Acordao-2016 2491175
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PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS
@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
GDD
Nº 71006442594 (Nº CNJ: 0054709-33.2016.8.21.9000)
2016/CÍVEL
ACÓRDÃO
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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS
@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
GDD
Nº 71006442594 (Nº CNJ: 0054709-33.2016.8.21.9000)
2016/CÍVEL
RELATÓRIO
JOÃO CARLOS MOREIRA DO AMARAL e LISIANE SANTOS DO
AMARAL ajuizaram Ação de Cobrança contra JOÃO LUIZ SANTOS DO AMARAL.
Requerem os autores que o réu seja condenado a pagar a dívida, no valor de R$ 5.450,00,
decorrente de empréstimo para depósito judicial para pagamento de transação penal. Na ação
penal, o procurador do réu atuou como defensor constituído, sendo o réu condenado a pena
base de 02 anos de reclusão e o recurso de apelação desta, foi improvido. Designada
audiência admonitória, para que o réu providenciasse o valor equivalente a 10 salários
mínimos. Com o empréstimo e depósito do valor, foi dada por cumprida a transação penal.
Na presença do advogado do réu (declaração de fls. 04/05), o requerido prometeu ao autor
devolver os valores com maior brevidade, menos de 30 dias, pois teria que pagar a seu amigo
que lhe emprestou para completar o total exigido judicialmente. Passados mais de 90 dias,
nada foi resolvido. Requerem a procedência da ação com a condenação do réu ao pagamento
de R$5.450,00.
Realizada audiência de instrução nas fls. 64, com contestação oral, alegando
falta de provas e postulando a improcedência da ação. Colhidos depoimentos pessoais das
partes e testemunhas nas fls. 66/67.
Sentença proferida nas fls.71/73, julgando procedente pedido dos autores,
condenando o réu a pagar o valor de R$5.450,00.
Recurso Inominado da parte ré nas fls.78/83, defendendo a quitação do
débito. Refere que a prova da existência do débito toca ao autor, pois a declaração do débito
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firmada pelo advogado que atuou em prol do réu no processo crime, não tem credibilidade
necessária para justificar a sentença, já que também se declara credor do réu. Refere das
divergências dos autos. Requer a reforma da sentença e a improcedência da ação. Deferido
AJG ao recorrente na fl. 90.
Contrarrazões juntadas nas fls. 98/104.
É o relatório.
VOTOS
DR.ª GLAUCIA DIPP DREHER (RELATORA)
Eminentes colegas.
Conheço do recurso inominado, pois preenchidos os pressupostos de
admissibilidade.
Preliminarmente, é de ser apreciada a legitimidade ativa de Lisiane Santos
do Amaral. Trata-se de ação de cobrança, entre particulares (pai e filho), decorrente de
valores obtidos em conta do autor, bem como junto a terceiros, visando o depósito judicial da
transação penal, envolvendo o recorrente/réu neste feito e também naquela demanda.
A autora Lisiane não é citada em momento algum dos autos como credora,
nem mesmo comprova qualquer interesse na causa. Assim, de ofício, impõe-se seja
reconhecida a ilegitimidade ativa de Lisiane Santos do Amaral e a extinção da ação, sem
julgamento de mérito, em relação a esta.
No mérito, incontroverso que as partes, pai e filho, realizaram empréstimo
entre si e, ainda, o autor complementou a quantia devida pelo réu para formalizar a transação
penal, com a ajuda financeira de terceiros, ficando o autor responsável pelo adimplemento
dos valores perante estes.
Embora o autor não tenha anexado aos autos cópia de extrato do Banco do
Brasil para comprovar o alegado saque de sua conta, nem mesmo a oitiva dos demais
credores em juízo como testemunhas, o réu alega que teria adimplido integralmente suas
obrigações. A afirmativa de adimplemento é fato modificativo e extintivo do direito do autor.
Portanto, nos termos do art. 373, II, CPC, a prova do alegado pagamento tocava ao réu.
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Nos autos foram colhidos depoimentos das partes e testemunhas nas fls.
66/67. A testemunha da parte autora é o então advogado do réu na demanda penal, e o
mesmo que firma a declaração de débito de fls. 04/05, que instruiu a ação de cobrança. Em
seu depoimento, ratifica os termos de fls. 04/05, acrescendo que a mãe do réu, divorciada do
autor e “pediu para que a testemunha conversasse com o autor para que o mesmo perdoasse
a dívida considerando que o requerido era seu filho.” (fl.67). Refere, ainda, a testemunha
que arcou com as custas do processo criminal, sem nunca ter sido ressarcido pelo réu.
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Custas pela parte recorrente, que arcará, ainda, com honorários advocatícios
fixados em 10% sobre o valor da condenação.