Texto 14 - Simeia de N. LOPES
Texto 14 - Simeia de N. LOPES
Texto 14 - Simeia de N. LOPES
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GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. Diálogos historiográficos e cultura política na for-
mação da América Ibérica. In: SOIHET, Raquel, BICALHO, Maria Fernanda e GOU-
VÊA, Maria de Fátima (Orgs.). Culturas políticas: ensaios de história cultural, história
política e ensino de história. Rio de Janeiro: Mauad, 2005, p. 319-338.
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FRAGOSO, João. A noção de economia colonial tardia no Rio de Janeiro e as cone-
xões econômicas do Império português: 1790-1820. In: FRAGOSO, João; BICALHO,
Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima (Orgs.). O Antigo Regime nos trópicos:
a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Bra-
sileira, 2001, p. 319-338.
A praça comercial de Belém: negociantes e circuitos mercantis (1790 a 1808)
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O Livro de Notas do Tabelião Perdigão (LNTP) é composto de Procuração Bastante e
Geral, de Escrituras de Venda, de Escrituras de Sociedade, de Escrituras de Obrigação
de Dívida e de Escrituras de Doação. Serão utilizados os livros que compreendem os
anos de 1803 a 1834, privilegiando para a discussão proposta apenas as procurações
e as escrituras de Sociedade. Os Livros de Notas do Tabelião Perdigão estão contidos
na documentação do Arquivo Público do Estado do Pará (APEP). Ressalta-se que para
alguns anos a documentação está completamente ilegível ou danificada.
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REIS, Arthur Cezar Ferreira. A política de Portugal no Vale Amazônico. Belém:
SECULT, 1993; BAENA, Antonio Ladislau Monteiro. Compêndio das Eras da Pro-
víncia do Pará. Belém: UFPA, 1969, p. 190.
A praça comercial de Belém: negociantes e circuitos mercantis (1790 a 1808)
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SANTOS, Fabiano Vilaça dos. Um país de todo acabado- representações de negocian-
tes do Maranhão contra os prejuízos ao comércio pelo sistema de frotas (século XVIII).
Anais do XIII Encontro de História Anpuh-Rio. Disponível em: <http://www.en-
contro2008.rj.anpuh.org/resources/content/anais/1212960181_ARQUIVO_SANTOS,-
FabianoVilacados.Umpaisdetodoacabado.pdf>.
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DIAS, Manuel Nunes. A companhia geral do Grão Pará e Maranhão (1755-1778).
São Paulo: Secção Gráfica da USP, 1971, p. 260.
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SPIX, Johann Baptist von; MARTIUS. Viagem pelo Brasil: 1817-1820. São Paulo:
Itatiaia/Edusp, 1981, p. 49.
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Procuração Bastante e Geral, APEP, LNTP, (1793-1834).
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Procuração Bastante e Geral, APEP, LNTP, n. 1176, d. 368, (1793-1799). O nego-
ciante José da Costa Oliveira tinha sociedade com o seu cunhado Antonio José Lopes
de Castro, negociante matriculado na praça de Lisboa. AHU ACL CU 009, Cx. 134, d.
9878, Lisboa, 18/04/1804.
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Procuração Bastante e Geral, APEP, LNTP, n. 1181, d. 906, (1793-1799).
