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Ong Pr 1893 ,
- SEGREDOS
MAGIA BRANCA
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Apel
GT
SEGREDOS
MAGIA BRANCA
CONTENDO,
TRADUZIDAS E COMPILADAS
J Guroelle Aoife
NUMEROSAS FIGURAS
RIO DE JANEIRO
1873
A
DEDICA
O AUTOR.
PREFACIO
ART. I
O bouquet magico.
Tintas sympathicas.
ART. II.
O relogio obediente.
ART. II.
A côr inconstante.
ART. IV.
Gabriel e Lusbel.
ART. V.
ART. VI.
O ovo dansante.
Extrahi, por meio de um buraquinho que pra-
ticareis com um alfinete, o conteudo de um ovo.
Tapai depois esse orificto com cêra, e pendei-
lhe um fio de retroz preto do comprimento de
oitenta centimetros, pouco mais ou menos, em
cuja extremidade opposta ao ovo dareis um pe-
queno laço.
Collocai este ovo assim preparado, e mais dous
ou tres cheios, dentro de um prato que devereis
deixar sobre uma mesa, desviada daquella onde
trabalhardes.
Quando quizerdes executar esta sorte ide buscar
o prato, é aproveitai da occasião para prenderdes
o laço da extremidade do fio a um dos botões do
vosso collete.
Ponde depois o prato sobre a mesa e tomai uma
bengala.
Se recuardes o corpo ou adiantardes os braços,
o ovo virá collocar-se naturalmente sobre ale,
e então o fareis dansar em redor, conforme os
movimentos que fizerdes.
ART. VII.
O oraculo magico.
Escrevei em varias tiras de papel differentes
perguntas com tinta preta ordinaria, e as res-
postas com tinta sympathica, como adiante acha-
reis prescripto.
—TT —
Tinta sympathiea.
Modo de a preparar.
— Fervei a fogo lento
um pouco de azul de esmalte em agua régia;
estendei depois esta dissolução, que é muito caus-
tica, com agua commum.
Tudo quanto escreverdes com esta tinta será
invisivel; mas se expuzerdes a escripta a um
calor temperado, apparecerá com uma linda côr
verde, e, se depois a retirardes, tornar-se-ha outra.
vez invisivel, á proporção que o papel fôr res-
friando.
—s—
ART. VIII.
Subtracção agradavel.
Traz-se uma duzia de bougquets para o centro
de uma reunião de treze senhoras. O dono da
casa não se importa sacrificar uma; mas o que
não quer é contribuir para esse desgosto.
Communica, pois, que o acaso é que ha-de deci-
dir qual dentre ellas ficará sem bouquet; e manda
cada uma tomar o lugar que bem lhe approuver,
comtanto que formem um circulo.
Eis aqui como se deve operar:
Toma-se uma das damas por ponto de partida
e começa-se a contar dessa até à nona, que se
exclue da roda, e a quem se dá um bouquet.
Continua-se a proceder do mesmo modo para
a distribuicao dos outros bouquets, principiando
sempre a contar daquella que se seguir 4 excluida.
Se esta operação fôr bem executada vér-se-ha
que a,undecima, a contar daquella por onde se
tiver principiado, será a ultima, e portanto a
que ficará sem bouquet.
Se forem onze os bouquets, e em numero de
doze as damas, deve-se principiar por aquella
que se quizer excluir.
ART. IX.
Adivinhar os pontos de dous dados langados sobre
a mesa.
EXEMPLO.
klacla
Sommará .
Que multiplicado por .
Produzirá .
Ajuntai o numero dos pontos do 2º dado. Slo
A somma será.
Subtrahidos.
BIR
Restará
ART. X.
EXEMPLO.
Ordem e pontos 4, 6, 2.
Duplo do 1º dado. 8
Numero para ajuntar . 5
Total. 13
Que multiplicado por. 5
Dão producto de. +... 65
Numero dos pontos do 2º dado 6
Total. a
Que multiplicado por . +... 2... 10
Da oproductode . ....... . 710
Que junto aos pontosdo3° dado. . . . 2
Somma. . . 712
Esubtrahidos. . . . 00. 250
Resta . . 462
—uU-
Os algarismos restantes: — 4, 6, 2— designão
os pontos de cada dado, e a ordem pela qual
devem achar-se dispostos.
ART. XI.
A tavernoira e os freguezes.
ART. XII.
ART. XIII.
ART. XIV.
A garrafa prodigiosa.
ART. XV.
O cofre magico.
ART. XVI.
Vem ao total . ul
Que multiplicado por. 5
Vem ao producto. 55
Ao qual ajuntareis E. e 10
E o numero da mão esquerda. 2
Vem ao total . 67
Que multiplicado de novo por. 10
Vem ao producto . . 670
Juntando-se o numero do annular. . .. 4
Vem ao total. . . 674
Que multiplicado por. . cc... 10
Restaré. . . . . 3,241
Logo o 3 designará a 3º pessoa o 2a mão
esquerda, o 4 o dedo annular e o 1 a primeira
phalange.
ART. XVII.
A garrafa infernal.
ART. I.
SI
Fig. 1a
Eis o modo de operar, para fazê-la chegar a esse
destino.
