Os Desafios Da Escola Pública Paranaense Na Perspectiva Do Professor Pde Produções Didático-Pedagógicas
Os Desafios Da Escola Pública Paranaense Na Perspectiva Do Professor Pde Produções Didático-Pedagógicas
Os Desafios Da Escola Pública Paranaense Na Perspectiva Do Professor Pde Produções Didático-Pedagógicas
Cadernos PDE
ELAINE GROTH
ITAIPULÂNDIA
2013
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICA – PEDAGÓGICA
TURMA – PDE/2013
Título: Um olhar sobre Macunaíma e a formação cultural do povo brasileiro
Resumo
Esta Sequência Didática apresenta reflexões acerca
da leitura literária e fundamenta-se no Método
Recepcional proposto por Maria da Gloria Bordini e
Vera Teixeira de Aguiar, baseado na Teoria da
Estética da Recepção de Hans Robert Jauss. De
acordo com os teóricos, na literatura deve-se
considerar o valor estético da obra ao momento
histórico de sua produção, vendo o texto literário como
um espaço para o aluno expor suas ideias e
impressões, permitindo desenvolver suas habilidades
de reflexão e interpretação.
A Sequência Didática foi elaborada com o intuito de
refletir sobre a leitura literária no âmbito escolar com o
propósito de desenvolver habilidades para a formação
de leitores ativos diante dos textos para que, a partir
dos mesmos, reflitam sobre as diferentes visões de
mundo e as mais diversas formas de discurso.
O projeto pretende proporcionar aos educandos do 3°
ano do Ensino Médio, uma leitura prazerosa, reflexiva
e contextualizada, abordando o nacionalismo crítico
pertencente ao Modernismo brasileiro, tomando como
material de análise a obra Macunaíma: um herói sem
nenhum caráter de Mario de Andrade (1926).
1 – APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E
SELEÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL
1.1 OBJETIVOS:
Apresentar o projeto para os alunos;
Sondar os hábitos e o gosto de leitura
dos alunos;
Aprimorar e aguçar a curiosidade dos
educandos para a obra Macunaíma: um
herói sem nenhum caráter;
Ativar os conhecimentos prévios dos educandos sobre o tema;
Problematizar a classificação da obra enquanto gênero textual romance
e a classificação feita pelo próprio Mário de Andrade enquanto rapsódia.
romance e rapsódia.
Professor (a):
QUANTO AO ROMANCE:
[Rapsódia – rap-só-dia – Sf (gr rapsódia) 1 Trechos das epopeias grega. 2 Cada um dos
livros de Homero. 3 Fragmento de uma composição poética. 4 Mús. Gênero de
composição musical, cujos temas são motivos populares ou cantos tradicionais de um
povo].
Major Neto (s/d, p.33) analisa que a obra selecionada para o estudo
trata-se de um romance modernista que reúne uma visão da cultura brasileira,
lendas, mitos, provérbios e crendices. Uma obra diferente, original que pode
até causar um estranhamento, pois o texto está repleto de palavras em tupi-
guarani, mas possíveis de serem significadas pela intuição e pelo contexto.
A obra é considerada um clássico e Mário de Andrade ficou conhecido
por sua posição à frente do movimento modernista. Uma obra-prima, uma
narrativa de estrutura inovadora, ao nível do enredo, da caracterização das
personagens e do estilo, representando as propostas estéticas e temáticas dos
propósitos modernistas das primeiras décadas do século XX. Major Neto (s/d,
p. 33) afirma que “O Modernismo de 1922 encontrou em Mário de Andrade
uma das mais perfeitas expressões e sua obra foi um incessante
desdobramento das conquistas mais radicais do movimento”.
Outra diferença importante entre rapsódias e o romance diz respeito à
estrutura, pois a obra é escrita em prosa e as rapsódias eram escritas em
versos.
2.1- CONTEXTUALIZAÇÃO DO MOVIMENTO
ESTÉTICO DO MODERNISMO E DO GÊNERO
ROMANCE NO CENÁRIO LITERÁRIO
Disponível em:
https//ww.google.com.br/3q=+1%098Vangua
rdas+Euriopeias+-+YouTube. Acesso em:
08/10/2013.
3- ATENDENDO AO HORIZONTE DE
EXPECTATIVAS
3.1.1 Objetivos:
Iniciar a leitura da obra, além de apresentar Macunaíma ao leitor;
Trabalhar com a estrutura da obra;
Cativar a atenção do leitor.
Segundo Bordini e Aguiar (1988), é nesta etapa do Método Recepcional
que são detectadas as aspirações, valores e familiaridades dos alunos em
relação à leitura e a obra.
