Texto Guia Módulo 2
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Introduziu e organizou, ainda que de forma sucinta, os principais aspectos desse conjunto de
habilidades que podem ser aprendidas, praticadas e ensinadas.
Assim, é a partir dessas informações que organizaremos esse segundo módulo. Por um lado,
observando como as competências socioemocionais se inserem na BNCC, e por outro, tão
relevante quanto esse, verificando como esse conjunto de habilidades se materializa enquanto
currículo nacional.
Em seguida, a Association for Supervision and Curriculum Development (organização sem fins
lucrativos norte-americana fundada em 1943 e instalada em 128 países, que associa
superintendentes, diretores, professores) passou a orientar a implantação da educação
socioemocional em redes escolares. Alguns estados americanos, bem como o governo federal,
reconheceram o valor desses programas e o impacto positivo nos alunos e nas escolas. A 3
estrutura de ensino pensada objetivava promover o autoconhecimento, autogerenciamento,
tomada responsável de decisões, habilidades de relacionamento e consciência social dos
estudantes, envolvendo ações programadas nas escolas, nas residências dos estudantes e nas
suas comunidades.
A partir dos anos 2000, os componentes das habilidades socioemocionais passaram a se vincular
a requisitos da American Common Core (base comum curricular dos EUA similar à BNCC)2.
1
Ver A história, os pilares e os objetivos da educação socioemocional, título da entrevista com Pamela
Bruening publicada na edição n. 251 da Revista Educação (Editora Segmento), em 1 de agosto de 2019.
Disponível em https://www.revistaeducacao.com.br/historia-os-pilares-e-os-objetivos-da-educacao-
socioemocional/
2
Há diversas iniciativas estaduais, nos EUA, que se desenvolvem nos últimos anos. Na década de 1990,
emergiu um movimento educacional para estabelecer padrões nacionais curriculares nos Estados Unidos.
A partir de então, os Estados começaram a definir seus padrões ou bases curriculares descrevendo o que
se esperava que os alunos soubessem e pudessem fazer em cada nível da série. Mais adiante, foi fundada
a Achieve, Inc. (em 1996), organização para elevar os padrões acadêmicos e os requisitos de graduação,
melhorar as avaliações e fortalecer a prestação de contas em todos os 50 estados, orientando o
desenvolvimento dos Common Core State Standards (CCSS). Uma das motivações é o nível de formação
de estudantes do ensino médio daquele país, muito aquém das expectativas dos empregadores e das
universidades. Em 2004, veio à público o relatório Ready or Not: Creating a High School Diploma That
Counts, fruto de pesquisa sobre expectativas nacionais a respeito da formação final dos estudantes do
Se recuarmos no tempo, podemos perceber que desde a Conferência das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco-92) ocorrida no Rio de Janeiro, o conceito de
sustentabilidade incluiu como base do desenvolvimento aspectos comportamentais e culturais
como garantidores de ações efetivas. A participação social na formulação, gestão e
monitoramento de resultados em políticas públicas foi incorporada como elemento central do
que passou a ser denominado pelos órgãos multilaterais de “boas práticas”.
ensino médio dos EUA em matemática e língua inglesa. O relatório apontou inúmeras lacunas em termos
de habilidades e conhecimentos necessários.
Ver http://www.corestandards.org/ .
Tais atitudes e comportamentos devem ser estimulados a partir de práticas sociais concretas.
Não se trata, portanto, de conteúdos formais e abstratos, desconectados de vivências e
experiências sociais que envolvam os estudantes.
Ana Paula Braz Maletta, professora da Faculdade de Educação da UEMG, apresenta o seguinte
diagrama ao discorrer sobre o “Desenvolvimento das competências socioemocionais na
Educação Infantil”:
Assim, alguns conteúdos atitudinais precisam ser estimulados e observados nas situações-
problema e dilemas criados na proposta curricular.
