Biologia Celular E Molecular: Iesi - Cursos de Educação A Distância
Biologia Celular E Molecular: Iesi - Cursos de Educação A Distância
Biologia Celular E Molecular: Iesi - Cursos de Educação A Distância
UNAÍ-MG
2016
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função. Ela transmite impulsos elétricos do cérebro para o corpo. Sem elas, um
comando do cérebro não chega ao destino desejado, e assim não é executado.
A Biologia Celular estuda todas essas ações, as potencialidades das células
suas funções e sua importância. Esse conhecimento traz mais informações para
tratar problemas degenerativos, problemas em que células de algum tecido, ou do
corpo todo, morrem e não nascem outras em seu lugar no mesmo ritmo. Tais
problemas degenerativos são graves e podem levar à morte.
A Biologia Molecular é um ramo da Biologia que explora o estudo da vida em
escalas moleculares. Seu principal foco é o estudo de genética, DNA, produção de
proteínas e o material genético em geral. Seu campo de estudos é bem amplo. Seus
estudos são baseados nas relações entre esse material genético e a produção de
proteínas, assunto que envolve várias áreas. Essa área de estudo tem ligação intima
com outras áreas de estudo, como bioquímica e a própria genética.
Os objetos de estudo da Biologia Molecular são todas ligadas às informações
genéticas, hereditariedade, DNA, células. Todas essas coisas são alvo principal de
outras áreas de pesquisa. A genética também explora esses fenômenos, embora
essa biologia dê mais ênfase no grau molecular da pesquisa. A diferença básica
entre essas áreas é que, enquanto essas áreas trabalham com análise macro ou
microscópica de tecidos ou células, a biologia molecular trabalha num nível
submicroscópico. Essa diferença se fez possível pelo avanço da tecnologia. Tanto é
que, a Biologia Molecular é um campo bem mais novo que as outras áreas ligadas a
ela.
Na verdade, não há como dizer, exatamente, que a Biologia Molecular é um
campo mais novo ou não de outras áreas, como a genética. Isso porque eventos
importantes para uma área não é, necessariamente, para outra. Podemos dizer que
a Biologia Molecular é, na verdade, uma área menos explorada que a outras.
Os eventos importantes para a construção da história dessas áreas têm início
em 1665, quando Roberto Hooke fez a primeira observação de uma célula num
microscópio. Em 1831, Robert Brown descobriu a unidade nuclear presente nas
células, o que possibilitou que, em 1865, Gregor Mendel pudesse desenvolver a lei
da hereditariedade. Essa lei foi desenvolvida com estudos em que Mendel isolava o
núcleo de células de pus de feridas (isso porque eram células de núcleo maior e
mais fáceis de isolar). Na lei da hereditariedade, era citado que as características
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hereditárias eram transportadas por unidade que, mais tarde, seriam denominadas
células.
Em 1869, Friedrich Miescher descobriu o ácido nucleico e, em 1882, Walther
Flemming descobre a existência e a atividade dos cromossomos. Já no século XX,
em 1915, Thomas Morgan relacionou a ligação dos genes com os cromossomos, o
que deu início à teoria cromossômica de herança. Vinte nove anos depois (1944),
houve um salto no estudo da herança genética: foi aceito que, segundo Oswald
Avery, as informações genéticas estavam guardadas no DNA enquanto o consenso
da época era de que essas informações estariam nas proteínas produzidas pelo
DNA.
Em 1953, James Watson e Francis Crick foram responsáveis por mostrar, de
forma tridimensional, como poderia ser a molécula do DNA. Cinco anos mais tarde,
Matthew Meselson e Franklin Stahl, notaram que o DNA se multiplica de forma
semiconservativa, ou seja, o DNA, ao se multiplicar, apesar de variar informações
contidas nele, conservava algumas características genéticas que seriam passadas
para outras gerações. Essas partes, responsáveis por perpetuar informações
genéticas, eram os genes. Esse ano é apontado como o início da Biologia Molecular.
Isso porque essa montagem de DNA deu origem a outras várias descobertas que
levaram ao estudo dessa área.
