Exame Clínico Obstétrico
Exame Clínico Obstétrico
Exame Clínico Obstétrico
Antecedentes familiares:
Hipertensão arterial sistêmica: há maior prevalência de síndromes hipertensivas em gestantes que
apresentam histórico familiar de 1° grau.
Diabetes mellitus: tem maior prevalência quando presente na linhagem materna.
Gemelidade: gestantes filhas de mulheres que tiveram gêmeos têm altas chances de gemelaridade.
Câncer: mama e trato genital de parentes maternos da grávida
Malformações: pode indicar distúrbios cromossomais, devendo orientar a gestante à realização de
estudo genético quando presentes na família do casal.
Outras: colagenoses, doenças hematológicas e antecedentes obstétricos ruins de parentes maternos da
gestante.
Antecedentes pessoais:
Hipertensão arterial: a hipertensão crônica nas gestantes tende a cair no início da gestação e aumentar
no terceiro trimestre para níveis um pouco acima do início da gravidez.
Os desfechos adversos dependem em grande parte do desenvolvimento de pré-eclâmpsia
Cardiopatia: doenças cardiovasculares variam na severidade e são responsáveis por complicar de 1%
das gestações e contribuir significantemente para o aumento da morbimortalidade materna.
Diabetes mellitus: uma complicação gestacional comum.
As mulheres podem ser divididas naquelas que já tinham o diagnóstico antes da gestação (pré-
gestacional) e nas que são diagnosticadas durante a gravidez (gestacional).
- Diabetes pré-gestacional: relacionada a maiores índices de anomalias fetais e risco de morte fetal,
devendo os níveis de glicemia pós- pandrial serem muito bem controlados.
- Diabete gestacional: há altas chances de o feto ter tamanho excessivo (macrossomia), caracterizado
com peso ao nascer maior que 4.000 g. Crianças macrossômicas são associadas à parto laborioso (parto
difícil e demorado) e trauma ao nascimento (distócia do ombro normalmente).
Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG
Infecção urinária: é a infecção mais comum durante a gravidez – a bacteriúria assintomática é a mais
comum, mas podem acontecer infecções sintomáticas, como cistite e pielonefrite.
O tratamento é de grande importância uma vez que mesmo a infecção assintomática se não tratada,
pode evoluir para infecção sintomática em algum momento da gravidez
Associadas ao aumento do risco do nascimento de crianças com: baixo peso ao nascer, prematuro,
gestação associada à hipertensão e anemia.
Cirurgia em geral/cirurgia pélvica: Cesário pregressa e miomectomia (retirada de mioma): aumentam
chances de rotura uterina (ruptura uterina)
Corretoras de distopias genitais e fístulas vésico-vaginais: contraindicam parto transvaginal
Outras realizadas sobre o colo uterino e as curetagens repetidas: favorecerem a incompetência istmo-
cervical.
Operações mamárias: dependendo da técnica podem dificultar a amamentação.
Alergias: a fatores ambientais e medicamentos ou outros recursos que poderão ser utilizados durante a
gestação, parto ou puerpério (ex.: iodo, sulfas, dipirona, penicilina, ácido acetilsalicílico).
Medicações em uso: Atentar-se para droga, posologia e duração de uso.
Gestação Atual
Fazer o cálculo da DUM (data da última menstruação) e DPP (data provável do parto).
Confirmar triagem sanguínea e fator Rh
Questionar os hábitos da gestante:
Tabagista?
Uso de bebidas alcoólicas?
Alimentação da gestante?
Se houve intercorrências até o momento da primeira consulta?
Se a gestante tem apresentado êmese ou hiperêmese?
- Êmese: sintoma de náusea e vômitos gravidade variável que começam entre o 1º e o 2º período
menstrual perdido até 12 a 16 semanas de gestação, lembrando que embora os sintomas sejam piores
durante a manhã, eles tendem a continuar durante o decorrer do dia.
Mesmo com tratamento, dificilmente a gestante ficará totalmente livre dos sintomas completamente,
embora o desconforto consiga ser minimizado.
