A Termocromia, Os Brinquedos e o Ensino de Química Contextualizado.
A Termocromia, Os Brinquedos e o Ensino de Química Contextualizado.
A Termocromia, Os Brinquedos e o Ensino de Química Contextualizado.
INSTITUTO DE QUÍMICA
Brasília – DF
2.º/2014
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE QUÍMICA
2.º/2014
DEDICATÓRIA
Primeiramente, agradeço a Deus, pois acredito que sem Suas bênçãos e misericórdias,
nada seria alcançado.
À professora Renata Razuck, por aceitar me orientar, por apoio e amizade que me
ofereceu em momentos difíceis.
À professora Patrícia Lootens, que se fez muito presente na minha formação, como
amiga, professora e conselheira desde o início dos meus estudos na Universidade de Brasília.
Ao professor Roberto Ribeiro, por seu carinho, cuidado e disposição para comigo em
todos os momentos que necessitei.
iv
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................................... 7
A experimentação no Ensino de Química ................................................................................ 12
Pigmentos e corantes ................................................................................................................ 22
A termocromia. ......................................................................................................................... 26
Os brinquedos e o ensino de Química contextualizado ............................................................ 31
Experimento 1 .......................................................................................................................... 31
Experimento 2 .......................................................................................................................... 34
Considerações finais ................................................................................................................. 37
Referências ............................................................................................................................... 39
Anexos ...................................................................................................................................... 42
v
RESUMO
vi
INTRODUÇÃO
O ensino de Química nas escolas tem sido alvo de bastante discussão: seja o currículo,
a utilização, ou não, de aulas experimentais, sua abordagem e finalidade, dentre outros tópicos
(ZANON, 2000, 2012; MORTIMER 2010; AZEVEDO 2003). A Química é uma Ciência
bastante ampla e seu estudo necessita trazer à tona outras frentes do conhecimento como a
Física, a Matemática, a Biologia, a Geologia, a História e tantas outras. Toda esta
interdisciplinaridade permite que seu ensino seja permeado de situações que podem ser
observadas no cotidiano e contextualizadas, tanto atualmente como em todos os momentos da
história da Humanidade. Entretanto, muitos alunos têm dificuldades em enxergar as diversas
relações que esta ciência tem com o cotidiano. Na verdade, Zanon (2012) ressalta que esta
dificuldade está ligada à forma como o ensino de química tem sido abordado, como veremos
mais adiante.
Antes disto, acredito que devo começar a escrever a respeito do ensino de química
compartilhando um pouco da minha própria formação: estudei em uma escola particular onde
existiam vários laboratórios: química, física, biologia, informática e artes. Durante meu
Ensino Médio, tive aulas de laboratório de Química semanalmente. Para mim era uma alegria:
eu poderia manipular vidrarias especializadas, reagentes perigosos, o que conferia emoção à
prática. Fazíamos determinações utilizando soluções coloridas e chegamos até a realizar uma
experiência em que havia uma pequena explosão. De fato fiz vários relatórios em que o
levantamento de dados era a atividade principal. A confecção destes era uma obrigação, e
cálculos relativamente elaborados, eram exigidos. Me recordo de diversos experimentos de
natureza ilustrativa e outros com caráter demonstrativo. Entretanto, não tenho lembranças de
alguma atividade em que eu tenha realizado uma real investigação. Durante a realização das
práticas, eu e meus colegas de turma, deveríamos seguir estritamente as instruções de um
roteiro previamente entregue antes de entrarmos no laboratório. Não éramos questionados
sobre os tópicos que seriam abordados no experimento, apenas cumpríamos com as etapas
descritas no roteiro.
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Lembro-me também que não éramos indagados ao final da prática sobre os dados
adquiridos ou qualquer outra questão, e uma vez que o relatório contendo os dados levantados
e cálculos realizados fosse entregue, cabia a nós, alunos, apenas esperar pela nota que o
professor iria atribuir ao mesmo. Conversas paralelas também não eram permitidas, e, caso
existissem, eram interpretadas como “cola”, sendo que os alunos envolvidos eram
penalizados. Para compor a avaliação final, eram considerados os relatórios, o comportamento
durante a realização da atividade e uma prova prática. Apesar da rigidez, eu sempre gostei das
aulas de laboratório, entretanto não posso dizer o mesmo de meus colegas: eles detestavam
confeccionar os relatórios, achavam as práticas maçantes e sem nexo, tão pouco percebiam
qualquer relação com suas vidas. Afinal, “por que preciso saber fazer uma titulação?”, muitos
indagavam.
Meus colegas não se sentiam estimulados pelas aulas de laboratório, acredito que tanto
pelo fato de esta sempre ser seguida por um relatório difícil e trabalhoso, assim como pela
falta de interações sociais durante a aula em função da rigidez das “regras”. Talvez a única
prática que tenha despertado o interesse e cativado a atenção dos alunos, foi aquela em
ocorreu a explosão: para demonstrar o quão pequena é a afinidade eletrônica dos metais
alcalinos, vislumbrando a liberação de energia que ocorre quando este “perde” um elétron, o
professor lançou um pequeno pedaço de sódio metálico (a escola possuía uma pequena
quantidade) em uma bacia que continha água e algumas gotas de fenolftaleína. Imediatamente
houve a liberação do que parecia ser fumaça e a água passou de incolor a rosa, seguido de
uma explosão em pequena escala, mas que quebrou a bacia e fez bastante barulho. Os alunos
entraram em frenesi. Foi uma diversão. Chagamos a pedir ao professor que ele repetisse o
experimento para nós, e assim o fez. Ele ficou muito contente com aceitação e empolgação da
turma.