—_— 2 —
Fig. 24
A moscada, por este facto, chega rolando até
à segunda phalange do index. Nada mais facil
depois, do que fazé-la rolar com o pollegar até
aos dous dedos precitados, que se abrem ligei-
ramente para facilitar a introducção da mos-
cada (fig. 1º).
Estes dous movimentos encerrão-se n'um só-
mente, e devem ser executados com extrema pres-
teza.
si
§ 01.
§ Iv.
§ V.
§ VL
Disfarces.
*
**
Para facilitar a inteligencia destes passes aos
amadores, vamos estabelecer um pequeno voca-
bulario para fazer comprehender, se o que se faz
é verdadeiro ou simulado.
1.º Cobrir um covilhete: é introduzir secreta-
mente uma moscada entre dous covilhetes que
se põe um sobre o outro;
2.º Lançar, mandar ou fazer passar a mos-
imitar uma destas acções escamoteando-a ;
3.º Levantar os covilhetes: 6 levanta-los sim-
Plesmente para fazer vêr que não ha nenhuma
moscada debaixo, ou para mostrar que ellas pas-
sárão;
4.º Metter a moscada: é fingir mettê-la, esca-
moteando-a;
5.º Retirar amoscada.: 6 retira-la realmente 4
vista dos espectadores;
— 28 —
Discurso comico.
Primeiro passe.
Quarto passe.
Quinto passe.
Sexto passe.
Setimo passe.
Oitavo passe.
Nono passe.
Decimo passe.
Undeeimo passe.
Duodecimo passe.
*
Deeimo quinto passe.
Tres moscadas que passão de per si através de cada
covilhete.
Vigesimo passe.
ART. II.
Fig. 3.º
Fechando-se a mão, a moeda virá naturalmente
<ahir virada no meio da palma, onde se mostra
transformada em um vintem. (Fig. 4.º)
Si se tornar a levar a moeda à ponta dos dedos,
está claro que não será preciso mais do que fechar-
*€ abrir de novo a mão, para restitui-la ao seu pri-
meiro estado.
Ms 4
—'50 —
Fig, 4.2
Se um momento depois se abrir a mão es-
querda, pedindo a um espectador que lhe sopre
em cima, a moeda parecerá ter-se esvaecido.
Neste instante passa-se a mão direita sobre:a
esquerda como para melhor indicar ao espectador
o lugar onde deve de novo soprar ; é isto um pre-
texto para ter-se occasião de deixar cahir a moeda
ua mão esquerda, que fecha-se immediatamente:
e quando pela ultima vez se abre esta mão, O
espectador fica sorprehendido com esta reappa-
rição.
ART. TI.
Os dous dados.
Maneira polida e agradavel para pôr fim a uma partida
de gamão.
Ha algum tempo, diz M. Delion, encontrei um
«le meus amigos, no rosto do qual a expressão
de um bom humor habitual achava-se anuviada
— 51 —
ART. IV.
A faca na garrafa.
Fig. 6.2
Naturalmente todos os olhos têm-se volvido
para vós como tantos pontos de interrogação.
Estes pequenos preparativos têm dado um ali-
mento ao interesse dos convivas e já espera-se
pelo ultimo prato da sobre-mesa sem se medir
o tempo.
Respondereis ás perguntas que vos fôrem di-
rigidas, dizendo que ides em uma ou duas vezes
(segundo a vossa habilidade), e com um só dedo,
fazer a faca entrar dentro da garrafa.
— 55 —
ART. V.
SORTES DE CARTAS.
PRINCIPIOS GERAES
ART. I.
A baldroca.
Fig. 8
Nesta figura parecerá que o monte, ou ma-
cete inferior do baralho sobre que está o dedo
minino, fica um pouco saliente para o lado do
prestidigitador. Mas não é assim, nem deve ser,
pois em tal caso, o macete superior estaria um
pouco projectado para os espectadores, os quaes
verião o baralho fóra do seu natural.
Ao contrario nós queremos nesta posição, que
aquella extremidade do baralho que se acha vol-
— 60 —
Fig. 94
A fig. 9º mostra-nos approximadamente esta
posição. Digo aproximadamente, porque, afim
e perceber melhor a posição da mão, deixamos
à vista uma parte do baralho.
— 61 —
Fig. 10,
Para se conseguir este resultado é preciso que a
mio direita se curve bastante para deixar sahir
o macete superior. No fim deste movimento, fi-
camos na 4 posição representada na fig. 10, à
qual mostra a posição do baralho na mão es-
querda. A letra—A—designa o monte superior e
a letra —B—0 inferior. Advertiremos, porém, que
a mão esquerda não fica tão aberta como o re-
presenta a fig. 10. Com efeito o antigo monte
— 62 —
superior não fica horizontal como parece. Mas
vá o leitor fazendo o que lhe recommendamos,
que, no fim, quando estiver mais habilitado para
me comprehender, lhe indicarei os meios de corri-
gir.todos os defeitos da minha descripção.
“Quinta posição. — Com os dedos ida mão di-
reita, com os quaes até aqui tendes apertadoo
antigo monte inferior do baralho (que é o monte
— B—da fig. 10) levantai o dito, fazendo-o gyrar
de modo, que nunca deixe de ficar firmemente
apertado contra a raiz do pollegar da esquerda.
Para melhor me entenderdes, supponde que a
palma da vossa mão esquerda é uma caixa de Tapé.
cuja tampa é o macete inferior do baralho (fig. 10,
monte B) e cuja charneira é a raiz do pollegar
da mesma esquerda.
