Estabilidade de Taludes E Obras de Contenção: Engenharia Civil
Estabilidade de Taludes E Obras de Contenção: Engenharia Civil
Estabilidade de Taludes E Obras de Contenção: Engenharia Civil
ENGENHARIA CIVIL
ESTABILIDADE DE TALUDES E
OBRAS DE CONTENÇÃO
ÍNDICE
Os movimentos de massa têm sido objeto de amplos estudos nas mais diversas latitudes,
não apenas por sua importância como agentes atuantes na evolução das formas de
relevo, mas também em função de suas implicações práticas e de sua importância do
ponto de vista econômico e social. A análise e o controle de instabilizações de encostas
tem seu amplo desenvolvimento com as grandes obras civis modernas, em paralelo à
consolidação da Engenharia e da Geologia de Engenharia. O estudo dos movimentos de
massa podem ser relacionados a (Figura 1.1):
(a) (b)
(c) (d)
Figura 1.1. Estudo de movimentos de massa. (a) Taludes naturais (b) Escavações (c)
Aterro sobre solos moles (d) Barragens.
1
e econômicas. Como exemplo de perdas humanas significativas escolhemos a China, já
que este país junto com o Japão é provavelmente o que mais sofre com fatalidades
decorrentes de deslizamentos de massa. A Tabela 1 indica o número de vítimas de
deslizamentos ocorridos no período de 1917 a 1987. Pode-se observar na Tabela 1 os
diferentes tipos de ruptura ocorridas, como os deslizamentos de rocha, “debris” e loess,
corridas de “debris”, etc.; chamando-se a atenção para o deslizamento de loess ocorrido
na província de Ningxia em 1920, por virtude de um terremoto, o que acarretou a morte
de 100.000 pessoas.
2
1.2 TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS DE MASSA
3
Fell et al. (2000) apresenta na Figura 1.4 de forma simplificada os componentes do
percurso de um deslizamento, onde se destaca a origem do deslizamento, caracterizado
pelo espaço entre a superfície de ruptura e a superfície original do terreno; o percurso do
movimento caracterizado pelo caminho percorrido pela massa de solo em movimento; e
o depósito caracterizado pela zona de acumulação do material proveniente do
movimento. A Figura 1.5 define a distância percorrida (L) e o ângulo de inclinação do
movimento (φa). O WP/WLI (1990) e IAEG (1990) também utilizam a nomenclatura
descrita anteriormente (Figura 1.3 e Tabela 1.2) para a definição de algumas dimensões
de um deslizamento ilustrado na Figura 1.6 e na Tabela 1.3.
4
Tabela 1.2. Definição da geometria de um deslizamento (IAEG, 1990).
5
Figura 1.6. Dimensões de um deslizamento (IAEG, 1990).
6
Após a ruptura, o volume do material desprendido pode ser estimado por 1/6 π Dd . Wd .
Ld , já que normalmente o movimento provocado por um deslizamento faz com que
ocorra uma dilatação do material desprendido, aumentando seu volume em 33% em
média (Nicoletti & Sorriso-Valvo, 1991) (a partir de Cruden & Varnes, 1996). Ressalta-
se entretanto, que valores de dilatação em torno de até 10% são aceitáveis, valores
acima de 10% não são comuns (Melo Neto, 2005).
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escala proposta por Varnes (1978). A Tabela 1.5 apresenta a definição dos prováveis
danos provocados por movimentos de massa de acordo com as classes de velocidades
(WP/WLI, 1994).
Tabela 1.5. Definição dos danos provocados por movimentos de massa em função da
classe de velocidade.
A classificação dos movimentos de massa a ser descrita é a proposta por Cruden &
Varnes (1996), a qual refere-se a uma revisão da classificação proposta por Varnes
(1978), introduzindo um sistema taxonômico. Nesta classificação são descritos o tipo
de movimento, o tipo de material e a atividade de um movimento de massa. Os tipos de
materiais considerados nesta classificação são: solo, rocha e debris; e os tipos de
movimentos são: quedas, tombamentos, escorregamentos, expansões laterais,
8
corridas/escoamentos, conforme mostra a Tabela 1.6. A Figura 1.8 ilustra os tipos de
movimentos de massa propostos nesta classificação.
Tabela 1.6. Classificação abreviada dos movimentos de massa (Cruden & Varnes,
1996).
TIPO DE MATERIAL
TIPO DE SOLO
MOVIMENTO ROCHA Predominantemente Predominantemente
Grosso Fino
Queda Queda de rocha Queda de detritos Queda de solo
Tombamento Tombamento de Tombamento Tombamento
rocha de detritos de solo
Escorregamento Escorregamento em Escorregamento Escorregamento
rocha de detritos de solo
Expansões laterais Expansões laterais Expansões laterais Expansões laterais
de rocha de detritos de solo
Escoamento Movimento lento/ Movimento lento / Movimento lento /
Corrida de rocha Corrida de detritos Corrida de solo
Figura 1.8. Tipos de movimentos de massa. (a) Queda (b) Tombamento (c)
Escorregamento (d) Escoamento (e) Expansões laterais (Cruden &
Varnes, 1996).
Os termos relativos à atividade definida por Varnes (1978) foram reagrupados em três
categorias, conforme apresentado na Tabela 1.7: estado de atividade, relacionado ao
estágio do movimento; distribuição da atividade, que descreve de um modo geral como
9
o deslizamento está ocorrendo e o estilo da atividade, que indica à maneira com que
diferentes movimentos contribuem para um deslizamento. As Tabelas 1.8, 1.9 e 1.10 e
as Figuras 1.9, 1.10 e 1.11 definem os termos relativos à atividade dos movimentos.
Tabela 1.7. Glossário para classificação de deslizamentos (Cruden & Varnes, 1996).
ATIVIDADE
Estado Distribuição Estilo
Ativo Avançada Complexo
Reativado Retrogressiva Composto
Suspenso Dilatada Múltiplo
Inativo Alargada Sucessivo
Adormecido Confinada Simples
Abandonado Diminuída
Estabilizado Deslocada
Reliquiar
DESCRIÇÃO DO 1º MOVIMENTO
Velocidade TEOR DE UMIDADE Material Tipo
Extremamente rápida Seco Rocha Queda
Muito rápida Úmido Solo Tombamento
Rápida Molhado (“wet”) “Debris” Escorregamento
Moderada Muito molhado (“very Expansões laterais
wet”)
Lenta Escoamento
Muito lenta
Extremamente lenta
Obs.: Movimentos subsequentes podem ser descritos repetindo-se as descrições acima
quantas vezes for necessário (Cruden & Varnes, 1996).
Tabela 1.8. Estado da atividade dos movimentos de massa (Cruden & Varnes,
1996).
TIPO DESCRIÇÃO
Ativo Está atualmente em movimento
Suspenso Moveu-se nos últimos 12 meses, mas não está ativo no momento
Reativado É um ativo que estava inativo
Inativo Não se moveu nos últimos 12 meses
Adormecido Inativo que pode ser reativado por causas originais, ou por outras causas
Abandonado Inativo que não está mais afetado pelas causas originais
Estabilizado Inativo que está protegido de suas causas originais por medidas corretivas
artificiais
Reliquiar Um movimento inativo, que se desenvolveu sob condições climáticas e
geomorfológicas consideravelmente diferentes das do presente. São
também denominados de movimentos de massa fósseis.
10
Figura 1.9. Estado da atividade dos movimentos de massa (1) ativo (2) suspenso (3)
reativado (4) adormecido (5) estabilizado (6) reliquiar (Cruden & Varnes,
1996).
Tabela 1.9. Distribuição da atividade dos movimentos de massa (Cruden & Varnes,
1996).
TIPO DESCRIÇÃO
Avançada Quando a superfície de ruptura se estende na direção do movimento
Retrogressiva Quando a superfície de ruptura se estende na direção oposta do
movimento
Dilatada Quando a superfície de ruptura se estende em direção as margens laterais
Alargada Quando o movimento é limitado ao material deslocado ou a superfície de
ruptura está alargando continuamente adicionando-se ao volume do
material deslocado
Confinada É quando o movimento possui uma escarpa, mas não apresenta superfície
de ruptura visível no pé da massa deslocada
Diminuída Quando um movimento que está ativo e o volume do material deslocado
decresce com o tempo
Deslocada Quando um movimento em que o material deslocado continua se
movendo, mas não mostra visíveis mudanças na superfície de ruptura
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Figura 1.10. Distribuição da atividade dos movimentos de massa. (1) avançada (2)
retrogressiva (3) alargada (4) diminuída (5) confinada (Cruden & Varnes,
1996).
Tabela 1.10. Estilo da atividade dos movimentos de massa (Cruden & Varnes, 1996).
TIPO DESCRIÇÃO
Complexo Exibe pelo menos dois tipos de movimentos em seqüência
Composto Exibe pelo menos dois tipos de movimentos simultâneos em diferentes
partes da massa deslocada
Sucessivo É do mesmo tipo de um movimento anterior vizinho, mas não compartilha
com ele o material deslocado ou a superfície de ruptura
Simples É um simples movimento do material deslocado
Múltiplo Apresenta movimentos repetidos do mesmo tipo, freqüentemente seguidos
de alargamento da superfície de ruptura. A nova massa de solo
desprendida está em contato com a massa desprendida previamente e
freqüentemente compartilham da mesma superfície de ruptura
12
Figura 1.11. Estilo da atividade dos movimentos de massa. (1) Complexo (2) Composto
(3) Sucessivo (4) Simples (Cruden & Varnes, 1996).