A praça comercial de Belém: negociantes e circuitos mercantis (1790 a 1808)
tado por outras três pessoas: José Gramul, Dantas Henrique Guilers
e Manuel de Faria. Por fim, na cidade de Lisboa, passou procuração
para Pedro Nolasco Gaspar e José João Dias da Silva. Na procuração
não há informações sobre a ocupação do outorgante, entretanto, um
dos procuradores que ele nomeou para a cidade de Lisboa, Pedro
Nolasco Gaspar, era negociante e entretinha atividades comerciais
com as praças de Belém e de São Luís.11 Em requerimento de 1806,
os negociantes Pedro Nolasco Gaspar e Irmão solicitaram “autori-
zação de embarque de 800 traçados para o sortimento das suas car-
regações, com destino aos portos do Pará, Maranhão e outros do
Brasil”.12
Entretanto, com base em outra documentação pode-se definir
melhor as relações existentes entre as praças comerciais das duas
cidades na América portuguesa e a cidade de Lisboa. Em 1807, se
verifica na Europa as incertezas diante das ameaças impostas ao Im-
pério português pela França. Em um contexto específico, as relações 395
comerciais envolvendo essas praças passam a requerer novas rede-
finições, o que põe à prova as práticas de comércio já consolidadas
entre as duas capitanias. Essa conjuntura europeia passa a se refletir
nos deslocamentos marítimos entre o Reino e a América, a partir do
momento em que as embarcações aportadas em Belém e em Portu-
gal começam a requerer novos encaminhamentos para a realização
desse comércio dentro de um contexto de crise.
Um exemplo disso se percebe no Auto de Devassa aberto em fun-
ção de uma representação que os negociantes de Belém enviaram
para o Desembargador Geral Joaquim Clemente da Silva Pombo. No
dia 30 de dezembro de 1807, os negociantes da praça de Belém en-
viaram um requerimento onde apresentavam um abaixo-assinado ao
Desembargador Geral para impedir a saída de uma embarcação do
11
Procuração Bastante e Geral, APEP, LNTP, n. 1181, d. 711, (1793-1799).
12
AHU ACL CU 013, Cx. 136, d. 10376. Ant. 1806, março, 24.
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Na representação havia quinze assinaturas, mas ao certo eram dezesseis negociantes,
a saber: Jerônimo José do Vale Guimarães, Pedro Rodrigues Henriques, Vilela Campos,
Antonio Pereira, Antonio Rodrigues dos Santos, Joaquim José Lopes Godinho & João
Antonio Lopes (sociedade Godinho & Lopes), Manoel José Cardoso, Antonio José Go-
mes Pinto, Rafael Antonio Rodrigues da Costa, Manoel Fernandes de Vasconcelos, An-
tonio Bernardo de Souza, Joaquim Antonio da Silva, José Joaquim Tavares e Domingos
José Colares. APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Autuação da Representação
que dirigiram os negociantes desta Praça ao Ilmo Senhor General.
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APEP, Documentação Notarial, Juízo Ordinário da Capital, Autos de Devassa (1807),
Autuação da Representação que dirigiram os negociantes desta Praça ao Ilmo Senhor
General.
A praça comercial de Belém: negociantes e circuitos mercantis (1790 a 1808)
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ALEXANDRE, Valentim. A carta régia de 1808 e os tratados de 1810. In: OLIVEI-
RA, Luis Valente de e RICUPERO, Rubens (orgs.). A abertura dos portos. São Paulo:
Editora SENAC São Paulo, 2007, p. 100-121.
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A retenção dos navios tanto nos portos de Lisboa como nos portos da América por-
tuguesa era a determinação que diversos negociantes passavam aos seus sócios e “cor-
respondentes de Maranhão”. Lembrando aos mesmos que o envio de cartas fosse feito
somente por “embarcações ligeiras”, prática muito utilizada em “circunstâncias muito
menos apertadas e por leves motivos de desconfiança”, por esse motivo se solicitava “o
embargo [...] de qualquer navio” que saísse para a Europa, pois isso “não sugere prejuí-
zo equivalente ao risco a que se expõem e se vai entregar na mesma saída” para aqueles
destinos. APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Autuação da Representação que
dirigiram os negociantes desta Praça ao Ilmo Senhor General.