Abri pois essa tampa, fazendo-a gyrar sobre
essa charneira, como quem se dispõe a tomar uma
boa pitada. Assim tereis a 5º posição.
Sexta posição. — Agora é occasião do antigo
monte superior do baralho, designado na fig. 10:
ela letra
— A, — passar a assentar na palma
a mão esquerda. Para esse fim, não tendes mais do
que impelli-lo para a dita palma com o auxilio
os mesmos dedos annular, maximo e minimo.
Este fica sobre a palma da esquerda; em cima
delle está o antigo monte superior do baralho
(que era o monte —A— da fig. 10) e em cima deste
macete acha-se o dedo annular (da mão esquerda).
Os dedos index e maximo da dita mão ficão
a amparar levemente o referido monte. Assim
tereis chegado à 6º posição.
ART. I.
Baralhar em falso.
Fig. 11.
Neste estado é facil separa-las e torna-las a
pôr no seu antigo lugar.
O habito ensina a fazer esta operação com
muita rapidez.
Depois disto é conveniente ifazer o seguinte:
Tomamos na mão esquerda o baralho com uma
das extremidades voltada para o ar, e outra para
o chão. Este baralho estará quasi todo coberto
com a mão esquerda, menos uma pequena parte
que ficará à vista dos espectadores, para que'não
julguem que desejamos o mysterio. Com a di-
reita separamos uma parte do baralho, que le-
vantamos, para o mettermos entre a palma da
esquerda, e as costas do monte que está nessa
mão, simulando encontrar um pequeno embaraço
no metter as cartas, dando lugar a que fação um
leve ruido, e encobrindo o baralho com os dedos
minimo e annular da mão direita. Ao mesmo
= fi =
tempo com a ponta do index da esquerda sepa-
ramos o monte, que jáilá estava, do outro que
acaba de entrar. Com a direita levantamos este
ultimo monte, e mettêmo-lo por detrás do outro.
Agora fica tudo reposto no primitivo estado. Po-
demos repetir esta operação quantas vezes jul-
garmos necessario.
De ordinario, é suficiente o emprego deste meio,
rude como é, sem usarmos de outro, que exige
mais exercicio e destreza.
Ha ainda outros meios de baralhar em falso,
mas os que indicamos são bastantes.
ART. III.
A carta forçada.
Fig. 12.
Outro meio de impingir uma carta é o se-
guinte:
Abrindo o baralho em fórma de leque, pomos
por baixo desse leque a carta especial, um pouco
voltada para o nosso peito, conforme a mostra
a fig. 12, com a diferença que as costas do ba-
xalho ficão viradas para os espectadores.
— tá —
ART. IV.
A bifagem.
Fig. 18.
Nesta posição approximai as mãos uma da ou-
tra; em consequencia do que, a varta de que
desejais vêr-vos livre, vai naturalmente collocar-
se no intervallo que ha entre o index da es-
querda e os outros dedos, e ao mesmo tempo a
carta que está em cima do baralho acha-se entre o
index e pollegar da mão direita, com os quaes a bi-
fareis, afastando logo as mãos uma da outra, e
passa o index da esquerda para baixo do
aralho, onde já deve estar a carta de que vos
desembaraçastes.
2º modo. Ás vezes em lugar de pôrmos de-
baixo do baralho a carta que pretendemos trocar,
convém deixa-la em cima delle no lugar da que
de lá queremos tirar. Neste caso faremos o mesmo
que no primeiro modo, com a differença que desta
vez, em lugar de termos a carta incommoda entre
o index eo maximo da mão direita, te-la-hemos
entre o pollegar e o index; e em lugar de a col-
— 76 —
ART. V.
A empalmação.
Fig. 14.
. O pollegar da esquerda afastará a carta de cima,
um pouco para fóra das outras de sorte que o
— 78 —
meio della fique sobre as pontas do dedo index,
maximo e annular da esquerda, onde temos o
baralho. Com estes dedos ajudaremos a carta a
accommodar-se na palma da direita, a qual se
apossa della contrahindo-se um pouco, de maneira
ue a carta, amparada entre o Index e o pollegar
essa mão, fique levemente curvada (fig. 15).
Fig. 15.
(Esta figura parece representar a mão e a carta
que está dentro della, como estendidas n'uma po-
sição horizontal; mas não deve ser assim, como
o leitor comprehenderá comparando com a dita
figura a descripção que apresentei.)
Feito isto, estenderemos sem a mais leve sombra
de affectação o braço direito, de fórma que as
costas da respectiva mão fiquem voltadas para
os circumstantes, os quaes nado desconfiarad della,
porque a sua posição é muito natural.
Podemos tambem, logo depois da empalmação,
offerecer as cartas com a propria mão empalma-
dora, para que os espectadores as baralhem.
Isto faz-se perfeitamente, pondo o baralho entre
o pollegar e o index da direita, quando o offerecer-
mos.
Os circumstantes não vêem a empalmada por-
que está protegida pelas costas da mão voltada
para elles.
Logo que tomão o baralho, abaixamos imme-
diatamente a mão, dando-lhe um pequeno geito
para o lado de dentro afim de que os assistentes
— 79 —
ART. VI.
A reposição.
