Filtros Com BANCO DE CAPACITORES AUTOMÁTICO
Filtros Com BANCO DE CAPACITORES AUTOMÁTICO
Filtros Com BANCO DE CAPACITORES AUTOMÁTICO
HARMÔNICOS
1 INTRODUÇÃO
Deve ficar claro que o objetivo deste trabalho é a correção do fator de deslocamento da
instalação elétrica. As melhorias nas taxas de distorção harmônica de corrente e de tensão que
porventura venham a ocorrer, resultado de filtros dessintonizados com baixos fatores de
dessintonização e baixos fatores de qualidade, são efeitos secundários, apesar serem de
importantes e desejáveis.
Quando temos uma instalação elétrica com cargas essencialmente lineares, ou seja,
nenhuns ou poucos conversores e soft-starters e muitos motores e outras cargas lineares, o
problema da correção do fator de potência resume-se ao conhecido procedimento de
compensação do fator de deslocamento. Admite-se que se o conjunto de cargas não ultrapassar
o limite de 20% do total das cargas, este pode ser considerado essencialmente linear. Entretanto,
essa regra deve ser seguida com cuidado. A presença de elevada distorção harmônica de tensão
ou a presença de uma harmônica individual de corrente de valor elevado, podem vir a
causar ressonâncias.
(2.1)
2) Calcular a potência reativa necessária para corrigir o fator de deslocamento para o valor
desejado (normalmente 0,92) através de:
(2.2)
1
3) Determinar a quantidade de estágios que serão utilizados. Os controladores automáticos de
fator de potência normalmente possuem opção de 6 ou 12 estágios. Os estágios de capacitores
devem ser projetados de modo que a sensibilidade dos bancos fique em torno de 15-20% do
total da potência disponível. Não é usual ter um banco mais sensível, que reaja com 5 a 10% da
potência total, isso poderia levar o banco a um número elevado de manobras, desperdiçando o
equipamento desnecessariamente quando o real objetivo é ter um fator de potência alto.
Recomenda-se dividir o banco automático de capacitores em estágios de potência máxima de 30
kvar em 380/440V e 15 kvar em 220V. Entretanto, um dos estágios deve ter a metade da
potência do maior estágio para efetuar o ajuste fino do fator de deslocamento.
3 REATOR DE DESSINTONIZAÇÃO
Um fator que deve ser levado em consideração é a incerteza quanto a valor exato da
impedância de curto-circuito da rede. Este valor pode variar bastante dependendo da
configuração da rede num dado momento, resultando assim em grandes variações da freqüência
de ressonância paralela do sistema. Isto torna necessário estabilizar esta freqüência a um valor
que não corresponda às harmônicas injetadas na rede. Novamente, isto é obtido através do
reator de dessintonização.
(3.1)
2
Figura 3.1: Circuito equivalente formado pela introdução do reator de dessintonização L.
(3.2)
3
4 FATOR DE DESSINTONIZAÇÃO
(4.1)
(4.2)
5 FATOR DE QUALIDADE
(5.1)
(5.2)
(5.3)
4
Também podemos definir o Fator de Qualidade como:
(5.4)
(5.5)
Por exemplo, temos um reator que desejamos utilizar num filtro dessintonizado com
freqüência de dessintonização de 166Hz e desejamos um Fator de Qualidade FQ=30. Os dados
do reator são os seguintes:
Com base nos valores calculados no projeto do reator, obtemos o seguinte valor de
Fator de Qualidade na freqüência de sintonia:
5
Utilizando os valores obtidos de FQ na equação da Largura de Banda B, obtemos as
seguintes variações de freqüência:
FQ=30
FQ=432,58
Observamos que quanto maior o Fator de Qualidade, menor será a potência dissipada e
menor será a variação em relação à freqüência de ressonância . Valores práticos do Fator de
Qualidade variam entre 10 para um circuito com altas perdas, 100 para um circuito razoável, e
até 1000 para um projeto cuidadoso e de condições favoráveis.
(5.6)
As perdas devido as correntes harmônicas não podem ser expressas por equações
simples. A solução mais simples é fazer uma simulação num software como PSPICE e obter o
resultado diretamente através de medição.
6 REDIMENSIONAMENTO DE CAPACITORES
(6.1)
(6.2)
6
-Utilizar capacitores de tensão mais elevada;
-Utilizar a ligação estrela.
(6.3)
(6.4)
Isto significa que será necessário o triplo de capacitância em Farads para atender a
potência de compensação de Fator de Deslocamento.