Marshall Nirenberg e Har Khorana, em 1966, conseguiram decifrar o código
genético humano, dando mais informações sobre nossa formação, enquanto, em
1982, Richard Palmiter e Ralph Brinster criaram o primeiro exemplar vivo de
clonagem, um camundongo. Já em 1985, Alec Jeffreys, foi responsável por
desenvolver a técnica de impressão digital por DNA. É o que possibilita os atuais
exames de criminalística e de paternidade por meio do qual se analisam
semelhanças de pessoas com seus respectivos DNA.
No final do século XX, em 1996, Ian Wilmut clonou o primeiro mamífero
adulto, nesse caso uma ovelha. O clone foi chamado Dolly. Apesar desses casos
ganharem destaques na mídia e instigarem tanto a comunidade científica e a
população, através de debates que colocam a prova o código de ética e a ética
médica, a clonagem natural já existe há tempos. Finalmente, em 2001, cientistas do
mundo divulgaram o mapeamento de 99% genoma humano com uma precisão de
99%.
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certos tipos de sequência mais do que outras o que minimizaria o papel da chance –
ficou claro que proteínas podem ter tido uma origem independente e anterior aos
ácidos nucleicos. Assim, existem várias evidências que mostram que estas
moléculas podem surgir em muitas condições, inclusive através da polimerização
autoinduzida a partir da afinidade das cadeias laterais ou também por meio da
polimerização assistida por superfícies minerais. Portanto, peptídeos poderiam ter se
formado, nas condições de terra primitiva, por exemplo, por meio de reações
induzidas por sais em conexão com a adsorção em minerais de argila, que estão até
o momento entre os mecanismos mais simples e mais universais conhecidos.
Um ponto interessante é que as propriedades destas reações favorecem a
formação de certos peptídeos biologicamente relevantes dentro de uma ampla gama
de condições ambientais, tais como temperatura, pH, e da presença de compostos
inorgânicos. Essas preferências de reação inerentes às ligações peptídicas tornam o
argumento de 'impossibilidade estatística’ da formação evolutiva das biopolímeros
'corretos’, pelo menos no caso dos peptídeos eproteínas, completamente mudo.
Além destas considerações importantes, uma parte dos estudiosos da origem da
vida propõem que conjuntos autocatalíticos de proteínas [isto é, conjuntos de
moléculas que formariam uma rede autossustentada de reações que reproduziriam
tal rede] poderiam ser os sistemas autoprodutores originais a partir dos quais a vida
baseada em moléculas informacionais como o RNA e DNA teria surgido.
Na realidade, nas últimas décadas, vários químicos vêm trabalhando vários
tipos de moléculas muito mais facilmente sintetizadas que os ácidos nucleicos e que
compartilham várias das mesmas propriedades, como os PNA e os TNA. Ainda mais
recentemente vários, outros tipos de nucleotídeos alternativos, os chamados de
XNAs (Ácidos Xenonucleicos) também estão sendo investigados e mostram
propriedades intermediárias e relativamente flexíveis
que poderiam ter facilitado o processo de transição
para o 'mundo do RNA’, reforçando a tese que, antes
do ’mundo do RNA’, outro polímero pode ter ocupado
o papel de molécula informacional/hereditária e
catalítica. Sendo assim, os ribonucleotídeo e as
cadeias de RNA poderiam ter se originado já a partir
de sistemas bioquímicos mais complexos.
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ciclos de replicação do RNA. Por isso, versões de moléculas como o DNA liberariam
o RNA deste trade-off, fazendo com que seja desnecessário RNA como molde,
tornado assim o sistema mais resistente contra a evolução do parasitismo genômico.
Os três cientistas concluem, por fim, que a falta de atividade catalítica do DNA
por si só, pode conferir aos sistemas onde há divisão de trabalho uma vantagem
seletiva que seria suficiente para os sistemas replicadores de RNA evoluírem a
produção do DNA . Esta hipótese oferece uma nova possibilidade que pode ter
impulsionado a evolução do DNA, juntando-se ao modelo mais tradicional cuja
vantagem conferida pelo DNA estariam associados a sua estabilidade frente ao
RNA. Isso mostra que estes fenômenos estão longe de serem realmente tão
improváveis como muitos indivíduos que negam a origem natural de sistemas
biológicos tendem a pressupor sem, entretanto, demonstrar tal impossibilidade.