Ordinariamente quando empalmamos uma carta,
é com ofim de a repormos sobre o baralho de-
pois de passada certa occasião em que nos con-
vinha que ella estivesse lá.
O methodo de empalmação que expuzemos em
2º lugar não se presta à reposição.
O 1º sim, e com facilidade.
Se o baralho está em cima da mesa, com a
esquerda fazemo-lo chegar para a borda. Para.
que os espectadores encontrem a explicação deste
movimento (pois é indispensavel que elles pos
explicar tudo, sem partirem da hypothese de que o
prestidigitador os quer enganar), fingir-nos-hemos
pensativos (depois do baralho estar na borda) como
quem medita o desenlace que pretende dar à sorte.
Fig. 16.
Este estado de meditação, ou antes de hesitação
apparente, deve ser breve. Depois nos-ha facil
repôr a carta, assentando sobre o baralho a mão
empalmadora, mas devemos empregar tambem,
e ao mesmo tempo, a esquerda para levantar O
baralho, inclinando-o para o nosso lado, pois assim
a reposição faz-se com mais naturalidade.
— 81 —
ART. VII.
O pescanço.
ART. VII.
Sortes de cartas.
I.
Achar n'um baralho através de um lenço uma carta em que
outra pessoa haja posto o pensamento.
II.
EXEMPLO.
HI.
Iv.
EXEMPLO.
v.
. VI.
Vil.
VIII.
IX.
x.
XI.
. XII.
XIU.
XIV.
XV.
XVI.
XVII.
A carta fugaz.
Dou uma carta a tirar, mando-a pôr em cima
do baralho, e entrego-o immediatamente para que
o ponhão dentro de uma caixa, e o fechem. Feito
— 17 —
isto, dou uma pequena pancada na tampa dessa
caixa e digo logo :
« A carta que estava em cima do baralho, rom-
peu através de todas as outras, abrio o fundo da.
caixa, traspassou a mesa, e só se deu por con-
tente, repousando no chão. »
Abro a caixa com a mais patente boa fé; peço
que examinem o baralho; e vendo-se que lá não
está a carta que foi tirada, mando-a procurar de-
baixo da mesa onde apparece infallivelmente.
Este milagre é muito notavel, mas o meio que
o produz é muito simples. A caixa é redonda e
tem de diametro cousa de 11 centimetros, o que
será sufficiente para caber nella um baralho. Na
tampa pelo lado de dentro ha uma peça redonda,
resaltada, que terá cerca de 5 decimetros de diame-
tro. Este resalto deve ser tal que bem possa as-
sentar e carregar em cima do baralho, quando
a caixa se fechar, e estará encerado.
Depois de termos uma caixa destas é claro, que
se nella mettermos um baralho, e a fecharmos,
apertando bem, a carta de cima adherirá ao tal
resalto por meio da cêra que a cobre. Esta caixa
importantissima para muitas sortes de cartas, tem
já explicado ao leitor a razão, por que a carta
posta em cima do baralho desappareceu de lá,
quando ella se abrio.
O mais é facil de perceber.
Munidos de uma carta duplicada, por exemplo,
de duas damas de ouros, lancaremos uma debaixo
da mesa, e teremos a outra no baralho. Quando
damos a carta a escolher, impingimos a dama
de ouros que existe no baralho, usando para isso
da manobra que se chama carta forçada.
Em vez de usardes do principio da carta for-
gada, podeis ter um baralho em que não haja
senão damas de ouros, e outro em que não exista
— 18 —
essa carta, o qual estará em cima de uma mesa
um pouco distante. Logo que a carta fôr tirada,
voltai as costas aos espectadores sob pretexto de
lhes deixardes ampla liberdade de verem a carta,
que se tirou, e aproveitai essa occasião para
substituirdes o vosso baralho de damas pelo outro,
em cima do qual fareis collocar a escolhida, como
já se disse,
XVIII.
XIX,
ARTIGO I.
A mesa do prestidigitador.
. Fig. 17.
Tal é a mesa do prestidigitador. Archimedes,
falando da alavanca, dizia: « Dai-me um ponto
de apoio, que eu levantarei o mundo, » Desta póde
o prestidigitador dizer, com uma pequena va-
riante: « Dai-me uma mesa bem grande que eu
escamotearei o globo terrestre! »
ARTIGO II.
A moeda invisivel.
ARTIGO III.
O lenço magico.
Fig. 18,
Feito isto, deprehende-se que um dos angulos do
— 127 —
lenço acha-se com a ponta dirigida parao pres-
tidigitador; elle toma-a com as duas mãos che-
gadas uma à outra, e se as afastar vivamente,
fazendo-as resvalar ao comprido do lenço, terá,
quasi immediatamente, em cada uma das mãos
uma das pontas do lenço com a moeda ou na di-
reita ou na esquerda,
Nesta posição poderá sacudir e virar o lenço
magico, com grande admiração mesmo de um
Sr. Bonbon, que ficará bem embaraçado se tiver
de responder para onde passarao os cinco tostões.
ARTIGO IV.
Fig. 19.
Quando a folha em que se manda escrever se
acha collocada na colhér, uma mola obedecendo
à pressão de um botão que o prestidigitador tem
— as —
4 sua mão, faz passar o pedaço de folha movel,
de uma para a outra face interior do recipiente,
de maneira que comprima o papel que tereis de
entregar depois ao espectadoré deixe livre aquelle
de que tendes necessidade.
