Marlynson Tenório - DSEI Potiguara (Uma Ferramenta de Gestão Na Assistência À Saúde Dos Povos Indígenas)
Marlynson Tenório - DSEI Potiguara (Uma Ferramenta de Gestão Na Assistência À Saúde Dos Povos Indígenas)
Marlynson Tenório - DSEI Potiguara (Uma Ferramenta de Gestão Na Assistência À Saúde Dos Povos Indígenas)
João Pessoa - PB
2016
MARLYNSON DA SILVA TENÓRIO
João Pessoa – PB
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
49p. : il.
_________________________________________ Nota:
Prof. Drº. James Vieira Batista
Orientador
_________________________________________ Nota:
Prof. Drª Joseneide de Souza Pessoa
Participante da Banca de Avaliação
_________________________________________ Nota:
Prof. Drª Sabrina de Melo Cabral
Participante da Banca de Avaliação
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém nunca viu. Mas é pensar o que ninguém ainda
não pensou sobre aquilo que todo mundo vê.”
Arthur Schopenhuuer
Agradecimentos
GRÁFICOS:
FIGURAS
Among the essential public services, health stands out without a doubt, and this
requires a well structured management to be performed satisfactorily. Indigenous people need
assistance for differentiated health, which after many struggles, was conquered, but needs to be
improved. The management of indigenous health has undergone several transformations, from
the year 1910 until the present day. With Law 9836 of September 23, 1999 and the
implementation of Special Indigenous Health Districts in the country, in the same year, opened
the National Indigenous Health Policy and refers to the Ministry of Health's role primarily
responsible for its implementation. This work has as main objective to discover and describe
the articulation of the DSEIs Potiguara acting as a management tool in health care of the
indigenous people Potiguara and Tabajara, located in Paraiba territory, as the specific objectives
is to present a brief history of policy health for indigenous peoples in Brazil, identifying the
existing institutional framework for the management of this policy featuring the indigenous
population of Potiguara and Tabajara ethnicity of public Paraíba, target of this research, know
the plans streams identified in the District Plan DSEIs Potiguara for comprehensive care the
indigenous population and to identify and map the institutional framework for the management
of indigenous health care policy in the territory Potiguara and Tabajara state of Paraiba and map
as they occur / are provided primary care services in the territory of DSEIs Potiguara identifying
the participation of organizations civil society in the provision of health services to the
indigenous population in the territory Potiguara and Tabajara of Paraiba. This is a theoretical
and descriptive, and as a method of study was made using a data collection with subsequent
analysis of official documents, as well as research on sites and legislation concerning this area
and technical publications available through database of indigenous health (SIASI and
HORUS) specific technical and cultural publications, the indigenous health database (SIASI)
and IBGE statistical sources also have their importance in the construction of this work. A
major step was the standardization of SUS, through Decree nº.7.508 / 11, which grants the work
of the Commissions DSEIs's Inter-Regional (CIR), a fact that contributes significantly to
improving access and comprehensive care of this clientele within the SUS. This work aimed to
the set of tools that guide the implementation of this service, since the legislation governing the
National Policy on Indigenous Health to the knowledge of the key players involved.
Keywords: indigenous health, care, special management, special attention
Sumário
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 15
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 44
8- BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................. 49
15
1 INTRODUÇÃO
especificidades da cultura dos povos indígenas e o modelo adotado para a atenção à saúde
indígena. Deve estar pautado numa abordagem diferenciada e global, contemplando os aspectos
assistenciais à saúde, saneamento básico, habitação, nutrição, meio ambiente, demarcação de
terras, integração institucional e educação sanitária (MS, 2002).
Para o alcance dessas propostas a saúde indígena conta com organização dos serviços
de atenção à saúde dos povos indígenas na forma de Distritos Sanitários Especiais e Polos–Base
no nível local, onde a atenção primária e os serviços de referências se situam.
Assim o presente estudo tem como objetivo conhecer e descrever a articulação de
atuação do DSEI POTIGUARA, orientado para prestar serviços de saúde à população indígena
localizadas no território paraibano.