Este ramo da pesquisa científica ainda é profundamente desafiador e não
existe uma única grande teoria que de conta de todos os aspectos que os
pesquisadores imaginam estarem relacionados com a origem da vida, mesmo por
que é extremamente complicado obter evidências mais diretas do que houve a 4
bilhões de anos atrás. Mas, mesmo assim, temos avançado muito nas últimas
décadas em termos da compreensão do que pode ter acontecido. De fato, hoje,
existem vários cenários, hipóteses e modelos mais específicos que dão conta em
maior ou menor grau de vários dos passos e etapas que os cientistas acreditam
terem se sucedido desde a origem abiótica das primeiras moléculas orgânicas,
inclusive certos biopolímeros, até os primeiros sistemas autorreplicantes e
protocelulares que começaram realmente a evoluir nas primeiras células.
O que os pesquisadores fazem é dividir o problema da origem da vida em
vários subproblemas com vários grupos investigando várias partes do quebra-
cabeça de maneiras distintas e às vezes adotando uma divisão de etapas diferentes
uns dos outros. Reconhecer este ponto é importante por que frequentemente os
criacionistas argumentam como se os cientistas simplesmente pressupusessem que,
em um único evento um sistema celular similar a uma bactéria teria surgido por
combinação aleatória de seus componentes, na tal 'sopa primordial’, algo que
nenhum cientista que trabalha com esta área sugeriria em sã consciência.
Muitos dos modelos discutidos e testados pelos cientistas que trabalham
neste campo são competidores, mas muitos na realidade são complementares e
iluminam-se mutuamente, sendo apoiados por várias linhas de evidências distintas,
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evitar serem fagocitadas pelos glóbulos brancos, como algumas que causam
doenças infecciosas, como certos pneumococos.
Nucleoide: Todas as bactérias possuem uma zona geralmente central, o
nucleoide, onde se localiza um único cromossoma, constituído por uma molécula
circular e bicatenária de DNA, relativamente longa, mas enovelada. Em Escherichia
coli, por exemplo, a célula mede 2 por 6 mm e o anel de DNA, se estivesse todo
desenovelado, teria um perímetro de 1.400 m m ! A análise química do nucleoide
revela a presença, para além de DNA, de RNA e de proteínas.
Algumas bactérias possuem ainda pequenas moléculas circulares de DNA, os
plasmídeos, com autonomia de replicação independente do cromossoma.
O citoplasma das células procarióticas apresenta raramente estruturas
membranares internas. Aquelas que existem resultam de extensões da membrana
plasmática, adaptadas às funções específicas de fotossíntese ou respiração. São:
Os tilacoides lamelares das cianobactérias, onde se localizam alguns
dos pigmentos fotossintéticos utilizados por estas bactérias;
As lamelas fotossintéticas das bactéria púrpura (ou roxas), onde se
situam as bacterioclorofilas a e b;
As lamelas respiratórias, nas bactérias nitrificantes, onde se localizam
possivelmente os complexos enzimáticos da fosforilação oxidativa.
Não é nosso objetivo detalhar os diversos tipos de células procarióticas.
Recorreremos a uma síntese, traduzida no esquema de uma hipotética bactéria que
reunisse em si todos os atributos de todas as bactérias, veja abaixo.
As diferenças entre estes seres são a nível celular, como podemos observar
através da tabela que se segue:
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Cromossomo
Presente Ausente
circular
Esquema representativo da especificidade dos vírus: moléculas presentes no capsídeo são capazes
de se ligar a receptores na membrana da célula hospedeira.
Membrana plasmática
Matriz extracelular:
A matriz extracelular é uma rede estrutural complexa não celular, que rodeia e
suporta as células do tecido conjuntivo. São as próprias células do tecido conjuntivo
que segregam as diferentes moléculas que constituem a matriz extracelular.
Para além disso, a matriz extracelular possui características mecânicas e
bioquímicas específicas características do tecido no qual está presente.
Assim sendo, a razão entre a porção celular do tecido conjuntivo e a matriz
extracelular varia consoante o tipo de tecido conjuntivo e define a sua principal
função e é uma combinação de colágenas, glicoproteínas não-colagênicas e
proteoglicanos.
