Conhecimento: Introdução
Conhecimento: Introdução
Conhecimento: Introdução
Introdução
Este texto não tem a pretensão de abranger todas as questões envolvidas em Elaboração
de Projetos. É apenas uma ajuda para consulta por parte dos estudantes dos cursos da
pós-graduação. O aprofundamento teórico deverá ser buscado na bibliografia sugerida no
final deste trabalho.
Nossa intenção foi apenas facilitar a busca dos estudantes no que diz respeito aos trabalhos
de pesquisa acadêmica.
Nossa experiência em sala de aula nos mostra que a disciplina Elaboração de Projetos/
Metodologia Científica é uma das mais rejeitadas pelos estudantes em praticamente todos
os cursos de graduação e Pós-graduação. Essa quase ojeriza à disciplina se deve
primordialmente pelo cunho teórico com que tem sido ministrada. Entretanto, ela precisa ser
ensinada/aprendida de forma prática, estimulando os estudantes a buscarem motivações
para encontrar respostas às suas dúvidas, hipóteses para resolver os problemas, por meio
de um método.
Ao nos dirigirmos aos alunos da Pós-graduação, estamos naturalmente nos referindo a uma
Academia de Ciência e, como tal, as respostas aos problemas de aquisição de
conhecimento deveriam ser buscadas por meio do rigor científico e apresentadas através
das normas acadêmicas vigentes.
Sendo assim, fica claro que a Elaboração de Projetos não é um simples conteúdo a ser
decorado pelos alunos, para ser verificado num dia de prova; trata-se de fornecer aos
estudantes um instrumental indispensável para que sejam capazes de atingir os objetivos
da Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área do conhecimento.
1- O QUE É CONHECIMENTO?
O vocábulo “conhecer” tem origem no latim - “cognascere” - que significa conhecer pela
experiência. Significa que o homem colheu informações pelos seus sentidos e agora
“conhece” determinado objeto ou fato. Pode significar também o conhecimento de si, um
ato ou efeito de saber, de forma não organizada, não metódica. No sentido amplo, então,
significa apenas ter posse da informação. O ato de conhecer o mundo acontece
diariamente para cada ser humano, pela intuição e pela razão e é comunicado pelo
discurso.
2- A TEORIA DO CONHECIMENTO
A Teoria do Conhecimento foi preocupação primeira da Filosofia. Na origem grega do
vocábulo filosofia já se pressupõe essa idéia: filos - sofia: “amizade, amor pelo saber”,
quando então o filósofo é o “amigo do saber”. A filosofia se esforça para universalizar sua
visão, escrever e explicá – la.
Deve-se dizer que até os dias de hoje não está esgotada a discussão sobre a aquisição do
conhecimento, se pela razão ou pela experiência, surgindo posteriormente o
Interacionismo.
2.1 - Conhecer e saber.
Ambos os vocábulos têm origem no latim: “cognascere” e “sapere”. São sinônimos e estão
intimamente relacionados ao termo conhecimento. Enquanto o saber significa “ter posse da
informação”, o conhecer refere-se à experiência prática. No sentido geral, ambos os
vocábulos podem referir-se a conhecimento superficial e desorganizado. No sentido estrito,
referem-se ao conhecimento organizado e metódico.
3- TIPOS DE CONHECIMENTO.
Há diferentes tipos de conhecimento, resultado de diferentes objetos de estudo.
3.1- Conhecimento Popular. É o conhecimento do senso comum, do dia a dia, não
elaborado, geralmente surgido no início da caminhada do ser humano rumo à
sistematização da Teoria do Conhecimento. Para Ander - Egg(1978) “o conhecimento
popular caracteriza-se por ser superficial, sensitivo, subjetivo, assistemático e acrítico”.
