Dissertação Modulo No Triangulo Mineiro 2013
Dissertação Modulo No Triangulo Mineiro 2013
Dissertação Modulo No Triangulo Mineiro 2013
D ISSERTAÇÃO DE M ESTRADO
À minha família pelo carinho, apoio e orações, em especial à minha mãe Maria do Carmo
pelo exemplo de persistência, integridade e fé.
Às empresas Lafarge, Beira Rio e Três Irmãos que forneceram os agregados graúdos
utilizados.
Arruda, A. M. Módulo de elasticidade de concretos produzidos com formações rochosas
do Triângulo Mineiro. 166 p. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Engenharia Civil,
Universidade Federal de Uberlândia, 2013.
RESUMO
O módulo de elasticidade é uma propriedade importante para os profissionais envolvidos
na indústria da construção civil, uma vez que seu valor é determinante para a esbeltez das
estruturas produzidas, além do controle das deformações. A impossibilidade de se obter
concretos de maior valor de módulo de elasticidade pode implicar perda econômica, uma
vez que, pode levar à necessidade de elementos estruturais de maior dimensão, a fim de se
obter flechas dentro da prescrição da norma brasileira, resultando em maiores custos na
execução e perda de área útil no projeto arquitetônico. Deste modo, este trabalho teve
como objetivo avaliar o módulo de elasticidade de três classes distintas de concreto (C20,
C30 e C40), produzidas com dois tipos morfológicos de rochas da região do Triangulo
Mineiro, a saber basalto e dolomito.
ABSTRACT
The elastic modulus is an important property for professionals involved in the construction
industry, since its value is crucial to the slenderness of the structures produced, beyond the
control of deformations. The impossibility of obtaining a higher value of specific modulus
can result in economic loss since it may lead to the need for larger structural elements in
order to obtain the prescription arrows in Brazilian standard, resulting in higher
implementation costs and loss of usable area in architectural design. Thus, this paper aims
based on the geological map of Triangulo Mineiro, evaluate three distinct classes of
concrete (C20, C30 and C40), produced with two morphological types of rocks, basalt and
dolomite.
The values of elastic modulus obtained were compared with each other and with the
various formulations proposed in current regulations in Brazil and abroad, in order to
assess the validity of its application in concrete produced with rocks. Compressive strength
and elastic modulus tests for each concrete class and its respective aggregate were made.
For this, were molded 459 cylindrical specimens of 10 cm x 20 cm with 51 specimens by
concrete mix: 3 specimens for compressive strength, 6 specimens for elastic modulus, 3
specimens for tensile strength by diametral compression by age, and the last 3 specimens
were tested to determine the Poisson's ratio at 56 days. These groups were evaluated
interactions between parameters (fck, age and type of rock) and their influences on the
elastic modulus.
SIGLAS
ABCP – Assossiação Brasileira do Cimento Portland
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACI – American Concrete Institute
EUROCODE – European Standard
FECIV- Faculdade de Engenharia Civil
FIB – Federation Internationale du Beton
IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Comportamento (a) elástico linear e (b) não linear dos materiais ..................... 25
Figura 2 - Relação da força em função da separação interatômica para átomos com ligações
fracas e com ligações fortes. A magnitude do módulo de elasticidade é proporcional à
inclinação de cada curva na posição de separação interatômica de equilíbrio .................... 26
Figura 29 - Fração volumétrica versus módulo de elasticidade para compósitos com relação
a/c =0,286 e 0,292, respectivamente. .................................................................................. 64
Figura 34 – (a) Clip gage; (b) strain gages e (c) strain gages colados à superfície do corpo
de prova para leitura das deformações tranversais e longitudinais. .................................... 69
Figura 41 - Influência do tipo e tempo de cura úmida sobre a resistência do concreto ...... 80
Figura 48 – (a) Localização das cidades onde foram extraídos os agregados graúdos
utilizados no estudo; (b) Representação esquemática do mapa geológico de Minas Gerais;
(c) Localização geográfica de Minas Gerais ....................................................................... 96
Figura 52 - Testemunhos extraídos das rochas: (a) BA- UDIA; (b) BA- UBERA; (c) DO-
PA; ....................................................................................................................................... 98
Figura 58- Pesagem do recipiente preenchido com concreto para determinação da massa
específica ........................................................................................................................... 106
Figura 62 – Regularização das faces dos corpos de prova, capeamento feito com enxofre.
........................................................................................................................................... 109
Figura 64 – (a) Clip gages; (b) Clip gages posicionados no corpo de prova .................... 110
Figura 66 – Plano de carga para obtenção do módulo de elasticidade tangente inicial Eci –
Metodologia A - Tensão σa fixa ........................................................................................ 112
Figura 79 – Ganho percentual da resistência à compressão dos 7 dias aos 56 dias .......... 127
Figura 81- Ganho percentual do módulo de elasticidade de 7 dias a 56 dias .................... 131
Figura 93 - Comparativo das normas nas diferentes idades - UBERA ............................. 145
Figura 94 – Comparativo dos resultados dos concretos produzidos com agregado graúdo de
Uberlândia, Patos de Minas e Uberaba .............................................................................. 147
Figura 97 - Ensaio para determinação da resistência à tração por compressão diametral. 162
Figura 98 - Resistência à tração dos concretos produzidos com basalto de Uberlândia ... 163
Figura 99 - Resistência à tração dos concretos produzidos com dolomito de Patos de Minas
........................................................................................................................................... 164
Figura 100 - Resistência à tração dos concretos produzidos com basalto de Uberaba ..... 164
Figura 101 - Resultados de resistência à tração dos concretos estudados ......................... 165
Figura 102- Comparação dos resultados e limites propostos pela norma ABNT NBR
6118:2007 .......................................................................................................................... 166
15
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 18
1. INTRODUÇÃO
1.1 IMPORTÂNCIA DO TEMA
A necessidade de se construir estruturas cada vez mais altas, esbeltas, duráveis e com
maior rapidez, fez com que houvesse um desenvolvimento das técnicas de construção e dos
materiais utilizados nas obras, mediante isto, tornou-se imprescindível também, uma
revisão das normas brasileiras para a execução destas estruturas.
Analisando por este prisma, percebe-se, o surgimento de um maior cuidado com o módulo
de elasticidade do concreto. Sendo cada vez mais importante para o controle das
deformações, e crescendo na estrutura com a idade do concreto, o módulo de elasticidade
passa a fazer parte do planejamento das edificações quanto à aplicação de cargas em todos
os momentos da construção, principalmente, nas fases de retirada de fôrmas e
escoramentos e cargas acidentais durante a fase de construção.
Não obstante, faz-se necessária uma criteriosa avaliação desta propriedade levando-se em
consideração os aspectos regionais, principalmente no que concerne o uso de diferentes
agregados graúdos para fabricação de concreto.
19
O módulo de elasticidade tem estreita relação com a durabilidade da estrutura, pois está
associado às deformações estruturais que devem se manter dentro de limites, caso
contrário, em excesso podem causar fissuras em alvenarias e gerar outras patologias.
Portanto, a estimativa do módulo de elasticidade dos materiais de uma estrutura é
imprescindível para estimar a vida útil da mesma (PEDROSO, 2007).
submetidos a solicitações mecânicas. Tais materiais não despertam muito interesse para
uso em elementos estruturais que exijam materiais cujas deformações apresentadas sejam
pequenas. Em materiais compostos, como o concreto, a relação entre tensão e deformação
não segue o padrão linear e a determinação do módulo de elasticidade apresenta
particularidades (VOGT, 2006).
Analisar concretos nas idades de 7 dias, 14 dias, 28 dias e 56 dias quanto à variação
do módulo de elasticidade em função da resistência à compressão fazendo
correlação entre estas duas propriedades e estudar a influência dos agregados
graúdos utilizados em tais propriedades;
Comparar os valores obtidos com as equações das normas ABNT NBR 6118:2007,
ACI 318 (2011), EUROCODE 2 (2004) e FIB (2010).
Visando alcançar os objetivos propostos para este trabalho, neste primeiro capítulo foram
apresentadas a importância do tema e a justificativa do trabalho. Os demais capítulos são
apresentados como segue:
2. MÓDULO DE ELASTICIDADE DO
CONCRETO
O conceito de elasticidade foi formulado por Robert Hooke, físico inglês, cujos estudos
permitiram concluir que para alguns materiais, a força aplicada no sentido de alongamento
do objeto e a extensão dele até um determinado limite de solicitação se mantinham
proporcionais. Em 1802, Thomas Young foi o pioneiro a estabelecer o conceito de módulo
de elasticidade relacionando o comprimento de um objeto à tensão aplicada sobre o mesmo
(MONTIJA, 2007).
(equação 1)
Onde:
E é uma constante dependente da composição do material: módulo de elasticidade;
σ é tensão definida como o quociente da carga instantânea aplicada em direção
perpendicular e a área da seção reta original antes da aplicação da carga;
ε é a deformação específica definida como a relação entre a variação de comprimento em
um dado instante e o comprimento inicial do corpo de prova.
Essa teoria baseia-se no comportamento linear dos materiais, restrita a valores pequenos de
tensão aplicada. Percebeu-se que para níveis de tensão maiores do que 50% das tensões de
ruptura tal comportamento não era mais observado. Caso do concreto, cuja falta de
linearidade começa com valor muito aquém deste nível de tensão, aproximadamente 30%
da tensão de ruptura. Segue-se daí a preferência de alguns pesquisadores de utilizar a
nomenclatura “módulo de deformação” ao invés de “módulo de elasticidade”
(VASCONCELOS; GIAMMUSSO, 2009).
