Direito Ao Silêncio No Processo Penal Brasileiro - Myrcela Leal Cardoso
Direito Ao Silêncio No Processo Penal Brasileiro - Myrcela Leal Cardoso
Direito Ao Silêncio No Processo Penal Brasileiro - Myrcela Leal Cardoso
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Leliane Rodrigues da Sella e Motta
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Paulo Roberto Cavasana Abdo
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Renato Alexandre da Silva Freitas
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RESUMO
O Direito Processual Penal Brasileiro prevê que mesmo o acusado é sujeito passível de
direitos, e embora haja confusão certa confusão entre a finalidade do Direito Processual
Penal e o Direito Penal, que é a manutenção da paz social, esta é uma ciência autônoma, de
cunho instrumental, detentora de princípios próprios, dos quais será destacado aquele que
nos é mais importante para realização deste trabalho, que é o princípio derivado do artigo 5º,
inciso LXIII, da Constituição Federal, o direito da não autoincriminação e dentro dele, o
direito de permanecer calado, ou seja, o direito ao silêncio. Será apresentada a sua
importância, sua evolução dentro da História e ainda as formas de violação, como por
exemplo, a tortura, seja ela física ou psicológica. Também serão expostos posicionamentos
de alguns doutrinadores, o entendimento jurisprudencial sobre sua extensão no Processo
Penal, e por fim, concluindo que o Direito ao Silêncio é um direito Público Subjetivo.
3
ABSTRACT
The Brazilian Criminal Procedure Law provides that even the accused is subject to rights,
and although there is some confusion between the purpose of Criminal Procedural Law and
Criminal Law, which is the maintenance of social peace, this is an autonomous science,
instrumental, with its own principles, which will highlight the one that is most important to
us for this work, which is the principle derived from article 5, paragraph LXIII, of the
Federal Constitution, the right of non-self-incrimination and within it, the right to remain
silent, that is, the right to silence. It will be presented its importance, its evolution within
history and also the forms of violation, such as torture, be it physical or psychological. Also
will be exposed positions of some doctrinators, the jurisprudential understanding on their
extension in the Criminal Procedure, and finally, concluding that the Right to Silence is a
Subjective Public right.
4
Sumário
INTRODUÇÃO 7
CONCLUSÃO 51
REFERÊNCIAS 53
6
INTRODUÇÃO
7
Foram utilizados como método a pesquisa a empírica, realizando pesquisas em
artigos, doutrinas, internet, até mesmo Acórdãos e jurisprudências
Por fim, será demonstrada a conclusão do direito ao silêncio, a possibilidade dela ser
usada, e ainda o que a doutrina e a jurisprudência pensam a respeito do assunto.
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I. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO AO SILÊNCIO
O Direito ao Silêncio não foi uma inovação do nosso sistema jurídico. Ele há tempos
permeia o Direito, alcançando as primeiras civilizações, sendo possível a sua constatação
por meio dos escritos ainda existentes e conhecidos do Mundo Ocidental.
Veremos que de maneira muitas vezes tímida, muitas vezes marcante, essa Garantia
Fundamental sempre esteve presente e buscada para que fosse possível aplicar a “Justiça
Justa”. Para início da explanação, será necessário esclarecer seu significado, bem como se
apresentou nas diversas civilizações.
1.1 Significado
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1.2 Código de Hamurabi
Como demonstrado, não havia imposição de nenhuma espécie de coação física para
que se confessasse a prática de algum ato criminoso, não havendo nenhuma espécie de
tortura para o acusado, a este bastava só fazer um juramento em nome de Deus e dizer a
verdade, podemos portanto, concluir que o Código de Hamurabi foi a legislação mais antiga,
que apresentou a ideia do direito de não autoincriminar.
11
1.4 Grécia Antiga
12
O Papa Inocêncio III no ano de 1199 publicou a Bula Vergentis in Senium o qual
equiparava as Heresias aos crimes de Lesa-majestade, sendo assim, criava uma base para a
aplicação de pena de morte.
A maneira utilizada para definir a culpa ou a inocência nesta época histórica, era a
utilização do:
“Ordálio ou ordália, também conhecida como juízo de Deus (judicium Dei,
em latim), é um tipo de prova judiciária usado para determinar a culpa ou a
inocência do acusado por meio da participação de elementos da natureza e cujo
resultado é interpretado como um juízo divino . (WIKIPEDIA, 2018).
Com este cenário, podemos observar que no decorrer do tempo houve evolução do
conceito do Direito ao Silêncio, porém um alto preço foi pago, vidas pereceram, pessoas
foram torturadas, mutiladas e mortas.
13
Para contextualizá-la, a Carta Magna, foi assinada em junho de 1215, pelo então Rei
da Inglaterra, conhecido como João Sem Terra, após desentendimentos com o Papa e os
barões ingleses em virtude de vários fracassos, documento este que limitava o poder dos
monarcas da Inglaterra, o seu inclusive, onde reconhecia que ninguém e nem mesmo as
vontades do rei estaria acima da lei, impedindo assim o poder absoluto, assegurando
garantias para um universo restrito de pessoas.
Essa limitação do poder absoluto, assegurava a liberdade, bem como um processo
criminal mais justo, voltados para a busca da verdade, como exemplificado no seu artigo 39,
“Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade, ou tomado
fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou
mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares ou pela lei da
terra”. O artigo seguinte, o 40, “A ninguém venderemos, a ninguém recusaremos ou
atrasaremos direito ou justiça”. Como demonstrado, a Carta Magna trouxe referências ao
devido processo legal, trazendo também a conscientização a respeito dos Direitos Humanos,
deixando de certa maneira implícito o pensamento de que alguns direitos são inerentes ao
homem, os quais nem mesmo um Rei poderia privá-los.
Tal importância documental é de grande valia para a sociedade atual, fato este
discorrido por Manoel Gonçalves Ferreira Filho:
Se essa Carta, por um lado, não se preocupa com os direitos do Homem, mas sim
com os direitos dos ingleses, decorrentes da imemorial law of the land, por
outro, ela consiste na enumeração de prerrogativas garantidas a todos os súditos da
monarquia. Tal reconhecimento de direitos importa numa clara limitação do poder,
inclusive com a definição de garantias específicas em caso de violação dos
mesmos. (...) Note-se que na Magna Carta aponta a judicialidade um dos
princípios do Estado de Direito, de fato, ela exige o crivo do juiz relativamente à
prisão do homem livre. (...) Nela igualmente está a garantia de outros direitos
fundamentais: a liberdade de ir e vir (n. 41), a propriedade privada (n. 31), a
graduação da pena à importância do delito (n. 20 e 21). Ela também enuncia a
regra 'no taxation without representation' (n. 12 e 14). Ora, isto não só
provocou mais tarde a institucionalização do Parlamento, como lhe serviu de
arma para assumir o papel de legislador e de controlador da atividade
governamental.(1995, 11-12)
Diante da exposição, não é redundante citar que a Carta Magna é o documento que
proporcionou condições para que a liberdade e o direito civil pudessem se edificar, o direito
conta a autoincriminação foi prestigiado e com isso levou a extinção de diversas formas de
torturas, atos característicos do interrogatório inquisitório.