Apesar do bem estar proporcionado tanto aos alunos quanto ao professor, muitos
estudiosos educacionais condenam este tipo de prática, pois acreditam que experiências muito
chamativas tendem apenas a chamar a atenção para o aspecto fenomenológico, sem entretanto
favorecer o aprendizado (BACHELARD, 1996). Aparentemente, os alunos se impressionam
com o efeito observado sem se preocupar com os motivos pelos quais eles ocorrem, não
havendo, portanto uma reflexão sobre o fato/fenômeno, nem estimulando a construção dos
conceitos envolvidos para explicá-lo.
De fato, ao refletir a respeito de minhas atitudes enquanto estudante, eu não questionei
o que havia observado nas aulas experimentais. Me ative apenas a realizar aquilo que fora
9
proposto no roteiro. Nada a mais, nada a menos. Percebo hoje que estas aulas eram realizadas
após determinados conteúdos terem sido trabalhados em sala de aula, e que o laboratório era
utilizado como mera ferramenta para ilustrar ou demostrar a teoria em estudo. Silva, Machado
e Tunes (2010) afirmam que esta não é uma prática incomum entre professores, pois muitos
ainda acreditam que as aulas práticas têm como função tornar concreto aquilo que é abstrato,
como os conceitos, e que por isso podem auxiliar na aprendizagem. Esta visão a respeito da
experimentação tem sido questionada por estudiosos educacionais. Estudos estão sendo
realizados para avaliar o impacto que as aulas experimentais que buscam ilustrar ou
demonstrar teorias e as conclusões parecem ser unânimes: pouco tem contribuído para o
aprendizado efetivo (GUEDES, 2010; AZEVEDO, 2003; MORTIMER, 2010; SILVA,
MACHADO E TUNES, 2010).
Mais ainda, essas conclusões não se limitam a avaliar a atividade experimental. Uma
realidade preocupante é que não somente os alunos têm dificuldades em aprender, mas
também os professores têm dificuldades em ensinar (ZANON, 2012). Isso se deve, entre
outros fatores, às razões históricas: há que se levar em consideração que o ensino de Química
no Brasil, chegou às escolas muito tardiamente em relação às outras nações, tendo ocorrido
apenas no século 19. A abordagem do ensino de química era utilitarista, aquela na qual o
aprendizado do aluno não é valorizado (SILVA, MACHADO E TUNES, 2010).
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
fenômenos, e dessa forma, busca despertar o interesse dos alunos proporcionando motivação.
Além disso, abre espaço para diálogo entre professor e aluno e entre os próprios alunos, o que
permite a problematização e a contextualização.
Para tanto, é importante que o aluno esteja com atenção voltada para as atividades
realizadas em sala. Este é um desafio para muitos professores, pois os alunos muitas vezes
não se sentem atraídos pelas aulas. O aluno necessita de um elemento que desperte sua
curiosidade, que o faça se questionar “por que?”. É necessário que o professor utilize de
criatividade para cativar os alunos e para auxiliar neste objetivo podemos, por exemplo, lançar
mão de materiais que não seriam rotineiramente utilizados em laboratórios, mas que
pertencem ao cotidiano dos alunos. Esse elemento motivador pode ser encontrado nas formas
mais variáveis, como por exemplo, brinquedos. Vários possuem uma “magia”, como mudar
de cor sob determinadas condições. Muitos exemplos podem ser encontrados, como em
algumas bonecas Barbie em que os cabelos ou roupas mudam de cor quando mergulhados em
água gelada. Também podemos citar alguns carrinhos da linha de brinquedos Hot Wheels.
Esses produtos são facilmente comercializados e fazem a alegria das crianças, mas poucos se
perguntam qual seria o motivo dessas mudanças acontecerem.
No desenvolvimento destes brinquedos há muito conhecimento químico. É possível
que a maioria dos consumidores destes produtos não saibam, mas a “magia” do brinquedo
está em um pigmento sensível ao calor: em uma temperatura ele tem uma coloração, e em
outra temperatura, apresenta uma diferente. Esses compostos pertencem a uma classe de
pigmentos denominada de termocrômicos. Apesar da maioria das crianças não apresentar
interesse por este conhecimento enquanto está brincando, trazer à luz estes fatos, juntamente
com a memória de muitos alunos que possam ter tido estes brinquedos, pode ser um elemento
motivador para se começar uma aula. Trazer um tema que tenha participado do cotidiano dos
alunos, e que ainda pode participar é uma possibilidade para envolvê-los com a aula.
Esta proposta é interessante por ir ao encontro dos objetivos indicados para o ensino
médio, na qual os alunos devem ser capazes de compreender o papel que esta ciência tem em
suas vidas, relacionando os conteúdos aprendidos em sala de aula com fatos de seus
cotidianos. Iniciar uma aula com um elemento motivador que estimule os alunos a se
questionarem e a buscar respostas é o primeiro passo para que as aulas se tornem mais
proveitosas para os alunos e para os professores.