25
Figura 1 – Comportamento (a) elástico linear e (b) não linear dos materiais
(a) (b)
Como o termo elasticidade está associado à capacidade dos materiais retornarem à sua
forma e volume originais após a supressão das solicitações atuantes, segue que tal
propriedade depende da composição estrutural do material, das forças de ligação entre os
elementos que compõe a microestrutura do material (MONTIJA, 2007). Callister (2007)
explica que a deformação elástica microscópica apresenta-se na forma de pequenas
alterações no espaçamento interatômico e na extensão das ligações interatômicas. Segue-se
que o valor do módulo de elasticidade representa uma medida da resistência à separação
dos átomos adjacentes, ou seja, as forças de ligação entre os átomos. O módulo de
26
Na Figura 2, tem-se curvas força – separação para materiais que possuem tanto ligações
interatômicas fortes (maior coeficiente angular) quanto fracas com as respectivas
inclinações das curvas na distância de equilíbrio. No pico das curvas tem-se a quebra das
ligações e na sequência a separação dos átomos que demanda menos energia (MONTIJA,
2007). Vale ressaltar que se as ligações fossem aliviadas antes dos picos, as ligações
retornariam ao estágio de equilíbrio de energia inicial, ou seja, força igual a zero.
Desta forma, quando a força externa não possui amplitude tão alta, ocorrerá um pequeno
afastamento entre os átomos causando uma deformação que é reversível caracterizando a
resposta elástica do material. Do contrário, ocorre a deformação permanente, resultado da
ruptura das ligações intermoleculares, segue-se que tensão e deformação não são mais
proporcionais e a lei de Hooke não é mais válida.
Figura 2 - Relação da força em função da separação interatômica para átomos com ligações fracas e
com ligações fortes. A magnitude do módulo de elasticidade é proporcional à inclinação de cada
curva na posição de separação interatômica de equilíbrio
(equação 2)
Em materiais compostos, pode-se recorrer à regra das misturas para determinar o módulo,
considerando as propriedades elásticas dos constituintes do material e uma ligação
inalterada entre as fases da mistura (VOGT, 2006).
As relações tensão-deformação no concreto são muito complexas, visto que o concreto não
é um material totalmente elástico, além das deformações e restrições ao longo da peça de
concreto não serem uniformemente distribuídas. Entretanto, para cargas inferiores à 30 %
da carga última a curva σ-ε é linear, como efeito da estabilidade das fissuras na zona de
transição (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Segue que o concreto até este limite de carga
pode ser considerado um material elástico como é apresentado na Figura 3 com ciclos de
carregamento e descarregamento em ensaio para determinação do módulo de elasticidade
tangente inicial do concreto.
40
12
Tensão (MPa)
Tensão (MPa)
30
20
4
10
0 0
Fonte: Autora
Desta forma, Mehta e Monteiro (2008, p.87) explicam: “a deformação resultante da ação
de uma carga instantânea em um corpo de prova de concreto mostra não ser diretamente
proporcional à tensão aplicada, nem totalmente recuperada no descarregamento”
implicando não linearidade da relação σ-ε do concreto, que segundo Neville (1997) advêm
da presença da zona de transição entre agregado e pasta de cimento, que além de vazios,
apresenta concentração de hidróxido de cálcio, pouco resistente devido à área superficial
substancialmente menor que o silicato de cálcio hidratado, além das microfissuras, fatores
que influenciam o módulo de elasticidade.
Mesmo antes de receber carga o concreto já apresenta microfissuras que são intensificadas
durante a solicitação, culminando na ruptura do material. As deformações na zona de
transição entre o agregado graúdo e a matriz advêm das diferenças de módulo de
elasticidade entre eles implicando fissuras na zona de transição. A quantidade e a abertura
dessas fissuras dependerão da cura do concreto e da exsudação (MEHTA e MONTEIRO,
2008).
A evolução das fissuras implica redução da área efetiva, responsável por resistir às cargas
aplicadas, como conseqüência a tensão localizada passa a ser maior do que a tensão
nominal, desta forma a deformação aumenta a uma razão maior do que a tensão nominal
30
Para materiais homogêneos o módulo de elasticidade é uma medida das forças de ligação
interatômicas e não sofre influência de alterações microestruturais. Já em materiais
multifásicos heterogêneos como o concreto, a estimativa do módulo de elasticidade é mais
complexa, pois envolve diversos fatores que o influenciam tais como natureza, fração
volumétrica e características dos constituintes e que serão vistos adiante.
Segundo a norma ABNT NBR 6118: 2007 para a avaliação do comportamento de uma
peça ou seção transversal, é permitido adotar um módulo único, à tração e compressão,
igual ao módulo secante, Ecs. Já para o cálculo das perdas de protensão e na avaliação do
comportamento global da estrutura é recomendada a utilização em projeto do módulo
tangente inicial, Eci, por três razões principais: é adequado avaliar a rigidez a partir da
resistência à compressão média (fcm) para toda a estrutura; ocorrência de regiões da
estrutura onde as tensões são baixas, menores que 0,3fck; nas análises realizadas,
geralmente parte das ações é dinâmica de curta duração (vento, por exemplo), em que a
resposta do concreto é mais rígida, condizente ao Eci.
Convenciona-se uma tensão mínima ou deformação específica mínima a ser adotada para o
início do traçado da curva tensão-deformação, com o intuito de desprezar a influência da
perturbação inicial no início do processo (Figura 7), resultado de imperfeições dos corpos
33
3.5
2.5
Tensão (MPa)
1.5
0.5
Tem-se que a expressão do módulo de elasticidade pode ser aplicada somente à parte linear
da curva tensão-deformação, inexistindo tal condição deve-se traçar uma tangente à curva
na origem; definido como módulo de elasticidade inicial, entretanto com limitações
práticas.
34
Segundo ABNT NBR 8522:2008, o módulo de deformação estático para um material sob
compressão axial simples é determinado a partir da declividade da curva tensão-
deformação em corpos de prova cilíndricos sob carregamento uniaxial. O corpo de prova é
submetido a cargas crescentes e a cada incremento de carga mede-se a deformação
correspondente. Os tipos de módulo de deformação estático estão atrelados aos diferentes
planos de carga e são escolhidos de acordo com a finalidade do ensaio. Resumidamente, os
planos de carga podem ser:
cálcio hidratado C-S-H com aparência fibrosa, o hidróxido de cálcio Ca(OH)2 que se
cristalizam em placas hexagonais sobrepostas e a etringita (sulfoaluminato de cálcio) que
se cristalizam no início da hidratação e formam “agulhas”.
0.8
Fração hidratada
0.6
0.4
C2S
0.2 C3S
C3A
C4AF
0
1 10 100
Tempo (log)- dias
Melo Neto e Helene (2002) estudaram a influência da relação a/c e do consumo de cimento
no módulo de elasticidade do concreto. Eles comprovaram que a porosidade da matriz
influenciada pela relação água/cimento afeta a resistência individual da pasta de cimento
causando variações no módulo de elasticidade. A Figura 12 representa a influência da
relação água-cimento sobre o módulo de elasticidade do concreto.
39
E = 17,38 a/c-0.608
R2 = 0.96
26
22
20
18
16
E = 12,06 e0.0017 X
28 R2 = 0.99
Módulo de elasticidade (GPa)
24
20
16
12
E = (6*106) X-2.13
28 R2= 0.99
Módulo de elasticidade (GPa)
24
20
16
12
Simão et al. (2009) estudaram a influência dos tipos de cimento (CPII-F-32, CPIV-32 e
CPIII-40) nas propriedades mecânicas do concreto produzido com tais cimentos com
ênfase para o módulo de elasticidade. Ao comparar os concretos produzidos com tais
cimentos, concluíram que o módulo de elasticidade das amostras do grupo produzido com
cimento CPIV-32 tiveram uma redução de aproximadamente 10% em relação à média das
outras duas amostras aos 28 dias. As amostras com cimento CPIII-40 e CPII-F-32
apresentaram os mesmos níveis de resistência à deformação. Daí confirma-se a
importância da composição do cimento utilizado na produção do concreto para as
propriedades mecânicas do mesmo.
Há casos em que se recorre às adições minerais tais como a escória de alto forno,
pozolanas e calcário, visando melhorias ou acréscimo de certas propriedades ao cimento e
ao concreto. Segundo definição de Mehta e Monteiro (2008), as adições minerais são
materiais insolúveis e finamente moídos, originários de fontes naturais ou industriais
responsáveis por mudanças no comportamento reológico do concreto fresco e também no
estado endurecido, contudo seu efeito químico demanda tempo para que seja manifestado,
visto que as reações químicas são lentas.
41
A escória de alto forno é “obtida pela redução de minérios, constituídos por silicatos com
composição semelhante à dos silicatos do cimento que, embora inertes, na presença de cal
liberada pela hidratação do clínquer, se hidratam, comportando-se como cimentantes”
(GIAMMUSSO, 1992, p.38). Já as pozolanas são definidas como “materiais constituídos
na sua maior parte por sílica não cristalizada que reagem com a cal liberada na hidratação
do clínquer, tornando a pasta muito compacta, com melhores características de resistência
a certos agentes agressivos” GIAMMUSSO (1992, p. 38).
Contudo, Dal Molin (2005) ressalta que as características superiores da zona de transição
na presença de adições mineirais não causam uma melhora expressiva no módulo de
elasticidade do concreto, no qual as características do agregado passam a limitar o seu
desempenho. Segue que os aumentos nos níveis de resistência à compressão conseguidos a
partir da introdução de adições minerais não são refletidos com a mesma intensidade nos
valores do módulo de elasticidade, que aumenta de maneira menos significativa.
44 44
40 40
36 36
32 32
24 24
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Idade (dias) Idade (dias)
48
44
Módulo de elasticidade (GPa)
40
36
32
Escória 60 %
Escória 40 %
28 Escória 50 %
Referência
24
0 20 40 60 80 100
Idade (dias)
Pesquisas realizadas por Alves, Isaia,1995; Dal Molin,1995; Sellevold, 1987 (apud DAL
MOLIN, 2005) apontam que o módulo de elasticidade varia com a resistência à
compressão independente do teor de sílica ativa incorporado. Todavia, o aumento
43
percentual da resistência à compressão acontece em uma taxa em média três vezes superior
ao aumento percentual do módulo de elasticidade correspondente como pode ser visto na
Figura 16.
