Circ 3978 v3 P
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CAPÍTULO I
DO OBJETO E DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO
Art. 1º Esta Circular dispõe sobre a política, os procedimentos e os controles
internos a serem adotados pelas instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
visando à prevenção da utilização do sistema financeiro para a prática dos crimes de “lavagem”
ou ocultação de bens, direitos e valores, de que trata a Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, e de
financiamento do terrorismo, previsto na Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016.
Parágrafo único. Para os fins desta Circular, os crimes referidos no caput serão
denominados genericamente “lavagem de dinheiro” e “financiamento do terrorismo”.
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA DE PREVENÇÃO À LAVAGEM DE DINHEIRO E AO FINANCIAMENTO DO
TERRORISMO
Art. 2º As instituições mencionadas no art. 1º devem implementar e manter
política formulada com base em princípios e diretrizes que busquem prevenir a sua utilização
para as práticas de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo.
Parágrafo único. A política de que trata o caput deve ser compatível com os perfis
de risco:
I - dos clientes;
II - da instituição;
III - das operações, transações, produtos e serviços; e
IV - dos funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados.
Art. 3º A política referida no art. 2º deve contemplar, no mínimo:
I - as diretrizes para:
a) a definição de papéis e responsabilidades para o cumprimento das obrigações
de que trata esta Circular;
b) a definição de procedimentos voltados à avaliação e à análise prévia de novos
produtos e serviços, bem como da utilização de novas tecnologias, tendo em vista o risco de
lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo;
c) a avaliação interna de risco e a avaliação de efetividade de que tratam os arts.
10 e 62;
d) a verificação do cumprimento da política, dos procedimentos e dos controles
internos de que trata esta Circular, bem como a identificação e a correção das deficiências
verificadas;
e) a promoção de cultura organizacional de prevenção à lavagem de dinheiro e ao
financiamento do terrorismo, contemplando, inclusive, os funcionários, os parceiros e os
prestadores de serviços terceirizados;
f) a seleção e a contratação de funcionários e de prestadores de serviços
terceirizados, tendo em vista o risco de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo;
e
g) a capacitação dos funcionários sobre o tema da prevenção à lavagem de
dinheiro e ao financiamento do terrorismo, incluindo os funcionários dos correspondentes no
País que prestem atendimento em nome das instituições mencionadas no art. 1º;
II - as diretrizes para implementação de procedimentos:
a) de coleta, verificação, validação e atualização de informações cadastrais,
visando a conhecer os clientes, os funcionários, os parceiros e os prestadores de serviços
terceirizados;
b) de registro de operações e de serviços financeiros;
c) de monitoramento, seleção e análise de operações e situações suspeitas; e
d) de comunicação de operações ao Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf); e
III - o comprometimento da alta administração com a efetividade e a melhoria
contínua da política, dos procedimentos e dos controles internos relacionados com a prevenção
à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
CAPÍTULO III
DA GOVERNANÇA DA POLÍTICA DE PREVENÇÃO À LAVAGEM DE DINHEIRO E AO
FINANCIAMENTO DO TERRORISMO
Art. 8º As instituições mencionadas no art. 1º devem dispor de estrutura de
governança visando a assegurar o cumprimento da política referida no art. 2º e dos
procedimentos e controles internos de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do
terrorismo previstos nesta Circular.
Art. 9º As instituições referidas no art. 1º devem indicar formalmente ao Banco
Central do Brasil diretor responsável pelo cumprimento das obrigações previstas nesta Circular.
§ 1º O diretor mencionado no caput pode desempenhar outras funções na
instituição, desde que não haja conflito de interesses.
§ 2º A responsabilidade mencionada no caput deve ser observada em cada
instituição, mesmo no caso de opção pela faculdade estabelecida nos arts. 4º, 11, 42, 46 e 52.
CAPÍTULO IV
DA AVALIAÇÃO INTERNA DE RISCO
Art. 10. As instituições referidas no art. 1º devem realizar avaliação interna com
o objetivo de identificar e mensurar o risco de utilização de seus produtos e serviços na prática
da lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo.