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Comumente, os negociantes de Belém mandavam mensageiros ou caixeiros até a
cidade de São Luís para receber cartas ou informações diversas que chegavam nas em-
barcações vindas de Lisboa. Spix e Martius escrevem sobre o “grande número de cartas
da pátria” que receberam, as quais lhes foram entregues pelo inglês, Robert Hesketh,
que as trouxe do “Maranhão, pelo correio de terra, o qual tinha feito a demorada e pe-
rigosa viagem de 14 dias”. O senhor Hesketh havia recebido os viajantes durante a sua
passagem pelo Maranhão, o qual lhe forneceu as tabelas de importação e exportação da
capitania do Maranhão, citadas anteriormente. Cf. SPIX, Johann Baptist von; MAR-
TIUS. Viagem pelo Brasil: 1817-1820. Vol. 3. São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1981, 54 p.
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Na mesma anotação, o desembargador avisava que haveria uma reunião, para a qual
mandava “convocar todos os outros carregadores ou interessados” na permanência do
navio no porto de Belém. Isso tudo fazia parte dos procedimentos necessários e que fo-
ram “requeridos pelo consignatário para se decidir com as competentes formalidades”
sobre a possível permissão para a “pronta saída do navio ou a sua demora pelo tempo se
[seja] prudentemente [legal]”, o julgamento seria feito com base nas notícias enviadas
da cidade de São Luís do Maranhão, a respeito da “atual situação de risco” nos por-
tos de Portugal, e com base no “iminente e sensível prejuízo das partes interessadas”.
APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Autuação da Representação que dirigiram
os negociantes desta Praça ao Ilmo Senhor General.
A praça comercial de Belém: negociantes e circuitos mercantis (1790 a 1808)
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Caetano José Teixeira era estabelecido em São Luís, mas entretinha constantes re-
lações comercias para a praça de Belém. Em 1817, Dona Felícia Maria Madalena da
Silva, viúva do tenente-coronel Custódio Tomás da Silva Aguiar, seus filhos, o tenente
João Antonio da Silva Aguiar, o alferes Joaquim Feliz da Silva Aguiar, e suas filhas
dona Bernarda e dona Ana Luiza da Silva Aguiar, constituíram o negociante Caeta-
no José Teixeira seu procurador na cidade de São Luís. Procuração Bastante e Geral,
APEP, LNTP, n. 1170, d. 95, (1817-1818).
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APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Carta de Caetano José Teixeira para o
capitão Francisco José Ardasse, Maranhão 28/11/1807.
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APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Carta enviada ao negociante do Mara-
nhão, Caetano José Teixeira, Lisboa, 12/10/1807. O documento está incompleto e não
consta a última página com o nome do destinatário.
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APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Carta enviada ao negociante do Mara-
nhão, Caetano José Teixeira, Lisboa, 12/10/1807.
A praça comercial de Belém: negociantes e circuitos mercantis (1790 a 1808)
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APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Carta enviada ao negociante do Mara-
nhão, Caetano José Teixeira, Lisboa, 12/10/1807.
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Os negociantes Jacinto José da Cunha, Antonio José de Bastos e José da Costa Oli-
veira eram procuradores na cidade de São Luís do negociante de Belém, Serafim dos
Anjos Teixeira. Procuração Bastante e Geral, APEP, LNTP, n. 10, d. 178, (1803). No
caso, além da sociedade que tinha em Belém com Manoel Vasconcelos, Jacinto José da
Cunha também efetuava relações comerciais em nome de Serafim Teixeira.
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Em relação às embarcações, afirmava que “em Lisboa se acha um grande comboio
ancorado para no dia 16 de outubro levar todos os seus nacionais fundos que se acha-
vam naquela capital”. Nessa carta também se comenta sobre a movimentação portuária,
atentando para dois pontos; o primeiro era o comentário sobre as embarcações que já
estão prontas para transportar o príncipe e a sua irmã para a cidade do Rio de Janeiro,
que apenas aguardavam a “última decisão dos inimigos franceses e o que daqui só se
dirá para o futuro não se sabe, mas esta decisão há de ser em poucos dias [ilegível] as
notícias”. O segundo era sobre as embarcações aportadas em Lisboa, que não havia
indicação de qualquer saída de navio, os quais ficariam aguardando “avisos novos os
quais se esperarão como muita brevidade e espera-se que sejam feitas por alguns bri-
gues de Giro”. APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Carta enviada pelo negocian-
te Jacinto José Cunha ao negociante de Belém, Manoel F. de Vasconcelos, Maranhão,
27/11/1807.