50
Módulo de elasticidade (GPa)
45
40
35
Sem adição
20 % sílica
30 10 % sílica
30 % sílica
25
6 8 10 12 14
Resistência à compressão (MPa)
Monteiro (1985 apud Kaefer, 2000) explica os caminhos das microfissuras em diferentes
idades para agregados reativos ou não. Quando o concreto é carregado nas primeiras
idades, as microfissuras tendem a se propagar na zona de transição devido à porosidade.
Com o avanço da hidratação da pasta de cimento a zona de transição é preenchida com os
46
Goldman e Bentur (1989 apud Pereira Neto e Djanikian, 1995) estudaram os efeitos da
adição de microssílica na zona de transição do concreto e constataram que ela se torna
menos porosa e não muito cristalizada como ocorre em concretos convencionais. O silicato
de cálcio hidratado tem contato direto com o agregado. A heterogeneidade da zona de
47
2.4.3 Agregado
Sbrighi Neto (2005) afirma que a crença de que a função do agregado era apenas de
enchimento, mesmo ocupando de 70 % a 80 % do volume em concretos convencionais,
perdurou no fim do século XIX e no início do século XX. Essa concepção foi alterada com
o aumento do uso do concreto e sua vasta aplicação evidenciando a importância técnica,
econômica e social dos agregados. A influência dos agregados nas propriedades físicas e
mecânicas do concreto foi estudada a partir da década de 50 quando surgiram diversos
problemas técnicos e econômicos advindos da seleção imprópria de agregados,
desconsiderando o ambiente e o uso da estrutura de concreto.
Mehta e Monteiro (2008) sugerem a seguinte divisão para o estudo das propriedades do
agregado com vistas nos fatores microestruturais e fatores relacionados ao processamento
que serão discutidos nos subitens a seguir:
vazios internos que podem provocar absorção de água pelo agregado” (MEHTA,
MONTEIRO, 2008, GIAMMUSSO,1992, p.32). A trabalhabilidade, principalmente a
consistência, pode ser afetada por essa característica, dado que se o agregado for
totalmente seco tenderá a absorver a água do concreto.
Segundo os autores, a forma da curva granulométrica pode ser: curva contínua, neste caso
apresenta partículas de todos os diâmetros intermediários de um valor mínimo a um valor
máximo. Pelo contrário, se faltar alguma fração intermediária, a curva é denominada
descontinua e apresenta um patamar horizontal na fração ausente. Quando a maioria das
partículas pertence a apenas uma fração granulométrica diz-se que a curva é uniforme. Na
Quanto maior a dimensão máxima característica do agregado, menor a área superficial por
unidade de volume a ser envolvida pela pasta de cimento para uma dada relação
água/cimento. Desta forma, os autores teorizam: o preço do cimento é 10 a 15 vezes maior
que o preço do agregado, qualquer alteração que viabilize a economia do cimento sem
alterar as propriedades requeridas, ou seja, trabalhabilidade e resistência são bem aceitas.
55
Ozkan e Yildrin (2010) ilustram na Figura 21, o efeito do diâmetro máximo dos agregados
no módulo de elasticidade. Aparentemente, a redução do tamanho do agregado máximo de
32 mm e 16 mm ou 8 mm não afeta substancialmente o módulo de elasticidade do
concreto. As misturas produzidas com um tamanho máximo total de 4 mm, no entanto, têm
menor módulo de elasticidade. Para um mesmo volume de conteúdo agregado, uma
diminuição no tamanho máximo global aumenta a superfície total dos agregados. Este
aumento na área total pode levar a maiores áreas de interface cimento-agregado, que é o
elo mais fraco em concreto. Como resultado da maior quantidade de interfaces, o módulo
de elasticidade do concreto obtido pode ser inferior.
40
Módulo de elasticidade (GPa)
30
20
10
d max = 4mm
d max = 8 mm
d max = 16 mm
d max = 32 mm
0
A partir de uma avaliação visual pode-se classificar a textura superficial definida pelo grau
de quanto a superfície do agregado é lisa ou áspera. Geralmente, as partículas lisas exigem
menos pasta para envolvimento, porém a resistência é menor, por exemplo os seixos
rolados possuem textura lisa e tendem a ter ligação mais fraca com a pasta
(GIAMMUSSO, 1992).
A forma e a textura superficial dos grãos dos agregados têm maior influência sobre as
propriedade do concreto fresco. A pasta de cimento, que constituí a parte mais cara do
57
concreto, deve ser suficiente para envolver todas as partículas do agregado e preencher os
vazios existentes entre elas. Assim as partículas com textura áspera, angulosas e alongadas
demandam mais pasta de cimento para produzir concretos trabalháveis, elevando o custo
(MEHTA, MONTEIRO, 2008, GIAMMUSSSO, 1992).
60
Módulo de elasticidade
50
40
basalto
30
(GPa)
granito
20
gnaisse
10
0 calcário
0,4 0,5 0,3 0,25
Relação a/c
Módulo de elasticidade
50
40
basalto
(GPa)
30
granito
20
gnaisse
10
calcário
0
0,4 0,5 0,3 0,25
Relação a/c
Já os estudos realizados por Kliszewic e Ajdukiewicz (2002 apud SHEHATA, 2005) com
diferentes tipos de agregado graúdo, atestaram que o módulo de elasticidade é maior em
concretos produzidos com agregado do tipo basalto se comparado aos concretos
produzidos com agregados de granito.
Neville (1997) explica que para concretos com relação água/cimento menores que 0,4,
aqueles que utilizaram o agregado britado apresentaram resistências até 38% maiores do
que o seixo. Contudo, com o aumento da relação água/cimento a influência do agregado
diminui, pois a influência da resistência da pasta de cimento hidratada sobrepõe ao tipo de
agregado.
50
48
44
42
Calcário
Quartzo
40
Basalto
Dolomito
38
Figura 26 - Valores do módulo de elasticidade para concretos produzidos com agregado de basalto,
calcário e granito nas idades de 3 dias e 7 dias
30
Módulo de elasticidade
25
20
(GPa)
15
3 dias
10
7 dias
5
0
basalto calcário granito
Agregados
Pompeo Neto, Oliveira, Ramos (2011) estudaram os efeitos do tipo, tamanho e teor de
agregado graúdo no módulo de elasticidade do concreto de alta resistência. Como
apresentado anteriormente, as propriedades do concreto dependem das propriedades de
cada fase do concreto: matriz da pasta de cimento, agregados e zona de transição. A
diferença entre os módulos de elasticidade do agregado e da matriz da pasta de cimento
gera concentração de tensões culminando na formação de fissuras no concreto. Rossignolo
(2009) afirma que concretos dosados com agregados leves devido à proximidade entre os
valores do módulo de elasticidade da argamassa e destes agregados, se comparado com os
agregados convencionais, ocorre uma melhora no comportamento elástico do concreto,
aumentando o trecho linear da curva tensão-deformação. Contudo, a redução do módulo de
elasticidade pode atingir até 50% com a substituição dos agregados. Foram utilizados dois
tipos de agregados – origem basáltica e granítica – com dimensão máxima característica de
19 mm e 9,5 mm respectivamente.
De acordo com Pompeo Neto, Oliveira, Ramos (2011) a dimensão máxima característica,
natureza do agregado e teor de agregado influenciam o módulo de elasticidade. Tal
constatação é justificada pelo fato de que alteram a microfissuração na zona de transição e,
por conseguinte a forma da curva tensão – deformação.
E = 52,30 X-0.52
R2 = 0.97
28
20
16
12
3 4 5 6 7
Teor de agregados
Fonte: Adaptado de Melo Neto; Helene (2002)
E = 2,33 X1.40
R2 = 0.99
28
Módulo de elasticidade (GPa)
24
20
16
12
3 4 5 6 7
Teor de agregados
Fonte: Adaptado de Melo Neto; Helene (2002)
Figura 29 - Fração volumétrica versus módulo de elasticidade para compósitos com relação a/c
=0,286 e 0,292, respectivamente.
55 55
35 35
30 30
25 25
20 20
0 0.1 0.2 0.3 0 0.1 0.2 0.3
Fração volumétrica Fração volumétrica
Para Li et al. (1999) a redução na relação água/cimento é o meio mais eficaz para o
aumento do módulo de elasticidade do concreto, se comparado a aumentar o módulo de
elasticidade do agregado, por exemplo. Aumentar a fração volumétrica de agregados ou
reduzir a espessura da zona de transição utilizando-se agregados densamente graduados,
incorporando sílica ativa e reduzir a relação água/cimento são meios efetivos de aumentar
o módulo de elasticidade do concreto.
65
Figura 30 - Fração volumétrica versus módulo de elasticidade para compósitos com agregado
graúdo de aço variando-se a relação água/cimento
55
a/c = 0,315
50
a/c = 0,294
a/c = 0,286
40
35
30
25
20
0 0.1 0.2 0.3
Fração volumétrica
Segundo Mehta e Monteiro (2008), corpos de prova de concreto que são ensaiados em
condições úmidas apresentam módulo de elasticidade 15 % mais alto do que corpos de
prova ensaiados em condição seca, sendo este resultado independente das dosagens ou do
tempo de cura. Neville (1997) ilustra este fato na Figura 31. A secagem surte efeitos
opostos para o módulo de elasticidade e resistência à compressão. Enquanto o primeiro é
reduzido pela ocorrência de microfissurações na zona de transição, a resistência aumenta
como conseqüência das forças de atração nos produtos de hidratação.
66
21
14
10.5
7
5 seg
25 seg
3.5
2 min
10 min a 20 min
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Deformação (x10-6)
Segundo Neville (1982, apud Pacheco, 2006) alguns aspectos da curva tensão deformação
derivam das propriedades dos equipamentos utilizados na realização do ensaio e não
condizem com as propriedades intrínsecas do material, são exemplos: medição das
deformações pelo uso de extensômetros colados no corpo de prova que podem se
desprender em virtude das fissuras na superfície, efeito do confinamento causado pela
máquina nos topos do corpo de prova entre outros.
68
Figura 34 – (a) Clip gage; (b) strain gages e (c) strain gages colados à superfície do corpo de
prova para leitura das deformações tranversais e longitudinais.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autora
70
3. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO
CONCRETO
3.1 INTRODUÇÃO
(equação 3)
Onde:
- resistência do concreto;
e - constantes empíricas;
– relação água/cimento.