Além de auxiliar na ligação das células para a formação dos tecidos, a matriz
extracelular tem um papel importante no controle do crescimento e na diferenciação
celular. Os proteoglicanos, glicosaminoglicanos, proteases e glicosidases
desencadeiam eventos de sinalização celular, importantes nas interações célula-
célula e célula-matriz, participando deste modo da integridade dos tecidos.
Os proteoglicanos presentes na matriz extracelular realizam várias e
importantes funções, nomeadamente a regulação da atividade de moléculas
sinalizadoras, o controle do tráfego de células e moléculas, atuam como
correceptores e interagem com proteínas fibrosas da matriz.
A matriz extracelular apresenta várias funções, entre elas:
1. Fornecer suporte mecânico e estrutural e conferir resistência à tração do
tecido;
2. Funcionar como uma barreira química;
3. Regular as funções metabólicas das células que se encontram rodeadas
pela própria matriz;
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4. Possuir capacidade de ligar e reter fatores de crescimento, que por sua vez
modulam o crescimento celular;
5. Fornecer vias para a reparação celular (por exemplo, na reparação de uma
ferida);
6. Transmitir informação através da membrana plasmática das células do
tecido conjuntivo.
Relativamente à composição da matriz extracelular podemos distinguir a
substância fundamental e o componente fibrilar.
Substância fundamental:
Componente fibrilar:
Fibras de colágeno:
Fibras reticulares:
Fibras elásticas:
Citoesqueleto
O citoesqueleto é o conjunto de filamentos e finíssimos túbulos de proteínas
presentes no citosol das células, responsáveis pela sustentação e forma, permitindo
o seu movimento e transporte de substâncias.
bem rígidos. A proteína que os constituem é chamada tubulina, que pode ser de três
tipos, alfa e beta, que são orientadas pelas gama-tubulinas para formar um
microtúbulo.
Existem duas regiões no microtúbulo onde acontece a polimerização dele, em
uma, mais rapidamente; em outra, mais lentamente. O microtúbulo deve se
polimerizar e despolimerizar para que ocorra a divisão celular.
Os microtúbulos são responsáveis por algumas funções tais como:
- Movimentação dos cromossomos durante um processo de divisão celular;
- Servir como uma espécie de esteira rolante que permitirá o deslocamento
de substâncias, vesículas e organoides com o auxílio de proteínas motoras. Assim
as motoras irão se ligar aos microtúbulos de um lado e pelo outro irão se associar as
partículas que serão movimentadas.
Sistema de endomembranas
Complexo de Golgi:
Lisossomo:
Os lisossomos são organelas esféricas, delimitadas por membrana e
que acumula inúmeras enzimas hidrolíticas. A principal função dos lisossomos é a
digestão intracelular, esta função é importante pois permite as células digerir
porções danificadas ou/e o material proveniente da endocitose. Os lisossomos
apresentam a face interna da membrana revestida por carboidratos, o que impede a
digestão da própria membrana pelas enzimas presentes no interior desta organela.
As enzimas lisossomais são sintetizadas no RE e processadas no complexo de
golgi.
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Endossomo:
Lisossomo
Os lisossomos são organelas citoplasmáticas membranosas presentes em
praticamente todas as células eucariontes. Em seu interior existem enzimas que
realizam normalmente a digestão intracelular, porém extracelular em casos
excepcionais.
Os lisossomos foram descobertos em 1955 pelo citologista belga Christian De
Duve. Hoje, é bem conhecida sua ação em células como amebas e glóbulos
brancos.
A estrutura de um lisossomo tem sua origem a partir do processo de síntese e
transformações que envolvem a complexidade celular. Partindo inicialmente do
controle genético, são sintetizadas moléculas de RNA precursoras das enzimas
digestivas. Essas moléculas juntamente ao retículo endoplasmático rugoso realizam
o processo de transcrição de uma proteína.
Finalizada a síntese, essas proteínas são transportadas em vesículas
(pequenas bolsas) que se dissociam do retículo com destino ao complexo de Golgi.
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A exemplo do que ocorre com a cauda do girino, o lisossomo deve ter muitas
outras funções semelhantes no desenvolvimento embrionário de organismos
pluricelulares, permitindo, no momento correto, a reabsorção de certas estruturas e
o aproveitamento da matéria-prima resultante para a formação de outras.