7 HARMÔNICAS RESSONANTES
Deve ainda ser lembrado que para soft-starters e gradadores trifásicos as amplitudes das
harmônicas são dependentes dos ângulos de disparo , e no caso de soft-starters ainda variam
com o tempo. No entanto, para soft-starters estes harmônicos são transitórios, enquanto que para
os gradadores seu efeito é permanente (desde que o ângulo de disparo seja diferente de
zero).
7
Deve-se determinar a ordem harmônica de ressonância através da seguinte expressão:
(7.1)
2) Medir a presença de harmônicas de tensão que possam vir de fora do seu sistema, se possível
medir em alta voltagem. Calcular ou medir diretamente a ;
5) :
3...7%: use filtro dessintonizado com FDS = 7% absorção harmônica padrão;
: use filtro dessintonizado com FDS = 5,67% para alta absorção harmônica;
: requer projeto de filtro especial (sintonizado, atenuado ou ativo);
8
capacitores. O dispositivo de interrupção por sobrepressão do capacitor não é fusível contra
curto-circuito.
9 ESTUDO DE CASO
9
Tabela 9.2: Correntes eficazes nominais dos estágios do banco de capacitores.
10
O valor de capacitância de um estágio de banco de capacitores pode ser obtido
diretamente do catálogo ou através da seguinte expressão:
A maior parcela das cargas é linear, porém, são acionadas através de soft-starters. Em
principio, quando as soft-starters forem ligadas e desligadas o banco de capacitores será
desligado através de algum intertravamento elétrico. As freqüências harmônicas geradas pelas
soft-starters devem ser as mesmas já mencionadas acima para o conversor de freqüência,
supondo que as cargas trifásicas são equilibradas e não ocorram assimetrias entre os semiciclos
positivos e negativos da corrente.
Pelas ordens harmônicas geradas pela carga não-linear, pode-se prever algum problema
com a 13ª e a 19ª harmônicas, isto porque estas freqüências estão muito próximas daquelas
características da instalação.
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Figura 9.1: Amplitude da corrente na entrada do banco de capacitores no ligamento
dos estágios 1 até 6 (a carga é a nominal e permaneceu constante).
É interessante notar que a corrente com todos os estágios ligados é menor que quando
estão ligados apenas 5 estágios. Isto é explicado pela ressonância que aparece na 13ª harmônica.
As correntes eficazes que circulam pelos estágios do banco de capacitores são mostrados na
tabela 9.5.
Tabela 9.5: Correntes eficazes dos estágios de bancos de capacitores em função do número de
estágios ligados (a carga é a nominal e permaneceu constante).
12
1 6,52
2 5,41
3 5,80
4 4,76
5 11,09
6 7,23
13
Figura 9.3: Espectro harmônico da corrente do banco de capacitores
com apenas 1 estágio ligado (a carga é a nominal).
Figura 9.4: Forma de onda da corrente em um dos estágios do banco de capacitores com
5 estágios ligados (a carga é a nominal).
14
Figura 9.5: Espectro harmônico da corrente de um estágio do banco de capacitores
com 5 estágios ligados (a carga é a nominal).
15
Vamos analisar o critério 3 do capítulo 8. Da simulação do modelo da planta obtemos
os seguintes resultados:
(%) 3,16
(%) 9,82
16
Pelo critério 5 do capítulo 8 devemos verificar a . A encontrada é
menor que 7%, o que leva a um Fator de Dessintonização de 7%. O Fator de Dessintonização de
7% corresponde a uma freqüência de dessintonização de 226Hz e uma ordem harmônica de
3,77.
Sabendo-se que o valor do capacitor ligado em estrela por estágio é 460,6 , o reator
de dessintonização de cada estágio será calculado por:
A potência somada dos seis estágios do banco de capacitores será agora de 284,6kvar.
No entanto, deve-se notar que essa potência reativa em parte compensa o reativo do reator de
dessintonização, não alterando em muito o valor daquela potência reativa entregue a carga.
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Figura 9.7: Amplitude da corrente na entrada do banco de capacitores no ligamento
dos estágios 1 até 6 (a carga é a nominal e permaneceu constante).
Deve ser notado que os transitórios de corrente são mais longos que no caso sem reator
de dessintonização. Estes transitórios podem durar vários segundos, no entanto, tem amplitudes
pequenas. As correntes eficazes que circulam pelos estágios do banco de capacitores são
mostrados na tabela 9.9.