Na Figura 35, é mostrada a forma geral da curva que representa a dependência entre a
relação água/cimento e a resistência à compressão do concreto.
72
Segundo Mehta e Monteiro (2008), a relação a/c- resistência no concreto é explicada com
base no enfraquecimento da matriz da pasta de cimento que ocorre à medida que a relação
a/c é aumentada e consequentemente a porosidade da matriz. Entretanto, deve-se
considerar a influência da relação água/cimento na resistência da zona de transição, pois
em concretos de baixa e média resistência as porosidades da zona de transição e matriz da
pasta de cimento são fatores determinantes na resistência.
A seleção dos materiais antes da mistura do concreto é de suma importância para alcançar
a resistência à compressão requerida. Neste subitem são apresentadas e discutidas as
características e proporções dos materiais que influenciam a resistência do concreto, sendo
dividido nas seguintes partes:
74
O cimento Portland é um cimento hidráulico, ou seja, endurece pela reação com a água e
também originam um produto resistente à água, produzido pela moagem do clinquer,
resultado da calcinação a aproximadamente 1450 ºC de uma mistura de calcário e argila,
constituídos basicamente por silicatos de cálcio hidráulicos e uma pequena quantidade de
sulfato de cálcio (KIHARA; CENTURIONE, 2005).
Castro et al. (2011) explicam que no caso do cimento Portland, a evolução da resistência
com o tempo depende não só da composição química, mas também da granulometria (área
superficial) de suas partículas. Fixando uma relação a/c, a redução do tamanho médio das
partículas acelera a hidratação, o que implica melhores propriedades e maiores resistências
em idades iniciais.
75
Tabela 3 – Resistência média do concreto em MPa em função da relação a/c para vários
tipos de cimentos
A textura tem impacto maior sob a resistência nas primeiras idades, pois comparando-se
concretos produzidos com agregado de textura rugosa ou britado aos produzidos com
agregados lisos, os primeiros apresentam uma resistência maior nas primeiras idades,
devido a uma ligação mais forte entre o agregado de textura rugosa ou britado com a pasta
de cimento endurecida. Em idades avançadas, a interação química entre o agregado e a
pasta de cimento supera o efeito da textura superficial do agregado (MEHTA;
MONTEIRO, 2008).
Neville (1997) ilustra um dos casos anteriores e afirma: o aumento da dimensão máxima
característica do agregado até 38,1mm reduz o consumo de água, de modo que, para uma
mesma trabalhabilidade e o mesmo teor de cimento haverá um aumento da resistência à
compressão. Apresenta-se na Figura 38, gráfico com curvas de consumo de cimento para
aresistência à compressão, em função do tamanho máximo do agregado.
Segundo Neville (1997), a resistência do concreto (fc) é influenciada pelo teor de agregado,
nos concretos com pastas de cimento iguais. Quando este teor de agregado está no
intervalo de 0% a 20% (ver Figura 39) o valor de fc diminui; já no intervalo de 40% a
80%, há um aumento de fc.
40
Resistência à compressão (MPa)
35
30
25
20
15
0 20 40 60 80
Volume de agregado (%)
28 dias
40
Resistência à compressão (MPa)
30
20 7 dias
3 dias
10
1 dia
0
0.4 0.5 0.6 0.7
Relação a/c
3.2.2.2 Umidade
40
20
0 40 80 120 160 200
Idade (dias)
3.2.2.3 Temperatura
29ºC 13ºC
4ºC
60
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30
Idade (dias)
10ºC
21ºC
Resistência à compressão (MPa)
40 29ºC
38ºC
46ºC
30
20
10
0 40 80 120 160 200
Idade (dias)
moldagem do corpo de prova, umidade do corpo de prova e máquina de ensaio, que serão
apresentados a seguir.
Neville (1997) apresenta o efeito das dimensões do corpo de prova na Figura 44. Para h/d
menor que 1,5, a resistência obtida aumenta rapidamente devido ao efeito da restrição dos
pratos da prensa de ensaio. Quando h/dvaria entre 1,5 e 4,0 a resistência é pouco afetada, e
quando h/d se situar entre 1,5 e 2,5 a resistência não difere em mais que 5% do valor
obtido como corpo de prova padrão (h/d=2). Para valores de h/d maiores que 5, a
resistência cai mais rapidamente, evidenciando-se o efeito da esbeltez.
A escolha da relação h/d = 2 é justificada pelo fato de eliminar o efeito dos topos e também
porque o valor de resistência obtida não é, significativamente, influenciado por um
pequeno afastamento dessa proporção.
160
Resistência do corpo-de-prova
com H/D=2 em %
140
120
100
80
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
H/D razão da altura pelo diâmetro
do corpo-de-prova
Na Figura 45, são mostrados resultados de experiências feitas por diversos pesquisadores e
pode-se notar que, aumentando a velocidade de aplicação de carga de 0,04 MPa/min para
4 x 106 MPa/min, a resistência aparente do concreto é dobrada (NEVILLE, 1997).
Esta constatação não foi confirmada por Evans (apud NEVILLE, 1997) que concluiu que
a velocidade abaixo de 4 x 103 MPa/min não tem influência alguma sobre a resistência
aparente.
A resistência do concreto aumenta com a secagem dos corpos de prova, devido ao aumento
das forças de atração de Van der Waals nos produtos de hidratação. A influência
qualitativa da secagem é variável: com um concreto de 34 MPa, já foi observado um
aumento de até 10% com secagem total, mas se o período de secagem for menor que 6
horas, o aumento será, em geral, menor que 5% (MEHTA; MONTEIRO, 2008;
NEVILLE, 1997).
Para cálculos estruturais geralmente recorre-se a expressões empíricas pelas quais a partir
dos valores de resistência à compressão fornecem dados estimativos do valor do módulo.
Tais expressões presumem a dependência direta entre o módulo de elasticidade, a
resistência à compressão e a densidade do concreto, proveniente da influência da
porosidade e das fases constituintes do concreto nas propriedades citadas, embora o grau
de influência seja distinto. Contudo, tal premissa é válida somente para materiais
homogêneos, que não é o caso do concreto. Visando a aproximação dos dados obtidos de
85
tais expressões para o módulo de elasticidade aos dados experimentais é fundamental que
se considere a influência dos fatores discutidos anteriormente: fração volumétrica,
densidade e módulo de elasticidade de cada fase (agregado e matriz) e características da
zona de transição (CASTRO et al. 2011).
Para Melo Neto e Helene (2002), os modelos propostos pelas normas não são capazes de
determinar com exatidão o módulo de elasticidade do concreto em função da resistência e
do tipo de agregado, fornecendo aproximações dos valores reais. Ainda segundo os
pesquisadores, o estudo prévio do concreto a se utilizado permite realizar uma correlação
entre o módulo de elasticidade e resistência à compressão apropriada para o concreto em
questão.
Helene e Andrade (2010) explicam que existem tentativas de abranger outros parâmetros
com fatores de correção vinculados à natureza do agregado graúdo e a consistência do
concreto fresco. Contudo, deve-se atentar ao fato de que o módulo de elasticidade real nas
estruturas depende da qualidade do adensamento do concreto, teor de pasta e da qualidade
dos agregados disponíveis.
86
A norma ABNT 6118:2007 recomenda que o módulo de elasticidade deve ser obtido
segundo a norma ABNT NBR 8522:2008, que considera o módulo tangente inicial a 30%
da resistência última do concreto, obtida através de dois corpos de prova ensaiados
previamente e pertencentes a mesma betonada. Entretanto, na inexistência de dados
experimentais aos 28 dias de idade é recomendado utilizar a equação para estimativa do
módulo de elasticidade tangente inicial,
(equação 4)
(equação 6)
Onde:
é o índice de correção do módulo do concreto em função da natureza do agregado
(Tabela 4);
87
(equação 7)
Onde:
é o módulo de elasticidade em MPa do concreto na idade de 28 dias
(ver Tabela 6)
88
Tipo de
agregado (MPa)
Basalto 1,2 25800
Quartzo 1 21500
Calcário 0,9 19400
Arenito 0,7 15100
(equação 8)
A equação proposta pelo ACI 318:2011 para representar o módulo secante, Ecs do
concreto correlaciona além da resistência à compressão, a massa específica do concreto
( ) com o módulo de elasticidade, visto que quanto mais denso um sólido, mais rígido e
resistente à deformação ele será.
(equação 9)
é o módulo secante definido como a inclinação da reta que passa pela origem do
Para concretos normais, com massa específica de um concreto convencional, adota-se uma
expressão simplificada
89
O ACI ressalta que o valor obtido através dessas equações podem variar de 120% a 80%,
dependendo do tipo de agregado utilizado no concreto. Considerando a equação
(equação 12)
Onde:
é o módulo de deformação secante, entre os pontos de tensão 0 e 0,4fcm aos 28 dias em
MPa
é a resistência média em MPa
para calcário;
para basalto;
(equação 13)
90
4. PROGRAMA EXPERIMENTAL:
MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 INTRODUÇÃO
Nos capítulos anteriores, buscou-se realizar uma revisão bibliográfica sobre os parâmetros
que influenciam a resistência à compressão (fc) e o módulo de elasticidade (Eci). A
resistência à compressão do concreto foi abordada tendo em vista que os modelos
propostos em normas estimam o módulo de elasticidade a partir dos valores obtidos para a
resistência à compressão do concreto.
Fonte: Autora
92
4.3 PARÂMETROS
Para a moldagem dos corpos de prova cilíndricos (10 cm x 20 cm) de concreto conforme
prescrições da ABNT NBR 5738:2008 foram empregados os seguintes materiais que serão
apresentados nos subitens a seguir:
Vale ressaltar que o abatimento de tronco de cone não foi fixado, visto que a variável de
controle foi a resistência à compressão previamente definida.
A escolha dos parâmetros citados anteriormente está fundamentada nos fatores que serão
descritos a seguir. Primeiramente, a influência da porosidade da matriz da pasta de
cimento e da zona de transição no módulo de elasticidade pôde ser estudada variando-se a
relação água/cimento.