14
1.7 Constituição Americana de 1787
Importante destacar que por um longo período prosperou o entendimento de que esse
benefício poderia ser utilizado apenas no âmbito federal, não sendo sua aplicação obrigatória
nos Estados Federados. A Declaração dos Direitos garante proteção a liberdade de
expressão, a liberdade religiosa, o direito de guardar e usar armas, a liberdade de assembléia
e a liberdade de petição. Ela proíbe a busca e a apreensão sem fundamentação, o castigo
cruel e incomum e a autoincrimação forçada. Dentre outras proteções legais proporcionada
pela Declaração dos Direitos, há a proibição do Congresso fazer qualquer lei em relação ao
15
estabelecimento de religião e proíbe o governo federal de privar qualquer pessoa da vida, da
liberdade ou da propriedade sem os devidos processos legais. Em casos de crime federal, é
requerida uma acusação formal por um júri de instrução, para qualquer ofensa capital ou
crime desprezível, infame, e a garantia de um julgamento público rápido com um júri
imparcial da localidade em que o crime ocorreu, e ainda a proibição de um duplo
julgamento.
17
II. DIREITO AO SILÊNCIO E OS PRINCÍPIOS NORTEADORES
NO PROCESSO PENAL
18
Essa Lei acabou sendo ineficaz, a lei que era contrária ao princípio em comento, o
legislador mais uma vez reeditou a figura típica do artigo 306 do CTB, com a Lei 12.760/12,
onde o crime de trânsito passou a prever a conduta de dirigir com a capacidade psicomotora
alterada, que pode ser constatado por meio de teste de bafômetro, e também por meio de
prova testemunhal, Nestor Távora e col. (2013, p. 78) diz que “essa nova via probatória
dever respeitar o princípio da não autoincriminação”, conforme consta nesse trecho:
Apesar da nova redação típica e da previsão desta nova via probatória, deve-se
pontuar que a realização do exame clínico ou a constatação por meio do etilômetro
continuam devendo respeito ao direito a não autoincriminação – podendo as
demais constatações serem feitas mesmo sem a autorização do condutor.
Este princípio surgiu pela primeira vez na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, de 1789, em seu artigo 9°, e posteriormente foi inserido em várias legislações,
entre elas: a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica),
em seu artigo 8°, consta também em nossa legislação, artigo 5°, inciso LVII, sendo mais
explícito, “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença
condenatória”.
É uma garantia processual penal da liberdade individual, muitos divergem a respeito
da nomenclatura dada a este princípio, alguns autores preferem defini-lo como “princípio do
estado de inocência” ou ainda “princípio da não culpabilidade”, referindo-se a situação do
acusado durante o trâmite do processo, ou seja, coibindo o Estado de tomar medidas que
igualem o acusado a um condenado.
A doutrina majoritária prefere definir o princípio em tela como “presunção de
inocência”, pois entendem que a intenção do legislador foi dar uma maior amplitude ao
mesmo, porque o Brasil ao ratificar pactos e convenções internacionais, que utilizam de
expressões diferentes do texto constitucional, conferindo-lhe então maior abrangência,
inclusive.
Por este princípio trouxe o entendimento de que o homem normalmente é inocente,
permitindo a sua presunção, sendo que a obrigatoriedade de provar cabe ao Estado, ao
19
acusador, a este cabe o intento de ter que provar o contrário. O acusado está portanto,
desobrigado a colaborar com a produção de provas, não sendo nem mesmo exigido que o
acusado comprove sua inocência, já que sua presunção é garantida pela Constituição
Federal. Neste sentido, Antônio Magalhães Gomes Filho (1997, p. 32), diz que o direito ao
silêncio:
Representa exigência inafastável do processo penal informado pela presunção de
inocência, pois admitir-se o contrário equivaleria a transformar o acusado em
objeto da investigação, quando sua participação só pode ser entendida na
perspectiva de defesa, como sujeito processual. Diante disso, evidente que o seu
silêncio jamais pode ser interpretado desfavoravelmente.
Outro importante ponto a se destacar sobre esta garantia constitucional é que com a
introdução do princípio em comento no texto constitucional teve como consequência a
proibição da inserção do nome do réu no rol dos culpados antes que a sentença condenatória
transite em julgado, e também no caso da decisão de pronúncia.
Porém a presunção de inocência em recente entendimento do Supremo Tribunal
Federal teve modificação muito importante, quanto a condenação do réu à prisão em
segunda instância.
Por um placar apertado, a Suprema Corte decidiu quanto a legalidade da prisão do
réu, caso sua condenação seja confirmada em segunda instância, sendo possível a sua prisão
imediata, não havendo no seu entendimento nenhuma ilegalidade.
Um defensor da prisão na segunda instância, o Ministro Gilmar Mendes alega que é
possível firmar a culpabilidade do indivíduo após a mesma decisão em duas instâncias,
porém, mais recentemente o mesmo Ministro sinalizou que poderá rever o seu voto, quando
disse “manifesto, desde já, minha tendência em acompanhar o Ministro Dias Toffoli no
sentido de que a execução da pena com decisão de segundo grau deve aguardar o julgamento
do recurso especial pelo STJ”.
Por esse princípio entende-se que o acusado tem o direito a defesa através de meios e
recursos inerentes. O Estado deve assegurar ao acusado a mais completa defesa técnica ou
pessoal. É importante ressaltar que caso o acusado não possua recursos financeiros
comprovadamente, o Estado irá lhe assegurar a Justiça Gratuita.
20
A defesa técnica é executada pelo defensor constituído, seja ele público particular ou
dativo. Esta é obrigatória. O acusado não pode dispor dessa defesa, ainda que ele diga que
não quer alguém para defende-lo, o juiz deve nomear alguém para a função, a não ser que o
réu seja advogado, aí este pode defender-se.