Este estudo inicialmente visava estudar atendimentos especializados de saúde indígena,
de alta e média complexidade, procedimentos que vêm após a atenção básica, quando há
necessidade. No entanto este autor sentiu a necessidade de esclarecer como funciona o DSEI
Potiguara para que o leitor tenha um conhecimento geral de que se trata a saúde diferenciada,
uma vez que não adiantaria passar dados relacionados a áreas específicas sem antes elucidar a
origem deste serviço. Assim, reflexões sobre tal tema levaram a caracterização do problema a
ser estudado. Quais são as condições do acesso à saúde da população indígena da Paraíba com
a ocorrência de transformações decorrentes dos fenômenos sociais, econômicos, históricos e
ambientais vinculados à estabilização e manifestação de forças demográficas e econômicas
desta população em solo paraibano? Com base nesta pergunta caracteriza-se o nosso problema.
Este trabalho tem como objetivo geral conhecer e descrever a articulação de atuação do
DSEI POTIGUARA como uma ferramenta de gestão na assistência a saúde do povo indígena
Potiguara e Tabajara, localizados em território paraibano.
Quanto aos objetivos específicos os mesmos são os seguintes:
a) Apresentar um breve histórico da política de saúde para as populações indígenas no Brasil,
identificando o aparato institucional existente para a gestão desta política caracterizando a
população indígena da etnia Potiguara e Tabajara da Paraíba público, alvo desta pesquisa.
b) Conhecer os fluxos de planejamentos identificados no Plano Distrital do DSEI Potiguara para
atenção integral a população indígena e identificar e mapear o aparato institucional de gestão
da política de atendimento à saúde indígena no território Potiguara e Tabajara do estado da
Paraíba.
c) Mapear como ocorrem/são prestados os serviços de atenção básica no território do DSEI
Potiguara Identificando a participação de organizações da sociedade civil na prestação de
serviços de saúde à população indígena no território Potiguara e Tabajara da Paraíba.
17
JUSTIFICATIVA
A saúde indígena é um tema central na luta dos povos indígenas pela conquista de seus
direitos, em termos de acessos aos serviços, a que eles estão submetidos no Brasil. Para melhor
compreensão acerca da realidade brasileira, é necessário resgatar alguns princípios sobre saúde
e o entendimento do processo saúde e doença, levando-se em conta as especificidades culturais
de cada uma das etnias presentes em solo paraibano.
Segundo os princípios que constam no relatório da III Conferência Nacional de Saúde
Indígena realizada em 2001,
[… ] cada povo indígena tem suas próprias concepções, valores e formas próprias de
vivenciar a saúde e a doença. As ações de prevenções, promoções, proteção e
recuperação da saúde devem considerar esses aspectos, ressaltando os contextos e o
impacto da relação de contato Inter étnico vivida por cada povo[…] pág. 45
METODOLOGIA
identificação e o mapeamento serão viabilizados com base em dados dos órgãos e entidades
responsáveis.
O mapeamento de como ocorrem e são prestados os serviços de atenção básica no
território do DSEI Potiguara foi feito através das Publicações técnicas disponibilizadas por meio
da base de dados da saúde indígena (SIASI e HÓRUS) e através de documentos técnicos dos
programas de assistência à saúde, acompanhados pelo DSEI.
A identificação da participação de organizações da sociedade civil na prestação de
serviços de saúde à população indígena no território Potiguara e Tabajara da Paraíba foi feita
por intermédio da busca a caracterização do ambiente de interações (institucionais,
administrativas, políticas, interpessoais) entre os diferentes agentes públicos e da sociedade
envolvidos na política de atenção à saúde indígena.
Publicações técnicas e culturais específicas, a base de dados da saúde indígena
(SIASI) e fontes estatísticas do IBGE também tiverem sua importância na construção deste
trabalho.
Ainda assim continuam os debates sobre como operar a atenção à saúde indígena e,
infelizmente, esta permanece em condições precárias, em muitos locais, com características
itinerantes ou por demanda, de forma fragmentada (CONASS, 2014).
O campo contemporâneo da Saúde Indígena no Brasil é de transformações. As
descrições referentes à criação e implantação da Secretaria Especial de Saúde Indígena no
âmbito do Ministério da Saúde resultando na transferência das ações da FUNASA para este
órgão é o acontecimento que possivelmente indicará renovadas direções para a Saúde Indígena,
como, por exemplo, uma concreta integração entre o Subsistema e o SUS.