93
Os valores de relação a/c 0,53, 0,45 e 0,35 foram determinados de modo que fossem
atingidos os valores de resistência à compressão característica propostos, a saber, 20 MPa,
30 MPa e 40 MPa.
4.4.1 Cimento
O cimento CP II-E-32 foi usado para a produção dos concretos por ser muito utilizado na
região do Triângulo Mineiro. Sua composição de 6% a 34% de escória granulada de alto
forno. As escórias de alto-forno são obtidas durante a produção de ferro-gusa nas indústrias
siderúrgicas e se assemelham aos grãos de areia. Possuem a propriedade de ligante
hidráulico muito resistente, ou seja, que reagem em presença de água, desenvolvendo
características aglomerantes de forma muito semelhante à do clínquer. A composição
química é essencialmente silicatos e aluminossilicatos de cálcio. A Tabela 7 apresenta as
características físicas do cimento.
94
Utilizou-se como agregado miúdo a areia natural quartzosa, comumente utilizada na região
do Triângulo Mineiro cuja caracterização é apresentada na Tabela 8. No caso da areia foi
usado um único lote para todo o estudo.
Agregado miúdo
Valores
Ensaios realizados Resultados
permitidos
Massa específica (g/cm³) 2,63 --
Massa unitária (g/cm³) 1,34 --
Dimensão máxima (mm) 4,75 --
Módulo de finura 2,53 --
≤ 3,0%
Teor de materiais pulverulentos (%) 3,65
(NBR 7211)
Absorção de água (%) 1,22 --
≤ 3,0%
Teor de argila em torrões (%) 0,15
(NBR 7211)
Com dimensão máxima característica de 4,75 mm e módulo de finura igual a 2,53 (ABNT
NBR 7211:2009), esta areia é classificada comercialmente como areia média. Percebe-se
também que o teor de argila satisfaz o critério normativo, entretanto o teor de material
95
resultados ensaios
Limites zona utilizável
Limites zona ótima
80
Porcentagem acumulada (%)
60
40
20
0
2 4 6 8 10
Abertura das peneiras (mm)
Para o estudo, foram selecionados dois tipos de agregados: basalto e dolomito obtidos de
Uberlândia, Uberaba e Patos de Minas/MG. As cidades de Uberlândia e Uberaba estão
localizadas na Bacia do Paraná e Patos de Minas pertence à Província de Tocantins (Figura
48).
96
Figura 48 – (a) Localização das cidades onde foram extraídos os agregados graúdos
utilizados no estudo; (b) Representação esquemática do mapa geológico de Minas Gerais;
(c) Localização geográfica de Minas Gerais
(a)
(b) (c)
Com o intuído de caracterizar as rochas das quais foram extraídos os agregados, foram
recolhidos vários blocos das respectivas jazidas, conforme as imagens da Figura 49 (a) e
(b).
97
(a) (b)
Fonte: Autora
Para a obtenção das propriedades das rochas o planejamento foi extrair testemunhos
(5cmx10cm) para ensaio de resistência à compressão e módulo de elasticidade. Entretanto,
as amostras apresentaram fissuras facilmente percepitíveis (Figura 50 (b)).
(a) (b)
Fonte: Autora
Verificou-se também, que algumas das rochas apresentavam fissuras em vários blocos
analisados no próprio local da retirada.
Durante a extração, ilustrada pela Figura 51, a maioria dos testemunhos não atingiu a altura
esperada (10 cm) visto que a presença de fissuras internas nas amostras favoreceu a ruptura
nesses pontos. Tais fissuras apresentam-se como caminhos preferenciais de ruptura durante
a britagem da rocha e por apresentarem dimensões menores se comparada aos
98
testemunhos, estes defeitos não permanecem nos agregados graúdos. Como comprovado
através da caracterização dos agregados graúdos pode-se afirmar que a brita extraída de
tais rochas é de boa qualidade.
(a) (b)
Fonte: Autora
Figura 52 - Testemunhos extraídos das rochas: (a) BA- UDIA; (b) BA- UBERA; (c) DO-PA;
(d) BA-UBERA e BA-UDIA; (e) DO-PA; BA-UDIA; BA-UBERA
(a) (b)
99
(c)
(d)
(e)
Fonte: Autora
100
Devido aos problemas encontrados nos testemunhos, a caracterização da rocha não foi
efetuada, tomando-se para efeito deste trabalho, a caracterização desses agregados graúdos
apresentada a seguir.
Agregado graúdo
Valores Método de
Ensaios realizados Resultados
permitidos ensaio
Massa específica (g/cm³) 2,84 -- NBR NM 53
Massa unitária (g/cm³) 1,53 -- NBR NM 45
Dimensão máxima (mm) 19 -- NBR NM 248
Módulo de finura 6,98 -- NBR NM 248
Teor de materiais pulverulentos
0,77 ≤ 1,0% (NBR 7211) NBR NM 46
(%)
100
80
Porcentagem retida acumulada (%)
60
40
20
Uberlândia
Limite inferior NBR 7211
Limite superior NBR 7211
0
0 5 10 15 20 25
Abertura das peneiras (mm)
101
Agregado graúdo
Valores Método de
Ensaios realizados Resultados
permitidos ensaio
Massa específica (g/cm³) 2,69 -- NBR NM 53
Massa unitária (g/cm³) 1,42 -- NBR NM 45
Dimensão máxima (mm) 19 -- NBR NM 248
Módulo de finura 6,96 -- NBR NM 248
Teor de materiais pulverulentos
0,33 ≤ 1,0% (NBR 7211) NBR NM 46
(%)
80
Porcentagem retida acumulada (%)
60
40
20
Patos de Minas
Limite inferior NBR 7211
Limite superior NBR 7211
0
0 5 10 15 20 25
Abertura das peneiras (mm)
Agregado graúdo
Valores Método de
Ensaios realizados Resultados
permitidos ensaio
Massa específica (g/cm³) 2,90 -- NBR NM 53
Massa unitária (g/cm³) 1,53 -- NBR NM 45
Dimensão máxima (mm) 19 -- NBR NM 248
Módulo de finura 7,73 -- NBR NM 248
Teor de materiais pulverulentos
0,52 ≤ 1,0% (NBR 7211) NBR NM 46
(%)
100
80
Porcentagem retida acumulada (%)
60
40
20
Uberaba
Limite inferior NBR 7211
Limite superior NBR 7211
0
0 5 10 15 20 25
Abertura das peneiras (mm)
4.4.4 Aditivo
Traços
Componentes C20 C30 C40
Traço em massa 1:2,5:3,5:0,53 1:2:3:0,43 1:1,5:2,5:0,35
Consumo de UDIA PA UBERA UDIA PA UBERA UDIA PA UBERA
cimento 329 322 332 389 380 392 470 459 474
Antes da pesagem dos materiais para a produção de cada traço, o teor de umidade da areia
foi calculado e com este valor corrigiu-se a quantidade de água da mistura. Logo após foi
feita a pesagem dos materiais (cimento, areia, agregado graúdo e água) em uma balança
104
eletrônica. A quantidade de aditivo foi medida em um béquer graduado. Para cada traço
foram produzidos 130 litros de concreto aproximadamente.
Na Figura 56 (a), apresenta-se a superfície do concreto com teor ideal de argamassa, após
nivelamento com auxílio da colher de pedreiro. Percebe-se que a superfície é compacta,
sem vazios e não se apresenta áspera. Em (b) é notável a coesão da mistura.
Fonte: Autora
Uma parte da mistura era então retirada para a realização do ensaio de abatimento do
tronco de cone, ABNT NBR NM 67:1998 e determinação da massa específica do concreto
no estado fresco, ABNT NBR NM 56:1996. Após a determinação do abatimento e massa
específica, o material foi inserido na betoneira e misturado por cerca de 2 minutos.
105
Fonte: Autora
Para determinação da massa específica no estado fresco seguiu-se a norma ABNT NBR
NM 56:1996 que recomenda o uso de um recipiente metálico com capacidade mínima de
15 dm³, que deve ser preenchido com três camadas adensadas com 25 golpes. A superfície
deve ser rasada após o término da compactação (Figura 58). A massa específica é obtida
pela razão entre a massa do concreto pelo volume conhecido do recipiente.
106
Figura 58- Pesagem do recipiente preenchido com concreto para determinação da massa específica
Fonte: Autora
Para a execução dos ensaios foram utilizados corpos de prova cilíndricos de dimensões 10
cm x 20 cm. Para cada traço foram moldados 51 corpos de prova. O adensamento do
concreto foi feito de forma manual, em duas camadas e 15 golpes por camada, de acordo
com ABNT NBR 5738:2008. O acabamento da face superior dos corpos de prova foi feito
com colher de pedreiro.
Fonte: Autora
107
Até 24 horas após a moldagem dos corpos de prova, estes foram mantidos em câmara
úmida e logo após transferido para um tanque (Figura 60), onde permaneceram submersos
até a data de realização de cada ensaio.
Fonte: Autora
Fonte: Autora
A regularização das faces de aplicação de carga dos corpos de prova (base e topo) foi feita
com enxofre de acordo com o prescrito pela ABNT NBR 5738:2008. O diâmetro utilizado
para o cálculo da área da seção transversal foi determinado, com exatidão de ± 0,1 mm,
pela média de dois diâmetros, medidos ortogonalmente na metade da altura do corpo de
prova.
109
Figura 62 – Regularização das faces dos corpos de prova, capeamento feito com enxofre.
Fonte: Autora
Fonte: Autora
Durante o ensaio, a carga foi aplicada continuamente e sem choques, com velocidade de
carregamento constante de (0,45 ± 0,15) MPa/s.
ensaio nos resultados é atenuada com o uso da instrumentação clip gage, principalmente
em relação aos procedimentos do operador, pois não precisa realizar nenhum tratamento
superficial nos corpos de prova ( no caso dos strain gages) ou posicionar e aparafusar o
instrumento (compressômetro).
