O Isso, o Eu e o Supereu - Aluizio Quintão

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Escola Freudiana de Belo Horizonte/IEPSI - Módulo 5

Yáskara Sotero - Segunda tópica - O Isso, o Eu e o Supereu


Aluízio Quintão - Dezembro2022

o Super-eu
surge a partir da
dissolução do
Complexo de
Édipo e é um
caso de
identificação
com a instância
parental e é tido
como herdeiro
dessa ligação
afetiva
estabelecida na
infância

A angústia neurótica ante a força das


paixões do Id

1889 era o ano e sua idade, 33. Inaugurada a torre Eiffel, após dois anos de construção,
durante a Exposição Internacional de Paris. No Brasil, era
proclamada a República. Seu segundo filho nascera e,
homenageando o grande médico Charcot, o nome escolhido foi
Jean-Martin. Estudos indicam que a histeria “funda” a psicanálise
no final do século XIX e Freud iniciava, aqui, o tratamento da
paciente Fanny Moser, mais conhecida como o caso “Emma” - 1889
a 1891. Ele registra ter sido a primeira tentativa de lidar com o
método catártico de Breuer, apesar de não sistematicamente. Mais
adiante, Freud se mostra inteiramente cético quanto ao valor da
hipnose na facilitação dos seus tratamentos. Nesse mesmo ano,
Camille Claudel mostrava a bela escultura “The Waltz - A Valsa”,
que retrata um homem e uma mulher, presos em um abraço amoroso enquanto dançam uma
valsa - inspirada pelo caso de amor com seu mentor artístico, Auguste Rodin.

O vínculo associativo nas duas cenas de Emma nos


mostra um exemplo claro de repressão acompanhada de
simbolização. Toda a situação vivida por ela, na loja, aos 8
anos foi recalcada e, posteriormente, simbolizada pelo
elemento “roupas”. Segundo Freud, a análise indica que em
um trauma sexual, o que há de perturbador, é a liberação do
afeto. E o afeto é a sensação do mau estar - ligado à
lembrança do acontecimento traumático e não ao evento em si
- “é sobretudo de reminiscências que sofre o histérico”, Freud e
Breuer. Podemos identificar, também, semelhanças com outro
caso de Freud, o caso Katharina - 1892, mesmo sendo este
um caso especial por ter ocorrido fora do ambiente de
consultório, durante as férias de Freud nas montanhas, e
através de um único breve encontro com a paciente e um
rápido diagnóstico. A paciente, uma jovem de 16 anos,
apresentava sintomas histéricos vinculados às questões
sexuais, por um trauma vivido. Criava sintomas (vômitos e náuseas) que representavam a
repugnância ao causador (um Tio) do ato traumático. Impressões do período pré-sexual que não
produziram efeito na criança, mas atingem poder traumático numa data posterior.

Anos adiante, no início dos anos de 1920,


Freud aprofunda as questões da personalidade e do
aparelho psíquico, sua tópica e suas instâncias.
“Onde era o Isso, lá deverá estar o EU” - Freud -
podemos experienciar e dizer que o processo
analítico é uma apropriação do Isso pelo Eu mais
forte, mais flexível, mais adaptado às exigências do
pulsional e da realidade. Na hipótese topográfica,
Freud coloca em cena a concepção de um sujeito
dividido, não centrado em torno da consciência. O
sujeito é descentrado, carente de um centro ordenador, caracterizado pela ruptura, pelo
estiramento. Na hipótese estrutural, as percepções e estímulos perpassam o aparelho psíquico e
suas instâncias conflitantes, em um fluxo gozante infindável, pelas tramas e tecituras do
reservatório das pulsões, sob a atuante e reguladora supervisão do superego.


Nosso corpo furado é atravessado pela
externalidade do mundo através das “escotilhas”,
como a retina e a nossa caixa acústica e vai se
conectando com o real. Nós nos definimos a partir do
outro e, ao estudar Freud, Lacan representa a
dinâmica da constituição do EU, especularmente,
através de esquema L, partindo da topologia
estrutural apresentada anteriormente. A tradução em
palavras é o recurso disponível ao sujeito para
reconhecer e elaborar algo sobre o seu desejo. É
também por meio do ato de fala que o sujeito encontra recursos para tornar simbólico um real
traumático não integrado ao sistema simbólico, os restos traumáticos que vão formar o nosso
todo, o nosso ser.

O inconsciente é como um novelo de lã - tem seu furo no meio e trabalha, como uma máquina
simbólica, tentando dar conta da falta do objeto da pulsão - Marco Antônio Coutinho Jorge.
Referências Bibliográficas
- Freud, Sigmund, 1856-1939. Compêndio de Psicanálise e outros escritos inacabados / Sigmund
Freud; tradução Pedro Heliodoro Tavares. -- 1. ed. -- Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.
(Obras Incompletas de Sigmund Freud; 3).
- The Freud Folder - Timeline - Freud Museum, London - 2019 Second Edition revised and
expanded.
- Jorge, Marco Antônio Coutinho, 1952- Lacan, o grande freudiano / Marco Antônio Coutinho
Jorge, Nadiá Paulo Ferreira. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
- Rodrigues, Gilda Vaz. Cortes e suturas na operação psicanalítica: Uma leitura do Seminário
R.S.I, Livro 22 de Jacques Lacan / Gilda Vaz Rodrigues, - Belo Horizonte. Ophicina de Arte e
Prosa, 2013.

Aluízio Quintão - Dezembro2022

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