Há casos de patologia celular pelos quais os lisossomos são, direta ou
indiretamente, responsáveis. A silicose, doença dos pulmões que ataca
trabalhadores de minas, é causada pela inalação de partículas de sílica, ao longo
dos anos. Aparentemente, essas partículas penetram nas células e provocam a
destruição da membrana lisossômica, o que leva à autólise da célula. As enzimas,
por sua vez, atacam as células vizinhas, e aos poucos atingem grande parte da área
respiratória.
Mitocôndria
Portanto, supõe-se que por volta de 2,5 bilhões de anos, células procarióticas
teriam fagocitado, sem digestão, arqueobactérias capazes de realizar respiração
aeróbia, disponibilizando energia para a célula hospedeira, garantindo alimento e
proteção (uma relação harmônica de dependência).
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Núcleo
Ácidos nucleicos
Tipos de RNA:
Cada fita de DNA servirá como molde para a síntese de uma nova fita de
DNA. Esse é o segundo passo, quando atuam as DNA polimerases. Essas enzimas
ligam nucleotídeos que estavam dispersos no núcleo aos nucleotídeos das fitas de
DNA, obedecendo às regras de pareamento entre as bases nitrogenadas. Com isso
cada dupla fita de DNA nova formada será metade antiga e metade nova, e por isso
que se diz que a duplicação do DNA é semiconservativa. Existem outras enzimas
que atuam nesse processo, como as DNA primases que adicionam os primeiros
nucleotídeos antes da DNA polimerase, além de existirem diversos tipos de DNA
polimerases. O interessante é que as polimerases, além de adicionarem os
nucleotídeos, possuem a capacidade de verificar se acabaram de cometer erros, a
chamada atividade revisora. Mesmo com todo esse cuidado, as polimerases erram e
causam muitas das nossas mutações no genoma.
A replicação sempre ocorre em um sentido: 5’- 3’, isso quer dizer que vai do
grupo fosfato de um nucleotídeo (que está ligado ao carbono 5’ do açúcar) para o
grupo hidroxila de outro (que está ligado ao carbono 3’ do açúcar). Com isso, a
polimerase consegue sintetizar uma cadeia de maneira contínua, mas a outra não
(as fitas ficam em sentidos antiparalelos). Esta fita retardada é formada aos
pouquinhos, e cada fragmento que é formado é dado o nome de fragmento de
Okazaki, que foi o pesquisador que os descobriu.
Comunicações celulares
O operon lac:
com Andre Lwoff. Eles estudaram os genes que codificam as enzimas responsáveis
pela degradação da lactose em E. coli. O modelo que discutimos a seguir já
incorpora as modificações subsequentes, fruto das contribuições de grupos de
pesquisa no mundo todo, e exemplifica de forma didática um mecanismo que é
comum a muitos outros microrganismos e observado na regulação de muitos genes.
Através de experimentos em genética clássica (empregando mutantes e
plasmídeos que transportavam genes e sítios reguladores para a bactéria
hospedeira, criando assim diploides parciais) Jacob e Monod criaram um modelo no
qual o sítio promotor, associado a um outro sítio chamado operador, controlava a
expressão de todos os genes imediatamente “abaixo”, isto é, 3’, do promotor. A este
conjunto chamaram operon. Como os genes que estudavam eram os responsáveis
pela síntese das proteínas que degradavam lactose, chamaram a este arranjo de
genes operon lac. O diagrama básico do operon lac está representado nas figuras a
seguir.
Figura 1: Distribuição dos genes e módulos de controle do operon lac. O gene i, para o repressor lac,
expresso constitutivamente, está situado próximo ao conjunto dos genes induzíveis lacZ, lacY e lacA,
responsáveis pela síntese das proteínas b-galactosidase, permease e transacetilase. O promotor
plac é controlado pelo operador olac, onde se ligam duas moléculas do repressor.
está próximo ao operon, porém não faz parte integral dele (na verdade, este gene
poderia estar muito distante no genoma de E. coli). Na ausência de lactose, as
poucas moléculas de repressor presentes no citosol da bactéria (menos de 10 por
célula!) são suficientes para silenciar a expressão do operon, ligando-se ao sítio
operador. Todos estes eventos estão representados na figura 2a, a seguir.