O presente trabalho tem como objetivo utilizar e explorar estes brinquedos presentes
no cotidiano como elementos motivadores para iniciar uma atividade experimental de caráter
11
investigativo. Para tal, proporemos algumas atividades experimentais que podem ser feitas
com a utilização de brinquedos e outros materiais que possuem pigmentos termocrômicos.
A EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA
A experimentação no ensino vem ganhando cada vez mais espaço nas escolas como
fonte de inovação para as aulas e na tentativa de melhorar o aprendizado dos alunos.
Entretanto, até que chegássemos a esse momento, a forma de explorá-la na educação básica
tem sido muito questionada. Diversos professores a utilizam como mero elemento ilustrativo
ou demonstrativo. Estas abordagens não mais condizem com as tendências educacionais
atuais para a experimentação. Entretanto, para compreendermos a maneira como esta tem sido
utilizada atualmente, necessitamos de uma breve noção de como veio a ser implantada e
desenvolvida no Brasil.
Os Portugueses trouxeram os trabalhos laboratoriais durante o Império para suprir
necessidades econômicas relativas às atividades extrativistas. Entretanto era necessária a
obtenção de mão de obra, e para este fim, as aulas experimentais foram introduzidas no
ensino, as quais eram exploradas para a mesma finalidade: ensinavam-se procedimentos
relativos à obtenção de produtos economicamente rentáveis advindos da exploração do
minério. (SILVA, MACHADO e TUNES, 2010). Esta abordagem trazia a Ciência com um
enfoque utilitarista, e, não havia preocupação com a influência ou importância desta para o
aluno, tão pouco com a aprendizagem efetiva ou com o fato de o aluno nada refletir a respeito
das atividades realizadas. Apenas com o Movimento da Escola Nova, na década de 1930,
houve uma preocupação com a forma como os conteúdos eram apresentados: se eram
contextualizados, relacionados com o cotidiano, se tinham relevância para os alunos e
promoviam a reflexão. Estas propostas se assemelhavam com as já feitas pelo educador norte
americano John Dewey. O governo passou então a recomendar que as escolas abrigassem
laboratórios de ensino equipados. (SILVA, MACHADO e TUNES, 2010).
Uma nova forma de se valer da experimentação estava surgindo, e a possibilidade da
sua contribuição para o aprendizado era mais valorizada. A produção de material didático
adequado e a oferta de cursos de capacitação para professores pelo governo faziam parte
dessa valorização. Apesar disso "até o final da década de 60, a experimentação no ensino de
13
A partir da década de 70, novos olhares para o ensino de Ciências modificaram a visão
sobre a experimentação: o uso desta passa a se justificar pelo seu papel na construção do
conhecimento e sua relação com a estrutura da Ciência, que passa a ser vista como construção
humana (SILVA, MACHADO e TUNES, 2010).
Este enfoque é valorizado pela tentativa de se introduzir nas escolas a noção da
verdadeira Natureza da Ciência: o seu caráter investigativo e sua constante transformação.
Passou-se a buscar a utilização, em sala de aula, de atividades experimentais que possuíssem
este caráter. Estas são atividades que objetivam problematizar situações cotidianas,
contextualizando as mesmas com os conteúdos a serem trabalhados. Para que isto seja alçado,
o professor deve considerar os conhecimentos e noções prévias dos alunos, na tentativa de
transformá-los, assim como a Ciência se recicla constantemente. Matos e Valadares (2001)
afirmam que a sondagem inicial por parte do professor “proporciona-lhe conhecimento e
compreensão dos interesses e dificuldades dos seus alunos e, com isso, sai bastante
enriquecido e em condições de contribuir mais e melhor para introduzir melhorias no processo
de ensino e aprendizagem” (p. 236). As atividades investigativas devem também recorrer a
conhecimentos correlatos de outras áreas do saber para promover a reflexão. Conforme
Giordan (1999):
Acredita-se que isto acontece porque, tanto os livros didáticos, quanto os professores
utilizam a experimentação como estratégia comprobatória associada a uma metodologia
reprodutivista, invertendo portanto, a ordem da construção do conhecimento científico.
Hodson (1994) afirma que em um experimento a busca por encontrar um determinado
resultado final compromete o desenvolvimento de atitudes científicas, já que o aluno pouco
reflete sobre o experimento, apenas persegue um resultado.
A forma como as aulas experimentais têm sido conduzidas, reforça a ideia de que o
conhecimento científico é algo incontestável. Esta metodologia confere às aulas práticas um
caráter conteudista, ou seja, valoriza a “transmissão” de grandes quantidades de conteúdos e a
execução de procedimentos práticos, em detrimento da real compreensão. A abordagem
17
A segunda constatação feita está no fato de que os alunos não estão acostumados a
serem arguidos quanto ao sentido/razão de estarem realizando determinado procedimento: as
atividades de laboratório quase sempre são voltadas para a coleta de dados e confecção de
relatórios, mas não a promover a reflexão. Os alunos devem meramente observar que
determinado conceito se aplica àquele fenômeno, mas não são instigados a relacioná-lo com o
cotidiano. Zanon (2012) chama a atenção para o fato de que os professores, neste aspecto, não
são bem preparados. Nos seus cursos de formação a prática tem muito maior ênfase do que na
reflexão. Zanon (2012) apud Maldaner (2000) afirma:
Conforme Maldaner (2000), na maioria das vezes os professores não
possuem preparação técnica específica para atuar em laboratório. Sem
experiência, sentem-se inseguros para propor práticas eficazes e de
qualidade ao ensino. Isso resulta num ensino de conteúdos isolados.
