da
consciência, perda da sensibilidade, abolição da
motilidade e do tônus muscular. (Parecer nº 17/1988-
CFM).
27 A Declaração de Óbito
Alguns conceitos importantes
ÓBITO
É o desaparecimento permanente de todo sinal de vida,
em um momento qualquer depois do nascimento, sem
possibi- lidade de ressuscitação, conforme definição da
Organização Mundial da Saúde (OMS).

ÓBITO POR CAUSA NATURAL


É aquele cuja causa básica é uma doença ou um estado mór-
bido.

ÓBITO POR CAUSA EXTERNA


É o que decorre de uma lesão provocada por violência (homi-
cídio, suicídio, acidente ou morte suspeita), qualquer que
seja o tempo decorrido entre o evento e o óbito.

ÓBITO HOSPITALAR
28 É a morte que ocorre no hospital, após o registro do
pacien- te, independentemente do tempo de internação.

ÓBITO SEM ASSISTÊNCIA MÉDICA


É o óbito que sobrevém em paciente que não teve
assistên- cia médica, durante a doença (campo 45 da
DO).

CAUSA BÁSICA DA MORTE


É a doença ou lesão que iniciou a cadeia de
acontecimentos patológicos que conduziram diretamente
à morte, ou as cir- cunstâncias do acidente ou violência que
produziram a lesão fatal.
INSTITUTO MÉDICO LEGAL (IML)
Órgão oficial que realiza necropsias em casos de morte
de- corrente de causas externas.

SERVIÇO DE VERIFICAÇÃO DE ÓBITO (SVO)


Órgão oficial responsável pela realização de necropsias
em pessoas que morreram sem assistência médica ou com
diag- nóstico de moléstia mal definida.

NASCIDO VIVO
É a expulsão ou extração completa do corpo da mãe,
inde- pendentemente da duração da gravidez, de um
produto de concepção que respire ou apresente qualquer
outro sinal de vida, tal como batimentos do coração,
pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos
músculos de contração voluntária, estando ou não cortado
o cordão umbilical e estando ou não desprendida a
placenta.

ÓBITO FETAL, MORTE FETAL OU PERDA FETAL


É a morte de um produto de concepção antes da expulsão
do corpo da mãe, independente da duração da gravidez.
A morte do feto é caracterizada pela inexistência, depois
da separação, de qualquer sinal descrito para o nascido
vivo.

ATESTADO, DECLARAÇÃO E CERTIDÃO


"Atestado" e "declaração" são palavras sinônimas, usadas
como o ato de atestar ou declarar. "Declaração de óbito" é o
nome do formulário oficial no Brasil, em que se atesta a
morte. "Certidão de Óbito" é o documento jurídico fornecido
pelo Cartório de registro civil após o registro do óbito.
29
A Declaração de Óbito
A legislação que regulamenta a mat

Lei dos Registros Públicos (Lei 6.015 de 31.12.1973)


Art. 77: Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do
oficial do registro do lugar do falecimento, extraída
após a lavratura do assento de óbito, em vista do
atestado de médico, se houver no lugar, ou, em caso
contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem
presenciado ou verificado a morte.

Código Penal
Art. 302: Dar o médico, no exercício de sua profissão,
atestado falso.
Pena: detenção de 1 mês a 1 ano.
Parágrafo único: Se o crime é cometido com o fim de
30
lucro, aplica-se também multa.

Portaria nº 20, de 3 de outubro de 2003,


Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde
Art. 8º: Deverá ser utilizado o formulário da Declaração de
Óbito – DO, constante no Anexo I desta Portaria, como
documento padrão de uso obrigatório em todo o País,
para a coleta dos dados sobre óbitos e indispensável para
a lavratura, pelos Cartórios do Registro Civil, da
Certidão de Óbito.
Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004 da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
(www.anvisa.gov.br)
Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamen-
to de resíduos de serviços de saúde. (Esta Resolução inclui
peças anatômicas do ser humano, tecidos, membros,
órgãos e fetos com peso inferior a 500 g, inferior a 25
cm e idade gestacional menor que 20 semanas).