O objeto de estudo das Ciência Exatas e da Natureza é diferente do objeto das Ciências
Sociais e Humanas. Assim sendo, como resultado da pesquisa as Ciências Exatas e da
Natureza formulam-se princípios ou leis, e das Ciências Sociais e Humanas formulam-se
generalidades, que são a variação de fatos ou fenômenos.
4- CIÊNCIA
4.1 - Conceituação.
Entre os conceitos mais conhecidos da ciência estão os seguintes: “Estudo de problemas
solúveis, mediante método científico”; “Acumulação de conhecimentos sistemáticos”.
Para o Dicionário Aurélio, “ciência é informação, conjunto organizado de conhecimentos
sobre determinado objeto, obtido sob observação dos fatos e um método próprio”.
* Para Trujillo Ferrari(1974), a ciência se caracteriza por ser um conjunto de atitudes e
atividades racionais, direcionadas a sistematizar o conhecimento devidamente delimitado,
medido, calculado, para permitir verificação.
* Ander-Egg (1978) focaliza os aspectos da racionalidade, certeza, probabilidade, método,
sistematização, verificação, objeto e natureza.
Objetivos da Ciência.
A ciência não pretende se constituir de verdades e certezas absolutas. Pretende chegar a
verdades certas e prováveis, podendo ser questionada. Se resistir à prova, torna-se
fidedigna, isto é, digna de credibilidade. Toda afirmação científica, sistemática e logicamente
organizada, verificada e demonstrada, torna-se uma teoria.
5- MÉTODO E PESQUISA CIENTÍFICA.
5.1- Conceituação. A palavra “método” origina-se de dois vocábulos gregos: meta, que
significa “na direção de” e hodos, que refere-se a “caminho”. Ao pé da letra, método seria
“seguir na direção de” ou “seguir o caminho” com vistas a chegar a um fim determinado.
O método é parte da lógica material ou lógica dialética. Surgiu das atividades dos filósofos
dos séculos VI e VII a.C., passando a ser utilizado de forma diferente em cada tipo de
ciência, para alcançar resultados próprios de cada uma. Não é apenas a ciência que se
utiliza dele.
Para qualquer tipo de tarefa que se deseje realizar, das mais simples às mais complexas,
procura-se desenvolver procedimentos mentais sobre como realizá-las. O método não
surge de maneira aleatória, a freqüência na realização de determinadas atividades irá
proporcionar novas e mais eficazes maneiras de executá-las. Assim surge o método.
6 – PESQUISA CIENTÍFICA.
É por meio da pesquisa científica que se pode alcançar e dominar novos conhecimentos de
forma ordenada. Com este procedimento técnico o homem redescobre verdades que antes
permaneciam obscuras. A pesquisa é o instrumento de ação para que o conhecimento
possa ser útil à coletividade. Cada estudioso, a seu tempo, teve uma explicação para o
mundo visível e para o invisível, baseado em sua própria maneira de raciocinar e analisar,
para depois divulgar suas afirmações ou teses.
Como meio de relacionar teoria e prática, investigação e profissão, a pesquisa é
característica da educação contemporânea. Entretanto, é uma dádiva da Idade Média e do
Renascimento, com a criação dos grêmios culturais de estudantes, dos mestres ou
Universitas Magistrarum. Com a popularização da pesquisa, o termo passou a ser usado
para a solução de qualquer tipo de problema, sem que se usasse o rigor metodológico, a
observação sistemática e a demonstração, passando-se a desprezar a inferência, a
predição, a interpretação e a experimentação. Passou-se a fazer afirmações dadas como
verdadeiras, sem submetê-las ao rigor da pesquisa científica. Para que a construção do
conhecimento por meio da pesquisa científica não se coloque a serviço de uma minoria
dominante, é necessário que os pesquisadores mantenham a consciência crítica, o máximo
possível isenta dos vícios do poder.
6.1 – Conceituação.
Para Rodolfo MONDOLFO(1949), “A pesquisa surge no momento em que se toma
consciência de um problema e nos sentimos impelidos a buscar a solução”.