(ZANON, 2012, p. APUD MALDANER, 2000, p.3).
Pode-se dizer que as práticas adotadas pelos professores reproduzem as mesmas
das disciplinas experimentais de seus cursos de formação. Zanon (2012) ressalta que na
verdade a origem verdadeira daquelas muitas reclamações dos professores a respeito de
realizarem aulas experimentais está na falta de clareza dos mesmos em relação ao papel que a
experimentação tem no aprendizado dos alunos. Também traz à tona um questionamento de
suma importância: se por um lado, ainda é presente um ensino muito atrelado às aulas
expositivas e experimentos demonstrativos, o que dizer a respeito das atividades práticas que
não problematizam, e que tão pouco instigam os alunos a fazer questionamentos?
Segundo Zanon (2012), a função pedagógica da experimentação no ensino está na sua
finalidade de ajudar os estudantes na compreensão dos conceitos sobre os quais os fenômenos
se referem, auxiliando no papel investigativo, com vistas à significação conceitual”(p.1).
Primeiramente, o aluno deve ser capaz de atribuir a um determinado conceito, um
fenômeno, promovendo assim a significação do conceito e assim, tomando posse dele. Mas
Mortmer (2010) e Zanon (2012) afirmam que isso deve ocorrer não somente para um único
conjunto de fenômeno, conceito e significado, mas também com novos fenômenos, novos
conceitos e significados. Também, uma vez que o aluno atribuiu significado aos conceitos, ele
deve ser capaz de verificar que os novos significados não são completamente estranhos, mas
que advém de outros anteriores. Dessa forma, o aluno retoma o conceito e o transforma,
aplicando-o quando necessário, realizando portanto, uma ressignificação conceitual e a
chamada apropriação progressiva. Acredita-se que dessa forma, a aprendizagem foi mais
efetiva.
19
e na ressignificação de conceitos à luz das teorias científicas. Para Mortimer (2010) “o aluno
está aprendendo quando ele coloca a palavra dele em diálogo com a do professor” (p. 185).
Mortimer (2010) assinala que “as construções hibridas vão se caracterizar pela
presença da linguagem científica, constituída pelas nominalizações, e pela cotidiana, que
fornece elementos de contexto para facilitar o entendimento da explicação científica” (p.191).
Essas “construções hibridas” são aquelas que unem o que o aluno sabe de seu cotidiano e o
que ele aprende em sala de aula. Sendo que, quem deve auxiliar o aluno a unir essas duas
partes é o professor, sem entretanto entregar as respostas prontas. Para Zanon (2012) “Os
conceitos são construídos ao permitir mudanças conceituais que se aproximam do
conhecimento do aluno ao do científico atual e provisório em detrimento a confirmação de
conhecimentos consolidados”
Mortimer (2010) afirma que “a produção de conhecimento em Ciências da Natureza e
suas Tecnologias resulta sempre de “uma relação dinâmica/dialética entre experimento e
teoria, entre pensamento e realidade, relação que só é possível através da ação mediadora da
linguagem” (SILVA; ZANON, 2000). Sobre isto, as autoras ressaltam que três aspectos
devem ser contemplados nas aulas de Ciências: o fenômeno, a linguagem e a escrita, sendo
que não podem estar dissociados uns dos outros, pois o aluno não deve relacionar a teoria com
a prática somente em sala de aula, mas também com sua realidade. “É porque as linguagens
são diferentes que é possível e é preciso dialogar. Pois, “a aprendizagem das ciências é
inseparável da aprendizagem da linguagem científica” (MORTIMER, 2010, p.186).
É necessário, para tal, que a abordagem do professor seja investigativa, porém o
professor não é o protagonista principal, mas sim o aluno. Aquele deve ser um agente
problematizador, instigando e conduzindo os alunos durante as discussões, sem, portanto,
deixá-los sozinhos, mas gradualmente lhes conceder mais autonomia, uma vez que o
desenvolvimento cognitivo do aluno se intensifica (ZANON, 2012).
As atividades práticas são essenciais para o ensino justamente por favorecerem a
interação de professores e alunos em um espaço propicio para a investigação, construção de
conceitos e ressignificação. Entretanto, essas relações somente são proveitosas uma vez que,
não somente o professor saiba conduzir suas aulas em uma perspectiva investigativa, mas
também que os alunos participem ativamente desse processo, não somente “estudando em
casa”, mas refletindo a respeito dos conceitos estudados, reavaliando sua postura como
estudante, o qual não deve apenas reproduzir roteiros práticos nem somente aceitar os fatos e
teorias, mas sim que questioná-los e refletir sobre eles e sua relação com o cotidiano. Segundo
21
o Colour Index (CI), publicação da American Association of Textile Chemists and Colorists e
da British Society of Dyers and Colorists, onde uma lista composta por nomes e números foi
elaborada para identificar os diversos colorantes.
Quanto à classificação, vários critérios e propriedades podem ser utilizados para
montar uma matriz de classificação, resultando em diversas maneiras para fazê-lo.