No Tribunal do Júri, caso o magistrado perceber que a defesa do advogado é parca,
fraca, prejudicando o acusado, a ponto de torna-lo indefeso, o Juiz pode declarar o réu
indefeso e nomear outro advogado para realizar o plenário, remarcando o julgamento para
outro dia, conforme previsto no artigo 497, V do Código de Processo Penal, conforme
abaixo descrito:
Artigo 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de outras
expressamente referidas neste Código (Redação dada pela Lei n° 11.689 de 2008)
V – nomear defensor ao acusado, quando considera-lo indefeso, podendo neste
caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julgamento com a nomeação
ou a constituição de novo defensor.
21
Podemos entender que para melhor efetivação da ampla defesa é preciso à
verificação da melhor maneira de atuar em cada situação específica no intuito de procurar a
maneira mais benéfica para que seja assegurado ao acusado a plenitude de defesa e a opção
pelo seu direito de ficar ou permanecer calado.
Embora fazer tal afirmativa, que o réu tem direito de mentir no Tribunal transpareça
algo antiético aos olhos da sociedade, caso ele o faça e seja constatada a sua farsa, tal ato
não pode tender a majorar a sua pena, pois ao mentir, o réu exerceu seu direito no seu
aspecto negativo
Como dito anteriormente, a autodefesa pode ser classificada como positiva e
negativa, nesse sentido:
A chamada defesa pessoal ou autodefesa manifesta-se de várias formas, mas
encontra no interrogatório policial e judicial seu momento de maior relevância.
Classificamos a autodefesa a partir de seu caráter exterior, como uma atividade
positiva ou negativa. O interrogatório é o momento em que o sujeito passivo tem a
oportunidade de atuar de forma efetiva - comissão -, expressando os motivos e as
justificativas ou negativas de autoria ou materialidade do fato que se lhe imputa.
Ao lado desse atuar que supõe o interrogatório, também é possível uma completa
omissão, um atuar negativo, através do qual o imputado se nega a declarar, como
também pode se negar a dar a mais mínima contribuição para a atividade
probatória realizada pelos órgãos estatais de investigação, como ocorre nas
23
intervenções corporais, reconstituição do fato, fornecer material escrito para a
realização do exame grafotécnico etc (LOPES, 2012, p. 246)
Para a jurisprudência é possível na autodefesa negativa, que significa o réu calar-se,
ele também faltar com a verdade, já que no ordenamento jurídico Brasileiro, não há a
imputação de crime por “perjúrio”, como o apresentado nos filmes americanos, permitindo
sim, embora não seja ético, a mentira por parte do réu, pensamento este sustentado por
alguns doutrinadores:
Sustentamos ter o réu o direito de mentir em seu interrogatório de mérito. Em
primeiro lugar, porque ninguém é obrigado a se autoacusar. Se assim é, para evitar
a admissão de culpa, há de afirmar o réu algo que saber ser contrário à verdade.
Em segundo lugar, o direito constitucional à ampla defesa não poderia excluir a
possibilidade de narrar inverdades, no intuito cristalino de fugir à incriminação.
Aliás, o que não é vedado pelo ordenamento jurídico é permitido. E se é permitido,
torna-se direito [...]. No campo processual penal, quando o réu, para se defender,
narra mentiras ao magistrado, sem incriminar ninguém, constitui seu direito de
refutar a imputação. O contrário da mentira é a verdade. Por óbvio, o acusado está
protegido pelo princípio de que não é obrigado a se autoincriminar, razão pela qual
pode declarar o que bem entender ao juiz. É, pois, um direito (NUCCI, 2014, p.
456).
Neste mesmo diapasão, segue Fernando Capez, em sua obra, enfatizando o direito de
mentir do réu:
A lei processual estabelece ao acusado a possibilidade de confessar, negar,
silenciar ou mentir. [...] Poderá também mentir, uma vez que não presta
compromisso, logo, não há sanção prevista para sua mentira (CAPEZ, 2008, p.
339).
Outro interessante doutrinador, mais atuante, Luiz Flávio Gomes, reitera tal
pensamento em seu artigo publicado na Rede Mundial de Computadores:
[...] O direito de ficar calado, previsto na Constituição brasileira (CF, art. 5º, inc.
LXIII), assim como o direito de não declarar ou o direito de não confessar
(previstos nos tratados internacionais), não podem ser interpretados
restritivamente. Por força do princípio da máxima efetividade dos direitos
fundamentais (que são vinculantes e de aplicação direta e imediata CF, art. 5º, 1º),
onde existe a mesma razão (ratio legis), deve preponderar o mesmo direito. Se a
razão de conferir ao réu o direito ao silêncio está no seu direito de não se
autoincriminar, onde este último direito der o ar da sua presença (da sua graça), o
mesmo direito, ou seja, as mesmas consequências do direito ao silêncio hão de
vingar. É nesse raciocínio (lógico e dedutivo) que descansa a base constitucional e
internacional não só do direito ao silêncio, senão também de todas as (nove)
dimensões da não autoincriminação. Para não se incriminar o réu tem até o direito
de mentir, porém, também esse direito tem limite: não pode prejudicar terceiros
[...] (GOMES, 2010, p?)
Nesse sentido, tal pensamento foi corroborado pelo Ministro Relator Celso de Mello,
conforme demonstrado pelo HC 68929/SP:
HABEAS CORPUS" - INTERROGATORIO JUDICIAL - AUSÊNCIA DE
ADVOGADO - VALIDADE - PRINCÍPIO DO CONTRADITORIO -
INAPLICABILIDADE - PERSECUÇÃO PENAL E LIBERDADES PUBLICAS -
DIREITOS PUBLICOS SUBJETIVOS DO INDICIADO E DO RÉU -
PRIVILEGIO CONTRA A AUTO-INCRIMINAÇÃO - CONSTRANGIMENTO
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ILEGAL NÃO CARACTERIZADO - PEDIDO INDEFERIDO . - A
SUPERVENIENCIA DA NOVA ORDEM CONSTITUCIONAL NÃO
DESQUALIFICOU O INTERROGATORIO COMO ATO PESSOAL DO
MAGISTRADO PROCESSANTE E NEM IMPÔS AO ESTADO O DEVER DE
ASSEGURAR, QUANDO DA EFETIVAÇÃO DESSE ATO PROCESSUAL, A
PRESENCA DE DEFENSOR TECNICO. A AUSÊNCIA DO ADVOGADO NO
INTERROGATORIO JUDICIAL DO ACUSADO NÃO INFIRMA A
VALIDADE JURÍDICA DESSE ATO PROCESSUAL. A LEGISLAÇÃO
PROCESSUAL PENAL, AO DISCIPLINAR A REALIZAÇÃO DO
INTERROGATORIO JUDICIAL, NÃO TORNA OBRIGATORIA, EM
CONSEQUENCIA, A PRESENCA DO DEFENSOR DO ACUSADO . - O
INTERROGATORIO JUDICIAL NÃO ESTA SUJEITO AO PRINCÍPIO DO
CONTRADITORIO. SUBSISTE, EM CONSEQUENCIA, A VEDAÇÃO LEGAL
- IGUALMENTE EXTENSIVEL AO ÓRGÃO DA ACUSAÇÃO-, QUE IMPEDE
O DEFENSOR DO ACUSADO DE INTERVIR OU DE INFLUIR NA
FORMULAÇÃO DAS PERGUNTAS E NA ENUNCIAÇÃO DAS RESPOSTAS.