Assim como no trabalho de DeMarchi (2011), optou-se por utilizar a instrumentação clip
gage devido a menor influência deste instrumento no resultado do ensaio.
Figura 64 – (a) Clip gages; (b) Clip gages posicionados no corpo de prova
(a) (b)
Fonte: Autora
Montija (2007) ressalta que os clip gages utilizam variações da aplicação dos strain gages
colados ou de superfície. Os strain gages são colados nas faces superior e inferior da
lâmina metálica de ancoragem no corpo de prova e a deformação correspondente ao
deslocamento vertical da extremidade da lâmina em balanço será obtida através da
deformação dos strain gages. Almeida (2004 apud MONTIJA, 2007) ilustra o
funcionamento dos clip gages na Figura 65.
111
Antes da realização dos ensaios, o diâmetro e a altura dos corpos de prova devem ser
determinados com 0,1 mm de precisão.
Os corpos de prova devem ser cilíndricos, com 150 mm de diâmetro e 300 mm de altura,
respeitando a proporção l/d=2. Para corpos de prova moldados, o diâmetro d, deve ser no
mínimo quatro vezes o tamanho máximo nominal do agregado graúdo do concreto.
Dos 5 corpos de prova necessários para o ensaio do módulo de elasticidade, em dois corpos
de prova devem ser determinada a resistência à compressão de acordo com ABNT NBR
5739:2007, para determinar o nível de carregamento a ser aplicado no ensaio de módulo.
Este nível de tensão deve ser mantido por 60 s. Em seguida deve-se reduzir a carga à
mesma velocidade do processo de carregamento até o nível da tensão básica (σa= 0,5±0,1
MPa). Devem ser realizados mais dois ciclos de pré-carga adicionais, obedecendo às
mesmas velocidades de carga e descarga e mantendo as tensões extremas (σa e σb)
constantes, alternadamente, durante 60 s cada.
Figura 66 – Plano de carga para obtenção do módulo de elasticidade tangente inicial Eci –
Metodologia A - Tensão σa fixa
Leitura εb
εb
Fonte: Adaptado de ABNT NBR 8522:2008
Leitura εa
(equação 14)
5.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo serão apresentados e analisados os resultados dos ensaios das propriedades
mecânicas dos concretos produzidos. Primeiramente, serão apresentados os resultados dos
ensaios realizados para caracterização do concreto fresco, a saber, abatimento de tronco de
cone e massa específica. Posteriormente, serão apresentados e analisados os resultados de
resistência à compressão, módulo de elasticidade dos concretos produzidos com o basalto
(Uberlândia e Uberaba) e dolomito (Patos de Minas) comparando a evolução destas
propriedades com a idade para os traços C20, C30 e C40. Em seguida, será feito um estudo
comparativo dos valores obtidos experimentalmente com os valores estimados através das
equações propostas pelas normas citadas anteriormente para o módulo de elasticidade. No
apêndice serão apresentados os resultados da resistência à tração por compressão diametral
e do coeficiente de Poisson.
Nota-se que houve uma grande variação entre os concretos devido aos superplastificantes
empregados. Em algumas betonadas o superplastificante estava com prazo próximo ao
vencimento e a eficiência foi diferente levando a necessidade de colocação de um adicional
que, em alguns casos ultrapassou o necessário. Porém, os traços seguiram os especificados.
As duas propriedades do concreto endurecido que serão abordadas neste item serão
resistência à compressão e o módulo de elasticidade. Como já mencionado, o interesse na
resistência à compressão é a correlação com o modulo de elasticidade.
50
C20-BA-UDIA
C30-BA-UDIA
C40-BA-UDIA
40
30
20
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
116
(equação 15)
Onde:
1.05
1
fcmj/fc28 dias
0.95
0.9
0.85
C20-BA-UDIA
C30-BA-UDIA
0.8 C40-BA-UDIA
NBR 6118 (2007)
0.75
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
Figura 69- Evolução do módulo de elasticidade ao longo do tempo para os concretos produzidos
com basalto
60
40
C20-BA-UDIA
C30-BA-UDIA
C40-BA-UDIA
30
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
A evolução do módulo de elasticidade com o tempo pode ser estimada pela equação
proposta pelo FIB Model Code 2010. Tal equação é dada por:
(equação 16)
Onde:
1.05
Ecmj/Ec28 dias
0.95
0.9
C20-BA-UDIA
0.85 C30-BA-UDIA
C40-BA-UDIA
FIB (2010)
0.8
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
120
60
Resistência à compressão (MPa)
50
C20-DO-PA
C30-DO-PA
40 C40-DO-PA
30
20
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
121
1.05
1
fcmj/fc28 dias
0.95
0.9
0.85
0.75
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
50
40
C20-DO-PA
C30-DO-PA
C40-DO-PA
30
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
1.05
Ecmj/Ec28 dias 1
0.95
0.9
C20-DO-PA
C30-DO-PA
0.85 C40-DO-PA
FIB (2010)
0.8
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
40
30 C20-BA-UBERA
C30-BA-UBERA
C40-BA-UBERA
20
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
1.05
1
fcmj/fc28 dias
0.95
0.9
0.85
0.75
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
Figura 77- Evolução do módulo de elasticidade ao longo do tempo para os concretos produzidos
com basalto
60
40
C20-BA-UBERA
C30-BA-UBERA
C40-BA-UBERA
30
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
1.05
Ecmj/Ec28 dias
0.95
0.9
C20-BA-UBERA
0.85 C30-BA-UBERA
C40-BA-UBERA
FIB (2010)
0.8
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
127
O ganho de resistência à compressão dos 7 aos 56 dias para o traço C30-BA-UBERA foi
de 26,97%, para o traço C30-BA-UDIA foi de 12,63% e o traço C30-DO-PA apresentou
um ganho neste período de 14,39%.
O ganho de resistência à compressão dos 7 aos 56 dias para o traço C40-BA-UDIA foi de
20,97% e para o traço C40-BA-UBERA foi de 5,96% e o traço C30-DO-PA apresentou um
ganho neste período de 4,37%.
40
Ganho percentual de fc de 7 a 56 dias
35
30
25
20 C20
15 C30
10 C40
5
0
BA- UDIA BA-UBERA DO-PA
Agregado- Cidade
56 dias, 11,67% em média. Para os concretos produzidos com agregado basáltico, exceto
para a classe C40, o concreto produzido com basalto extraído de Uberaba apresentou maior
ganho de resistência com o tempo, em média 31,58 %.
1.05
Resistência à compressão (MPa)
50
1
fcmj/fc28 dias
0.95
40
0.9
0.85
30
0.8
20 0.75
0 7 14 21 28 35 42 49 56 0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias) Idade (dias)
C20-BA-UDIA C20-BA-UDIA
C20-DO-PA C20-DO-PA
C20-BA-UBERA C20-BA-UBERA
C30-BA-UDIA C30-BA-UDIA
C30-DO-PA C30-DO-PA
C30-BA-UBERA C30-BA-UBERA
C40-BA-UDIA C40-BA-UDIA
C40-DO-PA C40-DO-PA
C40-BA-UBERA C40-BA-UBERA
NBR 6118 (2007)
A equação 20 proposta pela ABNT NBR 6118:2007 para avaliação do ganho de resistência
à compressão com o tempo se mostrou segura até os 28 dias, exceto para o traço C20-BA-
UBERA. Após essa idade, os valores da norma foram superiores para a resistência à
compressão, exceto para o concreto C30-BA-UBERA. Alhadas (2009) confirmou a boa
aproximação da curva proposta pela norma brasileira aos dados experimentais até os 28
dias.
Tabela 23 - Resultados do ensaio de módulo de elasticidade dos concretos produzidos com basalto
e dolomito
Traço Módulo de elasticidade (GPa)
7 dias 14 dias 28 dias 56 dias
C20-BA-UDIA Eci 31,3 32,4 35,06 37,77
C20-DO-PA Eci 36,35 36,98 37,24 37,68
C20-BA-UBERA Eci 36,50 42,32 42,38 43,02
C30-BA-UDIA Eci 38,39 39,47 40,96 43,65
C30-DO-PA Eci 40,08 39,90 41,50 42
C30-BA-UBERA Eci 40,65 42,35 43,17 46,40
C40-BA-UDIA Eci 46,72 46,13 52,80 52,73
C40-DO-PA Eci 48,97 48,53 52,45 53,38
C40-BA-UBERA Eci 45,26 45,72 53,70 56,72
O comportamento dos concretos produzidos com basalto foi similar, visto que o ganho de
módulo de elasticidade dos 7 dias aos 56 dias para o traço C30-BA-UDIA foi de 13,7% e
para o traço C30-BA-UBERA foi de 14,14% e o traço C30-DO-PA apresentou um ganho
neste período de 4,79%.
O ganho de módulo de elasticidade dos 7 dias aos 56 dias para o traço C40-BA-UDIA foi
de 12,86% e para o traço C40-BA-UBERA foi de 25,32% e o traço C40-DO-PA
apresentou um ganho neste período de 9,00%. Os ganhos percentuais do módulo de
elasticidade no período estudado são apresentados na Figura 81.
131
30
20
15 C20
C30
10
C40
5
0
BA- UDIA BA-UBERA DO-PA
Agregado- Cidade
Este fato reforça a teoria de que quanto maior a resistência do concreto, maior a influência
do tipo de agregado no módulo de elasticidade. O agregado basáltico extraído de Uberaba
possui maior massa específica se comparado ao basalto de Uberlândia, para o concreto
C20, a pasta de cimento, mais enfraquecida por ser mais porosa foi determinante na
diferença entre os módulos dos concretos produzidos com tais agregados e sobrepôs-se ao
efeito do agregado; já para os concretos da classe C30, o ganho foi praticamente o mesmo
e para o traço C40 os concretos produzidos com agregado extraído de Uberaba
apresentaram o dobro de ganho se comparados aos produzidos com agregado de
Uberlândia, ou seja, a matriz menos porosa, resultado de uma relação a/c baixa propiciou a
transferência de esforços para o agregado, cuja densidade contribui para a rigidez do
compósito.
os valores para os traços produzidos com dolomito foram superestimados pela norma citada e o
traço C40-BA-UDIA.