Para CERVO e BERVIAN(1983), “A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de
problemas, por meio do emprego de processos científicos”.
Para BARROS e LEHFELD(1988) “A pesquisa científica consiste na observação dos fatos
tal como ocorrem espontaneamente na coleta dos dados, no registro das variáveis,
presumivelmente relevantes para análises posteriores”.
Para SANTOS(2005), “pesquisa é o processo, a forma, a maneira, o caminho seguidos para
alcançar resposta para uma dúvida sobre um problema, um fato, obedecendo a princípios e
normas técnicas.”
* Técnicas de Pesquisa.
Da mesma forma que a realização de uma pesquisa requer o uso de método, exige também
o uso de técnicas. Com o método é estabelecido o roteiro da ação, ou seja, as fases do
estudo desejado, e com a técnica têm-se os modos ou maneiras de como será efetivada a
pesquisa.
Portanto, técnicas são as normas usadas em cada tipo de estudo, em quaisquer áreas do
conhecimento humano. As técnicas de pesquisa classificam-se em documentação direta e
indireta. Na documentação indireta estão incluídas a pesquisa bibliográfica, a pesquisa
documental, e os estudos exploratórios. Nela são usados todos os tipos de documentos
escritos, como livros, periódicos, jornais, revistas, filmes fotografia, etc.
Na documentação direta utiliza-se todo tipo de observação e classifica-se em observação
intensiva e observação extensiva. A intensiva fundamenta-se na observação em si e pode
ser dividida nas seguintes modalidades: observação sistemática, assistemática, não -
participante, em equipe, individual, na vida real e em laboratório. Outro tipo de observação
direta intensiva é a entrevista, que pode ser estruturada e não-estruturada.
A observação direta extensiva fundamenta-se na aplicação de questionários, formulários,
testes, pesquisa de mercado e história de vida.
- Observação Assistemática. É aquela feita sem prévio planejamento e sem qualquer tipo
de controle.
- Observação Sistemática. Também conhecida como planejada, estruturada ou controlada
e sugere um preparo prévio, um plano de ação e uma avaliação dos resultados. Pressupõe
as perguntas: Por que observar? Para que observar? O que observar? Como observar?
Quem observar? Exige sempre a indicação do campo ou abrangência da observação, do
tempo, da duração e os instrumentos a serem utilizados.
Sugestões de Leitura
BASTOS, Lília da Rocha, PAIXÃO, Lyra, FERNANDES, Lucia Monteiro. Manual para a
elaboração de projetos e relatórios de pesquisa, teses e dissertações. 3. ed. Rio de
Janeiro: Zahar, 1982.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. (org.) Pesquisa participante. 7. ed. São Paulo: Brasiliense,
1988. 211 p.
DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciência sociais. 2. ed. São Paulo: Atlas. 1989.
287 p.
FERRARI, Alfonso Trijillo. Metodologia da ciência. 3. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974.
GALLIANO, A. Guilherme. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986.
200 p.
GOOD, Willian Josian, HATT, Paul M. Métodos de pesquisa social. São Paulo: Nacional,
1977.
JAPIASSU, Hilton F.. O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
KNELLER, G. F.. A ciência como atividade humana. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 1991. 231 p.
LAMBERT, K., BRITTAN, G. G.. Introdução à filosofia da ciência. São Paulo: Cultrix,
1972.
LEITE, José Alfredo Américo. Metodologia da elaboração de teses. São Paulo: McGraw-
Hill do Brasil, 1978.
PIAGET, Jean, GARCIA, Rolando. Psicogênese e história das ciências. Lisboa: Dom
Quixote, 1987. 251 p.
REY, Luiz. Planejar e redigir trabalhos científicos. São Paulo: Edgar Blucher/Fundação
Oswaldo Cruz, 1987.
RICHARDSON, Roberto Jarry et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1989. 287 p.