Considerações a respeito da solubilidade aparentam ser consenso. Outras propriedades
também são utilizadas na classificação de pigmentos e corantes. A distribuidora de colorantes
Cromex também utiliza determinadas propriedades como divisor de categorias, como o índice
de refração, o poder tintorial (capacidade de conferir uma coloração mais intensa) e a solidez
à luz (capacidade de evitar a “transmissão” da luz através do material corado). Baseado nestas
características, são considerados corantes os compostos orgânicos de baixo índice de refração,
e que possuem alto poder tintorial, brilho e uma solidez variável em relação a luz (CROMEX,
sem ano). Já os pigmentos são compostos com alto índice de refração e baixo poder tintorial.
Estes são ainda divididos em orgânicos e inorgânicos, de acordo com suas classes
químicas/estruturas. Quanto às características, os orgânicos apresentam bom poder tintorial,
brilho e transparência; já os inorgânicos, são opacos, apresentam cores bastante sólidas e
solidez à luz.
Segundo Veloso (2012) os pigmentos inorgânicos, também chamados de pigmentos
minerais, podem ser obtidos a partir de compostos de diferentes classes, como os óxidos, os
sulfetos, os carbonatos, os cromatos, os sulfatos, os fosfatos e os silicatos de metais. Muitos
pigmentos orgânicos são encontrados na natureza em células dos seres vivos, como porfirinas
e os flavonóides, e os carotenoides, de onde costumavam ser extraídos (PINHEIRO,2011).
Saron e Felisberti (2006) mantiveram uma maneira mais sucinta de classificá-los:
conforme descrito anteriormente, se um composto é solúvel na matriz de aplicação, ele é
considerado corante, e se insolúvel, pigmento. Quanto às suas estruturas, podem ser divididos
em orgânicos e inorgânicos. Afirmam que “os colorantes inorgânicos são representados
principalmente por complexos de metais de transição” (SARON e FELISBERTI, 2006, p.
125). Ressaltam, entretanto, que “apesar de quase todos os metais de transição serem capazes
de formar substâncias coloridas, nem todas podem ser utilizadas como colorantes” (p. 125).
Existem ressalvas quanto à utilização de alguns colorantes inorgânicos devido à toxicidade
relacionada com alguns metais de transição (VELOSO, 2012)
Quanto ao colorantes orgânicos “duas estruturas básicas definem os principais grupos
de colorantes orgânicos: os do tipo azo e os policíclicos. Os colorantes do tipo azo têm em
24
comum o grupo (-N=N-) e são subdivididos em monoazo, diazo, β-naftol, naftol AS, azo
toners, benzoimidazol, diazo de condensação, azo complexado com metais e
isoindolinona/isoindolina. Os colorantes policíclicos são caracterizados por sistemas de anéis
aromáticos condensados ou heterocíclicos e são subdivididos em ftalocianinas, quinacridonas,
perilenos e perilonas, dicetopirróis e pirróis, tioíndico, antrapirimidinas, flavantronas,
pirantronas, antrantonas, dioxazinas, triarilcarbonil e quinoftalonas.” (SARON e
FELISBERTI, 2006, p. 125)
Outra maneira de se classificar os colorantes faz menção a forma como estes são
utilizados, e em qual substrato são aplicados. Sendo que um dos primeiros usos de colorantes
ao longo da História se deu e grande parte à coloração de fibras têxteis, e que, nestas, são
empregadas majoritariamente os corantes, a classificação destes pode ser feita de acordo com
a forma como estes são fixados à fibra têxtil. Dessa forma, os corantes podem ser
classificados em: reativos, diretos, azóicos, ácidos, à cuba, de enxofre, dispersivos, pré-
metalizados e branqueadores. A Tabela 1 presente nos Anexos apresenta características
presentes nas estruturas de cada um dos tipos de corantes segundo Guarantini e Zanoni
(2000).
Semelhantemente à indústria têxtil, a Associação Brasileira de Química considera a
classificação dos colorantes de acordo com as classes químicas e a sua finalidade, ou seja, a
que aplicação são destinados. Assim também faz o Colour Index. Nos anexos, encontran-se as
tabelas 2 e 3, as quais relacionam a classe química do colorante com o seu campo de
aplicação e a classe química com a utilização em função do substrato, respectivamente.
A medida que os corantes e pigmentos são utilizados para diferentes finalidades, novas
formas de classificá-los surgem. Por exemplo, para a indústria de tintas, os pigmentos são
divididos em básicos e estendedores: pigmento básico é aquele que confere a cor, seja o
branco ou outra. Os estendedores são aqueles que conferem volume, aumentam a resistência
da tinta à abrasão, a fixação do pigmento na superfície onde será aplicado, etc. Já os corantes
são veículos onde o pigmento é disperso; classificação dada pela Paint Quality Institute.
(VELOSO, 2012). Assim também ocorre para outros setores como o alimentício e a indústria
de plásticos.
Pigmentos orgânicos são muito utilizados em vernizes e tintas. São menos tóxicos que
os inorgânicos, e por isso abundantemente aplicados em mais tipos de industrias como a
automotivas e cosméticas, em plásticos e polímeros destinados a produtos de utilidades
domésticas, e brinquedos. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUIMICA,
25
A TERMOCROMIA.
elevadas, o complexo forma uma estrutura com apenas um núcleo metálico. A primeira possui
coloração amarelada e a segunda, azulada.