Está bem de vêr que é este ultimo que pondes
sobre o prato e que queimais.
Quanto ao autog'rapho, o vosso ajudante o en-
contra na colhér que leva comsigo, e dispõe delle
segundo as vossas intenções, para depois fazê-lo
- apparecer.
ARTIGO V.
Fig. 20.
« Deste modo chegamos à seguinte conclusão:
se viessemos a purificar olicôr contido neste cópo,
verieis o peixe nadar n'um mar de delicias.
« Para se tornar instantaneamente esta tinta
pura como o crystal, só o poder do lenço magico
poderá realizar este prodígio. Vou passa-lo por
sobre o cópo... Está feita a transformação; não
nos resta senão um licôr mais claro do que agua
de rocha, no meio do qual, bem o vêdes, nada
um lindo peixe vermelho (fig. 21). »
Se o prestidigitador, depois de executada a sorte,
vos désse o lenço para examinardes, encontrarieis
um pedaço de encerado preto ainda molhado, e
observarieis tambem que esse dito pedaco é ta-
lhado de maneira a guarnecer o interior do cópo.
Quando esse vaso vem para cima da mesa, já
vem preparado com o encerado,.o que impede que o
espectador veja a agua nelle contida até à ap-
parição do peixe, e dá a apparencia de um cópo
cheio de tinta preta.
Fig. 21.
Quanto à carta que o prestidigitador finge mer-
gulhar na tinta, representa a mesma figura de
ambos os lados, das quaes uma deve ser de an-
temão denegrida com tinta preta, pela metade,
e é a que se mostra em segundo lugar.
Finalmente a tinta que se despeja no prato sahe,
não do cópo, mas do cabo da colhér ; e não resta
mais para a execução desta sorte, do que levan-
tar com o lenço o encerado que fazia a illusão e
occultava o mysterio.
ARTIGO. VI.
A bandeja de multiplicação.
« Desde que existe a arithmetica, todas as ta-
boadas de multiplicação têm repetido que dous
e dous fazem quatro. Tantas vezes isto se disse
— 134 —
que por fim acreditou-se ; e todavia não ha nada,
menos verdadeiro... em magia. Vamos demons-
tra-lo; não por columnas de algarismos, porque
nos aborreceria, mas simplesmente com factos
tão claros como a luz do dia.
« Qual de vós, senhores, faz-me o obsequio
de emprestar quatro moedas de dous mil réis 2...
pune reutente duas, Collocai-as sobre esta ban-
eja para que todos se certifiquem de ue em-
prego exactamente o numero de moedas indica-
o... obrigado.
« Agora vou lançar dentro deste pequeno sacco,
que aqui vêdes, as duas moedas que acabão de me
ser confiadas... mas antes disto é bom que exa-
mineis o saquinho... não contém nada.
« Collocai ainda sobre a bandeja as outras
duas moedas... Bem, Metto-as no saquinho como
fiz com as primeiras.
« — Quantas moedas julgais que existe agora?
« — Quatro.
Fig. 22.
«— Mas eu já vos havia prevenido de que se
contasseis conforme o antigo systema das taboa-
das de multiplicação, por força havieis de errar...
Esvasiai o sacco com as vossas proprias mãos...
— 135 —
Realmente contém oito moedas... Acreditais ainda
que dous e dous fazem quatro? »
Continuai, caro leitor, a contar como d'antes.
Se a sorte que acabamos de executar abalou
a vossa confiança na taboada de multiplicação,
olhai de perto para a nossa bandeja de fórma
oblonga (fig. 22); vereis um fundo falso mui
pouco apparente, é verdade, mas bastante largo
e comprido para conter quatro moedas de 28.
Esta especie de corrediça é aberta em uma
das duas extremidades; puxando para vós a extre-
midade opposta, fareis cahir, com aquellas que
me emprestastes, as moedas que por um momento
causárão a vossa illusão.
ARTIGO. VII.
Fig. 28.
Para se obter este resultado, tanto faz emen-
dar o cordão como corta-lo porque elle não
atravessa de modo algum as bo) as, através das
— 137 —
juaes parece passar. De feito existem dous cor-
ões. Uma das extremidades de cada um sahe por
uma das bolas, que se reunem uma à outra, de
maneira que essas duas extremidades não pare-
cem formar senão uma atadura transversal. A
outra extremidade dos ditos cordões que passão
pelo interior das pilastras vai enrolar-se n'uma,
canilha collocada nas bolas oppostas. A um dos
moitões está adaptado um pequeno torno ou
dente exterior, bastante pequeno para que senão
dé por elle ;no outro moitão acha-se um pequeno
vácuo quadrado, no qual, logo que se reunem as
Pilastras, encaixa-se 0 torno com justeza.
Agora facilmente comprehendereis que, se de-
pois de reunidas as pilastras, puxardes a ponta
do cordão exterior da primeira, fareis gyrar a
canilha correspondente e ao mesmo tempo o tor-
no que imprime um movimento circular no
quadrado e na canilha da outra pilastra, que
enrola o segundo cordão, cuja extremidade op-
posta diminue de um lado tanto quanto se
estende do outro, e isso produz uma verdadeira
illusão. Se fizerdes o movimento da direita para
a esquerda e depois vice-versa, a pequena ma-
china operará em sentido contrario e com não
menos successo.