Se a regra tratasse todos como iguais, todos sairiam na mesma linha de largada. Ocorre que a
pista sendo oval acarretaria numa grande desvantagem para quem saísse na raia mais aberta.
Perceba que ao fazer a curva, este corredor correria uma distância muito maior que aquele que
iniciasse a corrida na raia mais fechada, mais distante das arquibancadas. A justiça como
igualdade neste caso desconsideraria esta diferença entre as distâncias percorridas numa pista
oval. Ao final, as diferenças entre as raias provocariam uma visível injustiça.
Como corrigir esta injustiça? Adotando o conceito de justiça como equidade, ou seja,
observando as diferenças iniciais entre cada competidor e corrigindo a possível injustiça. Veja
como se dá esta correção numa corrida olímpica de 400 metros:
3
Ver OLIVEIRA, Zilma de Moraes. O trabalho do professor de Educação Infantil. São Paulo: Biruta, 2012,
p. 365.
Em muitos jogos de tênis, o brasileiro Gustavo Kuerten, conhecido como Guga, poderia ganhar
um set se simplesmente não contestasse o erro do juiz de linha. Contudo, em inúmeras vezes o
tenista brasileiro corrigiu o erro do juiz e alertou que a bola do adversário tinha sido boa. Assim,
por uma questão de justiça, Guga se colocava no lugar do adversário e percebia que o justo não
era o que lhe daria a vitória fácil. Trata-se de uma elevada noção de justiça e empatia.
Nesse sentido, a inserção das competências socioemocionais na BNCC e nos currículos, com
desdobramentos no PPP das escolas e no aprendizado de todas as crianças representa uma
possibilidade de avanço para uma Educação de qualidade e de formação moral e democrática
para todos os jovens aprendizes.
Conforme definido na LDBEN, a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino
das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas
e privadas da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio de todo o Brasil. 8
A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os
estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos,
políticos e estéticos das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.
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Para ler o documento na íntegra: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ - Portal da Base
5
http://porvir.org/entenda-10-competencias-gerais-orientam-base-nacional-comum-curricular/
Nas palavras de Maria Helena Guimarães de Castro, secretaria executiva do MEC: “É impossível
desenvolver o cognitivo sem desenvolver simultaneamente o socioemocional e o
comunicativo, que são essenciais para a formação integral”. As habilidades socioemocionais
estão “o tempo todo na base”, segundo Castro, e “vão se desdobrar nos objetivos de
aprendizado”. Ela ainda ressalta a importância das competências comunicativas, com a
apreensão de múltiplas linguagens para o mundo atual.
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Fonte: https://i0.wp.com/dicasdeciencias.com/wp-
content/uploads/2017/11/mi_3016378668364177.jpg?resize=600%2C646&ssl=1
Fonte:
https://www.google.com.br/search?q=compet%C3%AAncias+socioemocionais:&rlz=1C1PRFI_enBR793BR793&source=lnms&tbm=
isch&sa=X&ved=0ahUKEwjlr_23r4rbAhVDHJAKHVEFD7QQ_AUICygC&biw=1366&bih=588#imgrc=EFgMLbHL6N9EYM
Diante disso, é fundamental que os educadores ofereçam aos estudantes oportunidade de:
Sites
Vídeos
BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96,
de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, 23 de dezembro de 1996.
COELHO, V. A., SOUSA, V., & MARCHANTE, M. (2016). “Atitude Positiva”: Um resumo de 12
anos de resultados de aplicação de programas de aprendizagem socioemocional. In A.
Marques-Pinto, &R. Raimundo (Eds.), Avaliação e promoção de competências socioemocionais
em Portugal (pp. 373-398). Lisboa: Coisas de Ler.
FAGALI, Eloísa Q. (org.). Múltiplas faces do aprender: novos paradigmas da Pós modernidade. 14
São Paulo: Ed. Unidas, 2001.
OLIVEIRA, Zilma de Moraes. O trabalho do professor de Educação Infantil. São Paulo: Biruta,
2012, p. 365.