1.05
Módulo de elasticidade (GPa)
Ecmj/Ec28 dias
50 1
0.95
40 0.9
0.85
0.8
30
0 7 14 21 28 35 42 49 56
0 7 14 21 28 35 42 49 56
Idade (dias)
Idade (dias)
C20-BA-UDIA
C20-BA-UDIA C20-DO-PA
C20-DO-PA C20-BA-UBERA
C20-BA-UBERA C30-BA-UDIA
C30-BA-UDIA C30-DO-PA
C30-DO-PA C30-BA-UBERA
C30-BA-UBERA C40-BA-UDIA
C40-BA-UDIA C40-DO-PA
C40-DO-PA C40-BA-UBERA
C40-BA-UBERA FIB (2010)
133
Nos gráficos das Figura 83, Figura 84 e Figura 85 são representados os resultados médios
em cada idade e as equações exponenciais que melhor se ajustam. Nas figuras são apresentadas as
equações que melhor se ajustam aos resultados encontrados. O expoente de 0,50 conduziu a uma
boa aproximação independente das idades, exceto para o concreto com BA-UBERA.
Eci = 6.62 fcj 0.50 MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa) Eci = 6.50 fcj 0.50
50 50
R2 = 0.88 R2 = 0.85
40 40
20 20
20 30 40 50 60 20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
(a) (b)
134
40
40
RESULTADOS - UDIA
30 RESULTADOS - UDIA
30
20
20
20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) 20 30 40 50 60
(c) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
(d)
PA 7 DIAS PA 14 DIAS
60 60
Eci = 9,83 fcj 0.40 Eci = 9,52 fcj 0.40
R2 = 0.85 R2 = 0.93
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
40
40
RESULTADOS - PA
30 RESULTADOS - PA
30
20
20
20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) 20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
(a)
(b)
135
PA 28 DIAS PA 56 DIAS
60 60
40
40
RESULTADOS - PA
30 RESULTADOS - PA
30
20
20
20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) 20 30 40 50 60
(c) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
(d)
50 R2 = 0.40 50 R2 = 0.40
40 40
20 20
20 30 40 50 60 20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
(a) (b)
136
40 40
20 20
20 30 40 50 60 20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
(c) (d)
O valor do expoente encontrado ficou próximo de 0,5, assim, a utilização desse valor pode
ser considerada aceitável com coeficiente de determinação 0,83 e 0,81 para os resultados e
para a regressão, para os dois agregados. Entretanto, o concreto preparado com agregado
graúdo procedente de Uberaba apresentou uma dispersão maior que os demais e o
coeficiente de determinação do ajuste foi de 0,37.
137
40
RESULTADOS - UDIA
30
20
20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
40
RESULTADOS - PA
30
20
20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
138
60
Eci = 9.43 fcj 0.42
R2 = 0.38
Eci = 7.02 fcj 0.50
40
RESULTADOS - UBERA
30
20
20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
Na Figura 89 são apresentadas as equações que melhor se ajustam para cada agregado
utilizado na produção dos concretos. No geral, os concretos produzidos com agregado
basáltico de Uberlândia apresentaram menor desempenho quanto ao módulo de
elasticidade se comparados aos concretos produzidos com dolomito de Patos de Minas e
basalto de Uberaba. Salienta-se que esses dois últimos apresentaram comportamentos
muito similares, cujas curvas de regressão estão praticamente sobrepostas.
40 PA
Eci = 7.01 fcj 0.50
30 RESULTADOS - PA
RESULTADOS-UBERA
35 R2 = 0.81
RESULTADOS - UDIA
30
20
20 30 40 50 60 25
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
55
45
40
35
(C20, C30 E C40-BA-UDIA)
ALHADAS (C25-BA-UDIA)
30 (C20, C30, C40-DO-PA)
ALHADAS (C25-DO-PA)
(C20, C30 e C40-BA-UBERA)
25
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
Na seção 3.3 foram apresentadas as equações propostas pelas principais normas a saber:
ABNT NBR 6118:2007, ACI 318 (2011), FIB (2010) e EUROCODE 2 (2004) que
correlacionam a resistência à compressão do concreto e o módulo de elasticidade.
Conforme pode ser notado, algumas equações estimam o módulo de elasticidade a partir da
resistência característica do concreto (fck). Para permitir a comparação, os valores de fck
foram obtidos através da equação seguinte, considerando que a resistência à compressão
pode ser representada por uma função normal de probabilidade:
(equação 17)
Onde:
é a resistência à compressão característica;
é a resistência à compressão média;
é o desvio padrão; para o cálculo foi considerado igual ao desvio encontrado para cada
grupo de amostras ensaiado;
A norma FIB (2010) foi a que mais se aproximou dos resultados encontrados, apresentando
resultados superiores para os traços C20 e C30 até a idade de 28 dias.
As normas ABNT NBR 6118 (2007) e ACI (2011) conduziram a resultados menores aos
encontrados em todas as idades.
A equação proposta pela Prática do IBRACON (2004) com coeficiente de correção de 1,2
aproximou-se da curva de tendência encontrada, superando esta apenas aos 14 dias.
55 55
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
45 45
40 40
35 35
30 30
25 25
20 25 30 35 40 45 50 55 60 20 25 30 35 40 45 50 55 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
NBR 6118 (2007) NBR 6118 (2007)
ACI 318 (2005) ACI 318 (2005)
FIB (2010) FIB (2010)
EUROCODE 2 (2004) EUROCODE 2 (2004)
Ajuste resultados experimentais-BA-UDIA Ajuste resultados experimentais-BA-UDIA
Resultados experimentais (C20, C30, C40-BA-UDIA) Resultados experimentais (C20, C30, C40-BA-UDIA)
IBRACON 1,2 IBRACON 1,2
IBRACON 1,1 IBRACON 1,1
(a) (b)
55 55
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
50 50
45 45
40 40
35 35
30 30
25 25
20 25 30 35 40 45 50 55 60 20 25 30 35 40 45 50 55 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
NBR 6118 (2007) NBR 6118 (2007)
ACI 318 (2005) ACI 318 (2005)
FIB (2010) FIB (2010)
EUROCODE 2 (2004) EUROCODE 2 (2004)
Ajuste resultados experimentais-BA-UDIA Ajuste resultados experimentais-BA-UDIA
Resultados experimentais (C20, C30, C40-BA-UDIA) Resultados experimentais (C20, C30, C40-BA-UDIA)
IBRACON 1,2 IBRACON 1,2
IBRACON 1,1 IBRACON 1,1
(c) (d)
143
A norma FIB (2010) foi a que mais se aproximou dos resultados encontrados, apresentando
porém, resultados inferiores.
As normas ABNT NBR 6118 (2007) e ACI (2011) conduziram a resultados menores aos
encontrados em todas as idades.
A equação proposta pela Prática do IBRACON (2004) com coeficiente de correção de 1,2
aproximou-se da curva de tendência encontrada, quase se sobrepondo à curva de tendência
encontrada para os 14 dias, a partir desta idade esta curva se distancia dos resultados
encontrados para o traço C40.
55 55
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
50 50
45 45
40 40
35 35
30 30
25 25
20 25 30 35 40 45 50 55 60 20 25 30 35 40 45 50 55 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
NBR 6118 (2007) NBR 6118 (2007)
ACI 318 (2005) ACI 318 (2005)
FIB (2010) FIB (2010)
EUROCODE 2 (2004) EUROCODE 2 (2004)
Ajuste resultados experimentais-DO-PA Ajuste resultados experimentais-DO-PA
Resultados experimentais (C20, C30, C40-DO-PA) Resultados experimentais (C20, C30, C40-DO-PA)
IBRACON 1,2 IBRACON 1,2
IBRACON 1,1 IBRACON 1,1
(a) (b)
144
PA - 28 dias PA - 56 dias
60 60
55 55
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
45 45
40 40
35 35
30 30
25 25
20 25 30 35 40 45 50 55 60 20 25 30 35 40 45 50 55 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
NBR 6118 (2007) NBR 6118 (2007)
ACI 318 (2005) ACI 318 (2005)
FIB (2010) FIB (2010)
EUROCODE 2 (2004) EUROCODE 2 (2004)
Ajuste resultados experimentais-DO-PA Ajuste resultados experimentais-DO-PA
Resultados experimentais (C20, C30, C40-DO-PA) Resultados experimentais (C20, C30, C40-DO-PA)
IBRACON 1,2 IBRACON 1,2
IBRACON 1,1 IBRACON 1,1
(c) (d)
A norma FIB (2010) foi a que mais se aproximou dos resultados encontrados, apresentando
resultados superiores para os traços C20 em todas as idades e C30 até os 28 dias. Para o
concreto C40 foi superior até os 14 dias.
As normas ABNT NBR 6118 (2007) e ACI (2011) conduziram a resultados menores aos
encontrados em todas as idades.
A equação proposta pela Prática do IBRACON (2004) com coeficiente de correção de 1,2
aproximou-se da curva de tendência encontrada, superando os resultados do traço C40 nas
idades de 7 dias e 14 dias.
55 55
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
45 45
40 40
35 35
30
30
25
25
20 25 30 35 40 45 50 55 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) 20 25 30 35 40 45 50 55 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
NBR 6118 (2007)
NBR 6118 (2007)
ACI 318 (2005)
ACI 318 (2005)
FIB (2010)
FIB (2010)
EUROCODE 2 (2004)
EUROCODE 2 (2004)
Ajuste resultados experimentais-BA-UBERA
Resultados experimentais (C20, C30, C40-BA-UBERA) Ajuste resultados experimentais-BA-UBERA
IBRACON 1,2 Resultados experimentais (C20, C30, C40-BA-UBERA)
IBRACON 1,1 IBRACON 1,2
IBRACON 1,1
(a) (b)
55 55
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
50 50
45 45
40 40
35 35
30 30
25 25
20 25 30 35 40 45 50 55 60 20 25 30 35 40 45 50 55 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
NBR 6118 (2007) NBR 6118 (2007)
ACI 318 (2005) ACI 318 (2005)
FIB (2010) FIB (2010)
EUROCODE 2 (2004) EUROCODE 2 (2004)
Ajuste resultados experimentais-BA-UBERA Ajuste resultados experimentais-BA-UBERA
Resultados experimentais (C20, C30, C40-BA-UBERA) Resultados experimentais (C20, C30, C40-BA-UBERA)
IBRACON 1,2 IBRACON 1,2
IBRACON 1,1 IBRACON 1,1
(c) (d)
146
A equação proposta pelo FIB (2010) foi o que mais se aproximou dos resultados
encontrados. Todavia, para os concretos produzidos com basalto, tal equação conduziu a
valores superiores aos encontrados para os traços C20-BA-UDIA, C30-BA-UDIA, C20-
BA-UBERA, ao passo que para os concretos C30-BA-UBERA e da classe C40-BA os
valores foram inferiores.