Nesse momento é preciso envolver e cativar o aluno, despertar seu
interesse e curiosidade pela obra. A proposta consiste em o professor ler com
os alunos o primeiro capítulo intitulado “Macunaíma”, esclarecendo dúvidas
referentes à linguagem, a fim de atrair a atenção para a importância da leitura
da obra, bem como para a caracterização do herói.
I – Macunaíma
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto
retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão
grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia, tapanhumas pariu uma
criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Imagem disponível em: http://liberatinews.blogspot.com.br/2011/04/macunaima-ilustracoes.html.Acesso em:
03/12/13.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro: passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam
a falar exclamava:
— Ai! que preguiça! . .
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros
e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento
dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra
ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o
tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns diz-que
habitando a água-doce por lá. No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha,
Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava
os velhos, e freqüentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacorocô a cucuicogue, todas essas danças
religiosas da tribo.
Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho sempre se esquecendo de mijar. Como a rede da
mãe estava por debaixo do berço, o herói mijava quente na velha, espantando os mosquitos bem. Então
adormecia sonhando palavras-feias, imoralidades estrambólicas e dava patadas no ar.
Nas conversas das mulheres no pino do dia o assunto eram sempre as peraltagens do herói. As mulheres
se riam muito simpatizadas, falando que "espinho que pinica, de pequeno já traz ponta", e numa pagelança
Rei Nagô fez um discurso e avisou que o herói era inteligente. (...)
Andrade, Mário de. Macunaíma o herói sem nenhum caráter, Rio de Janeiro, 2008. P.13.
3.2 RESPONDA:
01. Nesse primeiro capítulo, já é possível detectar alguns atributos negativos
e outros positivos em relação ao “herói sem caráter”, quais?
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4. CARACTERIZAÇÃO DO HERÓI
Professor (a):
5 - ATIVIDADES PARA
CONTEXTUALIZAÇÃO
Professor (a):
Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se
fala.
Pois é.
U purtuguêis é muito fáciu de aprender, purqui é uma língua qui
a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá
até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi
algumas palavras. Im purtuguêis não. È só prestátenção. U
alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum
nada. Até nu espanhol qui é aprecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom qui a minha
língua é u purtuguêis. Quem soube fala sabi iscrevê.
SOARES, Jô. Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve
exatamente como se fala.
In: Revista Veja, n°1158, 28.11.90, p.62.
Fotografia In: Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do.
Acesso em novembro de 2013.
a) Observe que as palavras que Jô Soares utilizou para o título são escritas
de forma diferente das do texto. Você imagina o porquê dessa diferença?
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b) Em sua opinião, qual é a verdadeira intenção de Jô Soares com o texto
acima?
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c) Ciente de que a escrita segue acordos, regras, normas próprias e de que
é essa modalidade da língua, a escrita, que você exercita na escola:
reescreva o texto de Jô Soares, fazendo uso da variante padrão.
Vamos tentar?
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Objetivos:
6.1. CONTEXTO:
A leitura completa da obra deverá acontecer em horário extraclasse,
portanto, cada educando receberá um exemplar da obra para que a mesma
seja facilitada. Em sala de aula serão realizadas atividades instigantes para
que os educandos rompam seus horizontes de expectativas e sintam-se
motivados a ler e reler a obra em casa.
Nesta etapa da Sequência Didática, o(a) professor(a) poderá iniciar a
aula com o vídeo Mário de Andrade reinventando o Brasil.
7 - A CULTURA BRASILEIRA EM
MACUNAÍMA
ANÁLISE ESTRUTURAL
O que vemos nesse trecho é uma série de cortes que conferem ao texto
uma velocidade maior. Quando lemos a frase “..., porém quando Ci queria rir
com ele de satisfação”, esperamos uma continuação habitual, no qual o
narrador explicaria o que Macunaíma faz nessa situação. Mas o que temos é
um corte brusco e a inserção de uma fala da personagem: “Ai que preguiça!”.
Há também uma simultaneidade entre a descrição da cena e a atuação
dos personagens na própria cena, não havendo nenhuma pausa entre essas
duas. Outro fator interessante é que esse trecho mostra como se dá a
continuidade da narrativa após os cortes que provocam uma sensação de
descontinuidade: o uso da letra minúscula no início do parágrafo "que ele
murmuriava gozado" demonstra haver “algo” anterior àquela frase e que a frase
está apenas dando continuidade ao que já estava ocorrendo na cena (a fala da
personagem também como uma ação).