ARTIGO. VIII.
ARTIGO IX.
A cassarola infernal.
Tomai e depennai (asseguro-vos que esta receita
não é tirada doCozinheiro Imperial), tomai e de-
pennai, diziamos, varios passarinhos, aos quaes
— 141 —
tereis convenientemente torcido o pescoço; depois
mettei-os dentro de uma cassarola e collocai-a sobre
o fogo.
« Na verdade, pareceis condoer-vos da sorte
destas innocentes creaturas quesDeos, pensais vós,
não creára tão alegres e tão mansinhas para serem
cozidas e depois comidas.
« Mas tranquillisai-vos,a magia branca, minhas
senhoras, indignar-se-hia de vos recrear com os
seus prodigios, se um só d'entre elles vos causasse
um momento de tristeza.
« Do fogo que abraza e consome, a varinha ma-
gica vai fazer uma chamma de vida e de resur-
reição.
« Afim de augmentarmos o calor regenerador
de que vossos pequenos protegidos têm necessi-
dade antes de nascer, cubramos a cassarola em
que, sem a vossa benefica piedade, elles ião ficar
completamente assados.
Fig. 26.
Quando se'descobre a cassarola, carrega-se n'um
pequeno botão collocado no alto da tampa, que
faz cahiro prato, e cuja quéda tem o duplo re-
sultado de pôr em liberdade os passaros vivos
e cobrir inteiramento os mortos (fig. 26).
ARTIGO X.
Fig. 27.
Depois quando fingirdes querer traspassar o
fêltro com a varinha, admirai-vos de encontrar
uma resistencia inesperada, e olhai para o inte-
rior do chapéo como quem quer descobrira causa;
no mesmo instante podeis exclamar que seria la-
mentavel devastar o jardim que o proprietario
do chapéo parece ter-se habituado a trazer sobre
a cabeça. É finalmente distribui, no meio de ri-
sadas, os bouguets que ireis tirando um a um
de dentro do fêltro.
Terminada que seja esta distribuição, e quando
todos julgão mais que nunca o chapéo vazio, tirai
dé dentro, não sem causar admiração geral, a
sobredita bala que entregareis ao vosso aju-
dante para a levar, como se fôsse um objecto
muito pesado, afiin de augmentar mais a illusão.
Voltai de novo 4 mesa e dizei que agora es-
perais poder executar a sorte como primeiramente
a annunciastes, e introduzi, como precedente-
mente, uma bala de pão maciça que desta vez
— 145 —
deixareis cahir no chão, com grande ruido, o
que desviará todas as supposições relativamente
ao primeiro projectil.
Tereis, pois, divertido e sorprendido os circum-
stantes mais do que o preciso, para que vos seja
permittido entregar o chapéo com esta conclu-
são: que não pensaveis que vos emprestassem,
em vez de um chapéo, um jardim completo e um
«arsenal cheio de projectis.
ARTIGO XI
Fig. 28.
É uma bandeja, no meio da qual acha-se
Ms 40
— 146 —
disposto um vácuo redondo, do tamanho e capaci-
dade de uma moeda de dous mil réis (fig. 28).
Mandai collocar nelle uma moeda marcada, um
annel emprestado, etc., do qual desejais apossar-
vos, sem que se dê por isso.
O objecto para substituir acha-se assim collo-
cado sobre uma corrediça que basta fazê-la cor-
rer, para que a moeda ou o annel seja substituido,
com tanta rapidez que não haja tempo de notar-se
a substituição, por uma outra collocada preceden-
temente sobre a corrediça. Para isso não resta
mais do que puxar um colchete que é facil ao
dedo achar sob a bandeja; e pela abertura dei-
xada na extremidade do aqueducto interior, uma
simples inclinação traz à mão o objecto que parece
ter ficado no lugar ondeo espectador o tinha posto.
ARTIGO XII.
Fig. 29.
O objecto ou animal destinado a desapparecer
é collocado, pois, na gaveta ordinaria, que se
puxão ambas ao mesmo tempo.
Depois fecha-se a caixa ; e tornando-se a abrir,
carrega-se sobre o tal lugar do fundo, de que
já fallâmos, afim de reter a gaveta ordinaria,
e a desapparição está concluida.
ARTIGO XI.
Fig. 30.
Este pilão não era mais o instrumento pesado
e maciço que démos para examinar. Tinhamo-lo
— 150 —
substituido por outro, cuja extremidade mais
grossa 6 6ca e forma uma especie de boceta que
tem a tampa atarrachada pela parte inferior. Esta
boceta contém fragmentos de um relogio, os quaes
cahem no gral, depois que, fingindo-se socar o
relogio emprestado, desatarracha-se a sobredita
tampa-; o fundo do gral deve ser bastante es-
treito para encasa-la desde que se carregar sobre
o pilão; faz-se isto com toda a naturalidade e a
tampa alli fica solidamente segura.
ARTIGO XIV.
Fig. 31.
Estas caixas, cinco ou seis vezes mais altas
que largas, contêm dous compartimentos, e fechão-
se por meio de uma tampa que as cobre pela sua,
— 152—
quarta parte, pouco mais ou menos. O primeiro
compartimento não é mais profundo do que o
necessario para conter uma camada bastante es-
pas de grãos de café ou de arroz, etc.: o fundo
uma grade de arame que deixa a agulha de
meia atravessar a caixa em todo o seu compri-
mento, mas através da qual os grãos não podem
passar. Emfim segue-se o mesmo corpo da caixa,
ou segundo compartimento.