Sistema de Saúde é o conjunto de agências e agentes cuja atuação tem como objetivo
principal garantir a saúde das pessoas e das populações (PAIM J, 2009).
Esta afirmação nos faz entender que o sistema de Saúde deve focalizar não só a
recuperação da saúde, como também, e principalmente a prevenção, requerendo para isto, um
planejamento estratégico, força de trabalho qualificada e recursos financeiros específicos e
prioritários. (PAIM J, 2009)
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do
mundo. Ele abrange desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos,
garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Amparado por
um conceito ampliado de saúde, o SUS foi criado, em 1988 pela Constituição Federal Brasileira,
para ser o sistema de saúde dos mais de 180 milhões de brasileiros (PORTAL SAÚDE, 2013).
Para CUNHA e CUNHA (2001), o SUS faz parte das ações definidas na Constituição
como sendo de “relevância pública”, ou seja, é atribuída ao poder público a regulamentação, a
fiscalização e o controle das ações e dos serviços de saúde, independentemente da execução
direta do mesmo.
De acordo com TEIXEIRA (2000), o Modelo de Atenção à Saúde consiste no Conjunto
de saberes e tecnologias (materiais ou não) utilizadas na intervenção nos problemas e
necessidades de saúde das pessoas e da população.
A Constituição da República Federativa do Brasil reconhece aos povos indígenas suas
especificidades étnicas e culturais, bem como, estabelece seus direitos sociais, sendo principais
os artigos 231 e 232 do capítulo VIII (Dos Índios) do Título VIII (Da ordem social). Estes
direitos são reafirmados pela Convenção nº. 169, da Organização Internacional do Trabalho -
OIT, ratificada pelo Brasil em 2003.
Para a reestruturação da Atenção à Saúde Indígena, o Ministério da Saúde instituiu,
através da Portaria de nº. 254 de 31 de janeiro de 2002, a Política Nacional de Atenção à Saúde
dos Povos Indígenas, integrada à Política Nacional de Saúde, compatibilizando as
25
de usuários), com reuniões mensais, com o objetivo de deliberar políticas e controle social.
(SESAI – 2012)
A referida Lei também dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e
sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
O Controle Social na saúde indígena começou paralelamente ao movimento da Reforma
Sanitária em 1986, com reivindicações constantes e sistemáticas dos indígenas ao governo e a
sociedade nacional devido ao agravamento progressivo das condições de saúde deste povo,
caracterizado por altos índices de morbimortalidade e pela oferta inadequada e ineficaz dos
serviços de saúde (BITTENCOURT, 2005).
De acordo com a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas - PNASPI,
o controle social nos DSEIs deve ser realizado por meio de Conselhos Locais de Saúde e dos
Conselhos Distritais de Saúde Indígena. No âmbito nacional, o controle social dar-se-á pelo
Conselho Nacional de Saúde (CNS), assessorado pela Comissão Intersetorial de Saúde Indígena
(CISI). A CISI é integrada por instituições públicas, organizações não governamentais e
organizações representativas dos povos Indígenas e tem por finalidade acompanhar a
implementação da PNASPI. Tendo como propósito participar da formulação, acompanhamento
e avaliação das políticas de saúde, a PNASPI assegura a participação da população indígena
nos organismos colegiados, tais como o Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos Estaduais
e Municipais de Saúde (BRASIL, 2002).
A atribuição fundamental dos Conselhos Distritais é a aprovação do Plano Distrital de
Saúde, acompanhamento e avaliação de sua execução, inclusive a aplicação dos recursos. Todos
os Conselheiros Distritais participam das etapas de planejamento, acompanhamento e avaliação
das ações de atenção à saúde indígena (BRASIL, 2006).
Os Conselhos Distritais são formados de acordo com os preceitos da Lei nº. 8.142/90,
contemplando a composição paritária de 50% de usuários indígenas e de 50% de representantes
de organizações governamentais (FUNASA, FUNAI, SES, SMS), prestadores de serviços e
Organizações Não Governamentais (ONGs) e trabalhadores do setor saúde. Sendo indicado
para todas as vagas Titular e Suplente (BRASIL, 2002).