CAPÍTULO V
DOS PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER OS CLIENTES
Seção I
Dos Procedimentos
Art. 13. As instituições mencionadas no art. 1º devem implementar
procedimentos destinados a conhecer seus clientes, incluindo procedimentos que assegurem a
devida diligência na sua identificação, qualificação e classificação.
CAPÍTULO VI
DO REGISTRO DE OPERAÇÕES
Seção I
Disposições Gerais
Art. 28. As instituições referidas no art. 1º devem manter registros de todas as
operações realizadas, produtos e serviços contratados, inclusive saques, depósitos, aportes,
pagamentos, recebimentos e transferências de recursos.
§ 1º Os registros referidos no caput devem conter, no mínimo, as seguintes
informações sobre cada operação:
I - tipo;
II - valor, quando aplicável;
III - data de realização;
IV - nome e número de inscrição no CPF ou no CNPJ do titular e do beneficiário
da operação, no caso de pessoa residente ou sediada no País; e
V - canal utilizado.
§ 2º No caso de operações envolvendo pessoa natural residente no exterior
desobrigada de inscrição no CPF, na forma definida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil,
as instituições devem incluir no registro as seguintes informações:
I - nome;
II - tipo e número do documento de viagem e respectivo país emissor; e
III - organismo internacional de que seja representante para o exercício de funções
específicas no País, quando for o caso.
§ 3º No caso de operações envolvendo pessoa jurídica com domicílio ou sede no
exterior desobrigada de inscrição no CNPJ, na forma definida pela Secretaria da Receita Federal
do Brasil, as instituições devem incluir no registro as seguintes informações:
I - nome da empresa; e
II - número de identificação ou de registro da empresa no respectivo país de
origem.
Art. 29. Os registros de que trata este Capítulo devem ser realizados inclusive nas
situações em que a operação ocorrer no âmbito da mesma instituição.
Seção II
Do Registro de Operações de Pagamento, de Recebimento e de Transferência de Recursos
Art. 30. No caso de operações relativas a pagamentos, recebimentos e
transferências de recursos, por meio de qualquer instrumento, as instituições referidas no art.
CAPÍTULO VII
DO MONITORAMENTO, DA SELEÇÃO E DA ANÁLISE DE OPERAÇÕES E SITUAÇÕES SUSPEITAS
Seção I
Dos Procedimentos de Monitoramento, Seleção e Análise de Operações e Situações Suspeitas
Art. 38. As instituições referidas no art. 1º devem implementar procedimentos de
monitoramento, seleção e análise de operações e situações com o objetivo de identificar e
dispensar especial atenção às suspeitas de lavagem de dinheiro e de financiamento do
terrorismo.
§ 1º Para os fins desta Circular, operações e situações suspeitas referem-se a
qualquer operação ou situação que apresente indícios de utilização da instituição para a prática
dos crimes de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo.
§ 2º Os procedimentos de que trata o caput devem ser aplicados, inclusive, às
propostas de operações.
§ 3º Os procedimentos mencionados no caput devem:
I - ser compatíveis com a política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao
financiamento do terrorismo de que trata o art. 2º;
II - ser definidos com base na avaliação interna de risco de que trata o art. 10;
III - considerar a condição de pessoa exposta politicamente, nos termos do art. 27,
bem como a condição de representante, familiar ou estreito colaborador da pessoa exposta
politicamente, nos termos do art. 19; e
IV - estar descritos em manual específico, aprovado pela diretoria da instituição.
Seção II
Do Monitoramento e da Seleção de Operações e Situações Suspeitas
Art. 39. As instituições referidas no art. 1º devem implementar procedimentos de
monitoramento e seleção que permitam identificar operações e situações que possam indicar
suspeitas de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo, especialmente:
CAPÍTULO VIII
DOS PROCEDIMENTOS DE COMUNICAÇÃO AO COAF
Seção I
Da Comunicação de Operações e Situações Suspeitas
Art. 48. As instituições referidas no art. 1º devem comunicar ao Coaf as operações
ou situações suspeitas de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo.
§ 1º A decisão de comunicação da operação ou situação ao Coaf deve:
I - ser fundamentada com base nas informações contidas no dossiê mencionado
no art. 43, § 2º;
II - ser registrada de forma detalhada no dossiê mencionado no art. 43, § 2º; e
III - ocorrer até o final do prazo de análise referido no art. 43, § 1º.