No primeiro destes põe-se café e no segundo
arroz, fazendo-se o contrario com a outra caixa.
Ora, como basta uma simples pressão dos dedos
para levantar o alto da caixa (primeiro comparti-
mento) com a tampa, podeis alternativamente
mostrar na mesma caixa café ou arroz, ervilha,
sêccas ou qualquer outro objecto.
ARTIGO XV.
E
Km
‘A
Fig. 82.
Vejamos agora qual de nós será mais feliz no
seguinte artigo: se vós em adivinhardes ou eu
em sorprender-vos.
ARTIGO XVI.
Fig. 88.
FE Felizmente tenho a minha bola de ouro à mão.
Não ha costureira mais habil. Tudo quanto en-
trar, cortado ou rasgado, pela abertura que
— 155—
vêdes no alto desta esphera, ha de sahir tão bem
cosido e remendado que a costura não; se per-
ceberá de fórma alguma... (fig. 33).
Mas já se acha alguma cousa dentro da bola,
vejamos... Ah!ah! é um retalho de cachemira
azul que me servio hontem para reparar um ma-
gnifico cache-nez, e que por esquecimento deixei
ahi ficar... Mettamos tambem alli agora o lenço
e o pedaço... A operação não durará mais do
que meio segundo, e o lenço ha de ficar como
novo... Aqui está elle: olhai... Então o que é
que vos faz rir desse modo? (fig. 34.)
Fig. 34.
« Oh meu Deos! em vez do pedaco branco in-
troduzi o retalho azul na bola e foi elle que ficou
cosido no meio da cambraia. Acerbo engano!
porque a reparação está feita solidamente; e
como a minha esphera não póde desmanchar o
seu proprio trabalho, não posso mais, minha se-
nhora, entregar-lhe o lenço senão no estado em
que o vê... a não ser que me permitta que eu
— 156—
ARTIGO XVII.
As doze bocetas.
“Fig 5
Ao nosso pedido, o ajudante as traz immediata-
mente.
Fig. 86.
Tomamos o objecto substituido de cima da ban-
deja, e escamoteando-o, fingimos lança-lo através
da boceta multipla que em seguida apresentamos
para abrir. Mas posto que ella possa fechar-se de
uma só vez, é impossivel chegar à ultima sem
abri-las todas, uma por uma (fig. 36), e o espectador
encarregado desta tarefa nao fica verdadeiramente
recompensado do seu trabalho, senão pela surpreza
agradavel que esta experiencia nunca deixa de
produzir, e que com elle partilhão todos.
|
ARTIGO XVIII.
A cafeteira magica.
Fig. 87.
Fica para occasião mais opportuna, Sr. Bonbon,
M
— 161 —
porque a minha cafeteira já está cheia de feijão,
e eu não posso qemorar-me mais sem a utilisar
(fig.«O 37).meio é muito simples:
:
consiste em fechar
bem a cafeteira com a tampa respectiva; dar-
lhe uma pequena pancada com esta varinha; e
o café agora deve estar bom de tomar-se. Levan-
temos a tampa: ao feijão succedeu com efeito o
excellente licor que todos vós conheceis... Chi-
caras, venhão chicaras depressa, porque elle já
tem assucar (fig. 38). »
Fig. 38.
Esta maneira de offerecer café é muito origi-
nal para que não desejeis, leitor, procurar uma
cafeteira igual à nossa. Se quizerdes uma tal
qual é preciso que ella seja feita de duas partes
assemelhando-se ás duas metades de um grande
agulheiro, redondo, entrando uma na outra, .quasi
inteiramente, quando se fecha.
Naquella metade que serve de tampa acha-se
uma terceira boceta menor, sustida na sua parte
superior, por meio de uma garra de ferro, e que
enche-se de café quente quando se pretende exe-
cutar esta sorte.
Ms R 44
— 162 —
A outra metade, ou boceta propriamente dita,
(fig. 37) não deixa vêr, em primeiro lugar, mais
do que um compartimento vazio em toda a sua
extensão; mas no momento em que se lança o
feijão dentro, faz-se subir, puxando um botão
collocado na sua parte inferior (fundo), um fundo
falso que impede que ella se encha, posto que
tenha à apparencia de estar cheia até á borda.
Quando fechardes esta boceta, o compartimento:
que contém o café recalcará até ao fundo a ca-
mada de feijão e com ella o fundo falso que está
collocado sobre uma mola em espiral.
Antes de reabri-la, não tendes mais do que
dar uma volta no botão de que a tampa está
provida, o que fará soltar o garrancho que sus-
pende o compartimento com o café. Este ultimo,
sustentado pelo seu peso, fica então na metade
inferior do coador magico.
ARTIGO XIX.
Fig. 89,
Depois de termos mostrado varias vezes que as
cartas estão realmente no lugar indicado, 'cobri-
mos ao mesmo tempo as mesinhas com uma tampa,
adequada, e annunciamos que a dama de espadas
vai passar invisivelmente da esquerda para a di-
reita e o az de ouros da direita para a esquerda.
Fig. 40.