Código de Ética Médica


É vedado ao médico:

Art. 112: Deixar de atestar atos executados no


exercício profissional, quando solicitado pelo paciente
ou seu res- ponsável legal.

Parágrafo único: O atestado médico é parte integrante do


ato ou tratamento médico, sendo o seu fornecimento
direito inquestionável do paciente, não importando em
qualquer majoração dos honorários.

Art. 114: Atestar óbito quando não o tenha verificado


pessoalmente ou quando não tenha prestado
assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer
como plan- tonista, médico substituto ou em caso
necropsia e verifi- cação médico-legal.

Art. 115: Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha


prestando assistência, exceto quando houver indícios
de morte violenta.

31
A Declaração de Óbito
Resolução nº 1.641, de 12 de julho de 2002,
do Conselho Federal de Medicina
(Publicada no D.O.U., 29 jul 2002, Seção I, p. 229)
Art. 1º: É vedado aos médicos conceder declaração de
óbito em que o evento que levou à morte possa ter
sido alguma medida com intenção diagnóstica ou
terapêutica indicada por agente não-médico ou
realizada por quem não esteja habilitado para fazê-lo,
devendo, neste caso, tal fato ser comunicado à
autoridade policial competente a fim de que o corpo
possa ser encaminhado ao Instituto Médico Legal para
verificação da causa mortis.
Art. 2º: Sem prejuízo do dever de assistência, a comunica-
ção à autoridade policial, visando o encaminhamento
do paciente ao Instituto Médico Legal para exame de
corpo de delito, também é devida, mesmo na ausência de
óbito, nos casos de lesão ou dano à saúde induzida ou
causada por alguém não-médico.
Art. 3º: Os médicos, na função de perito, ainda que ad
hoc, ao atuarem nos casos previstos nesta resolução,
devem fazer constar de seus laudos ou pareceres o tipo
de atendimento realizado pelo não-médico, apontando
32 sua possível relação de causa e efeito, se houver, com o
dano, lesão ou mecanismo de óbito.
Art. 4º: Nos casos mencionados nos artigos 1º e 2º
deve ser feita imediata comunicação ao Conselho
Regional de Medicina local.

RESOLUÇÃO nº 1.779, de 11 de novembro de 2005 do


Conselho Federal de Medicina
(Publicada no D.O.U., 05 dez 2005, Seção I, p. 121)
Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento
da Declaração de Óbito. Revoga a Resolução CFM n.
1.601/2000.
O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribui-
ções conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro
de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19
de julho de 1958, e
CONSIDERANDO o que consta nos artigos do Código
de Ética Médica:
"Art. 14. O médico deve empenhar-se para melhorar as
condições de saúde e os padrões dos serviços médicos
e assumir sua parcela de responsabilidade em relação à
saúde pública, à educação sanitária e à legislação refe-
rente à saúde.
É vedado ao médico:
Art. 39. Receitar ou atestar de forma secreta ou
ilegível, assim como assinar em branco folhas de
receituários, lau- dos, atestados ou quaisquer outros
documentos médicos.
Art. 44. Deixar de colaborar com as autoridades sanitárias
ou infringir a legislação vigente.
Art. 110. Fornecer atestado sem ter praticado o ato
pro- fissional que o justifique, ou que não corresponda
a ver- dade.
Art. 112. Deixar de atestar atos executados no
exercício profissional, quando solicitado pelo paciente
ou seu res- ponsável legal.
Art. 114. Atestar óbito quando não o tenha verificado
pessoalmente, ou quando não tenha prestado assistência
ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como
plan- tonista, médico substituto, ou em caso de necropsia
e ve- rificação médico-legal.
Art. 115. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha
prestando assistência, exceto quando houver indícios
de morte violenta";