Os corantes leuco são definidos como um corante que apresenta duas formas, uma
colorida e uma incolor. Frequentemente, refere-se a este composto como cromogênico. Para
um composto orgânicos apresentar coloração, em sua estrutura devem estar presentes
insaturações conjugadas. A radiação eletromagnética que incide sobre as ligações fornece
energia para os elétrons, que estão no estado fundamental, levando-os para o estado excitado.
Durante a relaxação, a energia que fora absorvida é liberada. Se energia absorvida
corresponder a um comprimento de onda na faixa do visível, a molécula apresentará cor.
Entretanto, a cor observa é a complementar à absorvida.
Diversas moléculas apresentam várias insaturações, sem no entanto possuírem
coloração. Este fato se deve a algum grupo na molécula que impeça a conjugação destas
ligações. Por vezes, esta pode ser obtida pela variação de parâmetros como pH, temperatura,
mudanças conformacionais e reações reversíveis. Muitos corantes se apresentam na forma
leuco em determinado pH, e em outro, possuem coloração. Um exemplo de corante leuco é a
lactona cristal violeta, cuja estrutura está representada na figura a baixo.
Representação do equilbrio ácido-base da lactona cristal violeta. O éster é a forma leuco e o ácido
carboxílico apresenta coloração. Fonte: sítio Howstuffworks.
O grupo éster impede a conjugação, entretanto em meio ácido, há a formação de uma
carboxila. A nova estrutura apresenta a conjugação das insaturações, produzindo um efeito
visual corado. O efeito é revertido pela neutralização do meio ácido.
As propriedades dos compostos termocrômicos são atraentes para diversos tipos de
indústrias e esses compostos passaram a ser bastante utilizados para inovar a aparência de
produtos rotineiros, como cerâmicas, camisetas, canecas e brinquedos. Freitas (2008)
menciona as janelas inteligentes, nas quais um gel contendo pigmento termocrômico é
aplicado entre duas camadas de vidro. A medida que a temperatura interna do recinto que
contém a janela aumenta, o pigmento presente no gel escurece, diminuindo a incidência de
radiação eletromagnética para o interior, provocando o resfriamento. A medida que o recinto
resfria, o pigmento retorna à forma transparente, permitindo a incidência de radiação para o
interior do recinto. Além destas aplicações outras ainda podem ser citadas. Pippi (2010)
29
relatou a utilização destes compostos na indústria têxtil, como a Hypercolor nos anos 80,
inovou as camisetas ao utilizar estes pigmentos para produzir novos efeitos visuais. Cita
também os termômetros em “tiras”, que eram materiais impregnados de pigmento
termocrômico. Uma vez que entrassem em contato com a pele, acima de 37ºC, mudava de
coloração, indicando febre. A figura abaixo ilustra o funcionamento de tintas que possuem
pigmentos termocrômicos.
EXPERIMENTO 1
Título – Calculadoras e televisores podem mostrar uma imagem sem estarem ligados a um
circuito elétrico?
O que tem em comum uma calculadora e uma televisão?
Contexto:
Materiais
Uma calculadora
Um secador
Opcional: um ferro de solda
32
Procedimentos
Abra a tampa traseira da calculadora. Na parte superior do display, existem alguns
terminais que o conectam ao circuito eletrônico. Retire o display de LCD da estrutura. Aqueça
o display utilizando o secador de cabelos por um minuto. Desligue o secador e observe.
Aguarde 30 segundos e repita o procedimento. Observe.
Após utilizar o secador, utilize um ferro de solda para aquecer pontualmente alguns
terminais. Apena encoste gentilmente a ponta do ferro no terminal desejado e observe. Cesse
o contato do ferro com o terminal e observe. Repita o procedimento mais uma vez.
Observações macroscópicas
Ao aquecer o display com o secador, observamos que toda a extensão do display muda
de cor: passa de incolor a preto. Ao cessar o aquecimento, a coloração escura começa a
desaparecer. Após os trinta segundos, o display retorna a coloração inicial. Ao aquecê-lo
novamente, observamos a mesma mudança: uma coloração escura volta a aparecer por todo o
display e volta a cor original, lentamente, ao cessar o aquecimento.
Segunda parte: quando utilizamos o ferro de solda, observa-se no display um
escurecimento na região ligada aos terminais cujas extremidades foram aquecidas. Após
cessar o aquecimento, as áreas que estavam escurecidas, gradualmente perderam a coloração.
Com a repetição do aquecimento, ocorre o escurecimento da mesma área e, ao cessá-lo esta
perde a coloração novamente.
Interpretações microscópicas
Os displays das calculadoras são constituídos de um polímero que reserva um cristal
líquido. Estes são fluidos que se encontram em um estado de agregação intermediário entre o
sólido e o líquido. As moléculas que compõem os cristais líquidos presentes nos displays de
calculadoras estão organizadas tridimensionalmente formando uma macroestrutura na forma
helicoidal. Esta estrutura tem a capacidade de refletir e espalhar radiação eletromagnética.
Quando a conformação da hélice é alterada, é possível que o índice de refração do fluido se
altere, modificando a reflexão e espalhamento da radiação eletromagnética. Determinadas
diferenças na reflexão da radiação promovem o aparecimento de coloração. No caso do
display da calculadora, o fator que promove a mudança na conformação da hélice é a
temperatura.