A NORMA INSCRITA NO ART. 187 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
FOI INTEGRALMENTE RECEBIDA PELA NOVA ORDEM
CONSTITUCIONAL . - QUALQUER INDIVIDUO QUE FIGURE COMO
OBJETO DE PROCEDIMENTOS INVESTIGATORIOS POLICIAIS OU QUE
OSTENTE, EM JUÍZO PENAL, A CONDIÇÃO JURÍDICA DE IMPUTADO,
TEM, DENTRE AS VARIAS PRERROGATIVAS QUE LHE SÃO
CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADAS, O DIREITO DE
PERMANECER CALADO. "NEMO TENETUR SE DETEGERE". NINGUEM
PODE SER CONSTRANGIDO A CONFESSAR A PRATICA DE UM ILICITO
PENAL. O DIREITO DE PERMANECER EM SILENCIO INSERE-SE NO
ALCANCE CONCRETO DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL. E NESSE DIREITO AO SILENCIO INCLUI-SE ATÉ
MESMO POR IMPLICITUDE, A PRERROGATIVA PROCESSUAL DE O
ACUSADO NEGAR, AINDA QUE FALSAMENTE, PERANTE A
AUTORIDADE POLICIAL OU JUDICIÁRIA, A PRATICA DA INFRAÇÃO
PENAL.(STF - HC: 68929 SP, Relator: CELSO DE MELLO, Data de Julgamento:
22/10/1991, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 28-08-1992 PP-13453
EMENT VOL-01672-02 PP-00270 RTJ VOL-00141-02 PP-00512)
Outro julgado, este já mais recente que o anterior, tendo como óbice a nulidade, pelo
fato do juiz natural da causa, ter feito um “pré” julgamento e não ter tido a imparcialidade
necessária para a condução da causa:
25
neutra, imparcial e equilibrada, não lhe sendo lícito, sob pena de constrangimento
ao exercício da autodefesa e de nulidade absoluta, confrontar o réu com
veemência, deixando-o acuado e sugerindo ser a sua versão falsa ou inverossímil.
4. Recurso de apelação conhecido e provido.(TJ-DF 20130810080348 0007863-
60.2013.8.07.0008, Relator: WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR, Data de
Julgamento: 02/02/2017, 3ª TURMA CRIMINAL, Data de Publicação: Publicado
no DJE : 08/02/2017 . Pág.: 103/107)
26
III. O DIREITO AO SILÊNCIO NO PROCESSO PENAL
BRASILEIRO
Neste capítulo será explanado como o Direito ao Silêncio foi apresentado pelo nosso
ordenamento Jurídico, e ainda, a maneira como é apresentado e garantido em todo o devido
processo legal.
27
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Depois da alteração, o novo texto passou a estar em consonância com o artigo 5°,
inciso LXIII da Constituição Federal, reafirmando então a garantia que o acusado tem de
optar pelo silêncio, e quando isto acontecer, não poderá ser usado em seu prejuízo.
Esse direito também é reforçado, assegurado pela Convenção Americana de Direitos
Humanos, conhecido também como Pacto de San José da Costa Rica, que discorre em seu
artigo 8°, número 2, letra G, que:
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência,
enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda
pessoa tem direito em plena igualdade, as seguintes garantias mínimas:
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se
culpada;
Cabe ressaltar que ao dar a sua versão dos fatos, o acusado pode fornecer ao juiz,
elementos de instrução probatória, funcionando o ato como meio de instrução da causa.
Assim nos instrui o doutrinador Fernando Capez (2012, p. 415):
(...) essa não é a finalidade à qual se predispõe, constitucionalmente, o
interrogatório, sendo a sua qualificação como meio de prova meramente eventual,
insuficiente, portanto, para conferir-lhe a natureza vislumbrada pelo Código de
Processo Penal.
Essa afirmação reveste-se de grande rigor quando se tem em conta que o réu,
quando inquirido pelo juiz, pode permanecer calado, exercitando o seu direito ao
silêncio, igualmente tutelado pelo Texto Constitucional (art. 5°, LXIII), sem que
qualquer sanção lhe possa ser aplicada pela utilização dessa prerrogativa.
29
Para os pensadores defensores desta primeira corrente, justificam que o
interrogatório do acusado é um meio de prova, já que está alocado em capítulo específico do
Código, no Título VII – Da Prova, em capítulo específico – III – “Do interrogatório do
acusado”. Por ter capítulo próprio, para parte da doutrina que defende esta corrente, o
Código de Processo Penal, demonstrou claramente sua intenção em categoriza-lo como meio
de prova, pois seria um elemento para que o juiz pudesse formular sua convicção. São
defensores desta corrente o Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Adalberto
Camargo Aranha, quem em sua obra Da prova no processo penal sustenta essa posição,
também seguida por Hélio Tornaghi em sua obra Curso de processo penal, onde sustenta que
na lei atual, o interrogatório é meio de prova, seja ele a favor ou contra. Outro defensor
desta corrente é o também Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, José
Frederico Marques, pois diz que o interrogatório pode fornecer indícios para condenar ou
inocentar o réu. E ainda, para essa corrente, o Código de Processo Penal considera o
interrogatório como meio de prova, pois antes da revogação do artigo 186 do Código de
Processo Penal pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003, como já mencionado anteriormente, dizia
que “o seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da própria defesa”
A fim de esclarecer o que pensa os seus defensores, Helio Tornaghi assim disse em
sua obra, Curso de Processo Penal:
Note-se que se trata de questão de política processual. O interrogatório do acusado
tanto pode ser aproveitado por lei para servir como expediente de prova quanto
para ser instrumento de defesa. No primeiro caso (meio de prova), o juiz pondera
tudo aquilo que o réu afirma, a seu favor ou contra si. As alegações do acusado
podem demonstrar alguma coisa; podem, até, convencer o juiz e, embora isto seja
raro, é possível que o réu, por sua sinceridade, pela verossimilhança do que afirma,
pela firmeza e convicção com que fala, consiga não deixar qualquer dúvida no
espírito do julgador. Na segunda hipótese (meio de defesa), interrogatório é
apenas uma oportunidade que a lei dá ao réu para fazer alegações e citar fatos que
possam exculpa-lo. Claro que, também aqui, pode o réu indicar elementos de
convicção, mas o juiz terá de ir busca-los, terá que colher a prova dos fatos
alegados em depoimentos de testemunhas, documentos, indícios, etc. O
interrogatório, usado como meio de defesa, serve, entretanto, como fonte de prova;
mas ele próprio não prova nada, não é meio de prova.