A praça comercial de Belém: negociantes e circuitos mercantis (1790 a 1808)
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APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Carta enviada pelo negociante Joaquim
de Araujo ao negociante de Belém, João Pedro Ardasse, Maranhão, 28/11/1807.
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Em 1821, Antonio José Meireles Ferreira, aparecia como “Ilustríssimo Comendador”
da cidade de São Luís na procuração que o negociante de Belém, José Custódio Pereira
Guimarães, passou para que fosse representado naquela cidade. Além dele, Pereira Gui-
marães também outorgou procuração para João José Fernandes do Rego e Companhia.
Procuração Bastante e Geral, APEP, LNTP, n. 1176, d. 368, (1793-1799). Em 1807,
José Custódio Pereira Guimarães também estava envolvido na representação dos nego-
ciantes de Belém para obstar a saída do navio “Modesta”, mas quem aparecia assinando
a representação era o seu irmão-sócio José Antonio Pereira Guimarães. APEP, DN,
JOC, Autos de Devassa (1807).
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Essa carta não apresenta o nome do destinatário. APEP, DN, JOC, Autos de Devassa
(1807), Carta enviada pelo negociante João Meireles Ferreira ao seu irmão, Lisboa
11/10/1807.
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Joaquim José Lopes Godinho e seu sócio João Antonio Lopes enviaram requeri-
mento à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino solicitando “a mercê do Hábito
da Ordem de Christo”. Joaquim José Lopes Godinho justificava seu pedindo “em con-
sideração a ser negociante matriculado pela Real Junta do Comércio e ater prestado
voluntariamente para as urgências do Estado a quantia de 700$000 pela ocasião da
memorável Conquista de Caiena”. Carta do Conde de Vila Flor a Thomas Antonio de
Vila Nova Portugal, Pará, 08/10/1819. Em outra solicitação, o negociante João Antonio
Lopes justificava seu pedido em função do comércio regular que realizou para a Con-
quista de Caiena. AN, Ministério do Reino - Pará, Fundo: Negócios de Províncias e
Estados, Série Interior (1808-1819).
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APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Carta enviada pelo negociante Ma-
theus Rodrigues Lima ao negociante de Belém, Joaquim José Lopes Godinho, Lisboa,
09/10/1807.
A praça comercial de Belém: negociantes e circuitos mercantis (1790 a 1808)
31
APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Resposta de João de Araújo Rozo ao
Desembargador Geral Joaquim Clemente da Silva Pombo, Belém 30/12/1807.
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Atendendo ao que foi solicitado pelo consignatário, o Desembargador lançou outra
chamada aos interessados no assunto para que se pronunciassem sobre a “retenção ou
saída do dito navio”. APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Resposta de João
de Araújo Rozo ao Desembargador Geral Joaquim Clemente da Silva Pombo, Belém
30/12/1807.
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APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Representação que os Negociantes da
Praça de Belém, principais carregadores do navio “Modesta”, Belém 30/12/1807. Além
dos quinze negociantes que assinaram a primeira representação, outros nove integram
esse documento, a saber: Francisco Pedro Ardasse, Francisco Jorge Gomes Pinto, Vi-
cente Antonio de Miranda, José Bento David, André Barboza de Amorim, José Ferreira
de Brito, José Antonio Pereira Guimarães, Domingos José Martins e Sebastião [ilegí-
vel].
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APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Despacho do Desembargador Geral Joa-
quim Clemente da Silva Pombo, Belém 30/12/1807.
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APEP, DN, JOC, Autos de Devassa (1807), Cópia de Despacho assinado pelo Gover-
nador do Estado do Grão-Pará, José Narciso de Magalhães de Meneses ao senhor João
de Araújo Rozo, Belém, 01/01/1808.