Levantadas as tampas deixão vêr, de feito, a
— 164 —
primeira destas cartas no lugar da segunda, e
esta no lugar daquella.
Só um prestidigitador, se aliás não conhecesse
esta linda sorte de ligeireza, poderia adivinhar
que as mesinhas tão delgadas na apparencia têm,
no entretanto, um prato falso; que, sob o pri-
meiro destes pratos (fig. 40), inteiramente solto
da machinasinha, e um pouco maior do que o
prato verdadeiro, tinhamos posto as cartas des-
tinadas a substituir aquellas que fizemos tirar co-
mo que ao acaso; e finalmente certificar-se-hia
de que as tampas, apertando em suas paredes os
pratos superiores, tinhão levado juntamenteas car-
tas que haviamos alli collocado à vista de todos.
ARTIGO XX.
O jogo do diabo.
| Ei sl
Fig. 41.
« Recomecemos!.. ganho ainda : a laranja voltou
para o seu lugar, assim como o dado. Emfim, para o
terceiro lance, como para um milhar de partidas,
a laranja ainda passou para um lado e o dado
para outro. Por aqui se vê que quando Satanaz
estiver & banca deve fazer hom negocio. »
Ha, portanto, na maneira de praticar este joga
diabolico, para gonher sempre, muito mais magia,
branca do que feiticaria. Nao o duvidareis mais,
depois que vos dermos relação das peças que aca-
bamos de empregar.
De feito notareis que a caixa quadrada, onde
se mette primeiro a laranja, é guarnecida inte-
riormente de um cubo ôco, com as paredes muito.
delgadas e inteiramente livre. Se tirarmos este
cubo, ao qual, a ausencia de uma face deixa
ainda uma abertura igual à da caixa, veremos
ue todas as outras faces assemelhão-se aos lados
le um grande dado. Colloquemo-lo no seu lugar
e deixemos cahir a laranja na caixa, que ffecha-
remos pela metade sómente.
— 166 —
ARTIGO XXI.
Fig. 42.
encarnada, flôr de alecrim... os vossos desejos
— 168 —
realizar-se-hão... A galanteria de um Deos não
póde encurtar-se com algumas varas de fita de
mais ou de menos. »
Esperavamos, deixando aos manes de Baccho
toda a honra deste prodigio, poder alliviar as
vinhas do mal que as tem perseguido, e às quaes
elle não póde proteger mais; porém o acaso in-
vejoso fez a garrafa ir ter àsmãos do Sr. Bonbon,
e o pagão descobrio todo o mecanismo que não
temos razão para occultar-vo-lo.
Vio que ella era formada de uma primeira
garrafade folha de Flandres envernizada de preto,
sem fundo, e servindo de capa ao casco de uma
segunda garrafa que era mui facil introduzir e
tirar-se pelo lado debaixo.
O nosso indiscreto homem puxou este casco
para examinar mais seguramente as oito ou dez
canilhas que guarnecem o fundo e sobre as quaes
enrolão-se as fitas de todas as côres (fig. 43). Uma
Fig. 43.
ponta das ditas fitas acha-se presa no orifício da
garrafa, onde, passando por um annelzinho hori-
zontal, sustenta-se alli por meio de um nó. O
— 169 —
prestidigitador não tem mais do que puxar de-
vidamente por cada um destes nós, para apre-
sentar as fitas que se lhe pedirem.
Ainda não é tudo; o Sr. Bonbon vio mais que
o casco da garrafa estava provido de um gran-
de compartimento longitudinal, bem fechado até
em cima. Nao adivinhou que era de 14 que sahia
o vinho com que enchemos um grande cópo; mas
se elle vier a penetrar neste ultimo mysterio,
tende como certo que não perderá occasião de
poder divulga-lo.
FIM.
INDICE
CAPITULO I
ego pa
Axneo m,—A côr inconstante,
Antico 1v.—Gabriel e Lusbel....
‘Aznico v.—Experiencia physica para tirar uma
moeda de dentro de um copo d'agua sem mo-
lhar a mão.
Axriso vt. —O ovo dansant
Axmigo vir. —O oraculo magico.
‘Anriao vit, —Subtracgio agradave
Arrigo 1x. — Adivinhar os pontos de dous dados
lançados 6 bre a mesa. ..seserenes
Arrigo x. —A mesma sorte com tres dad
Antigo x1 —À taverneira e os freguezes..
‘Annco xm, —Adivinhar até vinte cartas pensadas
por varios espectadores..s.ssesseese cee seeee
Annico xm, —Eserever que cartas uma pessoa
ha de escolher antes de tomar uma reso-
Tago:va. vases. sisens canes’ 13
Annico mv. —A garrafa prodigiosa. 14
Axmigo xv. —O cofre magico.«+ 14
‘Annico xvi. —Adivinhar quem, dentre varias pes-
soas, escondeu um annel, e em que mão, de-
do e phalange se acha elle... 15
Agrico xvu.—A garrafa infernal. Ww
— 172 —
CAPITULO IL.
Ligeirezas de mãos.
1
CAPITULO IV.
5 O descanço. O pescanço.
17 mais nada! mas nada !
4 3 pessoa 2" pessoa
16 aquella senhora aquelle senhor.
102 31 batoietros batoteiros
104 1 «D. Adelaide D. Adelaide
128 2 aflectuação effectuação
141 17 nascer renascer
142 22 á casa a casa
A a