Em outras palavras, o interrogatório é instrumento de prova quando a lei o
considera fato probante (factum probans) e o é de defesa (além de fonte de prova)
quando ela entende que ele por si nada evidencia, mas apenas faz referência ao
tema probando e, por isso mesmo, é preciso ir buscar a demonstração de tudo
quanto nele foi dito pelo réu.” (1989, p. 356-357)
30
Que continue a ser uma espécie de prova, não há maiores problemas, até porque,
as demais espécies defensivas são também consideradas provas. Mas o
fundamental, em uma concepção de processo via da qual o acusado seja um sujeito
de direitos, e no contexto de um modelo acusatório, tal como instaurado pelo
sistema constitucional das garantias individuais, o interrogatório do acusado
encontra-se inserido fundamentalmente no princípio da ampla defesa”. (2014. p.
380).
Devido a nova sequência dada pelo artigo 400, da Lei 11.719 de 2008, “Na audiência
de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-
se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela
acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem
como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e
coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado”, o interrogatório passou a ser o último ato
da instrução e julgamento, o que acarretou vantagens para a Defesa.
De forma a ratificar sua defesa desse entendimento, Eugênio Pacelli de Oliveira, de
forma explícita e didática, posiciona-se sobre o direito ao silêncio e a ausência do réu na
audiência:
Com a Lei nº 11.689/08, e mais, desde a Lei nº 10.792/03, o que já se continha de
modo implícito no ordenamento jurídico brasileiro, por força do texto
constitucional, ocupa definitivamente seu espaço no Direito Processual Penal:
a) em primeiro lugar, a exigência de se esclarecer o acusado de seu direito a
permanecer calado e a não responder perguntas, nos exatos termos do disposto no
art. 186, caput, do CPP, cuja redação anterior encontrava-se já revogada;
b) em segundo lugar, a vedação de valoração do silêncio em prejuízo da defesa,
conforme se acha também expresso no parágrafo único do mesmo artigo 186 do
CPP. Nada mais evidente: se é de direito que estamos falando, como poderia ser
sancionado seu exercício?”. (2014. p. 385).
Ratifica essa corrente ainda, o interrogatório como meio de defesa, Nestor Távora,
Ada Pelegrini, Gomes Filho, Scarance Fernandes, Gomes Filho, Tourinho Filho, pois
durante o interrogatório o acusado poderá invocar o direito de ficar em silêncio, podendo
31
ainda mentir para livrar-se da acusação, sem qualquer dano a sua culpabilidade, sendo
portanto o interrogatório visto como um meio de defesa.
Conclui de forma brilhante em seu artigo, Ada Pelegrini, que de forma esmerada,
defende seu pensamento:
Finalizando, pode-se afirmar, sem temor de erro, que a nova disciplina do
interrogatório vem corrigir o engano clamoroso do Código de Processo Penal de
1940, que o configura como meio de prova e previa sanções indiretas para o
exercício do direito ao silêncio no Código de Processo Penal de 1940 (sic). Com
isto, o direito positivo brasileiro começa a se alinhar entre os mais avançados do
mundo, em termos de garantias. Outros passos deverão ser dados e a aprovação
dos demais projetos de lei que se encontram no Congresso Nacional pode
configurar a trajetória rumo a um processo penal que, sem descurar da efetividade
e sem dar margem à impunidade, venha representar um instrumento que, antes de
tudo, há de ser moldado sobre a dignidade da pessoa humana” (2005).
32
E ainda, para seus defensores, esse misto somente é possível, pois o “sistema
processual penal adotado no Brasil é o sistema acusatório, embora não esteja expressamente
na legislação brasileira” (GUIMARÃES, 2016).
Por ser um sistema acusatório, distinto do inquisitório, assim definido por Aline
Iacovelo El Debs:
No sistema inquisitório, assim como no acusatório, como não poderia deixar de
ser, o interrogatório é um meio de prova. O que distingue os dois processos é que
no inquisitório as funções de acusar, defender e julgar estão reunidas em um único
órgão, qual seja, o inquisitor. O réu não é sujeito da relação processual e sim o
objeto desse processo. Já no sistema acusatório o processo é verdadeiramente o
"actum trium personarum". O réu passa a ser sujeito processual. Neste sistema
inquisitório, o interrogatório só poderia ser meio de prova, pois a única finalidade
no processo penal da época, era a pronta punição do criminoso e a conseqüente
defesa social. Ara este fim tudo era válido, utilizava-se meios coercitivos para
obrigar o réu a falar e assim atingir-se verdade real.” (2002).
Há ainda uma 4ª. Corrente, encabeçada pelo professor, autor renomado, Damásio E.
de Jesus, que assim apregoa em sua obra, que “o interrogatório do acusado é meio de defesa
e, secundariamente, meio de prova” (2006, p. 177). Corrente também defendida por
Guilherme de Souza Nucci, que assim bem disse:
Em verdade, o interrogatório é fundamentalmente, um meio de defesa. Em
segundo plano, trata-se de um meio de prova. Meio de defesa, essencialmente,
porque é a primeira oportunidade que tem o acusado de ser ouvido, garantindo a
sua autodefesa, quando narrará a sua versão do fato, podendo negar a autoria e
indicar provas em seu favor. Poderá, ainda, calar-se, sem que se possa extrair daí
qualquer prejuízo à sua defesa, ou então, é possível que assuma a prática do delito,
alegando em sua defesa alguma excludente de ilicitude ou de culpabilidade.
Por outro lado, não deixa de ser, para a lei brasileira, em segundo lugar, meio de
prova. Note-se as várias perguntas que o Juiz fará ao réu que se disponha a falar:
se a acusação é verdadeira; onde estava ao tempo da infração; se conhece as
provas contra ele apuradas; se conhece a vítima e as testemunhas; se conhece o
instrumento com que foi praticada a infração; se. Não sendo verdadeira a
imputação, conhece a razão pela qual está sendo acusado; todos os demais fatos e
pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da
infração, além de dados sobre a vida pregressa(art. 188 do CPP)”. (1999. p. 163).