- Hiperêmese: nesse caso a mulher apresenta náusea excessiva e persistente e vômitos em demasia,
presentes em praticamente todos os dias, sendo pouco, ou nada, responsíveis à modificação simples
da dieta ou ao uso de antieméticos.
Os sintomas podem ser muito intensos e levar à perda de peso, desidratação, alcalose por perda de
ácido clorídrico, hipocalemia e cetose, em alguns casos ocorre disfunção hepática transitória.
1° Trimestre
Hemograma
Tipagem sanguínea e fator Rh
Coombs indireto
Glicemia em jejum
Teste rápido de triagem para sífilis ou VDRL
Teste rápido para diagnóstico anti-HIV ou sorologia HIV I e II
Sorologia ara hepatite B (HbsAg)
Toxoplasmose IgM e IgG
Citopatológico de colo de útero
Bacterioscopia de secreção vaginal
Urina tipo I
Urocultura e antibiograma
Parasitológico de fezes
2° Trimestre
Teste de tolerância para glicose
Coombs indireto
3° Trimestre
Hemograma
Coombs indireto
Glicemia em jejum
Teste rápido de triagem para sífilis ou VDRL
Teste rápido para diagnóstico anti-HIV ou sorologia HIV I e II
Sorologia para hebatite B (HbsAg)
Toxoplasmose IgM e IgG
Bacterioscopia de secreção vaginal
Urina tipo I
Urocultura e antibiograma
Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG
Intercorrências: descrição de possíveis intercorrências ao curso da gestação, registrar data junto com
a conduta abordada em cada situação.
Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG
Exame Físico
- O exame físico da gestante deve ser geral e completo, iniciando-se na primeira consulta de pré-natal,
com ênfase nos aspectos ginecológicos e obstétricos.
- As pacientes devem ser examinadas em busca de alterações no estado geral, no peso, na pressão
arterial, no volume da glândula tireoide, na ausculta cardíaca e pulmonar, na inspeção da pele e na
palpação do abdome.
- De acordo com o Ministério da Saúde (2006), a mulher deve realizar, no mínimo, seis consultas de pré-
natal durante a gestação.
Inspeção Geral
• Avaliar: estado emocional, condições nutricionais
- Respiração: Atenção, principalmente, para o último trimestre de gestação, pois o crescimento uterino
eleva o diafragma, o que pode levar a um quadro de dispneia.
- Pulso
- Pressão arterial (PA): Deve ser verificada em todas as consultas de pré-natal devido ao risco de quadros
hipertensivos, como hipertensão gestacional, hipertensão crônica e pré-eclâmpsia.
Caso a PA seja conhecida, a sistólica não pode ultrapassar 30mmHg do normal e a diastólica, 15mmHg.
Hipertensão gestacional: pressão Arterial Sistólica (PAS) ≥ 140 e Pressão Arterial Diastólica
(PAD) ≥ 90 – Surgimento após a 20° semana de gestação e sem proteinúria
Pré-eclâmpsia: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90. Surgimento após a 20ª semana de gestação e COM
PROTEINÚRIA. Além da proteinúria e hipertensão, há edema.
Hipertensão crônica: PAS ≥ 140 e PAD ≥ 90 antes da gravidez, anterior a 20ª semana de
gestação e após a 12ª semana de pós-parto.
Segundo o Ministério da Saúde, o ganho de peso adequado para uma paciente fica no intervalo de 11,5
kg e 16 kg.
OBS.: No primeiro trimestre, por conta de náuseas e vômitos, a grávida pode apresentar uma perda de até
5% do peso – se menor que esse valor, suspeitar de hiperêmese.
- Tireoide: se espera um discreto aumento simétrico da glândula devido a efeitos hormonais (mais evidente
a partir da 20° semana de gestação) - Sempre inspecionar e palpar tireoide.