§ 2º A comunicação da operação ou situação suspeita ao Coaf deve ser realizada
até o dia útil seguinte ao da decisão de comunicação.
Seção II
Da Comunicação de Operações em Espécie
Art. 49. As instituições mencionadas no art. 1º devem comunicar ao Coaf:
I - as operações de depósito ou aporte em espécie ou saque em espécie de valor
igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais);
II - as operações relativas a pagamentos, recebimentos e transferências de
recursos, por meio de qualquer instrumento, contra pagamento em espécie, de valor igual ou
superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais); e
III - a solicitação de provisionamento de saques em espécie de valor igual ou
superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais) de que trata o art. 36.
Parágrafo único. A comunicação mencionada no caput deve ser realizada até o
dia útil seguinte ao da ocorrência da operação ou do provisionamento.
Seção III
Disposições Gerais
Art. 50. As instituições referidas no art. 1º devem realizar as comunicações
mencionadas nos arts. 48 e 49 sem dar ciência aos envolvidos ou a terceiros.
CAPÍTULO IX
DOS PROCEDIMENTOS DESTINADOS A CONHECER FUNCIONÁRIOS, PARCEIROS E PRESTADORES
DE SERVIÇOS TERCEIRIZADOS
Art. 56. As instituições mencionadas no art. 1º devem implementar
procedimentos destinados a conhecer seus funcionários, parceiros e prestadores de serviços
terceirizados, incluindo procedimentos de identificação e qualificação.
Parágrafo único. Os procedimentos referidos no caput devem ser compatíveis
com a política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo de que
trata o art. 2º e com a avaliação interna de risco de que trata o art. 10.
Art. 57. Os procedimentos referidos no art. 56 devem ser formalizados em
documento específico aprovado pela diretoria da instituição.
Parágrafo único. O documento mencionado no caput deve ser mantido
atualizado.
Art. 58. As instituições referidas no art. 1º devem classificar as atividades
exercidas por seus funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados nas categorias
de risco definidas na avaliação interna de risco, nos termos do art. 10.
CAPÍTULO XI
DA AVALIAÇÃO DE EFETIVIDADE
Art. 62. As instituições referidas no art. 1º devem avaliar a efetividade da política,
dos procedimentos e dos controles internos de que trata esta Circular.
§ 1º A avaliação referida no caput deve ser documentada em relatório específico.
§ 2º O relatório de que trata o § 1º deve ser:
I - elaborado anualmente, com data-base de 31 de dezembro; e
II - encaminhado, para ciência, até 31 de março do ano seguinte ao da data-base:
a) ao comitê de auditoria, quando houver; e
b) ao conselho de administração ou, se inexistente, à diretoria da instituição.
Art. 63. O relatório referido no art. 62, § 1º, deve:
I - conter informações que descrevam:
a) a metodologia adotada na avaliação de efetividade;
b) os testes aplicados;
c) a qualificação dos avaliadores; e
d) as deficiências identificadas; e
II - conter, no mínimo, a avaliação:
a) dos procedimentos destinados a conhecer clientes, incluindo a verificação e a
validação das informações dos clientes e a adequação dos dados cadastrais;
b) dos procedimentos de monitoramento, seleção, análise e comunicação ao Coaf,
incluindo a avaliação de efetividade dos parâmetros de seleção de operações e de situações
suspeitas;
c) da governança da política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao
financiamento do terrorismo;
CAPÍTULO XII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 66. Devem permanecer à disposição do Banco Central do Brasil:
I - o documento de que trata o art. 7º, inciso I, relativo à política de prevenção à
lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo de que trata o art. 2º;
II - a ata de reunião do conselho de administração ou, na sua inexistência, da
diretoria da instituição, no caso de ser formalizada a opção de que trata o caput do art. 4º;
III - o relatório de que trata o art. 5º, parágrafo único, se existente;
IV - o documento relativo à avaliação interna de risco de que trata o art. 12, inciso
I, juntamente com a documentação de suporte à sua elaboração;
V - o contrato referido no art. 31;