Figura 2a: Esquema representativo do controle da transcrição dos genes para as enzimas
responsáveis pelo uso da lactose em E. coli. O repressor, produto do gene i, liga-se ao operador (em
verdade, duas moléculas), impedindo a ligação da RNApol ao sítio promotor P lac e bloqueando a
transcrição. O repressor está representado por elipses vermelhas.
Figura 2a: Esquema representativo do controle da transcrição dos genes para as enzimas
responsáveis pelo uso da lactose em E. coli. A lactose no citosol bacteriano (rigorosamente, a
alolactose, produto obtido pela transformação da lactose no interior da bactéria) liga-se ao repressor,
inativando-o e liberando o promotor para ser ligado pela RNApol. O processo de transcrição estará
liberado até que a concentração citosólica de lactose seja insuficiente para garantir a inativação das
moléculas do repressor. Os produtos dos genes lacZ, lacY e lacA, b-galactosidase, permease
transacetilase, respectivamente, estão representados por elipses azuis, em três tonalidades. O
repressor está representado por elipses vermelhas.
Um ponto que fica obscuro na explicação acima é: como a lactose entrou na célula,
se a permease não estava presente na membrana para transportá-la do exterior
para o citosol? A razão é a seguinte: há sempre um pouco de permease na
membrana, porque o operon "vaza", isto é, um pouco dos três produtos gênicos é
sempre produzido. E vaza porque os repressores se desligam por breve momento
do operador, já que a ligação de moléculas uma às outras por forças fracas não é
eterna. No instante em que o operador estiver livre uma RNA polimerase pode
transcrever o operon, o que de fato acontece. O vazamento é observado em todos
os genes e operons bacterianos e, em grau muito menor, na maioria dos genes dos
demais organismos. Pode parecer um gasto de energia desnecessário, mas o
vazamento é inevitável. Por outro lado, sem ele a maior parte dos operons não
funcionaria, porque não teria como ser disparado.
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Além destes dois sistemas há ainda outros, bastante mais complexos, que
modulam de forma fina a expressão de genes nos procariotos. Há mesmo operons
que são controlados por repressão e ativação simultaneamente. Vale ressaltar que o
próprio operon lac tem uma particularidade, descoberta muitos anos depois de sua
elucidação por Jacob e Monod: é o controle da sua expressão exercido por uma
proteína chamada CAP (“catabolite gene activator protein”), uma proteína dimérica
como o repressor lac, com aprox. 45.000 Da. A proteína CAP não tem qualquer
influência na expressão do operon enquanto não estiver ligada ao AMP cíclico.
Entretanto, uma vez ligada, ela se associa a um sítio acima (5’) do promotor, o que
permite uma ligação muito mais rápida e efetiva da RNApol ao sítio promotor. Na
analogia da bota que fizemos acima, o complexo CAP-CAMP funcionaria como uma
calçadeira: na ausência de pedra na ponta da bota (repressor) a calçadeira (CAP-
CAMP) facilitaria muito a entrada do pé (RNApol) na bota (promotor). Este curioso
mecanismo de controle positivo do operon lac também foi observado em diversos
outros operons bacterianos. Qual seu objetivo, afinal? A explicação é simples:
quando a bactéria não tem glicose para degradar, ela passa por um processo de
“fome” celular, com consequente aumento dos níveis de CAMP celulares. Este
CAMP se liga à proteína CAP, permitindo uma expressão aumentada de todos os
operons que são responsáveis pela degradação de açúcares e outros produtos
energéticos. A figura a seguir ilustra e comenta o fenômeno da "indução" da
expressão pelo consumo da glicose.