27
proteger, promover e recuperar a saúde dos povos indígenas, bem como orientar o
desenvolvimento das ações de atenção integral à saúde indígena e de educação em saúde
segundo as peculiaridades, o perfil epidemiológico e a condição sanitária de cada Distrito
Sanitário Especial Indígena – DSEI, em consonância com as políticas e programas do Sistema
Único de Saúde – SUS (PORTAL SAÚDE, 2013).
localizados em aldeias longes dos locais de referencia do SUS, existem as CASAIS, que tem
estruturas de UPA. (SESAI 2013)
Fonte: www.funasa.gov.br
O DSEI é uma unidade organizacional da FUNASA e deve ser entendido como uma
base territorial e populacional sob responsabilidade sanitária claramente identificada,
enfeixando conjunto de ações de saúde necessárias à atenção básica, articulado com a rede do
Sistema Único de Saúde - SUS, para referência e contra referência, composto por equipe
mínima necessária para executar suas ações e com controle social por intermédio dos Conselhos
Locais e Distrital de Saúde.
32
Como foi dito anteriormente cabe aos DSEI à responsabilidade de organizar a rede de
Atenção Básica oferecida às populações indígenas, e por Atenção Básica, a Portaria 648 define:
Populações indígenas
Os Cariris
Os índios Cariris se encontravam em maior número que os Tupis e ocupavam uma área
que se estendia desde o planalto da Borborema até os limites do Ceará, Rio Grande do Norte e
Pernambuco. Os Cariris eram índios que diziam ter vindo de um grande lago. Estudiosos
acreditam que eles tenham vindo do amazonas ou da Lagoa Maracaibo, na Venezuela.
A Nação Cariri dividia-se em várias tribos das quais citaremos apenas as que existiam
em território paraibano e proximidades. Esses grupos na Paraíba eram os seguintes: Paiacus,
Icós, Sucurus, Ariús, Panatis, Canindés, Pegas, Janduis, Bultrins e Carnoiós. Destes, os
Tapuias Pegas ficaram conhecidos nas lutas contra os bandeirantes. (Pinto (1935)
Os Tupis
b) Potiguaras: Eram mais numerosos que os Tabajaras e ocupavam uma pequena região nos limites
do Rio Grande do Norte com a Paraíba. Estavam localizados na parte norte do rio Paraíba, curso
do rio Mamanguape e serra da Copaoba, foram rechaçados para o Rio Grande do Norte e
aldeiamentos na Bahia de Traição, onde ainda hoje se encontram seus remanescentes. (Pinto
(1935)
Esses índios locomoviam-se constantemente, deixando aldeias para trás e formando
outra. Com esta constante locomoção os índios ocuparam áreas desabitadas. Da serra da
Copaoba, para o Sul, excetuando-se as aldeias estabelecidas no litoral, ao que parece, em
36
nenhum ponto se fixaram. Toda a região do Agreste Acatingado que se estende de Guarabira a
Pedras de Fogo, passando por Alagoa Grande, Alagonha, Mulungu, Sapé, Gurinhém,
desocupada, no dizer de Horácio de Almeida ou assim foi encontrada quando da conquista.
Os Potiguaras eram uma das tribos mais populosas da nação Tupi, desempenharam
importante papel na guerra holandesa com cujos povos se aliaram. Historicamente, os índios
paraibanos são referidos no litoral da Paraíba desde 1501, ocupando um território que se
estendia pela costa nordestina, com limites, ao sul, do estado de Pernambuco (Rio Tracunhaém),
e ao norte, do estado do Maranhão. Na Paraíba, ocupavam todo o litoral, principalmente no vale
do rio Mamanguape, da Baía da Traição até a serra da Cupaoba (atual Serra da Raiz), onde
possuíam, de acordo com os cronistas portugueses, 50 aldeias. A Baía da Traição aparece
historicamente como o coração do território potiguara na Paraíba, sendo conhecido também
pelo nome indígena de Acajutibiró, ou “terra do caju azedo” Pinto (1935) faz referência ao
antigo nome do local: “(...) tinham aldeias nas ribanceiras do Mamanguape, nas de
Camaratuba, nas Praias da Baía de Acajutibiró, „núcleos que foram origem de Mamanguape
e Vila-da-Traição” e a cidade de Conde acomodam os indígenas da etnia tabajara.
(PROGRAMA DE ÍNDIO). Esses índios resistiram feroz e bravamente, desde o início da
conquista portuguesa.
sido impedidos de falar o idioma pela pressão colonizadora. Hoje estão buscando revitalizar
essa língua que há muito tempo esteve adormecida. Conseguiram isso através da iniciativa das
prefeituras municipais onde se localiza o povo, e do governo do estado da Paraíba implantando
o tupi nas escolas das aldeias e das cidades tendo atualmente um total de 16 professores
(POTIGUARA Blog, 2014).
Suas terras ocupam um espaço de 33.757 ha. Distribuídos em três áreas contíguas, nos
municípios de Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação. A Terra Indígena (TI) Potiguara situa-
se nos três municípios anteriormente referidos e possui 21.238 ha. Foi demarcada em 1983 e
homologada em 1991. A TI Jacaré de São Domingos tem 5.032 ha. Nos municípios de
Marcação e Rio Tinto, cuja homologação se deu em 1993. Por fim, a TI Potiguara de Monte-
Mor, com 7.487 ha, em Marcação e Rio Tinto foi demarcada em 2009, mas ainda sofre com
conflitos com as usinas de cana-de-açúcar e álcool. O povo indígena se organiza socialmente
através da representação geral através dos Cacique, bem como, pela presença, em cada aldeia
de um cacique representante da respectiva comunidade, ambos eleitos pelos próprios indígenas
(POTIGUARA Blog, 2014).
TERRA INDÍGENA
MUNICÍPIOS ALDEIAS TOTAL
BAIA DA TRAIÇÃO Akajutibiró, Bem Fica, Bento, Cumarú, Forte,
Galego, Lagoa do Mato, Laranjeiras, Santa 13
Rita, São Francisco, São Miguel, Silva e
Tracoeira.
CONDE Vitória e Barra de Gramame 02
MARCAÇÃO Brejinho, Caeira, Camurupim, Carneira,
Coqueirinho, Estiva Velha, Grupiúna, Jacaré
de César, Tramataia, Val, Cândidos, Jacaré de 15
São Domingos, Lagoa Grande, Três Rios e
Ybykuara.
RIO TINTO Silva de Belém, Mata Escura, Jaraguá e Mont
Mor. 04
O DSEI Potiguara está localizado na cidade de Joao Pessoa, a uma distância aproximada
de 100km da área indígena. Recentemente sua sede mudou-se do prédio da FUNASA, local
onde funcionava mesmo após a criação da SESAI para um prédio locado localizado na Avenida
Epitácio Pessoa, bairro do Pedro Gondim. (SESAI-2013)
Figura 5: Organograma DSEI
Fonte: DSEI Potiguara
infantil são semelhantes às encontradas na população geral do estado, assim como a gravidez
na adolescência não apresenta diferença expressiva em relação à população geral dos
municípios sede dos Polos Base.
Ainda é alarmante o crescimento de índios infectados pelo HIV (vírus da imunodeficiência
humana), duas possíveis justificativas para esta situação se dá ao fato do território Potiguara
receber muitos turistas, como também, a migração de índios para a área urbana.
Para acompanhar as ações de saúde desenvolvidas no âmbito do Distrito Sanitário foi
implantado o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI), o qual é operado
no âmbito da SESAI. De acordo com a Política Nacional de Saúde Indígena (Portaria GM/MS
Nº254, de 31/01/2002). Porém, o SIASI não está interligado com os demais sistemas de
informação em uso no país, especialmente com o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM),
o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), o Sistema de Informações de
Nascidos Vivos (SINASC), o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP) e
o Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica (HÓRUS
Tabela 2 – Perfil De Morbidades Da População Indígena.
Tabela 3. Parâmetros para alocação de profissionais de saúde da EMSI, segundo as diretrizes para organização
da rede de estabelecimentos de saúde do subsistema de saúde indígena 2015.
A Lei n. 8.080/90 (BRASIL, 1990) determina, em seu artigo 9º, que a direção do SUS
deve ser única, de acordo com o inciso I do artigo 198 da Constituição Federal, sendo exercida,
em cada esfera de governo, pelos seguintes órgãos:
I. no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
II. no âmbito dos estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão
equivalente;
III. no âmbito dos municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente.
A Lei n°. 9.836, de 23/09/99 dispõe que os Estados, Municípios e outras instituições
governamentais e não governamentais poderão atuar complementarmente no custeio e
execução das ações do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.
A CIMI em publicação de 2013 relata que:
“Os povos indígenas e suas comunidades não podem aceitar que a política continue a
ser terceirizada, ou seja, executada através de parcerias e de convênios estabelecidos
pela Sesai com entidades, ONGs e prefeituras. Essa política já foi questionada
administrativamente e judicialmente, porque ela não respeita a Lei Arouca; não
respeita as deliberações das Conferências Nacionais de Saúde Indígena; não respeita
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Internos Externos
Departamento de Informática do SUS - DATASUS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS
Coordenação Geral de Gestão de Pessoas – CGESP Ministério da Defesa (Comandos da Aeronáutica, Exército e
Marinha)
Coordenação de Desenvolvimento de Pessoas – CODEP
Escolas Técnicas do SUS Inst. Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA
A Fundação Nacional do Índio – Funai, criada pela Lei 5.731, de 05 de janeiro de 1967,
vinculada ao Ministério da Justiça, entidade com patrimônio próprio e personalidade jurídica
de direito privado, é o órgão federal responsável pelo estabelecimento e execução da política
indigenista brasileira em cumprimento ao que determina a Constituição Federal Brasileira de
1988. A missão da FUNAI é coordenar o processo de formulação e implementação da política
indigenista do Estado brasileiro, instituindo mecanismos efetivos de controle social e de gestão
participativa, visando à proteção e promoção dos direitos dos povos indígenas (JUSTIÇA,
2014).
Além das Instituições citadas anteriormente, existem dois hospitais no Estado da Paraíba
que recebem o IAE-PI – Incentivo para a Atenção Especializada aos Povos Indígenas: o
Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho e o Pronto Socorro Infantil Hospital
Rodrigues de Aguiar, ambos recebem mensalmente R$ 4.000,00 (quatro mil reais) e R$
18.000,00 (dezoito mil reais), respectivamente (SAÚDE, 2014).
Devido ao universo de informações oriundas de cada parceria institucional da SESAI,
esta autora optou por não se aprofundar nas demais instituições parcerias além das Secretarias
Municipais de Saúde, parceria em foco neste estudo.
À direção municipal do Sistema Único de Saúde compete:
Planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar
os serviços públicos de saúde;
Participar do planejamento, da programação e da organização da rede regionalizada e
hierarquizada do Sistema Único de Saúde, em articulação com sua direção estadual;
Participar da execução, do controle e da avaliação das ações referentes às condições e
aos ambientes de trabalho;
Executar serviços de vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, alimentação e
nutrição, saneamento básico e saúde do trabalhador (BRASIL, 2011).
7 CONCLUSÃO
45
devida fiscalização ainda não foram analisadas conforme sua importância, mesmo com alguns
avanços.
As atuações do Distrito Sanitário Especial Indígena Potiguara são financiadas
diretamente através da SESAI/MS, conforme o quantitativo populacional considerando a
situação epidemiológica e aspectos geográficos. O estado e municípios também devem
financiar a saúde indígena uma vez que recebem recursos oriundos do SUS para tal finalidade.
As SMS necessitam efetivar definitivamente sua atuação na assistência à saúde
indígena, uma vez que as prefeituras utilizam o quantitativo de indígenas para recebimento de
recursos oriundos de diversos blocos de financiamento transferidos fundo a fundo pelo MS
através dos chamados PAB fixo e PAB variável, onde em dois dos três municípios que possuem
índios Potiguaras na Paraíba a maioria da população é indígena.
A título de informação, é importante ressaltar que o Componente Piso da Atenção Básica
– PAB Fixo refere-se ao financiamento de ações de atenção básica à saúde, cujos recursos são
transferidos mensalmente, de forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos
Fundos de Saúde do Distrito Federal e dos Municípios.