33
Expressão Representacional
CTS
Os cristais líquidos estão presentes em quase todos os dispositivos eletrônicos que
utilizamos em nosso dia-a-dia. Fazer uso destes materiais em atividades experimentais
promove uma aproximação do conhecimento científico com a realidade do aluno. Este fato
tem potencial para melhorar a aprendizagem uma vez que a atividade é conduzida da forma
devida.
EXPERIMENTO 2
Contexto:
Materiais:
3 Carrinhos de brinquedo Hot Wheels da linha Colour Shifters
Copos de vidro transparentes
Água
Cubos de gelo
Água quente
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Termômetros
Procedimentos:
Disponha os 5 copos transparentes um ao lado do outro. Dentro dos dois primeiros,
adicione diferentes quantidades de gelo (por exemplo, no primeiro, um cubo; no segundo mais
cubos) e complete com água de torneira. No terceiro copo, adicione água à temperatura
ambiente e, finalmente no quinto, adicione água morna (temperatura de mamadeira) Em cada
copo, coloque um termômetro, para medir a temperatura da água. Anote a temperatura
marcada nos 5 termômetros. Mergulhe um carrinho no copo contendo apenas um cubo de
gelo. Anote a temperatura e observe. Mergulhe o segundo carrinho no copo contendo água a
temperatura ambiente. Anote a temperatura e observe. Mergulhe o terceiro carrinho no copo
contendo água morna. Anote a temperatura e observe. Após estes procedimentos, retire o
carrinho que estava no copo contendo a menor quantidade de gelo e mergulhe-o no copo
contendo água a temperatura ambiente. Observe. Retire o carrinho que estava no copo
contendo a maior quantidade de gelo e mergulhe-o no copo contendo água morna. Observe.
Observações macroscópicas
Ao mergulhar o carrinho no copo contendo água e uma pequena quantidade de gelo,
observa-se que a coloração do carrinho muda lentamente e discretamente. Já no que foi
mergulhado no copo contendo mais gelo, teve uma mudança de coloração semelhante a do
anterior, porém mais pronunciada. No copo contendo água a temperatura ambiente, não foi
observada nenhuma mudança, nem nos carrinhos mergulhados nos copos contendo agua
quente. Quando retiramos o carrinho que estava imerso em água gelada e o colocamos no
copo contendo água quente, rapidamente a coloração que estava, quando gelado, se converte a
original.
Interpretações microscópicas
Os corantes presentes nos carrinhos são os chamados corantes leuco. Estes são
substâncias que apresentam uma coloração em determinadas condições e outra coloração em
condições diferentes. Estas mudanças de cor ocorrem devido ao equilíbrio entre as formas
leuco e colorida. O equilíbrio entre as duas espécies é alterado pela temperatura. Muitos
corantes leuco também mudam de coloração por mudança de pH, o que lhes confere
propriedades de indicadores ácido-base. A temperatura tem efeito na escala de pH, o que
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confere termocromismo. Neste caso, a forma leuco é predominante nas temperaturas ambiente
e superiores a esta. Já em temperaturas menores, a forma colorida é predominante. Quando
mergulhamos o carrinho no copo contendo pouco gelo, observamos uma mudança muito
discreta na coloração. Isto é explicado pelo equilíbrio: tanto a espécie leuco como a colorida
estão presentes, entretanto, em menores temperaturas, a forma colorida é favorecida. Como a
temperatura não era baixa o suficiente para deslocar o equilibro com maior intensidade,
observamos uma mudança sutil. Já quando colocamos o carrinho no copo contendo mais gelo,
estamos diminuindo ainda mais a temperatura da água, o que favorece a forma colorida.
Assim, observamos uma mudança de coloração mais pronunciada. Quando retiramos o
carrinho que estava imerso em água gelada, e o colocamos em água morna, rapidamente
deslocamos o equilíbrio para a forma leuco, o que fez com que o carrinho mudasse de cor
muito rapidamente.
Expressão representacional
CTS
Os carrinhos colour shifters são exemplos de como o equilíbrio químico e os fatores
que o alteram são aplicados nas tecnologias utilizadas para produzir os bens de consumo
utilizados em nosso dia a dia. Os conceitos de equilíbrio químico são bastante difíceis de
serem trabalhados em sala de aula. Muitos alunos já tiveram contanto com esse brinquedo,
sem entretanto investigar a Ciência que está por trás de sua confecção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
necessária para fabricá-los, e por fim, para que os alunos possam utilizá-los em seus
cotidianos. Isto permite uma verdadeira interface Ciência, Tecnologia e Sociedade.
Apesar de os experimentos serem de fácil execução, e utilizarem materiais de
acessíveis, não se pode negligenciar um fato: a condução das aulas deve ser feita pelas vias da
investigação, e isto depende tanto da abordagem do professor como da participação ativa dos
alunos no processo. O professor deve ser um pesquisador, constantemente buscando novas
possibilidades para serem exploradas em sala de aula, e este trabalho tem por objetivo auxiliar
ao docente nesta busca constante de elemento motivadores. Entretanto, de nada adianta um
experimento ser feito com materiais acessíveis se o professor não souber conduzir uma
investigação. Ressaltamos o papel fundamental do professor auxiliador, problematizador,
promotor de discussões e facilitador do diálogo.
