1° Série Filosofia 2023
1° Série Filosofia 2023
1° Série Filosofia 2023
Wellington
FILOSOFIA
Objetivo de aprendizagem: (GO-EMCHS501A) Identificar a etimologia dos termos moral e ética na história da
filosofia, selecionando casos concretos que possam confirmar a necessidade de superação do mero senso moral para
a reflexão ética propriamente dita.
Observação filosofia: trabalhar as visões de Sócrates, Platão e Aristóteles e as influências helenísticas na cultura
filosófica romana. Desenvolver a noção de cidadania moderna.
Muitas vezes nos confundimos nos termos ou áreas de atuação entre ética e moral, porque apesar dessa separação
ser feita de forma intelectual, a mesma não sofre uma divisão na questão prática, porque o ser humano em algum
momento terá que refletir sobre os seus atos, seja por uma cobrança externa (regras sociais) ou interna (a
consciência individual).
E é justamente nesse ambiente em que a ética e a moral são atuantes. Mas qual é a diferença entre elas? Vamos
analisar as origens etimológicas e os significados filosóficos de ambas as palavras. Ética vem do grego ethikos,
abreviada para ethos, que significa modo de ser, caráter ou comportamento. Enquanto a palavra moral vem da
palavra latina morales que significa normas que orientam o comportamento humano ou relativo aos costumes.
Apesar de terem critérios parecidos, a sua distinção se encontra em suas funções, então é comum dizer que o papel
da ética é pensar sobre a moral, ou seja, a ética é uma disciplina teórica que trata da prática humana:
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Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as
regras morais de forma racional, fundamentada, cientifica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. Moral é o
conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada
indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom (bom
aqui é visto como uma característica particular de uma sociedade ou grupo, enquanto o bem é universal) ou mau. No
sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construírem as
bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor
forma de agir e de se comportar em sociedade.
A preocupação com os problemas éticos iniciou-se de forma mais sistematizada na época de Sócrates, filósofo
também conhecido como “o pai da moral”. Os sofistas afirmavam que não existem normas e verdades
universalmente válidas. Tinham, portanto, uma concepção ética relativista ou subjetivista. Ao contrário dos sofistas,
Sócrates sustentou a existência de um saber universalmente válido, que decorre do conhecimento da essência
humana, a partir da qual se pode conceber a fundamentação de uma moral universal. E o que é essencial no ser
humano, o que o diferencia dos demais animais? Sua alma racional. O ser humano é essencialmente razão. E é na
razão, portanto, que devem ser fundamentadas as normas e costumes morais. Por isso, dizemos que a ética
socrática é racionalista. O indivíduo que age conforme a razão age corretamente. Platão desenvolveu o racionalismo
ético iniciado por Sócrates, aprofundando a diferença entre corpo e alma. Argumentava que o corpo, por ser a sede
de desejos e paixões, muitas vezes desvia o indivíduo de seu caminho para o bem. Assim, defendeu a necessidade de
uma depuração do mundo material para alcançar a ideia de bem. Segundo Platão, o ser humano não consegue
caminhar em busca da perfeição agindo sozinho. Necessita, portanto, da sociedade, da pólis. No plano ético, o
indivíduo bom é também o bom cidadão.
Depois do período clássico grego, o estoicismo desenvolveu uma ética baseada na procura da paz interior e no
autocontrole individual, fora dos contornos da vida política. Assim, o princípio da ética estoica é a apatia (apatheia),
atitude de entendimento de tudo o que acontece, e o amor ao destino (amor fati ), porque tudo faria parte de um
plano superior guiado por uma razão universal que a tudo abrangeria. Desse modo, atingia-se a ataraxia, ou
imperturbabilidade da alma. A ética do epicurismo, de forma semelhante, defendia a atitude de desvio da dor e
procura do prazer espiritual, do autodomínio e a paz de espírito (ataraxia).
Ética do equilíbrio
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Aristóteles também desenvolveu uma reflexão ética racionalista, mas sem o dualismo corpo-alma platônico.
Procurou construir uma ética mais realista,mais próxima do indivíduo concreto. Para tanto, perguntou-se sobre o fim
último do ser humano. Para o que tendemos? e respondeu: para a felicidade. Todos nós buscamos a felicidade. E o
que entende Aristóteles por felicidade? Para o filósofo, a felicidade não se confunde com o simples prazer, o prazer
das sensações ou o prazer proporcionado pela riqueza e pelo conforto material. A felicidade última e maior se
encontraria na vida teórica, que promove o que há de mais essencialmente humano: a razão.
O indivíduo que se desenvolve no plano teórico, contemplativo, pode compreender a essência da felicidade e, de
forma consciente, guiar sua conduta. Mas isso, no contexto histórico da Grécia antiga, seria privilégio de uma
minoria. Segundo o filósofo,a pessoa comum, aquela que não pode se dedicar à atividade teórica, aprenderia a agir
corretamente pelo hábito, isto é, por meio da prática constante e reiterada de ações. Assim, agir corretamente seria
praticar as virtudes. E o que seria a virtude? Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles explica: A excelência moral
[virtude moral], então, é uma disposição da alma relacionada com a escolha de ações e emoções, disposição esta
consistente num meio-termo determinado pela razão.
Trata-se de um estado intermediário, porque nas várias formas de deficiência moral há falta ou excesso do que é
conveniente tanto nas emoções quanto nas ações, enquanto a excelência moral encontra e prefere o meio-termo. (p.
42) A coragem, por exemplo, seria uma virtude situada entre a covardia (a deficiência) e a temeridade (o excesso).
Assim, o filósofo propôs uma ética do meio-termo, na qual a virtude consisti ria em procurar o ponto de equilíbrio
entre o excesso e a deficiência. Mas observe que esse ponto de equilíbrio não é fixo, isto é, não pode ser
estabelecido de antemão,pois varia conforme a circunstância ou ocasião (onde, quando, quanto, com quem, com o
quê, como “etc”). Por exemplo: não é exatamente coragem reagir em um assalto a mão armada. Ou seja, não é esse
tipo de atitude que garante a excelência moral de uma pessoa. Como explicou Aristóteles: [...] tanto o medo como a
confiança, o apetite, a ira, a compaixão e, em geral, o prazer e a dor, podem ser senti dos em excesso ou em grau
insuficiente; e, num caso como no outro, isso é um mal. Mas senti -los na ocasião apropriada, com referência aos
objetos propriados, para com as pessoas apropriadas, pelo motivo e da maneira conveniente, nisso consistem o
meio-termo e a excelência característicos da virtude. (Ética a Nicômaco, p. 273.)
Também é importante notar que, tanto em Platão como em Aristóteles, a ética estava vinculada à vida política.
Aristóteles refere-se mesmo à política como um meio da ética, pois, sendo o ser humano, por natureza, um ser
sociopolítico, necessitaria da vida em comum para alcançar a felicidade como plenitude de seu bem-estar.
Livro: Fundamentos de Filosofia. Gilberto Cotrim, editora Saraiva, São Paulo, 2013. Página 333 e 334.
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