Que importância tem o operon lac na genética molecular? Muitos dos vetores
de expressão, sejam eles fagos ou plasmídeos, empregados em engenharia
genética, têm o gene clonado sob o controle de um promotor/operador lac. Este
sistema propicia o controle da expressão do gene clonado através da adição de um
análogo da lactose, o IPTG (isopropiltiogalactosídeo). Este produto é muitas vezes
mais efetivo que a lactose na indução da expressão do operon lac, além de não ser
degradado. Veremos mais adiante como podemos tirar vantagem destas
construções artificiais de genes para a produção de proteínas recombinantes.
biossintética propriamente ditos, trypE, trypD, trypC, trypB e trypA. Esta sequência é
conhecida como sequência líder e tem um papel fundamental no processo que será
discutido mais adiante, chamado atenuação. Observe que cada gene inicia com um
códon ATG e termina com um códon TGA (ou qualquer dos outros dois códons de
parada).
que não haverá síntese proteica. A existência de um RBS entre genes de um mRNA
policistrônico é a forma pela qual a natureza garante a tradução do gene após a
liberação das duas sub-unidades do ribossomo quando termina a tradução do gene
anterior.
Uma vez liberado o operador, há a transcrição imediata do DNA. O RNA
produzido inicia-se pelas 4 sequências representadas em vermelho, que têm uma
particularidade interessante: podem parear duas a duas, 1 com 2, 2 com 3 ou 3 com
4, formando sempre grampos. Apenas o grampo 3-4 é um grampo de terminação,
pois é seguido de um poli-U. Por outro lado, apenas a primeira sequência possui
códons para triptofano (dois seguidos, neste caso). Para que existe esta sequência-
líder à frente dos genes da via biossintética? Como veremos a seguir, ela serve para
interromper precocemente a síntese de RNA caso ainda haja algum triptofano no
citosol bacteriano, insuficiente para ativar o repressor mas suficiente para garantir a
produção de proteínas. O que a bactéria mede com este sistema? A concentração
de tRNA carregado com triptofano, que é exatamente o "precursor" deste
amonoácido necessário à cadeia polipeptídica nascente.
A figura a seguir mostra a situação em que a quantidade de triptofano na
célula é tão reduzida que não há tRNA carregado com triptofano disponível para a
síntese proteica.
região 4, não configuram um grampo de terminação. A transcrição progride (III), dando ao final a
síntese das 5 enzimas que formam a via biossintética do triptofano.
Câncer
Microscópio Óptico
Microscópio óptico
1. Lentes oculares
2. Revólver
3. Lentes objetivas
4. Parafuso macrométrico
5. Parafuso micrométrico
6. Platina
7. Foco luminoso (lâmpada ou espelho)
8. Condensador e diafragma
9. Braço
Componentes mecânicos:
Componentes ópticos:
condensador – sistema de duas lentes (ou mais) convergentes que orientam e
distribuem a luz emitida de forma igual pelo campo de visão do microscópio
diafragma – regula a quantidade de luz que atinge o campo de visão do
microscópio, através de uma abertura que abre ou fecha em diâmetro
(semelhante às máquinas fotográficas)
fonte luminosa – atualmente utiliza-se luz artificial emitida por uma lâmpada
incluída no próprio microscópio com um interruptor e algumas vezes com um
reóstato que permite regular a intensidade da luz. Os modelos antigos tinham um
espelho de duas faces: a face plana para refletir luz natural e a face côncava
para refletir luz artificial.
lente ocular – cilindro com duas ou mais lentes que permitem ampliar a imagem
real fornecida pela objetiva, formando uma imagem virtual mais próxima dos
olhos do observador. As oculares podem ser de diferentes ampliações sendo a
mais comum de 10x. A imagem criada pela ocular é ampliada, direita e virtual.
lente objetiva – conjunto de lentes fixas no revolver, que girando permite alterar
a objetiva consoante a ampliação necessária. É a lente que fica mais próxima do
objeto a observar, projetando uma imagem real, ampliada e invertida do mesmo.
As objetivas secas, geralmente com ampliação de 10x, 40x e 50x, são assim
designadas porque entre a sua extremidade e a preparação existe somente ar.
As objetivas de imersão (ampliação até 100x), pelo contrário, têm a sua
extremidade mergulhada em óleo com o intuito de aumentar o poder de
resolução da objetiva: como o índice de refracção de óleo é semelhante ao do
vidro o feixe de luz não é tão desviado para fora da objetiva.
Funcionamento:
Imagens obtidas por uma lente objetiva e ocular a partir de uma preparação com a letra F.
As posições relativas da letra F são como se observariam ao microscópio.
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REFERÊNCIAS