13
Figura 1.12. Exemplo de queda (Infanti & Forrnasari Filho, 1998).
14
Escorregamentos são movimentos rápidos, apresentado superfície de ruptura bem
definida, de duração relativamente curta, de massas de terreno geralmente bem
definidas quanto ao seu volume, cujo centro de gravidade se desloca para baixo e para
fora do talude (Guidicini & Nieble, 1984) (Figura 1.14). Ocorrem preferencialmente em
superfícies de ruptura bem definida ou em finas zonas da massa submetidas a intensas
tensões de cisalhamento. Freqüentemente, os primeiros sinais deste movimento são a
presença de fissuras. Este tipo de movimento caracteriza-se por velocidades de
deslocamento variando de médias a altas (m/h a m/s). Augusto Filho (1994) descreve
que um tipo de escorregamento muito comum em encostas ocupadas, é o
escorregamento induzido, ou seja, aquele que é potencializado pela ação antrópica,
através da execução de cortes/aterros inadequados, da concentração de águas pluviais e
servidas, da retirada da cobertura vegetal, etc.
15
taludes mais íngremes e possuem extensão relativamente limitada, escorregamentos
translacionais podem ocorrer em taludes mais abatidos e são geralmente espessos,
podendo atingir centenas ou milhares de metros. Sua geometria caracteriza-se por uma
pequena espessura e forma retangular estreita. Guidicini & Nieble (1984) subdividem os
escorregamentos translacionais em escorregamentos translacionais de rocha, de solo, de
solo e rocha .
16
As corridas são formas rápidas de escoamento, de caráter essencialmente
hidrodinâmico, ocasionadas pela perda de atrito interno, em virtude da destruição da
estrutura, em presença de excesso de água (Guidicini & Nieble, 1984). Estes fenômenos
são bem mais raros que os escorregamentos, porém, podem provocar conseqüências de
magnitudes muito superiores, devido ao seu grande poder destrutivo e extenso raio de
alcance mesmo em áreas planas.
PROCESSOS CARACTERÍSTICAS DO
MOVIMENTO/MATERIAL/GEOMETRIA
Rastejos - vários planos de deslocamento (internos)
- velocidades muito baixas (cm/ano) a baixas e decrescentes
com a profundidade
- movimentos constantes, sazonais ou intermitentes
- solo, depósitos, rocha alteradas/fraturadas
- geometria indefinida
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terra, com o colapso de estruturas fofas de solos arenosos e siltosos, com acréscimo de
poropressão devido a vibrações ou saturação; corridas de lama, compreendendo os
movimentos rápidos em solos moles sensitivos e as corridas de detritos, caracterizando
avalanches de grandes volumes de massa de blocos de rocha e solo.
18
Controle de leis e parâmetros
Fatores predisponentes
Fatores acionantes
Conseqüências
Leroueil et al. (1996) verificaram que quatro diferentes estágios deviam ser
considerados na análise dos movimentos de massa, conforme ilustra a Figura 1.18.
19
Figura 1.18. Estágios dos movimentos de massa (Leroueil et al., 1996).
20
comportamento de atrito de solo após grandes deslocamentos (ângulo de atrito
residual). A reativação pode ser ocasional ou contínua, com variações sazonais de
velocidade de movimento. estágio de movimento para outro, podendo variar
também com o tipo de material e de movimento.
a) O controle das leis e parâmetros, onde temos como exemplo o critério de Mohr –
Coulomb, com c’ e φ’ referentes ao estágio de ruptura. Como já abordado
anteriormente, os parâmetros de resistência variam consideravelmente de um
estágio de movimento para outro, podendo variar também com o tipo de
material, de movimento e do grau de saturação;
b) Os fatores predisponentes, os quais fornecem informações a respeito da situação
atual e determina a resposta do talude seguindo a ocorrência de um fator
acionante;
c) Os fatores acionantes, os quais conduzem à ruptura ou os fatores agravantes, os
quais produzem uma modificação significativa nas condições da estabilidade ou
na velocidade do movimento;
d) Os fatores revelantes, os quais fornecem a evidência antes e/ou depois do
movimento no talude mas geralmente não participa do processo;
e) As possíveis conseqüências do movimento.
Leroueil & Locat (1998) comentam que as incertezas a respeito dos parâmetros
identificados numa caracterização geotécnica dizem respeito a variação espacial dos
parâmetros que caracterizam os materiais e os fatores predisponentes; da extensão e da
qualidade da investigação realizada e das incertezas devido a variação temporal dos
fatores agravantes ou acionantes. Como exemplo de incertezas a respeito dos
parâmetros tomemos o caso apresentado por Lacasse & Nadim (1994) (a partir de
Leroueil & Locat, 1998) apresentado na Figura 1.19.
Figura 1.19. Fator de segurança e probabilidade de ruptura (Lacasse & Nadim, 1994) (a
partir de Leroueil & Locat, 1998).
21
Pode-se observar que um fator de segurança de 1.79 obtido com um alto nível de
incerteza diz respeito a parâmetros que podem corresponder a probabilidade de ruptura
significativamente maior do que um fator de segurança de 1.40 obtido com um baixo
nível de incertezas. Outras incertezas relacionam-se ao envolvimento dos processos que
são geralmente complexos tais como, influência da estrutura e anisotropia, efeitos na
velocidade de deformação, ruptura progressiva, influência de fatores geológicos, erosão
interna (“pipping”), etc. que muitas vezes não são considerados nos métodos de cálculo
existentes.
Tipo de Estágio do
movimento movimento
Material
Fatores predisponentes
22
1.4 MECANISMOS / PROCESSOS EM MOVIMENTOS DE MASSA
23
Os fatores de causa predisponentes relacionam-se a geologia, a morfologia, as
características físicas e antrópicas da área; os fatores de causa acionantes ou agravantes
relacionam-se a morfologia, as características físicas e antrópicas, conforme ilustra a
Figura 1.21 e a Tabela 1.12.
GEOLÓGICOS
FATORES MORFOLÓGICOS
PREDISPONENTES
FATORES
FÍSICOS ACIONANTES /
AGRAVANTES
ANTRÓPICOS
Figura 1.21. Diagrama dos processos dos fatores de causas predisponentes e acionantes /
agravantes dos movimentos de massa.
24
Tabela 1.12. Inventário de causas de movimentos de massa (Cruden & Varnes, 1996).
1. Causas Geológicas
a. Materiais Fracos
b. Materiais sensíveis
c. Materiais desgastados (intemperizandos)
d. Materiais cisalhandos
e. Materiais articulados ou fissurados
f. Massa descontínua orientada adversamente (estratificação, xistosidade, etc.)
g. Estrutura descontínua orientada adversamente (falha, contato, sem conformidade, ect.)
h. Contraste na permeabilidade
i. Contraste na dureza (duro, material denso sobre material plástico)
2. Causas Morfológicas
a. Subpressão tectônica ou vulcânica
b. Reação glacial
c. Erosão fluvial de pé de talude
d. Erosão de onda de pé de talude
e. Erosão glacial de pé de talude
f. Erosão das margens laterais
g. Erosão subterrânea (solução, “piping”)
h. Deposição de carga no talude ou na sua crista
i. Remoção da vegetação (por fogo na floresta, seca)
3. Causas Físicas
a. Chuvas intensas
b. Derretimento rápido de neve
c. Precipitação excepcional prolongada
d. Rebaixamento rápido ( de inundações e marés)
e. Terremoto
f. Erupção vulcânica
g. Descongelamento
h. Intemperismo/desgaste devido ao congelamento-e-descongelamento
i. Intemperismo/desgaste devido à contração-e-inchamento
4. Causas humanas
a. Escavação de talude ou do seu pé
b. Carregamento de talude ou de sua crista
c. Rebaixamento (de reservatórios)
d. Deflorestamento
e. Irrigação
f. Mineração
g. Vibração artificial
h. Vazamentos de águas servidas
25
Tabela 1.13. Fatores deflagradores dos movimentos de massa (Varnes, 1978).
26
Elevação da coluna d’água em descontinuidades – o nível de água
subterrâneo sofre alteamentos mais intensos nos taludes rochosos pouco
fraturados, quando comparados com os de maciços terrosos em virtude de
suas porosidades. Estas elevações do NA nas descontinuidades diminuem
tanto as tensões efetivas, como podem gerar esforços laterais cisalhantes,
podendo ocasiosar à ruptura;
Erosão subterrânea retrogressiva (“pipping”).
27
Figura 1.22. Gráfico da envoltória de deslizamentos induzidos na Serra do Mar
(Tatizana et al.,1987).
Para a cidade do Recife, os estudos realizados nos morros de Olinda-PE por Gusmão
Filho (1997), levaram uma significativa contribuição nas correlações entre pluviosidade
e deslizamentos, o qual durante três anos monitorou a variação do nível piezométrico
das encostas de Olinda. Concluiu-se que a instabilidade das encostas resulta da ação
combinada entre a intensidade de chuva acumulada (Pac), de janeiro até aquela data,
com a ocorrência de uma chuva diária de intensidade mínima (I) naquela data.
