D06-A Educacao de Jovens e Adultos No Seculo XX
D06-A Educacao de Jovens e Adultos No Seculo XX
D06-A Educacao de Jovens e Adultos No Seculo XX
RESUMO
1
Discente do Curso de Pedagogia da UFRRJ e bolsista do Grupo PET Educação do Campo e
Movimentos Sociais no Estado do Rio de Janeiro / UFRRJ. E-mail: [email protected]
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Discente do Curso de Pedagogia da UFRRJ e bolsista do Grupo PET Educação do Campo e
Movimentos Sociais no Estado do Rio de Janeiro / UFRRJ. E-mail: [email protected]
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Docente na UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Leciona nos cursos de
História, Pedagogia e Licenciatura em Educação do Campo. E-mail: [email protected]
A LDBEN, em seu artigo 38°, afirma que: ‘’as redes de ensino manterão cursos
e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo,
habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular’’. Em seu parágrafo 1°,
define uma idade mínima para a realização dos exames:
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Paulo Freire ficou conhecido na década de 1960 por proporcionar uma educação crítica e
emancipatória no processo de alfabetização de Adultos, no qual visava à conscientização do
indivíduo, transformando-o em um sujeito reflexivo capaz de transformar a sua realidade, ser
reconhecido e valorizado na sociedade. O educador brasileiro era contra o processo de
alfabetização tradicional, na qual o individuo era alfabetizado exclusivamente para se tornar
uma mão-de-obra produtiva e útil ao mercado de trabalho.
consciência acerca da libertação de uma sociedade dominadora, opressora e capitalista.
(FREIRE, 1987, p. 22) dizia que:
A metodologia utilizada para alfabetizar jovens e adultos era através dos temas
geradores, com os quais o educador deveria considerar o conhecimento de cada
educando, trabalhando em sala de aula a valorização das experiências de vida deles. O
método da palavra geradora5 era contrário ao tradicionalismo presente, que utilizava
cartilhas como ferramenta principal de ensino e alfabetização. As cartilhas ensinavam
através de métodos com repetições de palavras soltas ou criadas de forma fixadora,
como por exemplo, a famosa frase: ‘’Eva viu a uva.’’ Paulo Freire era contra esses
métodos de repetição das palavras, pois, de acordo com o educador: “Não basta saber
ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu
contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”
(FREIRE, 1991).
Esse método de ensino contribuiu significativamente para Educação de Jovens e
Adultos e a Educação Popular, pois trouxe a concepção de que os educadores não
devem apenas transferir conteúdos específicos que não estão de acordo com o contexto
social do estudante, depositando informações que não fazem parte da vida deles e não
estimulam o ser humano a refletir. O educador deve se basear em uma educação voltada
para a mudança, a inovação e a valorização dos estudantes, não só da EJA, mas de todos
os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
Um dos movimentos desse período que se destacou, não só na alfabetização,
como também na divulgação da cultura popular foi o MCP – Movimento de Cultura
Popular, criado em 1960, durante a primeira gestão do prefeito de Recife, Miguel
Arraes. Contou com o apoio de intelectuais da época e instituições políticas de esquerda
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O educador incluía no seu ensino a alfabetização com palavras significativas e importantes,
que estavam de acordo com a realidade de vida de seus alunos. Um exemplo seria palavra
Martelo, pois é uma das palavras que fazem parte da vivência da classe trabalhadora. Dentro
dessa palavra o educador divida-a em sílabas para formar outras palavras significativas para
seus educandos.
como a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Partido Comunista Brasileiro (PCB),
entre outras. Teve início em Recife e espalhou-se também por todo o Estado de
Pernambuco com o objetivo de emancipar o povo através da educação e da cultura,
promovendo e incentivando a educação de crianças, adolescentes e adultos.
Em toda a cidade de Recife foram utilizados vários espaços para montar escolas,
como clubes, associações, entre outros. O trabalho era realizado através da apresentação
de espetáculos em praça pública; organização de escolas radiofônicas, grupos artísticos;
oficinas e cursos de arte; exposições; edições de livros e cartilhas. O movimento
conseguiu realizar educação popular por vários meios, conseguiu atingir um grande
público e, ainda, exerceu um papel fundamental na promoção e divulgação do ensino de
arte, sobretudo, tornando-a acessível às massas populares. Por meio da arte, contribuiu
para a conscientização política e crítica da população. Este movimento representou um
avanço na direção de uma educação conscientizadora. No final do ano de 1962 e
durante 1963, forças de direita6 tentaram sufocar o movimento, o que provocou uma
mobilização nacional em sua defesa. No entanto, com o golpe civil-militar de 1964 o
MCP foi extinto.
Outro movimento de grande repercussão, foi o MEB – Movimento de Educação
de Base, criado em 1961 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e
apoiado pelo Governo Federal. Inicialmente, esse movimento tinha como objetivo
desenvolver um programa de educação de base, por meio de milhares de escolas
radiofônicas instaladas em emissoras católicas, proporcionando um amplo processo de
alfabetização nas diversas regiões do país, principalmente, no Norte e Nordeste do
Brasil. Passados dois anos de funcionamento, esses objetivos foram ampliados e o
Movimento passou a entender a educação de base como um processo de conscientização
das camadas populares, valorização plena do homem e consciência crítica da realidade,
visando sua transformação. A respeito deste movimento, Paiva (2003: 310) acrescenta:
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Representavam as lideranças políticas e econômicas oposicionistas do governo Miguel Arraes.
Em 1964, com o Golpe Militar, as iniciativas e inovações pedagógicas e os
ideais propostos por Paulo Freire foram postos de lado e muitas pessoas envolvidas com
eles foram presas, exiladas ou perseguidas. Esse período marcou negativamente a
Educação Popular, pois houve essa drástica ruptura com um ideal inovador e
transformador, originário da Educação Libertadora. Segundo Haddad e Di Pierro (2000,
p.113):
A repressão foi resposta do Estado autoritário à atuação daqueles
programas de Educação de Adultos cujas ações de natureza política
contrariavam os interesses impostos pelo Golpe militar. A ruptura
política ocorrida com o movimento de 64 tentou acabar com as
práticas educativas que auxiliavam na explicitação dos interesses
populares. O Estado exercia sua coerção com fins de garantir a
‘’normalização’’ das relações sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS