Ciência e Construção-Validade e Verificabilidade Das Hipóteses

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Estatuto do

conhecimento
científico
0. Revisão
Comparação entre Descartes e Hume

Descartes, ao usar a dúvida cética para testar crenças, acaba


por encontrar algum mérito no ceticismo. Dir-se-ia que adota um
ceticismo metódico. Hume, por sua vez, reconhece ser incapaz de
refutar o ceticismo.
Tanto Descartes, como Hume, reconhecem que os materiais Descartes
do conhecimento se encontram, todos eles, nas nossas mentes, que
se chamem pensamentos, ideias ou perceções. No entanto, Descartes
diz ver clara e distintamente que as nossas perceções sensíveis têm
de ser causadas pelos objetos exteriores, Hume considera não haver
nada que nos garanta a existência de uma causa exterior das nossas
perceções.
Assim, Hume conclui que não temos qualquer justificação
para afirmar, nem para negar, a existência de um mundo exterior.

Hume
1. Ciência e construção:
validade e verificabilidade
das hipóteses
1.1. O problema da demarcação
1.2. A conceção indutivista do método científico
1.3. Objeções à conceção indutivista da ciência
1.4. O falsificacionismo de Popper
1.5. Distinção entre teorias científicas e não científicas: o
falsificacionismo de Popper
1.6. Objeções ao falsificacionismo de Popper
1.1. O problema da
demarcação
O que distingue as teorias científicas das teorias não científicas?

O caráter metódico e rigoroso do conhecimento científico


não é suficiente para fornecer um critério geral e seguro
que nos permita distinguir o conhecimento científico de
outros tipos de investigação, isto é, aquilo que é científico
daquilo que não é científico, ou, dito de outro modo,
distinguir a ciência da pseudociência. Qual será então o
método a utilizar?
1.2. A conceção
indutivista do Observação

descoberta
método científico Hipótese

Observação: registo sistematizado na procura de causa


perante uma observação isenta, objetiva e rigorosa. Experimentação

justificação
Formulação da hipótese: conforme as relações descobertas
nas observações, estabelece-se uma hipótese, recorrendo
à indução (ou seja, considerando casos passados, prevê-
se os futuros). Lei geral
Experimentação: processo de confirmação da hipótese
através de teste.
Lei geral: expressão das relações constantes entre os
casos observados, de acordo com o induzido.
1.2. A conceção indutivista do método científico

1.2.1. Verificação e
verificabilidade
De acordo com a teoria indutivista, o melhor critério para
distinguir teorias científicas de teorias não científicas é o
critério da verificabilidade.

Critério da verificabilidade
Uma teoria é científica se, e só se, for constituída por preposições
empiricamente verificáveis, ou seja, só se o seu valor de verdade
puder, à partida, ser determinado a partir de observações.
1.3. Objeções à
conceção indutivista
da ciência
Apesar de corresponder à perspetiva de muitos, a conceção
indutivista reuniu um conjunto de objeções.
Estas dividem-se em três etapas:
• O papel da observação
→ A observação não é o ponto de partido para a ciência — a
ciência não é imparcial
→ Algumas teorias científicas referem-se a objetos que não
podem ser observados
• O problema da indução
→ As inferências indutivas não são racionalmente justificáveis
• O problema da verificação das hipóteses científicas
→ A lógica subjacente à verificação experimental é falaciosa.
1.4. O
falsificacionismo
de Popper
Popper propõe uma resposta alternativa ao problema da
demarcação, diferente daquela que foi apresentada pela
conceção indutivista, propondo uma nova abordagem
ao método científico, que ficou conhecida por “método
das conjeturas e refutações” e que pode ser sintetizado
em três etapas distintas.
1.4. A conceção indutivista do método científico

1.4.1. O método das


conjeturas e
refutações
1) Problema
O ponto de partida para a investigação científica não
é observação pura e imparcial dos factos, mas sim
3) Refutação
um problema, o qual foi levantado por uma
Resta ao cientista testar a sua
observação.
hipótese, recorrendo a testes
2) Conjetura experimentais, não para
Perante o problema, o investigadora conjetura uma confirmar uma hipótese, mas
possível explicação (hipótese ou explicação) para os para tentar provar a sua
factos observados, baseada na sua experiência falsidade, ou seja, para tentar
passada. refutá-la.
1.5. Distinção entre
teorias científicas
e não científicas: o
falsificacionismo
de Popper
Popper defendeu que o método indutivo e o critério da
verificabilidade não servem à ciência.
1.5.1. Falsificacionis-
mo de Popper
De acordo com Popper,
• A fim de ser racional e objetiva, a ciência tem de abdicar do
recurso à indução.
• Ao aceitar como critério de demarcação a verificabilidade,
implicaria considerar qualquer teoria que sabemos ser irrefutável
e pseudocientífica ciência.

Critério da falsificabilidade
Uma teoria é científica só se é, à partida, empiricamente falsificável,
isto é, se, à partida, somos capazes de conceber um teste
experimental que seria capaz de demonstrar que a teoria é falsa.
1.5.1. Falsificacionismo de Popper

Graus de
Falsificabilidade
Os graus de falsificabilidade correspondem à medida em
que uma teoria é passível de ser refutada ou falsificada.
Uma teoria com alto grau de falsificabilidade é aquela
que tem previsões específicas e testáveis, enquanto uma
teoria com baixo grau de falsificabilidade é aquela cujas
previsões são vagas ou impossíveis de serem testadas.

Logo, quanto maior for o grau de falsificabilidade, mais


próxima estará a teoria de ser científica.
1.5.2. Objeções ao
falsificacionismo de
Popper
• Nem todas as teorias científicas • Subestima a importância das confirmações no
são falsicáveis: algumas teorias progresso científico: não podemos ignorar
se referem a objetos que não são que algumas teorias científicas possibilitaram
diretamente observáveis. grandes avanços tecnológicos e permitiram
controlar a natureza e prever o seu
• O falsificacionismo não está de comportamento de modo relativamente fiável.
acordo com a prática científica:
a teoria falsificacionista nem • Falsificações inconclusivas: uma teoria pode
sempre se ajusta muito bem à ser legitimamente abandonada por causa de
história efetiva da ciência. uma única observação ou de uma experiência
que a refutou.

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