28
A principal aplicação destas correlações é tentar se antecipar à deflagração dos
movimentos de massa, a partir do acompanhamento dos índices pluviométricos de uma
região, sendo possível alertar, antecipadamente a população da possibilidade de
deslizamentos. É mais fácil e barato monitorar o parâmetro chuva do que o nível d’água
e o grau de saturação dos taludes e encostas, principalmente em grandes áreas. Apesar
das limitações e imprecisões, essas correlações podem fornecer um importante
instrumento de baixo custo de implantação, para o monitoramento e gerenciamento de
riscos associados a escorregamentos em áreas urbanas.
Como exemplo de descarte de águas servidas pela população podemos citar o exemplo
de Assunção (2005), a qual quantificou o descarte de águas residuárias em
assentamentos carentes localizados em Salvador. A Figura 1.24 ilustra alguns dos
resultados obtidos no estudo. Observa-se que nos meses do ano correspondentes ao
período de menor intensidade de chuva (verão – out / abr), a precipitação antrópica é
significativa e maior que a precipitação pluviométrica; ocorrendo o contrário no período
do ano de maior intensidade pluviométrica (inverno / maio - set).
Assunção (2005) afirma ainda que a precipitação antrópica foi superior a precipitação
pluviométrica em 269 dias no ano de 2002; concluindo que para a área de estudo e o
período estudado, na maioria dos dias do ano quem descarrega mais água é a
comunidade, porém em relação ao total anual, quem descarrega mais água é a chuva,
principalmente quando se consideram as precipitações de grande intensidade em curto
espaço de tempo.
29
400
Lâmina Antrópica
Precipitação (mm)
350
Lâmina Pluviométrica
300
250
200
150
100
50
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses
Segundo Augusto Filho & Virgili (1998), a cobertura vegetal apresenta efeitos
favoráveis e desfavoráveis em estabilidade das encostas:
a) Efeitos favoráveis:
b) Efeitos desfavoráveis:
- Efeito alavanca: força cisalhante transferida pelos troncos das árvores ao terreno,
quando suas copas são atingidas por ventos;
- Efeito cunha: pressão lateral causada pelas raízes ao penetrar em fendas, fissuras e
canais do solo ou rocha;
- Sobrecarga vertical: causada pelo peso das árvores.
30
A Figura 1.25 ilustra a variação esquemática da estabilidade de encostas ao longo do
tempo em virtude de desmatamentos. Verifica-se que os processos de instabilização de
encostas e taludes tendem a se acelerar algum tempo após o desmatamento. Logo em
seguida à retirada das árvores, ocorre um acréscimo na estabilidade, devido à
eliminação dos efeitos negativos como sobrecarga, efeito alavanca, etc. Contudo, este
acréscimo de estabilidade tende a diminuir com o tempo, com o apodrecimento das
raízes e a eliminação do efeito de redistribuição de água de chuva.
31
CAPÍTULO 2
Augusto Filho (1992), apresenta na Figura 2.1 uma proposta metodológica para o
entendimento das investigações geológico-geotécnicas envolvendo oito etapas
organizadas em uma estrutura de fluxo cíclica.
32
PLANEJAMENTO
LEVANTAMENTO
DE DADOS
INVESTIGAÇÕES
SUPERFÍCIE
MODELO
FENOMENOLÓGICO INVESTIGAÇÕES DE
SUBSUPERFÍCIE
AVALIAÇÃO INSTRUMENTAÇÃO
insuficiente
suficiente
ENSAIOS
PROJETO DE
ESTABILIZAÇÃO
33
2.2.2 Investigações de superfície
34
Tabela 2.1 Principais métodos de investigação de subsuperfície utilizados na
caracterização geológico-geotécnica de encostas (Augusto Filho & Virgili,
1998).
10 m (manual) e 30m
(mecânico)
Sondagem a Nível d’água, horizontes em maciços terrosos e Avanço através de blocos
percussão transição solo/rocha, amostras poço deformadas, rochosos métricos e topo
ensaio SPT rochoso. Difícil execução
em profundidades
superiores a 40m
Sondagem Parâmetros anteriores em maciços terrosos e Custo relativamente
rotativa rochosos amostras pouco deformadas para elevado
ensaios em laboratório, ensaios in situ
(permeabilidade, perda d’água, etc.), execução
de injeções e tirantes, realização de furos
inclinados
Geofísicos Levantamentos extensivos, extrapolações a Necessidade de algumas
partir de algumas investigações de investigações de
subsuperfície. Métodos elétricos e sísmicos são subsuperfície para
Indiretos
2.2.4 Instrumentação
35
Tabela 2.2. Principais tipos de instrumentos utilizados no estudo de encostas (Augusto
Filho & Virgili, 1998).
INSTRUMENTOS PARÂMETROS
Marcos superficiais
Prismas óticos
Extensômetros (haste e fio)
Fissurômetros Deslocamentos e
Medidores de recalque recalques
Indicadores de movimentações em profundidade
Inclinômetros
Células de carga em tirantes Cargas
36
resistência ao cisalhamento de argilas moles (resistência não drenada). A tabela 2.3
apresenta uma síntese dos principais ensaios de laboratório e “in situ” utilizados no
estudo de estabilidade de encostas.
ENSAIOS UTILIZAÇÃO
Granulometria Caracterização física
Limites de Atterberg Caracterização física
Permeabilidade saturada Determinação da condutividade
hidráulica
Resistência ao cisalhamento Parâmetros de resistência (c e φ)
convencional
LABORATÓRIO Resistência ao cisalhamento com Parâmetros de resistência (c e φb)
sucção controlada
Ensaios triaxiais (CD, CIU, UU) Parâmetros de resistência (c e φ)
Palheta de laboratório Resistência não drenada
Ensaios edométricos Parâmetros de compressibilidade
(colapsibilidade, expansividade)
Sondagem a percussão - SPT Estimativa da resistência
Sondagem rotativa Extração de rochas
Permeabilidade – “guelph” Condutividade hidráulica “in situ”
CAMPO CPT / CPTU Atrito lateral, estatigrafia, poro
pressão, resistência de ponta
Palheta - Vane Resistência não drenada
Pressiômetro Módulo de deformação do solo,
resistência (pressão limite)
37
CAPÍTULO 3
ANÁLISE DE ESTABILIDADE
38
Tabela 3.1. Exemplos de valores de FS.
1
as incertezas nas medidas de resistência são pequenas, se as condições do solo forem
uniformes e os parâmetros de resistência obtidos dos ensaios forem consistentes e de
elevada qualidade.
2
as incertezas nas medidas de resistência são grandes, se as condições do solo forem
complexas e os parâmetros de resistência obtidos dos ensaios não forem consistentes.
39
3.2 ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NUMA ANÁLISE DE
ESTABILIDADE
T = CV t / D2
40
deslizamento. A Figura 3.2 ilustra correlaciona as tensões normais e as tensões
cisalhantes obtidas de um ensaio de cisalhamento direto (condição drenada). Visualiza-
se esquematicamente os resultados obtidos numa amostra de rocha que contenha uma
discontinuidade e que esteja sendo ensaiada ao longo da mesma.
41
Figura 3.3. Resistência ao cisalhamento não drenada de um solo argiloso.
As Figuras 3.4 e 3.5 ilustram a variação do fator de segurança e da poro pressão com o
tempo para o caso de um aterro sobre solo mole (Figura 3.4) e de uma escavação
(Figura 3.5). Observa-se na Figura 3.4 que o fator de segurança é mínimo no final da
construção do aterro (curto prazo) coincidindo com máximas poro pressões, já que as
mesmas requerem um período de tempo além da construção para sua dissipação. Com o
tempo, ocorrendo a dissipação das poro pressões, as tensões efetivas aumentam,
consequentemente, aumentando também a resistência e o fator de segurança.
O inverso ocorre numa escavação, conforme ilustra a Figura 3.5, onde o fator de
segurança é mínimo apenas a longo prazo. Observa-se que logo após a escavação, as
poro pressões atuantes são mínimas e o fator de segurança é máximo. Ao longo do
tempo as poro pressões negativas são dissipadas com o tempo, conduzindo a uma
redução da resistência e do fator de segurança com o tempo.
42
Figura 3.4. Variação do FS com o tempo – Aterro.
43
Figura 3.5. Variação do FS com o tempo – Escavação.
44
definição. A Tabela 3.2 ilustra algumas condições impostas e suas considerações nas
análises de estabilidade em termos de tensões totais ou efetivas.
45
Observa-se que o bloco é solicitado por seu peso próprio (P), sendo que a parcela
P sen i tende a causar o escorregamento do mesmo. O esforço normal atuante na base
do bloco (superfície de escorregamento) é P cos i.
FS = P cos i . tg φ = tg φ
P sen i tg i
46
As grandezas atuantes em cada fatia são representadas na Figura 3.8. Pode-se observar
que as grandezas atuantes são as cargas externas, o peso próprio (W), a pressão da água
(U) e a resistência do solo (τ = T). Observa-se também na Figura 3.8 outras grandezas
atuantes tais como: o esforço normal na base da fatia (N=P), o esforço horizontal nas
laterais das fatias (E) e a força cisalhante entre fatias (X). A largura da fatia (b) e o
ângulo de inclinação (α) também são representados. A condição de equilíbrio pode ser
considerada fatia por fatia. Se a condição de equilíbrio for satisfeita para cada fatia,
consequentemente também será válida para toda a massa.
47
Tabela 3.3. Equações e incógnitas na análise do equilíbrio-limite (Duncan, 1996).
EQUAÇÕES INCÓGNITAS
Métodos que satisfazem apenas o equilíbrio de forças
N = equilíbrio horizontal N = forças normais na base das fatias
N = equilíbrio vertical N – 1 = forças laterais
N – 1 = ângulos entre forças laterais
1 = fator de segurança
2N Total de equações 3N – 1 Total de incógnitas
Métodos que satisfazem o equilíbrio e o momento de forças
N = equilíbrio horizontal N = forças normais na base das fatias
N = equilíbrio vertical N = localização das forças normais na base das
N = equilíbrio do momento fatias
N – 1 = forças laterais
N – 1 = ângulos entre forças laterais
N – 1 = localização das forças laterais nas fatias
1 = fator de segurança
3N Total de equações 5N – 1 Total de incógnitas
Os principais métodos de cálculo são divididos em lineares e não lineares, sendo estes
últimos subdivididos em superfícies ciculares e não circulares. As hipóteses gerais para
os métodos aqui apresentados são baseados no equilíbrio-limite, descritas a seguir:
A tabela 6.4 ilustra os principais métodos de cálculo. Vale destacar que neste curso
iremos apresentar apenas os métodos do momento, taludes infinitos, Fellenius, Bishop
modificado e Spencer.
48
Tabela 3.4. Principais métodos de cálculo.
MÉTODOS
Método do momento p/ φ=0
Taludes infinitos
LINEARES Método de Culman
Método de Rendulic
Método do círculo de atrito
Equações de equilíbrio: Σ FV , Σ FH , Σ M 0.
É assumido que a ruptura ocorre pela rotação de um bloco de solo numa superfície
cilíndrica onde apenas a resistência não drenada é mobilizada (resistência puramente
coesiva), conforme ilustra a Figura 3.9.
Figura 3.9. Cálculo do fator de segurança para o Método do momento p/ φ=0 (Nash,
1987).
49
Considerando-se o comprimento do arco: L = R θ; τ é a resistência ao cisalhamento ao
longo de L, então: T = τ.L e considerando-se W = peso do bloco de solo, temos:
Critério de ruptura: S = CU
No equilíbrio: Wx = T.R
Onde: Wx = CU L R F = CU L R
F Wx
Onde:
F = fator de segurança;
L = comprimento do arco
R = raio do arco
W = peso da fatia
X = distância entre o centro O e a força W
É assumido que a ruptura ocorre pelo deslizamento de um bloco de solo formando uma
superfície de ruptura planar e paralela ao nível do terreno (Figura 3.10).
Figura 3.10. Cálculo do fator de segurança para o Método de talude infinito (Nash,
1987).
.
50
Para a fatia mostrada na figura 3.10: na base – tensão normal total σ, tensão de
cisalhamento τ, poro pressão u
Talude infinito: QL = QR
FS = c’ + [ γ z cos2 β – u] tan φ’
γ z sin β cos β
Casos particulares:
c´ = 0 FS = γ z cos2β tg φ
γ z cosβ senβ
u=0
b) Taludes em solos homogêneos não coesivos (c´ = 0) com percolação (NA =NT) :
p/ FS =1 tgβ = γ sub tg φ
γ sat
51
Exemplo:
Calcule o FS para o talude abaixo e emita seu parecer quanto a estabilidade do talude.
Dados:
solo homogêneo
L/D > 10
φ ´ = 28º
γ h = 17kN/m3
γ sat = 19kN/m3
FS = c’ + [ γ z cos2 β – u] tan φ’
γ z sin β cos β
Desenvolvimento da fórmula:
Variáveis utilizadas:
Desenvolvimento do cálculo:
FS = 40 + [ (19 x 4 + 17 x 2 - 10 x 4) cos240 ] tg 28
(19 x 4 + 17 x 2 ) cos40 sen40
FS = 1,14
52
Parecer:
Conclui-se que o fator de segurança foi menor que o recomendável, FS = 1,5; e que está
muito próximo de 1. O talude apresenta-se marginalmente estável. Para sua estabilidade
recomenda-se a utilização de uma solução de estabilização, de forma a aumentar o seu
FS. Opções: rebaixamento do NA e/ou diminuir a inclinação β.
É assumido que a ruptura ocorre pela rotação de um bloco de solo numa superfície
cilíndrica de deslizamento centrada no ponto O. Examinando o momento de equilíbrio
em relação ao ponto O, é obtida uma expressão para o fator de segurança (Figura 3.11).
Hipóteses: resultante das forças entre fatias em cada fatia é paralela a sua base
(θ=α); força normal no centro da base da fatia.
Condição de equilíbrio: Σ Fnormal à base = 0 ; Σ M 0.= 0
Figura 3.11. Cálculo do fator de segurança para o Método de Fellenius (Nash, 1987).
.
Para a fatia mostrada na figura 3.11: na base – tensão normal total σ, tensão de
cisalhamento τ, poro pressão u
Assumindo que resultante das forças entre fatias Q é paralela a base da fatia
53
Momento de equilíbrio em relação ao ponto O: Σ W R sin α = Σ T R
(as forças entre fatias são internas e seu momento resultante é nulo)
Fm =
∑ (c' l + (W cosα − ul ) tan φ ')
∑Wsinα
onde,
Fm = fator de segurança;
c’= coesão efetiva;
l = variação do comprimento do arco na base da fatia;
W = peso da fatia;
α = ângulo que a força normal faz com a vertical;
u =poro-pressão;
φ’= ângulo de atrito efetivo
Características do método:
É assumido que a ruptura ocorre pela rotação de um bloco de solo numa superfície
cilíndrica de deslizamento centrada no ponto O. Examinando o momento de equilíbrio
em relação ao ponto O, é obtida uma expressão para o fator de segurança (Figura 3.12).
54
Hipóteses: as forças entre fatias são horizontais (θ=0); força normal no centro da
base da fatia.
Condição de equilíbrio: Σ FV= 0 ; Σ M 0.= 0
Figura 3.12. Cálculo do fator de segurança para o Método de Bishop Modificado (Nash,
1987).
Para a fatia mostrada na figura 3.12: na base – tensão normal total σ, tensão de
cisalhamento τ, poro pressão u
⎛ tgαtgφ ' ⎞
onde: mα = cosα ⎜1 + ⎟
⎝ F ⎠
Σ M 0.= 0 : Σ W R sin α = Σ TR
55
Substituindo P (W= γ h b; b l cosα)
Fm =
∑ [b.(c'+(γh − u )tgφ ' / mα ]
∑W sen α
onde:
Fm = fator de segurança;
b =base da fatia;
c’= coesão efetiva;
γ = peso específico;
W = peso da fatia;
α = ângulo que a força normal faz com a vertical;
u =poro-pressão;
φ’= ângulo de atrito efetivo
Características do método:
É assumido que a ruptura ocorre pela rotação de um bloco de solo numa superfície
cilíndrica centrada no ponto O, podendo-se também ser aplicado à uma análise em
termos de superfície não circular. Examinando o momento de equilíbrio e as forças de
equilíbrio duas expressões são obtidas para o fator de segurança (Figura 3.13).
Hipóteses: É assumido que a resultante das forças entre fatias têm uma inclinação
constante (θ), e a inclinação é encontrada na condição em que as duas expressões
resultarem no mesmo fator de segurança; sendo este último considerado o fator de
segurança do talude em questão.
Condição de equilíbrio: Σ FV= 0 ; Σ M 0.= 0
56
Figura 3.13. Cálculo do fator de segurança para o Método de Spencer (Nash, 1987).
Para a fatia mostrada na figura acima: na base – tensão normal total σ, tensão de
cisalhamento τ, poro pressão u
⎡ l ⎤
P= ⎢W − ( X R − X L ) − (c' l sin α − ul tan φ ' sin α )⎥ / mα (3)
⎣ F ⎦
⎛ tan φ ' ⎞
Onde mα = cosα ⎜1 + tan α ⎟
⎝ F ⎠
X
Assumindo que = tan θ = constante em toda a curva. (6)
E
57
Momento de equilíbrio com relação ao ponto O: ∑WRsinα = ∑ TR (7)
Fm =
∑ (c' l + ( P − ul ) tan φ ' ) (8)
∑Wsinα
Equilíbrio das forças:
Da equação (5) ∑ (ΕR - EL) = ∑ P sin α − 1 ∑ (c’l + (P – ul) tan φ’) cos α
Ff
onde FF=
∑ (c' l + ( P − ul ) tan φ ')secα (10)
∑ (W − ( X − X )) tan α
R L
Características do método:
O fator de segurança dado pela equação do momento varia apenas um pouco com o
aumento dos valores de θ. Para o caso em que θ=0, recai-se no método de Bishop
simplificado. Em contraste, a equação derivada das forças de equilíbrio era muito
sensível a θ. Ιsto, então, era a chave para a relativa acurácia do método de Bishop: que é
baseado apenas no equilíbrio dos momentos. Uma das vantagens do Método de Spencer,
é a sua utilização em superfícies não-circulares. Uma outra seria que a sua análise é feita
58
em termos do equilíbrio total dos momentos das fatias e do equilíbrio total de forças
entre as fatias, enquanto que Bishop utiliza apenas a análise em termos de equilíbrio do
momento.
É assumido que a ruptura ocorre pela rotação de um bloco de solo numa superfície não
circular. Examinando as forças de equilíbrio uma expressão é obtida para o fator de
segurança (Figura 3.14).
Hipóteses: É assumido que as forças cisalhantes entre fatias é zero, onde um fator de
correção é introduzido.
Condição de equilíbrio: Σ FV = 0
Figura 3.14. Cálculo do fator de segurança para o Método de Janbu (Nash, 1987).
Para a fatia mostrada na figura acima: na base – tensão normal total σ, tensão de
cisalhamento τ, poro pressão u
59
⎛ tgαtgφ ' ⎞
onde: mα = cosα ⎜1 + ⎟
⎝ F ⎠
Resolvendo paralelo a base da fatia: T + (ER – EL) cos α = (W – (XR -XL )) sin α
Figura 3.15. Fator de correção f0 utilizado no método de cálculo de Janbu (Nash, 1987).
60
3.5 ETAPAS PARA O CÁLCULO OPERACIONAL
Equações:
Fm =
∑ [b.(c'+(γh − u )tgφ ' / mα ]
∑W sen α
⎛ tgαtgφ ' ⎞
onde, mα = cosα ⎜1 + ⎟
⎝ F ⎠
F = Σ (16)
Σ (9)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
mα 14/mα
fatia c’ tg φ’ b h γh α sinα 4x u γh-u 3x 2+ 4x FS FS FS FS FS FS
6x 11 12 13
8
61
Figura 6.16. Comparação entre análises em 2D e 3D (Duncan, 1996).
Verifica-se na Figura 3.16 (a) que os fatores de segurança em 2D obtidos são 1.10, 1.00
e 1.19. a seção central (seção 2) é a mais crítica, apresentando FS mínimo em análise
2D de 1.00. A Figura 3.16 (b) ilustra a análise em 3D. Observa-se que o FS mínimo em
3D para o caso da seção crítica é 1.01, correspondendo a um aumento de 1% em relação
ao fator de segurança encontrado na análise em 2D. Como a análise em 3D é bem mais
complexa do que a análise em 2D; a análise em 2D na maioria das análises de
estabilidade constitui-se suficiente para resolução dos problemas.
Azzouz et al. (1983) mostraram, através de uma análise tridimensional que o efeito das
extremidades geralmente é no sentido de aumentar o FS, obtido convencionalmente em
10 + 5%, podendo em certos casos, exceder a 20-30%. Isto implicaria em uma redução
da mesma ordem na resistência não drenada que corresponde a FS igual a unidade, de
forma a se obter o valor real de Su representativo da fundação. Os autores apresentam
am uma proposta prática para estimar esse efeito, para geometrias típicas de aterro
(Figura 3.17).
62
Seção A- A
O'
X
Rmín
Su
L Rmín
Y σ
A A
X
O
T
L FS 1 + 0,7 DR
FS 2L
Onde:
FST - fator de segurança tridimensional;
FS - fator de segurança bidimensional (convencional);
DR - Rmáx - Rmín
O'
Planta da superfície de ruptura
63
resultante das forças entre fatias é paralela a sua base; satisfaz condição de equilíbrio da
força normal a base da fatia.
64
CAPÍTULO 4
65
De acordo com a figura 4.1, a erosão é caracterizada pela água como um processo de
dinâmica superficial onde os grãos do solo (materiais naturais), são desagregados e
mobilizados pela força da gravidade (energia) e por causa da água (agente).
AGENTES OU
FATORES ATIVOS
FLUXOS MATERIAIS
DE NATURAIS
ENERGIA
PROCESSOS DO
MEIO FÍSICO
66
Tabela 4.1. Agentes de transportes (Gusmão Filho, 1995).
EROSÃO
DO SOLO
BAIXA ASSOREAMENTO
PRODUTIVIDA
67
implantadas em locais inadequados, e sem elaboração do devido estudo de impacto
ambiental.
O processo erosivo causado pela água das chuvas tem abrangência em quase toda a
superfície terrestre, em especial nas áreas com clima tropical, onde os totais
pluviométricos são bem mais elevados do que em outras regiões do planeta. Além disso,
em muitas dessas áreas, as chuvas se concentram em certas estações do ano, o que
agrava ainda mais a erosão. O processo tende a se acelerar, à medida que mais terras são
desmatadas para a exploração de madeiras e/ou para a produção agrícola, uma vez que
os solos ficam desprotegidos da cobertura vegetal e, conseqüentemente, as chuvas
incidem diretamente sobre a superfície do terreno.
No Brasil, destaca-se a água como agente erosivo, cujo início do processo se dá através
do desprendimento das partículas do solo, pelo impacto das gotas de chuva na superfície
e pelo escoamento superficial, Queiroz Neto & Christofoletti (1968); Foster et al.
(1985); Bertoni & Lombardi Neto (1985.)
Hídrica
Fluvial
Eólica
Glacial
Marinha
No que se refere aos tipos de erosão, deve-se considerar quanto à origem e quanto ao
agente, podendo desta forma ser classificada em erosão hídrica, fluvial, eólica, glacial e
marinha. Segundo Trillo (1999), a erosão hídrica é aquela em que os processos de
desagregação das rochas ou dos solos são efetuados pela água, e são dependentes de
fatores que afetam seu processo, sendo resumidos e esquematizados na figura 4.3.
68
Figura 4.3. Fatores que afetam a erosão hídrica.
Este tipo de erosão pode se manifestar como: Erosão pluvial; Erosão laminar; Erosão
por escoamento difuso (sulcos); Erosão por escoamento difuso interno (piping); Erosão
por escoamento concentrado (voçorocas). As modalidades de erosão hídrica são
apresentadas de acordo com a figura 4.4.
EROSÃO EM VOÇOROCA
69
impacto das gotas de água, mas também com a própria energia cinética (Ec) das gotas
de chuva. Dependendo da energia impactada sobre o solo, vai ocorrer, com maior ou
menor facilidade, a ruptura dos agregados, formando as crostas que provocam a selagem
dos solos.
Figura 4.5. Desprendimento das partículas de solo pelo impacto das gotas de chuva.
70
lençol freático. Muitos autores apontam que as condições de ocorrência de fenômenos
de ravinamento e voçorocamento podem estar relacionadas tanto às características
hidráulicas dos materiais das zonas de percolação das águas superficiais e
subsuperficiais, quanto às características do gradiente hidráulico ou, melhor, do
comportamento piezométrico do lençol freático.
4.5.3.1 Sulcos
4.5.3.2 Ravinas
4.5.3.3 Voçorocas
71
Nível de água Voçoroca
Zona temporariamente
Sulcos ou Ravinas encharcada
Figura 4.6. Morfologia do processo erosivo.
72
• RELEVO TOPOGRÁFICO – Verifica-se principalmente, pela declividade e
comprimento da rampa (comprimento da encosta). Estes fatores interferem diretamente
na velocidade das enxurradas. As perdas de solo por erosão hídrica, crescem com o
aumento da inclinação e comprimento da rampa, como conseqüência do incremento da
velocidade e volume de escoamento superficial.
73
As propriedades químicas biológicas e mineralógicas do solo influem no estado de
agregação entre as partículas, aumentando ou diminuindo a resistência do solo à erosão.
A matéria orgânica incorporada no solo permite, maior agregação e coesão entre as
partículas, tornando o solo mais estável em presença de água, mais poroso e com maior
poder de retenção de água. Estas características, conjuntamente analisadas, determinam
sua maior ou menor capacidade de propiciar a erosão laminar, isto é, a sua
erodibilidade.
A definição das classes de uso e ocupação do solo adotado por Almeida & Freitas
(1996) foram: área urbanizada, áreas de expansão urbana, mata /reflorestamento,
pastagens e atividades agrícolas.
Pastagens – estas áreas podem ser consideradas de tendência média a alta de indução
dos processos erosivos, apesar de manter uma cobertura do solo na maior parte do ano.
Um dos problemas com a compactação do solo é aumento do escoamento superficial;
74
Tabela 4.2. Formas de uso e ocupação e os principais problemas
Categoria de uso Intervenção Conseqüências
Mata/Reflorestamento Desmatamento Possibilidade de desencadear
processo erosivo e
assoreamento
Pastagens Retirada da cobertura Compactação do solo, aumento
Pisoteio do gado e concentração do escoamento e
transporte de sedimentos
Atividades Agrícolas Cultivos sem práticas conservacionistas Erosão laminar, processos
erosivos lineares e transporte de
sedimentos
Áreas Urbanas Impermeabilização, ocupação das Inundação e enchentes,
baixadas, concentração das águas assoreamento
consolidadas
pluviais,estrangulamento do sistema de
drenagem
Áreas urbanas em Movimento de terra, parcelamento do solo Erosão (Laminar, sulcos,
e ausência de infra-estrutura ravinas e voçorocas)
expansão
75
4.8.1 Controle da Erosão em Áreas Urbanas
Mesmo quando as águas superficiais são captadas por sistemas apropriados de redes de
galerias, constata-se com freqüência o desenvolvimento de erosão no ponto de
lançamento, devido a falta ou ineficiência de sistemas de dissipação de energia (Figuras
4.8 e 4.9).
76
Figura 4.9.Estruturas de combate e dissipação.
O controle desses processos, além de difícil é muito caro, podendo ser mais elevado que
o próprio valor da terra. Portanto é essencial efetuar as medidas de controle destes
processos para prevenir a sal formação.As medidas para o seu controle poderá ser feita
através dos seguintes procedimentos (Bertoline et al., 1994):
• Isolamento da área afetada com cerca – para evitar o acesso do gado, trânsito de
máquina e veículos que pode favorecer a concentração da enxurrada e dificultar
o desenvolvimento da vegetação;
• Drenagem da área subterrânea – quando atinge o lençol freático, o sucesso do
controle da boçoroca é coletar essa água e ser conduzida até um leito de
drenagem estável, que pode ser feito com dreno de pedra ou feixes de bambu;
• Controle da erosão em toda a bacia de captação – evitar que o escoamento
superficial das águas pluviais tenha na erosão um canal escoadouro. Isso pode
ser conseguido com um sistema de terraceamento, canais escoadouros ou
divergentes, plantio em nível, cobertura vegetal ou outras práticas que deverão
ser implantadas em todas as áreas a montante e laterais, formando a bacia de
captação da erosão;
• Suavização dos taludes da erosão – as paredes da erosão são muito íngreme,
havendo a necessidade de se fazer suavização nos taludes, a fim de facilitar a
implantação da vegetação protetora do solo;
• Construção de paliçadas ou pequenas barragens – essas estruturas podem ser
feitas com madeira, pedra, galhos ou troncos de árvores, entulho ou terra, tendo
a finalidade de evitar o escoamento em velocidade no interior da erosão;
• Vegetação da erosão – deve ser feita com plantas rústicas que desenvolvam bem
em solos erodidos, proporcionem boa cobertura do solo e tenham um sistema
radicular abundante. As vegetações mais usadas na proteção da área com
77
boçoroca são as seguintes gramíneas (batatais, seda, capim-quicuío e a
braquinária) e leguminosas (cudzu e as diversas espécies de Lespedeza spp) ou
essências florestais (pinus e o eucalipto).
78
4.9.2 Ensaio de dispersão rápida (Crumb-Test)
79
Dispersão: as paredes da amostra se tornam difusas com o surgimento de uma
“nuvem” coloidal que cresce a medida que a amostra se dissolve
Este ensaio é definido pela NBR 6502/1995 como ensaio de Furo de agulha, e resulta
em obter uma medida direta e qualitativa da dispersibilidade de solos argilosos, pelo
fluxo de água destilada através de um pequeno furo feito axialmente no corpo de prova
indeformado. A percolação da água tem início durante 8 minutos com carga hidráulica
de 2", e em seguida aumentada para 7", 15" e 40" respectivamente. Sempre é observado
se há turbidez e desprendimento de partículas durante o ensaio. É realizado o
procedimento no sentido inverso, verificando um possível alargamento do furo e
evidenciando processo erosivo, Santos & Camapum (1998). As Figuras 4.11e 4.12,
mostram os detalhes do equipamento e comportamento de solos para o ensaio Pinhole.
80
4.9.5. Ensaio de Inderbitzen
81
CAPÍTULO 5
MÉTODOS DE ESTABILIZAÇÃO
GRUPOS TIPOS
Obras sem estrutura de contenção - retaludamentos (corte e aterro)
- drenagem (superficial, subterrânea)
- proteção superficial (naturais e artificiais)
Obras com estrutura de contenção - muros de gravidade
- atirantamentos
- aterros reforçados
- estabilização de blocos
Obras de proteção - barreiras vegetais
- muros de espera
Outro aspecto a ser considerado é que projetos de obras de contenção mal elaborados ou
de execução deficiente podem potencializar a magnitude das instabilizações, resultando
em danos sociais e econômicos principalmente em áreas urbanas. Entre as principais
causas específicas para o insucesso de obras de instabilização, destacam-se drenagem
insuficiente, remoção parcial da massa rompida, problemas de fundação de muros e
aterros, atirantamento dentro da massa instabilizada, etc.
82
Tabela 5.2. Principais tipos de obras de estabilização de taludes e encostas (Santana,
2006).
83
Segundo a GEORIO (2000) a realização completa de um projeto de estabilização
implica três fases distintas:
De acordo com o tipo de agente atuante podemos dividir as obras de estabilização nas
categorias descritas na Tabela 5.3.
PRINCÍPIOS OBRAS
a) Superficial:
- valetas de crista de talude ou de plataforma
- canaletas/ escadaria, canais c/ ou s/ revestimento
b) Estruturas de contenção
- Muros de arrimo
Suporte de uma área instável - Estruturas de terra e concreto, estrutura solo reforçado
(estruturas de contenção)
c) Métodos adicionais
- Instalação de estacas de cal
- Instalação de trincheiras de pedregulhos ou colunas de pedras
(brita)
- Tratamento químico
- Electro - osmose
-Tratamento pelo calor
84
5.3 ESTABILIZAÇÃO EM SOLO
Muros: em geral são economicamente eficientes para pequenas alturas (até 3m).
Acima deste valor, as soluções de reforço tendem a ser mais econômicas.
85
(a) (b)
Drenagem: solução presente na maioria das obras. Pode ser superficial (Figura
5.3a), tendo como objetivo a redução de processos de infiltração; e profunda tendo
como objetivo o controle da magnitude das pressões de água decorrentes ou não de
processos de infiltração (Figura 5.3b).
NA
(ANTES)
SURGÊNCIAS
(ANTES)
U<0
NA
(DEPOIS)
PARA
DRENO CANALETA
SUB-HORIZONTAL
(CALIFÓRNIA)
(a) (b)
86
Retaludamento (cortes e aterros): depende da disponibilidade de área livre para a
implantação de novo corte.
87
- Devem ser evitados aterros na crista do talude;
- Deve sempre ser previsto um sistema de drenagem proteção superficial do
talude.
88
Figura 5.6. Exemplo de cobertura vegetal.
89
Figura 5.8. Exemplo de solo grampeado.
90
5.3.1 Estabilização das erosões
A estabilização das erosões em encostas tem por finalidade básica estabilizar os taludes
sujeitos a influência de águas das chuvas e subterrâneas. As estabilizações podem ser
realizadas através de retaludamento da encosta, aterro das erosões, proteção superficial,
etc. A figura 5.11ilustra um exemplo de estabilização de erosões.
91
Caracterização do problema
Eliminação
Localização
Situação
Inclinação do talude
Taludes Decisão
Risco Estabilização
em rocha de projeto
Volume e forma dos blocos
Centro de gravidade
Estruturas
Litologia Convivência
Grau de alteração
Condição de apoio
92
CAPÍTULO 6
EXEMPLOS DE CASOS
6.1 INTRODUÇÃO
A Figura 6.1 ilustra a vista geral do deslizamento, o qual apresenta dimensões de 170m
x 80m e declividade média de 35º. A região possui clima quente e úmido com média de
precipitações pluviométicas de 1200 a 1600mm por ano, com maiores intensidades no
período de abril a agosto. No ano do deslizamento (1972), a precipitação foi da ordem
de 200mm/mensal durante o período de abril a agosto. A principal litologia presente na
área refere-se à biotita-gnaisse, onde sua estrutura apresenta plano de foliação com
direção praticamente paralela ao talude em torno de 30º. A ruptura geral ocorreu no
primeiro período intenso de chuvas (inverno) logo após o corte na encosta para a
construção da estrada PE-89.
93
Figura 6.1. Vista geral do deslizamento ocorrido em Machados – PE (Souza Neto,
1998).
94
Tabela 6.1 Atividades de campo e ensaios de laboratório realizado na encosta estudada
– Área 1 a Área 6.
Figura 6.3. Furo de sondagem, perfil de umidade e caracterização física dos materiais
presentes no deslizamento – Área 1 (Coutinho et al., 2000).
95
A Figura 6.4 (a e b) ilustra o perfil geológico – geotécnico do movimento de massa,
onde a partir dos mesmos, obteve-se um diagrama aproximado do movimento ocorrido
na encosta, ilustrado na Figura 40, sendo este baseado no modelo proposto pelo IAEG
Commission on Landslides (1990). Algumas características do movimento são definidas
na Figura 6.5, na qual foram obedecidas as numerações e definições constantes do
modelo do IAEG Commission on Landslides (1990). Maiores detalhes e as demais
características do movimento podem ser vistas no item 2.2 deste trabalho (Figura 1.2 e
Tabela 1.1).
(a)
(b)
Figura 6.4. (a) Perfil geológico-geotécnico da seção SM-1/A (b) Perfil geológico-geotécnico da
seção SM–2/SM – 3A (Costa, 1996; Souza Neto, 1998).
NÚMERO NOME
1 Parte superior do
talude (coroa)
2 Escarpa principal
3 Topo
6 Corpo principal
7 Pé do talude
9 Base
10 Superfície de ruptura
13 Material deslocado
20 Superfície original do
terreno
96
Analisando-se o perfil geológico-geotécnico do movimento de massa ocorrido (Figura
6. 4 a e b), obteve-se o diagrama representado na Figura 6.6, o qual caracteriza as
dimensões do movimento conforme proposta do IAEG Commission on Landslides
(1990). Maiores detalhes podem ser vistos no Capítulo 1 deste trabalho (Figura 1.5 e
Tabela 1.2).
Número Nome
1 Largura da massa desprendida, Wd = 88,9m
Pode-se dizer que o movimento de massa pode ser considerado como de significativas
proporções. Gusmão Filho et al. (1997) sugere que um volume estimado de material
deslocado a partir de 50.000,00m³ implica em escorregamentos de significativas
proporções. Conforme se esperava, houve um aumento de volume do material
deslocado após o movimento, devido à dilatação deste material (Melo Neto, 2005).
A avaliação da estabilidade da encosta foi realizada considerando-se uma análise bi-
dimensional na condição não saturada, sendo dividida em duas etapas. A primeira
97
considerando-se a análise de fluxo para o histórico de precipitações pluviométricas
antes da ruptura; e a segunda análise, considerando o método do equilíbrio limite
(Sarma, 1979), considerando a poro pressão distribuída obtida da análise de fluxo. Vale
ressaltar que ambas as análises de estabilidade tiveram a colaboração da PUC/RJ.
Duas condições foram consideradas na análise de estabilidade: sendo a primeira, a seção
transversal antes da construção da estrada no pé da encosta (condição natural) e, a
segunda como sendo a seção transversal após a construção da estrada (condição da
ruptura). Para a condição da ruptura, duas hipóteses foram consideradas para o
deslizamento; sendo uma ocorrida em uma etapa – deslizamento como um todo (seção 2
–Figura 6.7a) e a outra ocorrida em duas etapas – um pequeno deslizamento perto do pé
da encosta e e o outro dando continuidade até atingir o topo da encosta (seções 10 e 8 –
Figura 6.7a). a Figura 6.7b apresenta uma seção típica para o caso do deslizamento em
uma única etapa (seção 2). Maiores informações podem se vistos em Costa (1996) e
Coutinho et al. (2000).
(a) (b)
98
quatro possíveis faixas de valores representativas de coesões obtidas para ambos os
solos residual maduro e residual jovem, já que a coesão apresentou uma maior variação
em seus valores obtidos através dos ensaios de cisalhamento direto, considerando-se
também a influência da presença de sucção na encosta.
(a)
Figura 6.8. (a) Parâmetros de resistência considerados na análise de estabilidade –
estudo paramétrico (b) Relação entre o FS e a sucção (seção 2) (Coutinho et
al, 2000).
Como conclusões a respeito deste caso de estudo, podemos verificar que os fatores
predisponentes estão principalmente relacionados à geologia; associada com a direção
da foliação da rocha gnaisse e a forte presença do mineral mica no material envolvido
no movimento. Os fatores agravantes ou acionantes estão relacionados à escavação no
pé da encosta para construção da estrada associada a um período de intensas
precipitações pluviométricas. A análise de estabilidade indicou que a superfície crítica
obtida é próxima da superfície de ruptura observada no campo (contato solo residual-
rocha alterada); e que os parâmetros de resistência de pico ou próximo ao estado crítico
podem explicar a ruptura associado a baixos valores de sucção (≤ 10 kPa). A análise de
estabilidade indicou também que a área apresenta suscetibilidade a escorregamento
durante a estação úmida, já que foram encontrados baixos valores do fator de segurança
da ordem de 1.15 a 1.20 na condição natural (antes do corte da estrada).
99
Quadro 1. Caracterização geotécnica para o estágio de pré-ruptura (Melo Neto, 2005).
d
Fatores predisponentes:
- Complexo climático;
- Estabilidade precária da encosta: estrutura biotita-gnaisse – plano de foliação com
direção paralela ao talude (em torno de 30º);
- Elevada quantidade do mineral mica, implicando elevado Índice de Atividade, Ia,
igual a 1,25, e φ ’ (médio) = 29,6º e c’ = 2,9KPa ⇒ redução na resistência;
- Anisotropia do SRJ: c’ maiores nas direções perpendiculares ao plano de
xistosidade;
- Kfs (permeabilidade saturada) maior para o solo residual maduro e menor
permeabilidade da camada de rocha alterada, com o fluxo da água ocorrendo
preferencialmente ao longo da camada de SRM, criando altas poro-pressões na água
na camada do solo residual jovem;
- A suposta maior permeabilidade da camada de saprolito (existente entre o solo
residual jovem e a superfície impermeável verificada através da análise de fluxo)
em relação ao solo residual jovem.
Fatores revelantes:
- Prováveis poro-pressões positivas, devido à água infiltrada, que devem ter sido
geradas na camada de solo residual jovem, na região sobrejacente ao saprolito, na
base da encosta.
Conseqüências do movimento:
- Ruptura de toda a massa de solo sobrejacente ao saprolito ao longo da superfície de
ruptura formada no contato solo-rocha do pé da encosta ao topo.
100
Quadro 2. Caracterização geotécnica para o estágio de ruptura (Melo Neto, 2005).
Parâmetros e leis de controle: critério de ruptura de Mohr – Coulomb para solos não
saturados: τ = c′ + (σ − ua) tg φ ′ + (ua − uw) tg φ b
Fatores predisponentes:
- Complexo climático;
- Estabilidade precária da encosta: estrutura biotita-gnaisse – plano de foliação com
direção paralela ao talude (em torno de 30º);
- Anisotropia do SRJ;
- Elevada quantidade do mineral mica, implicando elevado Índice de Atividade e
φ’= 29,6º e c’ = 2,9KPa ⇒ redução da resistência;
- Maior permeabilidade do SRM, com menor permeabilidade da camada de rocha
alterada, com o fluxo da água ocorrendo preferencialmente ao longo da camada de
SRM, criando altas poro-pressões na água na camada do solo residual jovem;
- A suposta maior permeabilidade da camada de saprolito (existente entre o solo
residual jovem e a superfície impermeável verificada através da análise de fluxo)
em relação ao solo residual jovem.
Fatores relevantes:
- Deslocamento da massa de solo, encosta abaixo, evidenciando-se, claramente e
visualmente, a natureza micácea e os planos de xistosidade do SRJ e a superfície
impermeável da rocha biotita-gnaisse, podendo-se, assim, observar toda a superfície
de deslizamento.
Conseqüências do movimento:
- Estágio da pós-ruptura, com deslocamento de toda a massa de solo rompida, sendo
que parte do solo permaneceu na área rompida e outra parte do solo avançou sobre
a rodovia destruindo parcialmente a estrada no local, interrompendo o tráfego e
ocasionando prejuízos econômicos e sociais.
101
6.3. CASO 2: EROSÃO EM ENCOSTAS - HORTO DE DOIS IRMÃOS
A recuperação desta encosta é de grande importância, não apenas para evitar o avanço
do processo erosivo na área da reserva ecológica, como também, porque a mesma está
situada ao lado da Cidade da Criança, a qual é um dos atrativos do Horto Dois Irmãos.
102
apresenta o clima do tipo As’, tropical costeiro, quente (temperatura mínima de 18°C) e
úmido.
0 0 0
Areia siltosa
Areia siltosa média
2 2 2
Silte argiloso
4 4 4
Areia siltosa média
6 6 6
Silte arenoso médio
Profundidade (m)
14 14 14
16 Fim da sondagem 16 16
Jan/1998
18 Fev/2000
18 18
Jul/2000
Fev/2000
20 20 20
0 10 20 30 0 10 20 30
NSPT Umidade (%)
103
Os ensaios de caracterização física e de compactação foram realizados a partir da coleta
de amostras deformadas, segundo as normas brasileiras (NBR 6467/86, 6459/86,
7180/84 e 7181/84). A Tabela 1 apresenta um resumo dos resultados dos ensaios de
caracterização. Observa-se na Tabela 6.2, que a quase totalidade das amostras foram
compostas por solos de textura grossa. A exceção ocorreu para a amostra da camada 2
que apresentou textura fina (mais de 50% passando na peneira 0,075 mm).
O ensaio de compactação com Proctor Normal foi realizado segundo a norma NBR
7182 da ABNT. A compactação dos solos aumenta a densidade, através da diminuição
do índice de vazios pela expulsão do ar, obtendo-se uma maior resistência a qual
permanece basicamente constante em qualquer estação do ano e sob quaisquer
condições climáticas, tendo por isso grande importância na estabilidade de talude. De
acordo com a Figura 6.11, definiram-se os parâmetros de projeto, cuja densidade
máxima ficou em torno de 19,0 kN/m3 e umidade ótima entre 9% e 12%, para o trabalho
de preenchimento das áreas degradadas, Santos (2001).
Massa esp. aparente do solo seco (tf/m2)
20
19,5
19
18,5
18
Amostra 1 - h ótimo = 10,7 %; γsmáx = 19,9 KN/m3
Amostra 2 - h ótimo = 11,7 %; γsmáx = 19,5 KN/m3
Projeto - h ótimo = 9 %; γ smáx = 19,9 KN/m3
17,5
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Umidade (%)
Figura 6.11. Curvas de compactação das amostras deformadas e de projeto.
104
A curva característica do solo foi obtida utilizando três procedimentos: método do papel
filtro, membrana de pressão e dessecador a vácuo. No método do papel filtro os corpos
de prova constam de anéis cilíndricos, com diâmetro de 71mm e altura de 20mm. Em
cada corpo de prova eram colocados papéis filtro Whatman 42, envolvido por um filme
PVC, e mantido por um período de 10 dias. Em seguida, eram determinadas as
umidades de cada papel e os correspondentes valores de sucção. Nos ensaios de
membrana de pressão, foram utilizados corpos de prova cilíndricos com diâmetro de
50,5mm e altura de 20mm. Em síntese consiste em colocar uma amostra de solo sob
uma superfície saturada, conectada a uma coluna d’água dentro de uma câmara para
aplicação de uma pressão de ar. A diferença entre a pressão de ar e a pressão da água na
base da amostra, corresponderá à sucção matricial. No ensaio com dessecador a vácuo,
foram utilizados corpos de prova cúbicos, com arestas variando de 20 a 30mm. O ensaio
consiste em colocar uma amostra de solo dentro de um ambiente hermeticamente
fechado, contendo uma solução de um sal ou ácido. A solução gera uma sucção, que se
relaciona com a umidade relativa do ar. A Figura 6.12 apresenta a curva característica, a
qual foi ajustada pelo modelo de Van Genutchen (1980).
45
Membrana de Pressão
Papel Filtro
40
Dessecador a vácuo
Van Genutchen (1980)
35
Teor de umidade volumétrca (%)
Parâmetros
30 θs = 39%
θr = 5.5%
25 -1
αvg (cm ) = 0.0563
20 nvg = 3.9871
mvg = 0.4984
15
10
0
0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
Sucção (kPa)
Observa-se que o solo apresenta uma curva típica de um solo arenoso, caracterizada
pela grande variação de umidade que ocorre em baixas sucções (1 a 10 kPa). De uma
forma geral, os três métodos apresentaram valores coerentes de sucção, sem dispersões
significativas. O valor de entrada de ar foi da ordem de 1 kPa e uma umidade
volumétrica residual da ordem de 5,5%, correspondendo a uma sucção da ordem de
8kPa.
105
quadrados com 50mm de lado e 22mm de altura e submetidos à sucção de 30 kPa,
mantendo por um período de 7 dias. Na Figura 6.13, observa-se que as envoltórias de
resistência são lineares e praticamente paralelas, com os ângulos de atrito variando entre
35,7 e 37,2o, apresentando um leve aumento de φ com a sucção.
300
(1) Saturado
250 (2) Teor de Umidade
(3) Sucção de 30 kPa
200
Tensõa Cisalhante (kPa)
150
Parâmetros
φ( ) w(%)
o
100 c (kPa)
1) 7.7 35.7 23.3
50 2) 12.1 36.7 9.8
3) 19.7 37.2 4.1
0
0 100 200 300 400
Tensão Normal (kPa)
106
Para a análise de estabilidade utilizaram-se duas seções transversais típicas, (estacas
1+5,00 m e 1+10,00 m) para a região mais crítica da erosão. A Figura 6.14 mostra uma
das seções, com as possíveis soluções de recomposição da encosta. Estas propostas
consideram o preenchimento dos vazios provocados pela erosão, através do corte do
talude em alguns pontos, mantendo uma inclinação básica do talude de 1:1,5. Utilizando
o método de Bishop modificado para superfícies circulares, concluiu-se que a proposta
1 era a mais recomendada ambientalmente, pois não necessitaria o avanço na mata,
enquanto as propostas 2 e 3 consideravam um avanço na mata, modificando apenas as
larguras dos platôs. A Figura 6.15 apresenta os detalhes do sistema projetado para a
encosta.
30
Estaca 1 + 10,00 m Cota 522,44 m
20
Altura (m)
Talude Anterior
Proposta 1
10
Cota 499,946 m Proposta 2
Proposta 3
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Comprimento transversal (m)
Valeta
524,70 Terra
Talude
Projetado
519,00
Valeta Concreto
513,00
Valeta Concreto
Descida D'água
5Desci
Valeta Concreto
• Cotas em Metros
Mureta • escala 1:400
Projetada
Rua
Valeta Concreto
499,974
107
Várias propostas de corte de talude foram analisadas em todos os aspectos envolvidos.
A proposta 1 foi a mais recomendada do ponto de vista da preservação ambiental por
não necessitar avanço e corte de árvores na Mata Atlântica, o que provocaria uma
agressão ecológica à reserva.
108
Figura 6.17. Colocação da proteção vegetal (Santos, 2001).
109
avanço e corte de árvores na Mata Atlântica, que provocaria uma agressão ecológica à
reserva. Com esta recomendação e com os estudos técnicos apresentando condições
satisfatórias de estabilidade foi possível aproveitar o material de corte do próprio talude,
para o preenchimento das erosões, evitando o tráfego de caminhões com material de
empréstimo, o que poderia prejudicar a infra-estrutura da área. No caso das gramíneas,
procurou-se utilizar uma solução com uso de materiais locais com análise de botânica,
verificando-se que em poucos dias ocorreu um bom crescimento da vegetação.
A ruptura ocorrida na Rua Soldado Vasco Teixeira (Ibura) não foi a primeira a ocorrer
no local. Na verdade, o acidente que causou a vítima fatal por soterramento, é resultado
do segundo deslizamento a ocorrer na mesma encosta. Durante as chuvas de junho /
2000, parte desta encosta rompeu provocando a destruição total da casa que pertencia a
mesma vítima e, à época, havia sido construída com taipa (argila + madeira). Neste
primeiro acidente houve apenas prejuízos materiais já que ninguém se encontrava na
residência no momento do deslizamento. Por motivos financeiros, a família não
abandonou o terreno e reconstruiu a casa no mesmo local, desta vez utilizando a
alvenaria como material de construção.Desde então, este ponto de risco conhecido se
tornou continuamente monitorado pela defesa civil do município através de visitas
regulares realizas pelos técnicos. Entretanto, tal qual ocorreu na encosta durante as
chuvas de 2000, outro trecho da encosta rompeu durante a madrugada do dia
08/10/2005, resultando em duas residências destruídas e um óbito por soterramento.
110
40
35
Precipitação
30
Chuva (mm)
25
20
15
10
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
111
Perfil do Subsolo Umidade (%) vs.
Profunidadade (metros)
Um idade (%)
0 5 10 15 20
0 0
0,5 0,5
1 1
1,5 1,5
A reia argilo sa, silto sa,
Profunidadade (metros)
Profunidadade (metros)
marro m escura (to po ),
passando po r ro sada e
2 amarela clara, e amarela 2
escura na base.
2,5 2,5
3 3
A rgila de baixa
3,5 co mpressibilidade, areno sa. 3,5
4,5 4,5
112
A seção topográfica “C” (Figura 6.23) foi escolhida para ser utilizada na análise de
estabilidade por ser considerada como mais representativa do deslizamento ocorrido.
Área do
deslizamento
Colúvio
Figura 6.24. Perfil da encosta em 3D, com indicação da área onde ocorreu a ruptura.
A Tabela 6.3 apresenta os valores das massas específicas e dos Limites de Atteberg
obtidos das 5 (cinco) amostras coletadas da sondagem a trado (pertencentes as camadas
apresentadas na Figura 6.21), os resultados finais dos ensaios de granulometria com
sedimentação, a Classificação Unificado dos Solos e os pesos específicos das camadas
obtidos através das amostras indeformadas em blocos. Como se nota a partir desta
tabela, o IP dos solos varia entre 7 e 14, onde a camada 2, uma argila de baixa
113
plasticidade, apresenta este maior valor. As areias argilosas (SC) foram agrupadas numa
mesma camada (camada 1) por apresentar características similares entre si, enquanto os
solos com classificações distintas foram consideradas como camadas à parte (camadas 2
e 3)
Tabela 6.3: Massas específicas, Limites de Atteberg, Resultados Finais dos Ensaios de
Granulometria com Sedimentação, Classificação Unificado dos Solos das 5 (cinco)
amostras ensaiadas Pesos Específicos das Amostras Indeformadas.
Classificação
Profundidade (m) Amostra δg (g/cm )3
WL WP IP Argila Silte Areia γ (kN/m3)
% % % Unificada Camadas
dos Solos
0,00 a 0,60 1 2,685 24 17 7 0 8 90 SC
0,60 a 1,80 2 2,670 26 17 9 0 8 86 SC 1 17,1
1,80 a 3,30 3 2,674 29 17 12 0 7 91 SC
3,30 a 3,60 4 2,667 36 22 14 0 47 53 CL 2 20,5
3,60 a 4,00 5 2,681 36 24 12 0 32 65 ML 3 18,0
Obs.: δg = peso específico dos grãos, LL = Limite de Liquidez, LP = Limite de Plasticidade, IP = Índice
de Plasticidade, γ = Peso específico.
114
Os valores encontrados na Tabela 6.4 são similares aos encontrados para solos da
Formação Barreiras apresentados por Coutinho e Silva (2005)
Para a situação atual, o resultado obtido foi de FSMIN = 1,01, para a superfície crítica
indicada pelo programa. Dessa forma, estes resultados mostram o potencial de ocorrer
ruptura na situação mais crítica (solo saturado), justificando o acidente ocorrido. Na
análise da situação atual, o resultado obtido ilustra a necessidade de estabilização do
local.
115
Guarda-corpo
6,50
1,20
Canaleta
0
0,3
Gramíneas
1,00 Reaterro
Solo-cimento (traço 1:25)
0,80
9,00
1,50
5,00
Tubo-dreno Canaleta
φ=4"
0,50
1,00
0,50 1,00
Outras possíveis opções similares para contenção seriam o uso dos muros de sacos de
solo-cimento ou de pedra argamassada no lugar do muro em gabiões. O resultado da
análise apresentada permite concluir que o processo de instabilização desta encosta se
deu essencialmente pela infiltração de água. As chuvas ocorridas antes do deslizamento,
o vazamento de uma tubulação clandestina e um pequeno corte realizado no pé da
encosta foram os principais fatores responsáveis por predispor e deflagrar este
movimento, com a diminuição dos valores de sucção nestes solos e redução das forças
resistentes (contrárias) ao movimento.
116
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