Já o Componente Piso da Atenção Básica Variável - PAB Variável é constituído por
recursos financeiros destinados ao financiamento de estratégias realizadas no âmbito da atenção
básica em saúde, tais como:
I - Saúde da Família;
II - Agentes Comunitários de Saúde;
III – Saúde Bucal;
IV - Compensação de Especificidades Regionais;
V - Fator de Incentivo de Atenção Básica aos Povos Indígenas;
VI - Incentivo para a Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário;
VII - Incentivo para a Atenção Integral à Saúde do Adolescente em conflito com a lei,
em regime de internação e internação provisória;
VIII - outros que venham a ser instituídos por meio de ato normativo específico (PMAQ,
2014).
Concluindo, a saúde indígena detém de uma grande estrutura que no entanto, é
importante que esta assistência seja garantida de forma integral e que sempre seja
aprimorada cada vez mais, sem regressão, que pode ocorrer devido a questões políticas
partidárias. Porém, a força do controle social deste grupo tem estrutura e força suficientes
para combater tais atitudes que não visem à assistência à população indígena que tanto
carece de um serviço de saúde bem estruturado e integral.
47
Com base nos resultados deste estudo, diante de todas as fragilidades identificadas e
a fim de que a finalidade estratégica do serviço continue sendo implementada, podemos citar
alguns possíveis avanços no âmbito do DSEI Potiguara:
Conduzir ao entendimento do usuário esclarecimentos de como funciona o
subsistema de saúde indígena;
Ampliar a comunicação entre os representantes do controle social e população;
Melhorar a integração do DSEI com estados e municípios, ampliando o diálogo entre
estas organizações, com o objetivo de ampliar principalmente a oferta dos serviços
especializados de média e alta complexidade da comunidade indígena, bem como, a
logística para tal ação, a fim de que seja garantida a integralidade da atenção à saúde
destes usuários;
Executar atividades conjuntas com as Secretarias de Saúde dos municípios de Baía da
Traição, Marcação, Rio Tinto e Conde;
Identificar soluções ágeis direcionadas a procedimentos especializados junto aos
hospitais que recebem incentivo IAE-PI, envolvendo estas Instituições na busca de
estratégias legais que visem solucionar estas demandas e quaisquer outras que
porventura surgirem;
Buscar a efetiva parceria junto aos demais órgãos como FUNAI, Estado e Universidade;
Procurar fortalecer a capacidade gerencial das Instituições envolvidas;
Conduzir uma oficina de planejamento estratégico com a participação dos principais
atores envolvidos para a construção/pactuação de objetivos, metas e resultados.
Conduzir no âmbito da instância de governança da assistência à saúde indígena
Potiguara, Fórum de integração entre as instituições envolvidas, constituído pelo DSEI,
Secretarias Municipais de Saúde, Hospitais que recebem incentivo e demais
organizações que venham a colaborar na construção desta iniciativa;
É relevante o desenvolvimento desta pesquisa, uma vez que a Gestão Pública necessita ter
uma visão da qualidade do serviço público, do que nele é investido, acrescentada da
especificidade da população indígena, que requer uma maior atenção no acesso aos seus direitos
fundamentais, principalmente à saúde.
Esta pesquisa pode contribuir tanto para as Instituições que prestam o serviço, como para
a população beneficiária do serviço, podendo até incentivar futuros estudos para que seja
48
avaliada a qualidade de outros serviços públicos essenciais nos chamados grupos minoritários
ou até mesmo na população em geral.
Que possamos em posteriores pesquisas contemplar de fato os interesses de populações
como a aqui estudada, possuidora de vasta riqueza nos mais variados níveis e nos
conscientizarmos da grandeza de nosso desafio em estarmos dispostos a quebrar nossos
paradigmas para que o conhecimento venha a se tornar uma via de mão dupla.
49
8- BIBLIOGRAFIA
_______. Fundação Nacional de Saúde. Lei Arouca: a Funasa nos 10 anos de saúde
indígena.
CUNHA, João Paulo Pinto da; CUNHA, Rosani Evangelista da: BRASIL, Ministério da
Saúde. Gestão Municipal de Saúde: textos básicos. Rio de Janeiro, 2001.
PAIM, Jairnilson Silva. O que é SUS. Editora Fio Cruz. Rio de Janeiro, 2009.