- Tórax e pulmões: A partir dos aumentos crescentes de progesterona, há um aumento do volume corrente
e da ventilação minuto alveolar, o que pode levar à dispneia e à alcalose respiratória.
Investigar sinais, como tosse e desconforto respiratório para diagnóstico precoce de asma ou embolia
pulmonar.
• Inspeção estática
É realizada com o paciente sentado, com os membros superiores dispostos paralelamente ao longo do
tronco, usando avental tipo camisola com abertura na frente.
É observado nessa inspeção: Pele, Forma, Volume, Simetria glandular, Pigmentação da aréola, Aspecto da
papila, Presença de abaulamentos ou de retrações, Circulação Venosa e Presença de sinais flogísticos –
proveniente de uma resposta imunológica (edema e rubor)
A aréola deve ser cuidadosamente examinada, pesquisando eczema (inflamação na pele), dermatite de
contato e doença de Paget, que é um tipo de câncer de mama.
• Inspeção dinâmica
Solicita-se à paciente que eleve os braços acima da cabeça ou que pressione as asas dos ossos ilíacos,
colocando as mãos na cintura e fazendo compressão. – Essas manobras ajudam a visualizar melhor as
retrações e assimetrias, além de possibilitar a avaliação do comprometimento muscula pela neoplasia.
Com a mão espalmada (a mão direita examina o lado esquerdo da paciente e vice-versa), faz-se a
palpação deslizante do oco axilar e de suas proximidades.
As fossas supras e infraclavicular e as axilas são palpadas com as pontas dos dedos.
Já linfonodos axilares aumentados, endurecidos, fixo ao plano profundo e coalescentes são indicativos de
metástase de carcinoma de mama, linfomas ou outros tipos de neoplasia malignas.
Palpação Mam
ária
Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG
• Palpação Mamária
A palpação pode ser executada por meio de duas técnicas: Velpeaux e Boodgood.
A de Velpeaux é realizada utilizando a região palmar dos dedos e a de bloodgood é realizada por meio
das falanges distais, semelhante a tocar piano.
Realiza a palpação com o paciente em decúbito dorsal com as mãos apoiadas atrás da cabeça e os
braços bem abertos.
A palpação deve ser feita delicadamente, partindo-se da região subareolar e se estendendo até as
regiões paraesternais, infraclaviculares e axilares (prolongamento axilar da mama).
Em um primeiro momento, a palpação deve ser executada como uma leve pressão, a fim de permitir a
detecção de nódulos superficiais, depois com mais vigor para procurar nódulos profundos.
Na presença de nódulo palpável, definir localização, tamanho, consistência (fibroelástica, cística ou
endurecida), superfície (regular, lobulada ou irregular) e aderência a planos superficiais mais profundos.
• Expressão Papilar
Faz-se uma delicada pressão no nível da aréola e da papila, identificando as características da secreção:
Pesquisa do ponto de gatilho: digitopressão realizada de forma circular ao redor da aréola, pode auxiliar
na identificação do ducto comprometido.
A – Expressão papilar
Delicada pressão no nível da
aréola e da papila.
B – Pesquisa do ponto do
gatilho
Digitopressão realizada de
forma circular ao redor da
aréola. Pode auxiliar na
identificação de ducto
comprometido.
Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG
- Aumento do volume
- Edema
Exame Obstétrico
- Gestante em decúbito horizontal
• Inspeção
• Palpação
Palpa-se com as bordas cubitais de ambas as mãos no fundo uterino, delimitando, sem pressionar muito, e
sentindo com a face palmar qual o polo presente no fundo uterino (pélvico ou cefálico).
- Polo pélvico: mais volumoso, esferoide, irregular, mas redutível e sem rechaço.
- Polo cefálico: menor, regular, resistente e irredutível
Pode-se também ver nesse tempo o rechaço, dependendo da quantidade de líquido amniótico (rechaço
é muito mais nítido com o polo cefálico).
Rechaço simples: desloca o polo fetal e ele deixa de ser palpável
Rechaço duplo: desloca o polo fetal e depois ele volta para posição inicial, voltando a ser palpável.