33
Continuando na obra de Fernando Capez (2012, p. 415), assegura ele sobre o
interrogatório como meio defesa, que leciona:
Como decorrência de o interrogatório inserir-se como meio de autodefesa, decorra
o princípio de que nenhuma autoridade pode obrigar o indiciado ou acusado a
fornecer prova para caracterizar a sua própria culpa, não podendo ele, por
exemplo, ser obrigado a fornecer à autoridade policial padrões gráficos do seu
próprio punho para exames grafotécnicos ou respirar em bafômetro para aferir
embriaguez ao volante. Se não pode ser obrigado a confessar, não pode ser
compelido a incriminar-se
Cabe salientar que o direito ao silêncio nem sempre foi defendido, por vezes foi
rechaçado, a exemplo de Jeremy Bentahm, na Inglaterra, no século XIX, tinha pensamento
totalmente contrário a esta garantia do acusado. Jeremy tinha o seguinte pensamento: a
inocência clama pelo direito de falar enquanto a culpa invoca o privilégio do silêncio
(Jeremy Bentham, in Peter Thornton et al., Justice on Trial, p. 36 Revista da Escola Paulista
da Magistratura, nº 2, p. 117).
Nota-se que o princípio da não autoincriminação deve ser observado, ainda que
possam existir críticas em relação ao tema, ele é uma garantia constitucional do acusado.
Votando novamente ao artigo 5°, inciso LVI, da Constituição Federal, está prevista a
proibição do uso da prova ilícita. O artigo do texto constitucional trás a seguinte redação:
“são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.
Assim é definida a prova ilícita, segundo Alexandre de Moraes:
As provas ilícitas não se confundem com as provas ilegais e as ilegítimas.
Enquanto [...] as provas ilícitas são aquelas obtidas com infringência ao direito
material, as provas ilegítimas são as obtidas com desrespeito ao direito processual.
Por sua vez, as provas ilegais seriam o gênero do qual as espécies são as provas
ilícitas e as ilegítimas, pois configuram-se pela obtenção com violação de natureza
material ou processual ao ordenamento jurídico. (2006, p. 95)
O artigo 157 do Código de Processo Penal dispõe que “são inadmissíveis, devendo
ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação
às normas constitucionais ou legais”.
A grande maioria dos casos de violação ao direito contra a autoincriminação coincide
com a obtenção da prova de forma ilícita. Dessa forma dispõe Gisele Mendes Pereira (2012,
p. 194):
A proibição da prova ilícita funda-se na necessidade de frear a fúria estatal
normalmente consubstanciada na atividade policial (na fase do inquérito policial),
a qual, objetivando comprovar a autoria do fato a qualquer custo, não se detém
ante a possibilidade de sacrificar direitos fundamentais.
A doutrina pátria admite uma única hipótese da utilização da prova ilícita, ou seja,
quando esta for utilizada para provar a inocência do réu, obedecendo ao conhecido princípio
a favor do réu.
37
Ou seja, não é vedado o ato de produzir provas ilícitas quando utilizadas de modo
que comprove a inocência do acusado, o direito à prova da inocência sempre irá prevalecer,
assim como também a liberdade e a dignidade da pessoa humana.
Convém ressaltar que a justificativa para tal admissibilidade está na “Teoria da
Proporcionalidade”. E a respeito, o Supremo Tribunal Federal entende que:
(...) em matéria de provas ilícitas apenas aplica-se o princípio da proporcionalidade
pro reo, entendendo-se que ilicitude é eliminada por causas excludentes de
ilicitude, tendo em vista o princípio da inocência. (STF, HC n° 74.678-DF. Rel.
Min. Moreira Alves, 1ª. Turma).
Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam
de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou
exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda
que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas
restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os
termos estabelecidos pela própria Constituição (STF, MS n. 23.452/RJ, Plenário,
Rel. Min. Celso de Mello, DJU 12/05/2000).
Dentro desse contexto de provas ilícitas Gisele Mendes Pereira (2012, p. 196-197)
menciona:
Há portanto, violação do direito ao silêncio no interrogatório feito mediante
fraude, com falsas promessas, mediante dissimulação, com perguntas capciosas e
sugestivas, através das quais o indivíduo entra em contradições, ou é surpreendido
mentindo, ou confessa involuntariamente. O mesmo pode ser dito quando não é
feita ao indiciado, ou acusado, a advertência de que pode silenciar.
É importante salientar sobre a teoria dos frutos da árvore envenenada, que tem
origem norte-americana, e que foi criada pela Suprema Corte dos Estados Unidos, onde
entende que os vícios da “planta são transmitidos aos seus frutos”, ou seja, os vícios de uma
determinada prova contaminam os demais meios probatórios que dela originam.
O doutrinador Fernando Capez (2012, p. 365) nos dá o seguinte exemplo a respeito
do assunto:
(...) o caso da confissão extorquida mediante tortura, que venha a fornecer
informações corretas a respeito do lugar onde se encontra produto do crime,
propiciando a sua regular apreensão. Esta última prova, a despeito de ser regular,
estaria contaminada pelo vício na origem.
38
A tortura física é uma forma injusta de tratamento a ser dado ao indivíduo, sendo
totalmente contrária a todos os direitos do ser humano. Na tortura, a intenção do torturado é
que cesse a dor o mais rápido possível, e para isso não pensa muito em resistir e acaba
confessando tudo aquilo que o torturador quer.
Podemos afirmar que a tortura não é admitida em nosso ordenamento jurídico,
estando expressamente vedada a prática de tortura no artigo 5°, inciso III, da Constituição
Federal de 1988. O texto tem a seguinte redação: “ninguém será submetido à tortura nem a
tratamento desumano ou degradante”.
Pode-se afirmar que todas as formas de violência, provocadoras de graves violações
de direitos humanos, a tortura é “universalmente reconhecida como uma das mais odiosas”.
A confissão obtida mediante a prática de qualquer uma das formas de tortura é
considerada ilícita, e consequentemente imprestável para o processo penal.