Tabela 9.9: Correntes eficazes dos estágios de bancos de capacitores e tensão nos capacitores
em função do número de estágios ligados (a carga é a nominal).
18
Número de estágios ligados (%)
0 3,16
1 3,09
2 3,01
3 2,92
4 2,84
5 2,77
6 2,71
19
Figura 9.9: Forma de onda da corrente em um dos estágios do banco de capacitores
com todos os estágios ligados (a carga é a nominal).
20
Figura 9.11: Espectro harmônico da corrente do banco de capacitores
com apenas 1 estágio ligado (a carga é a nominal).
Figura 9.12: Formas de onda de tensão e corrente na entrada do painel com todos estágios
do banco de capacitores ligados (a carga é a nominal).
Os filtros calculados até o momento não possuem atenuação. Vamos utilizar um Fator
de Qualidade de 100, que é um valor usual, e acrescentar uma resistência em série com o reator.
Em principio, essa resistência é intrínseca ao reator, devendo ser informado o Fator de
Qualidade quando da compra do mesmo. Se não existir a viabilidade técnica de fabricar o reator
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com uma resistência desse valor, temos duas opções, utilizamos resistores externos ou
aumentamos o Fator de Qualidade. Para o caso em estudo o valor da resistência será a seguinte:
Deve ser notado que os transitórios de corrente são mais longos que no caso sem reator
de dessintonização e mais curtos que no caso sem atenuação. As correntes eficazes que circulam
pelos estágios do banco de capacitores são mostrados na tabela 9.11.
Número de Corrente eficaz por Tensão eficaz de linha Potência total dissipada
estágios ligados estágio (A) nos capacitores (V) nos reatores (W)
1 48,23 461,1 107,1
2 48,11 461,5 212,9
3 47,82 461,8 315,5
4 47,59 462,5 416,6
5 47,46 468,9 517,9
6 47,32 463,6 617,9
Tabela 9.11: Correntes eficazes dos estágios do banco de capacitores, tensão nos
capacitores e potência dissipada nos reatores em função do número
de estágios ligados (a carga é a nominal).
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Número de estágios ligados (%)
0 3,16
1 3,09
2 3,02
3 2,92
4 2,85
5 2,77
6 2,72
23
Figura 9.15: Forma de onda da corrente em um dos estágios do banco de capacitores
com todos os estágios ligados (a carga é a nominal).
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Figura 9.17: Espectro harmônico da corrente do banco de capacitores
com apenas 1 estágio ligado (a carga é a nominal).
Figura 9.18: Formas de onda de tensão e corrente na entrada do painel com todos estágios
do banco de capacitores ligados (a carga é a nominal).
10 SIMBOLOGIA
Subscritos:
25
1 - índice referente a freqüência fundamental
a,b,c - índices correspondentes as fases
ar - anti-ressonância
cc - corrente contínua
ef - valor eficaz
h - ordem da harmônica
i - corrente
l - carga
lr - reatância de rede
n - nominal
pr - primário de transformador
r - ressonância
s - rede
sc - curto-circuito
sec - secundário de transformador
tr - transformador
v - tensão
Y - ligação estrela
- ligação delta
Símbolos:
- coeficiente de Fourier da componente contínua
a - coeficiente de Fourier da componente cosseno
b - coeficiente de Fourier da componente seno
B - Largura de Banda
C - capacitor (F)
- quociente entre potência ativa e potência aparente
f - freqüência (Hz)
FDesl - fator de deslocamento
FDist - fator de distorção
FDS - fator de dessintonização
FP - fator de potência
FQ - Fator de Qualidade
h - ordem da harmônica
i - corrente instantânea (A)
- corrente eficaz (A)
k - número inteiro qualquer
L - indutor (H)
N - número de espiras de um transformador
P - potência ativa (W)
p - número de pulsos de um retificador
Q - potência reativa (var)
S - potência aparente (VA)
R - resistor
T - período (s)
t - tempo (s)
- taxa de distorção harmônica (%)
v - tensão instantânea (V)
- tensão eficaz (V)
X - reatância
- reatância característica
Z - impedância
- ângulo de disparo de um tiristor (º)
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- ângulo de defasagem (º)
- freqüência angular (rad/s)
27
28
29
30
31
Com 6 estagios Cos fi = 0,9
32
33
34
35
1 Estágio ligado
36
2 Estágios ligados
37
3 Estágios ligados
38
4 Estágios ligados
39
5 Estágios ligados
40
6 Estágios ligados
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