Acreditamos que, uma vez que o professor realize uma condução adequada, as
propostas de experimento apresentadas neste trabalho, podem auxiliar ao docente,
acrescentando possibilidades para suas aulas. É imprescindível que o professor busque
constantemente por novidades para os alunos e relacione os conteúdos com o cotidiano. Dessa
forma, estaremos mais próximos de atingir aos objetivos propostos para a experimentação no
ensino, e assim, auxiliando aos alunos em sua aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
Ely. F. Cristais líquidos colestéricos: a quiralidade revela as suas cores. Quim. Nova, Vol. 30,
No. 7, 1776-1779, 2007
HODSON, D. Hacia um enfoque más crítico del trabajo de laboratório. Enseñanza de las
Ciencias, v.12, n. 3, 1994.
PINHEIRO, A. A Mágica das Cores no Nosso Cotidiano: uma Visão sobre Pigmentos e
Corantes. PROJETO PIBID, IQ-UNICAMP 2011. < Disponível em
http://gpquae.iqm.unicamp.br/textos/T10.pdf>
Corantes Azóicos São compostos coloridos, insolúveis em água, que são realmente
sintetizados sobre a fibra durante o processo de tingimento. Nesse
processo a fibra é impregnada com um composto solúvel em água,
conhecido como agente de acoplamento (e.g. naftol) que apresenta alta
afinidade por celulose. A adição de um sal de diazônio (RN2 +)
provoca uma reação com o agente de acoplamento já fixado na fibra e
produz um corante insolúvel em água. O fato de usar um sistema de
produção do corante diretamente sobre a fibra, através da combinação
de um corante precursor sem grupos sulfônicos e a formação de um
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Corantes à Cuba É uma grande e importante classe de corantes baseada nos índigos,
tioindigóides e antraquinóides. Eles são aplicados praticamente
insolúveis em água, porém durante o processo de tintura eles são
reduzidos com ditionito, em solução alcalina, transformando-se em um
composto solúvel (forma leuco). Posteriormente, a subsequente
oxidação pelo ar, peróxido de hidrogênio, etc., regenera a forma
original do corante sobre a fibra. A maior aplicação deste tipo de
corante tem sido a tintura de algodão, embora devido às suas
excelentes propriedades de fixação, outros materiais também têm sido
utilizados. Entretanto, como a produção química de hidrossulfito de
sódio pode causar problemas ecológicos, o custo desta classe de
corantes tem sido bastante alto.
Corantes de Enxofre É uma classe de corantes que após a aplicação se caracterizam por
compostos macromoleculares com pontes de polissulfetos (- Sn -), os
quais são altamente insolúveis em água. Em princípio são aplicados
após pré-redução em banho de ditionito de sódio que lhes confere a
forma solúvel, são reoxidados subsequentemente sobre a fibra pelo
contato com ar. Estes compostos têm sido utilizados principalmente na
tintura de fibras celulósicas, conferindo cores preto, verde oliva, azul
marinho, marrom, apresentando boa fixação. Entretanto, estes corantes
usualmente apresentam resíduos altamente tóxicos.
Corantes Dispersivos Constitui uma classe de corantes insolúveis em água aplicados em
fibras de celulose e outras fibras hidrofóbicas através de suspensão
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Corantes Pré- São úteis principalmente para tintura de fibras protéicas e poliamida.
Metalizados
Os corantes são caracterizados pela presença de um grupo hidroxila ou
carboxila na posição ortho em relação ao cromóforo azo, permitindo a
formação de complexos com íons metálicos. Neste tipo de tintura
explora-se a capacidade de interação entre o metal e os agrupamentos
funcionais portadores de pares de elétrons livres, como aqueles
presentes nas fibras proteicas. Exemplos mais comuns deste grupo são
os complexos estáveis de cromo:corante (1:1) ou (1:2). A desvantagem
ecológica deste tipo de corante está associada ao alto conteúdo de
metal (cromo) nas águas de rejeito.
Corantes
À Cuba Sulfurados Fibras naturais e fibras artificiais
À Tina Fibras naturais
Ácidos Alimentos, couro, fibras naturais, fibras sintéticas, lã e papel
Ao Enxofre Fibras naturais
Azóicos Fibras naturais e fibras sintéticas
Básicos Couro, fibras sintéticas, lã, madeira e papel
Diretos Couro, fibras naturais, fibras artificiais e papel
Dispersos Fibras artificiais e fibras sintéticas
Mordentes Alumínio anodizado, lã, fibras naturais e fibras sintéticas
Reativos Couro, fibras naturais, fibras artificiais e papel
Ceras, cosméticos, gasolina, madeira, plásticos, solventes orgânicos,
Solventes
tintas de escrever e vernizes
Pigmentos
Tintas gráficas, tintas e vernizes, estamparia têxtil e plásticos
Orgânicos
Pigmentos Tintas gráficas, tintas e vernizes, estamparia têxtil, plásticos e negro de
Inorgânicos fumo
(Fonte: Associação Brasileira da Indústria Química)
Tabela 4: Sistemas compatíveis de colorantes inorgânicos e polímeros.
Colorante Polímero
Óxido de cromo (verde ou azul) Celulose, polietileno e polímeros vinílicos