Sendo assim, um exemplo do que fora explanado:
PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. LIBERDADE
PROVISÓRIA. Pleito de liberdade provisória dos pacientes, por serem primários,
com residência fixa e ocupação lícita (trabalhavam na hora quando da ocorrência
do delito), além de ter surgido confissões por tortura. Subsidiariamente, pretendida
substituição da prisão por outra medida cautelar. Perda do Objeto. O feito foi
sentenciado, sendo os pacientes condenados. Foi-lhes indeferido o apelo em
liberdade. Assim, suas prisões, agora, decorrem de nova decisão, em sentença
condenatória (artigo 387, § 1º, do CPP), e não mais de prisão preventiva decretada
quando do recebimento da denúncia, estando, pois, prejudicado o pedido. Ordem
prejudicada.(TJ-SP - HC: 20028431120178260000 SP 2002843-
11.2017.8.26.0000, Relator: Alcides Malossi Junior, Data de Julgamento:
18/05/2017, 8ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 24/05/2017).
Esse tipo de tortura pode se desenvolver por vários meios, inclusive por meio de
interrogatório procedido de forma demorada e cansativa, podendo então levar o sujeito a
confessar.
Conforme Ênio Luiz Rosseto (2007, p. 213) diversas são as formas de intimidar o
depoente:
39
Interrogatórios sucessivos, em horários noturnos e diurnos, para vencer a
resistência pelo cansaço mental provocado pela falta de sono, enquanto os
interrogadores descansados se revezam; ou então, os interrogadores alternam o
humor, ora apresentam-se como amigos, ora violentos e brutos, há a situação de
humilhação do interrogado, também causadora de efeito psicológico, vg., a mulher
colocada nua diante dos algozes; por fim, causa perturbação psicológica no detido
ouvir gritos que o fazem imaginar a tortura de um co-autor do delito. O método
aparentemente legítimo usado por policiais do mundo inteiro, consistente em
inquirições que se sucedem durante horas, mediante a troca de equipes de
interrogadores, configura tortura.
40
3.7 O uso de Meios Científicos Contra o Acusado
É importante ressaltar que o artigo 478, inciso II, do Código de Processo Penal diz:
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade fazer
referências;
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de
requerimento, em seu prejuízo
O artigo citado, veda que durante os debates a acusação faça referência ao uso do
direito do silêncio em prejuízo do acusado. Dentro desse parâmetro, é interessante
mencionar o julgamento de um homem que foi condenado pelo Tribunal do Júri da Comarca
de Uruguaiana, o Promotor de Justiça critica o direito ao silêncio do acusado e o Júri é
anulado, conforma citado:
Como os jurados não fundamentam sua decisão não há como saber qual foi o critério
que os levou a tomar determinada decisão. Assim, o direito ao silêncio pode ser levado em
conta, na análise de um jurado, nesse caso, não há como garantir cem porcento, que o
silêncio do acusado não foi levado em seu prejuízo.
43
Este assunto também é lecionado por Maria Elizabeth Queijo, em sua obra “O
Direito de não produzir prova contra si mesmo: o princípio nemo tenetur se detegere e suas
decorrências no processo penal” explica:
Registra-se uma forte tendência à associação do referido direito à culpabilidade do
acusado, que vem de longa data, mas que persistente no dia-a-dia dos tribunais,
nos julgados de primeiro grau, em alguns escritos doutrinários, o silêncio gera
suspeita de que há algo a esconder ... ainda que presente ao interrogatório, o réu
não é obrigado a responder. Convêm que o faça, pois do contrário, poderia, dar ao
juiz a impressão de calar por não ter resposta, por ser realmente culpado, por não
explicar os fatos. (2003. p. 191)
Segundo Maria Elizabeth Queijo que ressalta que “tal vinculação decorre de
enraizada idéia preconcebida, que remonta ao modelo de processo inglês denominada
accused speaks, de que quem é inocente responde às indagações formuladas, porquê nada
tem a ocultar. Mas do que isso: o inocente brada, grita, manifesta-se, proclamando a sua
condição” (QUEIJO, p. 192)
Esse pensamento deu sequência ao ditado popular “quem cala, consente, é culpado”,
traduzindo uma visão totalmente equivocada do conceito de silêncio, dentro do conceito de
um ordenamento jurídico garantista, infringindo o princípio da presunção de inocência,
inclusive.
Nesse sentido, comunga também o artigo 478, do Código de Processo Penal, onde é
mencionado que durante os debates no plenário do júri, não poderá ser feita nenhuma
menção ao silêncio do acusado, sob pena de nulidade; "Art. 478. Durante os debates as
partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências: I- ao silêncio do acusado ou à
ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo."
Essa vedação a menção do acusado permanecer em silêncio garantida por lei pode
ser constata em julgado do Tribunal de Juri Gaúcho, aqui colacionado:
A lei processual penal é bastante clara em coibir qualquer referência ao silêncio do
réu em prejuízo de sua defesa. Caso em que o réu rompe o silêncio somente em
plenário, fazendo confissão qualificada, e o órgão da acusação, em sua fala, faz
referência ao silêncio precedente, o que foi alvo de protesto defensivo imediato,
consignado em ata, com posterior arguição de nulidade. Flagrante violação de
norma legal expressa com evidente invocação em prejuízo do réu e presumível
44
prejuízo para sua defesa, viciando o julgamento pelo Conselho de Sentença. As
falas das partes em plenário são para argumentar em favor de suas teses, de modo
a obter o voto dos jurados. Semelhante referência pelo Ministério Público, em
casos tais, só pode ser para fins de desqualificar a versão de defesa pessoal
exercida de modo inovador em plenário. Os jurados decidem com base na íntima
convicção e não se pode saber o quanto a proibida fala influiu em seus ânimos,
mas é certo que eles acabaram desacreditando a versão do réu, sendo presumível
que o seu silêncio precedente tenha pesado de algum modo. O ocorrido não pode
ser havido como indiferente, pois era decisivo para a defesa que os jurados
acreditassem no relato do réu feito em plenário. Se é lamentável ter de repetir o
julgamento, calha observar que foi o dominus litis quem tomou a iniciativa de
ignorar norma legal expressa e assim nulificar o julgamento. A anulação não é
expressão de mero formalismo, pois o dispositivo é cogente e visa garantir ao réu o
seu direito ao silêncio e a um julgamento justo, sem referência a aquele. Quem
corre o risco de agir contra legem deve suportar suas consequências. É a regra do
jogo, que deve ser seguida. Se o legislador quis garantir o direito ao silêncio a tal
ponto de proibir sua referência como argumento contra o réu, os acusadores devem
se submeter a isso, abster-se como determinado, e não buscarem vias oblíquas para
violar norma processual cogente. O erro de conduta penal, por mais grave ele seja,
não justifica o erro de conduta processual, pois todos devem ser havidos como
inocentes até condenação definitiva e, como dizia Eduardo Couturé, o processo
penal é o estatuto protetor dos inocentes, ou seja, dos réus ainda sem culpa
formada. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Crime Nº
70062072988, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João
Batista Marques Tovo, Julgado em 26/11/2015)
46
IV. O DIREITO AO SILÊNCIO NO PROCESSO PENAL MILITAR
BRASILEIRO
No capítulo que se segue, após a pesquisa realizada, será explanado como comporta
o direito ao Silêncio no Processo Penal Militar, haja visto que este é anterior a Nossa Carta
Maior, a Constituição Federal de 1988.