33
A Declaração de Óbito
CONSIDERANDO que Declaração de Óbito é parte inte-
grante da assistência médica;
CONSIDERANDO a Declaração de Óbito como fonte
imprescindível de dados epidemiológicos;
CONSIDERANDO que a morte natural tem como causa
a doença ou lesão que iniciou a sucessão de eventos
mórbi- dos que diretamente causaram o óbito;
CONSIDERANDO que a morte não-natural é aquela que
sobrevém em decorrência de causas externas violentas;
CONSIDERANDO a necessidade de regulamentar a
respon- sabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito;
CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em sessão
ple- nária realizada em 11 de novembro de 2005,
RESOLVE:
Art. 1º: O preenchimento dos dados constantes na De-cla-
ração de Óbito é da responsabilidade do médico que ates-
tou a morte.
Art. 2º: Os médicos, quando do preenchimento da De-cla-
34
ração de Óbito, obedecerão as seguintes normas:
1) Morte natural:
I. Morte sem assistência médica:
a) Nas localidades com Serviço de Verificação de
Óbitos (SVO):
A Declaração de Óbito deverá ser fornecida pelos mé-
dicos do SVO;
b) Nas localidades sem SVO :
A Declaração de Óbito deverá ser fornecida pelos
médicos do serviço público de saúde mais próximo do
local onde ocorreu o evento; na sua ausência, por
qualquer médico da localidade.

II.Morte com assistência médica:


a) A Declaração de Óbito deverá ser fornecida,
sem- pre que possível, pelo médico que vinha
prestando assistência ao paciente.
b) A Declaração de Óbito do paciente internado
sob regime hospitalar deverá ser fornecida pelo
médico assistente e, na sua falta por médico
substituto per- tencente à instituição.
c) A declaração de óbito do paciente em
tratamento sob regime ambulatorial deverá ser
fornecida por médico designado pela instituição que
prestava assis- tência, ou pelo SVO;
d) A Declaração de Óbito do paciente em
tratamento sob regime domiciliar (Programa Saúde
da Família, internação domiciliar e outros) deverá
ser fornecida pelo médico pertencente ao
programa ao qual o paciente estava cadastrado, ou
pelo SVO, caso o médi- co não consiga correlacionar
o óbito com o quadro clí- nico concernente ao
acompanhamento do paciente.

2) Morte fetal:
Em caso de morte fetal, os médicos que prestaram
assis- tência à mãe ficam obrigados a fornecer a
Declaração de Óbito quando a gestação tiver duração
igual ou superior a 20 semanas ou o feto tiver peso
corporal igual ou supe- rior a 500 (quinhentos) gramas
e/ou estatura igual ou superior a 25 cm.

35
A Declaração de Óbito
3) Mortes violentas ou não naturais:
A Declaração de Óbito deverá, obrigatoriamente, ser
for- necida pelos serviços médico-legais.
Parágrafo único. Nas localidades onde existir apenas 1
(um) médico, este é o responsável pelo fornecimento
da De-claração de Óbito.
Art. 3º Esta resolução entra em vigor na data de sua
pu- blicação e revoga a Resolução CFM nº 1.601/00.

Brasília-DF, 11 de novembro de 2005

EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE


Presidente

LÍVIA BARROS GARÇÃO


Secretária-Geral

36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LAURENTI, Rui; MELLO JORGE, Maria Helena P. de. O atesta-


do de óbito. São Paulo: Centro Brasileiro de Classificação de
Doenças, 2004.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação


estatís- tica internacional de doenças e problemas
relacionados à Saúde: 9ª revisão 1975. São Paulo: Centro
da OMS para a Classificação de Doenças em Português,
1985.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação


estatís- tica internacional de doenças e problemas
relacionados à saúde: 10ª revisão. São Paulo: Centro da
OMS para a Clas- sificação de Doenças em Português,
1995.

MANUAL of the international statistics classification of disea-


ses, injuries, and causes of death: 6th revision. Gevene:
World Health Organization, 1948.
37 A Declaração de Óbito
www.saude.gov.br/svs

www.saude.gov.br/bvs

disque saúde
0800.61.1997

C ENTRO B RASILEIRO DE C LASSIFICAÇÃO DE D OENÇAS


F ACULDADE DE S AÚDE P ÚBLICA /USP

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