O processo de “colagem” e a escrita fragmentária lembram alguns
aspectos dos movimentos literários denominados Cubismo e Futurismo. O
Surrealismo também aparece representado na obra, na atividade criativa, na
escrita automática e anticonvencional, nas metáforas surreais.
Além disso, a obra é muitas vezes associada ao chamado Movimento
Antropófago. Apesar de o próprio Mário de Andrade ter dito, em certa ocasião,
que não gostaria que seu livro fosse lido como uma obra aos moldes
antropofágicos, muitos críticos e estudiosos da obra encontram nela
características dessa vertente, buscando uma relação de igualdade real da
cultura brasileira com as demais.
Uma das grandes preocupações nos projetos do grupo modernista
brasileiro diz respeito à representação nas artes dos elementos genuinamente
nacionais. Esses elementos estiveram presentes também na obra de Mario de
Andrade.
Uma das características que mais chamam a atenção em Macunaíma
refere-se à presença de paisagens e traços culturais tipicamente brasileiros. As
referências geográficas, a linguagem e as lendas e mitos são algumas das
coisas que trazem para o livro traços da cultura do nosso país.
Oralidade
8.1. ESTRUTURA:
“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, o herói de nossa gente. Era preto retinto e
filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o
murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que
chamaram de Macunaíma.” (ANDRADE, 2008, p. 13).
"Tudo ele contou pro homem e depois abriu asa rumo de Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei p
em riba destas folhas, catei meus carrapatos, ponteei na violinha e em toque rasgado botei a boca no mundo ca
herói de nossa gente." (ANDRADE, 2008, p.214).
Macunaíma Personagem principal, herói de nossa gente, índio, preto, preguiçoso da tribo
Tapanhumas.
Maanape Irmão mais velho de Macunaíma.
Jiguê O segundo irmão mais velho de Macunaíma.
Sofará Primeira mulher de Jiguê que por se envolver-se com Macunaíma é devolvida
ao pai.
Iriqui Segunda mulher de Jiguê, que é abandoada na mata.
Suzi Terceira mulher de Jiguê encontrada no final da narrativa.
Ci, a Mae-do-Mato. Mulher de Macunaíma, rainha das Icamiabas, da tribo das Amazonas.
VAS
9 - ASPECTOS INTERTEXTUAIS
IRACEMA x MACUNAÍMA
9.1 OBJETIVOS:
“Além, muito além daquela serra, que ainda azula “No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma,
no horizonte, nasceu Iracema”. herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os medo da noite. Houve um momento em que o
cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do
longos que seu talhe de palmeira. Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma
O favo da jati não era doce como seu sorriso; criança feia. Essa criança é que chamaram de
nem a baunilha recendia no bosque como seu Macunaíma.
hálito perfumado. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De
Mais rápida que a ema selvagem, a morena primeiro passou mais de seis anos não falando.
virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde Si o incitavam a falar exclamava:
campeava sua guerreira tribo da grande nação — Ai! Que preguiça!...”
tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava
apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as Andrade, Mário de. Macunaíma o herói sem
nenhum caráter, Rio de Janeiro, 2008. p.13.
primeiras águas.
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um
claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra
da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite.
Os ramos da acácia silvestre esparziam flores
sobre os úmidos cabelos. Escondidos na
folhagem os pássaros ameigavam o canto. “
11.1 OBJETIVOS:
01- Assista aos vídeos das músicas, preste atenção nas letras e depois
responda as questões:
a) Compare as letras das músicas com a obra Macunaíma em relação à
linguagem e sua musicalidade.
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b) Identifique e indique as personagens e trechos do livro que aparecem
nas letras das músicas.
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13 - PESQUISANDO... ASPECTOS
CULTURAIS RETRATADOS NA OBRA
14. 2 DRAMATIZANDO
PASSO A PASSO
nessa Sequência Didática, preparando a exposição que será visitada por toda
a comunidade escolar. Atividade que demanda organização da turma, pois é
necessário estabelecer um sentimento de colaboração entre todos para que a
exposição se torne um sucesso, para isso, é interessante seguir algumas
orientações.
SARAU!!! O Sarau Literário só terá graça se tiver visitantes que possam
BORGATTO, Ana Maria Trinconi. Tudo é linguagem. V.04. São Paulo: Ática,
2006.
OLIVEIRA, Clenir Bellezi de. Arte Literária: Portugal - Brasil São Paulo:
Moderna, 1999.
SITES PESQUISADOS
IMAGENS
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do.
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brasileiro.html.
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concursos-por-nivel-superior/1082-concursos-para-pedagogo.
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nenhum.html
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VÍDEOS
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