47
Direito castrense nada mais é que o ramo do direito ligado às Forças Armadas, é o
ramo do Direito originário do Direito Romano, que tinha como premissa a manutenção da
disciplina das tropas da Legião Romana
Segundo Antônio Gomes Ferreira, “o Império de Roma só se formou graças à
disciplina das legiões romanas, firmada em um rígido Direito Militar aplicado pela Justiça
Castrense”, e continua mencionando que “quando se afrouxou a disciplina, com generais
pondo e depondo Imperadores, sobreveio o caos, e Roma, com sua glória, ruiu” (1983, p.
205 e 649).
E ainda segundo o mesmo autor, Antônio Gomes Ferreira:
A expressão JUSTIÇA CASTRENSE, ou DIREITO CASTRENSE, aparece como
sinônimos de JUSTIÇA MILITAR, ou DIREITO MILITAR; a palavra
CASTRENSE vem do latim CASTRA, CASTRÓRUM, que quer dizer
acampamento, fortificação militar, quartéis de verão (castra aestiva), quartéis de
inverno (castra hiberna), e, por extensão, caserna; assim como "justa militaria"
significa deveres da vida militar, também do latim JUSTA, JUSTORUM (o
devido, o justo). (1983. p. 205 e 649)
48
Militar é taxativo, ao dizer que caso o direito ao silêncio seja invocado na esfera militar, este
será prejudicial ao acusado.
O que determina a Constituição quando há choque de normas? O que prevalece no
final, a Constituição, norma recente, de 1988, ou o Código de Processo Penal Militar,
vigente por mais tempo, já que entrou em vigor em 1969?
Para solucionar esse questionamento invocaremos a teoria Kelsiana. Assim cita
Kelsen :
A ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no mesmo
plano, situadas umas ao lado das outras, mas é uma construção escalonada de
diferentes camadas ou níveis de normas jurídicas. A sua unidade é produto da
conexão de dependência que resulta do fato de a validade de uma norma, que foi
produzida de acordo com outra norma, se apoiar sobre essa outra norma, cuja
produção, por sua vez, é determinada por outra; e assim por diante, até abicar
finalmente na norma fundamental - pressuposta. A norma fundamental -
hipotética, nestes termos - é, portanto, o fundamento de validade último que
constitui a unidade desta interconexão criadora.(1987, p. 240)
50
CONCLUSÃO
Após explanar sobre o conteúdo exposto neste trabalho, conclui-se que o direito ao
silêncio é de suma importância, é uma garantia conquistada durante o espaço temporal, pois
como demonstrado, no passado, muitos foram torturados, sofreram arbitrariedades por parte
das autoridades, em uma situação em que o acusado não era visto como sujeito de direitos.
A confissão muitas vezes direcionada, não alcançava a Justiça devida, obtida muitas
vezes por meio de violência física, tortura, fazendo que o acusado alegasse qualquer coisa,
situação, para se ver livre de seu algoz.
Nota-se que o direito ao silêncio se tornou um interessante instrumento para o
acusado, podendo invoca-lo sempre que achar necessário, e invocando-o, esse silêncio não
pode ser interpretado em seu desfavor, conforme está garantido no artigo 5°, inciso LXIII,
da Constituição Federal de 1988. O silêncio do acusado não pode constituir a base da
convicção, esta deve se basear em um conjunto probatório, provas colhidas, conforme
dispõe a lei, e acostadas aos autos do processo, pois o que não existe nos autos não há de
existir no mundo jurídico.
O investigado, acusado, réu, não só tem o direito a permanecer calado, como também
ser alertado, avisado sobre seu direito e caso não o seja, tal falta motivada, poderá causar a
nulidade do processo.
Conforme foi abordado no decorrer do presente trabalho, talvez a maneira em que o
direito ao silêncio pode ser levado em consideração, durante o Tribunal do Júri (já que são
juízes leigos e que não lhes são exigida a fundação da sua decisão), é de suma importância
ao Juiz que preside o plenário, de informa-los, adverti-los sobre o direito do acusado de ficar
calado, para que se possa evitar a condenação do réu, pela suposição de fato, caso
permaneça em silêncio. Porém não há como garantir com plena certeza se alguns dos
jurados levou o silêncio do acusado em consideração, pois isto é algo que não como prever,
saber, já que como enfatizado anteriormente, eles não fundamentam a sua decisão.
Isso já não ocorre com o Juiz de direito, pois este sim precisa de provas para
fundamentar em seu julgamento, a sua convicção da decisão, portanto não poderá se valer do
silêncio do acusado, mas sim das provas, sob pena de ferir, macular o direito constitucional.
Em síntese, utilizando-se de outras palavras, se o acusado tem o direito ao silêncio, como
garantia constitucional, e caso dele faça uso, não pode o magistrado se utilizar desse fato
51
para a formação do seu julgamento. Poderá até faze-lo, intimamente, sendo, contudo,
vedado transportar para os autos esse fato, porquanto implicaria a neutralização daquele
direito constitucional.
Outro ponto a ser observado, também importante, é que a doutrina e jurisprudência
vêem dando passos largos para constatar sua observância e efetivação, reconhecendo o
direito ao silêncio também a testemunha, podendo fazer uso dele, na hipótese de seu
depoimento vier a prejudica-la, incriminando-a.
Outro ponto positivo, a ser observado, é que quando há conflito entre normas,
prevalece a hierarquicamente superior, como é o caso da Constituição Federal do Brasil, que
por seu posicionamento garantista, assegura o direito ao silêncio a todo e qualquer brasileiro,
seja ele civil ou militar.
Enfim, diante do exposto, concluiu-se que o direito ao silêncio é uma garantia
constitucional, um direito fundamental, que tomou explicita preocupação do legislador, que
pode ser notado pela sua discricionariedade no artigo 5°, da Constituição Federal, é um
direito garantido ao acusado e não só isso, é também um direito público subjetivo, que é
inerente a toda pessoa, visto também que é da natureza de todo ser humano não se
incriminar, lutar pela sua liberdade e se defender de uma agressão injusta, sendo portanto
um direito, quem cala não consente.
52
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