2° TEMPO: Exploração do dorso fetal (coluna do feto) para determinar a posição fetal.
Reconhecer com as mãos o lado ocupado pelo dorso do feto (SEGMENTO ENDURECIDO, LISA, REGULAR,
CONVEXO E CONTÍNUA) e o lado onde estão os membros fetais.
3° TEMPO: Exploração da mobilidade do polo fetal inferior (altura da apresentação) em relação ao estreito
superior da bacia materna, determinando su apresentação fetal.
Procura-se apreender o polo entre o polegar e o dedo médio, imprimindo-lhe movimentos de lateralidade
que indicam o grau de penetração na bacia.
Quando insinuado, o polo se apresenta fixo, quando móvel, este se encontra alto.
A apresentação fetal pode ser classificada quanto ao polo inferior em cefálica, quando o polo inferior é o
polo cefálico, pélvica, quando o polo inferior é o polo pélvico, e córmica, quando o feto encontra-se em
situação transversal.
Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG
Por meio dessa manobra, pode-se reconhecer a cabeça fetal: ocupa completamente a escava e é um
corpo volumoso, de superfície regular, resistente e irredutível.
Ou perceber o polo pélvico: ocupa parcialmente a escava, é corpo mais volumoso, esferoide, de
superfície irregular, resistente, mas redutível.
Se a escava estiver vazia, sugere a apresentação córmica (transversa).
Gabrielle Nogueira – Med 4° período UniFG
Com a mão direita, fixar a extremidade inicial (0 cm) da fita métrica, flexível e não extensível, na borda
superior da sínfise púbica, passando-a entre os dedos indicador e médio da mão esquerda ou pela borda
cubital esquerda, continuar a leitura até que a borda cubital da mão atingir o fundo uterino.
A fita métrica vai medir o arco uterino, que possibilitar calcular a idade da gravidez e acompanhar o
crescimento fetal, assim como suspeitar de gemelidade e do excesso de líquido amniótico (LA), chamado
de polidrâmnio.
OBS: Quando se tem o fundo uterino abaixo da IG (idade gestacional) – suspeitar primeiro de erro de data
(cálculo da idade gestacional errado), oligodrâmnio ou crescimento intrauterino restrito.
Quando se tem fundo uterino grande para a IG: erro de data ou polidrâmnio ou diabete gestacional (feto
grande para idade gestacional – GIG).
Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos, pode-se usar a altura uterina para
estimar idade gestacional.
• Ausculta Fetal
Os batimentos cardíacos fetais (BCF) podem ser percebidos pela ultrassonografia a partir da 7° e 8° semana
de gestação (se for ultrassom transvaginal pode se verificar até 6 semanas), pelo Sonar-doppler entre 10 e
12 semanas e pelo estetoscópio Pinard por volta da 20° semana.
OBS: escuta na gravidez gemelar: nota-se dois focos, que não são sincrônicos e
possui diferentes características, como frequência.
Ausência de batimentos fetais: indicativo de morte fetal, deve ser confirmada com uso de
Sanar-Doppler ou ultrassonografia – em mulheres obesas é mais difícil se encontrar.
• Exame Urogenital
Durante a inspeção estática do exame ginecológico, a paciente deve estar em posição ginecológica e o
mais confortável possível, respeitando sempre o pudor da gestante.
Sinais que se destacam ao exame do colo uterino: Sinal de Chadwick (EUA) ou Sinal de Jacquemier (Europa):
mucosa hiperpigmentada e tumefeita, de rosada para cianótica, devido à mudança hormonal e
mecânica.
Fora o sinal descrito, deve-se inspecionar o ânus, pesquisando hemorroidas, as quais podem levar à dor e
sangramento.
• Toque Obstétrico
Importante para o diagnóstico da gestação no primeiro trimestre e para determinar a vigência do trabalho
de parto e a amplitude da pelve.
• Extremidades
Pesquisa de varizes e inspeção de mãos e pernas, pesquisando edema.