Foi incluída também a equação proposta pela Prática do IBRACON (2004) que como já
visto anteriormente propõe fatores de correção para a equação proposta pela norma ABNT
NBR 6118 em função do tipo de agregado utilizado (1,1 a 1,2 para basalto e calcário
denso) e da consistência do concreto (1,0 consistência plástica). Nota-se o melhor grau de
ajuste destas curvas aos dados experimentais independente do agregado graúdo utilizado,
atribui-se este melhor resultado à utilização de tais fatores. O fator de ajuste de 1,2
conduziu a resultados muito próximos dos encontrados.
147
Figura 94 – Comparativo dos resultados dos concretos produzidos com agregado graúdo de
Uberlândia, Patos de Minas e Uberaba
60 60
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
40 40
30 30
20 20
20 30 40 50 60 20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
60
60
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
MÓDULO DE ELASTICIDADE (GPa)
50
50
40
40
30
30
20
20
20 30 40 50 60
20 30 40 50 60 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) NBR 6118 (2007)
ACI 318 (2005)
NBR 6118 (2007) FIB (2010)
ACI 318 (2005) EUROCODE 2 (2004)
FIB (2010) Resultados experimentais (C20,C30, C40-DO-PA)
EUROCODE 2 (2004) Ajuste resultados experimentais - DO-PA
Resultados experimentais (C20,C30, C40-DO-PA) IBRACON 1,1
Ajuste resultados experimentais - DO-PA IBRACON 1,2
148
60
60
50
50
40
40
30 30
20 20
20 30 40 50 60 20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa) RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
Na Figura 95, os pontos representam a média dos resultados obtidos em todas as idades e os
gráficos são as equações ajustadas com um exponencial de melhor coeficiente de determinação e
com valor 0,5. A partir da equação é possível estabelecer uma relação com a
equação proposta pela norma ABNT NBR 6118:2007, visto que o fator de correção seria de 1,24,
próximo daquele sugerido pela Prática do IBRACON (2004) que varia de 1,1 a 1,2.
Figura 95 – Resultados obtidos e equação ajustada
60
40
30
20 30 40 50 60
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (MPa)
149
O principal objetivo deste estudo foi analisar a influência do tipo de agregado graúdo
extraído do Triângulo Mineiro no módulo de elasticidade do concreto de três classes de
concreto C20, C30 e C40. Nos capítulos iniciais, optou-se por apresentar os fatores
influentes no módulo de elasticidade e resistência à compressão do concreto. Verificou-se
que os fatores que afetam tais propriedades são os mesmos, contudo não existe
proporcionalidade direta entre as duas propriedades, mas prevalece o mesmo sentido de
variação.
Resistência à compressão:
Módulo de elasticidade:
Confirmou-se que o meio mais efetivo para aumentar o módulo de elasticidade do concreto
é aumentar o módulo de elasticidade da pasta de cimento, visto que a alteração da origem
mineralógica do agregado graúdo surtiu efeitos pouco expressivos sobre o módulo se
comparado à alteração da classe de resistência do concreto.
As equações propostas pelas normas ABNT NBR 6118:2007 e ACI 318 (2011)
apresentaram valores próximos entre si inferiores aos experimentais. A proposta de
acrescentar fatores de correção em função do tipo de agregado e consistência do concreto
se mostrou eficiente visto que a equação proposta pela FIB (2010) foi a que mais se
aproximou dos resultados encontrados. Já a norma EUROCODE 2 (2004) estimou valores
superiores aos resultados encontrados.
REFERÊNCIAS
ABCP. Boletim técnico, BT 106. Guia básico de utilização do cimento Portland. São
Paulo, 2002. Disponível em: http://www.abcp.org.br/conteudo/wp-
content/uploads/2009/12/BT106_2003.pdf. Acesso em : 24 out.2012.
BEER, F.P.; JOHNSTON, E.R. Resistência dos materiais. São Paulo: Makron Books,
1996.
DAL MOLIN, D.C.C. Adições minerais para concreto estrutural. In: ISAIA, G.C. (Org).
Concreto: Ensino, Pesquisa e Realizações. São Paulo: IBRACON, 2005.
FARIAS, M.M; PALMEIRA,E.M. Agregados para a Construção Civil. In: ISAIA, G.C.
(Org). Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de
Materiais. São Paulo:IBRACON, 2007.
GARCIA, A.; SPIM, J. A.; SANTOS, C. A. Ensaios dos Materiais. São Paulo:LTC
(Livros Técnicos e Científicos), 2000.
HELENE, P.R.L.; ANDRADE, T. Concreto de Cimento Portland. In: ISAIA, G.C. (Org).
Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São
Paulo: IBRACON, 2010.
HELENE, P.; TERZIAN, P. Manual de dosagem e controle do concreto. São Paulo: Ed.
Pini, 1992.
KIHARA,Y; CENTURIONE, S.L. O cimento Portland. In: ISAIA, G.C. (Org). Concreto:
Ensino, Pesquisa e Realizações. São Paulo: IBRACON, 2005.
PING, X.; BEAUDOIN, J.J.; BROUSSEAU, R. Effect of aggregate size on transition zone
properties at the Portland cement paste interface. In: Cemente and Concrete Research,
vol.21, pp. 999-1005, 1991.
YANG, C.C.; HUANG,R.; YEIH, W.; SUE, I.C. Aggregate effect on elastic moduli of
cement – based composite materials. Journal of Marine Science and Technology. Vol. 3,
n. 1, pp. 5-10, 1995.
APÊNDICE
Nesse apêndice é apresentada uma breve revisão bibliográfica do coeficiente de Poisson e
da resistência à tração por compressão diametral. São apresentados os resultados destes
ensaios complementares para os concretos estudados e comparados com as equações
propostas na norma ABNT NBR 6118:2007.
1. Coeficiente de Poisson
O coeficiente de Poisson do concreto varia entre 0,14 e 0,26 (FIB, 2010). Segundo Mehta e
Monteiro (2010) não foi encontrada uma relação consistente entre o coeficiente de Poisson
e as características do concreto como relação água/cimento, tempo de cura e a distribuição
granulométrica do agregado.
Neste estudo para a determinação do coeficiente de Poisson dos concretos, foram colados
extensômetros elétricos na superfície do corpo de prova, nos sentidos longitudinal e
transversal. Durante o ensaio clip gages foram também acoplados aos corpos de prova.
161
Clip gages
Extensômetros colados
Aquisitor de dados na superfície
Spider
Célula de carga 50 ton
Fonte: Autora
Para cada traço foram ensaiados três exemplares, aos 56 dias, sendo que a colagem dos
extensômetros era processada no dia anterior para garantir sua fixação correta à superfície
do corpo de prova.
A partir do valor da força atuante nessa etapa, a resistência à tração por compressão
diametral é calculada pela fórmula:
2P
(equação 1)
ld
Onde = resistência à tração por compressão diametral
P= carga de ruptura
163
(equação 2)
A avaliação da resistência à tração direta pode ser avaliada por meio das seguintes
expressões, segundo ABNT NBR 6118:2007:
(equação 3)
(equação 4)
(equação 5)
Com e em MPa.
Nas Figura 98, Figura 99 e Figura 100 são apresentados os resultados da resistência à
tração direta obtida através da equação 2 para os concretos C20,C30,C40-BA-UDIA,
C20,C30,C40-DO-PA e C20,C30,C40-BA-UBERA respectivamente e comparados aos
resultados estimados através da equação 3 proposta na norma ABNT NBR 6118:2007. Os
resultados se mantiveram acima do proposto pela norma e como já esperado o aumento da
resistência à tração acompanhou o aumento da resistência à compressão dos concretos.
4.5
Resistência à tração direta (MPa)
3.5
UBERLÂNDIA
2.5 AJUSTE UDIA
NBR 6118 (2007)
20 30 40 50
Resistência à compressão (MPa)
164
Figura 99 - Resistência à tração dos concretos produzidos com dolomito de Patos de Minas
4.5
3.5
PATOS
2.5 AJUSTE PA
NBR 6118 (2007)
20 30 40 50
Resistência à compressão (MPa)
Figura 100 - Resistência à tração dos concretos produzidos com basalto de Uberaba
4.5
Resistência à tração direta (MPa)
3.5
UBERABA
2.5 NBR 6118 (2007)
AJUSTE UBERA
20 30 40 50
Resistência à compressão (MPa)
Percebe-se que a resistência à tração por compressão diametral aumentou com o tempo e
acompanhou o aumento da resistência à compressão dos concretos estudados
demonstrando que existe uma relação entre essas duas propriedades. A razão entre a
resistência à tração por compressão diametral e resistência à compressão depende do nível
165
4.5
Resistência à tração direta (MPa)
3.5
UBERLÂNDIA
2.5
PATOS
UBERABA
ABNT NBR 6118:2007
20 30 40 50
Resistência à compressão (MPa)
Figura 102- Comparação dos resultados e limites propostos pela norma ABNT NBR 6118:2007
5
4.5
3.5
2.5
2 UBERLÂNDIA
PATOS
UBERABA
1.5 Limites inf. e sup.
NBR 6118 (2007)
NBR 6118 (2007)
1
20 30 40 50
Resistência à compressão (MPa)